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FACULDADE ESTÁCIO DE CURITIBA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

TARSO DE LEON WU KUSSABA

GERAÇÃO DE ENERGIA COM RESIDUOS SÓLIDOS


URBANOS

CURITIBA
2017
TARSO DE LEON WU KUSSABA

GERAÇÃO DE ENERGIA COM RESIDUOS SÓLIDOS


URBANOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito parcial para obtenção do grau
de Bacharel no curso de Engenharia Elétrica
da Faculdade Estácio de Curitiba
Orientador: Prof. Me. Fabrízio Nicolai
Mancini

CURITIBA
2017
RESUMO

Esta pesquisa tem por objetivo demonstrar as tecnologias disponíveis para a geração de energia
a partir da gaseificação dos resíduos sólidos urbanos, mostrando os tipos de propulsores e
biodigestores disponíveis no mercado. Nesse contexto foi criado uma métrica para selecionar a
tecnologia mais adequada para Curitiba e Região Metropolitana, abordando as características
dos Resíduos Sólidos Urbanos dos 23 municípios que compõem o CONSÓRCIO
INTERMUNICIPAL PARA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
(CONRESOL), verificando a população, e o planejamento da destinação final dos resíduos
sólidos urbanos até 2031, utilizando o valor médio da produção diária de lixo por habitante da
cidade de Curitiba, para ter um referencial da quantidade produzida por município, analisando
a possibilidade de instalar plantas para gerar energia em cada estação de transbordo a serem
implantadas futuramente. Utilizando alguns fatores de conversão para conseguir verificar o
potencial de produção de biogás e energia elétrica para selecionar o tipo de biodigestor mais
adequado. Com o valor aproximado de produção do biogás, escolher o tipo de grupo motor
gerador mais apropriado, buscando uma alternativa viável com custo de aquisição e
manutenção acessíveis, baixa emissão de poluentes e bom rendimento térmico. Também é
abordado o consumo de energia elétrica por categoria de consumidor nos municípos que
compõem a RMC, e a forma de injetar a energia gerada na rede de distribuição da
concessionária. Sendo escolhido o biodigestor do tipo seco contínuo, devido a necessidade
diária de recolhimento do lixo. O motor de ciclo Diesel convertido em ciclo Otto foi o tipo de
motor selecionado, pois reúnem as principais características como: facilidade de e baixo custo
de manutenção, bom rendimento termodinâmico, facilidade de partida, e a possibilidade de ser
utilizado em ciclo combinado, utilizando os gases quentes da exaustão para alimentar uma
caldeira.

Palavras-chave: Biogás. Geração Distribuída. Resíduo Sólido Urbano. Biodigestor.


ABSTRACT

This research aims to demonstrate the technologies available for the generation of energy from
the gasification of urban solid waste, showing the types of propellants and waste reactor
available in the market. In this context, a metric was created to select the most appropriate
technology for Curitiba and Metropolitan Region, addressing the characteristics of Urban Solid
Waste in the 23 municipalities that make up the INTERMUNICIPAL CONSORTIUM FOR
THE MANAGEMENT OF SOLID URBAN WASTE (CONRESOL), verifying the population,
and planning of the final destination of solid urban waste 2031, using the average daily
production of garbage per inhabitant of the city of Curitiba, to have a reference of the quantity
produced by municipality, analyzing the possibility of installing plants to generate energy at
each transshipment station a be implemented in the future. Using some conversion factors to
verify the biogas and electric energy production potential to select the most suitable type of
waste reactor. With the approximate value of biogas production, choose the most appropriate
type of generator set, looking for a viable alternative with affordable acquisition and
maintenance costs, low emission of pollutants and good thermal efficiency. It also discusses the
consumption of electric energy by category of consumer in the municipalities that make up the
MRC and how to inject the energy generated in the distribution network of the concessionaire.
The continuous dry type waste reactor is chosen, due to the daily need to collect the waste. The
Diesel cycle engine developed in Otto cycle was the type of engine selected, since they meet
the main characteristics as: ease of and low maintenance cost, good thermodynamic efficiency,
ease of starting, and the possibility of being used in combined cycle, using the hot exhaust gases
to power a boiler

Keywords: Biogas. Distributed generation. Residual Solid Urban. Waste reactor


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Esquema de funcionamento de um gerador elementar (armadura girante)...............16


Figura 2 - Comparativo de rendimento entre motor de ciclo Otto x Diesel..............................17
Figura 3 - Esquema de funcionamento de um motor ciclo Otto 4 tempos.................................19
Figura 4 - Esquema de funcionamento de um motor ciclo Otto 2 tempos................................20
Figura 5 - Esquema de funcionamento de um motor ciclo Diesel 2 tempos..............................22
Figura 6 - Esquema de funcionamento do motor ciclo Diesel 4 tempos...................................23
Figura 7 - Fluxograma de uma turbina a gás ciclo Brayton movida a gás natural....................25
Figura 8 - Componentes básicos de uma turbina a gás...............................................................25
Figura 9 - Turbina a vapor de Heron (Eolípila)..........................................................................26
Figura 10 - Fluxograma do ciclo Rankine..................................................................................27
Figura 11 - Motor ciclo Stirling tipo Alfa..................................................................................28
Figura 12 - Motor ciclo Stirling tipo Beta.................................................................................28
Figura 13 - Motor ciclo Stirling tipo Gama...............................................................................29
Figura 14 - Faixa de operação da turbina a gás Siemens..........................................................29
Figura 15 - Esboço de um sistema de biodigestão....................................................................31
Figura 16 - Biodigestor modelo Canadense..............................................................................33
Figura 17 - Biodigestor modelo Chinês.....................................................................................34
Figura 18 - Biodigestor modelo Indiano....................................................................................35
Figura 19 - Biodigestor CSTR modelo simples.........................................................................36
Figura 20 - Biodigestor CSTR modelo avançado......................................................................37
Figura 21 - Biodigestor modelo Batelada...................................................................................38
Figura 22 - Municípios do CONRESOL e os locais já utilizados como aterros sanitários........42
Figura 23 - Destinação final dos Resíduos Sólidos Urbanos 2031............................................43
Figura 24 - Mapa do sistema de distribuição da RMC...............................................................49
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características dos diferentes tipos de motores...........................................30

Tabela 2 - Tecnologias de biodigestão para produção de biogás com RSU.................39

Tabela 3 - Características dos diferentes tipos de biodigestores...................................40

Tabela 4 - Áreas já utilizadas para depósito de resíduos sólidos..................................42

Tabela 5 - Composição gravimétrica dos resíduos.......................................................44

Tabela 6 - Quantitativo de resíduos 2012.....................................................................44

Tabela 7 - Produção de biogás da decomposição dos constituintes orgânicos.............46

Tabela 8 - Composições típicas do biogás produzido nas ETEs ..................................46

Tabela 9 – Consumo anual de energia elétrica dos municípios do


CONRESOL..............................................................................................................................50

Tabela 10 - Comparativo do potencial de geração de energia com RSU entre Paraná e


Brasil.........................................................................................................................................51

Tabela 11 - Comparativo do potencial de geração de energia com RSU entre Curitiba e


CONRESOL..............................................................................................................................51

Tabela 12- Potencial energético anual das estações de transbordo 2031......................53

Tabela 13 - Potencial energético das áreas planejadas para geração de energia com
RSU...........................................................................................................................................56
Tabela 14 - Comparativo do consumo energético do setor público com o potencial
energético anual.........................................................................................................................57
Tabela 15 - Conversão do potencial energético anual em quilowatt-hora......................57
Tabela 16 - Custos aproximados da implantação de geração de energia com RSU........59
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

CIC.....................Cidade Industrial de Curitiba

CSTR Continuous Flow Stirred Tank Reactor (Reator Continuo de Tanque Agitado)

CONRESOL Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

GMG Grupo Motor Gerador

GNV Gás Natural Veicular

GW Gigawatt

GWh Gigawatt hora

MIF Motor de Ignição por Faísca

MMA Ministério do Meio Ambiente

MW Megawatt

MWh Megawatt hora

PCH Pequena Central Hidrelétrica

PMI Ponto Máximo Inferior

PMS Ponto Máximo Superior

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

RMC Região Metropolitana de Curitiba

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

SMMA Secretaria Municipal do Meio Ambiente


LISTA DE SÍMBOLOS

CH4 Gás Metano


CO2 Dióxido de Carbono
H2O Água (umidade)
H2S Gás Sulfídrico

ᶯ Rendimento

ᵣ Taxa de compressão

ₖ Gás perfeito (Em temperatura ambiente o valor é 1,4)


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 10
1.1 Tema ............................................................................................................................................ 11
1.2 Delimitação da Pesquisa .............................................................................................................. 11
1.3 Problemas e Premissas ................................................................................................................. 11
1.4 Objetivo ....................................................................................................................................... 12
1.4.1 Objetivo Geral ........................................................................................................................... 12
1.4.2 Objetivo Específico ................................................................................................................... 12
1.5 Justificativa .................................................................................................................................. 13
1.6 Procedimentos Metodológicos ..................................................................................................... 14
1.7 Embasamento Teórico ................................................................................................................. 14
1.8 Estrutura do Trabalho .................................................................................................................. 15
2 Mapeamento das técnologias disponíveis para produção de energia com RSU ............................. 16
2.1 Motores, turbinas e caldeiras ....................................................................................................... 17
2.1.1 Motor de ciclo Otto ................................................................................................................... 18
2.1.2 Motor ciclo Diesel ..................................................................................................................... 21
2.1.3 Turbina a gás ............................................................................................................................. 24
2.1.4 Ciclo a vapor ............................................................................................................................. 26
2.1.5 Motor Stirling ............................................................................................................................ 28
2.1.6 Comparativo dos tipos de motores ............................................................................................ 29
2.2 Biodigestores................................................................................................................................ 31
2.2.1 Contínuos .................................................................................................................................. 33
2.2.2 Batelada ..................................................................................................................................... 38
3 RSU E BIOGÁS ............................................................................................................................. 41
3.1 Características do rsu de curitiba e região metropolitana ............................................................ 41
3.2 BIOGÁS ....................................................................................................................................... 45
4 Energia elétrica em Curitiba e Região Metropolitana de Curitiba (RMC) ..................................... 48
5 Estudo para avaliar e selecionar a tecnologia mais adequada para Curitiba e Região Metropolitana
de Curitiba (RMC)] ........................................................................................................................ 54
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 61
Referências ............................................................................................................................................. 63
10

1 INTRODUÇÃO

A descoberta da energia elétrica mudou os hábitos das pessoas, sendo desenvolvida


várias formas de utilização da mesma, proporcionando uma melhor qualidade de vida da
população mundial.
O desenvolvimento tecnológico permitiu a manufatura de equipamentos com eficiência
energética cada vez maior, conseguindo fazer o mesmo trabalho com um gasto de energia
inferior. Porém, a busca pela praticidade e conforto nos levou a uma sociedade consumista,
gerando uma necessidade crescente por energia elétrica no mundo.
O racionamento de energia ocorrido no início da década passada, mostrou a fragilidade
do nosso sistema elétrico, com sua matriz energética baseada principalmente em hidrelétrica,
geração centralizada, e por consequencia, dependente da rede de transmissão.
Existem estudos utilizando fontes de energias renováveis, gerando de forma distribuída,
como eólicas, solares e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), porém nem todas as localidades
tem disponibilidade de ventos constantes, grande incidência solar, ou rios com capacidade de
geração.
Gerar energia com Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) é uma boa alternativa para geração
de forma distribuída, podendo ser produzida através de incineração ou gaseificação do lixo,
tendo redução no volume depositado em aterros sanitários.
A incineração tem um maior poder energético em relação a gaseificação, porém essa
queima é mais nociva ao meio ambiente, exigindo uma melhor filtragem devido a emissão de
particulados associado aos gases poluentes.
A gaseificação dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) apresentam inúmeras vantagens,
pois a queima do gás é mais limpa, gerando dióxido de carbono (CO2) que é aproximadamente
20 vezes menos nocivo que o metano, que seria gerado quando os resíduos estivessem
despejados em um aterro sanitário, com a possibilidade de utilizar os resíduos do processo da
digestão anaeróbica como adubo orgânico, e o CO2 podendo ser utilizado como fluído
refrigerante, substituindo outros tipos de gases que são prejudiciais a camada de ozônio.
11

1.1 TEMA

A geração de energia com resíduos sólidos urbanos é uma forma eficiente de destinação
do lixo, pois permite transformar um passivo ambiental em um benefício social e econômico,
produzindo energia elétrica, térmica e reduzindo a área necessária dos aterros sanitários.
O Plano Nacional de Energia (2007, p.177), afirma que:

O aproveitamento dos resíduos sólidos urbanos (lixo) apresenta diversas vantagens


‘sócio-ambientais e, por isso, há um grande interesse em viabilizar o seu
aproveitamento energético. A produção de energia elétrica a partir desses materiais,
já apresenta alternativas tecnológicas maduras.

