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Era medieval

Literatura como não só a produção e composição de textos escritos em prosas e versos mas
como o conjunto de produções de um determinado pais em uma determinada época.

Peninsula Iberica: meados do século XII a historia da lit. Portuguesa tal como conhecemos hoje
– Portgual consolida como estado independente.

Eras: Medieval, Classica, Romantica (Moderna) e Contemporânea.

Eras em momentos menores – movimentos, estilos de época ou escolas literárias. Não são
vistos como compartimentos estanques, apenas um recurso didático. (Existe um período de
transição).

Trovadorismo
Poesia
trovadores medievais. Trovador = achar, encontrar. Encontrar a música e adequa-la aos
versos. Instrumentos como: lira, cítara, harpa ou viola, daí serem chamadas de cantigas.

Início em meados do século XII.

Artistas:

 Trovador: nobre, cultura erudita, não recebia por suas composições;


 Jogral: compositor, saltimbanco ou ator que recebia por suas apresentações.
 Segrel: fidalgo decaído, apresentava-se nas cortes, em troca de dinheiro, juntamente
com seu jogral. Trovador profissional.
 Menestrel: servia a uma determinada corte;
 Jogralesa ou soldadeira: moça que acompanhava os artistas dançando, cantando e
tocando castanholas.
Primeiro texto registrado é a “Cantiga da Guarvaia” ou “Cantiga da Ribeirinha” (1189 ou 1198)
de Paio Soares de Taveirós.

Contexto histórico-cultural. No século XI e XII é dominado pelo teocentrismo. Existia a relação


de suserania e vassalagem (suserano o senhor feudal) protegia seus vassalos porque é destino.
Estes traços influenciam a produção trovadoresca (poesia e prosa).

Produção literária recuperada por volta do século XVIII:

“Cancioneiro da Ajuda” com 310 composições (304 cantigas de amor), do Real Colégio dos
Nobres.

“Cancioneiro da Vaticana” com 1205 trovas de 163 trovadores.

“Cancioneiro da Biblioteca Nacional” com 1647 cantigas de todos os gêneros.

“Cantigas de Santa Maria” com 426.

Cantigas líricas de amor: “Eu-lírico” é masculino. Provençal (região da França). O homem canta
para uma mulher, sempre considerando-a algo superior, inatingível. Séc XIII

“Senhor fremosa, pois me non queredes


creer a coita en que me tem amor,
por meu mal é que tan bem parecedes
por meu mal vos filhei por senhor
e por meu mal tan muito bem oí
dizer de vós, por meu mal vos vi
pois meu mal é quanto bem vós havedes.”
(Martim Soares, século XIII)

Cantigas líricas de amigo: “Eu-lírico” é feminino (normalmente) representado por uma mulher
dialogando com uma amiga, com a mãe sobre seu amor. Séc XIII. Nelas a mulher canta a
ausência do “amigo” que está afastado, geralmente a serviço do rei ou em guerras. Ao
contrário das primeiras, que refletiam a corte, as Cantigas de Amigo descrevem um ambiente
pastoril, a moça ao cantar seus sentimentos dialoga com a mãe, a amiga e elementos da
natureza.

Nas cantigas líricas de amigo, a coita significa a dor por um amor não correspondido.
Sofrimento amoroso.

“Ondas do mar de Vigo,


se vistes meu amigo!
e ai deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
e ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro!
e ai Deus, se verrá cedo!...”
( Martim Codax, século XIII)

Cantigas satíricas de escárnio, quando a critica é indireta, sutil, dirigida a alguém, mas não
sabemos quem. Séc XIII.

“Ua dona, nom digu’eu qual,


non agoirou ogano mal
polas oitavas de Natal:
ia por as missa oir
e ouv’un corvo carnaçal,
e non quis da casa sair...”
(Joan Airas de santiago, século XIII)

Cantigas satíricas de mal dizer: existe a critica direta, as vezes até com palavras de baixo calão.
Sec XIII.

“Ai, don fea! Fostes-vos queixar


porque vos nunca louv’en meu trobar;
mais ora quero fazer un cantar
en que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandía...”
(Joan Garcia de Guilhade, século XIII)

Prosa
A prosa medieval, posterior à poesia, é representada basicamente pelas novelas de cavalaria,
narrativas de cunho cavalheiresco e religioso que contavam as aventuras de grandes reis e
seus cavaleiros.

