Faculdade de Letras – Instituto de Letras e Comunicação - UFPa
Discente: Tassiane Santos (UFPa)
Orientadora: Prof.ª Drª Valeria Augusti (PPGL/UFPa) Projeto de pesquisa Prosa de ficção britânica no Grêmio Literário Português do Pará: autores, obras e agentes editoriais.
Catalogar os dados editoriais dos exemplares de prosa de ficção de
origem em língua inglesa que fazem parte da biblioteca Fran Paxeco (gabinete de leitura do G. L .P. P.).
Recorte: a tradução francesa de exemplares do acervo.
Dados editoriais coletados: título, autor, nacionalidade, idioma,
tradutor, informações sobre o tradutor/tradução, local de edição, ano de edição, nº do volume, nº de volumes, coleção, editor, endereço da editora, tipografia, endereço da tipografia, observações. Total de exemplares catalogados 193
Em língua portuguesa 119
Em língua inglesa 69
Em língua francesa 5 98 exemplares com identificação do 30 tradutores declarados tradutor
▪ Tradutores mais presentes nos exemplares:
A. J. Ramalho e Sousa: 16 exemplares
Mr. Le Tourneur e o tradutor do Viajante Universal: 16 exemplares
Grêmio Literário Português do Pará Gabinete de leitura fundado em 1868 O livreiro responsável pelo acervo foi Antonio Maria Pereira Século XIX: o consumo de conteúdo inglês pelos franceses e as relações entre os países;
O comércio de exemplares entre Brasil, Portugal e França. O
público brasileiro consumia textos estrangeiros para que se manter enriquecido culturalmente;
Houve um grande número de textos de periódicos britânicos
traduzidos por franceses circulando nos jornais do Rio de Janeiro no século XIX, demonstrando a influência que tinham sobre o mercado editorial. (RAMICELLI, 2009) A tradução, no século XIX, como uma transferência cultural (TORRES 2011) em que um tradutor irá fazer os arranjos necessários para que um texto se torne compreensível e aceito não apenas linguisticamente, mas também culturalmente.
A adaptação também pode ser considerada nesse contexto, afinal,
em alguns casos, textos originais em inglês foram bastante modificados na reescrita do francês e português para se encaixarem ao gosto do editor ou do público que iria ler. As traduções que chegaram ao Brasil ajudaram a estabelecer no país o gênero romance, pois foi por meio dessas traduções que a população se aproximou do que já era uma realidade em termos literários na Europa.
O ato de traduzir romances estrangeiros pelos escritores
brasileiros deu a eles a oportunidade de aprender sobre elementos que compunham o romance europeu, transformando a tradução quase em uma escola que ajudou os artistas posteriormente a produzirem suas próprias obras. (SOARES, 2006) Em 1821, o romance Persuation de Jane Austen foi traduzido e adaptado para o francês com edição do livreiro francês Arthus- Bertrand. Recebe o nome de La famille Elliot ou L’ancienne inclination. A tradutora de Austen foi a suíça Isabelle Montolieu. Em Portugal, o romance La famille Elliot foi traduzido por Manuel Pinto Coelho Cota de Araújo (M. P. C. C. d‘A) e recebeu o nome de A família Elliot ou A inclinação antiga. A versão portuguesa, publicada em 1847, toma como base a versão de Isabelle Montolieu. Chegou ao Brasil em 1858, em dois volumes, no Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro.
Os exemplares se encontram no acervo
da biblioteca Fran Paxeco na estante de livros franceses e não possuem autor declarado. ‘‘traduzida do francez por M. P. C. C. d’A’’
A família Elliot de Jane Austen
Local de publicação: Lisboa
Typ. Rollandiana/Portugal Foram catalogados quinze tomos do título História da virtuosa e infeliz Clara Harlowe de Samuel Richardson e em todos os exemplares são declarados dois tradutores.
