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1. Introdução

O presente estudo objetiva analisar a administração escolar participativa


sob o enfoque do diretor da escola pública, a função por ele exercida e sua
relação de poder junto ao corpo docente, discente e à comunidade, no processo
de ensino, aprendizagem e integração.
Questiona-se a atitude do Diretor no atual contexto e dentro da atual
realidade educacional, caracterizada por uma complexa teia de questões, que vão
desde as desigualdades até a limitação de recursos que se refletem na qualidade
do ensino e no preparo do corpo docente. Observa-se, ainda, nas escolas, um
processo administrativo centralizador, hierárquico e técnico-burocrata distante da
comunidade. Prática que repete a postura autoritária e prepotente, que vem
estimulado, ao longo da história da escola brasileira, o seu distanciamento da
comunidade.
Hoje, a sociedade exige que a escola cumpra seu papel social, não
aceitando a permanência de administrações autoritárias na vida prática escolar,
reclama às escolas o direcionamento do corpo discente a atividades
extracurriculares mostrando seus valores, suas habilidades, tornando-os mais
participativos, críticos, éticos, protagonistas, preparando-os para o exercício da
democracia e para a prática do desenvolvimento através da integração da escola
na família e na comunidade, do exercício consciente e responsável dos direitos e
deveres do cidadão, da participação efetiva e pessoal nas decisões da escola e
da comunidade.
Segundo Neidson Rodrigues: “É necessário recuperar os processos
centralizados e fundamentados em decisões de natureza técnico e burocrático, e
partir para decisões nascidas de articulações de interesses e das concepções
diferenciadas dos diversos segmentos sociais envolvidos com a educação
escolar”.(1987;70)

Este trabalho está dividido em sete capítulos. No primeiro, discute-se a


administração da escola pública, no segundo, a gestão democrática nesse tipo de
escola, no terceiro, é abordada a construção de um Projeto Político Pedagógico,
no quarto, o Surgimento da Associação de Pais, Mestres e Comunitários APMC,
no quinto, a Comunidade vai à Escola através da Associação de Pais, Mestres e
Comunitários - APMC., no sexto, são apresentados os resultados do trabalho de
campo, realizados na Escola de 1º e 2º graus Antonio Dia Macedo, onde foram
identificados os níveis de participação da Associação de Pais, Mestres e
Comunitários dentro da Escola na tentativa de realizar uma gestão participativa.
No sétimo, o resultado de uma gestão participativa fruto do trabalho de integração
da escola em parceria com a comunidade.

1.1. Contexto

Em preliminar, um breve entendimento de um contexto dominado por um


sistema econômico selvagem e um ordenamento jurídico ineficiente se faz
necessário.
A administração de uma escola pública passa, necessariamente, pelo
entendimento das dificuldades num mundo gerido por um sistema econômico que
prioriza a competição baseada no egoísmo. As escolhas dos rumos para o
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alcance dos objetivos há, todavia de respeitar as possibilidades de todas as


ordens a que estão submetidas a nossa economia e a nossa sociedade.
No mundo multiplicam-se os problemas nacionais. A dependência
econômica solapa as soberanias das nações, que saltando de crise em crise
colhem o resultado de problemas sociais postergados e agravados pela prática
continuada dos mesmos erros.
O cidadão, “objetivo nacional”, mimetiza-se no povo, massa inculta e não
reivindicante, tornando-se mero acessório no meio do progresso das coisas.
Atingido foi o paroxismo máximo, diminuiu-se a função da mão de obra e
reduziu-se a sua importância na equação econômica.
Teorias foram construídas e pesquisas científicas desenvolvidas para
manter os povos dominados (economicamente) submetidos à neoescravidão.

“Não é de hoje, nem de agora, o “esquecimento” da pessoa humana


como unidade representativa do todo social. A inversão de valores e de
conceitos vem-se construindo na própria história, desde há muito. Isaiah
Berlin, ao analisar a questão da liberdade sob o ponto de vista de Stuart
Mill, cita: “A resultante transformação da sociedade a ascensão das
ideologias seculares dominantes e a luta entre elas, o despertar da África e
da Ásia, a peculiar combinação entre nacionalismo e socialismo em nossos
dias – escapou dos horizontes de Mill." Mas, se ele não foi sensível aos
contornos do futuro, foi agudamente consciente dos fatores destrutivos que
atuavam em seu próprio tempo. Detestava e temia a padronização.
Percebeu que, em nome da filantropia, da democracia e da igualdade,
estava sendo criada uma sociedade em que os objetivos humanos eram
mais estreitos e mais mesquinhos, e que a maioria dos homens estava
sendo convertida, para usar uma expressão de seu prezado amigo
Tocqueville, em mero “rebanho industrioso”, já que, para usar suas próprias
palavras, a “mediocridade coletiva” estrangulava, gradativamente, a
originalidade e os dons individuais. Ele era contrário ao que se chamava de
“homem de organização”, uma classe de pessoas contra as quais Bentham
não teria, em princípio, nenhuma objeção racional. Mill conhecia, temia e
odiava a timidez, a fraqueza, o conformismo natural, a falta de interesse
pelos problemas humanos.” (Berlin, I., Quatro ensaios sobre a liberdade,
citado em A Revolta do Princípio).

A riqueza é mal dividida. O bem-estar e a felicidade geral, também, como


se fosse lícito a uns poder, ou dever, suportar mais miséria do que outros.
As grandes corporações, públicas ou privadas, finalmente, parecem poder
direcionar o destino das multidões.

“Enfim, há uma grande descrença com relação ao sistema


econômico. O Capitalismo é vivido como gerador de desemprego e de
exploração, o socialismo fracassou em suas promessas de eliminar a
injustiça social e de promover a abundância, e ambos se revelaram
ecologicamente predatórios. (...)
Como a civilização que tínhamos perdeu sua vigência e como
nenhum outro projeto de civilização aponta no horizonte, estamos vivendo,
literalmente, em um vácuo civilizatório. Há um nome para isso
barbárie.”Rouanet, Sérgio Paulo, Mal-Estar na Modernidade).
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1.2. No Brasil

A educação, pois é sem qualquer dúvida, o instrumento mais


necessário à modificação do povo, seu aperfeiçoamento, provendo a
ele soberania verdadeira e gerência eficiente (Rui Barbosa).

No nosso País o problema é antigo e sobejamente conhecido, o povo


brasileiro para ter vontades certas, aperfeiçoadas, necessita de discernimento,
capacidade para interpretar seu tempo e, agindo, desafiar e vencer seus
obstáculos (soberania).
Com uma economia ainda não saída da fase pré-capitalista, deformada
“por um absurdo dirigismo estatal, sem a criatividade que provém da competição,
e sem a operação dos mecanismos reivindicatórios do liberalismo” ² (Roberto
Campos – Deus, Fé e Política, Revista Veja, 25 anos...) salta, queima etapas e
vivencia o mundo passar, outra vez, por importantes mudanças, assistindo e
sofrendo, o desmascaramento da fraude que traveste de esperança os mais
novos processos de produtividade.
A realidade constituída só de duras verdades mostra que a reengenharia
das empresas, o programa de qualidade total, a flexibilização no Direito do
Trabalho e a globalização econômica não significam, necessariamente boa
gestão, pois deles nada mais tem resultado do que a fome, a insegurança, a
doença e o desemprego, a falta de energia, os juros altos e a infelicidade geral,
todos genitores de uma ordem social injusta.
Mal começamos e já integramos a prova do fracasso das “boas intenções”
neoliberais, a reboque seguimos seus efeitos no mundo e mergulhamos “no
bilhão de famintos cercados de abundância e desperdício que nos obriga a “uma
profunda revisão crítica do sentido e dos objetivos do progresso e
desenvolvimento atingidos pela humanidade no século XX.” (Dom Mauro Morelli)

O desenvolvimento de máquinas e ferramentas inteligentes não fez cumprir


a última história perene de Domenico de Masi, professor de sociologia na
Universidade de Roma que presumia:

“Creio que, nessa lista, pode-se somar uma quinta história perene: a
de um homem que inventa ferramentas sempre mais sofisticadas para se
livrar da escravidão do cansaço e reconquistar o éden do ócio prazeroso.”

A eficiência dos métodos neoliberais revelou-se, aliás, como previsto,


autofágica, isto é, quanto mais produtivos se tornaram, mais postos de trabalho
engoliram.
O desemprego tornou-se a grande tormenta da atualidade.
O “pleno emprego”, ou, meramente, uma melhora no emprego, converteu-
se em quimera.
“Assim, a fase em que vive o mundo hoje, estribado no
Neoliberalismo, acrescenta ao espectro do empobrecimento crescente do
Terceiro Mundo a certeza, cada vez mais clara, de que, no Primeiro
Mundo, também viveremos formas ostensivas de exclusão.
O centro tende a diminuir, à medida que se torna mais rico. Não
surpreende tanto estarmos de novo, e sempre, metidos em crise, mas sim
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que esta questiona precisamente o motor crucial da dinâmica produtiva.” (*


)

Embora “massa cinzenta” seja a matéria prima mais valiosa até agora
conhecida, a única em que realmente vale a pena investir, as Administrações
brasileiras repetem sempre as anteriores e, nisso, têm sido perdulárias. Por não
se submeterem à soberania do povo que representam, continuam a eliminar esse
estoque de riqueza em quantidade imensa. Utilizam para isso os consagrados e
antigos métodos da mortalidade infantil (e adolescente), da marginalização social
e da desassistência educacional.
Em todos os níveis a ignomínia é consubstanciada, esta última, numa
atrofiada oferta de escolas públicas, agravada pela baixíssima qualidade da
educação ministrada.

São, por isso, severamente criticada, posto que não reconhecem, de fato, a
responsabilidade social e representativa de que:

“A dignidade e a realização da pessoa humana são critérios


decisivos para avaliação e planejamento do desenvolvimento. (Dom Mauro
Morelli).

Dessa inconseqüência resulta um povo dividido entre uma pequeníssima


elite de privilegiados e uma população incomensurável de miseráveis
deseducados. Estes últimos, hoje, mais explorados, pobres e ignorantes que
aqueles que aqui viveram nos idos do Capitalismo, quando já se clamava:

“Se a soberania reside no povo, sendo ela a arte de gerir o Estado,


que Estado teremos com base num povo ignorante e, pior, num povo
deseducado.” (Rui Barbosa).

1.2. O Neoliberalismo

“Nos anos 70, os modelos econômicos do pós-guerra entram em


crise. O peso do Estado passa a ser questionado por seu agigantamento e
burocratismo, por sua ineficiência, e, principalmente, pela vulnerabilidade à
pressão das organizações dos trabalhadores. Eis um ambiente favorável ao
ideário neoliberal. O livre mercado é apresentado como o redentor, o antídoto
necessário à crise daqueles modelos: a crise fiscal do Estado do Bem-Estar; a
crise de estagnação do Estado Socialista; a crise de endividamento do Estado
Industrial Desenvolvimentista. Ganha terreno a tese do “Estado Mínimo”. Agora
mais precisamente definido – mínimo no que diz respeito aos gastos sociais –
forte, porém, quanto á capacidade de controle. 12 (Nereide Saviane )

A volta por cima do mercado, ou Neoliberalismo, busca restaurar a


primazia do seu papel no desenvolvimento dos povos, contrapondo-se aos
sistemas e propostas que com ele se confrontam, particularmente o
keynesianismo, o socialismo real e o welfare state .
Pretende justificar-se na contestação à hipertrofia do Estado e no custo
social, insustentável dela resultante, que entende espúrias intervenções nos
domínios mercadológicos, representadas, entre outras, pelas ingerências dos
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sindicatos, associações de empregados e funcionários e, sobretudo pelos


descontroles dos regimes democráticos que sempre gastam mais do que
produzem.
Pontificam os defensores do Neoliberalismo que todas as tentativas de
subordinar o mercado aos interesses comuns resultou no aviltamento ainda maior
destes, posto que o Estado não tem vocação para monitorar mercado.
Poderia intervir, excepcionalmente, tal qual ferramenta e quando
necessário para compensar mazelas, mas, apenas, para preservar a lógica do
próprio mercado.
Inigualável panacéia, esse Mercado seria suficiente ao atendimento dos
objetivos econômicos e sociais da humanidade. Todavia, o mercado não tem
vocação eqüitativa e, infelizmente, como vimos experimentando, isso faz toda a
diferença.

2. A Educação

O capitalismo continuou produzindo miséria, mas o socialismo avançou


sem conseguir eliminá-la. Os sistemas protegiam seus sócios e eliminavam
os demais. Depois de 100 anos de socialismo e capitalismo, a miséria no
mundo aumentou, a economia transformou-se num código de brancos e
numa fábrica de exclusão racionalizada. A modernidade produziu um
mundo menor do que a humanidade. 13 (Herbert de Souza – O Pão Nosso.
1993)

Agravada pela miserável realidade vivida no país a educação brasileira, há


tempos, atende, apenas, aos interesses das elites em formar seus dirigentes e a
mão de obra de que eles necessitam.
Milhões de crianças têm sido excluídas da educação, face ao reduzido
número de escolas públicas e, como se não bastasse, funcionando com precárias
condições de qualidade, quadro que preocupa mais quando mostra a alta taxa de
analfabetismo entre jovens adultos.
Não indiferentes à situação, tanto os estudantes quanto os trabalhadores
em educação vêm se organizando com o propósito de defender o ensino público
e gratuito.
Em 1970, com as sucessivas crises dos modelos econômicos vigentes, o
tamanho e a burocracia do estado passaram a ser questionados. O livre mercado
é então guindado à condição de redentor e surge o Neoliberalismo, “um corpo
doutrinário cujo eixo é a redução do papel do estado e a retomada da ênfase no
indivíduo, desvinculando-o de suas organizações (partidos, sindicatos e
associações)”. 14
Avoluma-se a literatura em torno de fenômenos como globalização da
economia e desconstrução pós-moderna, buscando alertar para novas
configurações do cenário do desenvolvimento. O planejamento, dito estratégico,
tem insistido no enfoque integrado do desenvolvimento, conjugando, desde logo,
o social, o econômico e o ambiental. Nos órgãos da ONU, fala-se de
desenvolvimento humano sustentável. As próprias noções de política social ou
econômica estariam ultrapassadas, porque apontariam para direção falsa da
setorialização. Na CEPAL, surgiu a noção de transformação produtiva com
equidade, tendo em educação e conhecimento o eixo integrador. Tais
colocações podem incluir um toque de ingenuidade, à medida que acreditam
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piamente na possibilidade de colocar o mercado como instrumento da justiça


social, o que certamente faz parte da assim dita ideologia neoliberal. 15
Com a Globalização e a nova divisão de trabalho por ela imposta, chega-
se, no que respeita à educação, a um novo conceito de público, desvinculado do
estatal e do gratuito, transferindo-se tal responsabilidade para a sociedade civil.
As escolas públicas passariam a cobrar anuidades, já havendo, inclusive, um
movimento nesse sentido em diversas reitorias e faculdades do governo. O papel
do Estado (mínimo) seria redimensionado para normatização e controle, apenas.
A ordem é reduzir custos: diminuição de gastos com docentes (salários e
formação), aumento de alunos por classe, instituição de turnos múltiplos,
utilização mais racional dos prédios escolares, desenvolvimento de outras formas
de financiamento como impostos sobre educação, créditos educativos, bolsas de
estudos, “cheque educação”, novas formas de apoio comunitário redistribuição
dos fundos disponíveis, transferência de gastos de capital periódicos à
comunidade/parcerias, terceirização e/ou privatização.
A proposta de profissionalização de professores deixa a desejar, a sua
formação é feita através de programas de capacitação à distância com
preparação mais breve e menos acadêmica. Não mais um profissional portador
de saber e, sim, um mero formador de mão-de-obra.
Além disso, o Brasil continuaria a permitir que organismos estrangeiros
ditassem as regras no que se refere à educação e a democratização do ensino
tornar-se-ia um sonho ainda mais longínquo para muitos brasileiros. Dos anos 80
até hoje, a educação é pensada como um meio de aliviar a pobreza e conter o
aumento populacional. As camadas populares são marginalizadas, o número de
escolas públicas é insuficiente para atender a demanda e, sobretudo o ensino é
de baixa qualidade.

O BIRD continua recomendando a reestruturação da administração


educacional, introduzindo reformas para a diminuição da evasão e repetência
escolar. As descentralização e municipalização, além de maiores exigências para
o acesso ao ensino superior.

