Você está na página 1de 81

TCEIUNICAMF·'

P759a
FOP

UNICAMP ROSELI MEIRE LANDUCCI POLITANI - C.D.

ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS DO
LIGAMENTO PERIODONTAL FRENTE
A MOVIMENTAÇÃO ORTODÕNTICA

Especialização: Ortodontia

FOP- Unicamp · SP
2.000
UNICAMP ROSELI MEIRE LANDUCCI POLITANI - C.D.

ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS DO
LIGAMENTO PERIODONTAL FRENTE
A MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA

Monografia apresentada à Faculdade de


Odontologia de Piracicaba da Universidade de
Campinas, como requisito para obtenção do título
de Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial.

Orientador:
Prof Dr. Pedro Duarte Novaes

234
UNIVERSIOADE ESTADUAL DE CAMP1ttiS
r:;:: ODONTOLOGIA DE PmJ\CIGt~BA
r:~CllLDJ\OE
BIBLIOTECA

FOP- Unicamp- SP
2.000
' -··--. ---- ,___ .
I N•• CI&Hlt. ~~--------- -- -=~:
N,o auto. ------ )'
'· ····-·----·-- _, ________ l
-·-··'·"---=--------=:.-I
! Twnbet--··········------

Unidade- FOP/UNICAMP
ÍGt /~rJiú~ff'.f?
p~;:;-,~ o.
•....... -::... :....-... ::.. .... Ed ........... ..
\lol ........................ Ex ........... ..
Tombo ... 5Li..C'........... ..
cO o!Z]
Proc. J...?..f;:.á:;?.~_.f.'29.J0.
Preç,l __ B/.~ ..+.-.. ~ ...Q;!.............
Dota Qc":>{J~j IQ _
";gi;t•o ] ] G·-\ciÇ.

Ficha Catalográfica

Politani, Roseli Meire Landucci.


P759a Alterações histológicas do ligamento periodontal frente a
movimentação ortodôntica. I Roseli Meire Landucci Politani. ~
Piracicaba, SP: [s.n.], 2000.
\<·" 7lp.: il ..

Orientador: Prof. Dr. Pedro Duarte Novaes.


· Monografia (Especializa•rão) - Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba.

1. Ligamentos. 2. Periodontia. 3. Histologia. I. Novaes, Pedro


Duarte. IL Universidade Estadual de Campinas. Facuidade de
Odontologia de Piracicaba. In. Título.

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecárla Marilene Girello CRB /8- 6159, da
Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Pi1·acicaba I UN1CAMP.
Dedico este trabalho

Ao meu esposo Wiliam, pelo apoio e incentivo em


todos os momentos, principalmente os mais
dificeis.

Aos meus filhos André e Elisa, amores de minha


vida.
AGRADECIMENTO ESPECIAL

A Deus, que nos guia e ilumina.

Ao Professor Dr. Pedro Duarte Novaes, professor do Departamento de Morfologia


da Faculdade de Odontologia de Piradcaba - Unicamp, que com atenção e dedicação
orientou este trabalho.
AGRADECIMENTOS

Ao Prof Dr. Darcy Flávio Nouer pela oportunidade e confiança em mim


depositados.

À Profi Dr. o. Maria Helena C. de Almeida, pelo carinlw, força, ensinamentos e


incentivos.

Aos mestres Dr. João Sarmento Pereira Neto e Dr. Paulo Tucasan, pela ami;ade,
companheirismo e ensinamentos.

À Proj. Dr. a Maria Beatriz B. A. Magnami, pela colaboração e apoio.

À Prof: Dr. a Vânia Siqueira, pelo apoio e incentivo nas horas difíceis.

Às bibliotecári~. pela paciência e grande ajuda na procura dos artigos.

À Silmara Furlan, responsável pela tradução dos artigos.

À Yvone D. S. Pantiga, pela dedicação e responsabilidade no trabalho de digitação


desta monografia.

Aos companheiros de turma e a todos que de alguma forma colaboraram com a


realização desta monografia.
'Para conhecer as coisas, é preciso conhecer-lhes as
minúcias e como estas são quase infinitas, 1Wssos
conhecimentos são sempre sUperfiCiais"

-LA ROCHEFOUCAULD
SUMÁRIO

p.

RESUMO

ABSTRACT ii

INTRODUÇÃO 1

REVISÃO DA LITERATURA 3

PROPOSIÇÃO 52

DISCUSSÃO 53

CONCLUSÃO 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 63
RESUMO

O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão da literatura, de modo a formar um

quadro geral dos eventos que ocorrem quando forças ortodônticas são aplicadas para

promover movimentações dentárias.

O aparelho ortodôntico é um sistema de forças que acumula e libera forças contra os

dentes, músculos e osso, criando uma reação dentro do ligamento periodontal e do osso

alveolar, que permite os movimentos dos dentes. Este se desloca à medida em que o osso

sofre remodelação.

Revisaremos a a_natomia e histologia do ligamento periodontal e compararemos as

mudanças histológicas ali ocorridas quando forças leves e pesadas são aplicadas ao dente,

destacando fatores temporários ou permanentes ali ocorridos.

Além de ressaltar a necessidade da manutenção de uma boa higiene bucal através da

correta higienização e controle da placa bacteriana. motivando sempre o paciente submetido a

tratamento ortodôntico.

Palavras-chave: Ligamento Periodontal, alterações histológicas.


n

ABSTRACT

The aim of this work is to review the literature in order to make a broad view of the

events occured when orthodontics forces are applied to promote dental movements.

The orthodontic appliance is a force systems that acumulate and releases forces

towards the teeth, muscles and borres, creating a reaction in the periodontal ligament and

alveolar bones, which allows the tooth moviments. These deslocate themselves when the

borre undergo remodelation.

We will review the anatomy and histology of the periodontal ligament and compare

the histologic changes that occured after heavy and soft forces were applied towards the teeth,

pointing out the temporary or permanent factors.

We also draw the attention to the need of having a good oral higiene through the

right cleaning and bacterial plaque control, always rnotivating the patient that undergoes

orthodontic treatrnent.

Key words: Periodontal Ligarnent, histological changes.


I

INTRODUÇÃO

Para atingirmos nossa meta na terapia ortodôntica devemos proporcionar o

restabelecimento da função, oclusão e estética do paciente.

Para isso necessitamos conhecer a anatomia do periodonto e também entender as

alterações decorrentes da aplicação das forças necessárias para corrigir os problemas

detectados.

REITAN (1951), chamou a atenção sobre os resultados clínicos obtidos com relação

às mudanças dos tecidos de suporte na terapia ortodôntica, e que são limitados p!loossoalveolar.

Essas observações não eram feitas até depois da invenção do RaioRX cefalornétrico

por Broadbent's (REITAN, 1960), que contribuiu para o esclarecimento e entendimento do

que realmente ocorria durante o tratamento ortodôntico.

As pesquisas nos revelam que ainda existem muitas divergências de opiniões a

respeito da movimentação experimental dos dentes em razão de muitos ortodontistas usarem

diferentes métodos para o tratamento das maloclusões dentárias. Algup.s grupos tratam com

aparatologia fixa, outros removível, (geralmente os dispositivos removíveis oferecem poucos

recursos no tocante ao controle tridimensional no movimento dental), e poucos trabalhos se

efetuaram para comparar e correlatar as descobertas relativas a essas duas categorias de

movimento ortodôntico do dente.

Neste trabalho faremos uma revJsão da literatura onde foram observadas as


2

mudanças histológicas nos tecidos de suporte do dente que sofreram tratamento ortodôntico.

O movimento dentário implica em reabsorção do osso alveolar onde a raiz, por um

certo espaço de tempo, causa compressão do ligamento periodontal (LPD), novo osso alveolar

é depositado onde há uma força de tensão agindo no osso. Entretanto, estas afmnações

aparentemente óbvias se sujeitarão a numerosas variações e exceções quando fatores, tais

como a magnitude, direção e duração da força são introduzidos, às quais foram feitas

comparações sistemáticas das estruturas que acercam os dentes, que foram movidos

ortodônticamente, com estruturas de dentes proximais setvindo como controle para comparar

as mudanças histológicas observadas em experimentos e a reação inicial dos tecidos.

Os elementos teciduais descritos por REITAN & RYGH (1996) que sofrem

mudanças durante os movimentos dentários são principalmente o ligamento periodontal, com

suas células, fibras de suporte, capilares e nervos, e secundariamente, o osso alveolar.

Além disso, examinando as áreas de controle, pode-se evitar más interpretações das

mudanças histológicas criadas pela migração e crescimento do de.!lte. Um reconhecimento

das mudanças causadas 'pela migração fisiológica do dente, deve ser considerada muito

importante.
3

REVISÃO DA LITERATURA

Para maior entendimento, este capítulo será subdividido da seguinte forma:

I. Definição Biomecânica

2. Anatomia do Ligamento Periodontal

3. Mecanismo Hidráulico Periodontal

4. Alterações Histológicas Provocadas Pelo Tratamento Ortodôntico no

Ligamento Periodontal

1. Definição Biomecânica

1.1. Biomecânica- é o tenno usado em discussão da reação das estruturas dentais e

faciais frente a ''força ortodôntica ".

I. 2 Mecânica - é a ciência que estuda a ação de forças sobre a fonna e o

movimento dos corpos. Neste caso, as forças são aquelas produzidas pelos aparelhos

ortodônticos ou pela musculatura contra os dentes ou através da intercuspedação dos mesmos.

A movimentação dentária baseia-se no princípio de que se uma força é aplicada sobre um

dente, este se desloca à medida em que o osso sofre remodelação.


4

2. Anatomia do Ligamento Periodontal

. l , _...
D D-l-
C
,

.
c--.
[....,.O:oO _ _ .,....,.

,, ......
(~~-

,...,.,..._.,..
-
.....,. .......,....
$ , ..,....,._..............
• c,...,....,...
J L...,_.,.....,_.
.. ............ _._ ...

-...

·.·

Figura I - O alvéolo e os tecidos periodontais

2.1. Esmalte - tecido mineralizado, constituído de 96% de mineral (hidroxiapatita)

suportado por 4% de material orgânico e água.

2.2. Polpa - é o tecido conjuntivo frouxo que mantém a denteria. Quando se

examina, pode distinguir-se quatro zonas nitidas, do ponto de vista histológico: ( 1) zona

odontoblástica, na periferia pulpar; (2) zona acelular (zona de Weil, ou camada basal de

Weil), logo abaixo dos odontoblastos, muito evidente na polpa coronária; (3) zona rica em

células, onde a densidade celular é muito alta, de novo presente na polpa coronária adjacente

à zona acelular; (4) zona central, caracterizada pela presença dos maiores vasos e nervos da

polpa. As principais células da polpa são os odontoblastos, células mesenquimáticas

indiferenciadas e macrófagos.
5

2.3. Dentina - camada intennediária do dente que recobre a estrutura pulpar e dá

sustentação ao cemento. Ricamente inervada, é constituída por canículos que dão passagem a

estruturas neuro-vasculares.

2.4. Cemento - é um tecido conjuntivo duro, muito semelhante ao osso, que cobre

as raízes do dente e tem como principal função a inserção das fibras do ligamento periodontal

à raiz do dente. Ele tem uma matriz orgânica constituída em grande parte de colágeno e

substância amorfa e é 50% mineralizada com hidroxiapatita. Ao contrário do osso, o cemento

não é vascularizado e nem tem a capacidade de remodulação, mas é geralmente mais

resistente à reabsorção.

2.5. Ligamento Periodontal- é um tecido conjuntivo mole situado entre o cemento

que cobre a raiz do dente e o osso que fonna a parede alveolar. Ele varia em espessura de

0,15 a 0,38 mm, sendo sua porção mais delgada a que está em torno do terço médio da raiz. A

espessura do ligamento periodontal diminui progressivamente com a idade. É um tecido

conjuntivo particulannente bem adaptado para a sua principal função, que é a de suportar o

dente no seu alvéolo e, ac;> mesmo tempo, permitir que ele resista às consideráveis forças da

mastigação. O ligamento periodontal possui também outra importante função em adição

àquela de articular o dente ao osso: age corno um receptor sensorial indispensável para o

posicionamento adequado da maxila e da mandíbula durante a função normal.

Corno qualquer outro tecido conjuntivo, o ligamento periodontal consiste de células

e de um compartimento extracelular de fibras e de substância fundamental amorfa. As células

incluem osteoblastos, osteoclastos (tecnicamente no interior do ligamento periodontal, mas

funcionalmente associados ao osso), fibroblastos, células dos restos epiteliais de Malassez,

macrófagos, células mesenquimáticas indiferenciadas e cementoblastos (também

tecnicamente no interior do ligamento periodontal, mas funcionalmente associados ao


6

cemento). O compartimento extracelular consiste de feixes de fibras colágenas bem

definidos, embebidos em substância amorfa. Pequenas quantidades de outro tipo de fibra, a

oxitalâmica, também são encontradas no ligamento periodontal. A substância amorfa consiste

em grande parte de glicosaminoglicanos, glicoproteínas e de glicolipídeos.

De acordo com FAVA DE MORAES (1980) o ligamento periodontal era um tecido

conjuntivo denso e fibroso, diferenciado da parte média do mesenquima do saco dentário e

localizado entre o cemento e o osso alveolar. Como tecido conjuntivo, apresenta células,

substâncias intercelulares amorfas e fibrosas e líquido tecidual. As fibras colágenas

desempenham um papel preponderante na articulação entre o dente e o osso, por meio de

vários feixes orientados em diferentes sentidos, possibilitando o reconhecimento

microscópico de seis grupos principais, quais sejam:

I. Grupo de crista alveolar, unindo ao cemento logo abaixo da junção

amelocementária;

2. Grupo horizontal, situado logo apicalmente ao grupo da crista alveolar;


.
3. Grupo oblíquo, de longe o mais numeroso dos ligamentos;

4. Grupo apical, em tomo do ápice da raiz;

5. Grupo inter-radicular ou transeptal, encontrado apenas entre raízes dos dentes

multiradiculares (figuras 2 e 3).

Por outro lado, os vasos que irrigam o ligamento periodontal provém de três fontes

diferentes, ou seja, podem originar-se da mucosa gengival, da superficie lateral do osso

alveolar e da região apical. Os vasos que se originam da região apical são, em geral, advindos

de ramificações de vasos maiores que também se dirigem para a polpa dentária. A

vascularização é maior nos dentes posteriores que nos anteriores, mas sempre mais próxima
7

da superficie óssea do que da radicular. A circulação linfática do ligamento periodontal se

processa da lâmina própria da gengiva em direção à região apical. A inervação do periodonto

é representada por fibras nervosas mielínicas, que seguem o mesmo trajeto dos vasos

sanguíneos, sendo predominante no terço apical e mais pobre no terço cervical da raiz. AJém

dessas, são encontradas ainda fibras amielínicas do sistema nervoso autônomo e que estão

relacionadas com os vasos sanguíneos, para o controle da fisiologia circulatória. Por ser um

tecido conjuntivo, o ligamento periodontal (notadamente na região dento-alveolar) também é

susceptível a certas alterações sistêmicas, como por exemplo: irradiação, hormônio, fármacos

e deficiências vitamínicas, proteicas e de outros nutrientes. Da mesma forma que em outros

setores orgânicos, a influência da idade é marcante na sua estrutura, ocorrendo aumento do

conteúdo fibroso em detrimento do número de células e da concentração da substância

intercelular amorfa.

LI•~
1. c.n..mo
2. Gt"Upo da crisu
3 , 0..o•~
• • GNPO hof'ilotnM L
5 . Gru~ obllQUO
e . G._.,~ca,

Figura3
Feixes de fibras tio ligamento periodontal
Figura2 em corle mésio-distnl: 1. Dentina; 2
Diagrama representatill() dos principais feixes de fibras do li~:amento Esmalte; 3. Crista óssea; T. Fzbras
periodontal em corte vestibul~lingual transeptais; C Fzbras da crista; H Fzbras
horiumtnis; O. Fzbras ob/iquas.
8

LASCALA & MOUSSALLI (1980) descreveu as estruturas de suporte do dente,

chamadas de "periodonto" como sendo gengiva, ligamento periodontal, cemento e osso

alveolar a circundar os dentes. A margem gengiva! fonna a extensão coronária da gengiva nas

faces vestibular e lingual dos dentes, seguindo um curso ondulado por entre os dentes por

causa das papilas interdentárias, que preenchem os espaços interdentários abaixo das áreas de

contato dos dentes. Podem ser identificadas duas porções da gengiva: gengiva marginal livre e

gengiva inserida. A gengiva marginal livre inclui a papila interdentária e a gengiva coronária,

em um nível que se aproxima da junção cemento-esmalte, sendo que, em alguns indivíduos a

extensão apical é demarcada com um sulco denominado ranhura gengival. A gengiva inserida

estende-se do nível da ranhura gengival apicalmente até a junção mucogengival, onde se

funda com a mucosa alveolar. A gengiva inserida permanece firmemente unida ao cemento

circundante e ao osso por meio de fibras colágenas do tecido conjuntivo, que proporcionam o

tônus gengiva! e sua união ao cemento e ao osso alveolar. As fibras se projetam em diferentes

direções para assegurar uma ancoragem gengiva! adequada, podendo ser distinguidos os

seguintes grupos: 1) ç/Ç!J{9g~(lgjy_qj~ .- originadas no cemento supra alveolar ao redor do dente

e distribuídas coronalme:ote na gengiva; 2) ~!1'.~9/qgçng~l!P:{~.- distribuídas do osso alveolar

para a gengiva; 3) r!l1'.~9.~qrfçnt4T.~~ - são as fibras do ligamento periodontal que unem o

cemento ao osso alveolar; 4) r;{~Ç.1!/{!~~~ - estendem-se ao redor do dente na gengiva marginal

livre, entrelaçam-se e promovem um arranjo semelhante a uma bainha; e 5) fntlfr.4.e.IJ.l?!i.r. ou

tr.C!~f!P.!PA~ - estendem-se da área supra-alveolar de um dente, passru;do através da região

interdental da gengiva, até se unirem ao cemento do dente adjacente (figura 4). Mas além das

fibras, o tecido conjuntivo é composto por vasos linfáticos e sanguíneos, nervos, células e

substância fundamental. na rede vascular que supre os dentes e os tecidos periodontais, os

vasos sanguíneos ramificam-se gradualmente, em numerosas interconexões (anastomoses),

nutrindo as várias partes do periodonto (figura 5). O suprimento periférico de sangue na


9

~·0----- I

J~Po

A s'

Figura 4
Diferentes feixes de fibras do ligamento alvéolo-dental Em G está representado o grupo gengival; em Tos
feixes transeptais; em C os tia crista alveolar; em H as horizontais; em O as oblíquas; em A as apicais; e
em B o espaço apica/ de Black.

