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Resolução caso 6

a) TÓPICOS

- Conceito de declaração negocial

- Elementos da declaração negocial, elemento interno e elemento externo

- Divergência intencional entre a vontade e a declaração

- Simulação, elementos da simulação, art. 240º CC

- Legitimidade para arguir a nulidade do negócio simulado, art. 242º CC pelos próprios
simuladores entre si.

- Efeitos da nulidade, art.289º CC

a)

Pode definir – se a declaração de vontade negocial como o comportamento que,


exteriormente observado, cria a aparência de exteriorização de um certo conteúdo de
vontade negocial, com a intenção de realizar certos efeitos práticos.
A declaração pretende ser o instrumento de exteriorização da vontade psicológica do
declarante, é essa a sua função.

Podem encontrar-se dois elementos normais da declaração negocial:

 A declaração propriamente dita (elemento externo) – o comportamento


declarativo

 A vontade (elemento interno) – consiste no querer, na realidade volitiva.

Normalmente estes dois elementos da declaração são coincidentes entre si, mas pode
ocorrer uma divergência entre a vontade e a declaração.

O elemento interno – a vontade real, pode decompor – se em três subelementos:

 A vontade de ação – consiste na voluntariedade (consciência e intenção) do


comportamento declarativo;
 A vontade da declaração – Consiste em o declarante atribuir ao comportamento
querido o significado de uma declaração negocial;
 A vontade negocial – consiste na vontade de celebrar um negócio jurídico de
conteúdo coincidente com o significado exterior de declaração.
Assim poderá existir vicio na formulação da vontade; isto é elemento interno da
declaração negocial (a vontade) pode divergir do seu elemento externo (a declaração
propriamente dita).

A divergência pode ser intencional (o declarante emite, consciente e livremente, uma


declaração em sentido diverso da sua vontade real, é o caso da simulação, reserva
mental e declarações não sérias ) e não intencional (a divergência é involuntária, o
declarante não se apercebe da divergência ou porque é forçado irresistivelmente a emitir
uma declaração divergente da sua real intenção, é o caso do erro-obstáculo ou na
declaração, a falta de consciência na declaração e na coação física ou violência
absoluta.)

No caso em concreto estamos perante uma divergência intencional, uma vez que
António pretende realmente fazer uma doação a Carla, no entanto a declaração que
emite conscientemente é fazer uma doação a Daniel.

Dentro da divergência intencional estamos perante a simulação (António simula doar


dinheiro a Daniel, quando na realidade a doação é para ser feita à Carla.

A simulação está formulada no art. 240º do CC.

Os elementos integradores desse conceito definido no art. 240º, nº 1 são os seguintes:

1. intencionalidade da divergência entre vontade e declaração;


2. acordo entre declarante e declaratário;
3. intuito de enganar 3º
As partes fingem celebrar um negócio para prejudicar os credores, mas na realidade não
querem realizar nenhum negócio, mas apenas dar a sua aparência.

É o caso da simulação absoluta, que tem como exemplo a venda fantástica

A simulação relativa art. 241º CC consiste em as partes fingem celebrar um negócio e


na realidade querem celebrar um outro de tipo contratual diverso. (pex. Celebram uma
compra e venda porque a lei proíbe naquele caso de celebrar uma doação (art. 2194º cc
por remissão do 953º cc)). É igualmente o caso da interposição de pessoa num negócio
igualmente para contornar proibição.

Os efeitos da simulação absoluta é a nulidade do negócio, estipulado no art. 240º, nº 2


do CC), não existindo mais nenhum problema a ser tido em conta.
Pode qualquer interessado arguir a nulidade e o tribunal pode declara – la
oficiosamente (art. 286º CC, para o qual remete para o art. 242º CC)

No caso em concreto estamos perante simulação absoluta (artº, 240º CC), onde existe
um conluio entre o declarante e o declaratário com o intuito de engar um terceiro, neste
caso a Carla).

De acordo com o nº 2 do art. 240º, o negócio simulado é nulo; sendo que de acordo com
o art. 242º nº 1 a nulidade do negócio pode ser invocada pelos próprios simuladores,
entre si, ainda que a simulação seja fraudulenta

Assim António tem a possibilidade de arguir anulabilidade do negócio, sendo que de


acordo com o artº 289º do CC, o valor terá de ser restituído pelo Daniel a António.

b) TÓPICOS

- Simulação relativa, art. 241º do CC,

- Ao negócio dissimulado ser-lhe-á aplicável o regime que lhe caberia se não houvesse
simulação.

- No presente caso não se verifica nenhuma ilegalidade pelo que o negócio manter-se-ia.

A simulação relativa art. 241º CC consiste em as partes fingem celebrar um negócio e


na realidade querem celebrar um outro de tipo contratual diverso. (pex. Celebram uma
compra e venda porque a lei proíbe naquele caso de celebrar uma doação (art. 2194º cc
por remissão do 953º cc)). É igualmente o caso da interposição de pessoa num negócio
igualmente para contornar proibição.

Os Efeitos da simulação relativa são:

 O negócio fictício ou simulado é nulo

 O negócio real, o que esconde por trás do negócio celebrado, terá o tratamento

que teria se tivesse sido concluído sem dissimulação, pode assim ser válido ou

inválido consoante as consequências, devendo, contudo, ter sido respeitada a


forma prevista na lei para o negócio que foi dissimulado. Art. 241º nº2 CC

Ou seja, a lei estabelece que o negócio dissimulado só é válido, se for observada a

forma exigida; este é nulo por vicio de forma.

Relativamente à arguição da simulação por interessados na nulidade do negócio


simulado; a nulidade do negócio simulado, pode como todas as nulidades, ser invocada
por qualquer interessado e declarada pelo Tribunal (artº. 286º CC, ressalvado no art.
242º, nº 1, CC)

No caso em concreto ao negócio dissimulado ser – lhe – ia aplicável o regime que lhe
caberia se não houvesse simulação, uma vez que não existe qualquer obstáculo de
natureza formal s que seja eficaz a doação, não há motivos para arguição de nulidade do
negócio, pela Belarmina, apenas podem arguir nulidade os estipulados no art. 242 CC).

Assim a Belarmina, não tinha legitimidade para arguir nulidade, pelo que o negócio
manter – se ia.

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