Segundo PNUD; MMA (2010, p.2), não deve ser ignorado o fato da geração de energia
renovável ter muitas vezes um custo superior as formas tradicionais.
Conforme Mancini (2017), a geração de energia com Resíduos Sólidos Urbanos (RSU),
torna possível o aproveitamento do lixo, gerando energia próximo aos grandes centros de carga,
desafogando as linhas de transmissão.

1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A presente pesquisa aborda a possibilidade de geração de energia com Resíduos Sólidos


Urbanos em Curitiba e Região Metropolitana, caracterizando o lixo produzido por esses
municípios, analisando a sua viabilidade econômica, através da redução de despesas em coleta
de lixo e infraestrutura de transmissão de energia. Paralelamente gerando receita a partir da
comercialização de energia elétrica, créditos de carbono, e adubo orgânico resultante do resíduo
que não é transformado em biogás, abrindo a possibilidade de shoppings, supermercados e
grandes comercios que produzam muito resíduos orgânicos gerarem energia própria, podendo
até vender ou gerar créditos com a concessionária, do excedente da energia elétrica produzida

1.3 PROBLEMAS E PREMISSAS

Como é possível implementar a utilização de tecnologias de geração de energia através


do RSU em Curitiba?
Ao fazer uma abordagem sobre a geração com Resíduos Sólidos Urbanos, não se deve
analisar somente sob a ótica dos custos, pois existem outros grandes benefícios, como:
12

• Diminuição da área de descarte do lixo;


• Aumento no percentual de reciclagem;
• Menor utilização de combustíveis fósseis e fontes não renováveis;
• Gera novos postos de trabalho com a indústria da reciclagem;
• Permite uma maior autonomia energética.
Deve-se mapear a tecnologia que apresente o melhor custo benefício, com menor
emissão de poluentes, melhor rendimento, e com custo de aquisição e manutenção razoáveis,
atendendo todas essas características de forma satisfatória.

1.4 OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo pesquisar sobre a viabilidade de implantar a


geração de energia com Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), pesquisando as tecnologias que
podem ser utilizadas, levantando as características do lixo da cidade de Curitiba e RMC, para
poder dimensionar o potencial de geração do biogás de sua decomposição, e apresentar o
modelo de geração que possa atender da melhor forma possível.

1.4.1 Objetivo Geral

Realizar um estudo sobre a possível implantação da geração de energia com Resíduos


Sólidos Urbanos na cidade de Curitiba e RMC (Região Metropolitana de Curitiba), respeitando
os aspectos técnico, econômico e ambiental.

1.4.2 Objetivo Específico

• Mapear as tecnologias existentes para a produção de energia com RSU;


• Criar métrica para selecionar a tecnologia;
• Caracterizar o RSU de Curitiba e Região Metropolitana;
• Selecionar a tecnologia.
13

1.5 JUSTIFICATIVA

Segundo Goldemberg (2015, p.39), a geração hidrelétrica desde o final do século XIX,
sempre foi a principal matriz energética do Brasil, tendo uma redução de novos
empreendimento a partir de 2011. A razão disso, é que os rios da região sudeste, onde há o
maior consumo de energia no país, já estão próximos do limite da capacidade de geração
energética. Outra região com grande potencial hidrelétrico é a região amazônica, porém fica
longe dos grandes centros consumidores, abrindo espaço para geração através de combustíveis
fósseis, ou outras formas de energias renováveis.
Conforme Teske (2012, p.27), a forma atual de produção mundial de energia é baseada
principalmente na queima de combustíveis fósseis, em grandes usinas, ocorrendo perdas na
transmissão e distribuição, quando converte de alta tensão para o fornecimento adequado aos
consumidores.
A busca por fontes renováveis vem da pressão pela preservação do meio ambiente,
garantindo a sustentabilidade mundial para as gerações futuras.
O PNUD; MMA (2010, p.1), diz que o aumento das atividades humanas, tendo como
consequência, uma maior quantidade de resíduos gerados, tem sido uma grande preocupação
para a admnistração pública. Esse grande volume de lixo demanda amplas áreas de depósito
que ficam impróprias para ocupação, mesmo depois que esses locais são desativados.
De acordo com Macedo (2003, p.55-56), as técnicas mais utilizadas para destinação
desses resíduos são a reciclagem, e a transformação (compostagem, gaseificação ou
incineração).
É a transformação dos resíduos que nos permite gerar a energia, através de incineração
que tem um maior potencial energético, mas tem um nível de emissão de poluentes mais alto,
ou através da gaseificação (biogás), que tem um menor poder energético, mas tem uma queima
mais limpa e com melhor aproveitamento de materiais recicláveis, lembrando que a reciclagem
traz economia e conservação de energia.
14

1.6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia utilizada no presente trabalho é a pesquisa exploratória, buscando


aprimorar idéias, assumindo a forma de pesquisa bibliográfica e documental Gil (2002, p.41).
Sendo utilizados livros, artigos científicos, boletins informativos, normas e documentos
govenamentais como fontes de estudo.
Com esses dados, verifica-se a viabilidade econômica, social e ambiental para a
implantação de geração de energia com Resíduos Sólidos Urbanos na cidade de Curitiba e
Região Metropolitana.

1.7 EMBASAMENTO TEÓRICO

Segundo Brito (2013, p.114), o lixo é tudo que não tem mais utilidade e é jogado fora,
sendo dividido em lixo seco e úmido. O lixo seco é o resíduo com potencial para reciclagem,
geralmente é composto por papel, plásticos vidros e metais. O lixo úmido é basicamente
resíduos orgânicos, composto por restos de comida, casca de vegetais, podas de vegetação.
Conforme Silva et al. (2008, p.11), com base em dados da Secretária Municipal do Meio
Ambiente (SMMA) relata que o aterro da Caximba recebia 1,2 mil toneladas de lixo
diariamente, sendo dividido em 55% de resíduos orgânicos, 30% de recicláveis e 15% de
rejeitos. Com esses dados é possível ter ideia do potencial de geração de biogás a partir da
gaseificação desses resíduos orgânicos.
O Plano Nacional de Energia 2030 (2007, p.178), diz que existem duas formas de gerar
energia com RSU, por incineração ou através da gaseificação do lixo, sendo o primeiro método
a forma que gera maior energia. Porém, o segundo modo tem um melhor aproveitamento
ambiental do lixo, gera melhor receita com reciclagem, e produz o gás metano, com queima
mais limpa, demandando menos filtros para tratamento dos poluentes.
O gerador de energia elétrica pode ser acoplado a um motor , que pode ser de ciclo otto,
de ciclo diesel, ciclo Brayton (turbina a gás), ou ciclo Rankine (caldeira a vapor). Todos os
tipos de motores e turbinas podem ser dispostos em um ciclo combinado, em conjunto com uma
caldeira a vapor, gerando energia térmica e aumentando o rendimento. No caso do motor diesel,
Pereira et al. (2005), o gás deve ser injetado na câmara de combustão, com uma quantidade de
15

óleo diesel (que garante a explosão por compressão, característica desse tipo de motor), sendo
esse tipo de motor denominado bifuel.
A seleção da tecnologia deve ter como base o tripé da viabilidade técnica, econômica
e ambiental, tendo que atender de forma satisfatória esse três requisitos. Também deve-se
verificar o custo do transporte desses resíduos, analisando se é mais vantajoso construir uma
grande planta geradora de energia, ou distribuir em pontos estratégicos, perdendo em escala de
produção, mas demandando menor custo de deslocamento do lixo.

1.8 ESTRUTURA DO TRABALHO

Capítulo 1 - Introdução com apresentação do tema proposto, problemas e premissas,


objetivo geral, objetivos específicos, justificativa, procedimentos metodológicos e
embasamento teórico
Capítulo 2 – Apresentação das técnologias disponíveis para geração de energia com
RSU
Capítulo 3 – Estudo das características dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) de Curitiba
e RMC.
Capitulo 4 – Energia elétrica em Curitiba e Região Metropolitana de Curitiba (RMC)
Capítulo 5 – Estudo para avaliar e selecionar a tecnologia mais adequada para Curitiba
e Região Metropolitana de Curitiba (RMC)
Capítulo 6 - Conclusão.
16

2 MAPEAMENTO DAS TÉCNOLOGIAS DISPONÍVEIS PARA PRODUÇÃO


DE ENERGIA COM RSU

Quando o assunto é conversão de energia, deve-se lembrar do nome de Antoine Laurent


Lavoisier, considerado o pai da química moderna que dizia: Na natureza nada se perde, nada se
cria, tudo se transforma. Onde uma combustão transforma energia química em mecânica e
térmica, convertendo em energia elétrica posteriormente, através de um gerador de eletricidade.
Segundo o WEG (2012, p.4), o gerador de eletricidade foi inventado em:

O gerador elementar foi inventado na Inglaterra em 1831 por MICHAEL FARADAY,


e nos Estados Unidos, mais ou menos na mesma época, por JOSEPH HENRY. Este
gerador consistia basicamente de um ímã que se movimentava dentro de uma espira,
ou viceversa, provocando o aparecimento de uma f.e.m. registrado num galvanômetro

Conforme weg (2012, p.5)


A energia elétrica é produzida através do campo eletromagnético gerado pelo estator, e
induzido pelo rotor.

Figura 1 - Esquema de funcionamento de um gerador elementar (armadura girante)

Fonte: WEG (2012, p.5)


17

2.1 MOTORES, TURBINAS E CALDEIRAS

A transformação da energia química em mecânica é feita através de motor de combustão


interna (Ciclo Otto ou Diesel) também conhecidos como motores alternativos, motores
rotativos representados pelas turbinas ou micro turbinas a gás (Ciclo Brayton), ou motores e
turbinas alimentados por uma caldeira a vapor, considerados como motores de combustão
externa (Ciclo Rankine), convertendo o biogás em energia mecânica e térmica.
De acordo com Mahle; Leve (2016, p.15), a eficiência de um motor é:

É a relação entre a energia térmica convertida em trabalho pelo motor dividida pela
energia térmica total gerada nas câmaras de combustão.
É interessante saber que apenas uma pequena parcela de energia térmica produzida
pelo motor é convertida em trabalho

Conforme Brunetti (2012, p.115-116), a eficiência do motor de combustão interna tem


relação com a taxa de compressão do mesmo. A taxa de compressão é quantas vezes um volume
pode ser comprimido, no caso, se uma câmara de combustão têm um volume de 1000cm³ no
PMI (Ponto Máximo Inferior), e 100cm³ no PMS (Ponto Máximo Superior), é obtido uma taxa
de compressão de 10 vezes, ou 10:1.
Para uma mesma taxa de compressão, o motor do tipo Otto tem uma maior eficiência
em relação ao motor do ciclo Diesel. Porém, é verificado no gráfico abaixo que o motor Diesel
pode operar com uma taxa de compressão mais alta que o de ciclo Otto, nesse caso o primeiro
tem um eficiência maior que o segundo.