Figura 5
Diagrama em corte vestíbulo-lingual representando o suprimento sanguíneo arterial da gengiva, osso
ah•eolar e o ligamento periodontal: I. Micr01•ilosidades epiteliais; 2. Vasos da crista; 3. Crista all•eolar;
4. Vasos do ligamento periodonta/; 5. Vasos supra-periosteais; 6. Vasos do osso de sustentação;
7. Osso alveolar.
10

gengiva, subjacente aos epitélios bucal e sulcular, é composto por alças capilares localizadas

nas projeções dos tecidos conjuntivos e próximo ao epitélio funcional existe uma rede de

vasos sanguíneos periféricos, chamada de plexo dento-gengival (figura 6).

É também abundantemente inervado por fibras sensona1s capazes de transmitir

sensações táteis, de pressão e de dor pelas vias trigeminais. Todas estas estruturas estão

imersas em plasma e em conjunto formam o Sistema Hidro-Dinâmico de distribuição de

forças que veremos mais adiante.

Figura 6
Suprimento sanguíneo do periodonto. São 3 as fontes: a) Ramos provenientes de vasos apicais;
b) Ramos provenientes do osso all'eolar (septo interdentário);
c) Ranws de vasos que ladeiam o periósteo

Segundo FREEMAN (1985), as funções físicas do ligamento periodontal são: I)

transmissão das forças oclusais ao osso; 2) inserção dos dentes; 3) manutenção da relação

adequada entre gengiva e dente; 4) resistência ao impacto das forças oclusais; 6) provisão de

um envoltório de tecido mole para proteger os vasos e nervos de possíveis lesões mecânicas.
11

A resistência às forças oclusais reside fundamentalmente em quatro sistemas do

ligamento periodontal, mais do que nas fibras principais que desempenham um papel

secundário de contenção do dente contra movimentos laterais e impedem a defonnação do

ligamento periodontal quando submetidos a forças de compressão.

Os quatro sistemas de resistência às forças oclusais são:

Vascular- atuando como amortecedor de choque e absorvendo as tensões das forças

oclusais bruscas.

Hidrodinâmica - que consiste do fluido tecidual e do líquido que passa através da

parede dos vasos menores e se filtra nas áreas circundantes através dos forames alveolares

para resistir as forças axiais.

Nivelação - em estrita relação com o sistema hidrodinâmico e controla o rúvel do dente no

alvéolo.

Resíliente - que traz o dente a sua posição original quando as forças oclusais são removidas.

Osso alveolar - Forma e suporta os alvéolos dentários. Forças oclusais transmitidas

desde o ligamento até a parede interna do alvéolo são suportadas pela estrutura trabecular que

por sua vez é sustentada pelas tábuas corticais vestibular e lingual. É composto de matriz

calcificada contendo osteócito cujos prolongamentos formam um sistema anastomosado para

aporte de nutrientes e eliminação de catabólitos.

Os varos sanguíneos percorrem o periósteo e o endósteo. São ricos em fosfatos, cálcio,

carbonatos, citratos, cristais de hidroxiapatita e sódio, magnésio e flúor em menor quantidade.

Geng;va -É a parte da mucosa oral que cobre os processos alveolares dos maxilares e

circunda o colo dos dentes.


12

Gengiva livre - Consiste de um núcleo central de tecido conjuntivo coberto por

epitélio escamoso estratificado e contém um sistema importante de feixes de fibra colágenas

chamadas fibras gengivais. As fibras gengivais têm as seguintes funções:

abraçar a gengiva marginal fortemente contra o dente, tem a forma de anel e são

chamadas fibras circulares.

unir a gengiva marginal livre com o cernento da raiz. Têm a forma de leque e são

chamadas dentogengivais.

manter o relacionamento entre dentes vizinhos.

Fibras Gengivais - Forma feixes horizontais entre o cemento de dentes vizinhos e se

situam entre o epitélio na base do sulco gengival e a crista do osso alveolar. São chamadas

fibras transceptais.

Gengiva inserida - É contínua com a gengiva marginal e tem o mesmo epitélio. O

tecido conjuntivo da gengiva é conhecido como lâmina própria. ? rica em colágeno com
poucas fibras elásticas. Possui uma camada capilar e uma camada reticular contígua como

periósteo do osso alveolar.

3. Mecanismo Hidráulico Periodontal

Virtualmente todo o espaço periodontal não ocupado pelas fibras de união é a parte

do sistema hidráulico:

-vasos sanguíneos e linfáticos:


13

-elementos celulares e fluídos tissulares com viscosidade heterogênea

A primeira resposta deste sistema hidráulico às forças externas é o de aumentar

marcadamente a sua pressão, antes do dente mover-se o suficiente para tencionar as fibras.

Este fenômeno é devido à lei básica de hidráulica: "Um fluído sob pressão, exercerá

a mesma pressão por unidade de área, em todas as direções".

As fibras gengtvais executam uma função de lacramento para impedir o

extravasamento de líquido durante a função, impedindo o escape gengival, redistribuindo-o

por toda parede alveolar.

Estágios dos efeitos da pressão hidráulica nas estruturas periodontais:

A Passiva

B. Leve, parcialmente aniquilando vasos sanguíneos

C. Força mais pesada expulsando os fluídos intercelulares

D. Força extrema, expulsando as estruturas celulares e fibrosas

Movimento Sanguíneo

O sangue é o mais móvel dos fluídos periodontais porque já está contido num

sistema de tubos que providenciam uma rota direta de escape. A pressão sanguínea é também

nonnalmente a mais alta e em estado nonnal ela é equilibrada com a pressão dos tecidos

adjacentes. Qualquer aumento na pressão em volta dos vasos sanguíneos causará algum

grande colapso e extravasamento para fora dos vasos periodontais e para dentro dos vasos de

conexão nos tecidos adjacentes.


14

Tensão de Contato

Na dentição normal não há espaço entre os dentes, eles permanecem em contato

íntimo, sem pressão entre eles. É uma função da espessura periodontal e o alinhamento

dentário.

A Ligamento periodontal fino permite um leve movimento do dente e um contato

clínico tenso.

B. Anquilose- impedirá qualquer separação dos dentes em contato.

C. Ligamento espesso - permite grande mobilidade e um contato clínico frouxo.

Resposta Periodontal e Óssea a Função Normal

Durante a função mastigatória, os dentes e as estruturas periodontais estão sujeitos a

forças intermitentes pesadas. Os qontatos dentais duram um segundo ou menos; as forças são

bem pesadas, medindo de 1 a 2 kg, enquanto substâncias moles são mastigadas até 50 kg

contra um objeto mais resistente.

Quando um dente é submetido a uma carga pesada desse tipo, o rápido deslocamento

do dente dentro do espaço do ligamento periodontal é impedido pelo fluído não compressível

do tecido.

Em vez disso, a força é transmitida ao osso alveolar, o qual ·se curva em resposta.

Essa curvatura óssea em resposta à função normal gera correntes piezoelétricas que parecem

ser estímulos importantes para a regeneração e reparo esquelético. Esse é o mecanismo pelo

qual a arquitetura óssea é adaptada à demanda funcional.

Muito pouco do fluído dentro do ligamento periodontal é comprimido durante o

primeiro segundo da aplicação da pressão. Se a pressão contra o dente é mantida, entretanto,


15

o fluído rapidamente se manifesta, e os dentes se deslocam dentro do espaço do ligamento

periodontal, comprimindo o próprio ligamento contra o osso adjacente.

A dor normalmente é sentida após 3 a 5 segundos de aplicação de força pesada,

indicando que os fluídos se manifestaram e pressão esmagadora é aplicada contra o ligamento

periodontal nesse período de tempo. A resistência providenciada pelos fluídos teciduais

permite mastigação normal, com sua aplicação de força de 1 segundo ou menos, para ocorrer

sem dor.

Apesar do ligamento periodontal estar perfeitamente adaptado para resistir forças de

curta duração, ele rapidamente perde sua capacidade de adaptação à medida que os fluídos

teci duais são comprimidos para forma de sua área confinada.

Forças prolongadas, mesmo de pequena magnitude, produzem uma resposta

fisiológica diferente. O movimento dental ortodôntico se toma possível pela aplicação de

forças prolongadas. Além disso, forças leves prolongadas no ambiente natural como: força

dos lábios, bochechas e língua em repouso contra os dentes, têm o mesmo potencial das

forças ortodônticas para provocar deslocamentos dentários.

O fenômeno Erupção Dental toma evidente que as forças geradas dentro do próprio

ligamento periodontal podem produzir movimento dental.

O mecamsmo de erupção parece depender de eventos metabólicos dentro do

ligamento periodontal, provavelmente relacionados à formação, ligação cruzada e

encurtamento maturacional das fibras colágenas.

Esse processo continua, apesar de reduzida, na vida adulta. Um dente CUJO

antagonista foi extraído frequentemente será observado iniciando a irromper novamente após

muitos anos de aparente passividade.


16

A presença contínua desse mecanismo indica que ele pode servir para produzir não

só a erupção dos dentes sob circunstâncias apropriadas, como também ativar a estabilização

dos dentes contra forças de magnitude leve.

O ligamento periodontal tem habilidade de produzir estabilização passiva e ativa dos

dentes.

4. Alterações Histológicas Provocadas pelo Tratamento


Ortodôntico no Ligamento Periodontal

A história de investigações histológicas nas mudanças teciduais após movimento do

dente data do fim do Século XIX. Muitos autores discutiram mudanças teciduais do ponto de

vista clínico e empírico. Dessas observações uma breve pesquisa é feita à seguir.

Estudos radiográjicos e clínicos.

HARRlS ( 1863) explica o movimento do dente como resultado de reabsorção de um

dos lados do dente e apósição do outro lado da raiz. Essa visão era apoiada por TALBOT

(1888), GUILFORD (1898) e outros.

KINGSLEY (1877), posterionnente apoiado por FARRAR ( 1888), declarou que uma

cwvatura do osso alveolar aconteceria durante o movimento ortodôntico do dente.

WALKHOFF (1900) baseou sua teoria na Lei da Traosformação de WOLFF (1870).

Ele diz que as estruturas de suporte ósseo se deslocarão e mais tarde se re-arranjarão durante

o período de retenção. Sua teoria da diferença da tensão, como foi denominada, levantou

muitas discussões, HECHT (1900).


17

LANDSBERGER (1909) examinou a sutura mediana radiograficamente depois de

ter sido alargada por forças ortodônticas. Ele acreditava que tecidos adicionais tinham sido

criados pela calcificação do tecido conectivo da sutura mediana.

SKOGSBORG (1927) descreveu um método cirúrgico para retenção de dentes

individuais. Ele considerava as teorias de WALKHOFF (1927) e FARRAR (1888) como

corretas e declarava que havia obviamente uma curvatura da substância cortical elástica do

processo alveolar. SIEGMUND (1940) discutia o movimento do dente mais ou menos de wna

forma empírica baseando suas interpretações na Lei da Transformação de WOLFF (1870).

O problema da reabsorção também foi assunto de investigações por muito autores.

SCHWARZKOPF (1887) observou reabsorção da raiz nos dentes extraídos enquanto

OTTOLlENGUI (1914) demonstrou reabsorção da raiz nos casos que foram examinados

radiograficarnente depois de um tratamento ortodôntico.

Um estudo extensivo desse tipo foi feito por KETCHAM (1927). Raios-X tirados

após tratamento ortodônticos revelaram que algumas raízes foram consideravelmente

encurtadas como se tivéssem sido cortadas. ele declara que as reabsorções podiam ser

obsetvadas em até 20 por cento dos casos tratados.

RUDOLPH (1936), mais tarde, em um estudo abrangente de 4560 raios-x tirados

depois de tratamentos ortodônticos, observou reabsorção da raiz em 12.6 % dos casos

envolvidos.

Enquanto que todos esses autores basearam seus estudos em observações

radiológicas e clínicas, muitos outros investigadores estudaram mudanças histológicas em

material experimental.

Estudos ltlstológicos (Kaare Reitan, 1951)


18

Experimentos com aparelhos fixos.

Os estudos histológicos nesse campo são bem conhecidos no presente e muitos

artigos e criticas se referiram à eles. A primeira investigação histológica sobre o problema

ortodôntico foi baseado em uma série de experimentos feitos por SANDESTEDT (1901). Seu

livro foi escrito em sueco e chamado "Nagra bidrag til! tandregleringens teori. "

Em seu trabalho experimental, feito durante um ano em cães idosos, ele observou

osteoclastos, sangramentos e até mesmo trombose dos capilares no lado da pressão da raiz

junto com fibroblastos e certas tiras azuis as quais ele acreditava serem capilares

comprimidos e tecidos nervosos. Muitas áreas comprimidas foram observadas, em volta das

quais, uma reabsorção -à distância aconteceu. A significância da reabsorção à distância, por

exemplo, uma reabsorção iniciada nos espaços medulares em tomo da área comprimida, aqui

descrita pela primeira vez, não chamou atenção até 25 anos mais tarde por SCHWARZ

(1932).

As descobertas de SANDSTEDT (1901) apoiaram as teorias de FLOUREN (1847) e

HUMPHREY (1858) sabre a reabsorção e aposição óssea. Suas observações também

revelaram que ao movimento artificial do dente está mais ou menos relacionado à fatores

mecânicos, especialmente, em relação ao processo de reabsorção.

Apesar do fato de que OPPENHEIM (1911) estudou o relatório de SANDSTEDT

(1901), e ser capaz de relacionar suas próprias descobertas com estas, suas observações o

levaram à diferentes conclusões. A razão para essa diversidade de interpretações pode

primariamente consistir ao fato de que seus experimentos fora efetuados em material

diferente, isto é, dentes decíduos de jovens macacos. Em um de seus experimentos, que durou

40 dias, no qual ele moveu os dentes labialmente, observou que o osso antigo do lado labial

tinha desaparecido completamente. Em seu lugar estava uma fonnação de tecido osteóide
19

perpendicular à superficie da raiz. Ele chamou essa formação de lamelação do osso. Ele não

observou áreas comprimidas mas havia diapedeses (passagens para fora das células

sanguíneas através de paredes íntegras de vasos) em muitas áreas e, portanto, não havia

trombose. Quanto ao fator tempo, urna vez ele observou mudanças ósseas depois de força

ativa ter sido aplicada por 5 dias.

Baseado em suas descobertas, ele afirma que a reação teci dual durante o movimento

ortodôntico do dente implica na transformação completa da arquitetura óssea.

Por um Jacto, ele considerava suas descobertas como uma indubitável refutação da

teoria da pressão e por outro lado ele acreditava que elas poderiam ser explicadas baseadas na

Lei de Transformação de WOLFF (1870).

Em outro experimento OPPENHEIN ( 1913) investigou as mudanças ósseas

acontecendo durante o período de retenção. HEINRICH (1923)~ que se refere aos

experimentos de SANDSTEDT (1901), caracteriza as investigações de OPPENHEIM (1913)

nos dentes decíduos como incompleta. Os resultados de seus próprios experimentos, que

duraram de I à6 meses, forám explicados baseados nas teorias de WOLFF (1870) e ROUX (1893).

JOHNSON, APPLETON & RITTERSHOFER (1926) fizeram uma experiência em

Maccacus Rhesus jovens, nos quais os dentes não estavam completamente desenvolvidos.

Como resultado do movimento do dente por 40 dias, eles observaram uma deformação na

terminação apical da raiz .

SCHWARZ (1928) fez wna abrangente avaliação das forças ortodônticas, as quais

ele dividiu em 4 grupos. Em relação ao lado mecânico do problema, ele considerava o

movimento enclinatório com forças leves mais biológico que um movimento corporal do

dente, o último implicando que o dente é deslocado paralelamente ao seu eixo.