Destacam-se entre elas a História de Merlim, José de Arimatéia e a Demanda do Santo Graal.
Havia também outros textos em prosa, assim divididos:

• Hagiografias – biografia de santos

• Livros de Linhagens ou Nobiliários – relatos genealógicos de famílias nobres

• Cronicões – livros de crônicas

Costuma-se afirmar, didaticamente, que o Trovadorismo termina com a nomeação de Fernão


Lopes para o cargo de cronista-mor da Torre do Tombo, em 1418, marcando o início do
Humanismo.

Humanismo
O Humanismo, segunda Escola Literária Medieval, também conhecido como Pré-Renascimento
ou Quatrocentismo. Transição da Idade Média para a Idade Clássica. Tem como marcos iniciais
as nomeações de Fernão Lopes como Guarda-Mor da Torre do Tombo (local onde se
guardavam os documentos oficiais), em 1418 e, como Cronista-Mor do Reino, em 1434,
quando recebeu de D. Duarte, rei de Portugal, a incumbência de escrever a história dos reis
que o precederam.

Após a queda de Constantinopla em 1453, muitos intelectuais gregos (professores, religiosos e


artistas) refugiaram-se na Itália e começaram a difundir uma nova visão de mundo, mais
antropocêntrica, indo de encontro à visão teocêntrica medieval. Entre as principais idéias
humanistas estavam:

• retomada da cultura antiga, através do estudo e imitação dos poetas e filósofos greco-
latinos;

• revalorização da filosofia de Platão, especialmente no que diz respeito à distinção entre o


amor espiritual e o carnal - neoplatonismo;

• crítica à hierarquia medieval, o homem reivindicando para si uma posição de destaque no


Universo - não aceitação passiva das imposições místicas difundidas na idéia de destino;

• bifrontismo, coexistência de características medievais (feudalismo, teocentirsmo) e


renascentistas (mercantilismo, antropocentrismo, pragmatismo burguês).

Caracteristicas históricas:

 crise do sistema feudal e deu início ao chamado mercantilismo – a economia de


subsistência é substituída gradativamente por atividades comerciais. Surgem as
pequenas cidades, chamadas burgos  burgueses;
 expansão ultramarina  Revolução de Avis (1383-1385) 
política centralizadora do poder nas mãos do rei (respaldada pela burguesia
mercantilista).  Tomada de Ceuta, em 1415 (Grandes Navegações) nacionalismo
português.

Poesia Palaciana
Produzida no ambiente dos palácios, feita por nobres para a corte. Características estão:

 separação entre música e texto – a poesia destina-se à leitura. Assim, a própria


linguagem é responsável pelo ritmo e expressividade. O termo trovador aos poucos
assume um caráter pejorativo e começa a surgir a figura do poeta;
 - utilização dos redondilhos – versos compostos por cinco sílabas poéticas (redondilhos
menores) ou sete sílabas poéticas (redondilhos maiores);
 - temática variada – com composições religiosas, satíricas, didáticas, heróicas e líricas.
O lirismo amoroso trovadoresco, a partir da influência de Petrarca (um dos
precursores do Humanismo italiano), assume uma nova conotação, a mulher
idealizada, inatingível, carnaliza-se e a sensualidade reprimida nas cantigas de amor
passa a ser freqüente.
Prosa
Fernão Lopes. Fundador da historiografia portuguesa. Sua importância se deve não só pelo
aspecto histórico de sua produção, mas também pelo aspecto artístico de suas crônicas. Em
sua crônicas, apesar de regiocêntricas, o povo aparece pela primeira vez com co-autor das
mudanças históricas portuguesa. Entre suas características destacam-se:

 a imparcialidade;
 o registro documental;
 a criticidade e o
 nacionalismo.

São de autoria de Fernão Lopes:

 Crônica de El-Rei D. Pedro I;


 Crônica de El-Rei D. Fernando;
 Crônica de El-Rei D. João I

A prosa doutrinária, também chamada de ensinanças, corresponde a textos de caráter


didático, destinados à nobreza. São obras para o aprendizado de certas artes da época, como a
montaria.

As novelas de cavalaria conservam basicamente as mesmas características do Trovadorismo.

Teatro (Gil Vicente)


A manifestação teatral da Idade Média (antes de Gil Vicente) limitou-se à encenações de
caráter litúrgico, presas aos ritos da religião católica. As encenações religiosas apresentadas no
interior das igrejas dividiam-se em:

- mistério – representação da vida de Jesus Cristo;


- milagre – representação da vida de santos
- moralidade – representações curtas com finalidade didática ou moralizante.