Figura 2 - Comparativo de rendimento entre motor de ciclo Otto x Diesel

Fonte:Brunetti (2012, p.116) Adaptado


18

O eixo X do gráfico acima mostra a taxa de compressão em motores dos tipos Otto e
Diesel, e o eixo Y mostra o seu rendimento percentual para um ciclo termodinãmico ideal.
Nesse ciclo ideal, são descartados as perdas por atrito, transmissão, sistema de ignição
(no caso dos MIF), arrefecimento, e outros componentes periféricos. No caso do ciclo Otto,
essas faixas de taxa de compressão são para motores utilizando gasolina como combustível,
pois outros combustíveis como etanol ou GNV permitem uma taxa de compressão ligeiramente
maior. Segundo Empresa de Pesquisa Energética (EPE) / Ministério das Minas e Energia
(MME), TOLMASQUIM (2016, p.71), os motores de combustão interna podem ser de ignição
por faísca (Ciclo Otto), ou por compressão (Ciclo Diesel).
O rendimento térmico do motor de combustão interna é dado pela fórmula abaixo:

Onde:

ᶯ = Rendimento
ᵣ = Taxa de compressão
ₖ = Gás perfeito (Em temperatura ambiente o valor é 1,4)
De acordo com Van Wylen, Gordon; Sonntag, Richard E. ; Borgnakke (1994, p.275), o
rendimento é função da taxa de compressão, então quanto maior esse valor, o motor apresenta
um melhor rendimento. No entanto, a taxa de compressão é limitada pela octanagem do
combustível. O RDP (2017, p.3), diz que octanagem é a capacidade da mistura ar combustível
ser comprimida, sem entrar em detonação.

2.1.1 Motor de ciclo Otto

De acordo com Antonio; Tecnologia (2013, p.15), o desenvolvimento do motor


começou a partir da segunda metade do século XVII, com o início da produção de armas de
fogo, quando foi verificado que a energia térmica da explosão também era transformada em
trabalho, sendo desenvolvido a princípio com alimentação através da pólvora.
Conforme Brunetti (2012, p.62), o MIF (Motor de Ignição por Faísca) têm como base,
os estudos de Beau de Rochas em 1862, que demonstrou o seu princípio de funcionamento.
19

Em 1876 Nikolaus August Otto conseguiu implementar e aperfeiçoar esses estudos,


criando o primeiro motor a combustão de ignição por faísca, ficando conhecido como motor de
ciclo Otto. Em 1878 Dugald Clerck inventou o MIF do tipo 2 tempos.
Os motores de ciclo Otto são compostos pelas seguintes fases: admissão, compressão,
explosão e descarga, podendo ser dividido em dois e quatro tempos.
Segundo Mahle; Leve (2016, p.17), o motor de 4 tempos inicia o ciclo na descida do
pistão, onde ocorre a admissão da mistura ar combustível, terminando quando atinge o ponto
máximo inferior. Após isso, ocorre a subida do pistão, comprimindo a mistura. Quando atinge
o ponto máximo superior, através do sistema de ignição gerando faísca, ocorre a explosão,
obtendo energia térmica e mecânica, empurrando o pistão para baixo, até o ponto máximo
inferior. Na subida seguinte do pistão, movimentado através da inércia, a válvula de escape é
aberta, ocorrendo a exaustão. Nesse tipo de motor são necessária 2 voltas do virabrequim para
realizar um ciclo completo.

Figura 3 - Esquema de funcionamento de um motor ciclo Otto 4 tempos

Fonte: MIRANDA (2009, p.14)

Conforme Tillmann (2013, p.117), o motor de 2 tempos tem como característica, a


realização de todas as fases em uma única volta do virabrequim, dividindo as fases em
20

Admissão/Exaustão e Compressão/Explosão, gerando trabalho a cada subida do pistão,


precisando de somente uma volta de virabrequim para fazer todo o ciclo. Esse tipo de motor
não precisa de válvulas de admissão e de escape, tendo a mistura ar-combustível comprimida
no cárter através do movimento de descida do pistão, sendo injetada por uma janela na câmara
de combustão, empurrando os gases da queima do ciclo anterior pela janela de escape. No ciclo
Otto 2 tempos, o óleo lubrificante é misturado com o combustível, pois não é possível utilizar
o cárter como reservatório de óleo.

Figura 4 - Esquema de funcionamento de um motor ciclo Otto 2 tempos

Fonte: Mahle; Leve (2016, p.19)

Os MIF do tipo dois tempos, tem sua aplicação em pequenos geradores movidos a
gasolina, aproveitando as suas principais vantagens que são: simplicidade construtiva, alta
potência, tamanho compacto. Tendo como desvantagens a baixa durabilidade, a necessidade de
misturar o óleo lubrificante ao combustível, implicando em maior emissão de gases poluentes,
e limitando o tipo de combustível a ser utilizado.
21

2.1.2 Motor ciclo Diesel

De acordo com MIRANDA (2009, p.7), o motor de ciclo Diesel foi patenteado em 1892,
por Rudolf Diesel, sendo que demorou por volta de 5 anos para desenvolvimento de um
protótipo comercial. Segundo Tillmann (2013, p.123), em 1897, Rudolf Diesel aperfeiçoa um
motor de 1 cilindro, com 20Hp, e 172RPM, tendo um rendimento térmico de 26,2%, valor bem
alto quando comparados com o motor de ciclo Otto e a vapor, que produziam na ordem de 20%
e 10% respectivamente. Os motores de ciclo Diesel, assim como os de ciclo Otto, são compostos
pelas seguintes fases: admissão, compressão, explosão e descarga, podendo ser dividido em
dois e quatro tempos.
Conforme Mahle; Leve (2016, p.18), diferente do ciclo Otto, o motor Diesel admite
somente ar na fase de admissão, sendo injetado o combustível no final da subida do pistão,
sendo inflamado através do calor e pressão do ar comprimido, quando atinge o Ponto Máximo
Superior (PMS). Nesse tipo de motor, a alta taxa de compressão necessária para inflamar o óleo
diesel, permite um maior rendimento térmico, além de maior robustez por não utilizar sistema
de ignição.
Segundo Brunetti (2012, p.39-41), o funcionamento do motor do ciclo Diesel 2 tempos
se dá da seguinte forma:
No caso do motor Diesel, em lugar de se utilizar o cárter para a admissão, aplica-se
uma máquina auxiliar, acionada pelo eixo do motor. A bomba de lavagem (elemento
que provoca a exaustão dos gases de es- cape) é um compressor volumétrico (blower),
que introduz pelas janelas de admissão uma grande quantidade de ar. O fluxo de ar
empurra para fora, através de uma ou mais válvulas de escapamento, os gases de
combustão e uma parte deste é retida quando as válvulas fecham. O pistão comprime
fortemente o ar retido e, quando se aproxima do PMS, injeta-se o combustível que, ao
queimar espontaneamente, gera a pressão necessária à produção de trabalho positivo.
Após a expansão o pistão passa pelas janelas de admissão quando, novamente, o
blower faz a lavagem dos gases de escapamento e proporciona a admissão. Nota-se
que os processos descritos utilizam apenas dois cursos e, consequente- mente, uma
volta da manivela (x=1). A mesma solução pode utilizar janelas de escapamento no
cilindro, em lugar do uso de válvulas, simplificando o motor mecanicamente.

Nesse tipo de motor, o sistema de lubrificação é com cárter úmido e bomba de óleo,
semelhante aos motores 4 tempos, pois a utilização do compressor volumétrico (Blower),
elimina a função da descida do pistão, de gerar pressão para alimentar a câmara de combustão.
As suas principais vantagens são: a sua alta potência quando comparado a um motor 4
tempos de deslocamento volumétrico semelhante, o tamanho mais compacto quando
comparado a um motor semelhante de ciclo 4 tempos, e a sua simplicidade construtiva.
O alto nível de emissão de poluentes, e a necessidade da utilização do Blower para a
admissão do ar (gera perda de potência por atrito da polia e correia) são suas desvantagens.
22

O motor do tipo Diesel 2 tempos encontra sua aplicação em máquinas de grande porte,
sendo muito utilizado como motor em navios e em grandes GMG (Grupo Motor Gerador).

Figura 5 - Esquema de funcionamento de um motor ciclo Diesel 2 tempos

Fonte: Pereira (2016, p.7)


O motor de ciclo Diesel 4 tempos é o mais utilizado, tendo um layout bem parecido com
o motor Otto de 4 tempos, havendo até a possibilidade de conversão de um modelo para outro.
Suas principais diferenças são o bico injetor no lugar da vela de ignição, pois o Diesel entra em
ignição com o calor e a pressão do ar, e a admissão, que o ciclo Otto utiliza um carburador ou
sistema de injeção eletrônica para fazer a mistura ar combustível, enquanto o ciclo Diesel
comprime somente ar. A admissão do ciclo Diesel 4 tempos pode ser aspirado, através do vácuo
criado com o movimento de descida do pistão, ou comprimido, através de turbocompressor ou
blower, conseguindo um rendimento maior.
23

Figura 6 - Esquema de funcionamento do motor ciclo Diesel 4 tempos

Fonte:Mahle; Leve (2016, p.18)


24

2.1.3 Turbina a gás

Conforme Giampaolo (2003, p.1-6), o desenvolvimento da turbina a gás iniciou-se com


as ideias de Leonardo da Vinci - 1550, e Giovanni Branca – 1629 através da turbina a vapor.
• Em 1791, John Barber patenteou a turbina a vapor, e descreveu que poderia ter
outros gases ou fluídos com potencial energético. Nesse experimento, foi
utilizado carvão em brasa junto com ar comprimido, gerando uma expansão dos
gases em alta velocidade, movimentando a hélice de uma turbina.
• Em 1808 John Dumball idealizou uma turbina com vários estágios, porém sem
o perfil para conseguir otimizar o fluxo para conseguir o melhor rendimento para
o estágio seguinte.
• Em 1837, Bresson teve a ideia de utilizar um ventilador para pressurizar o ar em
uma câmara de combustão, onde foi adicionado o combustível para a queima.
Após a combustão, foi adicionado mais ar comprimido, para fazer o
arrefecimento das pás da turbina.
• Até 1872 Dr. Franz Stolze desenvolveu o primeiro compressor axial, acoplado
a uma turbina axial, combinando as ideias de Barber e Dumball, composto por
um compressor de múltiplos estágios, uma câmara de combustão, e uma turbina
de múltiplos estágios, porém essa turbina nunca conseguiu ser implementada
com sucesso.
• Em 1903, a turbina a gás foi construída com sucesso, por Rene Armengaud e
Charles Lemale, utilizando um compressor rotativo Rateau, e uma turbina a
vapor de Curtis. Essa turbina rodou a 4000 rpm, utilizando vapor na saída da
turbina, para arrefecimento, pois não havia o desenvolvimento de materiais que
suportasse a alta temperatura que a turbina era submetida.
• Em 1905 foi construída a primeira turbina a gás comercial por Brown Boveri,
sendo instalada na refinaria Marcus Hook , próximo a Filadélfia. Tendo
capacidade de 5300 kilowatts, distribuído em 4400 kilowatts de gás pressurizado
a quente, e 900 kilowatts de energia elétrica. Em Neuchâtel, Brown Boveri
construiu a primeira turbina a gás com o objetivo de geraração de energia
elétrica, tendo a capacidade de 4000 kilowatts.
25

Figura 7 - Fluxograma de uma turbina a gás ciclo Brayton movida a gás natural

Fonte: TOLMASQUIM (2016, p.77)

Segundo Brunetti (2012, p.54-55), a turbina a gás é um motor rotativo de combustão


interna, representado pelo ciclo de Brayton, composto basicamente por um compressor de ar ,
a câmara de combustão, e a turbina que é movimentada através da expansão dos gases gerados
através da queima da mistura ar combustível. De acordo com Schürhaus (2007, p.18), a turbina
a gás é utilizada quando se pretende gerar alta potência e têm um espaço físico limitado para a
instalação, gerando uma temperatura de saída dos gases elevada, tendo um podendo transferir
esse calor em um ciclo que utilize água, gerando vapor para uma caldeira.