“Como se sabe, a hipocrisia permite dispor compromissos entre o


reconhecimento teórico dos valores e sua violação” 16 (Humberto Eco – Rápida
Utopia in Veja 25 Anos – Reflexões para o Futuro)
Para o Ministério da Educação os problemas da quantidade já estão
resolvidos, faltando a questão da qualidade, posto que a Administração entende
que os recursos disponíveis são suficientes, bastando saber gastá-los.
Conforme estatística contida no quadro demonstrativo anexo, o Brasil gasta
(investe ?) por aluno/ano o valor de R$ 1,50 p/dia, levando-se em consideração
um ano letivo de 200 dias.
Convém ressaltar que a política neoliberal tem procurado desobrigar o
Estado de dar assistência educacional gratuita à população, pregoando que esta
matéria ficaria na responsabilidade da sociedade civil e da família, esquecendo de
desonera-la dos respectivos impostos por ela suportados, que têm a finalidade de
se reverter em benefício dela própria, isto é, em educação, segurança, saúde,
moradia e outros, tornando os cidadãos aptos a participar da vida democrática e
social deste país.
Trata-se de avaliar e fazer nossas oportunidades, implicando, sobretudo,
manejo e produção de conhecimento. É fundamental saber sempre avaliar,
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para poder tanto melhor propor, redirecionar, superar, consolidar nossas chances
históricas. Se, de um lado, existe razoável consenso sobre fatores mais decisivos
e integradores do desenvolvimento, que são a conjunção matricializada de
educação e conhecimento, na condição de eixo da transformação produtiva com
equidade, de outro, surgem novos e maiores desafios, por conta da dificuldade
crescente de incluir todos nas mesmas chances. Com produção e uso adequados
de educação e conhecimento, as oportunidades parecem tornar-se visivelmente
mais claras, embora a exclusão social, no contexto desse sistema produtivo,
também parece crescer assustadoramente, inclusive no centro.17
Vale salientar que a democratização do ensino no Brasil não deve ser
objeto apenas do discurso social, como palavra de ordem, é necessário que se
tenha urgência de somar esforços. Estado e sociedade civil superando, no menor
prazo possível, a situação educacional existente.
Há flagrante contradição entre o discurso (projeto) e quantidade de
recursos alocados nos orçamentos da União, Estados e Municípios para a
educação.
O governo prioriza o ensino básico, essencial ao exercício da cidadania,
pois nele se concentram os maiores problemas da educação no Brasil.
Essa prioridade, lamentavelmente, se dá em detrimento dos outros níveis
educacionais.
O desatendimento (perseguição) aos outros níveis se mostrou clara no
ensino superior. Nele a falta de manutenção do patrimônio público investido nas
universidades foi criminosa e--------------- o aviltamento dos salários dos
professores chegou a uma situação tão dramática que os docentes foram
obrigados ----------------a promover uma greve nacional.
A eles se solidarizaram os alunos e os funcionários das Universidades
Federais, além dos cidadãos razoavelmente esclarecidos. O poder Judiciário
acabou por reconhecer a legitimidade do movimento reivindicatório.
A nação acompanhou estarrecida o Poder Executivo exorbitar de sua
competência e resistir às decisões judiciais. Chegando a estabelecer uma crise
institucional, oriunda da disputa entre esses dois poderes.Temos, pois, um
desafio finalístico e outro instrumental, ambos do mesmo modo necessários. O
desafio finalístico pode ser visualizado na cidadania, encarnando a competência
histórica de definir e realizar nosso caminho de desenvolvimento e alimentada,
em termos de políticas públicas, sobretudo, pelo processo educativo.
Engloba a qualidade de vida, naquilo que tem a ver com a participação
popular, o desfrute cultural, a segurança pública, os direitos humanos, etc. Já o
desafio instrumental refere-se às condições adequadas, seja em termos da
produção como tal, seja em termos da capacidade de absorver os recursos
humanos disponíveis.
Olhando as coisas de modo integrado, é mister reconhecer algumas
marcas do mundo moderno sob o aspecto social, econômico e ambiental.
a) Pleno emprego parece ser cada vez mais inviável, também no centro
capitalista, já que a economia intensiva de conhecimento qualifica o trabalho, mas
diminui muito as ocupações. Ao mesmo tempo, o investimento em conhecimento
parece ser de tal forma intenso, que o excedente econômico dificilmente
conseguirá satisfazer aos ociosos. Nesse sentido a “periferia” não está apenas no
Terceiro Mundo, mas comparece na própria Europa (Portugal, Espanha, Itália,
Grécia, etc.). Talvez esse seja o desafio atual mais angustiante, já que a redução
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do emprego não adviria apenas de crises (contornáveis, em regra, mas da própria


lógica de uma economia competitiva).
b) A política de desenvolvimento mais promissora é a educação, porque é
a que mais engloba o social e o econômico, já que fundamenta a cidadania e a
competitividade. É, nesse sentido, o mais curto longo prazo. Parece comprovar-se
essa expectativa no caminho do Japão e Tigres Asiáticos, bem como na
capacidade de recuperação da Alemanha.
c) A desconcentração de renda não é propriamente efeito de mercado,
mas conquista da cidadania, ou seja, processo de democratização da sociedade e
da economia. Qualquer política de combate à pobreza precisa manejar
habilmente as duas rédeas: cidadania e emprego, começando pela assistência.
Todavia nenhuma assistência pode valer mais que a capacidade de autogestão e
de auto-sustentação.
d) O Estado readquire papel importante, desde que consiga fazer-se o
lugar legítimo das soluções públicas. A questão central não é seu tamanho, mas
sua capacidade de equalizar oportunidades, o que, de direito e de fato, depende
da cidadania. Não é possível existir um Estado melhor que a cidadania que o
sustenta, define e mobiliza. Poderia ocupar algumas esferas produtivas
consideradas estratégicas, sem monopólio, e dedicar-se, sobretudo, à defesa dos
interesses públicos, devendo, para tanto, poder intervir no mercado.
e) Países como o Brasil precisam saber modular a expectativa competitiva
com a de absorção de mão-de-obra desqualificada. Não quer dizer que a
economia intensiva de mão-de-obra deva descurar da qualidade dos produtos e
serviços, mas é importante manter suas condições de emprego, por conta da
multidão de pessoas que só poderia trabalhar nesses espaços. Trata-se, pois, de
contemporizar uma espécie de atraso socialmente útil e eticamente necessário.
f) Concretamente, colocam-se dois desafios estratégicos concatenados:
de um lado, a exploração sistemática das potencialidades econômicas,
ambientalmente sustentadas, e a promoção de todas as oportunidades de ocupar
espaço produtivo competitivo; de outro, a qualificação da população, para que
construa competência, no sentido de participar ativamente no projeto do país.

Dentro da noção globalizante de desenvolvimento, não cabe considerar


cidadania fenômeno apenas político, como é usual entre muitos cientistas sociais,
por exemplo, ou entre políticos. Claramente, uma das expectativas mais densas
da cidadania é a capacidade de intervir no mercado, direcionando-o para que
produza empregos, sem com isso produzir os efeitos artificiais e deletérios das
intervenções que deturpam as ditas “leis de mercado”. O desafio de redistribuir
renda (não só distribuir, deixando o mercado como está) depende, principalmente,
da cidadania organizada e qualitativa.
Não é decorrência simples do funcionamento adequado do mercado.
Mas vale, igualmente, o contrário. Não faz sentido fixar-se apenas no
crescimento econômico, como se dele decorresse, naturalmente, bem-estar
comum. A transformação de crescimento em desenvolvimento é tipicamente uma
conquista política. Por isso falamos de uma cidadania economicamente bem
plantada, ou de cidadania inteira. A própria ONU, que não consegue disfarçar sua
tonalidade neoliberal, ao propor a visão calcada no desenvolvimento humano,
pretende entre outras coisas, afastar-se do mero crescimento. E seu índice de
desenvolvimento humano, publicado a cada ano, dentre os três indicadores
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usados, apenas o terceiro é econômico (poder de compra). O principal indicador é


a educação, porque esta decide melhor as oportunidades de desenvolvimento.

A desconstrução Neoliberal

Mesmo fenômenos que podemos considerar negativos, como a atual


hipóstase do mercado, têm sua razão histórica de ser. Pretende ser uma resposta
à hipertrofia do Estado à ingerência excessiva dos sindicatos e associações de
empregados e funcionários, aos descontroles de regimes democráticos que
propendem a gastar o que não produzem, sobretudo, às intervenções no
mercado, consideradas espúrias, deturpantes e sempre ainda mais perversas
socialmente. Principalmente diante do fracasso do socialismo real, trata-se de
uma clara razão de ser. Mas também diante dos problemas do welfare state , em
particular diante de a custos sociais. Economicamente insustentáveis, o recado
clarividente: só podemos inventar o que as finanças sustentam; estas não se
inventam, mas produzem-se dentro de relações objetivas de mercado, que se não
funcionarem corretamente, não teremos somente menos mercado, mas,
sobretudo, mais pobreza.
Pelo menos até certo ponto, tal visão alimenta o Neoliberalismo atual, e,
nesse sentido, faz parte do pós-modernismo, mormente no que tem de tendência
a desconstruir rotas anteriores, estereotipadas como becos sem saída. Cabem aí
a diminuição do setor público, o cerceamento sindical, a fragmentação do
conhecimento, a aporias do iluminismo e da expectativa emancipatória, o estilo de
crescimento destruidor da natureza, e assim por diante. De algum modo,
recoloca-se a avaliação atribuída a Popper sobre o capitalismo: trata-se de um
sistema muito imperfeito, mas é o melhor que achamos até o momento. Diz-se
isso igualmente da democracia. Assim, no meio dessa volúpia desconstrutiva,
algo teria de ser rigorosamente reconstruído, e esse algo é o mercado livre, de
novo assumido como garantia maior das liberdades. Como essas liberdades são
remetidas invariavelmente à posse privada, o horizonte do ter sobrepõe-se, desde
logo, ao ser. Pode-se, talvez, admitir que o Neoliberalismo veja no mercado
apenas um instrumento que deveria estar a serviço da liberdade. Entretanto trata-
se de um meio tão condicionante, tão fatal, que já não se veria outro parâmetro
mais decisivo para a sociedade e para a economia. Por ironia, continuaria valendo
a crença marxista ortodoxa de que, em última instância, determina o econômico,
fundamento explícito do materialismo histórico. O mercado é aquilo que todos
dizem ser, meio apenas, mas na prática, não há fim que possa ultrapassá-lo.
Não se haveria de negar que existam “leis de mercado”, como é a da oferta
e procura, ou a da livre concorrência, ou a da necessidade de crescimento e
investimento, e assim por diante. Todavia é fundamental distinguir entre relações
de mercado e ideologia neoliberal. No debate atual, torna-se cada vez mais claro
que é mister evitar dois extremos historicamente verificados como incongruentes.
De um lado, o funcionamento adequado do mercado não pode ser confundido
com imposições ideológicas da elite econômica e política, feitas como
escamoteamento do Neoliberalismo. A intocabilidade do mercado é apenas
cortina de fumaça para encobrir as intervenções que a elite vive fazendo. A
própria presença de um Estado, por mais pálido que possa ser, já significa uma
forma de intervenção que frutifica como regra em tutelas clássicas a favor dos que
possuem os meios de produção. Ninguém é mais funcionário público, em sentido
pejorativo, que os empresários e os políticos a eles ligados ou com eles
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coincidentes. Dificilmente alguém defenderia que a sociedade e a economia


andam por si. Alguma forma de organização é inevitável, havendo apenas
dúvidas persistentes sobre a legitimidade e compromisso público com o bem-
estar comum.
De outra parte, sendo o mercado um instrumento, é feito para que nele se
intervenha, à luz dos fins. Não cabe a tese de que no mercado não se mexe,
porque já basta para fazer, de um meio, um fim. Transformar meios em fins é
transformar fins e meios. A discussão importante é outra, a saber, que tipo de
intervenção seria adequada e necessária. Nesse sentido, a cidadania constitui-se,
não para submeter-se ao mercado, mas, precisamente, para direcioná-lo. Se, na
História, conhecemos um acúmulo de fracassos originados de intervenções
inadequadas, disso não decorre que a intervenção é sempre um atentado. Da
queda do socialismo real não decorre que o socialismo como tal tenha
fracassado. A História mostra o que ocorreu, mas não garante necessariamente o
que vai sempre ocorre.
É à luz desse contexto mais equilibrado que podemos discutir formas
fundamentais de intervenção no mercado, desde que respeitem duas condições
cruciais: orientar-se pelo bem-comum e respeitar estruturas próprias de relações
de mercado.
Por outra, cabe dizer igualmente que um mercado adequado é condição
fundamental para a redistribuição da renda, se não quisermos apenas distribuir
pobreza. Ainda que reformas custem sacrifícios, parece claro que é mister sanear
as contas do setor público, rever a presença pública em áreas produtivas, conter
a inflação, sobretudo para não prejudicar os baixos salários, etc. Ao mesmo
tempo, precisamos de um Estado que, ao lado de ser legítimo e de servir ao
público, seja forte, para poder interferir no mercado sempre que necessário,
desde que seja em nome do bem-comum. Nunca tivemos um governo que tivesse
força, por falta de legitimidade histórica, já que esta advém da cidadania. Por
enquanto a regra comum está do lado de governos que se constituem menos pelo
acesso aos votos, do que por sua manipulação. A elite econômica é a elite
política, ou esta é basicamente sustentada por aquela.
No texto são apontadas as incongruências da abordagem dada pelo
governo à educação.
Na realidade a ênfase do governo está no atendimento educacional das
quatro primeiras séries do ensino fundamental.
A reestruturação da rede de ensino em São Paulo, no entanto separou as
escolas de 1ª a 4ª das de 5ª a 8ª séries, “numa definição que tenderá a tornar-se
modelo para o país.
Tal reestruturação contraria a idéia de sistema nacional de ensino e a
concepção de escola unitária defendida por amplos setores do movimento
popular.
Critica a forma como se concebem os conteúdos do ensino. O MEC o fez
em petit comité, basicamente, por profissionais de proa de algumas escolas
privadas, num processo que desconsiderava a experiência acumulada nas redes
de ensino oficial dos vários estados e municípios, bem como a elaboração teórica
e as investigações em curso nas universidades e instituições de pesquisa em
educação.

No que tange ao tema do presente trabalho, cumpre destacar que:


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“Apesar de referências a aspectos da cultura e à formação dos domínios


afetivos, atitudinais, além dos congnitivos, a ênfase está nos conteúdos, restritos,
porém, aos conhecimentos a serem assimilados. E os objetivos, a capacidade de
aprendizagem, no sentido de cognição (...) Os conhecimentos científicos e
tecnológicos – assim como o emprego, no ensino, de computadores e outros
recursos avançados – são valorizados pela sua utilidade, instrumentalidade (...) O
próprio ensino fundamental, alias é definido por seu caráter instrumental, de
preparar para aprendizagens futuras”.
As finalidades da educação escolar, portanto, reduzem-se à aprendizagem
de conhecimentos, úteis, imediatamente aplicáveis, tanto nas possíveis atividades
profissionais, quanto na convivência social”.
Daí, então, a ênfase nos conteúdos como conhecimentos mensuráveis
numa abordagem que parece desconsiderar que o currículo – como questão de
cultura - envolve múltiplos aspectos da vida humana e das áreas do saber, os
PCN definem-se por um modelo pedagógico que transforma uma somatória de
teorias psicológicas em proposta (teoria) pedagógica. Ao pensar a educação
escolar prioritariamente (ou exclusivamente) sob o prisma da psicologia, torna
muito limitada a compreensão da natureza do processo de ensino-aprendizagem
e de suas relações com questões do conhecimento.
Outras medidas colocam em dúvida a intenção de se agir no sentido da
melhoria da qualidade do ensino, ou, pelo menos, indicam que o governo e
movimento popular falam de coisas diferentes, quando apregoam a necessidade
de investimento na qualidade. Entre tantas, cabe destacar o tratamento que está
sendo dado à formação de professores, em que a ênfase recai na capacitação em
serviço (eufemisticamente chamada de educação continuada), preferencialmente
pelo sistema de ensino à distância, em detrimento da formação regular inicial (que
se recomenda seja mais rápida, menos acadêmica, bem a gosto de organismos
internacionais como a CEPAL) Melhor ainda, se em parceria com a comunidade
(entenda-se, instituições educacionais privadas, setores empresariais ligados ou
não à educação, organizações não governamentais de diversas origens e
finalidades).
A formação dos sistemas educacionais deu-se no início do século XIX.
Fundamentada nos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade do discurso
burguês, a educação passou a ser proposta como um direito de todos.
Desde a primeira Constituição do Brasil, outorgada em 1824, há garantia
de gratuidade do ensino primário e extensão a todos os cidadãos. Essa garantia
constitucional de fato não se efetivou na prática.
A luta pela escola pública data dos tempos do Império e vem se alongando
através dos tempos em meio às constituições e mudanças ocorridas na
sociedade. Grande parte dessas lutas foram sustentadas pelo ideal de alguns
homens, entidades estudantis e movimentos trabalhistas, numa mobilização em
defesa da escola pública. Atualmente luta-se não só para garantir o acesso à
escola, mas também por uma escola pública de boa qualidade para aqueles que
precisam do ensino gratuito.
Segundo DEMO¹1, atualmente, a escola pública é tema de muitos debates.
Já não se questiona somente a universalização do ensino, mas também a sua
qualidade. O desafio mais decisivo encontra-se na realização definitiva do direito
e do dever constitucional de universalizar o ensino com parâmetros de qualidade.

