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Patrícia Rodrigues de Azevedo Peres

Guarda Compartilhada: um novo instituto no Código Civil

Centro Universitário Salesiano de São Paulo – U. E. Lorena

Lorena

2008
Resumo

Este trabalho busca demonstrar as características da guarda, enfatizando o novo instituto da


guarda compartilhada: seu significado, histórico, objetivo e eficácia.

Palavras – chave: Guarda; Guarda Compartilhada; Código Civil.


2

Guarda Compartilhada: um novo instituto no Código Civil

A guarda é um tema muito complexo e atualmente muito debatido no Direito de

Família.

Antes mesmo da publicação da Lei nº 11.698/2008, que autoriza a guarda

compartilhada, muito já se discutia doutrinariamente se esta não seria a melhor forma de

proteção aos filhos de pais separados.

Primeiramente é preciso entender o que é a guarda, quais seus objetivos e formas

existentes.

Para José Antônio de Paula Neto, a guarda trata-se de um "direito consistente na

posse de menor oponível a terceiros e que acarreta deveres de vigilância em relação a

este." 1

Conforme nos ensina Luiz Felipe Lyrio Peres, em seu artigo científico “Guarda

Compartilhada”, através da etimologia da palavra:

“A expressão guarda deriva do alemão wargem, do


inglês warden e do francês garde, podendo ser
interpretado de uma forma genérica para expressar
vigilância, proteção, segurança, um direito-dever que
os pais ou um dos pais estão incumbidos de exercer
em favor de seus filhos.”

Encontramos no Estatuto da Criança e do Adolescente o objetivo da guarda:

Artigo 33. “A guarda obriga à prestação de


assistência material, moral e educacional à criança ou
adolescente, conferindo a seu detentor o direito de
opor-se a terceiros, inclusive aos pais.”

1
SANTOS NETO. José de Paula. Do pátrio poder. São Paulo. Ed. Revista dos Tribunais. 1993. p. 139 in
PERES, Luiz Felipe Lyrio. Guarda compartilhada . Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60, nov. 2002.
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3533>. Acesso em: 20 ago. 2008.
3

Portanto, entende-se como guarda a obrigação dos pais, após a ruptura da sociedade

conjugal, de conjuntamente ou não, manterem os filhos com tudo o que lhes for necessário,

tanto material como afetivamente. Esta assistência também pode ser realizada por terceiros,

quando necessário.

Existe a possibilidade de quatro tipos de guarda2:

a) Guarda Alternada: Os filhos ficam alternadamente com cada um dos pais por um prazo

determinado (ano, mês, semana). Este instituto é extremamente criticado e não aplicado,

pois faz com que o filho não tenha hábitos e valores fixos, prejudicando o desenvolvimento

do menor.

“É bastante criticada em nosso meio, uma vez que


contradiz o princípio da continuidade do lar, que deve
compor o bem estar da criança. Objeta-se, também,
que se queda prejudicial à consolidação dos hábitos,
valores, padrões e formação da sua personalidade,
face à instabilidade emocional e psíquica criada pela
constante mudança de referenciais.”3

“As repetidas quebras na continuidade das relações e


ambiência afetiva, o elevado número de separações e
reaproximações, provoca no menor instabilidade
emocional e psíquica, prejudicando seu normal
desenvolvimento, por vezes retrocessos irrecuperáveis,
a não recomendar o modelo alternado, uma caricata
divisão pela metade em que os pais são obrigados por
lei a dividir pela metade o tempo passado com os
filhos.”4

2
BARRETO, Lucas Hayne Dantas. Considerações sobre a guarda compartilhada . Jus Navigandi, Teresina,
ano 7, n. 108, 19 out. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4352>. Acesso em:
20 ago. 2008.
3
Ibid.
4
FILHO, Waldyr Grisard. Guarda Compartilhada. Quem melhor para decidir a respeito?. Disponível em:
<http://www.apase.org.br/81005-gcquemmelhor.htm>. Acesso em: 20 ago. 2008
4

b) Aninhamento ou Nidação: Nesta forma os filhos residem constantemente em uma casa e

os pais a ela mudam-se periodicamente e alternadamente. É pouco defendida, pois trás os

mesmos problemas da guarda alternada.