Figura 8 - Componentes básicos de uma turbina a gás

Fonte:TOLMASQUIM (2016, p.76)


26

2.1.4 Ciclo a vapor

O ciclo a vapor é representado pelo ciclo Rankine, TOLMASQUIM (2016) diz que é a
forma mais antiga de obtenção de energia, composto por uma caldeira e um motor ou turbina
movimentados pelo vapor. Essas máquinas térmicas são de combustão externa, pois são
movimentados pelo vapor gerado através de uma caldeira, a partir da queima do combustível,
podendo ser dos mais variados tipos.
Segundo a NR13 Caldeiras (2006, p.7), a definição de caldeira é:
Caldeiras a vapor são equipamentos destinados a produzir e acumular vapor sob pressão
superior à atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia, projetados conforme
códigos pertinentes, excetuando-se refervedores e equipamentos similares utilizados em
unidades de processo.

De acordo com Altafini (2002, p.6), o início do desenvolvimento das máquinas movidas
a vapor foi com o aparelho conhecido como Eolípila, produzido por Heron de Alexandria, no
século II a.C. Esse equipamento era uma esfera oca com 2 tubos curvados para a saída do vapor,
sendo alimentado através do próprio eixo tubular e interligado a um recipiente fechado, com
água sendo aquecida pelo fogo, conforme a figura abaixo.

Figura 9 - Turbina a vapor de Heron (Eolípila)

Fonte: Bannwart (1999, p.6)

Com a revolução industrial, houve uma grande evolução tecnológica das máquinas a
vapor, tendo trabalhos desenvolvidos na França por Denis Papin, Escócia por James Watt e
27

Estados Unidos por Wilcox, tendo um uso muito acentuado após a 1ª Guerra Mundial.
Basicamente, as caldeiras podem ser divididas em aquatubulares e flamotubulares.
• Caldeiras Aquatubulares: Segundo Altafini (2002, p.8), são caracterizadas por
tubos preenchidos com água, tendo uma câmara de combustão na volta desses
tubos. Esse modo de construção, permite a utilização de tubos com maior
espessura possibilitando operar com pressões mais elevadas
• Caldeiras Flamotubulares: De acordo com Altafini (2002, p.7), tem como
característica a circulação dos gases da combustão dentro dos tubos, tendo um
vaso de pressão onde a água é aquecida na volta desses tubos. Esse modo de
construção tem uma limitação para operar com pressões elevadas, devido a
maior complexidade para construir um vaso de pressão com paredes mais
espessas.
A geração de energia elétrica através de caldeira é feita conforme a figura abaixo:

Figura 10 - Fluxograma do ciclo Rankine

Fonte: Santos (2014, p.15)


É composto basicamente por uma caldeira para gerar o vapor, turbina a vapor, torre de
resfriamento para condensar o vapor, e bomba d’água para retornar a água, realimentando a
caldeira. Sendo um ciclo muito utilizado para cogeração, junto de um MCI (Motor de
Combustão Interna) ou turbina a gás, utilizando o calor dos gases de exaustão dos mesmos.
28

2.1.5 Motor Stirling

De acordo com Mohanty et al. (2017, p.1), Robert Stirling inventou em 1816 um
motor de ciclo fechado, muito parecido com os motores de ciclo vapor, motivado pelos
inúmeros casos de acidentes envolvendo máquinas abastecidas por caldeiras. Funciona através
do princípio da expansão e contração do ar (outro tipo de gás) com a variação da temperatura,
operando em ciclo fechado. Segundo Martini (1983, p.3), eles eram conhecidos como motor a
ar, tendo como características a alta confiabilidade e segurança, mas com baixa potência
específica perdeu em investimento para desenvolvimento, com relação outros tipos de motores
mais potentes, pois a indústria preferiu investir em equipamentos que tivessem melhor custo x
potência. Porém, o motor Stirling oferece bom rendimento, apresenta baixo ruído, e tem a
possibilidade de operar com qualquer combustível. Na década de 1930, alguns pesquisadores
empregados da Philips Company, da Holanda, reconheceram algumas possibilidades de
desenvolvimento neste antigo motor, empregando técnicas modernas de engenharia. Martini
(1983, p.3) diz que, o motor Stirling é desenvolvido no mundo inteiro, apesar de seu custo
certamente mais alto por causa de sua alta eficiência, particularmente em carga parcial, sua
capacidade de usar qualquer fonte de calor, sua operação silenciosa, sua longa vida e seu caráter
não poluente. Eles podem ser dos tipos Alfa, Beta e Gama:

Figura 11 - Motor ciclo Stirling tipo Alfa

Fonte: Chen et al. (2014, p.14)

Figura 12 - Motor ciclo Stirling tipo Beta

Fonte: Chen et al. (2014, p.15)


29

Figura 13 - Motor ciclo Stirling tipo Gama

Fonte: Chen et al. (2014, p.16)


Martini (1983, p.8) diz que, o motor do tipo Alfa utiliza dois pistões, sendo um de
compressão e um de expansão comprimindo o gás de trabalho no espaço frio, movendo-o para
o espaço quente onde é expandido e, em seguida, retornando de volta ao espaço frio. Nos
motores dos tipos Beta e Gama, existe um pistão e um deslocador. O pistão faz a compressão e
expansão, e o deslocador a transferência de gás do espaço quente e frio. O que difere um do
outro é que o tipo Beta tem o pistão e o deslocador dentro de um mesmo cilindro, e o tipo Gama
tem o pistão em cilindro separado do deslocado.

2.1.6 Comparativo dos tipos de motores

Na tabela seguinte temos as características dos motores utilizados para a geração de


energia. No caso do motor de ciclo Diesel, é o único que é necessário uma quantidade mínima
de óleo combustível para garantir a queima do biogás por compressão.

Figura 14 - Faixa de operação da turbina a gás Siemens

Fonte:Zerbini (2017, p.11)


30

Tabela 1 - Características dos diferentes tipos de motores


Características Motor 4 Motor Motor Diesel Motor Célula Turbina a Microturbi
tempos Diesel Stirling Combustível gás na a gás
(Ottolizado)
Capacidade de <100 >150 30-1000KW <150 KW 1KW-10MW <510 30-110
Geração KW KW MW* KW
Custo de Médio Médio Médio Alto Muito Alto Médio Baixo
investimento 1200 1300 1300 1600 1200 600-900
US$/KWel
Custo de Alto Baixo Alto Muito Alto Muito Alto Muito Muito
manutenção Baixo Baixo
Eficiência 30-40% 35-40% 32-40% 30-40% 40-70% 25-35% 15-33%
Elétrica
Perda de 84% 84% 84% 84% 96% 75% 88%
eficiência em
carga parcial,
carga de 50%
Temperatura 110ºC 110ºC 110ºC 60ºC 210ºC 300-500ºC
arrefecimento
Rotação por 1500RP 1500RPM 1500RPM 1500RPM 0 100000 100000
minuto M RPM RPM
Taxa de 10:1 20:1 20:1 5:1 5:1 5:1
Compressão
Vida útil Médio Médio Longa Longa Muito Curta Longa Longa
Ruído Médio Alto Alto Médio Silencioso Silencios Silencioso
o
Emissão de Nox Alto Alto Alto Muito Muito baixo Baixo Baixo
(Preto de baixo 3mg/Nm³ 25mg/N 20mg/Nm³
Carbono) Gás de m³ Gás de
600- combustão Gás de combustão
700mg/Nm³ combustã
o
Combustível Gasolina, Gás Diesel, Óleo Todos Gás Natural Gás Gás
alternativo na Etanol Natural Vegetal ou Natural Natural,
falta do Biogás Animal Querosene,
(Biodiesel) Gasolina
Fonte: Deublein, D.; Steinhauser (2008, p.368) Adaptado pelo auto
31

2.2 BIODIGESTORES

Segundo Cooperaci et al. (2005, p.3-4) o biodigestor é o equipamento que é utilizado


para a transformação dos resíduos orgânicos em biogás, através da degradação da matéria,
transformando através da fermentação anaerobia. Ele é um reservatório vedado, tendo somente
os tubos de entrada e saída como contatos com o ambiente externo.

Figura 15 - Esboço de um sistema de biodigestão

Fonte: Cooperaci et al. (2005, p.20)

Conforme Cooperaci et al. (2005, p.4), um sistema de biodigestão é composto


basicamente por:
1. Curral ou depósito de esterco
2. Caixa ou tonel de entrada, onde o dejeto é misturado com água antes de descer para
o biodigestor
3. Tubulação de entrada, permitindo a entrada da mistura ao interior do biodigestor
4. Biodigestor – revestido e coberto por manta plástica
5. Tubulação de saída de biofertilizante, levando o material líquido já fermentado à
caixa de saída
6. Tubulação de saída de biogás, canalizando-o para fogão, motor, etc.
7. Caixa de saída, onde é armazenado o biofertilizante até ser aplicado nos cultivos
32

De acordo com Deublein, D.; Steinhauser (2008), a utilização de recursos renováveis,


era algo conhecido do homem antes de Cristo.
• Por volta de 50a.C o estudioso romano Plínio verificou algumas luzes
aparecendo debaixo da superfície dos pântanos.
• 10ª.C – O biogás foi utilizado na Assíria para aquecimento de água para banho
• 1776 - Alessandro Volta colheu uma amostra de gás do lago Como para analisar
como é feita a sua formação, verificando que ocorre através da fermentação de
materiais orgânicos, e que tem como característica ser inflamável em contato
com o ar.
• 1800 - Dalton, Henry e Davy foram os primeiros a descrever a estrutura do CH4.
• 1821 - Avogadro conseguiu determinar a estrutura química final do CH4 (gás
metano).
• 1859 – Em Munbai, India foi inaugurada uma planta para tratamento de esgoto,
fornecendo biogás para um hospital que trata pacientes com hanseníase. Esse
gás era utilizado para fornecimento de energia em emergência, e iluminação.
• Por volta de 1868, Béchamp conseguiu identificar uma população de
microorganismos mista, com intuito de converter etanol em metano.
• 1876 - Herter falou que a fermentação das águas do esgoto formam gás metano
e dióxido de carbono em quantidades iguais.
• 1884 - Louis Pasteur tentou produzir biogás a partir do esterco de cavalo. Com
o estudante Gavon, coletou nas estradas de Paris, 1m³ de esterco, produzindo
100 litros de gás metano, que alegou ser o necessário para atender a demanda de
energia para a iluminação pública de Paris.
• 1897 - começou a funcionar a iluminação pública a partir das águas do esgoto
na cidade de Exeter.
Houve um grande desenvolvimento tecnológico dos biodigestores até a segunda guerra
mundial, desenvolvendo sistemas mais eficientes, utilizando misturadores e sistemas de
aquecimento, tornando a produção do biogás uma atividade mais rentável após esse período.
Segundo Cooperaci et al. (2005), no Brasil, o desenvolvimento de biodigestores
começou a partir da década de 70, quando ocorreu a crise do petróleo, motivando a busca por
combustíveis alternativos. Teve a implantação de vários biodigestores dos modelos chinês e
indianos na região nordeste porém, com resultados insatisfatórios devidos a fatores técnicos e
humanos.
33

2.2.1 Contínuos

O biodigestor do tipo contínuo, como o próprio nome diz, é feito para ser abastecido
continuamente, tendo como característica a caixa de entrada do material orgânico para abastecer
a câmara de fermentação. Esse tipo de biodigestor é utilizado quando a geração de resíduos para
alimentá-lo é diária.

