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Vibrações

Fernando Gonçalves Amaral

Vibração

„ O que é ?
• Corpo está em vibração se ele está
animado de um movimento oscilatório
em torno de uma posição de
referência ou de equilíbrio.
Exemplos: pêndulo de um relógio
massa suspensa por mola

1
1
„ Nosso interesse:
as vibrações mecânicas
complexas em “corpos sólidos”

„ Caracterização das vibrações:


• pode ser expressa pelas grandezas:

– deslocamento (m)

A
D=
2πf
2

2
2
– Velocidade (ms-1)
A
V =
2π f
– Aceleração eficaz (RMS)
(ms-2 ou dB) - mais simples de
ser medida
Amax
ARMS =
2

„ Nível de aceleração (RMS)

⎡ A ⎤
L = 20 log ⎢ ⎥ (em dB)
⎣ Aref ⎦
– onde:
• Aref (nível de referência) = 10-6 ms-2

3
3
(ms2) DB
1 120
10 140
0,1 100
2 126

„ Ressonância ( F0 )

• Um sistema está em ressonância quando,


submetido à uma oscilação forçada, adquire
ele próprio uma oscilação mais importante.

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4
Meio do trabalho
„ As vibrações podem afetar:
• o conforto, a segurança e a saúde

„ Em função:
• do modo de transmissão
– corpo inteiro ou parte do corpo
• das características das vibrações
– direção, freqüência, amplitude de
aceleração, tempo de exposição

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5
Meio do trabalho
„ Vibrações “corpo-total” (0,5 a 80 Hz)
• transmitidas inteiramente ao corpo do
trabalhador
– veículos pesados: tratores,
retroescavadeiras,
retroescavadeiras, ...

„ Vibrações “manubraquiais” (5 a 1000 Hz)


• mais localizadas: mão e braço em
contato com máquinas manuais
vibrantes

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Vibrações corpo-total
Receptores sensoriais das vibrações
Vários tipos de receptores asseguram a percepção
(ouvido humano - único receptor dos sons)

„ mecanoreceptores cutâneos e outros situados


principalmente nos músculos e nos tendões;
„ receptores situados no ouvido interno

„ receptores visuais.

Sensações induzidas
Função das características físicas do estímulo

ƒ direção da aplicação:
os eixos de aplicação foram normalizados no
plano internacional (Norma ISO 2631) e são
respectivamente eixo Z (vertical), eixo Y
(transversal) e eixo X (sagital)

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Sensações induzidas
ƒ amplitude:
o limite de percepção no eixo Z é da ordem de
0,01 m.s-2 (1 a 10 Hz)
o limite da dor é apenas superior a 10 m.s-2,
ou seja, o intervalo entre os dois limites é da
ordem de 40 dB, o que corresponde à terça
parte do intervalo existente em acústica
entre o limite inferior (0 dB) e o limite da dor
(130 dB).

Sensações induzidas
ƒ freqüência:
Para um sujeito sentado, submetido a uma
vibração no eixo Z de aceleração constante
e igual a 1 m.s-2 e na qual aumenta-
aumenta-se
progressivamente a freqüência:
ƒ de 0,3 a 0,5 Hz: aparecimento de
náuseas se a vibração é aplicada de
maneira contínua durante alguns
minutos. "Mal dos Transportes" ou do
"Mal do mar" (giro do ouvido interno).

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8
ƒ de 1 a 2 Hz : as sensações de náuseas
desaparecem progressivamente. Uma
sensação de relaxamento pode
substitui-
substitui-las (efeito soporífico como o
de ninar um bebê).

ƒ de 3 a 4 Hz: aparecimento de uma


sensação vibratória no abdômen, no
peito e nos ombros.

ƒ de 4 a 8 Hz: a sensação torna-


torna-se
francamente desagradável; isto
explica-
explica-se por esta faixa corresponder
à freqüência de ressonância média do
corpo inteiro .

ƒ de 9 a 10 Hz e além: a sensação torna-


torna-
se menos intensa, mas nota-
nota-se um
tremor nos tecidos do olho e do
pescoço, levando o indivíduo a ter
dificuldades com a visão (diminuição
da acuidade visual).

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9
ƒ de 13 a 20 Hz: possibilidade de dores
de cabeça e de problemas de locução.

Ação central: fadiga associada a uma


exposição prolongada às vibrações.
Fadiga geral e prolongamento do tempo
de reação, conseqüências normais de
uma longa viagem em um veículo.
Todavia, sem estabelecimento de nexo-
nexo-
causal exclusivo devido à exposição
prolongada do corpo inteiro às vibrações
de baixa freqüência.

