Você está na página 1de 14

QUESTÃO 01

José cometeu, em 10/11/2008, delito de roubo. Foi denunciado, processado e condenado, com sentença condenatória
publicada em 18/10/2009. A referida sentença transitou definitivamente em julgado no dia 29/08/2010. No dia
15/05/2010, José cometeu novo delito, de furto, tendo sido condenado, por tal conduta, no dia 07/04/2012.
Nesse sentido, levando em conta a situação narrada disciplina acerca da reincidência, assinale a afirmativa correta.

A) Na sentença relativa ao delito de roubo, José deveria ser considerado reincidente. ALTERNATIVA INCORRETA – ele
não poderia ser considerado reincidente, pois quando praticou o segundo crime (15/05/2010), a sentença relativa ao
roubo ainda não havia transitado em julgado.
B) Na sentença relativa ao delito de furto, José deveria ser considerado reincidente. ALTERNATIVA INCORRETA – está
incorreta, pois quando da prática do crime de furto, ainda não havia contra José nenhuma condenação transitada em
julgado. Está que só veio a ocorrer cerca de três meses depois.
C) Na sentença relativa ao delito de furto, José deveria ser considerado primário. ALTERNATIVA CORRETA – está
correta justamente pela questão envolvendo as datas em que os crimes foram praticados. A prática do crime de furto
foi antes da condenação definitiva do crime de roubo, portanto, deverá sim ser considerado primário, mas portador de
maus antecedentes em razão da condenação do roubo
D) Considera-se reincidente aquele que pratica crime após publicação de sentença que, no Brasil ou no estrangeiro, o
tenha condenado por crime anterior. ALTERNATIVA INCORRETA- o que torna esta alternativa incorreta é o marco
indicado para a verificação da reincidência. Conforme artigo 63 do CP, o marco deverá ser o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória, e não a publicação como foi dito. Por isso está errada.

Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença
que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior

QUESTÃO 02

Roberto estava dirigindo seu automóvel quando perdeu o controle da direção e subiu a calçada, atropelando dois
pedestres que estavam parados num ponto de ônibus. Nesse contexto, levando-se em consideração o concurso de
crimes, assinale a opção correta, que contempla a espécie em análise:
A) concurso material.
ALTERNATIVA INCORRETA – o concurso material de crimes configura-se quando o agente mediante de mais de uma
conduta (comissiva/omissiva) produz dois mais resultados. No caso relatado, verifica-se apenas uma única conduta.
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa
de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
B) concurso formal próprio ou perfeito.
ALTERNATIVA CORRETA – primeiramente está correta porque realmente verifica-se no caso tratar-se de concurso
formal de crimes, posto que a personagem teve apenas uma conduta e por meio desta dois resultados foram
produzidos. Tal como diz o artigo 70 do CP.
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicasse-
lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto
até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior
Ademais, ainda está certa porque trata-se realmente de concurso formal próprio ou perfeito, isso é, a personagem não
possua desígnios autônomos, isto é, não desejava a produção de todos os resultados. A bem da verdade, não se pode
nem falar em intenção, posto que tal problema remonta situação própria de culpa e não de dolo.
C) concurso formal impróprio ou imperfeito.
ALTERNATIVA INCORRETA – seria esse concurso se o problema tivesse informado, por exemplo, que o agente com
apenas uma conduta, mas desejando matar e ou lesionar todos que estavam no ponto, tivesse jogado o carro sobre
eles. Nesse caso se teria o elemento informativo do concurso formal impróprio ou imperfeito que é justamente a
existência de vários desejos, várias vontades. Por isso que se chama de imperfeito, porque o concurso formal perfeito
não coaduna com vontades distintas, quando muito no caso de haver dolo, será apenas uma vontade, mas que gerará
mais de um resultado.
D) crime continuado.
ALTERNATIVA INCORRETA – o crime continuado impõe a verificação de vários requisitos, o que não se viu no
momento.
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e,
pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos
como continuação do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terço

Questão 03

Maria Joaquina, empregada doméstica de uma residência, profundamente apaixonada pelo vizinho Fernando, sem
que este soubesse, escuta sua conversa com uma terceira pessoa acordando o furto da casa em que ela trabalha
durante os dias de semana à tarde. Para facilitar o sucesso da operação de seu amado, ela deixa a porta aberta ao sair
do trabalho. Durante a empreitada criminosa, sem saber que a porta da frente se encontrava destrancada, Fernando e
seu comparsa arrombam a porta dos fundos, ingressam na residência e subtraem diversos objetos.

Diante desse quadro fático, assinale a opção que apresenta a correta responsabilidade penal de Maria Joaquina.

A) Deverá responder pelo mesmo crime de Fernando, na qualidade de partícipe, eis que contribuiu de alguma forma
para o sucesso da empreitada criminosa ao não denunciar o plano. ALTERNATIVA INCORRETA – Muito embora
quisesse ela ter participado, seu ato em nada contribuiu para o sucesso do crime, sequer houve comunhão de
desígnios entre os agentes. A personagem Fernando não sabia da ajuda e seguiu em sua empreitada sem ser
favorecido por Maria Joaquina.

B) Deverá responder pelo crime de furto qualificado pelo concurso de agentes, afastada a qualificadora do
rompimento de obstáculo, por esta não se encontrar na linha de seu conhecimento. ALTERNATIVA INCORRETA –
Primeiro não houve acordo entre os agentes e a personagem Maria, e segundo, para que a personagem Maria fosse
responsabilizada deveria Fernando ter entrado pela porta que ela tinha deixado aberta. Caso tivesse feito isso não
haveria necessidade de se falar em rompimento de obstáculo. Apenas Fernando e seu comparsa é que devem
responder pelo furto e logicamente em sua forma qualificada.