1
DEMO, Pedro. Educação de Qualidade. São Paulo: Papirus, 1993, p. 73
12

Urge uma superação do modelo de gestão escolar tal como se vem


desenvolvendo ao longo da história da educação no Brasil.
A função da escola precisa ser revista através de uma concepção mais
participativa do ensino, nas relações desenvolvidas no interior da escola. Há
necessidade de uma prática efetivamente democrática, onde os interesses
administrativos se articulem com os interesses sociais para formação de uma
cidadania plena. É preciso um amadurecimento gradativo dos sistemas
educacionais, da identificação da função política e social da escola, enquanto
instrumento da transformação social.
O modelo de gestão precisa ser reformulado, atualizado para o contesto no
qual está inserido. A nova realidade requer ações rápidas e eficientes para
atender as novas necessidades advindas das mudanças aceleradas. Somente
uma administração descentralizada, participativa, com colegiado eficientes,
poderá dinamizar as ações nas escolas de modo satisfatório.
Reverter o quadro caótico do ensino público, provocado pelo sistema
arcaico, pela máquina administrativa centralizadora e burocrática, representa um
grande desafio para o administrador escolar, bem como para todos os envolvidos
no processo educativo.
Dentre as questões mais críticas com relação à administração de escola
pública estão: a má qualidade do ensino, o sucateamento das unidades escolares
e a má administração dos recursos humanos, materiais e financeiros. Em
conseqüência dessas deformidades o ensino ministrado nas escolas é
insatisfatório, os índices de reprovação e abandono também são
desestimuladores.
A realidade vivida pela escola pública, na ótica das instâncias superiores, é
justificada pela pseudo-incompetência dos trabalhadores em educação ou pela
má administração da máquina pública. No entanto, a questão é bem mais
complexa, a má qualidade dos serviços prestados na escola pública é histórica,
vem se arrastando através do tempo e das administrações. A falta de consciência
política da clientela e a falta de compromisso político e social do próprio educador
faziam com que a escola continuasse a mesma, entre uma e outra gestão. O
próprio Governo Federal diante de pressão internacional, busca a universalidade
do ensino para acabar com o analfabetismo, incrementando diversos programas
no setor educacional.
Há uma necessidade latente de educar o povo, não só para melhorar a
condição de vida, mas para que o país possa concretizar seu plano de
desenvolvimento sustentável. O Brasil, como país capitalista, precisa estar
preparado para entrar na onda da globalização. Hoje, a educação é fator
predominante para o desenvolvimento do país, a escola pública precisa cumprir
seu papel de meio para erradicação do analfabetismo ministrando o ensino básico
para a população carente.
Há preocupação em tornar a escola um espaço de dinâmica social. A
criação das escolas rurais, associação de pais e mestres, Campanha Nacional de
Educação Rural, dentre outras experiências denotam os interesses da
comunidade em participar, ter um relacionamento mais próximo com a escola. A
comunidade começa a se organizar e ocupar seu espaço, assumir compromisso
consigo mesma e com a sociedade.
A lei 9394/96 aborda a necessidade de abertura da escola à comunidade,
da inter-complementariedade dos estabelecimentos de ensino com outras
instituições. Mas o texto legal ainda é muito vago quanto a forma de entrosamento
13

social. Nota-se o início de um novo modelo de gestão onde os colegiados


escolares representam um grande poder democratizante, já que são compostos
pela própria comunidade escolar. É através das discussões nas comunidades
escolares que se poderá mudar o rumo da escola, melhorar o nível do ensino e
formar uma sociedade mais justa.
A instituição dos Colegiados Escolares datam do período de 83 a 85, com
um processo de democratização das instituições educacionais, resultante das
idéias democráticas que avançam a passos lentos pelo país. O novo texto da Lei
de Diretrizes e Bases (LDB), aprovada pela Câmara Federal, em maio de 1983,
trata de questões relativas à municipalização e gestão educacional. Determina a
formação de Conselhos Escolares nas escolas públicas e em todas as outras que
recebem recursos públicos.
Tornar a escola única, com uma visão transformadora, humanizar o
educando através da valorização do indivíduo e de um saber crítico baseado na
prática social concreta, diminuir as diferenças sociais ministrando um ensino de
boa qualidade é uma missão do educador enquanto agente de transformação,
conhecer da dinâmica social.
Nesse caso, a escola seria um meio para realização da proposta política-
social do educador consciente do seu papel de agente transformador, que não se
contenta em ministrar os saberes cotidianos e utilitários praticados na escola, mas
busca o desenvolvimento das questões políticas, sociais e econômicos para
fundamentar a lógica educacional. Compreender a educação é compreender a
própria dialética da realidade vivida por cada sujeito da educação, já que educar é
um ato político que está condicionado e é determinada pelas forças econômicas,
política e sociais.
Existe, atualmente, uma mobilização nacional no sentido de democratizar
todas as áreas, principalmente a área educacional. A nova visão social reclama
por liderança aberturas, relações democráticas e administrações participativas e
transparentes. A dinâmica das relações democratizantes nas escolas poderá
produzir um nível democrático desejado a outros segmentos da sociedade pela
produção do conhecimento científico e humanístico e pela prática da cidadania.
A criação dos colegiados como órgãos decisórios da escola é uma forma
de garantir a participação da comunidade nas decisões, pela prática da gestão
escolar, a partir de uma ação coletiva e consciente, efetivar a democracia no
interior da escola.
A proposta da administração colegiada requer a participação de todos os
trabalhadores em educação que fazem a unidade escolar, dos alunos, dos pais e
de representantes da sociedade organizada, onde a escola está inserida 2.
“A administração colegiada, ao se efetivar como prática democrática de
decisões, deve ser capaz de garantir a participação de todos os membros da
comunidade escolar, a fim de que assumam o papel de co-responsáveis no
projeto educativo da escola e, por extensão, na comunidade social”.
A Administração colegiada visa desenvolver um projeto educacional
participativo e solidário. Vincula-se ao cumprimento da função político-social da
educação escolar, que é a formação do homem social, ciente de seu papel de
construtor da história, onde é o principal agente de transformação social. Desse
modo, a comunidade escolar vivencia situações de cidadania próprias da
dinâmica social e do papel do cidadão, agente do processo de formação social.
2
PRAIS, Maria de Lourdes Melo. Administração Colegiada na Escola Pública. Campinas, Papirus, 1990. p.
82.
14

A administração colegiada se propõe, enquanto prática pedagógica, a


formar valores sociais, a partir do saber sistematizado, ministrando uma educação
de qualidade de modo a diminuir as diferenças sociais existentes4.
“A administração colegiada se propõe, enquanto prática pedagógica, a
resgatar a função cultural da escola pública, permitindo que sua clientela encontre
o saber científico e humanístico em compatível grau de quantidade e qualidades
superiores aos conhecimentos fornecidos às classes elitizadas”.3
No sentido político, a administração colegiada deverá assumir um
compromisso de transformação social como princípio de democratização através
da participação coletiva.
Assim, os interesses individualistas, as decisões centralizadas e
dogmáticas deverão desaparecer dando lugar a uma administração democrática,
construída pela prática social. Os interesses coletivos terão que nortear o novo
projeto educacional para interagir com os objetivos administrativos da escola,
numa prática de gestão participativa e democrática, para o alcance pleno de
cidadania.
A participação de toda comunidade escolar no processo de gerenciamento
da escola é a grande tendência dos últimos tempos. A democracia representativa,
legitimada através do voto se estende para a democracia participativa onde o
poder é distribuído com todo grupo, evidenciando um novo modelo de gestão: a
gestão colegiada.
A gestão colegiada é uma nova forma de ação, cuja força reside na
participação de muitas pessoas, politicamente agindo em função de
necessidades, interesses e objetivos comuns. A gestão colegiada é uma maneira
de decidir e de agir, a fim de tornar as melhores decisões para o gerenciamento
eficiente da escola. Dessa forma, a comunidade se une em torno de uma idéia-
força, integrativa e participativa, o que caracteriza uma gestão democrática.
Dentro dessa visão participativa, o diretor escolar, enquanto gerente, deverá
desenvolver sua função como autoridade escolar, educador e como
administrador, através de uma ação descentralizada e dialógica.
Experiências de administrações democráticas demonstram que com a
implementação de políticas mais flexíveis e participativas nas escolas os meios e
fins da ação educacional voltam a convergir, o administrativo e o pedagógico
desta ação reencontram-se, rompendo a burocracia.
As políticas dirigidas à democratização da gestão da escola partiram da
premissa de que cabe ao cidadão decidir os rumos daquilo que é público. Esse
direito, negando à maioria da população, exige um processo de construção cujo
sujeito principal deve ser a própria população, superando os modelos autoritários
de gestão.
A autonomia é uma das formas de dar mais flexibilidade das relações
político-administrativas, com a finalidade de anunciar um modelo de gestão em
que os recursos e as decisões sejam articulados de forma participativa. A
definição das finalidades e objetivos da escola deve ser feita por todos que fazem
a comunidade escolar, a partir do mapeamento dos fins e objetivos da escola.
Por mais vontade que se tenha de promover mudanças em educação,
pouco se conseguirá sem a participação de toda a comunidade escolar, sem o
comprometimento e consciência política daqueles que atuam como educadores e
detentores do conhecimento e do poder de decisão no sentido de buscar

3
VIANA, Ilca Oliveira de Almeida. Planejamento Participativo na Escola. São Paulo: EWPV, 1986. p. 18
15

alternativas e propostas concretas em resposta às necessidades reais dos


educandos.
A administração da escola pública precisa de mudança no sentido de
promover o desenvolvimento integral do educando pela mudança de paradigmas
do ato educacional, deixando de ser um lugar de transmitir conhecimento pré-
elaborados para construir, através da participação, um conhecimento crítico
resultado da reflexão coletiva.

2.0 A gestão democrática na escola pública, Educação e Sociedade.

A administração trabalha em função de regular o processo de decisão


dentro das unidades escolares. Tem por objetivo promover o desenvolvimento
sócio-econômico e a melhorias nas condições da vida humana, ou seja, prevê, no
processo de divisão do trabalho, uma especialização. Está voltada à formação
humana como ser participante ativo de uma sociedade, abrindo-se a críticas,
propiciando a participação democrática de toda a comunidade.
Na gestão democrática, a função da escola é integrar o educando na
sociedade, instruindo e formando o cidadão para o trabalho, dando-lhe condições
de ser um agente transformador do processo democrático, numa relação que visa
a formação moral, social, cultural, do indivíduo, dentro de um contexto social, ou
seja, a formação do cidadão participativo, responsável, crítico e criativo, através
da transmissão e socialização da herança cultural acumulada.
Democracia – liberdade de decisão e escolha que uma determinada
comunidade adquire, é uma forma política de convivência humana, onde os
indivíduos contribuem direto ou indiretamente para uma decisão política,
administrativa ou pedagógica. Apoia-se em valores que se definem numa relação
de interação social onde se caminha no sentido de uma concepção ascendente
do poder, descentralizando-o.
Porém, o que se tem presenciado, é uma democracia escamoteada, com
limitação de lutas pelos direitos, onde as opiniões da classe popular não são
credibilizadas e não têm sido agente de mudanças.
Uma nova metodologia de trabalho, que a escola se converta em
instrumento de ação política e social em favores das classes trabalhadoras, é a
criação de um colegiado. É a superação da prática do individualismo e do
grupismo.
O colegiado tem a função de garantir a formação e a prática democrática
da escola, tornando-se pedagógico para os membros da comunidade escolar.
Deve, ainda, favorecer a formação da cidadania, a formação política do cidadão e
na geração do espírito democrático dos educandos. Ele deve procurar garantir a
representatividade de todos os segmentos profissionais das escolas: professores
especialistas, direção, administração e apoio, assim como pais e alunos. Desta
forma, a direção da escola, pois a ela devem se associar as lideranças políticas,
culturais e pedagógicas da comunidade.
A escola não é um lugar onde cada um pode fazer o que quer, ela é um
lugar onde todos trabalham para a realização de um projeto coletivo da
sociedade. Dentro deste contexto, o diretor assume uma função técnica e uma
função política uma vez que deve se tornar, não apenas um administrador de
normas, mas o líder do processo pedagógico. Assim, o colegiado redefine o
processo de participação da sociedade nos processos de decisão, além de
16

incorporar as experiências dos educandos no processo educativo, podendo


conduzi-los a níveis mais elevados e elaborados de compreensão.
Um dos caminhos para a democratização da gestão escolar é que o
sistema escolar, como um todo, adote métodos e técnicas de administração que
garantam a sua eficiência e atendam aos objetivos estabelecidos pela sociedade,
necessitando que os educadores das escolas sejam pessoas conscientes e
compromissadas com a educação.
A participação dos professores e pais nas decisões tomadas em relação à
escola é essencial para que a escola se torne democrática.
Quanto ao processo de escolha dos diretores, deve-se optar pelas eleições
diretas para garantir que o mesmo seja conhecedor dos problemas da escola e
comprometido com a mesma.
Ao diretor democrático, cabe: tornar o processo participativo um ingrediente
cotidiano na vida das pessoas; obter maior autonomia no âmbito do processo
pedagógico, vez que sai de cena o diretor controlado pelos políticos; entender a
função como um serviço e não, como um processo de mando.
O diretor deverá, portanto, fazer um trabalho colegiado junto à comunidade.
Para isto, é necessário que seja uma pessoa comprometida com a educação e
veja no processo educativo o caminho para a liberdade e a consciência.
O diretor eleito não pode estar sujeito a quaisquer constrangimentos por
parte do Estado, a não ser nos casos previstos em lei, ou seja, deverá estar
sempre para os interesses da comunidade que o elegeu.
Eleições diretas e democratização da escola se relacionam com a
democratização da sociedade, pois ambas desempenham o papel de
democratizadoras da cultura e do saber acumulados pelo conjunto da sociedade,
onde todas as pessoas que formam a comunidade escolar (pais, filhos,
professores etc.) são parte integrante de uma mesma sociedade.
A eleição, naturalmente, por si só, não garante a democratização da
escola. Ao contrário, está encobrindo uma nova forma de autoritarismo, capaz de
vir a gerar um novo quadro de insegurança dos professores e a descaracterização
da função essencial da escola pública.
O fenômeno surge, precisamente, no período da chamada transição
democrática do país, resultante da crise do modelo de desenvolvimento
econômico, quanto da crise de hegemonia política.
O estado deverá impulsionar e intervir como orientador do processo,
planejador e negociador externo, tendo que se apresentar como Estado acima
dos interesses, o que lhe exige facilitar às classes sub alternas a obtenção das
condições básicas de sobrevivência.
Procuramos ampliar os nossos conhecimentos a respeito da Escola,
Sociedade, Educação e Homem.
A nossa Sociedade vive um momento onde as injustiças e as
desigualdades são gritantes e imensas, logo percebemos que ainda não nos
tornamos, plenamente, nação que ainda não somos pátria. A burguesia para se
manter, demagogicamente vem propondo apenas mudanças adaptativas ao
sistema, enquanto o proletariado, a outra força da sociedade, continua brigando
por mudanças na estrutura econômica.
É notório que a tradicional Educação do Brasil por muito tempo se omitiu
politicamente. É impossível a neutralidade, ou se faz do ato pedagógico uma força
contra a classe dominante ou contra a classe dominada. Os agentes
encarregados da pedagogia atualmente, em sua grande maioria, riscam de certa
17

forma as falsas questões de moralidade, mas ainda seguem a trilha da suposta


neutralidade, pressionados pela chantagem da perda do emprego. Esta questão
tem maior significação devido a muitos educadores de hoje serem na realidade
invasores desse campo, na luta por uma ocupação profissional. Esse é o motivo,
na maioria das vezes acrescido pela ignorância política, de não participação do
professor no plano político.
O Educador deve lutar para destruir a pedagogia elitista e proporcionar a
conquista da escola única e, com isso, adquirirá mudanças revolucionárias na
sociedade através da exposição de consciência política.
Saviani (1996), trata do problema da marginalidade em relação ao
fenômeno da escolarização, no livro Escola e Democracia. Neste contexto, as
teorias educacionais concentram-se em dois grupos distintos.
Num primeiro grupo, temos as teorias que entendem ser a educação um
instrumento que possibilita a superação da marginalidade “teorias não críticas”.
Num segundo grupo, encontramos as teorias que entendem ser a
educação um fator de marginalização “teorias críticos reprodutivas”.
Ambas tomam a questão a partir da relação educação e sociedade.
Enquanto o primeiro grupo coloca o problema da marginalidade um problema
como um fato acidental, independente da sociedade que pretende-se harmoniosa,
o segundo admite a existência de classes antagônicas como fator que determina
essa mesma marginalidade.
“...a educação é entendida como inteiramente dependente da estrutura
sócio geradora de marginalidade, cumprindo aí a função de reforçar a
dominação e legitimar a marginalização.
(Saviani, 1996, p.16)
Dentre as teorias não-críticas destacam-se: a pedagogia tradicional, a
pedagogia nova e a pedagogia tecnicista.
Segundo a Pedagogia Tradicional, a ignorância era a causa da
marginalidade. A escola surge aqui, como instrumento para equacionar esses
problemas. Seu papel é difundir os conhecimentos acumulados sistematicamente
pela humanidade contribuindo para converter súditos em cidadãos. Como
transmissor de todo o acervo cultural, organiza-se em torno do professor, suposto
detentor de todo conhecimento. As críticas à essa escola deveu-se à não
universalização, e/ou ao fato de que nem todos os bem-sucedidos se ajustavam
socialmente.
Efetivamente somos conhecedores de que a educação ainda não é um
direito de todos. E o Estado vem negligenciando com este princípio constitucional.
A Marginalidade é um grave problema sócio econômico. O professor não pode ser
considerado um simples transmissor de conhecimentos e o aluno um mero
assimilador deste conhecimento. O educador é um transformador, ainda mais, um
revolucionário, porque a profissão requer mudança. É um elemento impulsionador
de progresso, um porta-voz de denúncia contra as ditaduras. Deve ter uma
postura política definida, sem interferir o desempenho correto da profissão e ter
consciência da importância do educando no processo educativo e na
transformação da sociedade.
E crendo no poder da escola e em sua função de equalização social, surge
um movimento reconstrutor na educação, delineando uma maneira nova de
interpreta-la e implanta-la primeiramente, através de experiências restritas; em
seguida advogando sua generalização no âmbito dos sistemas escolares.
18