As encenações que ocorriam fora dos templos religiosos recebiam o nome de profanas e
apresentavam um caráter mais popular e não estavam relacionadas aos cultos católicos.
Dividiam-se em:

 arremedilho ou arremedo – imitação cômica de acontecimentos ou pessoas;


 pantomima alegórica – espécie de palhaçada circense da atualidade, na qual atores
mascarados imitavam as pessoas;
 farsa – encenação satírica com um humor primário, situações absurdas e ridículas;
 sotie – (sotie vem do francês sot e significa tolo) semelhante à farsa, mas com um
parvo, tolo no papel principal;
 momo – encenação carnavalesca com uma temática variada. As pessoas utilizavam
máscaras e imitavam pessoas e animais;
 entremeze – encenações breves apresentadas entre os atos de peças mais longas. Sua
função era preencher os intervalos;
 sermão burlesco – monólogo recitado por um ator mascarado;
 écloga – auto pastoril. Atores vestidos de pastores pregavam os valores da vida no
campo.

Pouco se sabe sobre os dados biográficos de Gil Vicente. Acredita-se que tenha tido muito
prestígio na corte portuguesa, desempenhando a função de organizador das grandes festas
palacianas. Para outros, entretanto, desempenhava a função de ourives, atraindo a atenção da
rainha Leonor. Mas é unanime o seu reconhecimento como o fundador do teatro português e
o maior representante do Humanismo.

Assim como o período, suas peças apresentavam o bifrontismo como característica central.
Ora com fortes marcas medievais, ora com antecipações renascentistas.

Gil Vicente criticou toda a sociedade da época, suas peças apresentam indivíduos de todos os
segmentos sociais. Só não criticou mordazmente a Família Real, da qual dependia. É
importante destacar que todo o moralismo gilvicentino não é contra as instituições, mas
contra os indivíduos que as corrompiam. Tanto que em nenhum de seus trabalhos questionou
qualquer verdade cristã, apresentava uma visão teocêntrica e conservadora da sociedade. Na
realidade, era contra as novidades trazidas pelas mudanças do período que punham em risco a
integridade do povo português, seus autos representam uma tentativa de resgate dessa
integridade que perdia-se través da corrupção, do adultério e da ambição.

Por outro lado, Gil Vicente inovou, mesmo escrevendo em redondilhos, não seguiu a rigidez do
teatro clássico vigente até então (unidade de ação, tempo e espaço). Suas representações
apresentavam uma grande variedade temática, povoadas por inúmeros personagens,
amplitude temporal e justaposição de lugares. A alegoria, as personagens-tipos e a variedade
lingüística também o distinguem de seu tempo. Suas personagens não apresentam
características particularizadas, ao contrário, são generalizações, estereótipos, que
representam toda categoria profissional ou uma classe social (povoam suas peças as
alcoviteiras, os fidalgos, os frades, os judeus). Outras vezes, através da abstração, as
personagens representam idéias ou instituições (a Fama, a Igreja, a Lusitânia, Todo-o-Mundo e
Ninguém).

As personagens gilvicentinas expressavam-se através de diversos registros lingüísticos:


arcaísmos, castelhano, saiaguês (falar típico de Saiago, região que faz fronteira com Portugal),
latim, português chulo, coloquial, popular, culto e erudito.

A produção teatral de Gil Vicente divide-se em três fases:

 Primeira Fase – marcada pelos traços medievais e pela influência espanhola de Juan
del Encina. São desta fase: O Monólogo do Vaqueiro, o Auto Pastoril Castelhano, o
Auto dos Reis Magos, entre outros;
 Segunda Fase – aparecem a sátira dos costumes e a forte crítica social. São desta fase:
Quem tem farelos?, O Velho da Horta, o Auto da Índia e a Exortação da Guerra;
 Terceira Fase – aprofundamento da crítica social através da tragicomédia alegórica, da
variedade temática e lingüística, é o período da maturidade expressiva. São desta fase:
A Trilogia das Barcas, a Farsa de Inês Pereira, o Auto da Lusitânia.
A Farsa de Inês Pereira
Surgiu por volta de 1523  autoria dos textos de Gil Vicente questionada.

Para provar sua inocência, pediu que lhe dessem um tema qualquer.

O tema dado foi um dito popular: “mais quero um asno que me leve que cavalo que me
derrube”, expressão conhecidíssima da célebre farsa.