2.2.1.1 Tipo da Marinha (Canadense)

Também conhecidos como biodigestores de lagoa coberta, segundo Oliver; Neto (2008,
p.6), é o modelo mais difundido no Brasil atualmente, feito em lona de PVC, tendo um baixo
custo e grande versatilidade, pois pode ser usado tanto em pequenas propriedades, quanto em
grandes empreendimentos. De acordo com Probiogás (2015, p.30), é muito utilizado no
tratamento de esgoto sanitário, e resíduos da agroindustria, tendo como principais desvantagens
a baixa durabilidade (Devido a degradação da lona de PVC pelo tempo), a grande possibilidade
de vazamento do biogás, e a impossibilidade de fazer um tratamento completo e adequado aos
efluentes.

Figura 16 - Biodigestor modelo Canadense

Fonte: Oliver; Neto (2008, p.5)


34

Esse tipo de biodigestor são compostos por uma caixa para abastecimento de matéria
orgânica, uma lagoa de armazenamento dos dejetos, um gasômetro feito em lona impermeável,
e a caixa da saída de efluentes. Podem ser encontrados em versões com e sem misturador, sendo
o primeiro mais eficiente, e com a possibilidade de utilizar substratos com maior teor de
resíduos sólidos.

2.2.1.2 Tipo Chinês

Conforme Deganutti et al. (2002, p.3), o biodigestor do tipo chinês é basicamente uma
câmara cilíndrica com o teto em forma de abobada, impermeável, tendo somente a caixa de
entrada e saída que comunica com o ambiente, utiliza o conceito da prensa hidráulica,
expulsando o efluente para a caixa de saída, conforme o aumento de pressão. Nesse tipo de
biodigestor, ocorre o vazamento de certa quantidade do biogás, para manter a pressão interna
em níveis aceitáveis, tornando-o apropriado somente em instalações de pequeno porte. A sua
construção tem um baixo custo, pois pode ser feita totalmente em alvenaria, porém deve-se ter
um cuidado com a sua impermeabilização, para não haver grande vazamento de biogás.

Figura 17 - Biodigestor modelo Chinês

Fonte:Cooperaci et al. (2005, p.21)


Devido a sua limitação de tamanho, é um tipo de biodigestor mais apropriado a
pequenas propriedades rurais, sendo abastecido com dejetos de animais.
35

2.2.1.3 Tipo indiano

De acordo com Deganutti et al. (2002, p.2), o biodigestor do modelo indiano é


caracterizado por ter um domo metálico, movimentado através da pressão do gás gerado
(garantindo a pressão constante), podendo aumentar o volume do seu gasômetro caso o gás não
seja utilizado imediatamente. É um modelo de fácil construção, porém com um custo mais
elevado devido ao domo metálico, tendo como maior desvantagem a corrosão dessa peça.

Figura 18 - Biodigestor modelo Indiano

Fonte:Cooperaci et al. (2005, p.21)


Segundo Cooperaci et al. (2005, p.5) o modelo indiano foi o mais difundido no início
da implantação de biodigestores nas pequenas propriedades rurais, na época da crise do petróleo
nos anos 70.
36

2.2.1.4 CSTR

Eles podem ser de versão básica ou avançada, sendo a primeira mais utilizada para
fermentação de dejetos de animais, sendo mais barato, e com manutenção simplificada.
É o tipo de biodigestor que tem a maior produção de biogás por quantidade de material
digerida, porém é a que necessita de material com umidade, pois é bombeado para dentro da
câmara.

Conforme Probiogás (2015):

Os reatores de mistura contínua (CSTR - Continuous Flow Stirred Tank Reactor) são
a tecnologia padrão para a digestão anaeróbia de substratos mais densos (ST de 15%),
com características favoráveis para bombeamento e mistura. Essa tecnologia é mais
aplicada nos setores da agropecuária, da indústria e no tratamento de lodos sanitários,
sendo utilizada com menor frequência no tratamento de resíduos orgânicos urbanos,
pois a tecnologia exige substratos praticamente livres de impurezas e suficientemente
úmidos

Figura 19 - Biodigestor CSTR modelo simples

Fonte: Probiogás (2015, p.33)


37

Figura 20 - Biodigestor CSTR modelo avançado

Fonte:Probiogás (2015, p.41)


Por ter a necessidade de utilização bomba para alimentação, é um modelo que tem
maior aplicação em Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).
38

2.2.2 Batelada

Segundo Deganutti et al. (2002), o biodigestor do tipo batelada ou de produção


descontínua é o modelo mais simples, pois ele é basicamente uma câmara para fermentação dos
resíduos, tendo somente a saída para o biogás. Ele é alimentado com o material a ser
fermentado, sendo realimentado somente quando o resíduo não tiver mais condições de
produzir o biogás. Esse tipo de biodigestor é o ideal, quando se tem uma grande quantidade de
resíduos gerados em intervalo de tempo mais longo.
Figura 21 - Biodigestor modelo Batelada

Fonte:Orrico et al. (2015, p.659)


De acordo com Probiogás (2015, p.31), o reator descontínuo, ou biodigestor do tipo
batelada é o que permite a utilização de RSU com a maior porcentagem de impurezas, com
substratos de 35 a 45% de ST (Sólidos Totais).
39

Tabela 2 - Tecnologias de biodigestão para produção de biogás com RSU


DIGESTÃO DIGESTÃO DIGESTÃO
ANAERÓBIA SECA ANAERÓBIA SECA ANAERÓBIA ÚMIDA
DESCONTÍNUA CONTÍNUA CONTÍNUA CSTR
GARAGEM
Requisitos Sólidos totais ST > 35% Sólidos totais ST > 25% Sólidos totais ST < 15%
(bombeável)
Substratos Substrato misto separado Substratos com teor de
mistos relativamente com trituração e, umidade mais alto, bem
secos, pouco eventualmente, separados, nível aceitável
selecionados, com umidificação com água. de impureza <5%.
grande quantidade de
impurezas.
Amplamente aplicáveis para RSU Aplicação limitada
DIGESTÃO
Vantagens Eficiente forma de tratamento de resíduos com a oportunidade de aproveitamento
de biogás. Utilizável como processo termofílico com a higienização do material
digerido.
Em comparação com a Em comparação com a Em geral: Alta taxa de
digestão contínua: digestão descontínua: produção de gás. Alta
Pouca preparação do Maior eficiência estabilidade de processo.
substrato. Baixa energética. Alta Controle das emissões de
utilização de energia e estabilidade do processo. metano. Material
equipamentos. Controle das emissões de digerido utilizável na
Tecnologia modular. metano agricultura.
Desvantagens Demanda de área Desgaste dos Separação e preparação
relativamente alta. equipamentos do substrato muito
Maiores emissões de mecânicos. Necessidade exigentes. Desgaste dos
metano, com de alimentação contínua, equipamentos
consequente menor apro- de armazenagem dos mecânicos. O fluxo
veitamento energético. resíduos e, homogeneizado exige
Grande quantidade de consequentemente, volume de
resíduo gerado e custos e logística armazenamento. O
transporte caro exigentes. desaguamento do
Material digerido não aplicável na agricultura em material digerido cria
alguns países. grande quantidade de
efluente líquido que
exige tratamento
Fonte:Probiogás (2015, p.49) Adaptado pelo autor
40

Tabela 3 - Características dos diferentes tipos de biodigestores


DIGESTÃO ÚMIDA (CSTR, DIGESTÃO SECA DIGESTÃO SECA
MISTURA) CONTÍNUA DESCONTÍNUA
Condições para emprego da Umidade > 85%, > 15.000 Umidade < 75% > 80.000 Umidade < 65%, > 25.000
tecnologia hab. (ca. 3.000 t/a) hab. (ca. 15.000 t/a) hab. (ca. 5.000 t/a)
Substratos Restos de alimentos “RSU em geral e qualquer outro lixo orgânico”
(restaurantes, mercados, feiras
e açougues)
Substâncias não orgânicas Não aceitável Parcialmente aceitável Aceitável
Pré-tratamento Coletado por separado e Selecionar na planta, tri- Selecionar na planta, triturar
homogeneizar, triturar, e/ou turar, rosca transportadora os resíduos grandes, entrar
misturar com efluente para alimentar o reator, seca com carregadeiras,
misturar com efluentes no irrigação com inóculo
processo
Co-Substratos Substrato de caixa de gordura “Efluentes líquidos e pastosos especialmente para
aumentar a umidade dos substratos secos “
Concentração de Sólidos no 10 - 15% 25 - 30% 35 - 45%
reator Produção
Produção específica de CH4 50 – 350Nm³CH4/t 50 – 250 Nm³CH4/t 35 – 90Nm³CH4/t
25 – 175L CH4 /hab./dia 25 – 125 L CH4/hab/dia 20 – 40 L CH4/hab./dia
Dimensão da planta m³/h 25 - 750 m³/h CH4 100 - 1.850 m³/h CH4 25 - 1.250 m³/h CH4
CH4
Investimento completo 12.000 - 35.000 R$/m³ CH4 22.500 - 31.500 R$/m³ 22.500 - 40.500 R$/m³ CH4
R$/m³h CH4* CH4
Custo em O&M em % 9% - 17% do investimento 9% -12% do investimento 12% - 14% do investimento
investido
Numero de plantas (global) 500 - 1.000 plantas 500 - 750 plantas
Tempo de construção 10 - 15 meses 12 - 18 meses 9 - 12 meses
Tempo comissionamento 4 - 6 meses 3 - 6 meses 1 - 3 meses
Vida útil da instalação civil 15 - 20 anos 20 - 25 anos
Vida útil dos equipamentos 5 - 10 anos 7 - 15 anos
Vida útil média 10 - 15 anos 13 - 20 anos
Vantagens Aproveitamento energético Aproveitamento energético dos resíduos
dos resíduos úmidos e sua sólidos municipais com pouco pre tratamento; Redução
higienização; Redução de de emissões, Redução da disposição em aterros;
emissões e inconvenientes de Higienização dos resíduos,
aterros
Desvantagens Separação e triagem das Investimento inicial para a planta relativamente alto;
frações orgânicas é exigente; municipalidades ainda não tem experiências, estruturas
desafio de comercialização para O&M
dos fertilizantes