Nessa nova teoria, o marginalizado já não é, propriamente, o ignorante,


mas o rejeitado. A integração social depende da aceitação do indivíduo no grupo
e na sociedade em seu conjunto.”Descobrem” que os homens são
essencialmente diferentes e não se repetem; cada indivíduo é único.
“ A educação como fator de equalização social será, pois um instrumento
de correção da marginalidade na medida em que cumprir a função ajustar, de
adaptar os indivíduos à sociedade, incutindo neles o sentimento de aceitação dos
demais e pelos demais” (Saviani1996 p. 20)
Aqui, a escola deveria agrupar os alunos segundo áreas de interesses e o
professor seria apenas um orientador da aprendizagem; o que não deu certo.
Contrariamente em lugar de resolver o problema da marginalidade, a ”
Escola Nova” o agravou. Sem condições de se firmar nem de responder à
necessidade da universalização do ensino, ainda deu força à idéia de que é
melhor uma boa escola para poucos do que uma escola deficiente para muitos,
reforçando, como se observa, a marginalidade. A questão central desta teoria
pedagógica, é aprender a aprender.
A escola sob o prisma verdadeiro deve oferecer um ambiente envolvente,
não para sorver os alunos, mas para proporcionar-lhes conhecimento de seu
valor; fazer cada um perceber o que significa ser alguém, tanto no campo
profissional, quanto no campo do convívio humano; provar que além dos altos e
baixos, o mundo também propicia realizações e que as aspirações diante dos
empecilhos intransponíveis podem se definir.
Já a pedagogia Tecnicista, parte do pressuposto da neutralidade científica,
é inspirada nos princípios de racionalidade, eficiência e produtividade. Ela
pretende a objetivação do trabalho pedagógico.
Aqui, o elemento principal passa a ser a organização racional dos
meios,ocupando o “Buscou-se planejar a educação de modo a dotá-la de uma
organização racional capaz de minimizar as interferências subjetivas que
pudessem pôr em risco sua eficiência” (Saviani, 1996, p.24)
professor e o aluno numa posição secundária no processo-aprendizagem.
Para a Pedagogia Tecnicista a marginalidade não será identificada como a
ignorância, nem com o sentimento de rejeição. Marginalizado será o
incompetente, o ineficiente, o improdutivo. Portanto, é dever da educação formar
indivíduos eficientes, capazes de contribuírem para o aumento da produtividade.
Nesta contextura, a equalização social é identificada com o equilíbrio do sistema,
enquanto a marginalidade se constitui uma ameaça à estabilidade do sistema.
“ A educação será concebida, pois, como um subsistema, cujo
funcionamento eficiente é essencial ao equilíbrio do sistema social de que faz
parte”.(Saviani 1996. p. 25)
A questão principal da Pedagogia Tecnicista é aprender a fazer,
conseqüentemente, há a superação da marginalidade.
Dentre as teorias crítico-reprodutivas (segundo grupo), podemos destacar;
a Teoria do sistema de Ensino enquanto Violência Simbólica; a Teoria da Escola
enquanto aparelho ideológico do Estado e a teria da Escola Dualista .
Os teóricos acham que a educação deve ser compreendida a partir de seus
condicionamentos sociais, uma vez que, para elas, a escola desempenha o papel
de reproduzir a sociedade de classes e reforçar o modo de produção capitalista.
Nessas teorias existe uma completa percepção da dependência da educação em
relação à sociedade.
19

A ”teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica” tem como


principais representantes P. Bordieu e J. C. Passeron, teoria axiomática para
explicar a educação enquanto violência simbólica.
“(...) tomam como ponto de partida que toda e qualquer sociedade
estrutura-se como um sistema de relações de força material entre grupos ou
classes”.(Saviai, 1996 p. 29
A idéia central dessa teoria é reforçar as relações de força material por
dissimulação.
Segundo essa teoria, marginalizados são grupos ou classes
dominadas.Marginalizados socialmente porque possuem força material e
culturalmente, e esta força não é simbólica e a educação vem reforçando essa
marginalidade. Toda tentativa de utilizar a educação como instrumento de
superação da marginalidade não é apenas uma ilusão, mas é a forma através da
qual ela dissimula, e por isso cumpre, com eficácia, sua função de
marginalização.
A Teoria da Escola enquanto Aparelho ideológico do Estado leva Althusser
a distinguir os aparelhos repressivos do Estado (O Governo, a Administração, e
Exercito, os Tribunais, as Prisões, etc) e os Aparelhos Ideológicos de Estado
(Igrejas,Escolas, Partidos Políticos, etc)
Como Aparelho Ideológico de Estado dominante, a escola constitui o
instrumento de reprodução das relações de produção do tipo capitalista. A partir
da educação, as pessoas tomam para si posições diferentes, mais ou menos
importantes, na sociedade, posição de explorador e/ou de explorados. Nesta
teoria marginalizado é, pois, a classe trabalhadora e a escola constitui um
mecanismo criado pela burguesia para eternizar e garantir seus interesses.
Já na teoria da Escola Dualista, Elaborada por C. Baudelot e R.Estabnlet,
vem mostrar que a escola quanto aparência está dividida em duas grandes redes,
às quais correspondem à divisão da sociedade capitalista em duas classes
fundamentais: a burguesia e o proletariado. Constitui-se o papel da escola impedir
o desenvolvimento da ideologia do proletariado e a luta revolucionária.
“...a escola, longe de ser instrumento de equalização social, é duplamente
um fator de marginalização: converte os trabalhadores em marginais, não apenas
por referência à cultura burguesa, mas também em relação ao próprio movimento
proletário....”(Saviani, 1996.p.39).
Nesse sentido, os autores não encaram a escola como palco e alvo de luta
de classe, e sim, um instrumento da burguesia na luta contra o proletariado.
“Lutar contra a marginalidade através da escola significa engajar-se no
esforço para garantir aos trabalhadores um ensino de melhor qualidade possível
nas condições históricas atuais” (Saviani, 1996, p. 42).
Posteriormente, Saviani (1996) faz uma análise das funções política que o
ensino exerce dentro das escolas de 1º grau. Nesta análise além de repensar a
educação brasileira, ele mostra a identidade existente entre política e educação e
para tal reflexão baseou-se em três teses.
Na sua primeira tese, ele faz uma análise filosófico-histórica, evidenciando
o caráter revolucionário da pedagogia da essência e do caráter reacionário da
pedagogia da existência, mostrando com clareza posições antagônicas entre elas,
a pedagogia tradicional que tem seu alicerce numa concepção filosófica
essencialista e a pedagogia nova, que tem por base uma concepção filosófica da
existência. Mas a pedagogia da essência faz a defesa da igualdade defendida
20

pela burguesia, no passado, como forma de consolidar a ordem democrática,


serviu, de fato, para tomar, como classe dominante, a própria burguesia.
Mas com a evolução da história fez-se necessário a participação política da
massas que entra em contradição com os interesses da própria burguesia
surgindo assim a pedagogia da existência com caráter reacionário.
Portanto, a nova pedagogia da existência vai contrapor-se ao movimento
de libertação da humanidade em seu conjunto, legitimando as desigualdades e a
dominação, a sujeição e os privilégios.Entretanto a pedagogia da essência em
defesa da igualdade entre os homens teve um papel revolucionário, com interesse
de eliminar os privilégios que impedem a realização de parcelas consideráveis
dos homens.
Nesta contextura, não é a burguesia que toma para si o papel
revolucionário, pois neste momento, a classe revolucionária é outra, ou seja,
aquela classe que a burguesia explora.
A segunda tese, chamada pelo autor de pedagógico-metodológica, diz do
caráter científico do método tradicional, ao caráter pseudocientífico dos métodos
novos. Existe um confronto entre o caráter pseudocientífico dos métodos novos.
Existe um confronto entre o caráter científico e o caráter pseudo-científico.O
método tradicional tendo o método cientifico por base, articula o ensino como
processo de pesquisa e obtenção dos conhecimentos, enquanto no método
tradicional era só a transmissão dos conhecimentos já obtidos.
As duas teses anteriores serviram de base para o autor formular a terceira
tese::
“quando mais se falou em democracia no interior da escola, menos
democrática foi a escola; e quando menos se falou em democracia, mais a
escola esteve articulada com a construção de uma ordem democrática”
(Saviani, 1996, p. 48).

Nesta tese o autor afirmou que a Escola Nova não é democrática, mesmo
que introduzisse nela ações democráticas e “entusiasmo pela educação”.
Efetivamente ela só beneficiava os pequenos grupos, privilegiava os já
privilegiados e legalizava as diferenças, enquanto os operários e o proletariado
não vivenciavam esses procedimentos democráticos, portanto só a minoria tinha
acesso a essa democracia tão celebrada pela Escola Nova.
No tópico Escola Nova e a hegemonia da classe dominante, o autor se
refere a dois momentos da educação brasileira; no primeiro ele se reporta a
década de 30 e no segundo faz uma análise da década de 70, mostrando como
as leis interferem no interior da escola, política e ideologicamente.
A Escola Nova era vista como instrumento de participação política, no
entanto a preocupação democrática, mudou-se para o plano técnico pedagógico,
em que se confiava que as coisas iam bem e se resolvem no plano interno das
técnicas pedagógicas.Ainda substituiu os objetivos e conteúdos por métodos e da
quantidade por qualidade, onde visava formar o bom operário competente, mas a
medida que o operariado, o proletariado começou a participar do processo político
surgiu contradições de interesse e a Escola Nova tornou possível, ao mesmo
tempo, o aperfeiçoamento do ensino destinado às elites e o rebaixamento do nível
de ensino que era destinado as camadas populares. Houve o aligeiramento do
ensino destinado à camadas populares e com a Lei nº5.692 houve a reforma
curricular através de atividades, áreas de estudo e disciplinas, onde diminuíam os
conteúdos da aprendizagem das camadas populares.
21

Para o autor os conteúdos são fundamentais e, sem conteúdos


importantes, a aprendizagem deixa de existir, pois ela se transforma num
arremedo:
“... o domínio da cultura constitui instrumento indispensável para a
participação política das massas” (Saviani, 1996,p. 66).
A disciplina deve estar agregada à propriedade de conteúdos, porque sem
disciplina os conteúdos significativos não assimilados.
A valorização dos conteúdos aponta para uma pedagogia revolucionária,
abrindo espaço para as forças populares, para que a escola se insira em um
processo mais amplo de construção de uma nova sociedade.
Podemos constatar, que, ao longo da história, a burguesia sempre lutou
para ter o poder nas mãos, até tomou para si a causa do ensino para todos e
também a igualdade de oportunidade para todos. Em primeiro lugar, buscou a
consolidação democrática, para em seguida defender as diferenças individuais,
legalizando assim as desigualdades, ou seja, uns são mais capazes que os
outros. O contraste entre a pedagogia da essência e a pedagogia da existência,
fica bem claro o poder da burguesia.
Nas duas ultimas décadas surge um novo tipo de estado; o Neoliberalismo.
Uma característica central deste modelo é a redução drástica do setor estatal,
principalmente mediante a privatização da empresas paraestatais, a liberalização
de salários e preços, além da reorientação da produção industrial e agrícola para
exportação.
O neoliberalismo cria paradoxos e contradições e se dispõe a mostra sua
face cruel. Diante dessa nova economia global, a massa popular continua
miserável, os pequenos e médios empresários seguem lutando contra a falência
ou sucumbindo a ela, os trabalhadores perdem seus empregos, enquanto os
funcionários públicos são forçados a pedirem demissão. O país em que é uma
escola pública, universal e gratuita.
Diante disto, conclui-se que no capitalismo a classe dominante tem o poder
econômico, o político e o ideológico.

3.0 Construção de um Projeto Político-Pedagógico.

Escola, autonomia e projeto pedagógico na Lei 9.394/96.


Sabemos que as leis são fontes de esperança, mas não fazem milagres,
visto que a realidade social não muda por um simples passe de mágica. Nesse
sentido,elas são pontos de partida para que a realidade seja repensada e que,
com base em sua aplicação, avanços sejam alcançados.
A lei máxima do nosso sistema educacional reflete um processo e um
projeto político para a educação brasileira. È chamada de Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (nº 9.394/96) porque estabelece:
I As diretrizes que definem os princípios, as finalidades, as intenções e os
objetivos da educação brasileira.
II As bases referentes aos níveis e às modalidades de ensino, aos
processos de decisão, às formas de gestão e às competências e
responsabilidades relativas às mudanças e ao desenvolvimento do ensino no
país.
Na LDB, destacam-se três grandes eixos diretamente relacionados à
construção do projeto político pedagógico. São eles:
22

O eixo da flexibilidade ⇒ vincula-se à autonomia, possibilitando à escola


organizar
O seu próprio trabalho pedagógico.
O eixo da avaliação ⇒ reforça um aspecto importante a ser observado
nos
vários níveis do ensino público (artigo 9º, inciso
VI ).
O eixo da liberdade ⇒ expressa-se no âmbito do popularismo de idéias
e de concepções pedagógicas (artigo 3º, inciso III) e de proposta de gestão
democrática do ensino público (artigo 3º, inciso VIII), a ser definida em cada
sistema de ensino.
Considerando esses três grandes eixos, a LDB reconhece na escola um
importante espaço educativo e nos profissionais da educação uma competência
técnica e política que nos habilita a participar da elaboração de um projeto
pedagógico. Nessa perspectiva democrática, a lei amplia o papel da escola diante
da sociedade, coloca-a como centro de atenção das políticas educacionais mais
gerais e sugere o fortalecimento de sua autonomia.
Vejamos, no quadro a seguir, como a LDB delega aos sujeitos que fazem a
escola a tarefa de elaboração do projeto Pedagógico
Art.12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e
as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I- elaborar e executar sua proposta pedagógico
VII – informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e o rendimento
dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica
Art. 13º. Os docentes incumbir-se-ão de :
I participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de
ensino.
II- elaborar e cumprir o plano de trabalho, segundo a proposta
pedagógica do estabelecimento de ensino.
Art. 14. os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática
do ensino público na educação básica, de acordo comas suas
peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola;
II- participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes.
È muito importante a tarefa apresentada à escola e aos seus profissionais
em relação à construção do projeto pedagógico, o fato da lei determinar
que cada escola construa seu projeto político pedagógico é uma condição
necessária, mas não suficiente para o exercício pleno da autonomia. É
preciso fazer surgir dessa autonomia garantida pela lei, uma outra
construída na escola que estimule e assegure a participação de gestores,
professores, pais, alunos, funcionários e representantes da comunidade
local na discussão do trabalho pedagógico, numa perspectiva mais ampla.
Ao orientar suas práticas para o fortalecimento de sua própria
autonomia, a escola pode construir seu conceito de qualidade de ensino e
adequar melhor a sua função às necessidades da comunidade. Nesse
sentido, organizando o seu trabalho pedagógico, a escola avança para
outro nível de autonomia, mais solidário e com mais diálogo, que pode
levar os segmentos a se envolver no processo de forma mais efetiva, pelas
23

ações desenvolvidas no cotidiano escolar. Aí temos, de fato, uma


autonomia gerada pelas práticas da própria escola.
Quando a escola é capaz de construir, implementar e avaliar o seu
projeto pedagógico, ela propicia uma educação de qualidade e exerce sua
autonomia pedagógica. Ao exercer essa autonomia, a escola, consciente
de sua missão, implementa um processo compartilhado de planejamento e
responde por suas ações e por seus resultados.
Essa autonomia construída objetiva ampliar os espaços de decisão e
participação da comunidade atendida pela escola, criando e desenvolvendo
instâncias coletivas – como os conselhos escolares ou equivalentes –
previstas no artigo 14 da LBD.
É bem verdade que a autonomia assegurada pela LBD também é
resultado de um processo de construção social, uma vez que essa lei é
produto da discussão de muitos educadores e de outros segmentos da
sociedade. Mas a autonomia da escola é efetivamente construída, na
medida em que resulta da ação dos sujeitos locais e não da determinação
legal. É claro que quando a autonomia da escola aumenta, também cresce
o seu nível de responsabilidade em relação à comunidade na qual ela está
inserida. Trata-se de relação diretamente proporcional:
Mais autonomia Mais
responsabilidades