20

OPPENHEIM (1929) em uma nova série de experimentos em cães não observou

reabsorção nas raízes nem com forças pesadas ou leves. Em um experimento com forças

pesadas, ativadas por 4 dias, o lado da pressão revelou trombose nos capilares. No lado da

tensão algwnas fibras periodontais romperam-se ou foram fortemente estiradas. Nem

aposição ou reabsorção foram observadas nesse caso, um fato que ele atribuiu ao grau de

força aplicada.

Em uma abrangente série de experimentos em cães, GOTTLIEB & ORBAN (1931)

investigaram as mudanças produzidas nas estruturas de suporte quando os dentes foram

intruidos ou em outros casos inclinados por força excessiva. O movimento do dente foi obtido

por moldes altamente cimentados em alguns molares e seus antagonistas. Portanto a função

da mandíbula durante a mastigação proporcionou a força ativa. Suas descobertas

confirmaram a teoria das áreas comprimidas e reabsorção à distancia como primeiramente

descrito por SANDSTEDT (1901). As reabsorções da raiz em animais idosos foram

observados depois de 6 dias, enquanto que em jovens animais não ocorreram reabsorções da

raiz até depois de 15 dias. Houve urna reabsorção na parede- óssea externa na área
'
correspondente à formação óssea adjacente ao lado da tensão no dente movido. Como essa

reabsorção não estava meramente restrita a urna área oposta ao dente movido, mas se

extendeu sobre uma grande porção do osso alveolar, eles consideraram essa uma reabsorção

remodeladora, dependente das atividades de crescimento e não diretamente associada com o

movimento do dente.

Como resultado de um deslocamento da porção apical da raiz e devido a reabsorção

óssea excessiva no lado de pressão, muitos casos revelaram produção de camadas de

osteofitos na superficie óssea externa correspondente a base apicai do dente movido.

Descobertas em dentes humanos que sofreram oclusão traumática, os mesmos


21

autores descreveram áreas comprimidas com reabsorção à distância . Em alguns casos houve

uma extensiva aposição do cemento como resultado de tensão pelas fibras de suporte,

descobertas confirmadas por GROSS (1931).

BREITNER (1930), em experimentos em molares decíduos de macacos, observou

aposição de novas camadas ósseas pela superficie da raiz do lado incidente à tensão ao

deslocamento corporal da raiz com reabsorção correspondente à superficie óssea no lado da

pressão. Elásticos intennaxilares proporcionaram a força ativa. A falta de inclinação dos

dentes nesses casos foi atribuída ao fato de os dentes serem guiados por tubos desiizantes e

também contatar os dentes proximais. Outros experimentos em movimento corporal contínuo

do dente foi relatado por REITAN (1947).

A maioria dos investigadores consideraram o deslocamento do dente como um

movimento inclinatório. GRUBICH (1930) investigou mudanças observadas em 5 dentes

humanos extraídos, movimentados ortodônticamente. Secções histológicas revelaram

reabsorções na região marginal da raiz com produção de cemento celular na lacuna de

reabsorção.

Injúrias reparadas da superficie da raiz, também relatada por ORBAN (1928), foram

descritas por SIPPY (1927) que destacou que o cemento será formado nas áreas injuriadas

mesmo se o dente tiver ou não vitalidade.

GUBLER (1931) observou aposição de densas camadas de cemento celular no lado

de tensão da raiz como resultado do movimento ortodôntico do dente. Em experimentos com

cães ele fez uma tentativa de produzir reabsorção apical da raiz, como descrito anteriormente

por KETCHAN (1929). GUBLER (1931) afirma que os amplos espaços de medula que

circundam a porção apical da raiz irão impedir a produção de tais reabsorções.


22

REHAK & HATTYASY (1932) observou a reabsorção da raiz após os arcos dentais

serem expandidos por aparelhos fixos.

HERZBERG (1932) moveu um pré-molar humano na direção lingual através de

elásticos intermaxilares por um período de 70 dias. Ele destacou que há uma grande

similaridade entre as suas descobertas e aquelas observadas em material animal experimentaL

A significância da quantia de força aplicada foi investigada em uma série de

experimentos por SCHWARZ (1932). Ele distingue entre forças abaixo e acima 20g. Nas

2
áreas comprimidas foram observadas forcas de 15-20g por cm na superficie da raiz. Com

forças mais pesadas houve a formação de áreas livres de células e uma subseqüente

reabsorção à distância na área da pressão. Ele declara que uma força leve irá causar uma

reação no tecido que é uma excelente visão sob o prisma biológico, se em média isso

corresponde à pressão causada pela pulsação dos capilares.

Ele também distingue entre áreas de forte pressão e áreas de pressão fracas, sendo

que a última é produzida por forças fracas e primeiramente sen~o um resultado do fator

tempo. No último exempío o tecido mole na área comprimida irá sofrer degeneração fibróide

com adesão à superficie da raiz. Circundando esse tecido anêmico e fibróide, a reabsorção da

raiz pode acontecer, começando pela borda da área de pressão. Ele nomeou isso de "staung"

ou reabsorção equilibrada (stases).

Em discussões sobre o problema de recidivas após movimento ortodôntico do dente,

SCHWARZ (1932) enfatiza que uma circulação sanguínea insuficiente em tecidos recém

formados podem constituir um importante fator. O estado de desequilíbrio biológico então

criado pode resultar em mudanças secundárias na posição do dente com reabsorção nos

tecidos ósseos recém formados no lado da tensão. Dos outros fatores incluídos nesse

problema, REITAN (1939 e 1947) discutiu a tensão criada nas estruturas supra alveolar e
23

subepitelial incidente ao movimento ortodôntico do dente, e ainda enfatizou que as fibras

transeptais são notavelmente persistentes e capazes de empurrar os dentes proximais, os quais

estão fixados na direção da força. Ele diz que aparentemente nenhum processo físico existe

que encurta ou remove o excesso dessas fibras depois de o dente ser aproximado.

Em uma série de artigos OPPENHEIM (1933) em um levantamento de suas

publicações anteriores e em outras investigações no campo da pesquisa da histologia

ortodôntica. Seus experimentos anteriores não revelaram nenhuma reabsorção da raiz. Em seu

último relatório ele diz que dentes humanos examinados radiograficamente exibiram

reabsorção da raiz após movimento do dente. Essas observações o levaram a concluir que há

uma diferença entre as estruturas de suporte no homem e nas dos animais em relação a reação

dos tecidos.

SCHUARZ (1933) apoiado por ORBAN (1935), foi da opinião que a aplicação de

forças leves constituiriam o melhor principio para o tratamento ortodôntico. Um dos

argumentos para apoiar essa afirmação está baseado na teoria das forças intermitentes, o

tecido osteóide formado durante o período de descanso teria que ser reabsorvido quando o

movimento do dente recomeçasse. Em acordo com essa declaração original de GOTJLIEB

(1922), eles consideravam o tecido osteóide menos reabsorvível que um osso antigo.

Consequentemente um período de descanso implicaria em atraso no movimento do dente já

começado.

Em uma monografia OPPENHEIN (1936) negou que o tecido osteóide fosse menos

reabsorvível que um osso antigo. Com o objetivo de investigar as mudanças de tecido

chamadas adiante por forças contínuas enquanto comparadas com forças intermitentes, 16

dentes hwnanos foram examinados histologicamente. As forças aplicadas não foram medidas,

nem foram consideradas as forças criadas durante a mastigação. A reabsorção da raiz foi
24

observada em todos os casos no lado de pressão labial. Nas áreas de pressão, ele notou

espaços tipo angioma cístico, avaliado primeiramente como wn sistema de defesa e

neutralizador. Além disso, acreditava que eles indicaram um aumento no número de

capilares, dos quais as células endoteliais poderiam ter sido ativadas durante o processo de

reabsorção. OPPENHEJM (1936), depois disso, também declarou que nenhuma formação

cística pode ser observada incidente a aplicação de forças contínuas. Ele também declarou

que com esse tipo de força haveria uma tendência para o dente de mover em recidiva. Como

resultado dessa recidiva novas reabsorções teriam sido criadas no lado da tensão da raiz.

Muitos dentes, portanto, exibiram reabsorção no lado lingual e labial.

Também destacou que os vacúolos não possuíam revestimento endontelial. Ele,

portanto, interpretou essas mudanças como áreas de autólise (destruição de células do corpo

por meio do seu próprio soro - desintegração) do tecido conectivo necrosado na membrana

periodontal.

STUTEVILLE (1938), repetiu os últimos experimentos de OPPENHEJM (1942),

mas mediu a força aplica~. Ele descobriu que havia reabsorção da raiz em todos os casos "

nos quais a força era ativada por um espaço maior que a largura da membrana periodontal".

Mais adiante, a reabsorção da raiz acontecia mesmo se a força ativada fosse leve, na ordem

de 0,5g, quando o stress oclusal interferia. Por outro .lado, uma força de I OOg não causava

reabsorção da raiz desde que o dente fosse movido de forma a não ultrapassar a largura da

membrana periodontal. Em sua conclusão ele diz que "não é tanto a quantia de força que

produz a reabsorção da raiz, mas a distancia na qual a força é ativada.

De acordo com OPPENHEIM (1942), os dentes não foram movidos biologicamente

devido a ocorrência freqüente de reabsorção da raiz. ORBAN (I 940) destacou que a erupção

também de dentes impactados freqüentemente causava a formação de áreas de pressão e


25

reabsorção da raiz adjacente. Tais áreas de pressão com reabsorção da raiz foram observadas

em condições nonnais em dentição decídua de crianças pequenas.

Em estudos já relatados, pouca atenção foi dada ao fator tempo no movimento

experimental do dente. Ninguém tentou investigar qual o período de tempo que a aplicação de

forças era necessário antes que as mudanças de tecidos fossem visível nas secções

histológicas. O único experimento até agora em relação a isso foi feito em um cão jovem por

GOTTLIEB & ORBAN (1931). Esses autores investigaram as mudanças observadas depois

que a força foi ativada por 12, 24, 36, 48,60 e 72 horas.

Os autores salientam que algumas mudanças que foram observadas poderiam ter sido

produzidas por uma tensão indireta das fibras transeptais, e portanto, produzindo movimento

dos dentes também. Reabsorção óssea no lado da pressão foi observada após a força ter sido

ativada por 12 horas. Uma proliferação de osteoblastos foi observada no lado da tensão após a

força ter sido ativada por 24 horas.

Em um experimento que durou 36 horas, também observaram áreas comprimidas

mais ou menos livres de éélulas no lado da pressão da raiz. Formações ósseas em seu estágio

inicial e também a produção de cemento na superficie da raiz foi notado na área de tensão

nesse caso. Trombose em capilares foi obsetvado em experimentos que duraram 60 horas.

Esses investigadores enfatizam que há uma notável diferença entre a substância

óssea e o cemento quando se trata de reabsorção, o cemento é mais resistente à reabsorção

quando comparado com o tecido ósseo.

Muito poucos investigadores estudaram as mudanças obsetvadas incidentes ao

movimento do dente com o uso de forças contínuas interrompidas por intervalos livres.

GUBLER (1941) fez experiências com aparelhos fixos em cães. A força ativa, de 250g, em

um caso foi aplicada por dois intervalos de 4 à 9 dias durante um experimento que durou 28
26

dias. Aposição óssea foi observada não apenas no lado da tensão mas também no lado da

pressão. Ele também descobriu que a reabsorção osteoclástica ocorreu no lado da tensão, uma

descoberta que ele atribuiria à um movimento de reação do dente durante o período de

descanso. Ele diz que houve muito pouca reabsorção da raiz devido ao fato de que as áreas

necrosadas e comprimidas criadas no lado da pressão foram parcialmente desintegradas e

removidas durante os periodos de repouso.

Mudanças patológicas no tecido da polpa foram também relatadas por FISCHER

(1933). Em concordância com a teoria discutida por CHIPPS (1928) e CARMAN (1937)

afirmou-se que anomalias no metabolismo do corpo, tais como hipotiroidismo, podem

constituir um importante fator em relação à substancia do dente.

Experimentos com aparelhos removíveis.

Muitos tipos de placas de mordida e aparelhos removíveis foram usados para corrigir

mal·oclusão dentaL

Os tipos descritos por JACKSON (1928), NORD (1928) e SCHWARZ (1932) estão

baseados em um principio comum. Quando inseridos, esses aparelhos pennanecem em uma

posição mais ou menos fixa por meio de grampos acessórios especiais. Eles são geralmente

dotados de parafusos para expansão e também de moh.~.s auxiliares.

Para criar um tipo de força mais intennitente, ANDRESEN (1931) modificou o

monobloco de ROBIN (1902) e chamou de nova placa ativadora de mordida. O ativador não é

fixado em nenhum arco dental. Ele pennite uma certa quantia de movimentos enquanto

mantido na boca de acordo com a função individual da mandíbula~ portanto sua ação é

interrompida toda vez que o paciente relaxa após mastigar ou abre a boca. O ativador é

também equipado com mola Coffin, arco labial e também muitos tipos de molas e acessórios

auxiliares.
27

As mudanças teciduais provocadas por forças intermitentes foram investigadas por

HÀUPL (1938). Ao todo, 15 experimentos foram efetuados com ativadores começando com

períodos de 3, 8 e 24 noites.

No experimento de 3 noites de duração HAUPL observou dilatação capilar e edema

da membrana periodontal. Reabsorção óssea e aposição foram observadas no experimento de

8 noites de duração.

A interpretação de HÀUPL (1938) das descobertas é baseada nas teorias de

POMMER (1883), ROUX (1885) e, até certo ponto, na teoria de WOLFF (1870). De acordo

com HÀUPL (1938), tratamentos com ativadores levam primeiramente a mudanças

formativas no lado da pressão com aumento do núm~ro de células também na formação do

tecido osteóide.

Ele afirma que subseqüentemente, células com função osteoclásticas aumentarão

devido a pressão do tecido recém formado e por um aumento de fluído tecidual causado por

hiperemia e edema. Além disso, restos de albumina, formada resultante da hiperemia, pode

criar um estímulo para a produção de osteoclastos que acontece principalmente pela fusão de

osteoblastos.

Em relação ao movimento correto do dente, HÀUPL (1938) afirma que não está

ainda decidido se o deslocamento do dente é causado pelo fato de que um novo tecido

osteóide foi formado no lado da tensão ou se é resultado da pressão exercida pelo aparelho.

Em relatórios subseqüentes esse investigador desenvolveu sua teoria das mudanças

de tecido e até mesmo incluiu a reação do tecido após o tratamento com aparelhos fixos.

ESCHLER (1939) e HÀUPL (1940) relataram alguns experimentos feitos em cães. Pela

transecção cirúrgica dos nervos geminais, hipoglossais e trigeminais, uma completa paralisia

da mandíbula, língua, e músculos faciais foi obtida. Dois cães foram usados. No primeiro
28

experimento com aparelhos fixos eles não puderam observar nenhuma reação significante

com exceção de uma proliferação de fibroblastos novos no lado da tensão. Não houve

mudanças na forma de reabsorção óssea ou aposição. O experimento durou 48 horas.

Em um segundo experimento ESCHLER & HÃUPL (1940) também paralisaram as

mandíbulas de animal pela transecção nervosa, mas não foi usado nenhum aparelho

ortodôntico. Ao invés disso eles pressionaram e martelaram os dentes com um bastão de

madeira a cada 48 horas. De acordo com a descrição das descobertas~ mudanças formativas

foram observadas nesse animal.

Em uma revisão crítica desses experimentos, SCHWARZ (1940) destacou que o

fator trófico deveria ser incluído e que a possibilidade de alguma forma de erro experimental,

pode ter ocorrido para o resultado obtido.

Em apoio a teoria de HÃUPL (1938), uma nova série de experimentos com placas

removiveis foram efetuados por BRUCKL (1941). Cães com 8 semanas foram usados para

esse experimento. O investigador descreveu as mudanças observadas no tecido de suporte dos

segundos molares decídues. Placas fixas foram colocadas em 3 animais e um ativador em um

animal. Foram usados mais 2 animais corno controle. Placas fixas foram alargadas por um

mecanismo de apertar, 0,2 mm todos o dias em experimentos de vários periodos de tempo. As

placas não foram removidas durante o experimento, exceto para alimentação.

Foram observadas reabsorções das raízes na região marginal da raiz no lado da

pressão bucal em todos os 3 casos, aumentando com a duração do experimento. No ultimo

experimento, que durou 60 dias, uma considerável porção da raiz foi removida pela

reabsorção e essa reabsorção se estendeu para o tecido pulpar que era rico em osteoclastos.

Mudanças extensivas foram observadas em espaços de medula~ no qual as atividades

osteoclásticas foram na proporção de se parecerem com "osteitis fibrosa". Bucalmente, na


29

superficie externa óssea, houve a formação de camadas ósseas compensatórias.

No experimento com forças intennitentes, o ativador teve que ser refeito depois de

12 dias devido ao fato de ter perdido o contato com os dentes à serem movidos. Isso

aconteceu devido ao rápido crescimento do animal, e o autor disse que a nova placa,

possivelmente, já não mais seJVia quando o experimento foi encerrado, o ativador foi usado

por 32 noites.

Quando comparado com os animais de controle, já mencionados anteriormente,

houve mais formação de cernento celular na superfície da raiz com aparelhos fixos que com o

ativador. No total, a intensidade e grau das mÚdanças observadas estavam em concordância

com a duração e distância pela qual os dentes foram movidos.

