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O Dilema Do Fundador Ou Muda Ou Se Muda
O Dilema Do Fundador Ou Muda Ou Se Muda
O título não é novo, mas o produto é inovador. Não uma revista, mas
um serviço. Artigos rigorosamente selecionados dentre os publicados
internacionalmente pelas mais categorizadas revistas mundiais de
Ciência Social Aplicada. Doze por assinatura. Sempre que preencham
os requisitos de seleção: artigos brasileiros, por que não? ; capítulos
de livros, por que não?; contanto que publiquemos conhecimento
qualificado e atualizado, isto é, válido agora! Isso quase sempre quer
dizer: recente. Nem sempre, contudo. Mas, nós selecionamos para
Você conhecimento qualificado e atualizado.
Características da Série
NUMEROS PUBLICADOS
Kleber Nascimento
H.I. Ansoff
Lee Smith
Paul J. Stonich
PRÓXIMO ARTIGO:
Chris Argyris
Kleber Nascimento
Essa foi uma das mais fecundas reflexões que fiz em toda a minha
vida profissional. De pronto, parece apenas uma incoerência lógica,
mas é um dos paradoxos mais profundos e luminosos sobre a
realidade das organizações. Concluí que alguém pode ser a um tempo
altamente produtivo e perdulário; ativo e ocioso; concentrado e
dispersivo; dedicado e negligente. No desempenho gerencial, um
grande ativo não elimina, per se, a possibilidade de um grande
passivo. É indispensável examinar os dois termos, em separado.
Kleber Nascimento
The case of the floundering founder
Diagramação: N. Medina
Composição e Impressão
Lidador/1976
Inclui bibliografia.
_____________
(1)
Donald K. Clifford, Jr., um dos diretores da filial de Nova Iorque da
McKinsey & Company, Inc., começou a trabalhar na firma em 1959. Desde
então, ele tem atendido a clientes em muitas indústrias, tanto nos Estados
Unidos quanto no Exterior.
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(até o ano anterior) devia-se quase totalmente à capacidade, à energia
e ao conhecimento ímpar de Gordon sobre o seu setor da indústria. Ele
havia liderado o desenvolvimento de produtos especializados que se
haviam ajustado de forma singular a segmentos de mercados
ascendentes e a maioria desses produtos conquistaram uma posição de
domínio para a firma. Ele havia levantado pessoalmente um capital de
USS 22 milhões de duas companhias industriais de relevo, cada uma
das quais possuía menos de 10% das ações ordinárias. E havia, ainda,
contratado vários executivos jovens e competentíssimos para
ocuparem postos-chave de marketing, engenharia e administração
geral.
O que houve de errado, então? Por que Gordon foi demitido? Uma das
grandes falhas que cometeu foi a de deixar que sua lealdade pessoal a
um homem interferisse no discernimento sobre os negócios da
empresa. Hal Nugent, um colega seu desde o curso secundário, entrara
na empresa tão no início desta que quase mereceria o título de co-
fundador. Desde o começo ele fora o homem de finanças de Gordon -
e, por sinal, muito bom para aquela época. No entanto, há dois anos
tornara-se óbvio para todos, menos para Gordon, que Nugent
simplesmente não mais respondia às exigências do cargo que ocupava.
Na posição de diretor-financeiro de uma organização complexa,
operando num mercado em rápida transformação, ele era um retrato
ambulante do Princípio de Peter. Ainda assim Gordon deixava
inteiramente a seu cargo toda a função de controladoria e todos os
assuntos financeiros, à exceção dos realmente críticos.
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decisão sem maiores consultas e - com frequência não se preocupava
em comunicá-las a todos aqueles que teriam alguma razão para saber
delas. Gordon havia feito novos investimentos de capital de até USS 5
milhões sem consultar o conselho diretor ou mesmo informar a sua
equipe dirigente. De outra feita, ele redistribuíra as responsabilidades
de três cargos críticos de gerência sem ao menos discutir as
modificações feitas com seus ocupantes,.