c) Guarda Dividida, Guarda Exclusiva, Guarda Única: Os filhos ficam em uma residência

fixa com um dos pais e ao outro cabe o pagamento de pensão alimentícia e visitas

periódicas. O problema deste sistema está no fato do não guardião ter seu acesso aos filhos

limitado pela Justiça, o que faz com que este não tenha uma participação tão efetiva no

desenvolvimento das crianças. E, além disso, este tipo de guarda permite que o genitor

guardião atue de forma egoísta e errônea, não permitindo a visita aos filhos quando ocorrer

falta de pagamento dos alimentos ou qualquer outro motivo que a ele seja relevante. As

crianças passam a ser um “jogo” para os pais separados que não vivem em harmonia.

“O desejo daquele que não é guardião de ver seus


filhos e tê-los em sua companhia pode de nada
adiantar já que o que vale é o que foi estabelecido
como dias de visitas, finais de semana alternados,
meio período de férias escolares e, às vezes, um pouco
mais ou até um pouco menos. Pai ou mãe, aquele que
não é o guardião da criança verá seus filhos na data
que lhe foi imposta e não na data em que desejar.
Além disso, muitos pais, guardiões, usam seus filhos
como instrumentos de chantagem e pressão em
relação ao não guardião.
Trocam as crianças, como moedas, por pensões
maiores, pagamentos dos alimentos em dia e
barganham as visitas até mesmo de acordo com a
variação de seus humores, do estar ou não em um bom
dia ou de acordo com o relacionamento estabelecido
com o outro naquele dia ou naquele momento.”5

5
AMARAL, Sylvia Mendonça. Guarda Compartilhada. Casal deve assumir compromisso no processo
judicial. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/static/text/35415,1>. Acesso em: 21 ago. 2008
5

d) Guarda Compartilhada: Já muito exercida no exterior, esta guarda é sem dúvida a

melhor forma de unir os pais aos filhos como se ainda fossem uma família, com uma ótima

repercussão no desenvolvimento das crianças.

Trata-se de uma forma na qual os pais participam conjuntamente da guarda dos

filhos. Ambos são responsáveis por zelar pelas obrigações e direitos dos menores.

Por estar inserida atualmente na Lei nº 11.698/2008, como forma de guarda que

deve ser exercida na legislação brasileira, juntamente com a guarda unilateral, ela será um

pouco melhor desenvolvida e aprofundada.

Ainda há pouca doutrina no Brasil referindo-se a esse assunto devido à atualidade

de sua implementação no sistema normativo nacional.

Para Lucas Hayne Dantes Barreto em seu artigo científico “Considerações sobre a

Guarda Compartilhada”:

“Por guarda compartilhada, também identificada por guarda


conjunta (joint custody, no direito anglo-saxão), entende-se
um sistema onde os filhos de pais separados permanecem sob
a autoridade equivalente de ambos os genitores, que vêm a
tomar em conjunto decisões importantes quanto ao seu bem
estar, educação e criação. É tal espécie de guarda um dos
meios de exercício da autoridade parental, quando
fragmentada a família, buscando-se assemelhar as relações
pai/filho e mãe/filho - que naturalmente tendem a modificar-
se nesta situação - às relações mantidas antes da dissolução
da convivência, o tanto quanto possível.”6

A Desembargadora Maria Raimunda Teixeira de Azevedo entende como guarda

compartilhada:

6
BARRETO, Lucas Hayne Dantas. Considerações sobre a guarda compartilhada . Jus Navigandi, Teresina,
ano 7, n. 108, 19 out. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4352>. Acesso em:
20 ago. 2008.
6

“A possibilidade de que os filhos de pais separados


continuem assistidos por ambos os pais, após a separação,
devendo ter efetiva e equivalente autoridade legal, para
tomarem decisões importantes quanto ao bem estar de seus
filhos, e freqüentemente, ter uma paridade maior no cuidado
a eles.”7

E Vicente Barreto entende como "a possibilidade dos filhos de pais separados

serem assistidos por ambos os pais."8.