C) Não deverá responder por qualquer infração penal, sendo a sua participação irrelevante para o sucesso da
empreitada criminosa. ALTERNATIVA CORRETA – Realmente não há o que se falar em relação a Maria, muito embora
tivesse dolo de auxiliar Fernando, seu gesto, até desconhecido por ele, em nada contribuiu na linha de desdobramento
do crime.

D) Deverá responder pelo crime de omissão de socorro. ALTERNATIVA INCORRETA – não se tem base para se invocar
tal crime.

Questão 04

Patrício e Luiz estavam em um bar, quando o primeiro, mediante ameaça de arma de fogo, obriga o último a beber
dois copos de tequila. Luiz ficou inteiramente embriagado. A dupla, então, deixou o local, sendo que Patrício conduzia
Luiz, que caminhava com muitas dificuldades. Ao encontrarem Juliana, que caminhava sozinha pela calçada, Patrício e
Luiz, se utilizando da arma que era portada pelo primeiro, constrangeram-na a com eles praticar sexo oral, sendo
flagrados por populares que passavam ocasionalmente pelo local, ocorrendo a prisão em flagrante. Denunciados pelo
crime de estupro, no curso da instrução, mediante perícia, restou constatado que Patrício era possuidor de doença
mental grave e que, quando da prática do fato, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do seu
comportamento, situação, aliás, que permanece até o momento do julgamento. Também ficou demonstrado que, no
momento do crime, Luiz estava completamente embriagado. O Ministério Público requereu a condenação dos
acusados. Não havendo dúvida com relação ao injusto, tecnicamente, a defesa técnica dos acusados deverá requerer,
nas alegações finais,

A) a absolvição dos acusados por força da inimputabilidade, aplicando, porém, medida de segurança para ambos.
ALTERNATIVA INCORRETA – No que tange a absolvição está correta, entretanto, a medida de segurança será aplicada
apenas para Patrício que era doente mental.
B) a absolvição de Luiz por ausência de culpabilidade em razão da embriaguez culposa e a absolvição imprópria de
Patrício, com aplicação, para este, de medida de segurança. ALTERNATIVA INCORRETA – A embriaguez de Luiz não foi
culposa, visto que ele foi constrangido a fazer a ingestão do álcool.

C) a absolvição de Luiz por ausência de culpabilidade em razão da embriaguez completa decorrente de força maior e a
absolvição imprópria de Patrício, com aplicação, para este, de medida de segurança. ALTERNATIVA CORRETA –

D) a absolvição imprópria de Patrício, com a aplicação de medida de segurança, e a condenação de Luiz na pena
mínima, porque a embriaguez nunca exclui a culpabilidade. ALTERNATIVA INCORRETA – a embriaguez quando é
completa e provocada por força maior exclui dolo e culpa. Logo, não há que se falar em condenação de Luiz. Na
verdade, ele foi vítima do crime de constrangimento ilegal.

Questão 05

Moura, maior de 70 anos, primário e de bons antecedentes, mediante grave ameaça, subtraiu o relógio da vítima
Lúcia, avaliado em R$ 550,00 (quinhentos e cinquenta reais). Cerca de 45 minutos após a subtração, Moura foi
procurado e localizado pelos policiais que foram avisados do ocorrido, sendo a coisa subtraída recuperada, não
sofrendo a vítima qualquer prejuízo patrimonial. O fato foi confessado e Moura foi condenado pela prática do crime
de roubo simples, ficando a pena acomodada em 04 anos de reclusão em regime aberto e multa de 10 dias. Procurado
pela família do acusado, você como advogado, poderá apelar, buscando

A) o reconhecimento da forma tentada do roubo. ALTERNATIVA INCORRETA – A questão do tempo, mesmo tendo a
personagem ficado por pouco tempo com a coisa roubada, houve sim a consumação do crime em questão.

B) a aplicação dos sursis da pena. ALTERNATIVA CORRETA – Nesse caso, por ser a personagem maior de 70 anos e por
não ser a pena superior a 4 anos, segundo § 2º do artigo 78 do CP, ela poderia sim ser beneficiada pelos sursis
chamado de “Sursis Etário”.

C) o reconhecimento da atipicidade comportamental por força da insignificância. ALTERNATIVA INCORRETA – não há


que se falar em insignificância em sede de crime de roubo.

D) a redução da pena abaixo do mínimo legal, em razão das atenuantes da confissão espontânea e da senilidade.
ALTERNATIVA INCORRETA – As agravantes e atenuantes não elevam a pena para além do máximo, nem para abaixo do
mínimo.

Questão 06

Carlos e seu filho de dez anos caminhavam por uma rua com pouco movimento e bastante escura, já de madrugada,
quando são surpreendidos com a vinda de um cão Pitbull na direção deles. Quando o animal iniciou o ataque contra a
criança, Carlos, que estava armado e tinha autorização para assim se encontrar, efetuou um disparo na direção do cão,
que não foi atingido, ricocheteando a bala em uma pedra e acabando por atingir o dono do animal, Leandro, que
chegava correndo em sua busca, pois notou que ele fugira clandestinamente da casa. A vítima atingida veio a falecer,
ficando constatado que Carlos não teria outro modo de agir para evitar o ataque do cão contra o seu filho, não sendo
sua conduta tachada de descuidada. Diante desse quadro, assinale a opção que apresenta a situação jurídica de
Carlos.

A) Carlos atuou em legítima defesa de seu filho, devendo responder, porém, pela morte de Leandro. ALTERNATIVA
INCORRETA – A excludente correta no caso não era a legítima defesa tendo em vista que para a configuração desta é
preciso que a injusta agressão a ser repelida seja proveniente de um ato humano.