O movimento jlSiológico e a migração dos dentes.

As mudanças fisiológicas normais observadas nas estruturas de suporte dos dentes

são primariamente relacionadas ao estágio de erupção. Investigadores mostraram que urna

certa transformação e re~arranjamento das fibras periodontais acOntecem para permitir a

erupção do dente.

SJCHER (1923) observou que durante certos períodos da erupção do dente as fibras

periodontais estavam arranjadas em três camadas paralelas à raiz ou à superficíe do osso. Isso

foi notado em roedores nos quais os dentes incisivos erupcionam. continuamente. Um

arranjamento similar com um plexo intermediário também foi obseiVado em membrana

periodontal de dentes humano em erupção, ORBAN (1927).

O relacionamento entre as estruturas de suporte e a raiz de dentes em erupção tem

sido um problema muito discutido, LANDSBERGER (1923), WEIDENREJCH (1927),

WEINMANN (1927), REICHBORN & KJENNERUD (1934), S1CHER (1942). De acordo


30

com recentes investigações, TAYLOR (1950), parece que as estruturas celulares da

membrana periodontal ou a tensão de seu processo sobre as fibras possivelmente constitui o

mais ativo elemento durante a erupção do dente.

A diferença na orientação nas fibras de suporte antes e depois da erupção do dente,

sob o ponto de vista funcional, foi destacada por muitos investigadores, WESKJ (1921),

HAUPL & LANG (1927), WEINMANN (1937), ESCHLER (1939). Foi descoberto que após

a erupção, quando os dentes foram submetidos à forças mastigatórias ou outros estímulos, as

fibras periodontais alcançam suas orientações funcionais. Tecidos osteoides serão fonnados

na superfície óssea alveolar interna mais ou menos de acordo com a direção do dente

erupcionando.

É esse tecido recém formado que mais tarde, quando calcificado, pode ser observado

como camadas de feixes ósseos pela superficie interna do osso alveolar. Em base na teoria de

uma formação aumentada de tecido osteóide durante a erupção do dente, WEINMANN

(1926) destacou que o feixe ósseo nunca é observado adjacente às raízes do dentes não

erupcionados ou retidos. Ele diz que não apenas o estimulo funcional foi responsável por
'

mudanças na posição do dente, mas também as forças emanadas das próprias mandíbulas

como por exemplo pela erupção dos dentes ou o afastamento dos dentes proximais dos após a

extração.

Outros estudos mostraram que os dentes estão sujeitos à mudanças consideráveis na

posição mesmo após a erupção. Durante os períodos de crescimento os dentes migrarão,

especialmente em uma direção labial, pela qual a reabsorção óssea é observada na superfície

óssea labial interna enquanto que há aposição óssea na superficie óssea lingual interna.

Tais mudanças, acontecendo em uma criança de 8 anos, foi descrita por KRONFELD

!938). Mais adiante, o afastamento fisiológico dos molares decíduos foi observado como um
31

resultado da erupção de molares permanentes de 6 anos. WESTIN (1942).

A evidência histológica da migração dos dentes em pessoas adultas foi primeiro dada

por STEIN & WEJN1.1ANN ( 1925). Suas investigações revelaram que os molares migraram,

na maioria, na direção mesial. À partir desses e outros investigadores, é notado que a

migração dos dentes ou mudanças na posição dos dentes deve ser considerada dentro dos

limites da função nonnal dos dentes e das estruturas de apoio.

Alem disso, há também um movimento fisiológico dos dentes individuais durante a

mastigação. A localidade do fulcro durante tal movimento inclinatório foi dada muita

consideração por muitos autores. Algumas das teorias são baseadas em observações clínicas e

outras experimentais.

OPPENHEIM (1911) era da opinião que o fulcro estava localizado na porção apical

quando o dente era inclinado por forças leves. KRANZ & FALK (1922) disse que o fulcro

deveria estar localizado na porção marginal da raiz, uma teoria que também HAUPL &

LANG (1927) consideravam corretas. Essa visão foi mudada mais tarde por BAUER &

LANG (1928) que afirmavam que o fulcro está localizado um pouco acima da porção média

da raiz. Contrário à esse pensamento, SANDSTEDT (1901) tinha mostrado

experimentalmente que o fulcro está localizado apicalmente da porção média do dente, como

também mencionado por CASE (1916). Essa declaração mais tarde foi confirmada por

SCHWARZ (1928) e STUTEVJLLE (1934). Através da dissecação o .processo alveolar por

toda a superficie da raiz, STUTEVJLLE (1934) fez um detalhado estudo do movimento

inclinatório das raízes em um macaco, enquanto os dentes estão ainda in situ.

Uma grande quantia de investigadores mostrou que o movimento inciinatório dos

dentes durante a mastigação pela fonna e tamanho do plano inclinado da coroado dente, as

cúspides e também pelo relacionamento intercúspides. Devido à esse movimento inclinatório


32

repetido durante a mastigação, haverá compressão de alguns tecidos periodontais em wn lado

e relaxamento no lado oposto da raiz. HAUPL & LANG (1927), SCHWARZ (1928) e outros

afinnam que os capilares sanguíneos da membrana periodontal estão aptas a agir como um

amortecedor contra essas repetidas pressões, uma visão que não é geralmente aceita por

outros, WEINMANN & SJCHER (1947).

Mudanças gerais no tecido ósseo e mole.

As estruturas de suporte dos dentes.

Apesar da abrangente literatura tratando da histo-patologia do tecido marginal dos

dentes, YOUNGER (1905), WESKI (1921), GOTTLIEB (1923), BOX (1924), HAUPL &

LANG (1927), SKILLEN (1931), ORBAN (1931), KRONFELD (1939), REICHBORN &

KJENNERUD (1934), muito poucos investigadores tentaram explicar em que maneira esse

tecido gengiva! mole sofrerá mudanças quando forças internas são aplicadas sob condições

fisiológicas, como, por exemplo, pela pressão exercida no tecido gengival mole pelo dente

sendo deslocado ortodônticamente.

O mecanismo de mudanças na gengiva, os elementos ativos do próprio tecido,

causando encolhimento ou aumento, respectivamente, nas estruturas gengivais mole quando

em um estado fisiológico, não foi completamente investigado. Como enfatizado por

ERIKSON, KAPLAN & AJSENBERG (1945), muito pouco se é conhecido do processo

fisiológico que, por exemplo, remove o excesso de tecido fibroso.

Urna grande quantia de investigadores, em estudos anteriores, lidam com a reação

patológica no tecido marginal e, portanto também incluem mudanças observadas no osso

abaixo. Em um todo, as mudanças histológicas nas estruturas calcificadas podem ser mais

prontamente estudadas que aquelas no tecido mole.


33

De acordo com as investigações, BROADBENT (1927), BRODIE (1941),

THOMPSON (1946), WEINMANN & SICHER (1947), o osso alveolar é composto de um

tecido que é abaixado mais rapidamente durante certos períodos de crescimento. Os processos

alveolares são, portanto, mais recentemente formados que o resto da cabeça e mandíbula, a

cabeça do côndilo, e outras partes dos ramo ascendentes e suturas da maxila sendo uma

exceção. Como foi dito por BRASH (1928), o crescimento alveolar é "o principal,

possivelmente o único fator no crescimento da profundidade da mandíbula e maxila. "

De acordo com o padrão de erupção dos dentes e suas mudanças subseqüentes

durante a posição de crescimento, o feixe ósseo com fibras de Sharpey incorporadas em sua

matriz serão fonnadas. Com a idade, alguns feixes ósseos se transformarão em osso,

lamelados com sistemas Haversianos, e a estrutura interna do osso alveolar, mais tarde,

sofrerá mudanças similares à mudanças ósseas em geral.

Julgando que, as teorias das mudanças tissulares relacionadas à movimentação

dentária eram apenas hipóteses que podiam explicar alguns fenômenos. mas apresentar falhas

absolutas em outros, OPPENHEIM (1911) efetuou um estudo com a finalidade de comprovar

se as teorias da reabsorção da aposição óssea, bem como da elasticidade, compressibilidade e

extensibilidade do tecido ósseo eram corretas. Para isso utilizou um animal experimental

(babuíno) e o método de Angle, empregando o arco. com dobras e ligaduras para produzir

força em um lado da dentadura, servindo o lado oposto como controle. Após a execução de

movimentos vestibular, lingual, de intrusão, extrusão e rotação, mantendo a força pelo

período de 40 dias, verificou que no lado da pressão (vestibular) a membrana periodontal se

mostrava comprimida ao longo de quase todo o comprimento da raiz, apresentando somente

um terço (0.27 mm) de sua espessura normal (0.9 mm). Mas detectou a existência de um

número maior de elementos celulares mantendo as reações aos corantes empregados, além

dos núcleos intactos, o que indicava a vitalidade do tecido examinado. Embora tenha
34

comprovado a existência de vasos na porção apical do alvêolo, não encontrou nenhum na área

marginal da parede alveolar. No entanto não pode ser determinado se eles realmente

desapareciam ou ocorria um colapso nessa região. Em algumas áreas do tecido constatou a

ocorrência de hemorragias, enquanto que, em outras, havia diapedese de corpúsculos de

sangue nas paredes dos vasos. Entretanto, não observou trombose na região onde a força

estava mais próxima, tampouco a qualquer distância da força operante, o que estava em

desacordo com as teorias anterionnente formuladas. No lado lingual, ou da tração, as

alterações nos vasos não eram marcantes como no lado vestibular, embora tenham sido

detectadas numerosas áreas com hemorragia, em íntimo contato com o novo que havia se

formado, mas sem a ocorrência de trombose. Só foram encontradas condições normais na

área correspondente ao ápice radicular. Por outro lado, a direção característica das fibras da

membrana periodontal, bem como das transeptais não apresentou distúrbios. A partir dos

dados obtidos, chegou à conclusão de que o arranjo caracteristico das fibras ficava

inteiramente preservado tanto no lado vestibular quanto no lingual, e que a ampliação do

periósteo no lado lingual era significante para a questão da retenção, portanto, deveria ser

estudada posteriormente. ,

Acreditando que havia muitas opiniões conflitantes em relação à teoria da pressão e

da tração, SCHWARZ (1932) executou um estudo para verificar quais eram, realmente, as

alterações histológicas que ocorriam nos tecidos periodontais, frente aos movimentos

ortodônticos. Utilizando um animal experimental (cão}, colocou na dentadura inferior um

arco lingual ancorado nos molares e nos caninos, contendo duas molas digitais recurvadas,

com extremidade livres, soldadas em ambos os lados do arco, com um diâmetro de 0.5

milímetro e comprimento de 25 milímetros cada uma, sendo que, no lado esquerdo a

curvatura da mola era para distai e no lado direito para mesial. A ativação das molas foi de

um milímetro, tanto no início do experimento como duas semanas e meia depois, produzindo
35

uma força de três a cinco gramas nas extremidades livres, 17 gramas na porção média e 67

gramas na área da dobra (forças diferentes). Na dentadura superior do mesmo animal foi

colocado um arco lingual ancorado nos molares e caninos, contendo alças soldadas em ambos

os lados do arco para mover lateralmente os três pré·molares, apresentando um diâmetro de

0.35 de milímetro e 25 milímetros de comprimento, ativadas em um milímetro para exercer

uma força de 22 gramas na altura das dobras e 20 gramas no centro (forças semelhantes), por

um período experimental de duas semanas e meia, enquanto que no arco inferior o período

experimental foi de cinco semanas. Os resultados da análise histológica das secções dos dois

arcos dentários indicou que, tanto no superior quanto no inferior, o espaço periodontal

marginal a apical apresentava metade do seu diâmetro original no lado mantido sob pressão,

sugerindo que a mola ainda estava atuando quando o animal foi sacrificado. Embora a

aposição óssea tenha sido menor na dentadura superior, porque o experimento durou a

metade do tempo (duas semanas e meia), os resultados foram idênticos em ambos os

maxilares. As reações dos dentes movidos pelas molas soldadas, bem como pela porção

média e extremidade livre das molas digitais, foram consideradas biologicamente favoráveis e

desejáveis, porque a força_ que distribuíam foi menor do que a pressão sangüínea dos capilares

e, consequentemente, não comprometia a vitalidade do periodonto. Esses resultados o levou a

concluir que, a teoria da pressão e da tração era correta, e que o tratamento mais favorável era

o que utilizava forças continuas, que não ultrapassassem a pressão sangüínea dos capilares, ou

seja, entre 15 e 20 gramas/cm2, para que a movimentação dentária pel1}1anecesse dentro dos

limites biológicos ótimos.

Foi ressaltado por BLACK (1936), que tem sido muito superestimada a influência do

osso que forma o processo alveolar, no que diz respeito a sua importância na manutenção dos

dentes em seus lugares. Duros e rígidos como parecem os ossos do esqueleto quando secos,

durante a vida o osso é um tecido bastante plástico e submetido a processos de reabsorção e


36

reconstrução mais ou menos constantes. Por causa disso, ele não resiste à constância de

pressão contra os tecidos conjuntivos. O grupo dos tecidos conjuntivos, exceto os músculos

ativos, tem a grande função de dirigir a estruturação do corpo, manter os órgãos em seus

lugares em condições saudáveis e, trazê-los de volta para o lugar quando a correção das

condições permitir-lhes liberdade de ação. No corpo humano não há nenhum lugar onde

existe um exemplo mais claro deste controle da forma por um tecido conjuntivo não muscular

como na gengiva. Isso possivelmente, pelo fato das fibras da membrana periodontal estarem

distribuídas na gengiva, na mucosa adjacente e na crista do processo alveolar, servindo para

unir o grupo inteiro em uma massa compacta aproximadamente na área do colo de um dente.

Para estudar histologicamente as mudanças que ocorriam nos dentes e tecidos

periodontais, quando eram aplicadas forças ortodônticas, STUTEVILLE (1937) utilizou seres

humanos e animais experimentais (cães), nos quais instalou aparelhos fixos com diferentes

acessórios (molas, ligaduras, etc), empregando tempos variados de ativações, forças leves e

pesadas, contínuas e intermitentes, bem como diferentes periodos de tempo de aplicação das

forças. Os resultados mostraram que as forças ortodônticas podiam provocar injúrias nas

superficies radiculares, nó osso alveolar, na polpa dentária, na membrana periodontal e na

gengiva. De modo mais específico, as forças ortodônticas podiam causar os seguintes danos

na membrana periodontal: 1) ao ser comprimida entre a superficie do dente e do osso

alveolar, podia ocorrer uma diminuição do fluxo sangüíneo na área sob pressão provocando

uma asfixia neste tecido e, se a pressão persistisse por um tempo prolóngado, poderia advir

uma necrose nessa região; e 2) no lado sob tensão, forças pesadas e intermitentes poderiam

provocar a ruptura das fibras da membrana periodontal. No que dizia respeito à gengiva, as

injúrias que podiam ser ocasionadas pela terapia ortodôntica eram resultantes do

posicionamento incorreto das bandas; ferimentos causados por ligaduras ou outros acessórios,

como por exemplo as molas; e as irritações decorrentes do contato com partículas de


37

alimentos aderidas aos aparelhos. A partir dos dados obtidos, concluiu que as injúrias

provocadas pelo tratamento ortodôntico poderiam ser facilmente controladas com o uso de

aparelhos corretamente desenhados e construídos, observando os cuidados necessários na

confecção e cimentação das bandas, bem como durante a manipulação dos acessórios

ortodônticos. Além disso, acreditava que deveria ser feito um controle rigoroso da higiene

bucal dos pacientes, a fim de prevenir a ocorrência de irritação na gengiva durante a fase do

tratamento ativo.

Para relatar os resultados de novas pesquisas que havia feito, OPPENHEIM (1944)

publicou um trabalho recomendando a utilização de forças leves, com períodos longos de

ativação dos aparelhos, para que fosse possível deslocar os dentes muitos milímetros sem

ocorrer reabsorção radicular. Esclareceu que ao ser aplicada intennitentemente uma força

suave, no lado sob pressão ocorreria uma formação protetora no periodonto, constituída por

vasos e capilares hipertrofiados, cheios de sangue, entre o dente e o osso, que não era

observada quando a pressão era excessiva ou contínua. Esse buffer (amortecedor) seria um

fenômeno biológico, uma fonnação de angioma com a finalidade de proteger, para

interceptar, debilitar e dis,sipar a pressão.

Para estudar histologicamente os fenômenos que ocorriam após o fechamento dos

espaços de extrações, ERICKSON et ai. (1945) fizeram um experimento em dois pacientes.

Após a extração dos primeiros pré-molares em três locais de cada um dos pacientes, foram

colocados aparelhos em dois deles e os dentes aproximadas, servihdo o terceiro como

controle. Após o fechamento dos espaços e um período de contenção de 11 meses, os dentes

foram removidos com seus tecidos de revestimento e preparados para o exame histológico.