Inês Pereira, jovem ambiciosa e namoradeira, cansada dos afazeres domésticos decide se
casar, mas não com qualquer rapaz de sua classe social, deseja um casamento nobre, com um
homem que seja galante, discreto e que saiba cantar. Recusa o casamento com Pêro Marques,
que mesmo rico era camponês e casa-se com Brás da Mata, falso escudeiro que a maltrata
após o casamento.

Com a morte do marido, a jovem casa-se novamente com o primeiro pretendente, mesmo
sem amá-lo. Ingênuo e devotado, Pêro Marques não percebe a traição da mulher com um
falso religioso e, na cena final da farsa, leva a própria esposa para os braços do amante, daí a
frase: “mais quero um asno que me leve que cavalo que me derrube”.

Era clássica
Classicismo
Inicio da Era Clássica.

Retorno de Sá de Miranda. O Fim do Classicismo é marcado por uma crise em Portugal,


quando a Espanha domina a península Ibérica e Portugal não consegue mais sustentação
política e econômica.

 Torre de Bélem, simboliza as grandes navegações portuguesas. (Ultramarinas)


 Rota de Vasco da Gama 1498 (Caminho das Indias)
 Lisboa transforma-se em uma grande capital da Europa

 Racionalismo;
 Retomada da mitologia pagã – Deuses gregos: exemplos de perfeição, ideais de beleza.
 Verossimilhança – imitação da natureza, o belo, o natural.
 Fusionismo – união da mitologia pagã com ideais do cristianismo.
 Medida Nova – não apenas no uso dos versos (5 e 7 sílabas como na medida velha),
mas:
o Versos decassílabos: dez silabas métricas
o Formas fixas: determinadas composições – regras preestabelecidas
 Ex: Soneto = 14 versos (2 quartetos e 2 tercetos);
 Tercetos = estrofes de 3 versos
 Oitavas = 8 versos
 Destaque para o autor: Luís Vás de Camões.
o Jeito valentão;
o Casos amorosos na corte;
o Foi militar;
o Briguento.

Obras de camões
 Poesias líricas;
o Dualidade: apresenta duas vertentes. Textos influência medieval (redondilhos
5,7 silabas poéticas; motes glosados (retomar o tema principal); Soneto;
 Peças teatrais: 2 presas a tradição medival; a última latina.
 Obra épica: Os Lusíadas.
o Epopeia-narrativa dos grandes feitos de heróis e/ou nação;
o retratou a aventura de Vasco da Gama.

“Amor é um fogo que arde sem se ver,


É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;


É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;


É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor


Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

Épica Camoniana
Os Lusiadas, 1572. Maior poema épico da Literatura Portuguesa. Pela extensão e valor literário
e histórico.

Extensão, pois a obra possui mais de 8 mil versos, 10 cantos, oitavas. Versos decassílabos (10
silabas poéticas). Oitavas: estrofes de 8 versos.

Epopeia: grande poema narrativo. Conta historia de grandes heróis e grandes feitos de um
povo. Linguagem formal, rebuscada, palavras e vocábulos difíceis de compreender.

Epopeia:

 Proposição: síntese do assunto


 Invocação: pede auxilio e inspiração aos deuses e musas.;
 Dedicatória: oferece a obra para uma figura ilustre;
 Narração: a história propriamente dita;
 Epílogo, final, desfecho.

Lusíadas: Lusitano, vem de Luso, Luso o primeiro português.

Por que os Lusiadas? Quem é o herói de Os Lusíadas?


O herói, é um herói coletivo: toda a nação portuguesa. E não Camões.

“As armas e os Barões assinalados


Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram (...)”

 PROPOSIÇÃO, os grandes feitos dos célebres portugueses “os barões assinalados”.


 Taprobana  ilha localizada no Oceano Índico, mais tarde denominada Ceilão, atual
Sri Lanka. Ir além dessa ilha demonstrava a superioridade náutica dos portugueses que
se lançaram nas grandes navegações.
 “Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino,
que tanto sublimaram (...)” referem-se aos navegadores portugueses que realmente
conquistaram as Índias e edificaram o Reino Português no Oriente.

E também as memórias gloriosas


Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valorosas
Se vão da lei da morte libertando:
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Cessem do sábio Grego, e do troiano,


As navegações grandes que fizeram:
Cale-se de Alexandro e de Trajano,
A fama das vitórias que tiveram,
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta (...)”

 Antropocentrismo; Superior as imposições divinas.