Portanto, conforme exposto acima, a guarda compartilhada é um instituto que visa

garantir aos pais a possibilidade de terem conjuntamente as mesmas obrigações, decisões e

responsabilidades referentes aos filhos menores, mesmo vivendo em lares diversos. É uma

forma dos pais separados continuarem com as mesmas relações que tinham com os filhos

antes da dissolução da sociedade conjugal.

“A guarda compartilhada permite que os filhos vivam


e convivam em estreita relação com o pai e a mãe,
havendo uma co-participação em igualdade de
direitos e deveres. É uma aproximação da relação
materna e paterna, visando o bem estar dos filhos. São
benefícios grandiosos que a nova proposta traz às
relações familiares, não sobrecarregando nenhum dos
pais e evitando ansiedades, stress e desgastes.”9

Na guarda compartilhada um dos pais pode permanecer com a guarda física do

filho, porém, todos os direitos e deveres do menor serão de responsabilidade de ambos os

genitores.

7
AZEVEDO, Maria Raimulda Texeira. A Guarda Compartilhada. Evento realizado no dia 25/04/01, no
clube dos Advogados/RJ. Disponível em: <http:/www.apase.com.br. > Associação de Pais e Mães Separados
in PERES, Luiz Felipe Lyrio. Guarda compartilhada. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60, nov. 2002.
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3533>. Acesso em: 20 ago. 2008.
8
BARRETO. Vicente. A Nova Familia: Problemas e Perspectivas. Rio de Janeiro. Ed. Renovar. 1997. p
135.in PERES, Luiz Felipe Lyrio. Guarda Compartilhada. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60, nov. 2002.
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3533>. Acesso em: 20 ago. 2008.
9
RABELO, Sofia Miranda. Guarda Compartilhada. Disponível em:<http://www.apase.org.br/81003-
definicao.htm>.Acesso em: 20 ago. 2008
7

Analisando pontualmente os valores das famílias no decorrer da história,

percebemos que sempre existiram mudanças nos papéis dos pais e mães diante dos filhos, e

atualmente ambos são igualmente imprescindíveis na criação e desenvolvimento dos

menores.

No Brasil do século XIX a guarda era determinada ao homem, pois apenas ele

possuía o pátrio poder e o poder econômico, sendo a mulher submissa e relativamente

incapaz.

Na Revolução Industrial houve uma modificação de valores, pois iniciou-se o

entendimento de ser a mulher a melhor a cuidar dos filhos. O homem passava o dia todo

trabalhando (provendo economicamente a família) enquanto à mulher cabia o zelo, o

cuidado e a manutenção do lar. Tendo a sua capacidade plena, a mulher passou a cuidar dos

filhos após a separação, pois alegava-se que ela tinha aptidões naturais para isso,

diferentemente dos homens.

Até a metade do século XX a sociedade não teve transformações que desejassem

modificações com relação à guarda.

Porém, após meados do século XX, iniciou-se a revolução sexual, na qual a mulher

passou a ocupar cada vez mais o mercado de trabalho, sendo que as obrigações com o lar e

com os filhos passaram a ser divididas entre os dois sexos. A partir desta mudança social

iniciou-se o questionamento acerca da guarda, que não deveria ser predominantemente

materna.

“A mudança social ocorrida selou o alicerce para a


construção de novas teorias sobre a guarda,
buscando, sempre, um exercício mais equilibrado,
onde a manutenção do contato do filho com ambos os
pais deve continuar tal qual o era antes do
rompimento.
8

Assim, hoje, já se percebe que, nem sempre, a


atribuição da guarda à mãe atende ao melhor
interesse da criança.”10

No século XXI, diante de todas as modificações sociais ocorridas, foi preciso alterar

o instituto da guarda, baseando-se no princípio da igualdade, em que homens e mulheres

devem ter os mesmos direitos e responsabilidades com os filhos.