Fonte:Probiogás (2015, p.80) Adaptado pelo autor


41

3 RSU E BIOGÁS

3.1 CARACTERÍSTICAS DO RSU DE CURITIBA E REGIÃO


METROPOLITANA

Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) são compostos por lixo doméstico, e os gerados pelo
serviço de limpeza urbana. Segundo Lima (2013, p.30), a gestão do lixo de Curitiba é através
do Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (CONRESOL),
formado por 23 dos 29 municípios da RMC, responsável por dar destinação final do RSU
produzido por 3.426.403 habitantes IBGE (2017).
De acordo com Orlando (2016, p.9), esses resíduos são recebidos pela
empresa Estre Ambiental, sediada no município da Fazenda Rio Grande, responsável
hoje pela destinação do lixo, após a desativação do aterro da Caximba no final do ano de 2010.
Antes do aterro da caximba, os lixos eram levados para o aterro controlado da Lamenha
pequena, e posteriormente para a área de disposição de resíduos da CIC.
A coleta da cidade de Curitiba é feita pela empresa Cavo, que faz parte do grupo Estre
Ambiental, sendo a coleta dos outros municípios do CONRESOL, terceirizadas a outras
empresas, ou através da própria prefeitura..
Segundo a Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC), foi arrecadado em 2016, R$95,3
milhões com a taxa de lixo feita na cobrança do IPTU, porém foi gasto mais que o dobro desse
valor com a gestão desses resíduos, sendo aproximadamente 70% desse valor utilizado no
transporte. De acordo com Projeto (2015), existe um potencial significativo de economia no
transporte. Das 23 cidades participantes do consórcio atualmente, apenas São José dos Pinhais
tem um pátio de transbordo, recebendo os resíduos dos caminhões da coleta, e carregando em
um caminhão maior e mais adequado, reduzindo os gastos com coleta.
42

Figura 22 - Municípios do CONRESOL e os locais já utilizados como aterros sanitários

Fonte: PMC Adaptado pelo autor

Tabela 4 - Áreas já utilizadas para depósito de resíduos sólidos


Denominação Tipo de resíduos recebidos Período de utilização

• Vala Séptica (CIC)


Resíduos de serviço de saúde Outubro 1998 a abril 2005

• Aterro
Resíduos sólidos urbanos 1964 a 1989
Controlado da Lamenha Resíduos de serviço de saúde
Pequena Resíduos industriais

• Área
Resíduos sólidos urbanos 1982 a 1988
de disposição de resíduos da Resíduos de serviço de saúde
CIC Resíduos industriais
Resíduos de construção civil

• Aterro
Resíduos sólidos urbanos Novembro 1989 a outubro
Sanitário de 2010
Curitiba (Caximba)

• Aterro
Resíduos sólidos urbanos Novembro de 2010
Sanitário Fazenda Rio
Grande (Estre)

• Aterro
Resíduos sólidos urbanos Junho de 2012
São José dos Pinhais
(Estação de Transbordo)

Fonte:Lima (2013, p.76) Adaptado pelo autor


43

Conforme a figura abaixo, estão previstos outros patios de transbordo, otimizando a


logística da coleta

Figura 23 - Destinação final dos Resíduos Sólidos Urbanos 2031

Fonte:Servi et al. (2013) Adaptado pelo autor


44

O Plano Municipal de Saneamento de Curitiba, Lima (2013, p.34), diz que os resíduos
domiciliares enviados para a Estre Ambiental, tem a seguinte composição gravimétrica abaixo:

Tabela 5 - Composição gravimétrica dos resíduos

Fonte: Lima (2013, p.34) Apud MALP, 2013.

Esses dados são baseados em amostras colhidas no período de 2005 a 2012, sendo que
em 2012, foi coletado uma média aproximada de 2100 toneladas de resíduos por dia em
Curitiba, resultando em uma média de 1,199 Kg de lixo por habitante diariamente. Nesse
cálculo foi considerado uma população de 1.751.907 habitantes da cidade de Curitiba IBGE
(2010). Os resíduos sólidos urbanos são coletados conforme a tabela abaixo:

Tabela 6 - Quantitativo de resíduos 2012

Fonte:Lima (2013, p.35) Apud MALP, 2013


Com base nas características do RSU de Curitiba, utilizando a população atual dos 23
municípios do CONRESOL segundo o IBGE (2017), considerando a média de 1,199 Kg diario
45

de lixo por habitante, e levando em conta que a composição gravimétrica mais atualizada diz
que do total de lixo produzido por Curitiba, 37,73% é de materia orgânica, podendo ser
calculado que aproximadamente 1500 toneladas de lixo orgânico é produzido diariamente.

3.2 BIOGÁS

De acordo com Probiogás (2015, p.14) o biogás um composto gasoso formado


principalmente pelo gás metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), gás sulfídrico (H2S), água
(H2O) e outros gases, sendo os dois primeiros em maior quantidade. Sendo obtido através da
biodigestão de substâncias orgânicas da forma psicrofílica, mesofílica ou termofílica.
Segundo o Probiogás (2015, p.31-32), as características das formas de biodigestão são:

A condição básica para a classificação dos processos anaeróbios é a temperatura, visto


que os processos metanogênicos dependem do calor. Geralmente, tais processos são
realizados por meio de digestão mesofílica, com temperaturas em torno de 35°C e
mesmo com as condições climáticas do Brasil, faz-se necessário um aquecimento
adicional do reator ou do seu afluente, bem como o isolamento térmico do reator, para
manutenção dessa temperatura. Em alguns casos, nos quais se faz uso de substratos já
em altas temperaturas (p. ex. indústria alimentícia), o aquecimento pode ser
eliminado. Sem isolamento térmico, até mesmo nas áreas mais quentes do Brasil,
raramente é possível manter a temperatura dos reatores constante e acima de 20-25°C.
Por esse motivo, têm-se também no Brasil reatores operados a temperaturas psi-
crofílicas, ou seja, abaixo de 25ºC. A digestão psicrofílica é aplicada em lagoas de
tratamento e em UASB, que tratam os esgotos sanitários, e envolve maior tempo no
reator e menor geração de gás, causada pela menor eficiência de decomposição. Os
digestores anaeróbios de lodo no Brasil também funcionam nessa temperatura. Já a
digestão termofílica, com temperaturas entre 50 e 55°C, é indicada para grandes
vazões, substratos complexos e não higienizados e possibilita maiores taxas de
degradação com menores tempos de retenção, sendo indispensáveis o isolamento e o
aquecimento do reator e exigem maior controle do processo. Subs- tratos com
componentes inibidores, como altas concentrações de amônia, não são adequados para
o processo termofílico.

No caso da produção do biogás, é utilizado somente os dois processos com temperaturas


mais altas, pois o objetivo é a alta produção de gases.
Na tabela seguinte, é possível verificar o quanto é possível produzir de biogás com as
diferentes substãncias orgânicas presentes nos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU).
46

Tabela 7 - Produção de biogás da decomposição dos constituintes orgânicos

Substancias Produção de Teor de CH4 Energia


orgânicas biogás (m³/Kg (%)
(Mj/Kg SV) (kWh/Kg SV)
SV)
Carboidratos 0,83 50 15,1 4,2
Proteínas 0,72 72 18,4 5,1
Gorduras 1,43 70 36,0 10,0
Fonte:Probiogás (2015, p.14) Apud DWA M 363,2010
Lembrando que na prática podem ocorrer variações, pois os materiais orgânicos irão ter
mais de uma substância misturada.
Para uso veicular, ou em motores estacionários, deve ser realizada uma purificação do
biogás para retirar a umidade H2O, o gás sulfídrico H2S, e o dióxido de carbono CO2 , tornando
o biometano mais puro, permitindo o uso em motores de combustão interna.

Tabela 8 - Composições típicas do biogás produzido nas ETEs

Tipo de gás Composição Volumétrica Típica


Reator Anaeróbico Digestor de Lodo
Gás Metano – CH4 60 a 85% 60 a 70%
Gás Carbonico – CO2 5 a 15% 20 a 40%
Monóxido de Carbono - CO 0 a 0,3% -
Nitrogênio – N2 10 a 25% <2
Hidrogênio – H2 0 a 3% -
Sulfeto de Hidrogênio (Gás sulfídrico) – H2S 1000 a 2000 ppm Até 1000
Oxigênio – O2 Traços -
Fonte:Probiogás (2015, p.24)

Segundo Cooperaci et al. (2005, p.10) 1m³ de biogás é equivalente a:

• 0,61 litros de gasolina;


• 0,58 litros de querosene;
• 0,55 litros óleo diesel;
• 0,45 litros gás de cozinha;
• 1,5 quilos de lenha;
• 0,79 litros de álcool hidratado.
47

O Probiogás (2015) diz que, além da utilização na geração de energia elétrica e térmica,
o biogás pode ser injetado na rede de gás natural após o seu devido tratamento (purificação),
tornando possível a sua utilização como energia veicular e termelétrica movida a gás natural.
Sendo uma alternativa viável, pois a rede de gás natural (Gasoduto Brasil – Bolívia)
atravessa por diversos municípios da Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
48

4 ENERGIA ELÉTRICA EM CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA DE


CURITIBA (RMC)

A Companhia Paranaense de Energia Elétrica (COPEL) é a responsável por


atender a demanda por energia no estado do Paraná, tendo que ser seguidos os procedimentos
definidos pelas NTCs para conexão na rede de distribuição as centrais geradoras.
Essas NTCs tem o objetivo de realizar os trabalhos conforme as normas da ANEEL,
PRODIST, ABNT , garantindo segurança e confiabilidade a rede de distribuição.
Segundo a NTC 905200 Ao et al. (2016, p.19), os tipos de conexão com a rede de
transmissão é feita da seguinte forma:

i. Acessantes de Geração até 75 kW A conexão poderá ser diretamente em BT.


ii. Acessantes de Geração de 76 kW até 300 kW A conexão deverá ser trifásica
por meio de relés de proteção e transformador exclusivo do acessante. Para
esta faixa de potência é admitido o uso de disjuntor de BT.
iii. Acessantes de Geração de 301 kW até 500 kW A conexão deverá ser trifásica
por meio de disjuntor de MT, relés de proteção e transformador exclusivo do
acessante na própria unidade consumidora. Os equipamentos de proteção e
operação devem ser automatizados, disponibilizando a supervisão e
comandos no COD.
iv. Acessantes de Geração de 501 kW acima A conexão deverá ser trifásica por
meio de disjuntor de MT, relés de proteção e transformador exclusivo do
acessante na própria unidade consumidora. Os equipamentos de proteção e
operação devem ser automatizados, disponibilizando a supervisão e
comandos no COD.