Os resultados indicaram a presença de fibras transeptais tanto nos lados experimentais como

nos que serviram como controle. As fibras entre os dentes que foram aproximados

mostravam-se comprimidas e em fonna de espirais, parecendo tecido cicatricial, causando


38

injúrias porque pressionavam o osso alveolar e o ligamento periodontal. O excesso de tecido,

resultante da aproximação dos dentes adjacentes aos espaços das extrações, não havia sido

removido mesmo após a fase de contenção. Corno não havia nenhuma redução aparente nas

quantidades de tecido conjuntivo com colágeno, concluíram que, não existia nenhum

processo fisiológico aparente que encurtasse ou removesse essas fibras comprimidas,

consequentemente, era biologicamente incorreto esperar a prevalência de um bom contato nas

regiões onde haviam sido removidas unidades dentárias e os dentes aproximados.

Após reunir os dados referentes a diversos estudos histológicos que haviam sido

feitos, STRANG (1957) deduziu que, ao ser aplicada uma força mecânica nos dentes, as

raízes são pressionadas contra o periodonto, cujas fibras fazem pressão contra a parede óssea

do alvéolo. Isso faz com que sejam comprimidos os vasos sangüíneos da região, requerendo

uma mudança na corrente circulatória para evitar a congestão. Do lado oposto da raiz, as

fibras estão sob tensão, e os vasos sangüíneos que passam entre elas encontram-se

pressionados pelos feixes tensos, diminuindo sua capacidade. Se a força mecânica é aplicada

razoavelmente, e de maneira gradual, o sistema vasomotor pode efetuar a modificação

necessária, que basicamente é a mesma que ocorre durante o funcionamento normal dos

dentes, embora neste caso a pressão e a tensão sejam intermitentes. Mas quando a força

aplicada aos dentes é excessiva e traumática, os nervos vasomotores se paralisam e as paredes

vasculares se traumatizam, o calibre de algumas artérias e veias aumenta consideravelmente,

pela perda de tônus muscular, enquanto que o de outras se fecha totalmente. É produzida

então a diapedese dos elementos sangüíneos que passam nelas, por estarem pressionadas

pelos elementos que mantêm o dente em seu lugar. Argumentando que boa irrigação

sangüínea é útil não só no período de movimentação ativa do dente, mas também quando este

terminou e o osso está em processo de reconstrução, lembrou que os elementos celulares a

cargo desta última necessitavam de uma grande quantidade de materiais e, ao mesmo tempo,
39

um meiO de eliminar os dejetos. Esses dois requisitos eram cumpridos pela corrente

sangüínea e linfática. Os vasos de ambos os sistemas se anastomosam com as artérias e

linfáticos gengivais, estimulando com isso a circulação sangüínea e linfática por meio dos

tecidos gengivais, o que, por sua vez, irá produzir uma hiperemia fisiológica dos vasos do

periodonto. Isso pode ser produzido artificialmente também, se a gengiva for escovada com

suavidade e rapidez, várias vezes ao dia, levando à uma reconstrução óssea mais rápida e com

melhores resultados.

Fazendo estudos sobre a rotação e a contenção de dentes em giroversão em animais

experimentais (cães jovens), REITAN (1959) observou que o arranjo das estruturas de suporte

parecia bastante similar em humanos e cães. Entretanto, os feixes de fibras periodontais eram

mais grossos nos cães do que em humanos e, o tecido ósseo freqüentemente era mais denso

nos cães. Levando em consideração os problemas comumente relatados quando o tratamento

ortodôntico incluia a rotação de dentes, realizou uma pesquisa para verificar o que ocorria

histologicamente após es_se tipo de movimentação dentária. Para isso, executou movimentos

em 11 dentes de cães usando molas que exerciam tração em direções opostas, com forças de

aproximadamente 30 grarÚas. O grau de rotação obtido alcançou entre 50 e 70 graus, durante

um período de 8 a 12 semanas. Os resultados mostraram que, mesmo após um período de

contenção de 232 dias, alguns feixes de fibras gengivais permaneciam deslocados e estirados,

enquanto que as fibras localizadas na área periodontal, estendendo-se da raiz para a superficie

do osso, estavam reorganizadas depois de 28 dias de contenção. Portanto, o retomo dos

dentes que são submetidos a rotação para suas posições originais, isto é, mostrando recidiva,

poderia ter como causa o deslocamento da estrutura supralveolar, porque nessa área existem

fibras elásticas que permanecem estiradas durante a ação dos aparelhos, mas que retomam à

condição original quando o dente é liberado.


40

Tecendo considerações sobre as fibras periodontais, THOMPSON (1959)

reconheceu que a aparente elasticidade das forças que tendem a fazer com que o dente retome

à sua posição original, provavelmente, desviou nossa atenção para longe das fibras do tecido

conjuntivo, porque aprendemos que as fibras da membrana periodontal, mucosa e gengiva

não são elásticas. Entretanto, é preciso lembrar que essas fibras não corriam em uma linha

reta, pois são descritas como tendo uma aparência sinuosa e, essa é a característica que

pennite o leve movimento do dente em seu alvéolo. Embora não tenha sido descrito ainda o

grau dessa sinuosidade, foi demonstrado histologicamente que algumas dessas fibras podem

ser extensivamente alongadas, simplesmente endireitando sua sinuosidade. Se essas fibras se

entrelaçam sobre e ao redor de outras fibras, bem como de vasos e nervos, não é muito dificil

imaginar, mesmo cogitando que elas não são elásticos, que estamos diante de um mecanismo

não muito diferente daquele da familiar mola espiral. A partir disso, podemos supor que as

fibras não elásticas do tecido conjuntivo são como molas espirais tracionando e pressionando

quando a posição de um dente se interpõe entre elas. Embora esteja comprovado que as fibras

supralveolares tendem a retomar às suas condições originais após a liberação dos dentes,

mesmo com períodos grolongados de contenção, parece não existir nenhum processo

fisiológico que reduza o comprimento dessas fibras, porque vários estudos clínicos

demonstraram sua persistência e falta de adaptação após o fechamento de espaços deixados

por extrações. Como as fibras permanecem comprimidas e o excesso de tecido não é

removido, a melhor solução será a remoção cirúrgica da dobra do tecido que persiste nestes

casos.

Para observar as reações histológicas que ocorriam no ligamento periodontal de uma

amostra de animais experimentais (ratos), BIEN (1967) estudou o sistema hidrodinâmico que

amortecia a pressão, resuJtante da aplicação de forças intrusivas de curta duração. Os dados

obtidos mostraram que o sistema circulatório desempenhava um papel muito importante na


41

movimentação dentária, porque, conforme o ligamento ia sendo comprimido pela força

aplicada, os vasos ficavam presos entre as fibras principais levando à estenose. Forças

relativamente leves eram absorvidas pela compressão dos canais vasculares, os quais

forçavam o fluído destes para fora do ligamento periodontal. Na área anterior à estenose, os

vasos se dilatavam e formavam um aneurisma. Como nessa área a pressão era menor do que

em qualquer outra do sistema, mostrando-se até mesmo subatmosférica, ocorria a formação

de bolhas de gás (02) no fluído dos canais vasculares, forçando-o para fora deles. Como

algumas dessas bolhas voltavam para os canais e outras se alojavam entre e sob as fissuras e

espiculas do osso alveolar, era criado um ambiente favorável para a proliferação de

osteoclastos. A partir desses resultados, reconheceu que os vasos sangüíneos forneciam o

suprimento nutricional e a concentração de oxigênio, necessários para a atividade celular que

levava à reabsorção óssea.

Revendo as informações obtidas em estudos histológicos feitos anteriormente,

também constatou que, no interior do alvéolo, o dente era apoiado por um fluido amortecedor

(fluido intersticial), cuja propriedade chamada de viscoelasticidade fazia com que essa

substância suportasse umá força aplicada lenta e continuamente. Mas, frente a forças abruptas

e intensas produzia um efeito de mola, ou seja, absorvia o choque. Esses fatos levaram o autor

a concluir que as dificuldades e o fracasso na movimentação dentária resultavam muito mais

da duração da aplicação da força, do que da sua magnitude. Isso significava que, devido à

natureza hidrodinâmica do suporte dentário, as forças deveriam ser aplicadas gradualmente

durante a movimentação dentária, independentemente de sua magnitude e direção, de acordo

com as condições individuais de cada paciente.

REITAN (1967) realizou experimentos de rotação e contenção de dentes em cães

Jovens. Seu estudo clínico e histológico revelou que algumas das fibras supra-alveolares

permaneciam deslocadas e estriadas, mesmo após um período de contenção de 232 dias. As


42

fibras periodontais principais reorganizavam-se dentro de 28 dias de contenção. O autor

concluiu que a recidiva das rotações ortodônticas parecia ser causada pela contração de fibras

gengivais e outras estruturas supra-alveolares, assim surgiu a transecção dessas fibras a fim de

previnir essas recidivas. Também concluiu o autor, que a extrusão de vários dentes num

movimento em massa pode causar deslocamento e estiramento do sistema de fibras

alveolares, além de ocorrer recidivas. Por outro lado, o autor observou que em pacientes que

passam pelo período de crescimento devem ser acompanhados, pois para melhor oclusão os

dentes devem ser extruídos individualmente e não em movimento de massa. A força induzida

para promover a extrusão não deve exceder de 25-30 gramas força, porque a recidiva é

pequena e as fibras periodontais, que tomam-se alongadas são devidamente estimuladas a

reagir favoravelmente ao processo de extrusão. A contenção pode variar em torno de 4

semanas, o que corresponde ao tempo que as fibras periodontais levam para se reorganizar.

Como as fibras oxitalâmicas vinham sendo comumente observadas no ligamento

periodontal e na gengiva de seres humanos e de animais experimentais (maCaco, rato,

camundongo, coelho, porco, boi), principalmente em tecidos submetidos a estresse mecânico


.
contínuo, EDWARDS (1968) executou um estudo usando seis cães, a fim de confinnar a

existências dessas fibras. Para o experimento instalou aparelhos ortodônticos em todos os

animais que compunham a amostra, de modo a efetuar a rotação dos segundos incisivos

superiores, permanecendo o primeiro e terceiro como controles. Após dez semanas de

movimentação ativa e duas semanas de contenção, o exame histolbgico mostrou que o

ligamento periodontal dos cães consistia, principalmente, de fibras de colágeno organizadas

de fonna clássica. Existiam vasos sangüíneos e linfáticos, algumas substâncias básicas e

nervos em abundância nos espaços intersticiais do ligamento. Todos os espécimes analisados

continham acúmulos de fibras oxitalâmicas correndo paralelas ao grupo gengival das fibras

de colágeno. Outros grupos de fibras oxitalârnicas uniam-se ao colo do dente e estendiam-se


43

para os grupos transeptais das fibras de colágeno. Mas, nenhuma fibra oxitalâmica das regiões

transeptais foi observada seguindo de wn dente para outro, pois conforme os grupos de fibras

de colágeno transeptais se aproximavam da crista do septo interproximal, as fibras

oxitalâmicas que as acompanhavam se tornam acentuadamente reduzidas em número. A

metade central da área transeptal era totalmente desprovida de fibras oxitalâmicas tanto no

periodonto que serviu como controle quanto no experimental, embora tenham sido

observadas numerosas fibras oxitalârnicas delgadas dentro dos grupos de fibras de colágeno

na gengiva marginal livre. Sob a área transeptal, foram detectadas poucas fibras oxitalâmicas

e praticamente nenhuma delas se estendia em direção horizontal, do dente para o osso.

Entretanto, foi considerado particuJannente significante o fato das fibras oxitalâmicas,

principalmente nas regiões supralveo1ares, serem muito mais numerosas e claramente

definidas nos periodontos dos dentes rotacionados do que nos controles. O período de

contenção não eliminou essa preponderância das fibras oxitalâmicas nos tecidos gengivais

dos dentes rotacionados. Esses resultados o levaram a reconhecer que, apesar das evidências

terem corroborado a existência das fibras oxitalâmicas no periodonto de cães, "continuavam

indefinidas as funções. p fato delas serem mais prevalentes nas áreas do periodonto

submetidas a um estresse mecânico mais acentuado - a margem gengiva! livre e as regiões

transeptais - e por aumentarem, aparentemente, em número e definição durante o tratamento

ortodôntico, poderia significar que tinham algum efeito de ancoragem que prevenia o

sobrestiramento dos tecidos em algumas áreas.

Para estudar o processo de remodelamento nos tecidos periodontais, AZUMA (1970)

utilizou em animais experimentais (ratos O 53 Iemeas), elásticos ortodônticos, que foram

instalados no espaço interproximal do maxilar direito entre os primeiros e segundos molares.

Os animais foram estudados através de RX e exames histológicos de vários métodos de

contraste para diferenciar as fibras pré-colágenas e colágenas. O tempo e direção do


44

deslocamento do primeiro molar foi anotado. As descobertas são as que se seguem: 1) o

processo de remodelamento no lado de pressão foi caracterizado pela hialinização da

membrana periodontal e seu tecido de granulação, o qual foi seguido pela regeneração das

fibras periodontais antes de 21 dias. O tecido de granulação foi observado também nas

lacunas fonnadas pela reabsorção óssea; 2) no lado de tensão, a regeneração das fibras

estriadas foi alcançado pela proliferação dos fibroblastos e novas fibras formadas. Estruturas

trabeculares do osso foram observadas pelos feixes de fibras estirados; 3) duas fases de

esforço foram observadas no período de tempo de deslocamento do primeiro molar: a) um

esforço, o qual parecia estar ligado com as propriedades viscoelásticas do tecido periodontal,

aconteceu até 6 horas depois da inserção dos elásticos; e b) wn esforço, o qual resultou em

mudanças histológicas com remodelamento dos tecidos periodontais, foi visto depois de 17

horas.

Foi enfatizado por GIANELLY & GOLDMAN (1971), que o ligamento periodontal

estava situado entre duas estruturas essencialmente imóveis: o cemento e o osso alveolar,

consequentemente, a aplicação de uma força poderia comprimir substancialmente o

ligamento e seu sistema vascular. Como o processo de remodelamento ósseo, sob a ação de

forças ortodônticas, presumivelmente, tinha como intennediárias as células, o mecanismo que

o desencadeava deveria envolver a estimulação das células osteoclásticas ou osteoblásticas

para funcionar. Entretanto, para que possa haver atividade celular deve estar disponível wna

fonte adequada de energia, pois os osteoclastos e osteoblastos tinham WÍla necessidade muito

grande de energia, sugerindo que deveria haver um suprimento vascular na vizinhança

imediata. Consequentemente, os requisitos mínimos para a movimentação dentária eram: um

sistema vascular intacto e urna fonte potencial de células, que pudessem ser rapidamente

ativados. Esses dados podiam indicar que, a reabsorção óssea induzida pela movimentação

ortodôntica era um processo ordenado com prioridades específicas, ou seja, se as células do


45

ligamento periodontal estão aptas a funcionar, elas irão promover a reabsorção e a

neoformação ósseas. Quando o osso alveolar sofre reabsorção, o único material entre o osso e

o dente nessa área consiste de vasos sangüíneos e células, pois ocorria uma ruptura das fibras

do ligamento periodontal. Explicaram que as fibras do ligamento periodontal ativo eram

caracterizadas por três zonas separadas, ou seja: 1) uma interna unida ao cemento, contendo

feixes de colágeno maduro e relativamente estáveis; 2) uma zona externa, de composição

similar a interna mas inserida na parede alveolar e menos estável; e 3) uma zona

intennediária, composta de fibras de colágeno imaturo que sofrem uma considerável

reconstrução, portanto, altamente instáveis. Assim, confonne o dente era movido as fibras da

zona interna eram levadas com o dente, em contraste, as da zona externa perdiam a inserção

conforme o osso ia sendo reabsorvido. Entretanto, algumas das fibras de colágeno da matriz

óssea conseguiam sobreviver ao processo de reabsorção e, confmne iam sendo destituídas da

fase mineral, se uniam às outras fibras do ligamento através das novas que eram produzidas

na zona intermediária. Consequentemente, era a zona intermediária que coordenava a

continuidade e o tamanho do ligamento periodontal, pois convertia as fibraS sobreviventes da

matriz óssea em fibras p.Ijncipais, pela combinação com as da zona interna. Além disso, a

zona intermediária era responsável pelo encurtamento ou alongamento das fibras de qualquer

uma das zonas, pois ajudava o comprimento e a posição da inserção delas. Concluindo,

lembraram que esse processo de ajuste ainda era apenas uma suposição teórica, apesar de

existirem evidências substanciais indicando sua validade. A partir ~esses dados, ficava

aparente a existência de mecanismos complexos de controle biológico no processo pelo qual

os tecidos associados aos dentes se remodelavam antes, durante e após a movimentação

dentária, mas que ainda continuavam obscuros.

Acreditando que os movimentos ortodônticos resultavam em recidiva quando as

fibras transeptais eram colocadas em situações de estresse anormal, PARKER (1972) realizou
46

um estudo para comparar os efeitos do paralelismo das raízes e da sindesmotomia na

estabilidade de dentes submetidos a retração de corpo para fechar os espaços de extrações.