 Nacionalismo; “A memória gloriosa dos reis que foram dilatando a Fé e o Império...”
 Fusionismo; Baco, Netuno, Marte + Viagem dos portugueses para expandir o
cristianismo;
 Linguagem rebuscada; “Hipérbatos, figura de linguagem: inversão da ordem direta das
frases.”
 Invocação: Inspiração das ninfas do Rio Tejo, importante rio de Portugal.
 Dedicatória: D. Sebastião, protege Camões.
 Narração:
o Viagem de Vasco da Gama;
o Narrativa da história de Portugal;
 Dupla ação histórica (história de Vasco da Gama e de Portugal) e uma
ação mitológica (esse conflito dos deuses - Vênus e Marte eram
favoráveis aos portugueses, enquanto Baco e Netuno queriam a todo
custo impedir a viagem de Vasco da Gama).
 Inicia já no meio da viagem de Vasco da Gama. Ele e sua tripulação já
estavam em pleno Oceano Índico, próximos à Moçambique, onde
aportaram. Depois passaram por outros lugares da África até
chegarem a Melinde, onde Vasco da Gama narra os acontecimentos
anteriores, e a história de Portugal. Saindo de Melinde chegaram
finalmente ao destino – Calicute, nas Índias.
 Ilha dos amores: recepção dos portugueses pela deusa Vênus e várias
ninfas antes da viagem de retorno a Portugal.
o Conflitos entre os deuses do Olimpo (monte na Grécia onde moram os
deuses);

 Epílogo: mudança do tom vibrante. Camoes apresenta tom mais pessimista, de


descrédito, de crítica aos portugueses que estavam se esquecendo dos valores
nacionais. Meio como prevendo a unificação da península Ibérica.
 Entre os cantos mais pedido: o episódio da Inês de Castro, no Canto III e o episódio do
Velho do Restelo, no Canto IV.
Inês de Castro, no Canto III, é um episódio lírico-amoroso que conta a história amorosa da
jovem Inês de Castro com o Príncipe D. Pedro. D. Pedro já era casado e possuía um filho
legítimo, mas também tinha outros filhos com a amante Inês. Quando sua esposa morre, o
príncipe se vê obrigado a casar novamente, então declara já ser casado com Inês. O rei e a
corte com medo de que um de seus filhos bastardos assumissem o trono, na ausência de
D. Pedro, mandam matar Inês. Quando fica sabendo do acontecido, D. Pedro ordena que
sua amada, mesmo morta, seja coroada rainha. Daí a conhecidíssima frase do episódio de
Inês de Castro, “aquela que depois de ser morta foi rainha”.

O Velho do Restelo, no Canto IV é o episódio que narra a saída das naus de Vasco da Gama
ainda no Porto de Belém. No momento da partida aparece um velho, o Velho do Restelo, e
faz uma série de críticas à ambição expansionista dos portugueses, numa clara postura
medieval e conservadora.

Barroco em Portugal
Seculo XVI e XVII (Seiscentismo).

 Marco inicial, unificação península ibérica domínio espanhol


 Arcadia Lusitana (Arcadismo)
 Turbulência (econômico, politico, social e religiosa)
o Reforma protestante,
o contra-reforma católica,
o decadência das grandes navegações
o Reforma protestante na Alemanha (Lutero) e na França (Calvino)
 Cria e intensifica mito Sebastianista.
o D.Sebatiao (a quem Camoes dedicou Os Lusiadas)
o Ele não morreu, mas estaria vivo e encoberto
o Voltaria para liberar Portugal do domínio espanhol
 Termo Barroco não tem consenso, mas, acredita-se vir de Barroquia – região da India
pérola irregular e áspera, manchas escuras.
o Esse movimento marcado pelo exagero, mau gosto, arte irregular.

Principais características do barroco:

 Dualismo (intensificação do bifrontismo): características medievais em choque com a


renascentistas.
o Arte do exagero, contraste
o Luta, oposição forças do universo
 Fé razão
 Claro escuro
 Vida morte
 Deus inferno
o Unir as forças: união e fusão.
o Figuras de linguagem que buscam a intensificação
 Fugacidade
o Consciência da efemeridade da vida humana
 Pessimismo
o Angústia, crise, ideia da morte como síntese dessa vida passageira
o Medo da morte
 Feísmo
o Apreço por cenas trágicas, situações cruéis e dolorosas
o Comum o exagero de detalhes que torna a obra característica
 Tensão religiosa
o Intensificação das questões antropocêntricas em choque com a teocêntrica
medieval

Apresenta duas faces principais:

Cultismo:

 Jogo de palavras e imagens


 Preocupado com a forma, daí o uso exagerado das figuras de linguagem
 Gongorismo = Luís de Gôngora

Conceptismo:

 Jogo de ideias, conceitos


o Contradições do barroco
o Poeta tentava driblar a inquisição que censurava as produções
 Convencimento e a argumentação
 Raciocínio lógico
 Quevedismo = Francisco de Quevedo

Padre Antônio Vieira (escrevia no Brasil, mas sobre Portugal)

 Sermão da Sexagésimo
 Metalinguistico: a arte de construir sermões
 Critica os exageros do cultismo
 Mais voltado ao conceptismo.