De acordo com a NTC 905100 INDECOPI (2010, p.13), as características de tensão do


sistema COPEL são as seguintes:
Baixa tensão (BT): 127/220 V (sistema trifásico).
127/254V (sistema monofásico a três fios)
127V (sistema monofásico a dois fios)
Média tensão (MT): 13,8kV para distribuição urbana e
suprimento a pequenas localidades
34,5kV para subtransmissão e, em alguns
casos, para distribuição direta
Alta tensão (AT): 69kV e 138kV para transmissão
49

Esse sistema é distribuido em Curitiba e RMC conforme o mapa abaixo:

Figura 24 - Mapa do sistema de distribuição da RMC

Fonte: COPEL (2012)


Residencial Secundário Setor Comercial Rural Outras Consumo Livre Total
(Industrial) Classes (1)
Consumo Consumidor Consumo Consumidor Consumo Consumidor Consumo Consumidor Consumo Consumidor Consumo Consumidor Consumo Consumidor

Adrianópolis 2940 1900 40612 26 875 165 895 485 770 69 - - 46092 2645

Agudos do Sul 2854 1989 293 23 1310 173 3973 1442 878 66 - - 9308 3693

Almirante Tamandaré 61242 32750 52025 451 18235 1577 3425 959 11736 227 - - 146663 35964

Araucária 84729 43468 194601 736 57755 3031 9712 2544 25071 553 164006 7 535874 50339

Balsa Nova 6311 3707 31775 53 6681 266 4304 1305 2889 117 141448 2 193408 5450

Bocaiúva do Sul 5589 3720 8395 49 1806 222 2851 1151 1552 74 - - 20192 5216

Campina Grande do Sul 27834 14971 22273 177 17362 956 3323 1043 5427 165 - - 76219 17312

Campo Largo 79741 42782 142238 511 57889 3097 7212 1745 24696 291 - - 311775 48426

Campo Magro 14454 7714 3847 145 3626 360 3430 1010 2633 125 - - 27989 9354

Colombo 144153 76959 126153 1213 63817 4560 7472 1895 24318 458 2358 1 368271 82086

Contenda 6953 4345 3367 62 3952 358 5217 1748 2643 95 - - 22131 6608

Curitiba 1500075 684975 595809 12039 1458280 94089 1441 96 389773 7422 787912 52 4733290 798673

Fazenda Rio Grande 66995 38343 96862 388 22046 2047 1816 478 12566 200 - - 200284 41456

Itaperuçu 11274 7511 10803 97 4041 368 1162 639 2685 70 - - 29965 8685

Mandirituba 9396 5786 16676 137 7637 472 10492 3384 4750 132 - - 48650 9914

Piên 3983 2345 9742 34 2097 218 7313 1653 2189 103 179549 1 204874 4354

Fonte: Ipardes (2015) Adaptado pelo autor


Pinhais 92528 42336 85819 1245 61342 3621 80 17 54527 339 45841 5 340137 47563

Piraquara 53236 29545 8933 236 13966 1083 3441 455 14864 176 5853 1 99893 31496

Quatro Barras 14719 7141 56727 103 7080 492 1108 328 5497 118 - - 85131 8182

Quitandinha 5168 3555 1908 31 2901 314 9756 3327 1241 103 - - 20974 7330

São José dos Pinhais 195536 97554 413303 2473 156671 8663 19305 4715 45878 702 210081 6 1040773 114113
Tabela 9 – Consumo anual de energia elétrica dos municípios do CONRESOL

Tijucas do Sul 5781 3890 1145 44 3587 320 7071 2743 2260 102 - - 19844 7099

Tunas do Paraná 2924 2019 7877 36 3372 120 209 109 963 66 - - 15342 2350
50
51

Consumo em MWh
Entende-se por consumidor as unidades consumidoras de energia elétrica (relógio)
(1) Inclui as categorias: consumo próprio, iluminação pública, poder público e serviço público.

Tabela 10 - Comparativo do potencial de geração de energia com RSU entre Paraná e Brasil
População Fator de Produção Produção Fator de Potencial de Fator de Potencial
urbana (2012) conversão anual de anual de conversão produção de conversão energético em
de RSU RSU -2012 de RSU em biogás em 2012 de biogás 2012
habitantes [Kg/habit Tonelada biogás em (m³) em energia [GWh]
em RSU ante] 2012 elétrica
[Kg/habitan
te*dia]
Paraná 9.374.337 0,746 272,29 2.552.538 100 255.253.822,17 1,43 365,01
Brasil 168.167.104 0,963 351,495 59.109.898 100 5.910.989.797,8 1,43 8.452,72
Fonte Microdados ABRELPE [2]*365 [1]*[3] FEAM [4]*[5] SGANZER [6]*[7]/
PNAD 2014 2014 /1000 2012 LA 1983 1000000

Fonte: FIEP (2016, p.142) Adaptado pelo autor

Com os dados da tabela acima, podemos calcular o potencial de geração de energia com
RSU de Curitiba, e dos membros do Conresol.
Tabela 11 - Comparativo do potencial de geração de energia com RSU entre Curitiba e
CONRESOL
População Fator de Produção Produção Fator de Potencial de Fator de Potencial
urbana conversão de anual de anual de conversã produção de conversão de energétic
2017 habitantes em RSU RSU - o de biogás anual biogás em o anual
RSU [Kg/habitante Tonelada RSU em (m³) energia [GWh]
[Kg/habitante*d ] biogás elétrica
ia] em 2012
Curitiba 1.908.359 1,199 437,63 835.155,149 100 83.515.514,92 1,43 119,43
2
Conreso 3.426.403 1,199 437,63 1.499.496,7 100 149.949.674,4 1,43 214,43
l 4 8
Fonte IBGE Lima (2013) [2]*365 [1]*[3] FEAM [4]*[5] SGANZERL [6]*[7]/
(2017) /1000 2012 A 1983 1000000

Fonte: Autor
Com o potencial energético anual, é possível obter o valor em MWh, dividindo o valor
obtido pelos dias do ano, e dividindo pelas 24 horas do dia, obtendo o valor de 13,63MWh para
Curitiba e 24,47MWh para todos os municípios do CONRESOL. Lembrando que é um
potencial energético, tendo como limitações o tipo de biodigestor utilizado, e de que forma vai
ser transformada a energia térmica da queima do biogás em energia mecânica, e posteriormente
em elétrica. Também deve se considerar que essa geração de energia pode ser feita no próprio
52

patio de transbordo, fazendo uma melhor separação dos materiais reciclaveis, e enviando o
resíduo já digerido, diminuindo o volume de material, economizando com o transporte.
Se for analisado as estações de transbordo da destinação final dos Resíduos Sólidos
Urbanos 2031, é possível fazer o cálculo do potencial de geração de cada uma delas
Figura 25 - Estações de transbordo 2031

Fonte: Servi et al. (2013) Adaptado pelo autor


Localização Municípios atendidos População Fatorde Produção anual Produção Fator de Potencial de Fator de Potencial
urbana conversão de de RSU anual de RSU conversão de produção de conversão energético
2017 habitantes em [Kg/habitante - Tonelada RSU em biogás anual de biogás anual
RSU ] biogás (m³) em energia [GWh
[Kg/habitante em2012 elétrica
*dia]
1-Cerro Azul Doutor Ullysses, Cerro Azul 23666 1.199 437,63 10356,95 100 1035695,15 1,43 1,48

2 – Tunas do Paraná Adrianópolis, Tunas do Paraná 14225 1.199 437,63 6225,28 100 622528,67 1,43 0,89

3 – Almirante Tamandaré Rio Branco do Sul, Itaperuçu, 175368 1.199 437,63 76746,29 100 7674629,78 1,43 10,97
Almirante Tamandaré

4 - Colombo Bocaiúva do Sul, Campina 292426 1.199 437,63 127974,39 100 12797439,0 1,43 18,30
Grande do Sul, Colombo 4

5 – Campo Largo Campo Magro, Campo Largo 155553 1.199 437,63 68074,65 100 6807465,93 1,43 9,73

6 - Piraquara Quatro Barras, Pinhais, 259847 1.199 437,63 113716,84 100 11371684,2 1,43 16,26
Piraquara 6

Fonte: Autor
7 – São José dos Pinhais São José dos Pinhais 307530 1.199 437,63 134584,35 100 13458435,3 1,43 19,24
9

8 - Araucária Araucária 137452 1.199 437,63 60153,11 100 6015311,87 1,43 8,60

9 - Contenda Balsa Nova, Lapa, Contenda 78630 1.199 437,63 34410,84 100 3441084,69 1,43 4,92

10 - Quitandinha Rio Negro, Campo do Tenente, 60419 1.199 437,63 26441,16 100 2644116,69 1,43 3,78
Tabela 12- Potencial energético anual das estações de transbordo 2031

Quitandinha

11 – Agudos do Sul Piên, Tijucas do Sul, Agudos do 37964 1.199 437,63 16614,18 100 1661418,53 1,43 2,37
Sul
53
54

5 ESTUDO PARA AVALIAR E SELECIONAR A TECNOLOGIA MAIS


ADEQUADA PARA CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA DE
CURITIBA (RMC)]

Para fazer a escolha da seleção de tecnologia mais adequada, deve-se verificar as


características dos Resíduos Sólidos Urbanos de Curitiba e Região Metropolitana, analisando a
quantidade de sólidos totais, e impurezas. Com esses dados é possível afirmar que a Biodigestão
Anaeróbia Seca Contínua é a melhor forma de gaseificação desses tipos de resíduos, pois tem
a capacidade de ser alimentado diariamente, sendo mais adequado que o Reator Contínuo de
Tanque Agitado (CSTR), que é o modelo com maior eficiência na geração de biogás, por aceitar
uma maior variedade de lixo, pois o segundo só pode ser utilizado para material que possa ser
bombeável. O biodigestor contínuo pode ser construído com um agitador, melhorando a
eficiência na produção do biogás.

Figura 26 - Fluxograma do modelo de biodigestor

Fonte: Autor
55

Comparando com o Biodigestor do tipo descontínuo, este permite utilizar resíduos com
um percentual de sólidos totais e com um grau de impureza ainda maior que o modelo contínuo,
porém com uma menor geração de biogás. De acordo com a (Tabela 2, página 30), é o tipo de
reator adequado para populações acima de 80.000 habitantes e geração de lixo maior que 15000
toneladas anuais, devendo ser planejado outras áreas para instalar as plantas de geração de
energia, podendo ser utilizado as estações de transbordo que estão programadas para operar até
o ano de 2031, diminuindo o gasto com coleta que é aproximadamente 70% do valor gasto com
a gestão dos resíduos, gerando energia de forma distribuída, mais próximo das cargas, evitando
de sobrecarregar as linhas de transmissão. O reator do tipo contínuo é o mais adequado para ser
instalado nas estações de transbordo mais próximas a Curitiba. No caso das estações de
transbordo 1 – Cerro Azul, 2 – Tunas do Paraná, 9 – Contenda, 10 – Quitandinha e 11 – Agudos
do Sul (Figura 25, página 52), elas não atingem a quantidade mínima de habitantes ou a
quantidade de geração de resíduos sólidos anuais conforme a (Tabela 12, página 53), para a
implantação de uma planta de geração de energia com RSU. Nas estações 1 – Cerro Azul e 2
– Tunas do Paraná a opção de maior viabilidade, é transportar os resíduos para a estação 3 –
Almirante Tamandaré no caso do primeiro, e na estação 4 – Colombo no caso do segundo. As
estações 9 – Contenda, 10 – Quitandinha e 11 – Agudos do Sul apresentam como opção mais
viável, o envio dos resíduos diretamente para o aterro da Estre Ambiental, junto com o lixo já
enviado por Mandirituba, Fazenda Rio Grande e Curitiba. Sendo organizados conforme a tabela
seguinte.
Localização Municípios atendidos População Fator de Produção Produção Fator de Potencial de Fator de Potencial
urbana conversão anual de anual de RSU conversão produção de conversão energético
2017 de RSU - Tonelada de RSU em biogás anual de biogás anual
habitantes [Kg/ha biogás (m³) em energia [GWh
em RSU bitante em2012 elétrica
[Kg/habita ]
nte]

3 – Almirante Doutor Ullysses, Cerro Azul, 199034 1.199 437,63 87103,24 100 8710324,94 1,43 12,45
Tamandaré Rio Branco do Sul,
Itaperuçu, Almirante
Tamandaré
4 - Colombo Adrianópolis, Tunas do 306651 1.199 437,63 134199,67 100 13419967,71 1,43 19,19
Paraná, Bocaiúva do Sul,
Campina Grande do Sul,
Colombo
5 – Campo Largo Campo Magro, Campo Largo 155553 1.199 437,63 68074,65 100 6807465,93 1,43 9,73

público, comparando com o potencial energético anual.