Para isso utilizou sete animais experimentais (macaca rhesus) fêmeas, nos quais a retração

dos segundos pré-molares foi efetuada com uma mola ligada entre os tubos colocados no

segundo pré-molar e segundo molar. Os animais foram controlados semanalmente e, após

períodos de 16 a 18 semanas foi realizada a cirurgia nas fibras transeptais do lado direito,

mediai e distai ao segundo pré-molar, pennanecendo intacto o lado esquerdo para servir como

controle. Ligaduras de aço substituíram as molas, a fim de imobilizar os dentes por um

período de 30 dias e, a seguir, os aparelhos foram removidos. Os animais foram sacrificados

no momento da retirada do aparelho, após 12 horas, e depois de 2, 4, 14, 30 e 60 dias. Os

exames histológicos mostraram que 30 dias foi o tempo adequado para a reorganização dos

tecidos, após a cirurgia periodontal, mas, os lados controle apresentaram-se bem diferentes

dos cirúrgicos. No lado sob tensão no segundo pré-molar as fibras parecem ter sido

submetidas a considerável estresse, mostrando-se de maneira estritamente paralelas e

rurnando para a crista do osso alveolar. No lado sob pressão as fibras pareciam espiraladas.

Por outro lado, fibras oxitalâmicas foram observadas consistentemente no periodonto dos

animais experimentais. embora não tenha sido descoberta nenhuma evidência que indicasse

qual era sua função. Pela proporção de fibras de colágeno, em relação às oxitalâmicas,

parecia que a função destas era secundária àquela do colágeno. O fato das fibras oxitalâmicas

terem sido observadas consistentemente nas áreas de tensão, poderia sugerir que elas eram

produzidas pelo organismo como uma salvaguarda contra as forças anormais que causavam a

separação e destruição dos tecidos. Esses resultados o levaram a concluir que: 1) a recidiva

era uma resposta nonnal, previsível e fisiológica contra as forças anonnais; 2) a recidiva

observada neste estudo podia ser atribuída às fibras supragengivais de modo geral e,

particularmente às fibras transeptais; 3) após a remoção dos aparelhos, aproximadamente,


47

50% da recidiva total ocorreu nas pnmeuas 12 horas, o que enfatiza a importância da

retenção imediata e adequada após a terapia ortodôntica ativa; 4) o paralelismo das raízes,

transecção discriminada das fibras gengivais livres e o tempo apropriado de contenção eram

auxiliares imprescindíveis para a estabilidade dos casos tratados ortodonticamente.

Com o propósito de estudar histologicamente a seqüência morfológica durante a

reorganização da zona hialinizada, observada após a aplicação de forças ortodônticas na

região marginal do ligamento periodontal, RYGH (1972) utilizou uma amostra de 67 animais

experimentais (ratos), movendo os primeiros molares vestibularmente com aparelhos fixos

por períodos de 30 minutos até 28 dias. Os exames de 20 espécimes, representando períodos

experimentais de 48 horas a 14 dias, revelaram que as estruturas hialinizadas desapareciam

concomitantemente com uma invasão de células e vasos sangüíneos oriundos do ligamento

periodontal adjacente. A remoção de colágeno, células remanescentes e elementos vasculares,

aparentemente, era mediada por diferentes formas de atividade celular. A decomposição de

fibrilas de colágeno foi observada ao redor dos processos celulares, bem como dentro do

citoplasma das células pioneiras invasoras. Enfim, o tecido hialinizado era removido e o

reparo ocorria com a invásão de células e vasos sangüíneos do ligamento periodontal e osso

alveolar adjacentes. O mecanismo de supressão do tecido hialinizado era influenciado pela

forma e composição do material degradado que era removido, mas, a eliminação quase total

das estruturas hialinizadas parecia ser a regra no material analisado. Portanto, a zona

hialinizada, considerada um aspecto inevitável durante algumas faSes da movimentação

ortodôntica, apresentando-se como uma área localizada, estéril e necrótica no ligamento

periodontal, desaparecia após wn certo período de tempo e era estabelecida uma nova união

ao dente.

Como o remodelamento do tecido mole conjuntivo situado entre o osso e o dente não

podia ser demonstrado pelos procedimentos histológicos convencionais, TEN CATE (1985)
48

admitiu que este fenômeno não era corretamente entendido. Levando em consideração a

possibilidade da existência de urna taxa rápida de remodelamento do colágeno no ligamento

periodontal, o problema seria explicar como ocorre a dissolução e a síntese do colágeno, de

maneira ordenada e controlada, durante o movimento fisiológico dos dentes. Seria facilmente

esclarecido o remodelamento do tecido conjuntivo se pudessem ser reconhecidos dois tipos

de células, um sintetizando o colágeno e outro degradando. Entretanto, após terem executado

exames laboratoriais verificaram que, embora haja um mecanismo celular envolvido no

remodelamento do colágeno, ao contrário do que ocorria no remodelamento ósseo onde

existiam dois tipos diferentes de células envolvidos, ele estava restrito a apenas uma célula- o

fibroblasto. Isso significava que, o fibroblasto era capaz tanto de sintetizar quanto de degradar

colágeno a qualquer momento. Para tentar comprovar essa hipótese, fizeram uma análise com

microscópio em secções do ligamento periodontal de primeiros molares de animais

experimentais (ratos). Os resultados mostraram que muitas células estavam envolvidas no

remodelamento do colágeno, visto que, nas milhares de secções examinadas era fácil detectar

a existência de colágeno intracelular nos fibroblastos. Outra área do periodonto onde foi

observado um número significante de fibroblastos sintetizando e degradando colágeno era no

pigmento transeptal, mas esta atividade parecia estar confinada às células da porção inferior

do ligamento. Lembrando que, os dados obtidos neste estudo diziam respeito ao movimento

fisiológico dos dentes, era possível utilizar essa capacidade de sintetizar e degradar o

colágeno simultaneamente no controle ordenado do remodelameJ?.tO do colágeno no

ligamento periodontal, assim que fossem estabelecidos mecanismos de controle, para facilitar

a adaptação dos tecidos gengivais após as movimentações ortodônticas.

Fazendo uma revisão da literatura sobre as alterações histológicas que ocorriam no

complexo periodontal durante a aplicação de forças ortodônticas, PARRA (1985) verificou o

consenso entre os pesquisadores sobre a ocorrência de reabsorção óssea nas área sob pressão,
49

após três a cinco dias. Se a pressão fosse leve (menos de 25 g! cm2 ) os vasos permaneciam

abertos e a reabsorção mediada pelos osteoclastos, sendo este fato conhecido como

reabsorção frontal. Se a pressão era mais pesada, os vasos eram obliterados e as células não

podiam ser mobilizadas, por causa da falta de abastecimento de nutrientes provenientes das

células ativadas dos espaços medulares adjacentes, bem como das áreas posteriores da lâmina

alveolar, originado urna reabsorção à distância. Considerando que o tecido periodontal

hialinizado era estéril, necrótico e contido no ligamento periodontal, a penetração de novos

vasos capilares parecia ser um fator importante na eliminação deste tecido, pois permitia a

difusão do exsudado inflamatório necessário para o processo de reparação.

RYGH et ai. (1986), observaram que o papel dos vasos e células sanguíneas durante

o movimento dentário experimental em ratos, nas áreas de tensão e pressão com reabsorção

óssea, porém sem hialinização evidente. Foi observado um aumento da atividade vascular e
dos padrões de fibras e remodelação óssea foi vista nas áreas de tensão. Intensa atividade

vascular dentro da membrana periodontal, do alvéolo e do osso alveolar foi observada. A

presença de macrófagos às proximidades dos vasos sanguíneos nas áreas tensão e reabsorção,

sugerem ser estas inerentes ao processo de remodelação.

Foi alegado por BASTIAAN (1988) que o risco de hialinização poderia ser reduzido,

se forem utilizadas forças leves nos tratamentos m:todônticos. Assim, para alcançar um

remodelamento positivo do espaço do ligamento, sem a ocorrência de hialinização, eram

fatores de primordial importância evitar a ocorrência de isquernia no ligamento periodontal e

a subsequente degeneração, causada pela placa bacteriana em áreas localizadas de pressão.

Para isso, nas fases iniciais da terapia ortodôntica era recomendável a aplicação de forças de

20 a 30 gramas, pois as forças pesadas levavam a hialinização do tecido, que seria eliminado

somente pela reabsorção minante, a partir dos espaços medulares e áreas adjacentes do osso
50

alveolar não afetado. Entretanto, se durante esse período ocorrer uma inflamação nessa área,

através de bolsas periodontais, o tecido hialinizado não será removido e, como conseqüência,

não será executada a movimentação dentária na direção desejada. Enfim, a reorganização do

tecido hialinizado leva muito tempo, embora eventualmente o movimento dentário desejado

deva ocorrer.

KOBAYASHI (1989), usou 48 gatos adultos para investigar as alterações seriadas

dos padrões vasculares do ligamento periodontal na extrusão dentária. Os caninos superiores

do lado direito foram sucessivamente extruídos com uma força inicial de 40 gramas com uma

mola aberta. Os períodos experimentais foram adaptados em I, 2, 3, 4 e 6 semanas,

respectivamente. Em cada período experimental, os modelos do ligamento periodontal e o

osso alveolar ao redor do dente experimental foram preparados para o microscópio eletrônico

de varredura. As seções serradas dos tecidos ao redor do dente experimental foram feitas para

elucidar o modo do movimento dentário, a carga de força aplicada e a distância da extrusão

foram medidas. O dente experimental foi extruído rapidamente durante meia semana e após a

primeira semana, a velocidade extrusiva foi reduzida. Os seguintes resultados foram

observados: a nova vascuÍarização foi observada ao redor do ápice, amplamente expandida no

ligamento periodontal e a trabécula óssea~ a formação do osso foi observada ao redor da

estrutura venosa do ápice radicular apó~ a 2a semana; as reações teciduais após a extrusão

dentária demoraram em comparação com o movimento dentário; as reações teciduais do

ápice radicular do dente extruído foram originalmente similares a um' dente no movimento

transversal, suaves diferenças foram encontradas na extremidade da alteração tecidual e

forma da estrutura capilar. As estruturas ósseas mostraram que a força leve foi indicada na

extrusão dentária e o calibre da ação da força aplicada deve ser limitada na clínica

ortodôntica.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE C/l.MPi1;f,S


fACil!.DAiJE DE ODONTOLOGiA DE PIB/íClCAeA
BIBLIOTECA
51

COOPER & SIMS (1 989) afinnaram que a extrusão dentária ortodôntica

experimental pode resultar em diapedese dos leucócitos através da parede vascular do

ligamento periodontal. A diapedese é wn sinal precoce da inflamação aguda, ao nível ultra-

estrutural, a migração de células vermelhas está demonstrada através da junção endotelial

com um indicativo dentário não funcional.

KARVATO (1989), estudou a inter-relação entre as alterações do osso alveolar e a

estrutura vascular periodontal causada pela força ortodôntica extrusiva, usando a microscopia

eletrônica seriada. O procedimento extrusivo foi realizado em dentes de cães adultos. Os

resultados foram observados ao terceiro, sétimo, décimo quarto, vigésimo primeiro, trigésimo

e septuagésimo dia após a extrusão. As observações levaram à conclusão de que a estrutura

vascular periodontal sofreu uma reorganização durante os períodos de observação.

PARLANGE & SIMS (1993) quantificaram a reconstituição dos componentes

vascular e neural do ligamento periodontal, utilizando I O macacos Callithirix Facchus, que

tinham a coroa dos incisivos superiores do lado direito removidas, submetidos ao tratamento

endodôntico e a extrusão radicular em torno de 1-2 mm. Após a retenção incisa! por 9

semanas, os incisivos dos animais foram perfusionados e fixados pela microscopia eletrônica.

O ligamento periodontal foi seccionado em seções de 250 micron, de cervical a apical e

quantificaram os elementos sólidos. Os autores dem<;mstraram que o ligamento periodontal

foi quase restabelecido morfologicamente e que esse tratamento clínico é justificável.


52

PROPOSIÇÃO

Reunimos dados referentes aos eventos que ocorrem no ligamento periodontal, que

julgamos de grande importância.

1. Definição de força ortodôntica.

2. Aspectos anatômicos do ligamento periodontal.

3. Descrição das alterações que ocorrem no ligamento periodontal frente as

forças ortodônticas.

4. Realçar as funções do ligamento periodontal e suas reações.


53

DISCUSSÃO

A manipulação biomecânica do osso é a base fisiológica da ortodontia, entretanto,

antes das condições dentofaciais, um ortodontista deve avaliar a Saúde periodontal de seu

paciente, antes de por em ação a tera~ia da movimentação dentária, ROBERTS (1985). O

mediador fisiológico da terapia ortodôntica é o ligamento periodontal, um tecido conjuntivo

frouxo, diferenciado da parte média do mesenquima do saco dentário, e que serve para unir os

dentes aos ossos dos maxilares [FAVA DE MORAES (1980)], ou seja, preenche o espaço

entre a superficie da raiz e a parede óssea dos alvéolos da maxila e da mandíbula, circunda a

raiz oclusalmente a partir da borda dos alvéolos e suporta a gengiva [TEN CATE (1985)

LASCALA (1980), THOMPSON (1959)]. Apesar do ligamento estar sempre presente quando

o dente irrompe o espaço entre a raiz e a parede alveolar é relativamente amplo, mas vai

diminuindo a cada ano por causa da formação de novas camadas de cemento de um lado e

osso do outro, entretanto estes dois tecidos nunca ficam em contato direto, exceto em

condições patológicas. Por outro lado, a principal função do ligamento periodontal

(FREEMAN (1985)] é de fornecer as células necessárias (cementoblastos, osteoblastos) para

a síntese e manutenção dos tecidos mineralizados (osso alveolar e cemento), bem como

fornecer células capazes de reabsorver esses tecidos (cementoclastos, osteoclastos), como

parte das mudanças normais ou do remodelamento, além do importante papel de absorver os

choques causados por forças repentinas induzidas durante os movimentos funcionais e não
54

funcionais [LASCALA (1980)]. Por causa de sua alta celularidade e das mudanças

relativamente rápidas dos seus constituintes estruturais, o ligamento periodontal tem a

capacidade de se remodelar rapidamente.

Embora com limites distintos e significância apenas topográfica, comumente as

fibras do ligamento periodontal são divididas nos seguintes grupos: transeptais, da crista

alveolar, gengivais livres, horizontais, oblíquas e apicais [LASCALA (1980), FAVA DE

MORAES (1980)]. O componente básico das fibras do ligamento periodontal é o colágeno e

o papel preponderante dessas fibras é na articulação entre o dente e o osso, através de vários

feixes orientados em diferentes sentidos, promovendo a estabilidade dos dentes contra as

forças que atuam sobre eles [PARKER (1972)]. Mas, para compreender a importância do

tecido conjuntivo fibroso na manutenção dos dentes em condições normais, é preciso lembrar

que existem dois tipos de fibras, isto é: a) principais, que dão suporte aos dentes; e b)

indiferentes, que preenchem os espaços entre as fibras principais e contém os vasos

sanguíneos e linfáticos, bem como os nervos. De modo mais explícito, as fibras se projetam

em diferentes direções para assegurar a ancoragem gengiva! adequada [AZUMA (1970)]

podendo ser distinguidos os grupos de fibras que estão unidos ao cemento radicular e se

estendem até o osso alveolar, cemento dos dentes adjacentes e tecidos gengivais [BIEN

(1967), FAVA DE MORAES (1980)]. Além dessas, embora ainda não esteja totalmente

esclarecido seu papel, frequentemente são observadas fibras oxitalâmicas orientando-se com

o sistema vascular sanguíneo, em maior número ao redor da porção .cervical dos dentes e

associadas com os dentes mais solicitados pela demanda funcional.

No sistema circulatório do periodonto os vasos sanguíneos têm três origens, ou seja:

1) nas artérias principais da maxila e da mandíbula, através da porção apical dos alvéolos~ 2)

nas paredes laterais dos alvéolos; e 3) nos tecidos gengivais [LASCALA (1980), FAVA DE

MORAES (1980)]. Para nutrir as várias partes que compõem o periodonto, os vasos
55

sanguíneos se ramificam, gradualmente, em numerosas interconexões (anastomoses).

Entretanto, isso não ocorre de forma harmônica, pois a vascularização é maior nos dentes

posteriores, do que nos anteriores, e sempre próxima da superfície óssea do que da radicular.

O suprimento periférico de sangue na gengiva, subjacente ao epitélio bucal e sulcular, é

fornecido por alças capilares localizadas nas projeções dos tecidos conjuntivos, bem como

pela rede de vasos sanguíneos periféricos, chamada de plexo dento-gengival, situada próximo

ao epitélio juncional. Por outro lado, os vasos linfáticos são numerosos e, pelo fato de se

ramificarem como os sanguíneos, alguns capilares originados na margem gengiva! formam

interconexões (anastomoses) com os do periodonto [REITAN & RYGH (1996)]. Portanto, a

circulação linfática do ligamento periodontaJ se processa da lâmina própria da gengiva em

direção apical [FAVA DE MORAES (1980)], onde se unem com os da polpa, tomando-se

maiores, passam através dos espaços ósseos até se juntarem aos troncos principais nos canais

mandibular ou infraorbital, os quais correm até os nódulos linfáticos justapostos à cavidade

bucal.

A gengiva permanece firmemente unida ao cemento circundante e osso por meio das
'
fibras do tecido conjuntivo [FAVA DE MORAES (1980), LASCALA (1980), TEN CATE

(1985), PARRA (1985)] proporcionando o !ônus e a sua união ao cemento e ao osso alveolar.