B) Carlos atuou em estado de necessidade defensivo, devendo responder, porém, pela morte de Leandro.
ALTERNATIVA INCORRETA – O estado de necessidade exclui a ilicitude do ato, de modo que Carlos não deverá
responder por nada.

C) Carlos atuou em estado de necessidade e não deve responder pela morte de Leandro. ALTERNATIVA CORRETA –
Perfeita situação de exclusão da ilicitude do crime por força do Estado de Necessidade.
D) Carlos atuou em estado de necessidade putativo, razão pela qual não deve responder pela morte de Leandro.
ALTERNATIVA INCORRETA – Não há que se falar em putativo (imaginário), pois não houve por parte de Carlos qualquer
erro ou confusão sobre a situação que se desenrolava e sobretudo em relação ao perigo que era real.

Questão 07

Paloma, sob o efeito do estado puerperal, logo após o parto, durante a madrugada, vai até o berçário onde acredita
encontrar-se seu filho recém-nascido e o sufoca até a morte, retornando ao local de origem sem ser notada. No dia
seguinte, foi descoberta a morte da criança e, pelo circuito interno do hospital, é verificado que Paloma foi a autora do
crime. Todavia, constatou-se que a criança morta não era o seu filho, que se encontrava no berçário ao lado, tendo ela
se equivocado quanto à vítima desejada. Diante desse quadro, Paloma deverá responder pelo crime de

A) homicídio culposo. ALTERNATIVA INCORRETA – Primeiramente está claro no problema que a personagem tinha
dolo de matar, logo, não há que se falar em culpa.

B) homicídio doloso simples. ALTERNATIVA INCORRETA – A questão até pode induzir se tratar de um crime de
homicídio, mas ocorre que por haver reserva típica especifica da conduta da personagem, deverá ela responder pelo
crime de infanticídio.

C) infanticídio. ALTERNATIVA CORRETA – Muito embora a agente tenha incidido em um erro (aberratio), o que deve
ser considerado é que ela não só desejava a morte do seu filho como moldou sua conduta afim de atingir esse
resultado e realmente acreditava que tinha conseguido. Nesse caso, embora a criança morta não tenha sido a dela, ela
responderá como se tivesse conseguido o resultado pretendido, devendo ser considerado nesse momento a qualidade
da vítima pretendida, ou seja, seu filho. Como ficou claro que ela preencheu os elementares do artigo 123 do Código
penal, é errado dizer que ela responderá por homicídio. Vide artigo 73 do Código Penal.

D) homicídio doloso qualificado. ALTERNATIVA INCORRETA – vide fundamentação anterior.

QUESTÃO 08

Marcus foi definitivamente condenado pela prática de um crime de roubo simples à pena privativa de liberdade de
quatro anos de reclusão e multa de dez dias. Apesar de reincidente, em razão de condenação definitiva pretérita
pelo delito de furto, Marcus confessou a prática do delito, razão pela qual sua pena foi fixada no mínimo legal. Após
cumprimento de determinado período de sanção penal, pretende o apenado obter o benefício do livramento
condicional. Considerando o crime praticado e a hipótese narrada, é correto afirmar que:

A) Marcus não faz jus ao livramento condicional, pois condenado por crime doloso praticado com violência ou grave
ameaça à pessoa.

ALTERNATIVA INCORRETA – Mesmo tendo sido condenado por um crime doloso praticado com violência ou grave
ameaça à pessoa, Marcus terá direito ao livramento condicional, desde que sejam observadas as regras
do parágrafo único do artigo 83 do CP.
B) O livramento condicional pode ser concedido pelo juiz da condenação logo quando proferida sentença
condenatória.

ALTERNATIVA INCORRETA – A concessão do livramento condicional demanda a análise de muitos outros requisitos
que fogem ao juiz do processo de conhecimento. São questões que não se resumem a tempo de cumprimento de
pena e que devem restar claras na guia de execução do reeducando, para que só depois esse benefício seja
conferido.

C) Não é cabível livramento condicional para Marcus, tendo em vista que é condenado reincidente em crime doloso.
ALTERNATIVA INCORRETA – O fato de ser reincidente em crime doloso não é impeditivo de livramento. Todavia,
segundo inciso II do artigo 83 do CP, deverá cumprir mais da metade da pena.
D) Ainda que praticada falta grave, Marcus não terá o seu prazo de contagem para concessão do livramento
condicional interrompido.

ALTERNATIVA CORRETA – Súmula 441: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento
condicional.

QUESTÃO 09
Cristiane, revoltada com a traição de seu marido, Pedro, decide matá-lo. Para tanto, resolve esperar que ele adormeça
para, durante a madrugada, acabar com sua vida. Por volta das 22h, Pedro deita para ver futebol na sala da residência
do casal. Quando chega à sala, Cristiane percebe que Pedro estava deitado sem se mexer no sofá. Acreditando estar
dormindo, desfere 10 facadas em seu peito. Nervosa e arrependida, liga para o hospital e, com a chegada dos médicos,
é informada que o marido faleceu. O laudo de exame cadavérico, porém, constatou que Pedro havia falecido
momentos antes das facadas em razão de um infarto fulminante. Cristiane, então, foi denunciada por tentativa de
homicídio. Você, advogado (a) de Cristiane, deverá alegar em seu favor a ocorrência de:

A) crime impossível por absoluta impropriedade do objeto.

ALTERNATIVA CORRETA – Clássica questão de crime impossível. Não se pode matar ou mesmo tentar matar o que já
está morto.

B) desistência voluntária.

ALTERNATIVA INCORRETA – Não se verificou no caso a ocorrência da desistência voluntária.

C) arrependimento eficaz.