É nesse sentido que podemos dizer que a autonomia na escola


ocorre à medida que existe também a capacidade de a instituição assumir
responsabilidades, tornando-se mais competente no seu fazer pedagógico.
Em outras palavras, a escola é mais autônoma quando mostrar-se capaz “
(...) de responder por sua ações, de prestar conta por seus atos, de
realizar seus compromissos e de estar comprometidas com eles, de modo
a enfrentar reveses e dificuldades” ( Heloísa Luck, 2000, p.11 ).
O papel do gestor no processo de elaboração do projeto pedagógico
da escola visa a ajudar na construção de sua autonomia. A tarefa não se
esgota no âmbito da competência legal; ela é mais complexa. Trata-se de
coordenar o processo de organização das pessoas no interior da escola,
buscando a convergência dos interesses dos vários segmentos e a
superação dos conflitos deles decorrentes.
Nesse sentido, o seu papel como gestor assemelha-se ao de um
maestro que coordena uma orquestra para que tudo saia no tom certo, com
base na colaboração do conjunto dos músicos.
O educador ou o coordenador de um grupo é como um maestro que
rege uma orquestra. Da coordenação sintonizada com cada diferente
instrumento, ele rege a música de todos. O maestro sabe e conhece o
conteúdo das partituras de cada instrumento e que cada um pode oferecer.
A sintonia de cada um com o outro, a sintonia de cada um com o maestro,
a sintonia do maestro com cada um e com todos é o que possibilita a
execução da peça pedagógica. Essa é arte de reger a diferenças,
socializando os saberes individuais na construção do conhecimento
generalizável e para construção do processo democrático..
Freire, in: Aguiar, 1999, p.115
24

Podemos concluir que a construção coletiva do projeto pedagógico


deve ocorrer visando, antes de tudo, à instalação de uma autonomia
construída e dialogada na escola, e não meramente para cumprir um
dispositivo legal. Essa autonomia, sim, deve ser criada em torno de um
projeto educativo que vise, primordialmente, à melhoria da qualidade do
ensino e ao sucesso da aprendizagem do aluno. Essa razão que torna
importante a construção do projeto pedagógico.
É preciso entender que as leis não mudam a realidade como um
toque de mágica, devendo ser vistas como pontos de partida para os
indivíduos pensarem suas próprias condições e transformá – las. Por isso,
não basta a LBD (Lei nº 9.394/96) atribuir aos estabelecimentos de ensino
a tarefa de elaborar o projeto pedagógico; é preciso que a escola, não
confunda autonomia com soberania, encontre alternativas teóricas e
práticas, para mostrar aos seus segmentos a importância de outra
autonomia: construída, solidária e dialogada.

4.0- O SURGIMENTO DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS, MESTRES E


COMUNITÁRIOS –APMC

A Associação de Pais, Mestres e Comunitários está apoiado em


determinações legais da Educação Nacional, na Lei n° 5.692/71. Em seu artigo 62
diz que cada sistema de ensino compreenderá, entre outras, entidades que
congreguem professores e pais de alunos, com o objetivo de colaborar para o
deficiente funcionamento dos estabelecimentos de ensino.
A Associação de Pais, Mestres Comunitários – APMC, pessoa jurídica de
direito privado, não tendo caráter político, religioso ou racial, sem fins lucrativos, é
uma instituição auxiliar da Escola e tem por finalidade favorecer a integração
escola-comunidade, em função da melhoria e da ação educativa notadamente, no
que diz respeito à assistência ao estudante.
No que diz respeito às origens, de acordo com o depoimento de um técnico
da Secretaria de Educação do Estado:
“Estão ligadas à Antiga Caixa Escolar, que tinha como objetivo angariar
recursos para solucionar os pequenos problemas da escola, mas a comunidade
ficava de fora, não havendo um trabalho em conjunto. É necessário, porém, que
pensemos numa Associação de Pais, Mestres e Comunitários – APMC , como
uma entidade criada e dirigida pela comunidade que, de forma livre e consciente
decide enfrentar os problemas no seu meio, procurando encontrar soluções que
revertam em benefício da escola, do educando e da comunidade”. (Entrevista
realizada em agosto de 2003).
Sua composição parece ser democrática e tem também como objetivo,
somar esforços em função de resultados positivos para a escola e para a
comunidade.
Com base no depoimento de um pai de aluno, a Associação de Pais,
Mestres e comunitários – AMPC :
“Contribui para a educação, principalmente no que diz respeito à disciplina
e prepara nossos filhos para enfrentar a sociedade através de uma maior
conscientização”. (Entrevista realizada em agosto de(2003).
25

Na Associação de Pais Mestres e Comunitários – AMPC, a comunidade


colabora para a construção de várias atividades, como: o projeto pedagógico,
seminários, palestras e encaminhamentos de reivindicações de interesse da
escola e da comunidade.
A Associação de Pais, Mestres e Comunitários – AMPC, favorece a
comunidade em muitos aspectos tais como: trabalho de conscientização no
sentido de que a Escola pertence à comunidade, e para isso, é preciso mantê-la
em boas condições de uso. Através deste fortalecimento, a AMPC amplia o seu
papel como espaço de articulação comunitária, integrando os segmentos
produtivos da comunidade em esforços de educação profissional, preparando os
alunos para o mercado de trabalho, e encaminhando aos órgãos governamentais
as decisões coletivas sobre julgar prioritário para a qualidade de ação
pedagógica.
Uma Associação de Pais, Mestres e Comunitários – AMPC, deverá ser um
órgão vivo dentro da escola, expandindo de maneira positiva as suas atividades,
como resposta aos anseios de cada membro envolvido, e, para que o trabalho
aconteça, se faz necessário que acreditemos em sua validade e importância.
A Associação de Pais, Mestres e Comunitários – AMPC, constitui
instrumento legal para angariar recursos financeiros e materiais de outras fontes
de recursos, tais como: comunitários, empresas, receber doações de pessoas
físicas e jurídicas, podendo inclusive realizar campanhas, tudo isto, em função da
melhoria da educação.
A iniciativa de criação de uma Associação de Pais, Mestres e Comunitários
– APMC, deve estar vinculada à própria necessidade da comunidade participar,
de forma efetiva e organizada, da vida da escola, cuja ação comunitária deve
refletir positivamente na ação educativa. Neste sentido, é necessário promover
reuniões, até que, formado um grupo permanente de trabalho, esteja realmente
consciente da real necessidade da criação da associação. Em seguida é criada
uma comissão provisória, sendo definido de imediato um presidente, um
secretário e um tesoureiro.
A partir daí, há uma série de procedimentos, inclusive a comissão poderá
contar com a ajuda dos membros da Secretaria de Educação.
A comissão provisória escreve o Estatuto; podendo utilizar, inclusive como
modelo, outros Estatutos de outras Associações, registrando, no Estatuto, as
finalidades da Associação, dos poderes, das responsabilidades dos seus
diretores, e dos direitos e deveres dos associados.
Uma Associação de Pais, Mestres e Comunitários – APMC é composta dos
seguintes membros: Diretoria, onde se tem, o Presidente, Vice-Presidente,
Secretário geral, 2º Secretário, Tesoureiro, Diretor Social, Diretor Cultural e
Diretor de Esportes, e o Conselho Fiscal tendo como membro principal o
Presidente, membros efetivos e suplentes. Toda esta composição hierárquica
desenvolve suas atividades em conjunto, e para cada, o mandato é por um
período de um ano. Terminado o mandato realiza-se nova eleição.
Em se tratando da parte cultural este setor é muito importante dentro de
uma Associação de Pais, Mestres e Comunitários – APMC, pois segundo
depoimento do Diretor Cultural:
“ O setor cultural de uma Associação, em sua 1ª fase, busca oportunizar a
sua clientela um conhecimento cultural, voltando aos traços característicos da
nossa região, apoiando-se em excursões, palestras, gincanas, visitas a museus e
arquivos, slides, Academia Artística e Cultural, etc. Tudo isto de maneira bem
26

integrada e também, como objetivo de resgatar a nossa cultura que está quase
morta”. (Entrevista realizada em agosto de 2003).
É também de competência da Comissão Provisória providenciar o livro de
Ata, onde deverá ser registrada, em primeiro lugar, a Ata de Fundação da
Entidade. Documento formal de constituição, onde estão lançados direitos e
obrigações, é assinada pelo secretário, em seguida, pelos sócios e contribuintes.
A Comissão Geral convoca a Assembléia Geral de fundação, a partir da
distribuição do Edital de Convocação, com data e local definido. Nesta mesma
reunião o Estatuto deverá ser lido, discutido e aprovado pelos presentes, e em
seguida é feita a eleição da primeira Diretoria e do Conselho Fiscal. Vale ressaltar
que o cargo de presidente é exclusivo de pais de alunos.
Para o registro da APMC, se faz necessário que a diretoria mande publicar
o resumo do Estatuto no Diário Oficial do Estado ou Município, e, em seguida, o
registro deve ser feito em cartório. Só assim, a Associação estará apta ao seu
funcionamento.
Fundada a Associação de Pais, Mestres e Comunitários – APMC a diretoria
deverá planejar o trabalho para o seu mandato, fazendo em primeiro lugar um
diagnóstico da realidade que se pretende trabalhar, dando prioridade aos
problemas mais urgentes.
Um outro ponto fundamental é o planejamento dos trabalhos para a
Diretoria eleita, tendo como base as prioridades definidas e as decisões coletivas.
Não se pode fazer um trabalho com eficiência se não houver em primeiro lugar
um planejamento, e, posteriormente a execução do que ficou definido como
prioridade. É importante que, nesta etapa, o trabalho seja participativo, não se
deve monopolizar as atividades, para que, o trabalho seja cada vez mais
democrático.
“A democracia baseia-se num imaginário formado na possibilidade de uma
nova comunidade política, aberta a pluralidade dos discursos e ações políticas e
fazendo com que cada indivíduo possa igualmente participar da condução dos
negócios públicos”. Rosenfield (1990; 46).
Daí que, quando se pensa em fazer um trabalho democrático, é importante
lembrar e garantir os princípios democráticos; é necessário ressaltar a
importância de manter os associados informados de todo o trabalho realizado no
dia a dia, inclusive, a questão financeira, porque só assim a comunidade exercita
e acompanha as atividades as quais lhe competem. Por isso, a democracia
significa o direito de participação de todos, e isto está previsto na formulação e
estruturação de uma Associação de Pais, Mestres e Comunitários – APMC.
A Diretoria da Associação poderá criar Comissões de Trabalho que
servirão para realizar tarefas específicas ou atribui competências aos
Departamentos criados e que farão parte da própria estrutura da Associação.
Dentro de uma Associação de Pais, Mestres e Comunitários têm-se,
também uma etapa importante que é a Avaliação, porque é através desta
avaliação que se pode partir para novas instâncias.
Revisar é retomar o que foi feito e submetê-lo à crítica. É voltar para trás
pensando, escutando e refletindo. Nesta volta o grupo terá oportunidade de
avaliar o que foi feito, reconhecendo os acertos e os erros, verificando os ganhos
e os erros e acumulando saldo para a sua história.
1.1 O Projeto da Associação de Pais, Mestres e Comunitários – APMC
nas Escolas
27

Historicamente, a Secretaria de Educação do Estado do Ceará – SEDUC,


vem procurando encontrar uma forma democrática e organizar o trabalho
administrativo nas escolas.
No ano de 1980, foi iniciado um projeto com o título de: “Organização e
Dinamização de Associação de Pais, Mestres e Comunitários – APMC’s”, tendo
como parceria o Movimento Universitário de Desenvolvimento Econômico e Social
– MUDES. Esse projeto foi aplicado nas escolas, mas dessa iniciativa somente
algumas Associações sobreviveram, reiterando a validade e a necessidade de
articular a escola pública com a comunidade.
Em 1989 o antigo projeto volta à Secretaria de Educação do Estado do
Ceará – SEDUC, agora com uma nova perspectiva sob o título de “Apoio a
Organização e ao Fortalecimento das Associações de Pais”. Nessa nova fase, a
Secretaria da Educação – SEDUC, coletou dados através de depoimentos de
diretores de escolas que participavam desta experiência. Por outro lado, ouviram
professores da rede estadual, assistentes sociais e técnicos da FAZ (Fundação
da Ação Social), antiga FUNSESCE, através de um seminário que reuniu 120
participantes, coletando daí as informações para elaboração dos projetos das
APMC’s. No mesmo ano foi elaborado o Plano de Mudanças do Governo do
Estado, que explicita, em suas metas que a comunidade deverá conceber a
história como um bem público a seu serviço, exigindo um bom terreno,
fiscalizando sua execução e controlando os seus resultados, fortalecendo ainda
mais o projeto.
Atualmente, em decorrência das metas prioritárias, traçadas pelo Projeto
Escola Pública, a Secretaria de Educação vem criando mecanismos para
instaurar uma administração participativa nas Escolas Públicas do Estado do
Ceará, tendo como objetivo principal o envolvimento da comunidade escolar com
a comunidade externa, desenvolvendo uma postura de respeito à convivência, à
solidariedade e à coletividade.
O planejamento participativo como um instrumento da gestão democrática
é capaz de engajar vários segmentos da escola e da comunidade em função de
objetivos comuns.
“Ele se desenvolve dentro de um processo eminentemente político, criativo,
crítico, preocupado em transmitir conhecimentos integrados e inferidos a partir da
realidade individual e social de cada educando e da comunidade em que vive”.
Viana (1986; 39).
A SEDUC vem procurando criar condições objetivas, isto é, trazer a
comunidade para dentro da escola e juntos, reverter o quadro caótico da escola
pública, tendo em mente uma administração participativa contribuindo para o
exercício concreto de cidadania plena.
Ainda baseada nos princípios do pleno de Governo do Estado e em
experiências anteriores, a Secretaria de Educação concebeu o projeto de Apoio a
Organização e Fortalecimento das APMC’s propondo ações integradas entre
escola – comunidade para tornar o processo educativo mais eficiente. Os
princípios fundamentais do projeto são:
“A escola deve, entre outras coisas, preparar o aluno para o trabalho, para
a participação comunitária e para o exercício da cidadania”;
A comunidade deve participar da gestão da escola, inclusive ser co-
responsável na busca de soluções para os seus problemas. (DOC. SEDUC.
28