O instituto da guarda compartilhada teve início na Inglaterra na década de sessenta,

onde existiram as primeiras decisões no sentido de ambos os pais serem conjuntamente

responsáveis pelo sadio desenvolvimento da prole.

A França assimilou esta idéia em 1976, determinando que a decisão do magistrado

devia ser buscando o melhor para os pais e os filhos. A ele cabia decidir pela guarda única,

determinando quem a terá, e quando houvesse acordo entre as partes, determinaria a guarda

compartilhada.

“Na França, tal idéia surgiu em 1976. O Código Civil


Francês estabeleceu, com a inovação trazida pela Lei
Malhuret, que, após a oitiva dos filhos menores, o juiz
deve fixar a autoridade parental (expressão que lá
substituiu o termo guarda), de acordo com interesses e
necessidades dos filhos e, caso fique estabelecida a
guarda única, o magistrado deverá decidir com quem
ficarão. Mas, estando o casal de acordo, basta uma
declaração conjunta perante o Juiz, para que seja
decidido pelo compartilhamento da guarda.”11

10
BARRETO, Lucas Hayne Dantas. Considerações sobre a guarda compartilhada . Jus Navigandi, Teresina,
ano 7, n. 108, 19 out. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4352>. Acesso em:
20 ago. 2008.
11
Ibid.
9

Depois de se difundir na Europa, em países como Alemanha, Espanha e Portugal, o

instituto chegou na América com aplicabilidade no Canadá, Argentina, Uruguai e

principalmente nos Estados Unidos.

Neste último país a guarda compartilhada é mais intensamente estudada, debatida e

aplicada.

(...)“aonde o instituto ganhou maior


desenvolvimento sem dúvida foi nos EUA,
ganhando grande adesão por parte da sua
população, como por exemplo no Estado do
Colorado em que aproximadamente 90% das
guarda é feita pelo modelo de guarda
compartilhada”.12

No Brasil, apesar de possuirmos uma legislação avançada, foi tardiamente inserido

em nosso Código Civil o instituto da guarda compartilhada. Porém, outras leis, como a Lei

nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente – E. C. A.), e a própria Constituição

Federal, já demonstravam a necessidade de igualdade entre os pais no desenvolvimento e

criação dos filhos.

Em 13 de junho de 2008, a Lei nº 11.698 modificou alguns dispositivos do Código

Civil, implementando legalmente o instituto da guarda compartilhada na legislação

nacional.

Lei n.11.698/2008 – Artigo 1º:


“ A guarda será unilateral ou compartilhada.
§ 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída
a um só dos genitores ou a alguém que o substitua
(art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e

12
PERES, Luiz Felipe Lyrio. Guarda Compartilhada . Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 60, nov. 2002.
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3533>. Acesso em: 20 ago. 2008.
10

deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo


teto, concernentes ao poder familiar dos filhos
comuns.” (Grifo Nosso)

De acordo com esta lei, a guarda unilateral ou compartilhada poderá ser requerida:

(artigo 1.584 do atual Código Civil)

- pelos pais por consenso, ou por apenas um deles através de ação autônoma ou medida

cautelar (inciso I) ou

- determinada pelo juiz, visando atingir da melhor forma os interesses do menor (inciso

II).

Na audiência de conciliação, o juiz deve explicar aos pais o instituto da guarda

compartilhada, demonstrando seus benefícios, direitos e deveres. (§ 1º do artigo 1.584). E

quando não houver acordo entre os pais com relação à guarda dos filhos, deve sempre que

possível ser aplicada a guarda compartilhada. (§ 2º).

Esta lei, apesar de publicada em 13 de junho de 2008, entrou em vigor após o

período de vacatio legis, ou seja, após 60 dias. Portanto é muito recente para sabermos se

está havendo sua efetiva aplicabilidade.

Encontramos neste instituto da guarda compartilhada algumas vantagens, como a

aproximação da criança com os pais e a divisão da educação, convivência e

responsabilidades entre eles.