ALTERNATIVA INCORRETA – Até se admitiria no caso a invocação do arrependimento eficaz, caso a vítima não
estivesse morta antes dos golpes e nem morresse em virtude das facadas, pois para ser eficaz, a ligação para o hospital
deveria ter sido causa preponderante para impedir a morte.

D) crime impossível por ineficácia do meio.

ALTERNATIVA INCORRETA – O meio empregado era sim eficaz de produzir o resultado morte, mas no caso o que
ocorreu foi a impropriedade do objeto, ou seja, o alvo já estava morto.

QUESTÃO 10

Durante um assalto a uma instituição bancária, Antônio e Francisco, gerentes do estabelecimento, são feitos reféns.
Tendo ciência da condição deles de gerentes e da necessidade de que suas digitais fossem inseridas em determinado
sistema para abertura do cofre, os criminosos colocam, à força, o dedo de Antônio no local necessário, abrindo, com
isso, o cofre e subtraindo determinada quantia em dinheiro. Além disso, sob a ameaça de morte da esposa de
Francisco, exigem que esta saia do banco, levando a sacola de dinheiro juntamente com eles, enquanto apontam uma
arma de fogo para os policiais que tentavam efetuar a prisão dos agentes. Analisando as condutas de Antônio e
Francisco, com base no conceito tripartido de crime, é correto afirmar que:

A) Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco não responderá por ausência de
ilicitude em sua conduta.

ALTERNATIVA INCORRETA – Importante individualizar as condutas. Antônio teve seu dedo colocado a força no leitor,
portanto, não teve conduta, enquanto que Francisco agiu voluntariamente para salvar sua esposa que estava sendo
ameaçada. Antônio deverá ser absolvido considerando que o fato não é típico pela ausência de conduta, e Francisco
deverá ser beneficiado pela excludente de culpabilidade vista pela coação moral irresistível.
B) Antônio não responderá pelo crime por ausência de ilicitude, enquanto Francisco não responderá por ausência de
culpabilidade em sua conduta.

ALTERNATIVA INCORRETA – No que tange a Francisco, como dito anteriormente, está correto. Já em relação a Antônio
está incorreto, pois a ilicitude é o segundo elemento da teoria tripartite. A ausência de conduta está no primeiro
requisito (fato típico).

C) Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco não responderá por ausência de
culpabilidade em sua conduta.

ALTERNATIVA CORRETA.

D) Ambos não responderão pelo crime por ausência de culpabilidade em suas condutas.

ALTERNATIVA INCORRETA.

QUESTÃO 11

Mário subtraiu uma TV do seu local de trabalho. Ao chegar em casa com a coisa subtraída, é convencido pela esposa a
devolvê-la, o que efetivamente vem a fazer no dia seguinte, quando o fato já havia sido registrado na delegacia.

O comportamento de Mário, de acordo com a teoria do delito, configura

A) desistência voluntária, não podendo responder por furto.

B) arrependimento eficaz, não podendo responder por furto.

C) arrependimento posterior, com reflexo exclusivamente no processo dosimétrico da pena.

D) furto, sendo totalmente irrelevante a devolução do bem a partir de convencimento da esposa.

COMENTÁRIOS: Neste caso, não podemos falar em desistência voluntária ou arrependimento eficaz, eis que o crime já
se consumou (art. 15 do CP).

Contudo, por se tratar de crimes cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa, a restituição voluntária da coisa
antes do recebimento da denúncia importa em arrependimento posterior, que é causa de diminuição da pena, de um
a dois terços, nos termos do art. 16 do CP.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.

Questão 12

Maria mantém relacionamento clandestino com João. Acreditando estar grávida, procura o seu amigo Pedro, que é
auxiliar de enfermagem, e implora para que ele faça o aborto. Pedro, que já auxiliou diversas cirurgias legais de
aborto, acreditando ter condições técnicas de realizar o ato sozinho, atende ao pedido de sua amiga, preocupado com
a situação pessoal de Maria, que não poderia assumir a gravidez por ela anunciada. Durante a cirurgia, em razão da
imperícia de Pedro, Maria vem a falecer, ficando apurado que, na verdade, ela não estava grávida. Em razão do fato
narrado, Pedro deverá responder pelo crime de:

A) aborto tentado com consentimento da gestante qualificado pelo resultado morte.

ALTERNATIVA INCORRETA – Como ela não estava grávida não há que se falar em aborto. Querer praticar um aborto
em uma mulher que não está grávida é crime impossível. Contudo, não é porque o aborto é impossível que outros
crimes decorrentes das condutas empregadas não serão apreciados.

B) aborto tentado com consentimento da gestante.


ALTERNATIVA INCORRETA – Não houve aborto.

C) homicídio culposo.

ALTERNATIVA CORRETA – Em razão de sua falta de perícia Pedro acabou provocando a morte de sua amiga.
Importante ressaltar que o dolo do agente era de praticar o aborto, como esse não era possível ele deverá responder
pelo resultado a título de culpa.

D) homicídio doloso.

ALTERNATIVA INCORRETA – Não havia dolo de Pedro de matar Maria por isso não há que se falar em homicídio
doloso.

Questão 13

Durante uma discussão, Theodoro, inimigo declarado de Valentim, seu cunhado, golpeou a barriga de seu rival com
uma faca, com intenção de matá-lo. Ocorre que, após o primeiro golpe, pensando em seus sobrinhos, Theodoro
percebeu a incorreção de seus atos e optou por não mais continuar golpeando Valentim, apesar de saber que aquela
única facada não seria suficiente para matá-lo. Neste caso, Theodoro:

A) não responderá por crime algum, diante de seu arrependimento.

Alternativa incorreta – Primeiramente a alternativa não diferenciou as hipóteses de arrependimento, se: eficaz ou o
posterior. Em síntese, a figura do arrependimento não exclui a ilicitude do fato e menos ainda a culpabilidade. A
personagem deve sim se responsabilizada, mas não pela intenção primária.

B) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de sua desistência voluntária.


ALTERNATIVA CORRETA – perfeito o enquadramento com o artigo 15 do CP:

Desistência voluntária e arrependimento eficaz

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados.

C) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de seu arrependimento eficaz.

ALTERNATIVA INCORRETA - A figura do arrependimento eficaz leva esse nome justamente porque ele é eficaz em
evitar a produção do resultado. No caso ficou claro que a vítima já havia sido atingida e que não morreu apenas
porque o agente desistiu de prosseguir na execução.

D) responderá por tentativa de homicídio.

ALTERNATIVA INCORRETA – não há que se falar em homicídio, muito menos em tentativa. Considera-se tentado o
crime em que a execução se inicia, mas a consumação não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente. No
caso ficou claro que o resultado morte só não ocorreu porque o agente desistiu, ou seja, se efetivamente desejasse
consumar o crime de homicídio ele poderia, mas simplesmente não quis mais, ninguém o impediu de seguir com o
crime.

Questão 14

Pedro e Paulo bebiam em um bar da cidade quando teve início uma discussão sobre futebol. Pedro, objetivando
atingir Paulo, desfere contra ele um disparo que atingiu o alvo desejado e também terceira pessoa que se encontrava
no local, certo que ambas as vítimas faleceram, inclusive aquela cuja morte não era querida pelo agente. Para resolver
a questão no campo jurídico, deve ser aplicada a seguinte modalidade de erro:

A) erro sobre a pessoa.


ALTERNATIVA INCORRETA – Clássica questão de erro na execução. No caso, não podemos considerar erro narrado
como sendo sobre a pessoa tendo em vista que a personagem Pedro tinha plena e perfeita noção da realidade, atirou
contra Paulo sabendo que se tratava da pessoa desejada tendo inclusive atingindo-o. Seria caso de erro sobre pessoa
se a personagem tivesse atirado em terceira pessoa acreditando que tratava-se de seu algoz e apenas depois de tê-lo
feito é que se verificaria que atirou em outra pessoa.

B) aberratio ictus.
ALTERNATIVA CORRETA – perfeito o enquadramento com a norma do artigo 73 do CP

Erro na execução

Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que
pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao
disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender,
aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

C) aberratio criminis.

ALTERNATIVA CORRETA – não há que se falar em aberratio criminis, posto que o autor, no caso, deseja a morte da
vítima e conscientemente praticou um crime de homicídio. Não houve erro sobre o crime praticado.

D) erro determinado por terceiro.

ALTERNATIVA INCORRETA – Outra alternativa que não condiz com aquilo que foi visto no problema. Em nenhum
momento viu-se a interferência de um terceiro induzindo o indivíduo a praticar o crime.

Questão 15

Em razão do aumento do número de crimes de dano qualificado contra o patrimônio da União (pena: detenção de 6
meses a 3 anos e multa), foi editada uma lei que passou a prever que, entre 20 de agosto de 2015 e 31 de dezembro
de 2015, tal delito (Art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal) passaria a ter pena de 2 a 5 anos de detenção.
João, em 20 de dezembro de 2015, destrói dolosamente um bem de propriedade da União, razão pela qual foi
denunciado, em 8 de janeiro de 2016, como incurso nas sanções do Art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código
Penal. Considerando a hipótese narrada, no momento do julgamento, em março de 2016, deverá ser considerada, em
caso de condenação, a pena de

A) 6 meses a 3 anos de detenção, pois a Constituição prevê o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica ao
réu.
ALTERNATIVA INCORRETA – Muito embora a Constituição determine regras garantistas, em especial neste caso, é
imperioso que se observe a exceção. Realmente a lei que será aplicada ao acusado é a lei mais benéfica, contudo,
desde que não estivesse em vigor no momento do crime uma lei excepcional ou temporária, pois se estiver ela deverá
ser aplicada, ainda que seja pior.

B) 2 a 5 anos de detenção, pois a lei temporária tem ultratividade gravosa.

ALTERNATIVA CORRETA – Aplicando-se como exceção à regra da retroatividade ou ultratividade da lei penal mais
benéfica, em se tratando de lei temporária e excepcional, ainda que a regularização seja mais dura, isto é, mais
gravosa, ela deverá sim ser aplicada.

O que torna essa questão certa é porque ela identifica corretamente a modalidade da lei que foi tratada na questão. O
aluno aqui deveria se lembrar que a lei temporária, diferentemente da excepcional, traz no seu, contudo de forma
expressa o seu real período de vigência. Como isso ficou claro no problema, bastava o aluno identificar que se tratava
de uma lei temporária, o que já eliminaria a possibilidade de ser a alternativa D, uma vez que ali se falou da lei
excepcional.

Lei excepcional ou temporária


Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

C) 6 meses a 3 anos de detenção, pois aplica-se o princípio do tempus regit actum (tempo rege o ato).

ALTERNATIVA INCORRETA – vide respostas anteriores.

D) 2 a 5 anos de detenção, pois a lei excepcional tem ultratividade gravosa.

ALTERNATIVA INCORRETA – Não se trata de lei excepcional.

Questão 16

Revoltado com a conduta de um Ministro de Estado, Mário se esconde no interior de uma aeronave pública brasileira,
que estava a serviço do governo, e, no meio da viagem, já no espaço aéreo equivalente ao Uruguai, desfere 05 facadas
no Ministro com o qual estava insatisfeito, vindo a causar-lhe lesão corporal gravíssima. Diante da hipótese narrada,
com base na lei brasileira, assinale a afirmativa correta.

A) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da territorialidade.

B) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da extraterritorialidade e princípio
da justiça universal.

C) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da extraterritorialidade, desde que
ingresse em território brasileiro e não venha a ser julgado no estrangeiro.

D) Mário não poderá ser responsabilizado pela lei brasileira, pois o crime foi cometido no exterior e nenhuma das
causas de extraterritorialidade se aplica ao caso.

RESPOSTA: em regra, a lei penal brasileira só é aplicada quando o crime ocorre em território nacional (territorialidade).
O conceito de território nacional está no art. 5º do CP, que, em seu § 1º, diz o seguinte: “Para os efeitos penais,
consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar.”. Portanto, correta a letra a. Nas demais alternativas, a questão fala em extraterritorialidade, quando a lei
brasileira será aplicada a crimes ocorridos fora do nosso território. Nas situações descritas no art. 7º, inciso I, a lei
brasileira deverá ser adotada sem qualquer condição (extraterritorialidade incondicionada). Não importa, por
exemplo, o fato de o agente ter sido absolvido no estrangeiro. Ele será punido em nosso país, de acordo com as nossas
leis, de qualquer jeito. O rol é taxativo. Para o seu estudo, é interessante a memorização dessas hipóteses. No inciso II,
o art. 7º traz a extraterritorialidade condicionada, quando a incidência da lei brasileira a crimes ocorridos no
estrangeiro dependerá de algumas circunstâncias (art. 7º, § 2º).

Questão 17

Carlos, 21 anos, foi condenado a cumprir pena de prestação de serviços à comunidade pela prática de um crime de
lesão corporal culposa no trânsito. Em 01/01/2014, seis meses após cumprir a pena restritiva de direitos aplicada,
praticou novo crime de natureza culposa, vindo a ser denunciado. Carlos, após não aceitar qualquer benefício previsto
na Lei nº 9.099/95 e ser realizada audiência de instrução e julgamento, é novamente condenado em 17/02/2016. O
juiz aplica pena de 11 meses de detenção, não admitindo a substituição por restritiva de direitos em razão da
reincidência. Considerando que os fatos são verdadeiros e que o Ministério Público não apelou, o (a) advogado (a) de
Carlos, sob o ponto de vista técnico, deverá requerer, em recurso,

A) a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

B) a suspensão condicional da pena.


C) o afastamento do reconhecimento da reincidência.

D) a prescrição da pretensão punitiva.

RESPOSTA: o enunciado é extenso, mas tudo se limita a uma única pergunta: é possível a substituição de pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos em reincidência culposa? Veja o que diz o art. 44 do CP: “Art. 44. As
penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I – aplicada pena
privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa
ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; II – o réu não for reincidente em crime doloso; III – a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.”. Percebeu a pegadinha? O inciso II fala em reincidência
em crime DOLOSO. Por isso, correta a letra a.

Questão 18

Carlos presta serviço informal como salva-vidas de um clube, não sendo regularmente contratado, apesar de receber
uma gorjeta para observar os sócios do clube na piscina, durante toda a semana. Em seu horário de “serviço”, com
várias crianças brincando na piscina, fica observando a beleza física da mãe de uma das crianças e, ao mesmo tempo,
falando no celular com um amigo, acabando por ficar de costas para a piscina. Nesse momento, uma criança vem a
falecer por afogamento, fato que não foi notado por Carlos. Sobre a conduta de Carlos, diante da situação narrada,
assinale a afirmativa correta.

A) Não praticou crime, tendo em vista que, apesar de garantidor, não podia agir, já que concretamente não viu a
criança se afogando.

B) Deve responder pelo crime de homicídio culposo, diante de sua omissão culposa, violando o dever de garantidor.

C) Deve responder pelo crime de homicídio doloso, em razão de sua omissão dolosa, violando o dever de garantidor.

D) Responde apenas pela omissão de socorro, mas não pelo resultado morte, já que não havia contrato regular que o
obrigasse a agir como garantidor.

RESPOSTA: a omissão imprópria – ou crime comissivo por omissão - é cobrada com frequência no Exame de Ordem. A
ideia é a seguinte: em regra, ninguém é obrigado a evitar o resultado que atinge bem jurídico penalmente tutelado. No
entanto, por força do art. 13, § 2º, do CP, algumas pessoas têm esse dever, sob pena de responder pelo delito.
Exemplo: os pais em relação aos filhos. Isso não significa que essas pessoas estejam obrigadas ao suicídio para salvar
algo ou alguém. O dispositivo diz que a responsabilização só ocorrerá se o “omitente devia e PODIA agir”. Embora
Carlos preste serviço informalmente, ele assumiu a responsabilidade de evitar o resultado, mas, negligente, não o fez,
devendo ser punido pelo homicídio culposo. Correta a letra b.

QUESTÃO 19

Acreditando estar grávida, Pâmela, 18 anos, desesperada porque ainda morava com os pais e eles sequer a deixavam
namorar, utilizando um instrumento próprio, procura eliminar o feto sozinha no banheiro de sua casa, vindo a sofrer,
em razão de tal comportamento, lesão corporal de natureza grave.

Encaminhada ao hospital para atendimento médico, fica constatado que, na verdade, ela não se achava e nunca
esteve grávida. O Hospital, todavia, é obrigado a noticiar o fato à autoridade policial, tendo em vista que a jovem de 18
anos chegou ao local em situação suspeita, lesionada.

Diante disso, foi instaurado procedimento administrativo investigatório próprio e, com o recebimento dos autos, o
Ministério Público ofereceu denúncia em face de Pâmela pela prática do crime de “aborto provocado pela gestante”,
qualificado pelo resultado de lesão corporal grave, nos termos dos Art. 124 c/c o Art. 127, ambos do Código Penal.

Diante da situação narrada, assinale a opção que apresenta a alegação do advogado de Pâmela.