Literatura de Informação ou Literatura de Viagens


No Brasil, século XVI, juntamente com o período Barroco em Portugal.

 Chegada dos colonizadores


 Início da Colonização Brasileira
 Primeira Missa (foto)
 Não há uma literatura brasileira propriamente dita
 Textos informativos
o Apenas relatos de viagens (novas descobertas)
o Por isso aproximam-se mais de um caráter histórico do que literário
 Literatura jesuítica
o Prosa e poesia
o Sempre a visão do europeu
o Catequese do índio, instrução do colono, assistência religiosa e moral.
Era Colonial
Barroco no Brasil
Início com a chegada dos primeiros portugueses, 1500 ~1808 (família Real chega ao RJ)

Quinhentismo (1500 XVI)


 Primeiros textos eram considerados apenas históricos, relatos de viagens. Ou os textos
jesuítas para catequese.

Barroco (XVII até XVIII)


 1601: Prosopopeia de Bento Teixeira até 1768 com a Arcádia Ultramarina
 Barroco Literário e Arquitetônico do sec XVII, especialmente na Bahia.
o O Barroco Tardio (Barroco Mineiro) já é considerado Arcadismo.
 Prosopopeia:
o Assemelha-se muito aos Lusíadas de Camões
o Versos decassílabos
o Oitavas
 Fazendas produtoras de açúcar

o Refletiam as visões de mundo de uma colônia produtora de açúcar.


o As movimentações culturais concentravam-se:
o Salvador
o Recife
 Cultismo e Conceptismo
o Cultismo preocupado com o texto, a palavra, a beleza do texto.
o O Conceptismo era o jogo de ideias.

Bento Teixeira
o O primeiro, Prosopopeia.

Padre Antô nio Vieira


o Branco
o Colonizador Europeu

Gregório de Matos
o Grande autor Barroco
o Nasceu na Bahia
o Diploma-se em Direito em Portugal
o Primeiro poeta brasileiro
o Vida atribulada e polêmica, conflitos com pessoas importantes da época.
o Linguagem maliciosa, ferina e direta (apelido: Boca do Inferno)
o Não publicou nada em vida. Apenas o que se sabe da Academia Brasileira de
Letras.
o Dualismo
 Textos sensuais e pornográficos
 Textos sagrados
o Insatisfação
 Vida na colônia
 Inadaptação ao ambiente baiano (Criticado em suas obras)
o Fugacidade
 Consciência sobre a transitoriedade da vida
 Vaidades humanas, insignificantes e passageiras
o Ousadia
 Pe Antonio era mais conservador
 Inovador e irreverente
 Jogo de ideias do conceptismo
o Poeta satírico
o Obras:
 Poesia Lírica
 Sacra
o Religiosa
o Conflito entre vida terrena e espiritual

“ ... Esta razão me obriga a confiar,


Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.”

 Amorosa
o Dualismo barroco: oscila entre amor espiritual e carnal
“ Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:
Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.”

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“O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.

Uma confusão de bocas,


Uma batalha de veias, um rebuliço de ancas;
Quem diz outra coisa, é besta.”

 Encomiástica
o Destinada à bajulação das pessoas importantes de seu
tempo.
 Poesia Satírica
 Criticava as pessoas da época
 Exploração de Portugal nas terras brasileiras

“Que os brasileiros são bestas


E estão sempre a trabalhar
Toda a vida por manter
Maganos de Portugal”

Arcadismo (XVIII até XIX)


 Barroco Mineiro, Barroco Tardio.
 Marcos iniciais:
o a fundação da Arcádia Ultramarina, Vila Rica, MG
o a publicação das Obras poéticas de Claudio Manoel da Costa

Período de Transição
Luta pela independência política de Portugal, entre 1808 e 1836.
Arcadismo no Brasil
Também no século XVIII, mas começa em 1768, com a publicação das obras poéticas de
Claudio Manoel da Costa.

 Vila Rica, MG, ciclo da mineração, inconfidência, palco dos árcades.