Projeto de Apoio à Organização e ao Fortalecimento das Associações de Pais,


Mestres e Comunitários – APMC’s)”. (1991; p.2).
Tendo como base estes princípios, as Associações de Pais, Mestres e
Comunitários – APMC’s passou a ser considerada como entidades colaboradoras
da escola, funcionando na própria unidade escolar, sendo compostas de pessoas
da escola e da comunidade que queiram livremente se associar.
A Secretaria de Educação junto às escolas vem trabalhando no sentido de
fazer um elo de ligação entre comunidade e escola com a finalidade de ajudar ao
educando dando-lhe uma maior assistência.
“Atualmente, em decorrência das metas prioritárias traçadas pelo governo,
tem como pressuposto básico o envolvimento dos professores, especialistas,
alunos, pais e comunitários, desenvolvendo uma postura de respeito a
convivência, à competência, à solidariedade, à seriedade, aos encontros, a
organização, ao compromisso, ao empenho individual e à prática de cooperação,
a individualidade e à coletividade. A comunidade deverá conceber a escola como
um bem público a seu serviço, exigir um bom ensino, fiscalizar sua execução e
controlar os seus resultados”. (Depoimento realizado em agosto/003 de uma
funcionária da Secretaria de Educação)”.
A educação só pode ser provida por educados, necessita de uma estrutura
complexa para atender a uma população imensa de hiposuficientes e carentes. A
grande dificuldade é fazer a integração da massa de educados (gestores,
professores, etc.) com os educandos (alunos).
Por que?
No mundo dos educados a miséria é agressão e no dos educandos é
cotidiano. Tudo é, portanto, diferente. Até a língua que falam não é a mesma.
O educado sente e sabe que a luta é pagar imposto para manter a
educação pública, embora seus filhos dela não participem. Para que se eduquem
necessitam de professores particulares, cursos especiais e principalmente de
colégios e universidades caros.
A família brasileira se debate na carência de salários insuficientes para
manter a educação necessária a seus filhos e o Estado cada dia mais se afasta
da obrigação constitucional.
Tudo que é público é uma lástima, ou por insuficiência ou por
incompetência.
Por que?
Os educadores passam a vida a perder. Perdem a juventude estudando
demais. Perdem o casamento por trabalharem demais e perdem os filhos por não
os poderem atender de forma própria.
A concorrência obriga a todos.
Por que dar aos filhos dos outros, na educação pública, gratuita, as
condições de concorrer com o seu próprio? Aquele por quem investiu toda sua
vida?
A participação de novos atores na gestão escolar, a descentralização do
poder e a delegação de responsabilidades precisam ser compatibilizadas com a
reorganização e o fortalecimento dos órgãos colegiados de gestão. A liderança do
gestor é fundamental na implementação de ações compartilhadas. As ações de
gestão democrática trazem consigo uma concepção educativa que valoriza a
autonomia da escola e dos sujeitos que a fazem.Destaca-se a importância da
participação dos alunos nos processos de tomada de decisão na escola e garantir
a mobilização da comunidade local e escolar na construção da autonomia e da
29

participação. Esses processos ajudam a formação de cidadãos e a promover uma


educação de qualidade para todos.
A comunidade vai à Escola através da Associação de Pais, Mestres e
Comunitários.
A luta por uma educação de qualidade ganha espaço. De acordo com a
nossa constituição de 1988 a educação corresponde a um dever do Estado, é um
direito das famílias garantir que todas as crianças em idade escolar estejam
matriculadas na escola. Mas para que isso aconteça, é dever das famílias
cooperar nesse processo, assumindo-o uma questão de prioridade e não
responsabilizando apenas o Estado.

No Brasil , o Estado , de certa forma, faz o que quer com a população . E
por isso , por exemplo, nega a educação básica, com a mesma tranqüilidade
com que coloca na Constituição que todos tem direito a ela “.
Pedro Demo (1687 p 57)

Aos poucos, com o processo de democratização da sociedade a


comunidade vem assumindo uma nova postura diante do Estado no que se refere
à política educacional. É bom frisar segundo Godotti.

“ O sistema educacional de um país é um alongamento de um sistema


social e político. Em conseqüência não poderá estar mais “atrasado” ou
“adiantado” do que este. As contradições existentes na sociedade serão
reproduzidas de mesma forma, no sistema educacional. O autoritarismo na
educação e na escola será do mesmo teor daquele e na sociedade”. (1985, p 83)

A iniciativa da comunidade na vida escolar deve ser buscada e ate mesmo


facilitada pelo poder público. Não como forma de transferir as responsabilidades,
mas incentivando-a e conscientizando-a da necessidade de uma escola de
qualidade.
A família é um,a instituição fundamental da nossa sociedade. Daí ser
importante a escola dividir com a comunidade as responsabilidades da educação
dos jovens.

Podemos observar que a comunidade, atualmente, está cada vez mais


envolvida direta e/ou indiretamente com a escola. Foi o que constamos quando
ouvimos o depoimento de uma pessoa da comunidade, por ocasião da pesquisa
de campo.

“ Foi muito importante a idéia dos governantes na criação desse projeto de


Associação de Pais, Mestres e Comunitários – APMC, pois antes a gente tinha
medo de chegar na escola e falar alguma coisa, porque o Diretor era muito
autoritário, hoje é bem melhor, nós damos as nossas opiniões e a escola também
nos chama para participar dos problemas da escola”.
(Questionário realizado em abril/95)

Com as mudanças ocorridas na sociedade e com o processo de


universalização da escola, a comunidade começou a ser chamada a participar
através das Associações de Pais, Mestres e Comunitários – APMC’s, onde ela
está sempre presente, participando e contribuindo para que o aluno seja
30

acompanhado de perto pelo dois segmentos, escola e pais, havendo assim uma
integração escola-comunidade, com o objetivo de somar esforços e assim a
escola poderá caminhar com mais firmeza.
Atualmente, a escola pública vem deixando de ser “depósito” de crianças e
passa a ter outras funções que é a participação, ou seja, a escola de hoje não
trabalha sozinha, pois de uma forma consciente tenta refletir com os outros pais,
através de reuniões, questões que mais afligem a escola e juntos buscam as
saídas para os problemas.

Outro depoimento de uma pessoa da comunidade ressalva que :

“ A Associação de Pais, Mestres e Comunitários – APMC é um veículo que


irá nos dar subsídios para se fazer um trabalho sério de ajudar na escola em
todos os aspectos, não só criticando, mas um trabalho que beneficie toda a
comunidade, pois sabemos que a escola é nossa e devemos zelar por ela”.
(Questionário realizado em maio/95)

De acordo com o presidente da APMC na Escola de Ensino Fundamental e


Médio Antônio Dias Macedo, o surgimento da Associação deve-se aos próprios
anseios da comunidade:

“ Sempre em uma comunidade surge a insatisfação das pessoas no que


diz respeito à Escola, e aqueles pais mais esclarecidos tentam ajudar a escola,
então a idéia de criarmos uma associação surgiu da própria necessidade da
comunidade".

Um outro aspecto importante na entrevista se refere a reação da APMC


com a direção da escola:

“ Sabe-se que a escola tem medo d trazer a comunidade para dentro dela
pelo fato do Diretor querer mandar sozinho, mas quando a direção nos da
abertura, o trabalho torna-
se muito bonito, porque o objetivo da Associação é ajudar a escola”.

De acordo com o depoimento de um membro da comunidade:

“ Na escola Antônio Dias Macedo, a comunidade está sempre sendo acolhida


pelo diretor, ela senta discuti e conscientiza a comunidade junto a nós da
comunidade”.

Observa-se que à medida que a comunidade participa mais da escola, a


educação tende a ser mais democrática. Segundo o presidente do Conselho
Fiscal da APMC:

“ A comunidade na escola faz com que exista uma consciência democrática


por parte de todos e com esta democratização o trabalho torna-se mais eficiente”.

Com relação aos professores, apesar de ser um grupo heterogêneo, a


maioria acha viável a idéia da Associação fazer um trabalho participativo junto á
31

Escola. Quanto ao relacionamento um professor entrevistado respondeu que a


necessidade de:

“ Mais diálogo, as informações serem passadas e discutida com mais


interesse, para que o trabalho se torne um trabalho prazeroso e mais eficiente”.
(Entrevista realizada em junho/95).

Outro professor informa que:

“ Muitas vezes as informações não são passadas de maneira coletiva, mas


o trabalho da Associação dentro da Escola é muito proveitoso, acho que toda
escola deve ter a Associação de Pais, Mestres e Comunitários”.

A escola precisa sempre estar criando coisas novas e atualizadas para que
seus alunos se tornem cidadãos críticos e preparados.

“ No decorrer da pesquisa perguntamos aos professores quais seriam as


inovações trazidas pela APMC para a escola”.

Alguns responderam que:

“ A AP`MC de maneira geral mantém a escola e a comunidade informada


de tudo: educação, saúde, direitos e deveres conscientizando-os”.

Outros em seu depoimento acham que:

“ A APMC trás várias inovações, principalmente na parte cultural, com a


promoção de palestras e seminários”.

Quanto à opinião dos alunos sobre a Associação de Pais, Mestres e


Comunitários – APMC, a maioria acha muito importante às reuniões realizadas da
Associação com a escola; senão vejamos:

“ Para mim é muito importante, porque, numa dessas reuniões, nós


conseguimos resolver alguns problemas mais solicitados pela escola”.

Um outro aluno em seu depoimento nos respondeu:

“ Estas reuniões são muito importantes porque mostramos as nossas


satisfações com o fardamento, porque em primeiro lugar está a educação e só
depois se pensa em na farda”.

“ Essas reuniões são muito importantes para sabermos como é que vai o
aluno e serve para especificar os problemas que a escola pública enfrenta, e
juntos buscar soluções dentro da própria (APMC) para que possa ter uma escola
um pouco melhor, é muito importante como se dá o processo educativo da
escola”.

Dentre os problemas que a APMC discute destacam-se a falta de


professores, carência de material pedagógico, o comportamento dos alunos, o
32

saneamento da escola e outros. Todos estes problemas são muito importantes


mas através do depoimento dos alunos e dos pais observamos que o problema
fundamental e que precisa ser resolvido com bastante urgência e, a carência de
professores, pois a escola não funciona só com os alunos.
Para resolver esses problemas, principalmente a carência de professores,
a diretora, da Escola Antônio Dias Macedo, nos respondeu que:

“ Junto a APMC fazemos um documento e enviamos à Secretaria de


Educação, quando a solicitação não é atendida, e existe algum dinheiro da
APMC, ou através de vendas de alguma coisa, nós arrecadamos o dinheiro e
pagamos ao professor para que seja suprida a carência, é o caso de alguns
professores”.

Sabemos que o alunado prima por uma educação de qualidade e


principalmente uma educação onde possa ter a liberdade de pensamento, de falar
o que pensam de maneira consciente. Quer conteúdos novos, sem método
tradicional, segundo depoimento de um aluno.

“ A comunidade dentro da escola representada pela APMC, da aos alunos


uma maior segurança pois eles passam para APMC seus anseios exigindo
soluções e que a APMC contribua entre outros aspectos com educação
participativa”.

Segundo o depoimento de um professor, ele nos respondeu que:

“ Através da comunidade a escola tem a oportunidade de favorecer aos


alunos a desenvolver o seu lado crítico e participar ativamente para a melhoria do
ensino, inovando dialogando, integrando o corpo discente e os pais na escola”.

O trabalho desenvolvido por intermédio da APMC só terá bons resultados


se realmente houver uma integração entre a escola e a comunidade.É
fundamental que se saiba que a escola não é um órgão isolado do contexto global
da comunidade a que serve. É necessário que se faça a articulação entre ambas
como forma de garantir que as ações estejam voltadas para a comunidade como
um todo.
Quando a escola trabalha junto à comunidade observa-se que há uma
riqueza muito grande para os nossos alunos, pois a comunidade participa dando
sugestões, procurando desenvolver no aluno uma conscientização voltada para
os interesses da escola. Através de questionário realizado com os alunos em
maio/95, eles nos falaram da importância da comunidade para a escola.

“ Se nossos pais estão sabendo como se dá o processo educacional de


uma escola, ele irá ter condições de nos orientar melhor, nos aconselhando e
mostrando o melhor para o aluno e até ensinando a seu filho ns tarefas, como é o
caso dos alunos das séries inicias, e também nos faz criar mais
responsabilidades”.

Observamos que o trabalho comunitário é muito valioso dentro da escola


como solução para o crescimento da própria escola e da comunidade, pois a
33

comunidade ajuda a escola e a escola contribui com o saber para os filhos da


comunidade.

A escola de Ensino Fundamental e Médio Antônio Dias Macedo criada pelo


decreto nº 11.493 de 17/10/75 está situada à Rua Júlio Braga, s/n, Parangaba, e
a atende a comunidade de Parangaba e circunvizinhos. Ela atualmente possui um
total de 3.800 alunos, e funciona nos quatro turnos, manhã, intermediário, tarde e
noite, atendendo desde as séries iniciais até o 3° ano do 2º grau. Seu quadro de
professores é composto de 104 professores e 28 funcionários.
A Secretaria de Educação do Estado – SEDUC, objetivando dar maior
integração entre a escola, pais de alunos e professores, instituiu em 1982 o
projeto APMC, com a incumbência de implantar uma gestão mais participativa,
nas escolas do Estado.
Anteriormente a Escola Antônio Dias Macedo, tinha uma direção onde a
comunidade não participava. Em dezembro de 1982, a Escola de 1° grau Antônio
Dias Macedo realizou eleições e formou sua primeira diretoria. Elaborou-se
também seu estatuto sob a coordenação de uma Assistente Social da SEDUC
que explicou seus objetivos e sua finalidade básica, qual seja o estimulo a
integração entre a escola e a comunidade em prol do desenvolvimento da
educação, estando suas ações voltadas para a melhoria das condições de
assistência ao educando.
Para que fosse escolhida a primeira diretoria da APMC, foi feita uma
reunião de apresentação das chapas para concorrerem à eleição.
Logo depois, em novembro/82, foi realizada a eleição e em seguida
aconteceu a posse da Diretoria. Para a escolha co nome da Associação em
reunião com todos presentes, foram lançados vários nomes de pessoas
importantes mas por unanimidade foi escolhido o nome da Diretora da Escola,
ficando a Associação de Pais, Mestre e Comunitários – APMC – Professora Lady
Lima Vera.
Antes da implantação da Associação de Pais, Mestres e Comunitários
APMC, a comunidade se encontrava bastante desarticulada junto à escola. É o
que afirma o depoimento da diretora:

“ Quando fui chamada para trabalhar na Escola Antônio Dias Macedo, eu já


trabalha junto à comunidade externa em outra escola, chegando aqui, observei a
comunidade totalmente distanciada da escola. Comecei a me preocupar e através
de palestras, seminários, visitas as residências, distribuição de benefícios como o
tiquete de leite que foi a primeira escola pública a fazer a referida distribuição, e
assim fomos engajando a comunidade na Escola”. (Entrevista realizada em
maio/95 ).

De acordo com o documento enviado à Secretaria de Educação –SEDUC


pela Associação de Pais, Mestres e Comunitários-APMC Professora Lady Lima
Vieira, observa-se que a comunidade ainda não estava totalmente engajada na
escola, o citado documento faz uma exposição de motivos e pede a autorização
para que seja ampliada esta Associação com a finalidade de atingir também de
forma direta aos moradores do bairro de Parangaba, tendo em vista o bairro ser
de grande importância para o município, e não ter nenhuma entidade que o
represente.
34

“ Nós reunimos e criamos a Associação distrital e assim Parangaba está


muito bem representada hoje”.(Depoimento da diretora em maio/95).

A Associação de Pais, Mestres e Comunitários APMC- Professora Lady


Lima Vieira, tem por objetivo favorecer a integração Escola-Família-Comunidade,
em função da melhoria da ação educativa, notadamente no que diz respeito à
assistência ao estudante d 1° e 2° graus da Unidade Escolar.
O Regimento Interno da Escola criado em 1980 nos diz o seguinte:

Art.67- A Associação de Pais, Mestres e Comunitários- APMC, será


organizada na escola sob a orientação de uma técnica da Coordenação de
Assistência ao Estudante (CAE) e com a participação dos diversos interessados
da comunidade e da escola.
Art.71- Todos os pais d alunos matriculados, terão os mesmos direitos e
deveres com relação à comunidade escolar.
PARÁGRAFO 1- São direitos dos pais:
a) receber orientação necessária sob o funcionamento da escola;
b) comunicar à escola qualquer irregularidade observada;
PARÁGRAFO 2- São deveres dos pais:
a) cooperar com a direção da escola e os professores no sentido de
promover um melhor ajustamento emocional, intelectual e social do aluno;
b) participar da Associação de Pais, Mestres e Comunitários – APMC;
c) comunicar a escola à impossibilidade de comparecer às reuniões ou
entrevistas;

Art.72- São atribuição da Associação de Pais, Mestres e Comunitários –


APMC:
a) mobilizar recursos humanos, materiais e financeiros da comunidade para
assistência ao estudante e a melhoria da escola;
b) encaminhar o plano anual de atividades e os relatórios semestrais a
Coordenação de Assistência ao Estudante;
c) manter atualizado o serviço contábil da escola “.