A) A atipicidade de sua conduta.


B) O afastamento da qualificadora, tendo em vista que esta somente pode ser aplicada aos crimes de aborto
provocado por terceiro, com ou sem consentimento da gestante, mas não para o delito de auto aborto de Pâmela.

C) A desclassificação para o crime de lesão corporal grave, afastando a condenação pelo aborto.

D) O reconhecimento da tentativa do crime de aborto qualificado pelo resultado.

COMENTÁRIOS: A conduta, aqui, é atípica, em razão da ABSOLUTA IMPROPRIEDADE DO OBJETO, nos termos do art. 17
do CP, pois temos a figura do crime impossível. Isso se dá porque, nessas circunstâncias, Pâmela JAMAIS conseguiria
alcançar o resultado pretendido (aborto), pois nunca esteve grávida, e o primeiro pressuposto para o praticar auto
aborto é estar grávida.

Pâmela não irá responder, ainda, pela lesão corporal, eis que a lesão foi provocada pela própria vítima, e o direito
penal não pune a autolesão.

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.

Questão 20

Tony, a pedido de um colega, está transportando uma caixa com cápsulas que acredita ser de remédios, sem ter
conhecimento que estas, na verdade, continham Cloridrato de Cocaína em seu interior. Por outro lado, José transporta
em seu veículo 50g de Cannabis Sativa L. (maconha), pois acreditava que poderia ter pequena quantidade do material
em sua posse para fins medicinais.
Ambos foram abordados por policiais e, diante da apreensão das drogas, denunciados pela prática do crime de tráfico
de entorpecentes.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tony e José deverá alegar em favor dos clientes,
respectivamente, a ocorrência de
A) erro de tipo, nos dois casos.
B) erro de proibição, nos dois casos.
C) erro de tipo e erro de proibição. CORRETA
D) erro de proibição e erro de tipo.
RESPOSTA:
Em resumo, erro de tipo e erro de proibição é a ação/omissão de algo sem saber que pé crime.
A diferença é que, no erro de tipo, a pessoa tem falsa percepção da realidade. É o primeiro exemplo da questão.
Acredita-se estar levando remédio, mas é droga. Erro sobre a realidade fática. Erro de tipo. Fato atípico.
No erro de proibição, sabe-se o que está fazendo (no caso, transportar maconha), mas se acredita que não é proibido
(por isso, erro de proibição).

Questão 21

Questão 59
Rafael e Francisca combinam praticar um crime de furto em uma residência onde ela exercia a função de passadeira.
Decidem, então, subtrair bens do imóvel em data sobre a qual Francisca tinha conhecimento de que os proprietários
estariam viajando, pois assim ela tinha certeza de que os patrões, de quem gostava, não sofreriam qualquer ameaça
ou violência. No dia do crime, enquanto Francisca aguarda do lado de fora, Rafael entra no imóvel para subtrair bens.
Ela, porém, percebe que o carro dos patrões está na garagem e tenta avisar o fato ao comparsa para que este saísse
rápido da casa. Todavia, Rafael, ao perceber que a casa estava ocupada, decide empregar violência contra os
proprietários para continuar subtraindo mais bens. Descobertos os fatos, Francisca e Rafael são denunciados pela
prática do crime de roubo majorado. Considerando as informações narradas, o(a) advogado(a) de Francisca deverá
buscar
A) sua absolvição, tendo em vista que não desejava participar do crime efetivamente praticado.
B) o reconhecimento da participação de menor importância, com aplicação de causa de redução de pena.
C) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime menos grave, aplicando-se a pena do furto qualificado.
D) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime menos grave, aplicando-se causa de diminuição de pena
sobre a pena do crime de roubo majorado.
Resposta:
Maria quis participar do furto qualificado.
Não se pode atribuir o outro crime a ela (art. 29, §2 do CP)
Gab: c

Questão 22

Decidido a praticar crime de furto na residência de um vizinho, João procura o chaveiro Pablo e informa do seu desejo,
pedindo que fizesse uma chave que possibilitasse o ingresso na residência, no que foi atendido. No dia do fato,
considerando que a porta já estava aberta, João ingressa na residência sem utilizar a chave que lhe fora entregue por
Pablo, e subtrai uma TV.
Chegando em casa, narra o fato para sua esposa, que o convence a devolver o aparelho subtraído. No dia seguinte,
João atende à sugestão da esposa e devolve o bem para a vítima, narrando todo o ocorrido ao lesado, que, por sua
vez, comparece à delegacia e promove o registro próprio.
Considerando o fato narrado, na condição de advogado(a), sob o ponto de vista técnico, deverá ser esclarecido aos
familiares de Pablo e João que

a) nenhum deles responderá pelo crime, tendo em vista que houve arrependimento eficaz por parte de João e, como
causa de excludente da tipicidade, estende-se a Pablo.
b) ambos deverão responder pelo crime de furto qualificado, aplicando-se a redução de pena apenas a João, em
razão do arrependimento posterior.
c) ambos deverão responder pelo crime de furto qualificado, aplicando-se a redução de pena para os dois, em razão
do arrependimento posterior, tendo em vista que se trata de circunstância objetiva.
d) João deverá responder pelo crime de furto simples, com causa de diminuição do arrependimento posterior,
enquanto Pablo não responderá pelo crime contra o patrimônio.
Resposta D