 Nessa época, a cana de açúcar estava em decadência e a descoberta de ouro forçou a
substituição do eixo da Bahia e Pernambuco para Minas.
 O aumento dos impostos sobre os minérios e mercadorias provocaram uma
insatisfação dos brasileiros contra a metrópole e os primeiros movimentos de
emancipação (Inconfidência Mineira) começaram a despertar. Participação de vários
poetas árcades.
 Antônio Francisco Lisboa (aleijadinho)
o Era barroco, porém barroco tardio
 Estende-se até 1836 com suspiros poéticos de Gonçalves de Magalhães (Romântico)

Poetas do Arcadismo:

 Cláudio Manuel da Costa


 Tomás Antônio Gonzaga
o Único que não era brasileiro
 Basílio da Gama
 Santa Rita Durão

Todos participaram da inconfidência mineira.

Arcadismo Brasileiro: Essencialmente poético: lírica, satírica e épica.

 Lírica:
o Resquícios do barroco + antecipação romântica
o Claudio Manuel e Tomás Gonzaga
 Satírico:
o Tomás Antônio Gonzaga
 Épica:
o Cláudio Manuel, Basílio e Santa Rita

Cláudio Manuel da Costa:

 Pseudônimo: Glauceste Satúrnio


 Musa inspiradora: Nise
 Obra lírica classicismo português
o Resíduos do barroco
o Temas: sentimento amoroso, descrição da natureza
 Frequentemente ele inseria a descrição de Minas em suas obras.
o Também demonstrava forte apego à metrópole Portuguesa.
o Minas, ele descreve a paisagem áspera da região:
 Pedras, Rochedos, Penhascos, Penhas (comum em sua obra)
“... Destes penhascos fez a natureza
O berço, em que nasci! oh quem cuidara
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!”

 Poema Épico: Vila Rica. Narra a história da fundação da cidade, enaltecendo os


Bandeirantes

Tomás Antônio Gonzaga

 Pseudônimo: Dirceu
 Musa: Marília
 Poema satírico: Cartas chilenas, escrita em decassílabos em forma da carta (epistolar)
o Circularam pouco tempo antes da Inconfidência mineira.
o História de Fanfarrão Minésio
 Governador arbitrário, imoral e narcisista
o Emissor: Critilio, Destinarario: Doroteu
o Critilio poderia ser o próprio Tomás e Doroteu poderia ser Cláudio Manuel da
Costa.
o Chile era Minas Gerais
o Santiago era própria Vila Rica
o Era crítica direta e não a instituições
 Marílias de Dirceu
o Obras mais publicadas
o História baseada no amor verdadeiro entre Tomas e Marilia Dorotéia.
o Liras: composições poéticas em que se repete o estribilho ou refrão.
o Duas partes:
 Felicidade proporcionada pelo amor
 Toma mais negativo (sofrimentos da prisão), série de reflexões sobre a
justiça humana e lembrança da amada
 Foi realmente preso pela sua participação na Inconfidência Mineira.

Basílio da Gama

 O Uraguai
 Poema épico, lutas dos índios das 7 missoes Uruguais contra exercito português.

 Enquanto camoes 10 cantos, Basílio apenas 5.
 Não usa os versos rimados, são brancos.
 Não há a divisão em estrofes.
 As personagens mitológicas são substituídas pelas indígenas.
 Índio como bom selvagem.
 Descrição da natureza, como antecipação do romantismo.
 Gomes Freire (herói português), Balda o Vilão (Jesuíta), Cacambo, Lindoia, Caitutu e
Tanajura a vidente.
o Exaltação da natureza, paisagem brasileira
o Morte da índia Lindoia que se deixa ser picada por uma cobra após a morte do
marido.

Santa Rita Durão

 Caramuru
o Não foi bem aceito, e Santa Rita em raiva rasga os demais poemas
o Exaltação da paisagem brasileira
 Diogo Alves (português) o Caramuru, Índias: Paraguaçu e Moema
o Processo do descobrimento da Bahia.
o Chegada do português na figura de Diogo.
 Tido como Deus, trovão
 Daí ser chamado de Caramuru
o Moldes da poesia Camoniana, 10 cantos, versos rimados e estrofes dividindo
o Morte da India Moema.
 Apaixonada por Diogo
 Paraguaçu casa com ele e na ida para Paris
 Moema se lança ao mar nadando atrás do navio
 Morre afogada

Arcadismo Brasileiro:

 Tido por alguns estudiosos como o início da busca de identidade nacional para nossa
literatura.
 Alguns estudiosos acreditam apenas que o Romantismo foi.