O prazo do mandato para cada diretoria da APMC é de ano sendo feita


nova eleição e escolhido novos membros.
Perguntamos aos professores sobre a contribuição da APMC para a Escola
e para os alunos. Um deles respondeu o seguinte:

“ A APMC trás vários benefícios para a escola em relação a melhoria da


escola, em relação ao aluno, a APMC nos ajuda a fazer um trabalho mais
conscientes com os nossos alunos, pois a APMC parece que desperta no aluno a
consciência crítica, pois em tudo Ana escola os alunos estão de dentro,
participando, dando opiniões, criticando e buscando soluções”.
Dentro da Associação de Pais, Mestres e Comunitários –APMC Professora
Lady Lima Vieira existem os seguintes cargos Diretoria:Presidente, Vice-
Presidente, Secretário Geral, 2º Secretário, Tesoureiro, Diretor Social, Diretor
Cultural e Diretor de Desportos. O Conselho Fiscal é composto pelo: Presidente,
Membros Efetivos e Suplentes.
O cargo de presidente é privativo de pai de aluno, enquanto que o cargo de
presidente do Conselho Fiscal é privativo da Diretora da Escola. Aos demais
35

cargos poderão concorrer: pais de alunos, professores, funcionários da escola e


alunos maiores de 18 (dezoito) anos. Para concretização da eleição é escolhida
uma comissão eleitoral, e as eleições são realizadas através de voto direto e
secreto.
O Departamento Cultural cuida de toda parte cultural e, no decorrer deste
trabalho, procura acrescentar conhecimentos gerais, para uma melhor visão da
integração cultural regional e nacional, promovendo assim concursos, gincanas,
academias cultural, curso de violão, curso de flauta e curso de acordeon, sendo
realizado ainda, palestras, seminários e outros.
Segundo o depoimento do Diretor Cultural realizado em julho/95:

“ Este setor é muito importante e nós temos uma grande responsabilidade


quando vamos promover um evento,pois tem que ser uma coisa que seja de
interesse ou então nós teremos que fazer com que o evento torne-se
interessantes para os alunos e para a comunidade”.

Os alunos nos responderam que a APMC é de grande valor para a escola.

“ Nossa Escola Antônio Dias Macedo é conhecida como a Escola da APMC


ou escola liberal, mas a escola nos dá liberdade com responsabilidade aqui a
diretoria não é autoritária, porque ela faz um trabalho em conjunto, ela não
administra sozinha, nós juntos aos nossos pais é que fazemos a escola”.

Em se tratando do plano de trabalho da APMC nos anos de 1990 a 1994,


observa-se que o principal objetivo da APMC foi aproximar a escola-família e
comunidade com o intuito de buscar a melhoria da educação e assistência ao
aluno e levar à comunidade a fazer uma reflexão de suas potencialidades bem
como a importância de assumirem seus problemas em busca de soluções
coletivas.
A avaliação das atividades da APMC é feita de maneira continua e esta
avaliação não deve ficar restrita à diretoria da Associação e nem à direção da
escola, deve expandir-se a toda escola e a comunidade para que se possa sentir
as mudanças ocorridas e servir como estímulo ao prosseguimento dos trabalhos.
De acordo com a Diretoria da escola:

“ A Associação nos dá uma ajuda muito grande na escola principalmente


nas tomadas de decisões é a peça fundamental”.

Em se tratando das dificuldades encontradas pela Associação a diretoria


nos respondeu em sua entrevista que:

“ A Associação também enfrenta muitas dificuldades, alguns membros,


com o passar do tempo ficam desmotivados, devido esperar muito da Secretaria
de Educação”.

Ainda em sua entrevista perguntamos, qual seria o momento em que a


APMC mais participa e o momento que menos participa.
36

“ Ela participa de tudo, até para se transferir um aluno nós pedimos opinião
ao melhor comunicamos a Associação. A APMC contribui para uma educação
conscientizada e participativa”.

A visão do professor no que diz respeito a APMC é bem variada como


retratou a diretora:

“ Como em todos as instituições existem aqueles menos interessados que


desconhecem a importância da APMC, mas se não conhecem é porque não
querem”.

Perguntamos à Diretora, se integrando a comunidade-escola, ela consegue


romper com o esquema que impede na maioria das escolas ela nos respondeu
que:

“ Nós trabalhamos para o engrandecimento do aluno da comunidade


escolar, com a chegada da APMC na escola, o pai sente-se mais participativo
pelo fato de ter representantes deles junto à direção”.

Com relação ao autoritarismo que observamos até hoje nas escolas


públicas, a diretora nos disse que isso ocorre porque:

“ Os pais não conhecem a instituição na qual os sues filhos passam muitos


anos, a escola, nas atividades que as mesmas desenvolvem para os pais, nas
reuniões de pais e mestres os professores não lhes faltam sobre o trabalho que
desenvolve junto ao aluno, é como se a educação só fosse feita com os alunos”.

O que se observa é que quando há a integração família-escola, o


aprendizado do aluno de maneira geral é bem mais satisfatório, pelo fato da
escola se colocar dentro do contexto familiar, tentando resgatar a cultura familiar
em prol da escola.
No intuito de trazer a comunidade para a escola, o governo do Estado
resolveu decretar a eleição para Diretores das Escolas Públicas, onde
participaram, alunos, professores, funcionários e a comunidade através de eleição
direta. O processo eleitoral foi realizado, por uma Comissão Escolar onde foi
escolhidos dois membros de cada seguimento. Observou-se que houve uma
receptividade muito grande da comunidade em participar das eleições.
Perguntamos a um técnico da SEDUC, qual seria o relacionamento da
eleição para diretores com a APMC, ela nos respondeu que:

“ A eleição é um embrião da APMC, a eleição veio como um fortalecimento,


o que acontecia, na maioria das vezes, era que na Escola existia a APMC, mas a
própria escola não deixava a comunidade participar, talvez por apenas no
documento da SEDUC que falava da APMC. Com a eleição tivemos a
comunidade ao vivo participando”.

Neste capítulo pretende-se caracterizar o processo de gestão participativa


na Escola de Ensino Fundamental Antônio Dias Macedo, dando ênfase ao
37

trabalho da comunidade nas escolas, bem como dos vários segmentos sociais
que formam a comunidade escolar.

Historicamente sabe-se que no Brasil, não há cultura participativa. Pode-se


supor que tal comportamento seja provocado por uma sociedade autoritária, que
conviveu com regimes autoritários que muitas vezes impede que os sistemas
básicos de educação se desenvolvam.

Num país sem tradição de política participativa exige muito trabalho.

“ A participação e a democratização num sistema público de ensino e a


forma mais prática de formação da cidadania. A educação para a cidadania dá-se
na participação no processo de tomada de decisões. A criação de Conselhos de
escola represente uma parte desse processo. Mas, eles fracassam se forem
instituídos com medidas isoladas e burocráticas. Eles só são eficazes num
conjunto de medidas que vise a participação e a democratização nas decisões”.
(Godotti,1992, p.45)

Uma administração participativa não ocorrerá espontaneamente,


principalmente no âmbito da escola. Ela deve ser provocada, procurada, vivida e
aprendida por todos que pertence à comunidade escolar, ou seja, diretores ,
técnicos, professores, alunos, pais e comunidade em geral. “ A população precisa
sentir prazer em exercer os seus direitos ”.( Godotti; 1992, p.50 ).

“ É fundamental reconhecer que a escola não é um órgão isolado do


contexto global da comunidade a que serve. Faz-se necessário promover a
articulação entre ambas, como forma de garantir que as ações desenvolvidas
estejam voltadas para as necessidades da comunidade”.

“ A escola para alcançar seus objetivos necessita manter boas relações


não apenas com seu público interno, mas também com seu público externo ”
(Pais Associações) Gritos meus”.

A opção por uma administração participativa proporciona a eliminação do


autoritarismo centralizado, possibilitando a participação dos diferentes segmentos
através da criação dos colegiados, Conselhos Escolares, Associação de Pais,
Mestres e Comunitários e Grêmio Estudantil, na tomada de decisões e sobretudo,
fortalecendo as lideranças da escola em relação ás normas emanadas dos órgãos
administrativos ou em relação a qualquer dificuldade que a escola possa
enfrentar.

“ A administração colegiada ao se firmar na decisão coletiva, constitui-se


em efetivo espaço de comprometimento dos membros da comunidade
escolar com o projeto político-pedagógico a ser assumido”.

A administração colegiada trás consigo uma perspectiva de transformação


da educação e pode ser considerada como forma de combate à seletividade, à
38

discriminação e à desqualificação do ensino. Constituindo assim, como principal


elemento de democratização do espaço escolar.

“ A instituição da administração colegiada, ao requerer a participação de


toda a comunidade escolar nas decisões do processo educativo, democratiza as
relações que se desenvolve na escola, contribuindo para o aperfeiçoamento de
sua ação administrativa e pedagógica. Se o colegiado é entendido como instância
de análise e decisão de questões relativas ao processo educacional, torna-se
evidente que ao mesmo tempo compete às deliberações a respeito da proposta
educativa a ser concretizada pela escola”.

Todo processo de atividade de uma organização deve passar numa


dinâmica de diálogo, de participação, e de descoberta das potencialidades dos
elementos. O mais importante é retirar o máximo de proveito das lições de cada
prática realizada, mas isso só poderá ser realizado se houver a participação de
todos

“ O órgão coletivo de decisões e de análise dos problemas da escola. É a


superação da prática do individualismo e o grupismo, o colegiado representa uma
mudança tanto nos processos de tomada de decisões administrativas e
pedagógicas, como nas formas de relacionamento com a sociedade e com os
órgãos superiores da administração educacional”.( Neidson Rodrigues )

Podemos observar que uma escola com a administração colegiada impõe


uma nova organização e um novo compromisso de seus integrantes. Através
desse novo modo de trabalhar o processo educacional na escola, podemos
redimensionar a especificidade da tarefa pedagógica para também renova-la,
reorientando o modo de planeja-la e realiza-la.
Os processos participativos são lentos, desiguais, precisam ser
conquistados e variam de acordo com quem os realiza: alunos, pais, professores
e comunidade. Muitas experiências morrem por falta de participação, muitas
vezes devido à resistência de professores que a consideram mais uma atividade
suplementar não remunerada. Outra, pela ausência progressiva dos pais, muitas
vezes ocasionada pela falta de objetividade nas discussões. Participar por
participar é a forma mais certa de “matar” a participação.
Com base em observações feitas na Escola Antônio Dias Macedo,
percebe-se que a experiência de uma gestão participativa é feita através da
objetividade nas discussões, do chamado para que possa fazer uma escola onde
o processo escolar aconteça com a participação de todos, tendo em vista que
para a execução de uma gestão participativa é necessário primeiro um trabalho
que envolva todos os membros desde a comunidade interna, como um todo, até a
comunidade externa, é preciso manter família-escola num processo que atenderá
as reivindicações dos alunos, seus familiares e grupos sociais. Não se pode
realizar um trabalho participativo sem a participação da comunidade e seus
representantes num trabalho integrando por objetivos e fins comuns. Para que
esse trabalho fosse executado foi preciso acreditar na comunidade em sua
disponibilidade e sua criatividade e assim a comunidade foi se aproximando da
escola de maneira bem sutil, e hoje podemos observar que a escola trabalha
diretamente com a comunidade em todas as suas decisões, não podendo
caminhar mais sozinha, sem sua presença.
39

De acordo com o depoimento de um membro da comunidade:

“ A escola Antônio Dias Macedo através do diretor aproximou, ou melhor


chamou a comunidade a se fazer presente na Escola que é segunda casa dos
nossos filhos e assim podemos conhecer melhor como os nossos filhos são
educados e até nos sentimos mais seguros”(Questionário realizado em
maio/2000)

“ A educação dentro de uma perspectiva participativa ou libertadora deve


conduzir a uma cultura consciente que liberte o homem da ignorância, abrindo
seus horizontes para os valores primeiro da vida, oferecendo-lhes oportunidades
para maior capacidade de crítica, reflexão e atividade criadora”.( Segundo Ilca
Oliveira )

Considerando-se que a responsabilidade da escola é parte das


responsabilidades da sociedade, cabe à escola, ajustar seus rumos para se
empenhar de modo consciente na promoção do homem, pois a comunidade
escolar no contexto da sociedade, como parte e instrumento de seu
desenvolvimento educacional e cultural, exige que escola seja uma comunidade
educativa, onde todos deverão estar unidos nos trabalhos e nas ações, tendo em
vista o alcance dos objetivos. Convém lembrar que para a comunidade realizar
suas tarefas específicas, ela deverá envolver todos os componentes da unidade
em um clima de trabalho consciente e participativo.
Vale ressaltar que, a escola caminha para uma transformação social, mas
para que isso aconteça é necessário que a comunidade escolar se habilite, dentro
de uma visão nova atualizada do homem e do mundo seguindo uma filosofia que
leve a superar toda a situação opressora levando para uma prática onde todos
participem.

“ A educação é claramente um trabalho de equipe de que participam não


só os professores, mas também o diretor e demais empregados da escola. É um
trabalho conjunto que se torna eficiente quanto mais equipe seja capaz de
trabalhar”(Dias, 1986,p. 181)

Na entrevista feita ao diretor da escola, observa-se que há uma integração


entre a escola e os demais membros, ocasionados pela abertura de comunicação
e diálogo que existe por parte da direção.

“ Trabalhei muito para que as pessoas que fazem parte da escola visse na
Direção um veículo de comunicação que busca um trabalho em conjunto de não
trabalho sozinho”.(entrevista realizada em maio/2000)

“ A direção é um dos fatores mais importantes para a normalidade dos


trabalhos e consecução dos objetivos da escola (...) é função que se reparte entre
todos os participantes do empreendimento, sob liderança do diretor. Só o esforço
conjunto e harmonioso pode levar a escola a alcançar seus objetivos”.
(Dias,1986,p.195)

O que se pretende com uma administração participativa, segundo o diretor,


é que haja uma abertura de espaço para a capacidade criativa e solidária de toda
40

a comunidade educativa, favorecendo o despertar de iniciativas e programas,


frutos do diálogo, da crítica e da reflexão, numa resposta aos anseios, aspirações
e necessidades da escola e da comunidade.
Usando todos estes processos acima, a administração acolherá
professores, alunos, pais e comunidade e daí nascerá na escola o direito de
expressar o pensamento, reclamando, reivindicando e contribuindo para que o
trabalho seja feito com muita habilidade.
Visando a ampliar este trabalho participativo, a Escola Antônio Dias
Macedo juntamente com a comunidade criaram, mais recentemente, o Conselho
Técnico e Administrativo, integrando assim todos os segmentos da comunidade
escolar.
O primeiro a ser criado foi o conselho técnico e Administrativo órgão
deliberativo, funcionando há quatro anos na escola. O Conselho exerce as
seguintes funções “Elaborar o ante projeto do Regime estabelecimento; Organizar
o currículo pleno; aprovar o calendário escolar; emitir parecer sobre os programas
de ensino e plano de curso e exercer as demais atribuições que lhe forem
delegadas por órgão competentes, regulamentar o processo seletivo de
professores ou expansão do ensino e emitir parecer em assuntos administrativos”.
O Conselho Administrativo se reúne uma vez por mês quando convocado
pelo diretor ou dois terços (2/3) de seus membros. Faz parte da diretoria:
professores (um de cada área), Presidente do Grêmio, representantes do serviço
de orientação; pais (presidente da APMC), serviços administrativos e o Diretor.
Um dos membros do Conselho em sua entrevista nos mostrou a
importância do Conselho como um órgão onde todos participam:

“ Nós, quando vamos resolver alguma coisa da escola é muito difícil, para
chegarmos a uma solução, tendo em vista ser o Conselho Administrativo um
órgão onde todos os representantes da escola e da comunidade externa
participam”.

De acordo com o depoimento da direção, com a implantação do Conselho


o funcionamento da escola “melhorou bastante”, houve uma maior integração
entre o professor e direção: “hoje o que decidimos aqui é através de um
colegiado, todos tem direito ou não de comungar com a direção”. O diretor como
membro do conselho, “tem como papel de ser articulador, mas participa como
qualquer outro membro...”
O Conselho Administrativo discute sobre as prioridades da escola e para que este
fosse implantado, segundo o diretor:

“ Não recebeu nenhuma orientação dos órgãos competentes. Conversando com


outros diretores, que já tinham experiência, como primeiro passo, foi colocar o
Conselho no Regime da Escola’.(Entrevista realizada em maio/2000).

Quanto ao trabalho do Conselho junto à comunidade, alguns alunos nos


responderam que :
“ Para que possamos trabalhar juntos, é preciso muita integração onde
exista a participação de todos. O conselho chama sempre a comunidade a
participar isso é muito importante”.
41

Perguntamos ainda qual seria as vantagens desse trabalho participativo,


eles responderam o seguinte:

“ Ficamos sabendo de tudo que se passa na escola, influindo na educação


e na disciplina, ajuda também no comportamento ajudando o aluno a ter maior
empenho nos estudos’.

