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Material Teórico
Origem e evolução das plantas
Revisão Textual:
Prof . Ms. Selma Aparecida Cesarin
a
Origem e Evolução das Plantas
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Unidade: Origem e evolução das plantas
Contextualização
Nossa percepção do que é uma planta está diretamente relacionada à origem das plantas terrestres.
Desde muito cedo na nossa História, aprendemos a cultivá-las e a fazer diferentes usos delas.
Por isso, vamos começar esta Unidade refletindo sobre como as plantas colonizaram o ambiente
terrestre, modificando-o radicalmente.
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O que é uma planta? E por que classificá-la?
A primeira pergunta pode parecer estranha, mas ao longo da história humana a resposta
variou bastante, assim como o modo como classificamos todos os organismos vivos conhecidos.
Sistemas de classificação condensam o modo como enxergamos o mundo à nossa volta e
interagimos com ele. Um exemplo disso é a chamada taxonomia folk, que é o modo como
diferentes comunidades ou grupos é tnicos classificam a natureza, especialmente plantas
medicinais ou perigosas, organizando-as em grupos funcionais ou que de algum modo têm
significado para eles.
Explore
Explore mais sobre taxonomia folk com os artigos citados no material complementar, ou realizando
buscas na internet usando como palavras chave “taxonomia folk”, “etnobotânica” ou, para textos
em inglês, “folk taxonomy”.
Para lidar com toda essa diversidade de formas e processos encontradas nos seres vivos e dela se
utilizar para sua própria sobrevivência, o homem vem tratando de conhecê-la e ordená-la de alguma
maneira, isto é, classificá-la. A classificação é uma atividade inerente ao homem, e é uma alternativa
para uma vida mais eficiente e produtiva (OLIVEIRA, 2003, p.127).
Por muito tempo, os organismos foram divididos em dois grandes reinos: Animal e Vegetal.
Este sistema foi proposto por Aristóteles (370-285 a.C) e perdurou por cerca de 2 mil anos. E
por mais que essa dualidade entre animal e planta seja autoevidente, quando comparamos um
alface a um elefante, existem alguns organismos que não são tão facilmente classificados entre
estes dois reinos.
No entanto, como classificar fungos, bactérias — fotossintetizantes ou não — algas e protistas?
Não se preocupe agora com as características destes grupos, pois os estudaremos mais adiante,
mas é importante perceber que um sistema de classificação com apenas dois grandes grupos
não se adapta bem à diversidade de organismos na Terra.
Uma alternativa à este sistema de dois reinos foi proposta por Haeckel, em 1866, adicionando
dois novos reinos: Fungos e Protistas. Contudo, onde agrupar as bactérias que possuem
metabolismo e “habilidades” tão distintas dos demais organismos?
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Unidade: Origem e evolução das plantas
Por estes motivos, é muito provável que você tenha aprendido em algum momento que a
natureza podia ser dividida em cinco reinos: Animais, Plantas, Fungos, Protistas e Monera, este
último, para agrupar as bactérias.
Esta classificação, apesar de didática, também não representa adequadamente a história
evolutiva dos organismos. Dado os conhecimentos adquiridos com o avanço recente da filogenia
(uma disciplina que se dedica a entender a evolução da vida na Terra), as classificações estão
sofrendo constantes modificações.
Importante
As classificações biológicas (seja botânica, zoológica ou bacteriológica) são hierárquicas (ou seja,
possuem categorias e subcategorias, chamadas genericamente de táxons). A classificação botânica
contém as seguintes categorias: Reino, Divisão, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie, sendo
Espécie o táxon menos inclusivo (como representado na Figura 1). A grafia dos táxons deve ser em
latim ou latinizada. Os táxons acima de Gênero devem utilizar um sufixo identificador, de acordo
com o Código Internacional de Nomenclatura Botânica (http://www.iapt-taxon.org). Assim, temos:
Atenção
Gênero e Espécie não possuem sufixos específicos. A espécie é um nome binomial que contém duas
palavras (o gênero + epíteto específico, como em Solanum tuberosum) e deve sempre estar desta-
cada do texto (escrito em itálico, negrito ou com grifo).
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Figura 1 - Representação em diagrama de Venn da organização hierárquica dos táxons
empregados na Taxonomia de Plantas.