A inervação do periodonto é representada por fibras nervosas mielínicas [FAVA DE

MORAES (1980)], cujos pontos de entrada e distribuição são os mesmos descritos para os
'

vasos sariguíneos, predominando no terço apical e mais pobre no terço cervical da raiz, e

responsável pelo sentido do tato no periodonto [LASCALA (1980)]. Além dessas, também

estão presentes fibras amielínicas, do sistema nervoso autônomo, relacionadas com os vasos

sanguíneos e o controle da fisiologia circulatória.

O primeiro trabalho voltado para as reações do periodonto, quando são aplicadas


56

forças para mover dentes, foi feito em 1841 [FREITAS, ALMEIDA, MARTINS (1985)] e,

embora tenha sido baseado em especulações empíricas, deu origem à teoria da reabsorção

óssea no lado submetido a pressão e aposição de novo osso no lado sob tração,

posterionnente confinnada através de estudos histológicos [RYGH (1973), REITAN (1947),

OPPENHEIM (1944), THOMPSON (1959)]. Além de ser enfatizada a plasticidade do osso

alveolar sob a ação de forças, estas pesquisas indicaram a necessidade de serem usadas forças

leves, para obter um movimento dentário próximo ao fisiológico.

Reforçando sobre as forças ortodônticas a serem empregadas [REITAN (1959)],

chama a atenção para que elas jamais devam interferir na pressão sanguínea capilar, isto é,

acima de 25 gramas/cm2, para permitir uma estimulação de pressão de reabsorção do osso

alveolar. Todas as forças acima deste nível podem não só produzir estrangulamento

ligamentar, como também uma reabsorção radicular, uma mobilidade exagerada e, às vezes,

até dores pulpares insuportáveis. Além disso, OPPENHEIM (1944), SCHWARZ (1932) e

STUTEVITLE (1937) mostraram que os primeiros sinais de alterações estruturas surgem no

ligamento periodontal, sendo as mais evidentes as vasculares.

Como o ligamento periodontal está situado entre duas estruturas essencialmente

imóveis - cemento e osso alveolar, ele é substancialmente comprimido quando aplicada uma

força nos dentes [ROBERTS (1985)], ficando com um terço ou metade de sua espessura

normal no lado submetido a pressão. Esse fato faz com que os vasos sanguíneos sejam,

concomitantemente, pressionados e ocorra uma estenose. Se a força aplicada é leve e

intermitente, há uma diminuição do fluxo sanguíneo que gradativamente retoma ao nível de

repouso [STRANG (1957), KOBAYASHI (1989)], basicamente da mesma forma que ocorre

na função nonnal [STRANG (1957), LASCALA & MOUSSALLI (1980)]. Isso porque, no

lado sob pressão, há uma formação protetora no periodonto, constituída por vasos e capilares

hipertrofiados, cheios de sangue, entre o dente e o osso alveolar, ou seja, é formado um


57

angioma com finalidade protetora, para interceptar, debilitar e dissipar a pressão

[OPPENHEIM (1944), RYGH (1973)]. Como o processo de remodelamento ósseo tem como

intermediárias as células osteoclásticas e osteoblásticas para funcionar, o principal requisito

para movimentação dentária é uma fonte de células em potencial que possa ser rapidamente

ativada. Mas, para existir atividade celular deve estar disponível urna grande quantidade de

nutrientes, oxigênio e, ao mesmo tempo, um meio que possibilite eliminar os dejetos, ou seja,

um suprimento vascular na vizinhança imediata.

Quando é aplicada uma força leve, na área em que se forma o aneurisma a pressão é

menor do que em qualquer outra, levando à formação de bolhas de gás (0 2) no fluido dos

canais vasculares, forçando-as para os canais e outras se alojam entre e sob os espaços

medulares e espículas do osso alveolar, criando um ambiente favorável para a proliferação de

osteoclastos, porque os vasos sanguíneos fornecem o suprimento nutricional e a concentração

de oxigênio necessários para a atividade celular que leva a reabsorção óssea [STRANG

(1957)]. No lado contrário, submetido a tração, os vasos sanguíneos apresentam-se maiores e

mais favoráveis para a ativação e proliferação de osteoblastos [ROBERTS (1985), FAVA DE


'
MORAES (1985)], porque a boa irrigação sanguínea é imprescindível para a mobilização

dessas células.

Quando são aplicadas forças pesadas, a membrana periodontal e os vasos sanguíneos

ficam comprimidos entre o cemento radicular e o osso alveolar [FAVA DE MORAES (1985),

REITAN & RYGH (1996), RYGH (1973), levando a ocorrência de isquemia e ausência de

reabsorção direta do tecido ósseo na área submetida a pressão, podendo advir urna necrose se

a pressão persistir por um tempo prolongado [RYGH (1986)] porque o tempo de aplicação é

mais prejudicial do que a quantidade de força aplicada.

Com a obliteração dos vasos sanguíneos ocorre uma paralisação dos nervos
58

vasomotores levando à hialinização, pelo corte do suprimento vascular na área sob pressão

[FAVA DE MORAES (1985), TEN CATE (1976)], impedindo a mobilização das células

responsáveis pela reabsorção óssea (osteoclastos) por falta de abastecimento de nutrientes

nessa região [REITAN (1960,1996), PARRA (1985)], ou seja, o tecido hialinizado é

necrótico, estéril e localizado no ligamento periodontal [RYGH (1973)], eliminado somente

pela reabsorção a distância, ou seja, dos espaços medulares em direção ao ligamento. A

penetração de novos vasos e capilares parece ser um fator importante na eliminação do tecido

hialinizado, pois pennitern a difusão do exsudato inflamatório necessário para o processo de

reparo [TEN CATE (1976), FAVA DE MORAES (1985)]. Enquanto não ocorre a

reorganização do ligamento periodontal e da mucosa adjacente, bem como a reabsorção do

osso alveolar (dos espaços medulares até o ligamento periodontal), é observada uma

anquilose temporária, ou seja, o dente não se move [FAVA DE MORAES (1985)].

Em relação ao comportamento das fibras do tecido conjuntivo, no lado sob pressão

há uma diminuição no número de células, principalmente, os fibroblastos [TEN CATE

(1976), FAVA DE MORAES (1985), RYGH (1973)]. A remoção de colágeno, células

remanescentes e elementos degradados é mediada por diferentes fonnas de atividade celular

[REITAN & RYGH (1996)]. Entretanto, ao contrário do que ocorre no remodelamento ósseo,

onde estão envolvidos dois tipos de células (osteoclastos e osteoblastos), na recuperação do

tecido conjuntivo fibroso o processo era restrito a apenas urna célula - o fibroblasto, pois ela

tem a capacidade de sintetizar ou degradar colágeno a qualquer momento, promovendo a

rápida remodelação das taxas de colágeno na membrana periodontal [TEN CATE (1985)

RYGH et ai. (1986)]. Enquanto no lado sob pressão as fibras são comprimidas e pennanecem

em forma de espirais [ERJCKSON, KAPLAN, AISENBERG (1945), PARKER (1972)] e no

lado submetido a tração elas parecem estar sob considerável estresse, mostrando um certo

desarranjo das fibras, enquanto que as unidas ao osso e ao cemento estão normais [FAVA DE
59

MORAES (1985), PARKER (1972), RYGH et ai. (1986)]. Embora não tenha sido descoberta

nenhuma evidência que indique qual é a sua função real, o fato das fibras oxitalâmicas serem

consistentemente observadas nas áreas onde a membrana periodontal está sob tensão, poderia

sugerir que elas são produzidas pelo organismo como wna salvaguarda contra as forças

anormais que podem causar a ruptura e a degradação dos tecidos conjuntivos fibrosos da

membrana periodontal [PARKER (1972)].

A partir dos dados relatados por muitos autores, torna-se claro a existência de

mecanismos complexos de controle biológico, no processo pelo qual os tecidos associados

aos dentes se remodelam antes, durante e após a movimentação dentária. Apesar de inúmeros

estudos realizados nesta área, ainda existe muito a pesquisar [TEN CATE (1976), RYGH

(1973), ROBERTS (1986)].


60

CONCLUSÃO

Após avaliação dos relatos dos diferentes autores consultados, julgamos corretas as

seguintes conclusões:

L Faz-se necessário o conhecimento detalhado da anatomia do periodonto, bem

como as funções de cada uma das estruturas que o compõe, ou seja: cemento, osso alveolar,

ligamento periodontal e gengiva, para que possam ser entendidas as mudanças normais e o

remodelamento que ocorrem durante os movimentos funcionais, bem corno aqueles induzidos

pelas forças ortodônticas.

2. O ligamento periodontal está incluído no espaço entre as raízes dos dentes e

osso alveolar que circunda o dente até o nível aproximado de 1 mm apical a junção

amelocementária. Dois tipos de osso alveolar podem ser distinguidos radiograficamente; a

parte do osso que cobre o alvéolo e a parte marginal do processo alveolar é chamado de osso

cortical e se apresenta como uma linha radiopaca às vezes denominada "lâmina dura". A

parte do processo alveolar delimitada pela lâmina dura é fonnada por osso esponjoso que,

radiograficamente aparece como uma malha. O ligamento periodontal é contínuo com o

tecido conjuntivo supra-alveolar. O ligamento alveolar tem a fonna de uma ampulheta e é

mais estreito ao nível do meio da raiz. A largura do ligamento é aproximadamente de 0,25

mm ± 50%. A presença do ligamento periodontal é essencial à mobilidade do dente. A

mobilidade dentária é, em grande parte, detenninada pela largura, altura e qualidade do


61

ligamento periodontal.

3. As funções do ligamento periodontal são: a) J!,".Í.C:9.S., abrangendo: sustentação,

transmissão das forças oclusais do osso, inserção dos dentes no osso, manutenção dos tecidos

gengivais em suas relações adequadas com os dentes, resistência ao impacto das forças

oclusais (absorção do choque) e provisão de um "envoltório" de tecido mole para proteger os

vasos e nervos das lesões produzidas pelas forças mecânicas; b) fc?rmq.{!9.r.tJ., o ligamento

periodontal funciona como periósteo para o cemento e o osso. As células do ligamento

periodontal participam na formação e na reabsorção destes tecidos, formação e absorção que

ocorrem durante os movimentos fisiológicos do dente. Participam também na adaptação do

periodonto as forças oclusais e na reparação de lesões. Variações na atividade enzimática

celular são correlacionadas com o processo de remodelagem. Em áreas de formação óssea, os

osteoblastos, fibroblastos e cementoblastos apresentam-se intensamente corados, sugerindo a

presença de fosfatase alcalina, não específica. Em áreas de reabsorção óssea, os osteoclastos,

fibroblastos, osteócitos e cementócitos coram-se pela fosfatase ácida inespecífica. Como

todas as estruturas do periodonto, o ligamento periodontal se remodela constantemente; c)

~~!M9.r:tc;z.l., através do mecanismo proprioceptivo possibilita ao- organismo detectar as

aplicações mais delicadas de forças nos dentes, bem como seus deslocamentos mínimos; d)

nutr.t(i)!q, o ligamento periodontaJ possui vasos sanguíneos, os quais fornecem nutrientes e

outras substâncias requeridas pelos tecidos do ligamento, pelos cementócitos e pelos

osteócitos mais superficiais do osso alveolar. Os vasos sanguíneos são 'também responsáveis

pela remoção de catabólidos. A oclusão dos vasos sanguíneos leva a necrose de células da

região afetada do ligamento. Isto ocorre quando uma força intensa é aplicada a um dente,

durante a terapia ortodôntica; e) !wrrw._Q~.t4!fçq, as células do ligamento periodôntico têm a

capacidade de reabsorver e sintetizar a substância intercelular do tecido conjuntivo do

ligamento, osso alveolar e cemento.


62

4. Ao serem aplicadas forças ortodônticas leves, os primeiros sinais de alterações

ocorrem no ligamento periodontal, sendo as vasculares mais importantes porque são os vasos

sanguíneos que fornecem o suprimento nutricional e a concentração de oxigênio, necessários

para a atividade celular que irá permitir a proliferação de osteoclasto e osteoblasto,

responsáveis pela reabsorção e neoformação que resultam no remodelamento ósseo e,

consequentemente, na movimentação dentária.

5. Quando o aparelho ortodôntico distribui forças pesadas, há urna obstrução do

fluxo sanguíneo e, portanto, não são ativadas as células que deveriam promover a reabsorção

óssea, porque o tecido hialinizado é necrótico e estéril, sendo eliminado somente pela

reabsorção a distância, ou seja, dos espaços medulares (por onde penetram vasos e capilares

advindos de áreas adjacentes) em direção ao ligamento, condicionando o dente a uma

anquilose temporária. Entretanto, estas afirmações aparentemente óbvias se sujeitarão a

numerosas variações e extensões quando fatores, tais como: magnitude, direção e duração da

força são introduzidas.


63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS·
I. ANDRESEN, V. Functional treatment of open bite. Dent Rec, v. 44, p. 429, 1924.
Apud RE!TAN, K. Op. Clf. Ref 78.

2. AZUMA, M. Study on ltistologic changes of periodontal membrane incident to


experimental tooth movement. Buli Tokyo Med Dent Univ, Tokyo, v. 17, p.
149-178,1970.

3. BASTIAAN, R.J. Periodontal consideration for orthodontics. Aust Orthod J,


Brisbane, v. 10, n. 4, p. 221, 1988.

4. BAUER, G., LANG, F.J. úber das Wandem der Zãhne. Vjschr f Zhk, v. 44, p. 321,
1928. Apud RE!TAN, K. Op. cit. Ref 78.

5. BIEN, S.M. Difficulties and fairlures int tooth movement and biophysical responses
to mechanotherapy. Rep Congr Eur Orthod Soe Trans, p. 55-62, 1967.

6. BLACK, G. V. Operativo dentistry. Clticago : Medico-Dental Publislting, 1936. p.


9-32.

7. BOX, HK. Studies in periodontal pathology. Can Dent Res Found Bu~ Toronto, v.
7, 1924. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

8. BRASH, J.C. Thé growth ofthe alveolar bone and its relation to the movement of
the teeth including eruption. In! J Orthod Oral Surg, v. 14, p. 196, 1928. Apud
REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

9. BREITNER, C. Experimentelle Verãnderung der mesiodistalen beziehungen der


oberen und unteren Zahnreihen. Z Stomatol, v. 28, p.134, 1930. Apud
REITAN, K. Op. cit. Ref. 78. .

10. BROADBENT, B.H. Investigation on the orbital plane. Dent Cosmos, v. 69, p. 797,
1927. Apud RE!TAN, K. Op. cit. Ref 78.

11. BRODIE, A.G. On the growth pattem ofthe human head from the third month to the
light year of life. Am J Ana!, v. 68, p. 209, 1941. Apud REITAN, K. Op. cit.
Ref 78.

12. BRUCKL, H. Mikriskopische befunde arn milchgebess des hundes nach einwirküng
aktiver und passiver orthodontischer plattenapparate. Dtsch Zahn Mund
Kieferheilkd, v. 8, p. 409, 1941. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

• De acordo com a NBR-6023 de 1989, da Associação Brasileira de Nonnas Técnicas (ABNT).


64

13. CARMAN, S. Arreested root absorption during orthodontic treatment. In! J Ortbod
Oral Surg, v. 23, p. 35, 1937. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

14. CASE, C. S. The bodily movement ofthe teeth in orthodontia. Dent Cosmos, v. 43,
p. 877, 1916. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

15. CHIPPS, H.D. Two cases of root resorption. Dent Cosmos, v. 70, p. 461, 1928.
· Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

16. COOPER, S.M., SIMS, M.R. Evidence of acute inflamation in the periodontal
ligament subsequent to orthodontic tooth moviment in rats. Aust Orthod J,
Brisbane, v. 11, n. 2, p. 107, Oct. 1989.

17. EDWARDS, J.G. A study of the periodontium during orthodontic rotation ofteeth.
Am J Orthod, Saint Louis, v. 54, n. 6, p. 441, 1968.

18. ERICKSON, B.E., KAPLAN, H., AJSENBERG, M.S. Orthodontics and transeptal
fibers; histological interpretation ofrepair phenomena following the rem oval of
first premolares with retraction ofthe anterior segment. Am J Orthod Oral
Surg, SaintLouis, v. 31, p. 1-20,1945.

l 'i. ESCHLER, 1. lnwiefem striitzen experimentelle studien die forrngestaltung der


paradentalen gewebe und des kieferknochens di e grundlage der funktions-
kieferirthopildie. Dtsch Zahn Mund Kieferheilkd, v. 6, p. 759, 1939. Apud
REIT AN, K. Op. cit. Ref. 78.

20. ., HÀLP, K. Di e druktheorie flourens vor dem forum tier-experimenteller


untersuchunger. Z Stomato1, v. 38, p. 423, 1940. Apud REITAN, K. Op. cit.
Ref. 78.

21. FARRAR, J.N. A treatise on tbe irregularities ofthe teeth and their correction.
NewYork:TheDeVinnePress, 1888. Apud REITAN,K. Op. cit. Ref. 78.

22. FAVA DE MORAES, F. Fundamentos histológicos aplicados à ortodontia. In:


INTERLANDI, S. (Coord.) Ortodontia: bases para a iniciação. São Paulo:
Artes Médicas, 1980. p. 45-55.