Riscos
O risco para um condutor de veículos é função :
ƒ do tipo de veículo e das propriedades de
atenuação do sistema de suspensão.
ƒ da transmissibilidade do assento. Deve ter uma
freqüência de ressonância mais baixa possível
(inferior a 4 Hz), para atenuar as vibrações
verticais (no eixo Z) transmitidas pelo veículo
na faixa de freqüências de 4 a 8 Hz onde se
encontra a freqüência de ressonância do
tronco no ser humano.

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ƒ da velocidade do veículo.

ƒ da qualidade do pavimento.

ƒ da postura do condutor: uma leve inclinação


das costas para trás (105° a 110° com
relação ao plano horizontal) e a utilização de
um suporte lombar contribui para uma
diminuição da carga na coluna.

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ISO 2631 - Corpo Total

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12
Valores limites 8 horas/dia

Eixo Z Eixos X e Y
Critério ISO 2631
ms-2 dB ms-2 dB

Saúde 0,63 116 0,44 113

Fadiga normal 0,32 110 0,22 107

Conforto 0,1 100 0,07 97

Valor ± central

Bases desconhecidas: Saúde * 2 Conforto / 3

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Instrumentação Vibração

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16
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Vibrações manubraquiais

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Características biomecânicas
do sistema manubraquial
„ Mão e braço seguem o mesmo
modelo do corpo humano:
sistema massa-mola-amortecedor

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Eixos ortogonais ISO 5349
X

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Filtro de ponderação frequencial
ISO 5349
Freqüência (Hz)

0 8 16 31,5 63 125 250 500 1000


0

-5

-10
Atenuação (dB)

-15

-20

-25

-30

-35

-40

23
23
Espectro frequencial ISO 5349
10
Aceleração (ms-²)

1
o
o
o
o o
o oo oo
o ooo oo
o o ooo
0,1
ooooo oo o o
o o oo o o o
o
oooooo ooooooooooo oo o o ooo
oo o ooo o ooooooo oooooo
o oo
oooooo oooo o ooo oooo o oooooo
o oooo o oo oooo o o oo
o ooooo ooooo oooooooooo ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

0,01
0 200 400 600 800 1000
Freqüência (Hz)
: LINEAR o: PONDERADO

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Classificação das máquinas
vibrantes

„ Exposição às vibrações
manubraquiais:
• baixa freqüência (f < 50 Hz)
– perfuradora de rochedo
– britadeira
• alta freqüência (f > 50 Hz)
– polidora
– lixadeira

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As vibrações manubraquiais e
as repercussões sobre a saúde
„ Hand-arm Vibration Syndrome (HAVS)
– denominação cobrindo as patologias
de origem:
osteoarticulares,
osteoarticulares, vasculares e
neurológicas
• primeiro estágio: sensações
desagradáveis, desconforto e dor

• segundo estágio: espasmos vasculares


excessivos nos dedos, problemas
neurosensoriais

Problemas osteoarticulares
– quistos ósseos
– artrose (nos cotovelos)
– Doença de Köhler (microfraturas do
escafóide)
– Doença de Kienböck (necrose do
semilunar)
Controvérsia:
Controvérsia: forças x posturas desfavoráveis
Doenças ocupacionais reconhecidas:
Bélgica, França, Itália e Alemanha

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Problemas vasculares
„ Síndrome de Raynaud (induzida pelas
vibrações) - VWF
Setor de atividade Sujeitos Inchações VWF
N dos dedos % %
Canteiros navais 169 43,2 31,3

Fundições 67 19,4 20,9

Talhadores de pedras 76 40,8 35,5

Mecânicos 79 44,7 26,3

Lenhadores 66 40,9 28,8

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Escala de Estocolmo
(componente vascular
Estado Grau Descrição
0 - Sem ataques
1 Leve ataques ocasionais afetando somente a extremidade de um
ou mais dedos
2 Moderado ataques ocasionais afetando as 2a e 3a falanges de um ou
mais dedos
3 Severo ataques freqüentes afectando todas as falanges da maior
parte dos dedos
4 Muito idem ao estado 3, com problemas tróficos cutâneos das
Severo extremidades digitais

Exemplo: 2 L (3)
Estado mão n° de dedos

Lesões neurológicas
„ A curto prazo

– anestesia vibratória

– perda de sensibilidade (receptores


sensoriais)
sensoriais)

– formigamentos e inchação nas mãos

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A longo prazo

comprometimento da:

discriminação manual
destreza manual
força manual

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29
Escala de Estocolmo
(componente neurosensorial
Estágio Sintomas
0 Exposto às vibrações mas sem sintomas.