Fonte: Autor
6 - Piraquara Quatro Barras, Pinhais, 259847 1.199 437,63 113716,84 100 11371684,26 1,43 16,26
Piraquara

7 – São José dos São José dos Pinhais 307530 1.199 437,63 134584,35 100 13458435,39 1,43 19,24
Pinhais

8 - Araucária Araucária 137452 1.199 437,63 60153,11 100 6015311,87 1,43 8,60

Aterro Fazenda Balsa Nova, Lapa, Contenda, 2206259 1.199 437,63 965525,12 100 96552512,62 1,43 138,07
Rio Grande Rio Negro, Campo do
Tenente, Quitandinha, Piên,
Tijucas do Sul, Agudos do
Sul, Mandirituba, Fazenda
Tabela 13 - Potencial energético das áreas planejadas para geração de energia com RSU

Rio Grande, Curitiba

Considerando que a gestão dos resíduos sólidos urbanos e a iluminação pública são de
responsabilidade dos municípios, a tabela seguinte mostra o consumo de energia do setor
56
57

Tabela 14 - Comparativo do consumo energético do setor público com o potencial energético


anual
Localização Municípios Atendidos Outras Potencial Percentual de
Classes (1) energético economia utilizando
[GWh] anual o potencial
[GWh] energético
3 – Almirante Doutor Ullysses, Cerro Azul, Rio Branco 20,76 12,45 59,97
do Sul, Itaperuçu, Almirante Tamandaré
Tamandaré
4 - Colombo Adrianópolis, Tunas do Paraná, Bocaiúva 33,03 19,19 58,09
do Sul, Campina Grande do Sul, Colombo

5 – Campo Largo Campo Magro, Campo Largo 27,32 9,73 35,61

6 - Piraquara Quatro Barras, Pinhais, Piraquara 74,88 16,26 21,71

7 – São José dos São José dos Pinhais 45,87 19,24 41,94
Pinhais
8 - Araucária Araucária 25,07 8,60 34,30

Aterro Fazenda Rio Balsa Nova, Lapa, Contenda, Rio Negro, 436,10 138,07 31,66
Campo do Tenente, Quitandinha, Piên,
Grande
Tijucas do Sul, Agudos do Sul,
Mandirituba, Fazenda Rio Grande, Curitiba

(1) Inclui as categorias: consumo próprio, iluminação pública, poder público e serviço público
Fonte:Autor
Com o potencial energético anual, é possível calcular o valor em watt-hora para poder
dimensionar o gerador a ser utilizado, conforme a tabela abaixo:

Tabela 15 - Conversão do potencial energético anual em quilowatt-hora


Localização Potencial energético Potencial energético Potencial energético
anual diário [MWh] [MWh]
[GWh]
3 – Almirante Tamandaré 12,45 34,10 1,42
4 - Colombo 19,19 52,57 2,19
5 – Campo Largo 9,73 26,65 1,11
6 - Piraquara 16,26 44,54 1,85
7 – São José dos Pinhais 19,24 52,71 2,19
8 - Araucária 8,60 23,56 0,98
Aterro Fazenda Rio Grande 138,07 378,27 15,76
Fonte: Autor
58

A escolha do propulsor que movimenta o gerador elétrico têm que levar em conta o
custo e a facilidade de manutenção, o valor necessário para a aquisição, a eficiência energética,
a sua vida útil, a emissão de poluentes e ruídos, com uma faixa de potência e consumo adequada
a capacidade de produção do biogás. Considerando todas essas características o motor Diesel
transformado em ciclo Otto apresenta o melhor custo benefício, pois tem um bom rendimento
térmico, dentro do ideal para funcionar com biogás devido a sua taxa de compressão. Sua
principal desvantagem é a manutenção mais constante que uma turbina a gás, mas com uma
menor complexidade, podendo ter maiores tolerâncias em relação ao balanceamento do
conjunto girante, devido a rotação de trabalho ser mais baixa. Pode ser utilizado em ciclo
combinado com um propulsor a vapor, aproveitando os gases quentes do sistema de exaustão
para alimentar uma caldeira, aumentando o rendimento térmico. O calor do sistema de
arrefecimento pode ser utilizado para fazer o controle da temperatura do material orgânico
dentro do Biodigestor, pois a produção do biogás depende da temperatura que deve estar na
faixa de 35ºC para a digestão mesofílica e entre 50 a 55ºC para a digestão termofílica.

Figura 27 - Fluxograma da planta de geração de energia com RSU

Fonte: Autor
Localização Potencial de Potencial de R$/m³h CH4 Potencial US$/KWel GMG
produção de biogás produção de R$22500,00 a energético GMG US$1300 e
anual biogás (m³h) R$31500,00 [KWh] Biodigestor
(m³)
Custo

3 – Almirante 8.710.324,94 994,32 R$ 22.372.200,00 1.420 US$1.846.000,00 R$28.464.000,00


Tamandaré a = a
R$ 31.321.080,00 R$6.091.800,00 R$37.412.880,00
4 - Colombo 13.419.967,71 1.531,95 R$ 34.468.875,00 2.190 US$2.847.000,00 R$43.863.975,00
a = a
R$ 48.256.425,00 R$9.395.100,00 R$57.651.525,00
5 – Campo Largo 6.807.465,93 777,10 R$ 17.484.750,00 1.110 US$1.443.000,00 R$22.246.650,00
a = a
R$ 24.478.650,00 R$4.761.900,00 R$29.240.550,00
6 - Piraquara 11.371.684,26 1.298,13 R$29.207.925,00 1.850 US$2.405.000,00 R$37.144.425,00
a = a
R$40891095,00 R$7.936.500,00 R$48.827.595,00
7 – São José dos 13.458.435,39 1.536,35 R$34.567.875,00 2.190 US$2.847.000,00 R$43.962.975,00

Fonte: Autor
Pinhais a = a
R$48.395.025,00 R$9.395.100,00 R$57.790.125,00
8 - Araucária 6.015.311,87 686,67 R$15.450.075,00 980 US$1.274.000,00 R$19.654.275,00
a = a
R$21.630.105,00 R$4.204.200,00 R$25.834.305,00
onde mostram os valores em US$/KWel, e R$/m³h CH4 respectivamente

Aterro Fazenda 96.552.512,62 11.021,97 R$247.994.325,00 15.760 US$20.488.000,00 R$315.604.725,00


Rio Grande a = a
R$347.192.055,00 R$67.610.400,00 R$414.802.455,00
TOTAL 156.335.702,7 17.846,49 R$401.546.025,00 25.500 US$33.150.000,00 R$510.941.025,00
Tabela 16 - Custos aproximados da implantação de geração de energia com RSU

a a a
R$562.164.435,00 R$109.395.000,00 R$671.559.435,00
É possível fazer uma estimativa de custos através das (Tabela 1, p.30) e (Tabela 3, p.40),
59
60

Deve-se considerar que não estão inclusos nesses custos a obra necessária para
separação dos resíduos, e que os dados utilizados são estimativas de empreendimentos
realizados no exterior, podendo sofrer alterações de valores, devido a variação cambial e de
impostos. A cotação do dólar utilizada foi de R$3,30 para US$1,00.
61

6 CONCLUSÃO

A implantação de estações de transbordo com biodigestores e grupos motores geradores,


viabiliza o tratamento dos Resíduos Sólidos Urbanos de forma correta, permitindo o
aproveitamento do biogás produzido, sendo utilizado para geração distribuída de energia. A
energia produzida através da gaseificação do RSU ainda não apresenta valor competitivo em
relação as formas tradicionais de geração, porém não deve-se analizar somente esse custo. Tem
que ser considerado o lado social, empregando mais pessoas na reciclagem dos materiais,
necessário para alimentar o biodigestor com o mínimo de impurezas (materiais não orgânicos),
a redução do volume de resíduos acumulados, através da biodigestão, diminui a área necessária
utilizada para depósito, contribui com o meio ambiente, e disponibiliza mais terrenos para
outros tipos de atividades. Também tem o menor gasto energético para indústria, utilizando
materiais recicláveis, economizando na extração de matérias primas.
A escolha do biodigestor foi baseada na necessidade alimentação diária (pois o lixo é
gerado diariamente), e da quantidade de habitantes dos municípios pesquisados, para garantir
uma alimentação mínima. As áreas planejadas para as plantas de geração de energia foram
+baseadas no planejamento dos resíduos sólidos até 2031, sendo verificado que nem todas as
estações de transbordo recebem a quantidade de lixo necessária para tornar viável esse tipo de
empreendimento. Para as estações mais próximas do aterro da Fazenda Rio Grande , foi
verificado que é mais viável enviar os resíduos diretamente. Nas estações da região norte da
RMC, é mais interessante enviar para uma estação de transbordo maior, que esteja mais
próxima. A escolha do Grupo Motor Gerador (GMG), utilizando motor alternativo, ciclo Otto
, com taxa de compressão específica para biogás, deve-se a características técnicas apresentadas
pelo mesmo, tornando -se a alternativa mais viável, tendo maior facilidade de manutenção, pois
pode ser feita no local, ao contrário da turbina a gás, e com maior facilidade de expansão.
É necessário esclarecer que o potencial energético não representa necessáriamente o
quanto um biodigestor vai gerar de biogás na prática, pois existem algumas variáveis que devem
ser analisadas como o tipo de resíduo e suas impurezas, a temperatura dentro da câmara de
digestão, ocorrendo variação de produção entre o período diurno e noturno.
Com o potencial energético, foi possível estimar o custo de implantação das estações
de geração de energia com Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), através de valores contidos em
tabelas por m³ de biogás e KWh, ficando entre R$510.941.025,00 a R$671.559.435,00 para todas as
estações de transbordo, conforme tabela 16.
62

Sendo as prefeituras responsáveis pela destinação dos resíduos sólidos urbanos e


também pela iluminação pública, seria interessante a utilização da energia gerada com o lixo
ser utilizada para esse fim. O custo pode compensar a longo prazo, com a redução dos gastos
com a coleta, e a economia gerada com a energia da iluminação pública.
Sendo assim, apresentam-se algumas possíveis considerações para trabalhos futuros:
• Visita técnica a empresa Estre Ambiental no município da Fazenda Rio Grande,
onde já existe uma planta de geração de energia elétrica com RSU, comparando
o potencial de produção de biogás com o que realmente é gerado, para realizar
um dimensionamento e uma estimativa de custos de implantação mais próximos
do real.
• Estudar o consumo energético de cada subestação da RMC para poder gerar
energia mais próximo dos centros consumidores
• Pesquisar as formas de purificação do biogás, verificando a viabilidade
econômica para injeta-lo no gasoduto Brasil-Bolívia
É preciso uma maior conscientização das pessoas e do governo sobre a produção de
energia com RSU, pois não se trata de buscar subsídios para ter um valor competitivo, e ser
uma grande fonte na matriz energética, e sim ser o caminho para aproveitar melhor os recursos
energéticos disponíveis, dando a melhor destinação possível aos resíduos sólidos urbanos,
possibilitando viver em um mundo mais sustentável.
Dentro desse contexto, é possível verificar que o trabalho atingiu o seu objetivo inicial,
pois com as tecnologias apresentadas foi possível determinar qual é a mais adequada para
geração de energia com Resíduos Sólidos Urbanos em Curitiba e Região Metropolitana.
63

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