Era Nacional
1836 movimento romântico, até os dias atuais.

Arcadismo (ou neoclassicismo)


 Produção do século XVIII
 Arcadismo: Arcádia no Peloponeso, Grécia. Lugar de morada dos Deuses. Região
montanhosa. No real, habitada por pastores que dedicavam sua vida ao pastoreio.
 Começa com a fundação da Arcádia Lusitana.
 Estende-se até 1825 com a publicação de Camões de Almeida Garret (que marca o
Romantismo)
 Contexto de muitas transformações.
 Iluminismo, movimento com objetivo clarear os valores e verdades do período. Sob a
luz da Ciência e da Razão, o que se reflete na produção literária do período.
 Consegue-se acentuar a fusão entre ciência e religião.
 Arcádias: grupos literários com o objetivo de retomar a antiguidade clássica greco-
latina. Os antigos eram considerados os símbolos da sabedoria e do equilíbrio. Por isso
também chamamos o arcadismo de neoclassicismo.

 Movimento de rebeldia contra os movimentos barrocos. “Inutilia truncat”, cortar as


inutilidades. Aos exageros do barroco.
 Equilíbrio
o Modelos clássicos
o Linguagens simples
o Períodos diretos e vocabulário fácil
o Sem uso excessivo de figuras de linguagens
o Literatura com caráter mais didático para contribuir pela formação da
consciência
o Humildade
o Contato com a natureza
 Bucolismo
o Fugir da cidade e da civilização
o Contato com a natureza
o Época do desenvolvimento industrial, daí a sugestão de fuga das cidades e
dedicação ao pastoreio
o Na verdade, usavam a natureza apenas como uma moldura
o Fingimento poético, pintando uma natureza artificial.
 Na verdade o período foi marcado pela pouca expressividade e
artificialismo
 Monotonia provocada pela repetição, por vezes exaustiva, de temas
bucólicos e pastoris.
 Convencionalismo
o Frases feitas
o Clichês
o Lugares-comuns
 Carpe Diem
o Curta o momento
o Aproveite o dia
o Barroco tinha sentido negativo: fugacidade da vida pensando na morte.
o Arcades mais positiva: poeta chama a pastora para que juntos curtam os
momentos.

Poeta Árcade:

Manoel Maria Barbosa Bocage, ou apenas Bocage.

 Boêmio, conturbada
 Bares portugueses e conviver prosti, mari, vaga e algumas pessoas de nível social mais
elevado
 Aventureiro e arruaceiro
 Também era soldado, como Camões
 Fez o trajeto de Camões também. Além de referenciá-lo em suas poesias.

“Camões, grande Camões, quão semelhante


Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,
Arrostar co’o sacrilégio gigante;

Como tu, junto ao Ganges sussurrante,


Da penúria cruel no horror me vejo;
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante.

Ludíbrio, como tu, da Sorte dura


Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura.

Modelo meu tu és ... Mas, oh tristeza! ...


Se te imito nos transes da Ventura,
Não te imito nos dons da Natureza.”

 Pseudônimo: Elmano Sadino (rio Sado que corta a cidade de Setúbal onde o poeta
nasceu)
 Poesia lírica
o Pastores, pastoras e cenas naturais
 Poesia encomiástica
o Meio que dependente das pessoas da corte (como os bobos)
 Poesia satírica
o Direta e ao Absolutismo (político e religioso)
o Criticou até os colegas árcades
 Poesia erótica
o Muito censurada no seu tempo
o Linguagem direta, maliciosa, muitas vezes cenas de atos obscenos
 Fase pré-romântica, contrário ao convencionalismo e pouca expressividade da época
do Arcadismo é que ele se destacou
o Cenas pastoris substituídas por expressões e sentimentos negativos
Sobre estas duras, cavernosas fragas,
Que o marinho furor vai carcomendo,
Me estão negras paixões n’ alma fervendo
Como fervem no pego as crespas vagas.

Razão feroz, o coração me indagas,


De meus erros a sombra esclarecendo,
E vás nele (ai de mim!) palpando, e vendo
De agudas ânsias venenosas chagas.

Cego a meus males, surdo a teu reclamo,


Mil objetos de horror co’a idéia eu corro,
Solto gemidos, lágrimas derramo.

Razão; de que me serve o teu socorro?


Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo;
Dizes-me que sossegue, eu peno, eu morro.

o No poema, a invocação da razão e a forma do poema são árcades. Enquanto


que o sofrimento e o pessoalismo são românticos.

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