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OTIMIZAÇÃO DE PILAR PADRÃO COM RESTRIÇÃO NA FLECHA E fck

VARIÁVEL

Antônio M. C. de Melo
Universidade Federal do Ceará
Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil
Cx. P. 12144 - CEP 60455-760 - Fortaleza, CE, Brazil
e-mail: macario@ufc.br
Francisco A. C. Monteiro
Universidade Federal do Ceará
Curso de Engenharia Civil
Rua Ana Bilhar, 255 - apto 301 - CEP 60160-110 - Fortaleza, CE, Brazil
e-mail: facm@usa.net

Resumo. A não linearidade geométrica pode ser considerada no dimensionamento de pi-


lares curtos ou medianamente esbeltos de concreto armado por meio de critérios simplif icados
usando-se o método do pilar padrão. A não linearidade física pode ser inserida usando-se o
diagrama tensão-deformação parábola-retângulo. Estes efeitos são incluídos em um modelo de
programação matemática de custo mínimo para um pilar engastado e livre submetido à f lexão
composta reta. A função objetivo é o custo dos materiais e da forma. As variáveis de projeto
são a resistência característica do concreto à compressão, as áreas das armaduras longitudinal
e transversal, as dimensões da seção transversal e um parâmetro que def ine a conf iguração
deformada resistente última da seção do engaste. Restrições relativas à resistência, à f lecha e
a exigências de norma são consideradas. O problema é resolvido na planilha ExcelTM da Mi-
crosoft usando-se o método do gradiente reduzido generalizado. Quatro exemplos numéricos
são apresentados para mostrar os inconvenientes do uso do método do pilar padrão em um
problema envolvendo restrições de deslocamento e de resistência, e a resistência à compressão
como variável de projeto.

Palavras chaves: Otimização, Pilar padrão, Concreto armado


1. INTRODUÇÃO
Não linearidades no comportamento estrutural têm duas origens, a de natureza física ou
do material e a de natureza geométrica (Garcia & Villaça, 1999). A primeira ocorre pelo fato
dos materais apresentarem relações tensão-deformação não lineares. A geométrica torna-se
importante quando os efeitos das deformações não podem ser desconsiderados na avaliação do
equilíbrio da estrutura, sendo necessário formulá-lo na configuração deformada. Os recursos
computacionais atualmente existentes, tanto de software como de hardware, permitem tratar
tais fenômenos, o que antes era bastante oneroso ou, senão, impraticável. Na prática, a maior
parte dos pilares de concreto armado são curtos ou medianamente esbeltos (índice de esbeltez
¸ menor ou igual a 80) (Süssekind, 1983) e, no dimensionamento, a não linearidade geométrica
pode ser considerada por meio de critérios simplificados usando-se o método do pilar padrão
(NB-1, 1978; Fusco, 1986). A não linearidade física pode ser inserida usando-se o diagrama
tensão-deformação parábola-retângulo para o concreto e o elástico plástico perfeito para o aço
tipo A (NB-1, 1978).
Outra importante área que se expande, graças também ao progresso computacional, é a
otimização e, em particular, a aplicação das técnicas de otimização à análise e ao projeto de
estruturas de concreto armado (Friel, 1974; Chou, 1977; Gerlein & Beaufait, 1980; Cohn &
MaCrae, 1984; Sacoman et al., 1987; Prakash et al., 1988; Eboli, 1989; Horowitz, 1989, 1991,
1995, 1997; Choi & Kwak, 1990; Menezes, 1990; Spires & Arora, 1990; Kanagasundaram &
Karihaloo, 1991a, 1991b; Andrade, 1992; Chakrabarty, 1992a, 1992b; Sousa Jr., 1992; Urban,
1992; Kang et al., 1993; Moharrami & Grierson, 1993; Al-Salloum & Siddiqi, 1994; Adamu
& Karihaloo, 1995; Balling & Yao, 1997; Melo et al., 1999, 2000a, 2000b, 2001; Melo, 2000).
No processo de projeto ótimo, assim designado o projeto obtido via otimização, o projetista
deve identificar um conjunto de variáveis de projeto, que defina o sistema, uma medida de
desempenho ou função custo, com a qual os méritos relativos de diversos projetos possam
ser avaliados, e as exigências ou restrições que o projeto deve satisfazer para garantir a sua
integridade estrutural. No processo de projeto convencional, alguns valores iniciais para as
variáveis de projeto são selecionados e uma restrição que supostamente controla o projeto final
é usada para ajustar ou completar o projeto inicial. As demais restrições são verificadas uma a
uma e, se necessário, as variáveis são modificadas até que um projeto aceitável seja encontrado.
O processo de projeto ótimo lida com todas as restrições simultaneamente e as variáveis de
projeto são modificadas iterativamente buscando satisfazer as restrições enquanto minimizam a
função custo.
Formulações de projeto ótimo de pilares ou de dimensionamento ótimo de seções submeti-
das à flexão composta têm sido feitas por Eboli (1989), Horowitz (1989, 1991), Kanagasun-
daram & Karihaloo (1991a), Sousa Jr. (1992) e Adamu & Karihaloo (1995). Sousa Jr. (1992)
apresenta uma formulação para o dimensionamento ótimo de pilar padrão de concreto armado
cuja função objetivo é a área da seção transversal da armadura longitudinal (As ). Além de
As , são também variáveis de projeto a deformação axial do eixo centróide da seção transver-
sal e a respectiva curvatura que são necessárias para definir a configuração deformada da seção
transversal da base do pilar. As restrições consideradas dizem respeito ao critério de resistência,
à prevenção de ocorrência de deformações últimas, de acordo com o diagrama da NB-1 (1978)
(Fig. 3), tanto no concreto quanto na armadura, e a limites na área As . O problema é resolvido
usando o algoritmo de programação quadrática recursiva de Han-Powell (Han, 1976, Powell,
1978).
Neste trabalho, uma formulação de custo mínimo, incluindo de forma simplificada os
efeitos não lineares, para um pilar engastado e livre submetido à flexão composta reta é a-
presentada. A função objetivo é o custo dos materiais, concreto e aço, e da forma. As va-
Figura 1 Descrição da estrutura.