O tradutor da versão francesa foi Pierre Prime Félicien Le
Tourneur que no século XVIII foi o primeiro tradutor das obras de Shakespeare para o francês.
Sobre o tradutor da versão portuguesa há poucas informações,
apenas que se tratava também de um cidadão francês que ficou durante um período na Cidadela de Cascais em Lisboa. ‘‘Escrita em inglez pelo célebre Richardson , e traduzida em francez por Mr. Le Tourneur, E do francez em portuguez pelo traductor do Viajante Universal’’
História da virtuosa e infeliz Clara
Harlowe de Samuel Richardson
Local de publicação: Lisboa
Datas: 1804 e 1818 Typ. Rollandiana/Portugal A circulação no século XIX foi facilitada pela disseminação do romance por meio de traduções e adaptações que saiam da Europa; Os livreiros em Portugal e também no Brasil buscavam apresentar em seus catálogos títulos que faziam sucesso na França, mas nem sempre eram só romances franceses; O conteúdo britânico, muito mais acessado pelos franceses, chegou a Portugal e Brasil por meio de uma mediação francesa de tradução de exemplares. AUGUSTI, Valéria. Coleções editoriais de baixo custo e traduções de romances franceses no acervo do Grêmio Literário Português do Pará. Letras, Santa Maria, v. 23, n. 47, p. 21-36, jul./dez. 2013. _________ Considerações sobre a constituição do acervo do Grêmio Literário Português de Belém do Pará. Campinas, SP: Unicamp/FE; ALB, 2009. ABREU, Márcia. Conectados pela ficção: circulação e leitura de romances entre a Europa e o Brasil. O eixo e a roda: v. 22, n. 1, 2013. Belo Horizonte, p. 15-39. PATRICK, Julian. 501 grandes escritores. Rio de Janeiro: Sextante, 2009. RAMICELLI, Maria Eulália. Narrativas Itinerantes: aspectos franco-britânicos da ficção brasileira em periódicos da primeira metade do século XIX. Santa Maria: Ed. da UFSM, 2009. PEREIRA, Rosamaria Reo. A presença inglesa no Brasil e sua influência nas obras de escritores brasileiros do século XIX. 2005. Dissertação (Mestrado em Teoria Literária) – Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Pará, Belém. SCHAPOCHNIK, Nelson. Comércio e sociabilidade livresca: o Rio de Janeiro British Subscription Library, 1826-1890. Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=221049589024> Acesso em: 27 de setembro de 2018. SOUZA, Daniela Montenegro de. O surgimento do comércio de romances ingleses nas lojas do Rio de Janeiro: dos requerimentos à Vossa Majestade aos armazéns de ‘‘commodo preço’’. 2014. Dissertação (Mestrado em Teoria Literária) – Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. SOARES, Maria Angélica Lau Pereira. Visão da modernidade: a presença britânica no Gabinete de Leitura (1837-1838). Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. TORRES, Marie-Hélène Catherine. Traduzir o Brasil literário: Paratexto e discurso de acompanhamento. Volume 1. Tubarão: Copiart, 2011. VASCONCELOS, Sandra Guardini. A formação do romance inglês: ensaios teóricos. São Paulo: Aderaldo & Rothschild: Fapesp, 2007. _________Círculos e travessias: o caso da família Elliot. In: ___. ABREU, Márcia (org.) Romances em movimento: a circulação transatlântica dos impressos. São Paulo: Editora Unicamp, 2017. _________. Dez lições sobre o romance inglês do século XVIII. São Paulo: Boitempo editorial, 2002. Leituras Inglesas no Brasil oitocentista. In: Crop: revista da área de língua inglesa e norte – americana do Departamento de Letras Modernas/ FFLCH. USP, n. 8, 2012, pp. 223-247. WATT, Ian. A ascensão do romance: estudos sobre Defoe, Richardson e Fielding. São Paulo: Companhia das letras, 1990.