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Unidade: Origem e evolução das plantas
Figura 2 - Representação evolutiva dos três Domínios (Eubacteria, Archaea e Eukarya) e seus Reinos.
DOMÍNIOS:
REINOS:
Animalia
Fungi
Archaebacteria
Plantas
Protista
Eubacteria
Ancestral comum
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Ideias-Chave
O objetivo final de qualquer sistema de classificação é resumir um conjunto de informações
consideradas relevantes. Por exemplo, se classificarmos um organismo como uma Magnoliophyta,
isto implica que este organismo possui clorofilas a e b com as quais é capaz de sintetizar moléculas
orgânicas por meio da fotossíntese, possui xilema e floema (sistema vascular) assim como flores e
sementes. Seus esporos são protegidos por esporopolenina (uma substância resistente presente na
parede) e seus embriões são multicelulares e nutricionalmente dependentes do tecido de reserva
presente nas sementes.
Como dito anteriormente, filogenia é uma disciplina que busca compreender a evolução da
vida na Terra por meio de características exclusivas e compartilhadas entre diferentes grupos,
que nos permitem sugerir seu relacionamento evolutivo.
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Unidade: Origem e evolução das plantas
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Figura 3 - Exemplos de representação do relacionamento filogenético em diagrama de Venn
(à esquerda) e cladograma (à direita). As letras representam os táxons terminais
(que podem pertencer à qualquer nível hierárquico da classificação). No exemplo (I),
o relacionamento entre os táxons A, B, C, D e E é desconhecido, mas a hipótese filogenética
(o cladograma à direita) sugere que os cinco terminais possuem um ancestral comum. O exemplo (2)
mostra uma hipótese de relacionamento entre os táxons, onde D e E são grupos-irmãos, assim como
B e C. A é grupo-irmão do clado B + C, e todos os táxons compartilham um ancestral comum.
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Unidade: Origem e evolução das plantas
Algas
Assim como criptógamas, algas também é um termo filogeneticamente impróprio, mas
que ficou historicamente consolidado como um coletivo genérico que abrange organismos
fotossintetizantes, procariontes (células sem núcleo ou organelas) e eucariontes, com enorme
variabilidade morfológica, estrutural e metabólica e ampla distribuição em diferentes habitats.
O coletivo algas abrange uma gama enorme de variabilidade morfológica, estrutural e metabólica,
incluindo até grupos procarióticos. A sua maior parte vive na água, de forma livre, fazendo parte
do plâncton (fitoplâncton) ou bentos (fitobentos). Devido à sua eficiência fotossintética, formam a
base dos ecossistemas aquáticos e são responsáveis por cerca de 40-50% da fixação de carbono e
produção de oxigênio do planeta (OLIVEIRA, 2003, p. 131).
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Uma característica distintiva é a presença de bainha mucilaginosa em torno do talo (corpo uni
ou multicelular), que podem ser impregnadas por diversas substâncias que conferem aparência
estriada ou colorida (OLIVEIRA, 2003; RAVEN et al. 2007).
A fotossíntese é possível principalmente pela clorofila a, mas possui outros pigmentos
fotossintetizantes como ficobilinas, carotenos e xantofilas, que podem conferir cores azul, vermelho,
amarelo, laranja ou marrom. Além disso, muitos gêneros têm a capacidade de fixar nitrogênio.
Por estas características, sugere-se que as cianobactérias tiveram um importante papel na
mudança da composição da atmosfera terrestre, tornando-a rica em oxigênio.
Além disso, a fixação de nitrogênio fez delas a base da cadeia trófica de ambientes aquáticos,
como parte do fitoplâncton. E, por último, há muitas evidências de que o surgimento dos cloroplastos
(organelas celulares responsáveis pela fotossíntese em células eucariotas) deveu-se à incorporação
de uma cianobactéria primitiva por uma célula eucariótica por intermédio da fagocitose.
O domínio Eukarya contém aproximadamente 10 divisões de algas (dependendo do
sistema de classificação empregado) que inclui: Dinophyta, Euglenophyta, Cryptophyta,
Haptophyta, Oomycota, Bacillariophyta, Crysophyta, Phaeophyta, Rhodophyta, Chlorophyta.
Destes, destacaremos Euglenophyta, Bacillariophyta, Phaeophyta, Rhodophyta e Chlorophyta.