1 Inchações intermitentes com ou sem sintomas de formigamentos.

2 Inchações intermitentes ou persistentes e redução da percepção sensorial.

3 Inchações intermitentes ou persistentes e redução da discriminação tátil e/ou


da dextreza manual.

Exemplo: 3 R (2)
Estado mão n° de dedos

Questões de pesquisa
Sujeitos sãos

quais alterações ?
evolução temporal destas alterações
quantificação das alterações
comparação diferença entre eixos X, Y e Z
exposição monoaxial x triaxial (diferente ?)
diferenças interindividuais (existem?)

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30
Sujeitos expostos

quantificação das alterações


diferenças interindividuais

Comparação
sujeitos sãos x expostos

Materiais e métodos
Seleção dos sujeitos sãos
(sem exposição profissional)

Questionário (anamnese)
vida pregressa (patologias, diabete, hipertensão),
co-fatores de risco (máquinas vibrantes, frio, solventes),
características psicossociais (álcool, tabaco, instr. musical)

Exame clínico (sem neuropatias)


características gerais (peso, idade, …)
exame clínico (UCL)
exame da sensibilidade primária (nocicepção, tátil, vibrações
e térmica)

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31
Seleção dos sujeitos expostos

questionário (anamnese)

exame clínico (neuropatias)


classificados segundo a escala de Estocolmo

análises de postos de trabalho com


doses (atuais e pregressas),

Desenvolvimento de um modelo
Descrição da perda de sensibilidade

Problemas existentes

falta de modelos adequados

modelos logarítmicos (descrição errônea),

modelos exponenciais (somente durante a recuperação)

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32
Modelo exponencial de 1a Ordem

Descrito durante a exposição por:


SPV (t) = SPV0 + TTS [1- exp (-t/τ)] (1)

e durante a recuperação por:


SPV (t) = SPVM - TTS [1- exp (-t/τ)] (2)

Modelo 1 constante + resíduo

SPV (t) SPV M


SPV i
dB SPV i -1

∆t
TTS

resíduo (k.TTS)
SPV 0

i -1 i tempo
exposição recuperação

33
33
Geração das vibrações

Testes
sensitivos

34
34
Percepção às vibrações

Percepção à pressão
Semmes-Weinstein

35
35
Percepção à temperatura

Velocidade de condução nervosa


Tempo de latência sensitiva (TLS)

36
36
Testes
funcionais

Destreza manual
Purdue Pegboard

37
37
Força máxima voluntária

Questionário subjetivo

1 - FORMIGAMENTOS

2 - INCHAÇÕES

0 3 6

NADA MUITO
FORTE

38
38
Controle da tsk

Protocolo utilizado
Tempo SPV SPP TLS1 SPT2 PPg FMV tsk Quest
1 1 1 1 1 1 1 1
Antes 2 2 2 2 2 2
3 3 3 3 3 3
fim fase 2' 4 4 2
fim fase 2' 5 4 5
Exposição fim fase 4' 6 6 3
fim fase 8' 7 5 7
fim fase 16' 8 6 2 4 4 4 8 4
4' 9 7 9 5
Recuperação 8' 10 8 5 10 6
16' 11 9 11 7
20' 12 10 5 6 5 12 8
Total de experiencias 130 130 90 40 130 130 130 130
efetuadas

39
39
Modelo 1 constante + resíduo

140

130

120
SPV (dB)

110

100
EXPOSIÇÃO RECUPERAÇÃO

90
-10 0 10 20 30 40 50 60

Tempo (min)
Modelização Valores Observados

Trabalho de campo
Secteur Tâches Machines AEP (ms-2) AEP W (ms-2)
Utilisées (non pondérée) (pondérée)
Tôlerie Boulonneuse 32,2 6,5
Automobile Finition Ponceuse 15 2,6
Meuleuse
Siège de Finition Ponceuse 21,2 2,8
voitures Meuleuse
ferroviaires
Wagons Préparation Meuleuse 77,2 6,6
(meulage de
pièces)
Palettes Réparation Boulonneuse 21,2 5,1
Cloueuse
Foreuse
Fraiseuse
Visseuse
Scie
Armement Canonnerie Polisseuse 25,8 10,6
Carrières Tailleurs de Ponceuse 43,4 4,7
pierre Meuleuse
Rocteurs Marteau 47,9 9,9
(fond) piqueur
Rocteurs
(surface)

40
40
Material utilizado

41
41
42
42

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