Para alguns professores este trabalho de participação:

“ Melhora o nível do ensino-aprendizagem e para que haja um melhor


empenho necessário se faz que a escola esteja totalmente aberta à comunidade”.
(Questionário aplicado em maio/00).

Quanto ao relacionamento da direção com a comunidade escolar, o diretor


deu o seguinte depoimento:

“ Faço o possível para que seja bom, junto ao Conselho procuro fazer uma
administração participativa pois não resolvo nada sozinho, são eles que me
fornecem a base para essas sustentações, pois o Conselho discute e decide
sobre as prioridades da escola”. (Entrevista feita com o diretor da escola em
maio/00).

Existe também na escola o Grêmio Estudantil, tendo sido criado em 1985.


Segundo o diretor, a escolha dos dirigentes do Grêmio Estudantil é feita através
de eleição onde todos os alunos têm direito ao votar.

“ Os alunos junto ao Grêmio participam das eleições, quando necessário


reivindicam e tentam trazer tudo de melhor para a escola” (Entrevista realizada
em maio/00).

O Grêmio, nas Assembléias da escola, tem o seu espaço reservado, tendo


o direito de falar para toda a comunidade, havendo um respeito muito grande da
diretoria em atendê-los.

Dos três alunos entrevistados todos afirmam que:

“ Há a participação do Grêmio nas reuniões e que o relacionamento com a


direção é dos melhores possíveis”.

Funciona também na escola um colegiado, composto por todos os


professores, especialistas, funcionários, direção, vice-direção e APMC. Segundo
o diretor:

“ Não existe no colegiado uma diretoria nem eleição. Todos da escola


fazem parte, as reuniões acontecem muitas vezes sem a participação de todos os
membros, pois numa escola grande como esta, é possível reunir todos os
membros, mas o poder de decisão é o mesmo”.(Entrevista realizada em abril/00).
42

“ O colegiado é o lugar privilegiado da proposição e da defesa do projeto e


dos objetivos educacionais, é também uma tentativa de criar novas relações no
interior da escola para que as atividades de todos (administradores, professores,
funcionários, alunos e pais) tenham como foco o projeto particular educacional da
escola”.(Neidson Rodrigues).

O colegiado é também um órgão consultivo e deliberativo, sua convocação


é feita pelo Diretor.

“ O colegiado é, pois, o órgão coletivo de decisão da escola. É a


superação da prática do individualismo e do grupismo”.

Segundo o diretor os processos decisórios dentro da escola se dão da


seguinte maneira:

“ Quando um problema é levado ao Conselho Técnico e este considera


que, dado a gravidade se precisaria ouvir um maior número de pessoas, então
este convoca uma reunião de caráter emergencial, convocando o colegiado”.
(Entrevista realizada em maio/00).
Para as reuniões do colegiado não existe um dia pré-estabelecido, quando
um problema existe, consulta-nos um maior número de pessoas, reúne-se o
colegiado com aqueles que possam participar (professores, técnicos, APMC, etc).
Uma outra entidade totalmente envolvida com a comunidade fazendo uma
espécie de elo entre a comunidade e a escola, é a Associação de Pais, Mestres e
Comunitários – APMC. A APMC que tem como objetivo:
a) colaborar coma direção do estabelecimento; para atingir os objetivos
educacionais da instituição escolar;
b) representar as aspirações da comunidade e dos pais dos alunos junto à escola;
c) mobilizar recursos humanos, matérias e financeiros da comunidade para
auxiliar o estabelecimento de ensino;
d) colaborar na programação do uso do prédio pela comunidade;
e) favorecer o entrosamento entre pais e professores.
As APMC’s foram criadas tendo uma função bem mais ampla do que as caixas
escolares. Criadas em 1956, em São Paulo sua regulamentação com a atual
estrutura data de 1978, e tem como objetivo o aprimoramento do processo
educacional na assistência ao escolar e na integração família-escola-comunidade.
Observa-se que a Associação de Pais, Mestres e Comunitários está presente em
todas as decisões da escola participando, dando sugestões para que os objetivos
sejam realmente alcançados.
De acordo com questionários realizados entre professores e alunos a grande
maioria afirma que a APMC trás várias inovações para a escola principalmente na
parte social.

“ A APMC junto à escola promove, seminários, palestras e quando pode,


trás também benefícios para a comunidade”.(Depoimento de professor).
43

Para a diretoria:

“...é importante que os pais conheçam os objetivos da escola, bem como a sua
prática
Pedagógica, ressaltando a importância dos membros da comunidade conhecerem
os Objetivos da escola, pois a colaboração destes. Dependem do conhecimento e
do desempenho da mesma, na solução de problemas. As inovações trazidas pela
escola quando conhecida pela família, levam-na a acompanhar o seu
desenvolvimento favorecendo melhores resultados. A escola para alcançar os
seus objetivos necessita manter boas relações não apenas com seu público
interno, mas também com o público externo (pais, associações, autoridades
escolares)”. (Entrevista realizada em maio/00).

De acordo com o Presidente da Associação:

“ A comunidade, de início, tem muito medo de chegar até a escola, em nossa


escola quase que Não se conseguem fazer essa integração, pois a Comunidade
não estava acostumada a fazer parte da escola, e foi difícil a comunidade adquirir
a confiança da escola” (Questionário aplicado em maio/00).

Hoje temos uma comunidade voltada para a escola e onde os alunos se sentem
mais seguros, por estarem mais próximos da família.
De acordo com o quadro n° 8 um dos problemas da escola é a falta de
participação de alguns membros , 27% nos deu esta resposta:

“ O que se observa é o desinteresse das pessoas em procurar se engajar no


trabalho da escola, pois a APMC, procura sempre fazer esta integração
fazendo com que a comunidade participe”. (Depoimento realizado em maio/00).

Sabe-se que existem dois níveis ou qualidade de participação. A participação com


desejo e a participação controlada ou restrita, é caso de muitas escolas. Participar
com desejo pressupõe uma adesão voluntária, um sentimento de contribuir de
modo original, único e peculiar a cada pessoa. Significa ter espaço para sugerir,
criticar, discordar, participar, quer dizer incorporar o prazer da obra criada,
imaginando e construindo. Desta forma, é sentir-se útil, produtivo, importante,
valorizando, amado e único no processo de produção. Alguns membros ainda não
se conscientizam desse tipo de participação.
Na nossa sociedade, há uma tendência política de restringir associações,
agremiações, e sindicatos a funções meramente assistenciais. Este jogo é velho,
parte das manobras políticas de sistemas autoritários e tiranos. A APMC veio
como integradora, vem sacudir e quebrar certos estereótipos já envelhecidos
pelos anos revolucionários. Sua ação no seio da escola provoca um novo sistema
de co-gestão, inaugurando um projeto de mudança radical; de cooperação,
participação e decisão nos rumos da educação.
Assim, não é mais só o filho, o único educando e sim, toda a família, a
comunidade escolar e a cidade que se voltam para escola, realizando uma
transformação na sociedade. Neste sentido a APMC passa a produzir vários
44

mestres do saber popular “ Mestres não é quem ensina, mas que, de repente,
aprende”. (Guimarães Rosa).
Portanto, é necessária a participação dos pais no processo de mudança é preciso
um trabalho organizado de pais, professores, diretores a fim de transformar ainda
mais os rumos da educação. Não se trata de reclamar ou de participar,
isoladamente.
Trata-se de uma ação muito mais ampla, conjunta, em benefício de todos os
alunos.

Resultados Estatísticos da Pesquisa de Campo

Pretendemos neste item mostrar os resultados estatísticos dos questionários


realizados com os alunos, professores, supervisor-orientador, sobre a atuação da
Associação de Pais, Mestres e Comunitários da Escola de 1° e 2° graus Antônio
Dias Macedo.
Quadro N° I

Como a comunidade toma conhecimento da APMC

RESPOSTAS F Fr(%)

Através de amigos 09 20,47

Na comunidade 02 05,88

Através do Diretor da Escola 12 35,29

Por intermédio da Igreja 03 08,82

Pelos membros da Associação 08 23,54

TOTAL 34 100,00

Fonte: Questionário aplicado à comunidade em maio/00.

Entendemos que apesar do trabalho de divulgação da APMC ser feito via direção,
existe também uma grande divulgação através das mais variadas camadas,
existindo assim uma heterogeneidade dentro da própria comunidade sobe a
divulgação da APMC como retrata o quadro acima.

QUADRO N°II

Como a APMC participa dos problemas das Escolas de acordo com o depoimento
da comunidade.

RESPOSTAS F Fr(%)
45

Tentando resolver de maneira participativa 20 100

Buscando soluções de modo individual - -

TOTAL 20 100

Fonte: Questionário realizado em maio/00.

Para que a APMC possa resolver os problemas relacionados com a escola ela
busca coletivamente fazer um trabalho onde todos participam, tanto a
comunidade escolar como a comunidade externa.

QUADRO III

A APMC trás alguma inovação (palestras, seminários, debates, etc.) para a


escola.

RESPOSTAS F Fr(%)

Sim 20 100

Não - -

TOTAL 20 100
Fonte: Questionário realizado com a comunidade em maio/00.

QUADRO IV

Opinião da comunidade sobre o trabalho que a escola faz junto à comunidade.

RESPOSTAS F Fr(%)
Nas festividades 03 08,10

Discutindo os problemas nas reuniões 15 40,54

Em momentos de calamidade 04 10,81

TOTAL 22 100,00

Fonte: Questionário realizado em maio/00.


46

Podemos ver que 40% dos entrevistados responderam que a escola trabalha
junto à comunidade nas reuniões e que nestas reuniões são discutidos os
problemas e procuram a solução.
Outras pessoas tiveram opiniões diferenciadas.

QUADRO V

Opinião dos Professores sobre a contribuição da APMC para o crescimento da


Escola.

RESPOSTAS F Fr(%)
Sim 19 95

Não 01 05

TOTAL 20 100
Fonte: Pesquisa direta realizada com os professores em maio/00.

De acordo com os professores apenas 1 (um ) nos deu a resposta de que a


Associação não contribuiu, segundo o professor ele não conhece ainda o trabalho
da APMC pelo fato de ter chegado na escola há pouco tempo.

QUADRO VI
Níveis de participação da comunidade nas reuniões da Escola Antônio Dias
Macedo

RESPOSTAS F Fr(%)
47

Nunca participei 04 14,08

Às vezes participo 05 18,51

Nunca fomos chamados 04 11,51

Sempre fomos chamados 15 55,55

TOTAL 28 100,00
Fonte: Questionário realizado em maio/00.

A opinião é bem variada, apesar da maioria afirmar que a comunidade participa, o


fato de às vezes não participar ou participar e até de nunca ter sido chamado
atribui a vários fatores, segundo depoimento; por exemplo:
- A falta de interesse em procurar saber como caminha o trabalho da Associação.

QUADRO VII
Principais problemas discutidos nas reuniões da APMC na Escola Antônio Dias
Macedo.

RESPOPSTAS F Fr(%)
Educação 16 34,78

Saúde 12 24,10

Moradia 06 12,86

Tudo em geral 13 28,26

TOTAL 47 100,00
Fonte: Pesquisa direta aplicada aos alunos em junho/00.

Como podemos constatar de acordo com o quadro estatístico o problema mais


discutido foi a Educação (carência de professor habilitado, a falta de material e a
educação que não anda bem) e foram entrevistados vinte alunos, mas todos nos
deram mais de uma resposta para a questão, isto equivale dizer que no geral nas
reuniões se discutem todos os tipos de assunto, que esteja atingindo a escola e a
comunidade é uma espécie de conscientização.

QUADRO VIII
Relacionamento da direção com a Associação de Pais, Mestres e Comunitários-
APMC.

RESPOSTAS F Fr(%)
48

Cordial 18 26,44

Profissional 39 65,09

Conflitante - -

Indiferente 04 08,47
TOTAL 54 100,00
Fonte: Questionário realizado com a comunidade em maio/00.

Foram constatados que de acordo com depoimento da comunidade a relação de


conflito não existe na escola, alguns afirmam ser um relacionamento de
indiferença.
De acordo com alguns membros da comunidade: “Estes colegas que nos deram
esta resposta é porque não procuram dialogar e nem saber o trabalho da
Associação”.

QUADRO IX
Opinião da comunidade acerca da participação da APMC na solução dos
problemas da escola.

RESPOSTAS F Fr(%)
Sim 49 84,48

Não 09 15,52

TOTAL 58 100,00
Fonte: Questionário realizado em maio/00 com a comunidade e os professores.

Dos 58 entrevistados apenas 09 (nove) responderam não, talvez pelo fato de não
procurarem saber mais sobre a APMC deixando-os assim insatisfeitos com o
trabalho da APMC.

QUADRO X
Opinião dos professores sobre a função da APMC na escola.

RESPOSTAS F Fr(%)
49

Fiscalizar 30 28,84

Conscientizar 20 19,23

Inovar 14 13,46

Educar 32 32,76

Outros 08 07,65
TOTAL 104 100,00
Fonte: Questionário aplicado em maio/00.

Do total de entrevistados, 32 (trinta e duas) pessoas responderam que a função


da APMC é educar, outras responderam que a função da APMC era conscientizar
e inovar, 28,84% dos entrevistados disseram que era de fiscalizar, pelo fato de
não conhecer de perto o trabalho da APMC.

QUADRO XI
Opinião dos professores sobre a contribuição da APMC para a formação do
aluno.

RESPOSTAS F Fr(%)
Com a educação participativa 04 54,14

Através de um preparo para a cidadania 01 14,28

Desenvolvendo o senso da disciplina e da responsabilidade 02 28,58


TOTAL 07 100,00
Fonte: Questionário realizado em maio/00.

Do total de professores entrevistados todos confirmam em seus depoimentos que


a Associação de Pais, Mestres e Comunitários contribui de uma maneira positiva
para a formação do aluno.
Podemos observar, através dos resultados que a APMC dentro da escola
contribui para a formação de pessoas conscientes, responsáveis e segura de seu
papel dentro da sociedade e ainda faz a integração que não existia antes, entre a
escola e a comunidade.

Conclusão

O país é um gigante, mas a educação do seu povo não passa de um


nanico imobilizado. O sistema carece de inteligência e organização e, estas não
50

sobram em quantidade suficiente ao perdularismo administrativo. O resultado vem


se revelando, sempre, um nanico manco e atrasado. A organização das
estruturas educacionais dependem de uma política que, contaminada pela miopia
da deseducação é, facilmente, conduzida por interesses alienígenas e deletérios.
O sistema tem demonstrado que não tem cabeça e não se conduz. Prefere ser
conduzido, posto que é mais fácil.
Os resultados mostram os fracassos e as mudanças de métodos. A história
aponta que os jesuítas, apesar de tudo, foram mais eficientes que Pombal.
A ............................não é, certamente, a panacéia milagrosa para todos os males
da educação brasileira, mas é senda menos tortuosa, menos defeituosa..........e
mais próxima do desejável, que outros métodos que se têm
tentado. .....................................................................................................................
..............................................................................
51

BIBLIOGRAFIA

(1) Freire, Paulo, 1920. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática


educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 9ª ed. 1998 – (Coleção Leitura).
(2) Morin, Edgar, 1921. Os sete saberes necessários à educação do futuro; trata.
Catarina Eleonora F. da Silva e Jeane Sawaya, ver. Técnica Edgar de Assis
Carvalho. – 2ª ed.; S. Paulo; Cortez; Brasília, DF; UNESCO, 2000.
(3) Lima, Maria Socorro Lucena. A hora da prática: reflexões sobre o estágio
supervisionado e ação docente. Fortaleza, Ed. Demócrito Rocha, 2001.
(4) Martins Filho, Eduardo Lopes, 1939. Manual de Redação e Estilo de o Estado
de São Paulo. 3ª ed., ver. e ampla. São Paulo – O Estado de S. Paulo (jornal)
1997. Editora Moderna Ltda.
(5) Morais, Orlando Mendes de, e Pena, Leonam de Azeredo - Dicionário de
Sinônimos e Antônimos; 4ª ed., melhoramentos. e aumento.; Livraria Tupã
Editora, R.J. 1953.
(6) Houaiss, Antonio; Villar, Mauro de Salles; Franco, Francisco Manoel de
Mello; Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa; ed. Objetiva, 1ª ed., R.J.
2001.
(7) Chauí, Marilena.de Souza - Convite à Filosofia, 6ª ed., 1997, Editora Ática.
(8) Ramos, Flávio – e – Fonseca, José Leite de Assis. Revolta do Princípio (a
revolução do pequeno). Brasília: SEBRAE, 1996.
(09) Reale, Miguel. Filosofia do Direito, vol.1, 3ª ed. ver. aument. Saraiva,
S.Paulo, 1962 – pág. 140/141.

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