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Esse caso é singular em seus detalhes. Mas também é muito comum.
Pesquisas e observações indicam que praticamente toda empresa em
crescimento acelerado passa por uma fronteira de perigo na transição
da fase inicial de nascimento e adolescência para a fase adulta, de
empresa de grande porte. Quase que inevitavelmente, a pressão
econômica, de uma forma ou de outra, seja interna ou externa,
desencadeia uma crise; com muita frequência, uma companhia nasce
com o seu momentum de crescimento fatalmente comprometido.
Passamos a designar as companhias que estejam passando por essa
faixa de estresse por "companhias fronteiriças".
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rigorosas. Como reflexo das mesmas forças, o balanço é
provavelmente mais "apertado", havendo, assim, menor flexibilidade
para enfrentar períodos de restrição financeira. Por todas essas razões,
a companhia fronteiriça é muito mais sensível às decisões de seus
dirigentes - boas e más - do que a empresa gigante. Em uma palavra,
ela é mais suscetível às ações gerenciais.
NÍVEL DE
COMPLEXIDADE
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Obviamente, como quantificação do aumento da dificuldade do cargo
do PE, essa matriz é totalmente inservível. Ainda assim, ela conduz a
uma ideia geral do número de inter-relacionamentos que deverão ser
considerados no processo decisório gerencial de tal companhia - e
isto, por sua vez, explica a elevada taxa de mortalidade gerencial entre
os PE's das companhias fronteiriças.
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O tipo de modificações que ele terá de efetuar e a urgência necessária
em promovê-las dependerão dos requisitos da indústria, das condições
econômicas e da sua própria capacidade e personalidade.
Figura 2
O papel em transformação do PE
Nível de Complexidade
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Com o aumento da complexidade do negócio, o PE se vê obrigado a
dedicar mais tempo selecionando, treinando e motivando outras
pessoas para o desempenho das várias funções e operações da
empresa, as quais ele não mais pode controlar. Da mesma forma,
maior parcela de seu tempo terá de ser dedicada ao planejamento da
estratégia de novos produtos e ao problema do que fazer com os
negócios ou linhas de lucratividade decrescente. As relações com o
governo e a tarefa de manter informados os especialistas do seguro
agravam suas dores de cabeça. Sem contar ainda outras demandas, tais
como convites para tomar parte em conselhos diretores de outras
organizações. Algumas dessas demandas são muito importantes ou
muito atraentes para serem rejeitadas.
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menos rápidos. E, dentre as fronteiriças, as que vinham crescendo
mais aceleradamente foram as que, em geral, mais sofreram o que
demonstra o perigo da viagem "em alta velocidade".
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considerando necessário substituir o clássico plano de lucros e o
relatório mensal de operações por ciclos de planejamento mais curtos,
mais orientados para liquidez imediata; elas introduziram também
planos para situações de emergência, com pontos de "disparo" e
mecanismos de feedback rápido. A maior incerteza econômica impôs
maiores demandas em termos de previsão, e os planejadores
estratégicos estão abandonando caminhos definidos e substituindo-os
por "mapas estratégicos" representativos de uma amplitude maior de
probabilidades econômicas e de mercado. Os planos de remuneração
de executivos estão sendo vinculados à geração de capital e liquidez e
não a crescimento, e vêm sendo feitas tentativas no sentido de
moderar as expectativas de promoção dos gerentes.
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desafio singular da companhia fronteiriça. A fórmula do sucesso dos
poucos PE's que administraram com êxito essa tarefa pode ser
reduzida a três imperativos:
Solicitar o impossível
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seis meses. O PE reagiu com amargo desapontamento: "Ofereci a
Chester a chance de sua vida e ele atirou-a pela janela". O PE de uma
companhia fronteiriça muito ganhará se tiver em mente que seus
executivos de linha são mortais. Ele deverá "puxar" por eles, mas não
até que a corda se rebente.
