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O livre-arbítrio

O livre-arbítrio caracteriza-se pela liberdade nas decisões tomadas, ou seja, se


um indivíduo agir por escolha própria, consciente e livre, então, estamos
perante uma ação possuidora de livre-arbítrio. Por exemplo, mesmo que
sejamos influenciados pelos nossos amigos, a decisão de consumir
substâncias ilícitas é unicamente pessoal, evidenciando assim a presença do
livre-arbítrio. Resumindo, existem diversas situações no dia-a-dia para as quais
surgem diferentes caminhos possíveis.

Este é um tema amplamente debatido na filosofia, pois dele advêm diferentes


teses: a crença no livre-arbítrio e o determinismo (doutrina onde todos os
fenómenos possuem uma causalidade). Associado a isto, emerge o problema
do livre-arbítrio ao qual obtemos três respostas fundamentais: o determinismo
radical, que rejeita o livre-arbítrio, o libertismo, que rejeita o universo
determinado e por fim o compatibilismo que prossupõem simultaneamente
tanto a existência do livre-arbítrio, como a presença de alguns acontecimentos
com causalidade.

Antagonicamente à perspetiva religiosa, a nossa conceção defende que o livre-


arbítrio existe, uma vez que é possível escolher um caminho para a vida.
Vejamos, os ateístas encontram um sentido para a existência em projetos de
vida, dimensões pessoais ou doutrinas filosóficas. Caso a liberdade de escolha
não existisse, estes não teriam a capacidade de optar por crer, ou não, numa
entidade divina.

1) Se o livre-arbítrio é a capacidade de optar,


2) E os ateístas escolhem não ter religião,
3) Então, temos livre-arbítrio.

Mas será a crença um resultado da opção? Ou fatores externos como a


educação, ambiente familiar e contexto social, condicionam a religião
professada? Deste modo, se um individuo tivesse nascido noutro país ou
noutro seio familiar divergente da sua situação atual, a religião adotada poderia
ser diferente.
Verifica-se que em algumas situações as ações humanas são livres e ainda
determinadas, uma vez que pode ser condicionada por fatores externos que
ultrapassam a sua vontade, caindo assim num determinismo moderado.
Contudo, será esta a melhor perspetiva?

Se refletirmos percebemos que se tudo aquilo que pretendemos realizar, já


estava determinado por acontecimentos precedentes, então os atos estão
constrangidos, assentando assim num determinismo radical. Isto é, analisemos
as duas situações:

1) O Afonso escolheu ser ateu.


2) O Afonso é coagido pela sua família a profanar a religião católica.

Na teoria compatibilista, a situação 1 é uma ação livre pois baseia-se nos seus
próprios desejos e não foi forçado a realizar essa escolha. No entanto, na
situação 2 o Afonso foi coagido pelos seus pais, logo, a ação não é livre.
Contudo, seguindo esta linha de pensamento, a única diferença entre as
situações é o tipo de coação, uma vez que na situação 2, ele foi claramente
coagido pelo seu ambiente familiar, enquanto que na 1 foi constrangido por
causas precedestes, apesar de não ter perceção destas. No então, esta falta
de noção não justifica que as causas não existam, pois existem igualmente em
ambas as situações, assim estamos perante um determinismo radical.

Por este motivo, cremos que a refutação ao nosso argumento é falsa, isto
porque na nossa perspetiva o determinismo radical não constitui a melhor tese
em resposta ao problema do livre-arbítrio na escolha do caminho religioso. Isso
pelo motivo de que neste sentido a sensação de liberdade é de tal forma
intensa que não somos capazes de a abandonar, e temos a dificuldade de
deixar a crença de que somos conscientes e livres. Por estes motivos,
acreditamos que a resposta ao problema é o libertismo. Temos a liberdade de
escolher o caminho que queremos na caminhada religiosa, ou a ausência dela,
encontrando o sentido da vida noutras doutrinas ou projetos.

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