Questão 23

Lívia, insatisfeita com o fim do relacionamento amoroso com Pedro, vai até a casa deste na companhia da amiga Carla
e ambas começam a quebrar todos os porta-retratos da residência nos quais estavam expostas fotos da nova
namorada de Pedro. Quando descobre os fatos, Pedro procura um advogado, que esclarece a natureza privada da
ação criminal pela prática do crime de dano.
Diante disso, Pedro opta por propor queixa-crime em face de Carla pela prática do crime de dano (Art. 163, caput, do
Código Penal), já que nunca mantiveram boa relação e ele tinha conhecimento de que ela era reincidente, mas,
quanto a Lívia, liga para ela e diz que nada fará, pedindo, apenas, que o fato não se repita.
Apesar da decisão de Pedro, Lívia fica preocupada quanto à possibilidade de ele mudar de opinião, razão pela qual
contrata um advogado junto com Carla para consultoria jurídica.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que ocorreu

a) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime não deve ser recebida em relação a Carla.
b) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em relação a Carla.
c)perempção em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em relação a Carla.
d)perdão do ofendido em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser recebida apenas em relação a Carla.
Resposta A

Questão 24

Márcia e Plínio se encontraram em um quarto de hotel e, após discutirem o relacionamento por várias horas,
acabaram por se ofender reciprocamente. Márcia, então, querendo dar fim à vida de ambos, ingressa no banheiro do
quarto e liga o gás, aproveitando-se do fato de que Plínio estava dormindo. Em razão do forte cheiro exalado, quando
ambos já estavam desmaiados, os seguranças do hotel invadem o quarto e resgatam o casal, que foi levado para o
hospital. Tanto Plínio quanto Márcia acabaram sofrendo lesões corporais graves. Registrado o fato na delegacia, Plínio,
revoltado com o comportamento de Márcia, procura seu advogado e pergunta se a conduta dela configuraria crime.
Considerando as informações narradas, o advogado de Plínio deverá esclarecer que a conduta de Márcia configura
crime de
A) lesão corporal grave, apenas.
B) tentativa de homicídio qualificado e tentativa de suicídio.
C) tentativa de homicídio qualificado, apenas. (art. 121, § 2º, incisos III e IV, c/c art. 14, parágrafo único, ambos do
Código Penal).
D) tentativa de suicídio, por duas vezes.
Resposta C

Questão 25

Francisco, brasileiro, é funcionário do Banco do Brasil, sociedade de economia mista, e trabalha na agência de Lisboa,
em Portugal. Passando por dificuldades financeiras, acaba desviando dinheiro do banco para uma conta particular,
sendo o fato descoberto e julgado em Portugal. Francisco é condenado pela infração praticada. Extinta a pena, ele
retorna ao seu país de origem e é surpreendido ao ser citado, em processo no Brasil, para responder pelo mesmo fato,
razão pela qual procura seu advogado. Considerando as informações narradas, o advogado de Francisco deverá
informar que, de acordo com o previsto no Código Penal,

A) ele não poderá responder no Brasil pelo mesmo fato, por já ter sido julgado e condenado em Portugal.
B) ele somente poderia ser julgado no Brasil por aquele mesmo fato, caso tivesse sido absolvido em Portugal.
C) ele pode ser julgado também no Brasil por aquele fato, sendo totalmente indiferente a condenação sofrida em
Portugal.
D) ele poderá ser julgado também no Brasil por aquele fato, mas a pena cumprida em Portugal atenua ou será
computada naquela imposta no Brasil, em caso de nova condenação. (art. 7º, inciso I, alínea “c” c/c art. 8º, ambos do
Código Penal)
Resposta D

Questão 26

Em 2014, Túlio foi condenado definitivamente pela prática de um crime de estupro ao cumprimento de pena de 6
anos. Após preencher todos os requisitos legais, foi a ele deferido livramento condicional. No curso do livramento,
Túlio vem novamente a ser condenado definitivamente por outro crime de estupro praticado durante o período de
prova. Preocupada com as consequências dessa nova condenação, a família de Túlio procura o advogado para
esclarecimentos. Considerando as informações narradas, o advogado de Túlio deverá esclarecer à família que a nova
condenação funciona, na revogação do livramento, como causa

A) obrigatória, não sendo possível a obtenção de livramento condicional em relação ao novo delito. (art. 83, inciso V
c/c art. 86, inciso I c/c art. 88, todos do Código Penal).
B) obrigatória, sendo possível a obtenção de livramento condicional após cumprimento de mais de 2/3 das penas
somadas.
C) facultativa, não sendo possível a obtenção de livramento condicional em relação ao novo delito.
D) facultativa, sendo possível a obtenção de livramento condicional após cumprimento de mais de 2/3 das penas
somadas.
Resposta A

Questão 27

Juarez, com a intenção de causar a morte de um casal de vizinhos, aproveita a situação em que o marido e a esposa
estão juntos, conversando na rua, e joga um artefato explosivo nas vítimas, sendo a explosão deste material bélico a
causa eficiente da morte do casal. Apesar de todos os fatos e a autoria restarem provados em inquérito encaminhado
ao Ministério Público com relatório final de indiciamento de Juarez, o Promotor de Justiça se mantém inerte em razão
de excesso de serviço, não apresentando denúncia no prazo legal. Depois de vários meses com omissão do Promotor
de Justiça, o filho do casal falecido procura o advogado da família para adoção das medidas cabíveis. No momento da
apresentação de queixa em ação penal privada subsidiária da pública, o advogado do filho do casal, sob o ponto de
vista técnico, de acordo com o Código Penal, deverá imputar a Juarez a prática de dois crimes de homicídio em

A) concurso material, requerendo a soma das penas impostas para cada um dos delitos.
B) concurso formal, requerendo a exasperação da pena mais grave em razão do concurso de crimes.
C) continuidade delitiva, requerendo a exasperação da pena mais grave em razão do concurso de crimes.
D) concurso formal, requerendo a soma das penas impostas para cada um dos delitos. (art. 70, caput, 2ª parte/in fine,
do Código Penal).
Resposta D

Você também pode gostar