Protelar o inevitável
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- é sem dúvida injusto para com os subordinados deste e poderá custar
um valor irresgatável. Isso poderá conduzir à perda de talentos de
executivos de nível intermediário, bloqueados e frustrados por um
superior que, embora manifestamente longe de estar à altura do cargo,
goza de permanente e evidente proteção do PE. Num caso diferente, o
presidente de uma companhia de USS 70 milhões que conheço teve
que substituir seu vice-presidente de vendas, um co-fundador e seu
amigo íntimo. Este PE entendeu como responsabilidade pessoal sua
garantir, não o emprego dó amigo, mas o futuro de sua organização.
Ele estabeleceu um cronograma de seis meses e contratou a melhor
firma de colocação de pessoal que encontrou para localizar o posto
adequado para seu amigo. Em três meses e meio, o indivíduo assumiu
outro excelente emprego novamente como vice-presidente de vendas -
numa firma sólida, tradicional e de crescimento moderado, parte de
uma indústria que conhecia bem e onde, em pouco tempo, estava
tendo excelente desempenho.
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companhia, o indivíduo, seus colegas e subordinados _ é resolver o
problema logo. Com objetividade e compaixão bem dosadas, a maior
parte de tais situações pode ser tratada sem traumas desnecessários.
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Pontapé na virilha
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Presumivelmente, a mais arriscada de todas as posições para o novo
executivo de uma companhia fronteiriça é o de diretor-executivo de
operações, logo abaixo do PE. Um presidente que conheço depois de
reincidir no mesmo engano demonstrou ter aprendido com seus erros.
Consciente da própria inclinação para a impetuosidade nas decisões de
contratação e dispensa de pessoal, ele instituiu controles pessoais e
operacionais para evitar a repetição do fato. Disciplinou-se para
oferecer nada além de apoio e ajuda aos executivos novatos por um
período de tempo duas vezes maior do que normalmente consideraria
como um período de adaptação. Essa sua nova abordagem poupou à
companhia pelo menos três valiosos elementos da equipe da
administração superior, os quais há muito já teriam deixado a
empresa, caso ele os tivesse tratado apressadamente segundo ditariam
seus impulsos naturais.
O PROBLEMA DO CLIMA
Burlar as prioridades
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Na base do "achismo" e da intuição
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incentivo adequado ao lançamento dos novos produtos. Tudo isto foi
realizado, mas não antes que cinco meses fossem perdidos no
processo de imaginar por que os produtos não estavam saindo.
Comunicações unilaterais
"Falatório"
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MUDANDO DE ATITUDE
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frequentemente experimentadas pelos indivíduos agressivos e
inteligentes neste estágio crítico de suas carreiras.
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e operação da linha de produtos. Depois que sua companhia
ultrapassou o nível dos USS 50 milhões em vendas, ela teve sérias
dificuldades para sustentar uma taxa adequada de lançamento de
novos produtos. Um outro executivo, homem que havia literalmente
herdado sua companhia (seu nome estava no "letreiro da sede") evitou
todas as aquisições e fusões que pudessem de alguma forma ameaçar
sua posição de proprietário absoluto. Com efeito desta forma ele
impediu a companhia de realizar os objetivos de crescimento que ele
próprio estabelecera.
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na estratégia organizacional e nas relações externas vitais.
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Tal programa deveria incluir descrições dos sucessivos papéis que
viria a exercer em momentos específicos, e deveria igualmente
discriminar os recursos e mecanismos que utilizaria para realizá-lo.
Estes últimos poderão abranger:
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condições de liberar o PE de parte do peso da tomada de decisões.
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BIBLIOGRAFIA SELECIONADA
Próximo Artigo:
LIDERANÇA, APRENDIZAGEM
E INOVAÇÃO
Chris Argyris
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