Você está na página 1de 2

1.

6 - Direito Penal Comum

Consistia em uma grande miscelâ nea entre normas de Direito Romano, Direito
Germâ nico, Direito Canô nico, bem como de normas dos Estados Nacionais entã o
em formaçã o, por volta do século XII.

Caracterizou-se pela crueldade com que as penas eram executadas. Girava em


torno dos aplicadores da lei um ambiente de insegurança, e principalmente de
terror. Afinal, a grande maioria das penas impostas importava em castigos
corporais horríveis, aflitivos. A funçã o exordial a ser exercida pela pena era a
intimidaçã o das pessoas. Como exemplo dessas penas, tem-se o afogamento, a
forca, a roda, as mutilaçõ es, a castraçã o, a fogueira.
Esse clima de terror gerou uma oposiçã o, uma força totalmente contrá ria,
representada pela Revoluçã o Francesa, e que se manifestou posteriormente com
o movimento humanitá rio.Torturas.

O movimento humanitá rio foi a raiz de uma profunda modificaçã o dentro do


Direito Penal. O reconhecimento dos direitos humanos abrandou as penas; foi
também reconhecida a necessidade de um devido processo legal como ú nica
forma de se legitimar uma puniçã o criminal.

A temá tica do Direito Penal mudou radicalmente a partir da Revoluçã o Francesa.


Entendemos que a melhor maneira de se visualizar tal mudança é através do
estudo dos princípios atualmente inerentes ao Direito Penal.
Dos Delitos e Das Penas surge como um tratado.
“É a filosofia francesa aplicada à legislação penal: contra a tradição jurídica, invoca a
razão e o sentimento, faz-se porta-voz dos protestos da consciência pública contra os
julgamentos secretos, o juramento imposto aos acusados, a tortura, a confiscação, as
penas infamantes, a desigualdade ante o castigo, atrocidade dos suplícios; estabelece
limites entre a justiça divina e a justiça humana, entre os pecados e os delitos;
condena o direito de vingança e toma por base do direito de punir a utilidade social;
declara a pena de morte inútil e reclama a proporcionalidade das penas aos delitos,
assim como a separação do Poder Judiciário e do Poder Legislativo. Nenhum livro
fora tão oportuno e o seu sucesso foi verdadeiramente extraordinário, sobretudo entre
os filósofos franceses”.3
Em Dos Delitos e Das Penas, acentua BECCARIA:
“Para que uma pena seja justa, deve ter apenas o grau de rigor bastante para desviar os
homens do crime”.
“É pois da maior importância punir prontamente um crime cometido, se se quiser que,
no espírito grosseiro do vulgo, a pintura sedutora das vantagens de uma ação
criminosa desperte imediatamente a idéia de um castigo inevitável. Uma pena por
demais retardada torna menos estreita a união dessas duas idéias: crime e castigo.
Não é o rigor do suplício que previne os crimes com mais segurança, mas a certeza do
castigo, o zelo vigilante do magistrado a essa verdade inflexível que só é uma virtude
no juiz quando as leis são brandas. A perspectiva de um castigo moderado, mas
inevitável, causará sempre uma impressão mais forte do que o vago temor de um
suplício terrível, em relação ao qual se apresenta alguma esperança de impunidade.
O interesse de todos não é somente que se cometam poucos crimes, mas ainda que os
delitos mais funestos à sociedade sejam os mais raros. Os meios que a legislação
emprega para impedir os crimes devem, pois, ser mais fortes à medida que o delito é
mais contrário ao bem público e pode tornar-se mais comum. Deve, pois, haver uma
proporção entre os delitos e as penas.
Quereis prevenir os crimes? Fazei leis simples e claras; esteja a nação inteira pronta a
armar- se para defendê-las, sem que a minoria de que falamos se preocupe
constantemente em destrui- las4”
Segundo BECCARIA, o que realmente importa é ver o fato ilícito e o dano.
(d) A pena surge como um justo castigo. O mal que se padece pelo mal que se fez,
com vontade livre e inteligência normal.
A pena não surge em nome de uma condenação social ou uma resposta da sociedade,
mas para a satisfação da própria justiça. A pena é um remédio contra o crime. Surge
com dois poderes: retributivo e preventivo. Retributivo, porque a pena é uma resposta
da justiça a uma violação legal. Preventivo, porque a pena inibe, intimida o homem.
5 BRUNO, Aníbal. Op. cit., p. 11.
Revista de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro — 6 —
Uma publicação da Editora Espaço JurídicoEVOLUÇÃO DO DIREITO
PENAL — CÁRMINE ANTÔNIO SAVINO FILHO — DESEMBARGADOR DO
TJRJ
“A Escola Clássica sustenta a igualdade fundamental de todos os individuos honestos
ou criminosos, afirmando que, exceto nos casos evidentes de, loucura, embriaguez,
surdo-mudez, hipnotismo etc., os que cometem delitos de qualquer espécie são como
todos os outros homens dotados de inteligência e de sentimentos normaiso”6. O
criminoso é um ser normalmente constituído e psicologicamente são, provido de
idéias e sentimentos iguais ao de todos os outros homens".6

1.5       DIREITO PENAL MODERNO


1.5.1       Período Humanitário

Iniciado com BECCARIA, com sua obra Dos delitos e das penas, foi caracterizado
pela adoção de um sistema de direito penal que abolia as torturas e outras penas
desumanas. Passa a existir um estudo crítico e fundamentado sobre a pena de morte e,
ainda, a proporcionalidade entre as penas e as ofensas. Neste período, é dada ênfase
maior à prevenção do crime, ao invés da ênfase à punição, como era até então.(10)

A Idade Média é a época dos glosadores e pós-glosadores, os hermeneutas


intérpretes da lei.

Você também pode gostar