23. FISCHER, G. Beitrãge zur biologie der zahnpulpa. Berlin, 1933. Apud REITAN,
K. Op. cit. Ref 78.

24. FLOURENS, J.P. Tbéorie expérimentale de la formation des ós. Paris, 1847. Apud
REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

25. FREEMAN, E. Periodonto. In: TEN CATE, AR. Histologia bucal:


desenvolvimento, estrutura e função. 2.ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan,
1988. Cap. 14, p. 209-233.

26. FREITAS, M.R., ALMEIDA, R.R., MARTINS, D.R Movimentação ortodôntica-


revisão da literatura, considerações clínicas e apresentação de um caso clínico.
Ortodontia, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 53, 1985.

27. GIANELLY, A.A. Force-induced changes in the vascularity ofthe periodontal


65

ligament. Am J Ortbod, Saint Louis, v. 55, n. 1, p. 5-11, 1969.

28. ., GOLDMAN, H.M. Biologic basis of ortbodontics. Philadelfia : Lea &


Febiger, 1971. p.116-203.

29. GOTTL!EB, B. Die diffuse atrophie des alveolarknochens. Z Stomatol, v. 21, p.


195, 1923. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

30. . Histologische untersuchung liner geheilten zahnfraktur. Z Stomatol, v.


20, p. 268, 1922. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

31. ., ORBAN, B. Die Veriinderungen der Gewebe hei übermãssiger


Beanspruncbung der zlihne. Thieme Leipzig, 1931. Apud REIT AN, K. Op.
cit. Ref 78.

32. GROSS, H Verãnderungen im Periodontium hei überJasteten menschlichen Zãbnen.


Z Stomatol, v. 29, p. 386, 1931. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

33. GRUBICH, W. Verãnderunger na orthodontisch bewegten Zãhne. Corresp bl f


Zahnãrtze, v. 54,p.l53, 1930. Apud REITAN,K. Op. cit. Ref. 78.
•·
34. GUBLER, W. Prinzipielles zur frage der verwendurg aktiver p1attenapparate. Schw
Monatschr f Zhk, v. 51, p. 387, 1941. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

35. . Zur Frage der orthodontisch verursachten Wurzelresorption. Schu


Monatschrf Zhk, v. 41, p. 1011, 1931. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

36. GUU..FORD, G.H. Orthodontia or malposition of the human teeth, its prevention
and remedy. Philadelphia, 1898. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

37. HAUPL, K., LANG, F.J. Die marginale paradentitis. Ber1in : Hurnan Meusser,
1927. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

38. . Gewebsumbau und tahknverdrãngung in der funktions·


kieferorthopãdie. Barth, Leipzig, 1938. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

39. HECill, H. Uber di e Vorgãnge, di e sich bei der kiinstlerischen regulierung der
Zãhne in dem alveolarfortsatg abspielen. Corresp bl f Zahnãrtzte, v. 29, p. 134,
1900. Apud REIT AN, K. Op. cit. Ref 78.

40. HEINRICH, G. Die patho- histologischen verãnderungen em kéifer bei


orthodontischen massnahmem. Dtsch Zhk, v. 58, p. 40, 1923. Apud REITAN,
K. Op. cit. Ref 78.

41. HERZBERG, B.L. Borres changes incidem to orthodontic tooth movement in man. J
Am Dent Ass, v. 19, p. 1777, 1932. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

42. HUMPREY, G.M. A treatise on tbe human skeleton. Cambridge, 1858. Apud
REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

43. JACKSON, V.H. Some fundamental principies ofremovable regulating appliances.


J Am Dent Ass, v. 15, p. 936, 1928. Apud REIT AN, K. Op. cil. Ref. 78.
66

44. JOHNSON, AL., APPETON, J.L., RITTERSHOFER, L. S. Tissue changes involved


in tooth movement. J Orthod Oral Surg, v. 12, p. 889, 1926. Apud REITAN,
K. Op. cil. Ref 78.

45. KARVATO, F. Changes ofthe periodonta1 vascular network periodonta1 fibers and
alveolar bone incident to tooth extrusional. Kanagawa Shigaku, Kanagawa, v.
24, n. 1, p. 117, Sept. 1989.

46. KETCHAM, AH. A preliminary report ofna investigation ofapical root resorption
ofpennanentteeth. Int JOrthod, v. 13, p. 97, 1927. Apud REITAN, K Op.
cit. Ref. 78.

47. . A progress report ofna investigation ofapical resorption ofvital


pennanent teeth. Int Orthod Oral Surg, v. 15, p. 3 I O, 1929. Apud REITAN, K.
Op. cit. Ref. 78.

48. KINGSLEY, N.W. Na experiment with artificial palates. Dent Cosmos, v. 19, p.
231, 1877. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

49. KOBA YASHI, K. Changes in micro vascular partem ofthe periodontalligament in a


experimental tooth extrusional. Nippon Kyobu Shikkan Gakkai Zasshi, Tokyo,
v. 48, n. 4, p. 441, Aug. 1989.

50. KRANZ, R., FALK, K. Alveolarpyorrhoe. Berlin : Human Meusser, 1922. Apud
REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

51. KRONFELD, R. Histologic analysis ofthe jaws ofa child with maloclusion. Angle
Orthod, v. 8, p. 21, 1938. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

52. . Histopathology of the teeth and their surrounding structures. 2nd ed.
Philadelphia: Lee & Fibiger, 1939. Apud REITAN, K. Op. cil. Ref. 78.

53. LANDSBERGER, R. Anatomische verãnderungen im knochengewebe des


gaumensbli kieferorthopãdischerr behandlung. Corresp bl f Zahnãrtzte, v. 3 8, p.
49, 1909. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

54. . Histologische untersuchungen über das alveolarwachstum. Dtsch


Monastsch f Zhk, v. 41, p. 417, 1923. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

55. LASCALA, N. T., MOUSSALLJ, N.H. Periodontia clínica: especialidades afins.


São Paulo: Artes Médicas, 1980. Cap. 2, p. 23-34.

56. NORD, F.L. Loose appliances in orthodontia. Dent Cosmos, v. 70, p. 681, 1928.
Apud REIT AN, K. Op. cil. Ref. 78.

57. OPPENHEIM, A A possibility for physiologic orthodontic movement. Am J


Orthod, SaintLouis, v. 30, p. 345-68,1944.

58. . Biologisch- orthodontische tberapie und wirklichkeit. Wien : Urban &


Sehwarzenber, 1936. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

59. . Di e krise in der orthodontie. Z Stomatol, v. 31, p. 447, 1933. Apud


67

REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

60. . Human tissue response to orthodontic intervention os short and long


duration. Am J Orthod Oral Surg, v. 28, p. 263, 1942. Apud REITAN, K. Op.
cit. Ref 78.

61. . Tissue changes, particularly ofthe bone, inicident to tooth movement.


Am Orthod, v. 3, n. 2, p. 58-67, 1911.

62. . Di e verãnderungen der gewebe wãhrend der retention. Oster Ung


Vjschr f Zhk, v. 29, p. 325, 1913. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

63. . Über Wurzelresorption bei orthodontischen massnahmen. Z


Stomato1, v. 27, p. 605, 1929. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

64. ORBAN, B. Beziehungen zwischen zahn nnd knocken bewegnng der zahnkeime. Z f
Anal u Entw, v. 83, p. 804, 1927. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

65. . Bio1ogische prob1eme in der orthodontie. Z Stomatol, v. 33, p. 1037,


1935. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

66. . Resorption and repair on the surface ofthe root. J Am Dent Ass, v. 15, p.
1768, 1928. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

67. . Resorption of roots dueto pressure from erupting and impacted teeth.
Arch Clin Oral Path, v. 4, p. 187, 1940. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

68. . Zahnfleischtasche und epitelansatz. Z Stomatol, v. 29, p. 858, 1931.


Apud REIT AN, K. Op. cit. Ref 78.

69. PARKER, G.R. Transeptal fibers and relapse following bodily retractrion ofteeth: a
histologic stuqy. Am J Orthod, Saint Louis, v. 61, n. 4, p. 331-343, 1972.

70. PARLANGE, L.M., SIMS, M.R. Stereological ofblood vessels and nerves in
mannoset periodontalligament following endodontics and magnetic incisor
extrusion. Eur J Ortbod, Oxford, v. 15, n. 1, p. 33-44, Feb. 1993.

71. PARRA, RB. Consideraciones periodontales para el ortodoncista. Rev lberoam


Ortod, Madrid, v. 5, n. I, p. 59-72, 1985.

72. POMMER, G. Über die Osteoclasten theorie. Arch f Path u Allat, v. 92, p. 296,
1883. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

73. REHAK, R., HATTYASY, D. Ein interessanter fali von beiderseitigen Hochstand der
Eckzahne. Fortscbr d Ortb, v. 2, p. 76, 1932. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref
78.

74. REICHBORN-KJENNERUD, l Über die mekanism des Durcbbrucbes der


bleibenden zãbne beim Menscben. Oslo, 1934. Apud REITAN, K. Op. cit.
Ref. 78.

75. REITAN, K. Clinicai and histologic observation on tooth movement during na after
orthodontic treatment. Am J Ortbod, Saint Louis, v. 53, n. 10, p. 721-745, Oct.
68

1967.

76. Continuous bodily tooth movement and its histological significanca.


Acta Odontol Scand, Oslo, v. 6, p. 115, 1947.

77. . Om enkelte mekanisme og histologiske problemer ved rotasjon or tenner.


Nor Tannlaegeforen Tid, v. 49, p. 381, 1939. Apud REIT AN, K. Op. cit. Ref
78.

78. . The initial tissue reaction incident to orthodontic tooth movement. Acta
Odontol Scand, Oslo, p. 9-26, 1951.

79. . Tissue rearrangement during retention of orthodontically rotated teeth.


Angle Ortbod, Appleton, v. 29, n. 2, p. I 05-13, 1959.

80. . Tissue behavior during orthodontic tooth movement. Am J Orthod, Saint


Louis, v. 46, n. 12, p. 881-900, 1960.

81. ., RYGH, P. Princípios e reações biomecânicas. In: GRABER, T.M.,


VANARSDALL, R.L. Ortodontia: princípios e técnicas atuais. 2. ed. Rio de
Janeiro: GuanabaraKoogan, 1996. Cap. 2, p. 88-174.

82. ROBERTS, W.E. Biomecânica, metabolismo e fisiologia óssea na prática


ortodôntica. In: GRABER, T.M., VANARSDALL, R.L. Ortodontia: princípios
e técnicas atuais. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. Cap.3, p.
175-212.

83. ROBW, P. Demonstration pratique sur le construction et la mise en bouche d'um


nowel appareil de redressement. Rev Stomatol, v. 29, p. 561, 1902. Apud
REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

84. ROUX, W. Das Gesetz der Transformation der Knochen Kritische Bemerkungen.
Berl Klin Wochenschr, v. 30, p. 509, 1893. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

85. . Gesament Abhandlung über Entwickelungsmechanik. Engelmann,


Leipzig, 1885. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

86. RUDOLPH, C. E. A comparative study in root resorption in pennanent teeth. J Am


Dent Ass, v. 23, p. 882, 1936. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

87. RYGH, P. Ultrastructural cellular reations in pressure zones of rat molar


periodontium incident to orthodontics tooth movement. Acta Odontol Scand,
Oslo, v. 30, p. 575-593, 1972.

88. . Ultrastructural changes in pressure zones ofhwnan periodontium incident


to orthodontic tooth movement. Acta Odontol Scand, Oslo, v. 31, p. 109, 1973.

89. . et a/. Activation ofthe vascular system: a man mediator ofperiodontal


fiber remodelating in orthodontic tooth movement. Am J Orthod, Saint Louis, v.
89, n. 6, p. 453-468, June 1986.

90. SANDESTEDT, C. Nãgra bidrag til tandregleringens teori. Stockolm, 1901.


69

Apud REIT AN, K. Op. cit. Ref 78.

91. SCHWARZ, A.M. Die beziehungen der kieferorthopadie zu den


paradentalerkrankungen. Dtsch Zahn Mund Kieferheilkd, v. 7, p. 130, 1940.
Apud REITAN, K. Op. cít. Ref 78.

92. . Über die Bewegung belasteter Ziibne. Z Stomato~ v. 26, p. 40, 1928.
·· Apud REITAN, K. Op. cít. Ref 78.

93. . Tissue changes incidental to orthodontic tooth movement. Int J Ortbod


Oral Radiol, v. 18, p. 331-352, 1932.

94. SCHWARZKOPF, E. Resorption der zahnwurzeln beiregulierung. Dtsch Monatschr


f Zhk, v. 5, p.180, 1887. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

95. SICHER, H Bau und funktion des fixation sapparates der meerscheveinchenrnolare.
Z Stomatol, v. 21, p. 580, 1923. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

96. . Tooth eruption: The axial movement of continuously growing teeth. J


Dent Res, v. 21, p. 201, 1942. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

97. SIEGMUND, H. Di e Beziehung der kieferorthopadie zu dem paradentaler


krankungen vom staodpunkt der pathologie. Dtsch Zahn Mund Kieferheilkd, v.
7, p. 65, 1940. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

98. SIPPY, B.O. Regeneration oftissues following experimental injwy ofthe roots. Dent
Cosmos, v. 64, p. 771, 1927. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

99. SKILLEN, W.G. Nonnal anatomy and physiology ofthe gingiva and its relation to
pathologic process. J Am Dent Ass, v. 18, p. 600, 1931. Apud REIT AN, K. Op.
cil. Ref 78.
.
100. SKOGSBORG, C. The permanent retention ofthe teeth after orthodontic treatment.
Dent Cosmos, v. 40, p. 1117, 1927. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

101. STEIN, G., WEJNMANN, J. Die physiologische wanderung der Ziibne. Z Stomato~
v. 23, p. 733, 1925. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

I 02. STRANG, R.H. W. Tratado de ortodoncia. Buenos Mres : Editorial Bibliografia


Argentina, 1957. p. 198-222.

103. STUTEVILLE, O.H. Injuries to the teeth and supporting structure caused by various
orthodontic appliances and methods ofpreveting these injuries. J Am Dent Ass,
Chicago, v. 24, p. 494-507, 1937.

104. . The movement oftbe teeth subjected to preassure. Chicago, 1934.


[Manuscript]. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref 78.

105. . A swnmary review oftissue changes incident to tooth movement. Angle


Ortbod, Appleton, v. 8, p. 3, 1938. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

106. TALBOT, E.S. lrregularities ofthe teetb and their treatment, Philade1phia, 1888.
70

Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

107. TAYLOR, A.C. The dynamics oftooth eruption in the rat. Anal Rec, v. 106, p. 88,
1950. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

108. TEN CATE, AR. The role offibrob1asts in the remodeling ofperiodontalligament
during physiologic tooth movement. Am J Orthod, Saint Louis, v. 69, n. 2, p.
155-168, Feb. 1976.

109. . O fibroblasto e seus produtos. In: TEN CATE, AR. Histologia bucal:
desenvolvimento, estrutura e função. 2. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan,
1988. Cap. 6, p. 75-86.

110. THOMPSON, H.E. Orthodontic replases analysed in a study conective tissue fibers.
Am J Orthod, Saint Louis, v. 45, n. 2, p. 94-109, 1959.

111. THOMPSON, J.R. The rest position ofthe mandibule and its significance to dental
science. J Am DentAss, v. 33, p. 151, 1946. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref.
78.

112. WALKHOFF, O. Beitrag zu lehre von den kieferveranderungen beim richem der
zãhne. Corresp b1 f Zahnartzle, v. 29, p. 193, 1900. Apud REITAN, K. Op. cit.
Ref. 78.

113. . Beitrãge zur theoric und praxis der orthodontischen massnahmen und
deren beziehung zur entwickelungs mechanik der kiefer. Dtsch Zhk, v. 69, p. 2,
1927. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

114. WEIDENREICH, F. Über Periodontium und alveolarwand. Z f Anal, v. 83, p. 817,


1927. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

115. WEINMANN, J. Das knochenbild hei stõrungen der physiologischen wanderung der
Zãlme. Z Slomalol, v. 24, p. 397, 1926. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

116. . Über den begriff"funktion". Z Slomalol, v. 35, p. 439, 1937. Apud


REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

117. . Zur Frage der organischen Einheit von Zahn und alveolarknochen. Z f
Anal, v. 83, p. 771, 1927. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

118. ., SICHER. H. Bones and bones: fundamentais ofborle bio1ogy. Sainl


Louis: Mosby C., 1947. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

119. WESKI, O. Die chronischen marginallen entzündungen des alveolarfortsatzes mil


besonderer beriicksichtigung der alveo1arpyorrhoe. Vjschr f Zhk, v. 37, p. 3,
1921. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

120. WESTIN, G. Über Zahndurchbruch und Zahnwechsel. Z fMikr-anat Forsch, v. 51,


p. 428, 1942. Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

121. WOLFF, J. Uber die innere architektur der knochen und ihre bedeutung fiir die ftage
vomm knochenwachustum. Arcb fPatb Anat u Pbysiol, v. 50, p. 338, 1870.
71

Apud REITAN, K. Op. cit. Ref. 78.

122. YOUNGER, W.J. Pyorrhoea a1veo1aris. Schw Vjschr f Zhk, v. 15, p. 87, 1905.
Apud REJTAN, K. Op. cit. Re( 78.

Você também pode gostar