Euglenophyta constitui-se de aproximadamente 900 espécies (RAVEN et al. 2007) de
flagelados, que ocorrem em corpos de água doce, e cerca de um terço — incluindo o gênero-
tipo Euglena — possui cloroplastos.
No Brasil, aproximadamente 355 espécies são nativas, sendo 14 delas endêmicas (ALVES-
DA-SILVA & MENEZES, 2014). Suas células não possuem parede celular ou outra estrutura
rígida. Contudo, um conjunto de proteínas estriadas arranjadas helicoidalmente logo abaixo
da membrana celular formam uma estrutura que ser rígida ou flexível e auxilia a natação em
ambientes lodosos (RAVEN et al. 2007).
Baciollariophyta agrupa as diatomáceas que, graças à sua resistente carapaça silicosa, é um
dos grupos mais bem representados no registro fóssil.
Esse grupo, juntamente com as algas pardas (Phaeophyta), crisofíceas e oomicetos, são
filogeneticamente próximos e coletivamente denominados de heterocontas. Possuem dois
flagelos bastante distintos dos demais protistas em tamanho e ornamentação.
As diatomáceas são organismos unicelulares ou coloniais, importantíssimos no fitoplâncton
porque respondem por aproximadamente 25% da produção primária da Terra (fixação de
carbono à partir da fotossíntese). Estima-se que existam aproximadamente 100.000 espécies
(RAVEN et al. 2007), sendo conhecidas 1172 espécies presentes no Brasil, com 23 delas sendo
endêmicas (ESKINAZI-LEÇA et al., 2014).
Phaeophyta são também chamadas de algas pardas, um grupo monofilético de organismos
multicelulares que ocorrem quase exclusivamente em ambiente marinho e se caracterizam pela
presença do pigmento fucoxantina (RAVEN et al., 2007).
Juntamente com Baciollariophyta, Chrysophyta e Dinophyta foram anteriormente agrupadas
em uma única divisão chamada Chromophyta por compartilharem clorofila c (OLIVEIRA, 2003).
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Unidade: Origem e evolução das plantas
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Material Complementar
No início desta Unidade, comentamos sobre a taxonomia folk como um exemplo de que a
classificação e ordenação da natureza é uma necessidade humana.
Leia esta seleção de textos (em português) com alguns exemplos de taxonomia folk e
etnobotânica:
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Unidade: Origem e evolução das plantas
Cultivo de algas pode ser opção para pequeno produtor. João Mathias.
Disponível em: http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,EMI161248-18097,00-CUL
TIVO+DE+ALGAS+PODE+SER+OPCAO+PARA+PEQUENO+PRODUTOR.html
Finalmente, uma importante e atualizada base para consulta sobre a flora brasileira é a Lista
de Espécies da Flora do Brasil, organizada pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro e mantida
atualizada por uma rede de botânicos colaboradores. As consultas podem ser feitas no link:
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/listaBrasil/PrincipalUC/PrincipalUC.do
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Referências
DOBZHANSKY, T. 1973. Nothing in biology makes sense except in the light of evolution.
The American Biology Teacher 35: (March): 125-9.
MENEZES, M.; BICUDO, C.E.M.; MOURA, C.W.N. Algas in Lista de Espécies da Flora do
Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/
jabot/floradobrasil/FB128463>. Acesso em: 14 jul. 2014.
OLIVEIRA, E. C. de. 2003. Introdução à biologia vegetal. 2.ed. São Paulo: Edusp, 272 p.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHORN, S. E. 2007. 7. ed. Biologia Vegetal. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 830 pp.
WERNER, V. R.; CABEZUDO, M. M.; NEUHAUS, E. B.; CAIRES, T. A.; SANT’ANNA, C. L.;
AZEVEDO, M. T. P.; MALONE, C.; ARANTES, W.; SANTOS, K. R. S. Cyanophyceae in Lista
de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://
floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB98990>. Acesso em: 14 jul. 2014.
YAMAGISHI-COSTA, J.; SAMPAIO, D.S.; MARQUES, D.; CAMPOS, P.A. Introdução as Algas
in Atlas Digital de Sistemática de Criptógamas. Instituto de Biologia da Universidade
Federal de Uberlândia. Disponível em: <http://www.criptogamas.ib.ufu.br/node/2>. Acesso
em: 14 jul. 2014.
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Unidade: Origem e evolução das plantas
Anotações
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