“É o exercício comum da autoridade parental,


reservando a cada um dos pais o direito de participar
ativamente das decisões dos filhos menores. O
equilíbrio dos papéis, valorizando a paternidade e a
maternidade, traz um desenvolvimento físico e mental
11

mais adequado para os casos de fragmentação da


família.”13

Apesar destes benefícios já citados, a guarda compartilhada não possuirá efeitos

positivos quando os pais não conseguirem resolver seus problemas e permanecerem em

conflito, usando a criança para atingir e lesar um ao outro. Infelizmente é muito comum

famílias que se separam e usam as crianças como “io-ios”, buscando a realização de

objetivos pessoais ou meramente caprichos para prejudicar o antigo cônjuge. Não percebem

que ao privar ou dificultar o pai ou a mãe de participar da vida do filho, o maior

prejudicado é a própria criança, que precisa da presença e referência de ambos para uma

vida saudável.

Portanto, conforme já demonstrado, a guarda compartilhada é uma novo instituto

inserido no Código Civil, através da Lei nº 11.698/2008, que busca manter o

relacionamento dos pais com os filhos, após a separação, como se ainda houvesse uma

sociedade conjugal.

Saber a plenitude de sua eficácia ainda não é possível, devido ao pouco tempo de

vigência. Mas, como já é sabido, apenas haverá efetividade se os pais estiverem dispostos a

cooperar e buscarem juntos um mesmo objetivo: a criação dos filhos.

Na sociedade atual já é superado o entendimento que ambos os pais são

imprescindíveis no desenvolvimento do menor, logo a guarda compartilhada é a que melhor

busca atender a este anseio da criança.

“Deve se ter em vista, assim, que a guarda


compartilhada, não se destina a permitir a alternância
da guarda de filhos entre os pais, mas tem como
objetivo precípuo assegurar aos genitores o exercício
conjunto da autoridade parental, como se juntos

13
RABELO, Sofia Miranda. Guarda Compartilhada. Disponível em:<http://www.apase.org.br/81003-
definicao.htm>.Acesso em: 20 ago. 2008
12

estivessem, o que, tratando-se de genitores orientados


pelo desejo de proporcionar uma elevada formação à
prole que geraram, somente poderá se traduzir em
vantagem para estes e para aqueles”(...)14

Atingir o interesse do menor, estabilizar suas relações e buscar o melhor

desenvolvimento físico e mental da criança é, sem dúvida, o objetivo ao se compartilhar a

guarda.

Espera-se apenas que os pais e todos os demais envolvidos tenham maturidade para

concretizar este moderno e nobre instituto legal.

14
NÓBREGA, Airton Rocha. Guarda de filhos: unilateral e compartilhada. Inovações da Lei nº 11.698/2008.
Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1847, 22 jul. 2008. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11494>. Acesso em: 20 ago. 2008.
13

ANEXO

LEI Nº 11.698, DE 13 DE JUNHO DE 2008.

Altera os arts. 1.583 e 1.584 da Lei no 10.406,


de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, para
instituir e disciplinar a guarda compartilhada.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e


eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Os arts. 1.583 e 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil,
passam a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.

§ 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém


que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e
o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto,
concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.

§ 2o A guarda unilateral será atribuída ao genitor que revele melhores condições para
exercê-la e, objetivamente, mais aptidão para propiciar aos filhos os seguintes fatores:

I – afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar;

II – saúde e segurança;

III – educação.

§ 3o A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os


interesses dos filhos.

§ 4o (VETADO).” (NR)

“Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser:

I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma
de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar;
14

II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da


distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe.

§ 1o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda


compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores
e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas.

§ 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, será aplicada,
sempre que possível, a guarda compartilhada.

§ 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob


guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá
basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar.

§ 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda,


unilateral ou compartilhada, poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu
detentor, inclusive quanto ao número de horas de convivência com o filho.

§ 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe,
deferirá a guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida,
considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade.”
(NR)

Art. 2o Esta Lei entra em vigor após decorridos 60 (sessenta) dias de sua publicação.

Brasília, 13 de junho de 2008; 187o da Independência e 120o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto

José Antonio Dias Toffoli


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