riáveis de projeto são a resistência característica do concreto à compressão (fck ), as áreas das
armaduras longitudinal e transversal, as dimensões da seção transversal e um parâmetro que
define a configuração deformada resistente última da seção do engaste. Restrições relativas à
resistência, à flecha no topo do pilar e a exigências de norma são consideradas. Para mostrar
as facilidades hoje disponíveis para solução deste problema de otimização, o modelo de pro-
gramação matemática é introduzido na planilha ExcelTM da Microsoft e é resolvido usando-se
a ferramenta Solver que emprega o método do gradiente reduzido generalizado (Vanderplaats,
1999).
Além de mostrar a facilidade da obtenção de projetos racionais via solução do problema
de otimização usando-se uma planilha eletrônica, com a inclusão da resistência característica
do concreto à compressão nas variáveis de projeto, pretende-se abrir caminho para aplicações
em concretos de alta resistência. O trabalho ainda se destaca por usar apenas uma variável para
definir as configurações deformadas, mas com a nova definição apresentada por Melo (2000)
e Melo et al (2000c). Os inconvenientes do uso do método do pilar padrão no problema de
otimização, envolvendo restrições de deslocamento e de resistência, e a resistência do concreto
à compressão como variável de projeto, são visualizados e discutidos nas aplicações numéricas.

2. ESFORÇOS INTERNOS SOLICITANTES


Seja o pilar com extremidades engastada e livre, de seção transversal retangular e constante
ao longo da altura L e coeficiente de esbeltez ¸, mostrado na Fig. 1. A área da seção transver-
sal da armadura longitudinal As é simetricamente distribuída e também constante ao longo do
comprimento. As seções transversais do pilar estão submetidas à exão composta reta, pro-
duzida pelas cargas axial Nd e horizontal Fd , e o momento Md , aplicados no centróide da seção
da extremidade livre. Pode-se dizer que Md é devido às excentricidades inicial e acidental. O
sistema de eixos adotado está representado na figura.
No Método do Pilar Padrão, o deslocamento de um ponto P0 (x; 0; 0) localizado sobre o
eixo do pilar pode ser representado apenas pela componente na direção y
³ ¼x ´
v(x) = ± ¡ ± cos (1)
2L
i.e., as componentes u e v nas direções x e z, respectivamente, são nulas. A grandeza ± é o
deslocamento do topo do pilar na direção do eixo y (v(L) = ±).
Admitindo-se a hipótese de Navier-Bernoulli, o deslocamento de um ponto genérico
P (x; y; z) do pilar pode ser expresso em função do deslocamento do ponto P0 . Considerando a
hipótese de rotações moderadas, i.e., as deformações lineares eij = (ui;j + uj;i )=2 e as rotações
! ij = (ui;j ¡ uj;i )=2, onde ui;j = @ui =@xj , são pequenas quando comparadas com a unidade
mas as deformações eij são muito menores que as rotações (Garcia & Villaça, 1999), o campo
de deslocamentos de P é dado por (Garcia & Villaça, 1999)
ux (x; y; z) = u(x) ¡ yv 0 (x) (2)
uy (x; y; z) = v(x) (3)
uz (x; y; z) = w(x), (4)
onde, ux, uy e uz são, respectivamente, as componentes nas direções x, y e z, e z.( )0 =
d( )=dx. Usando o campo de deslocamento de P0 ,
ux (x; y; z) = ¡yv 0 (x) (5)
uy (x; y; z) = v(x) (6)
uz (x; y; z) = 0. (7)
A componente de deformação normal de uma dada fibra na direção axial "x , para a classe
de rotações moderadas, é dada por (Garcia & Villaça, 1999)
"µ ¶2 µ ¶2 #
@ux 1 @uy @uz
"x = + + . (8)
@x 2 @x @x
Assim, usando (5), (6) e (7),
"x = "0 ¡ Ây (9)
onde,
1 0 2
"0 (x) = v (x) (10)
2
Â(x) = v 00 (x) (11)
são, respectivamente, a deformação normal do eixo centróide e a curvatura da seção. Observa-
se que a deformação "x independe de u0 (x) devido à hipótese do pilar padrão não considerar
a componente de deslocamento axial, limitando o campo de deslocamento deste, apenas, a
deslocamentos na direção do eixo y. Isto, na verdade, não se situa adequadamente dentro da
hipótese de rotações moderadas. A curvatura, de acordo com a Eq. (1), escreve-se na forma
¼2 ³ ¼x ´
Â(x) = ± 2 cos . (12)
4L 2L
O sinal da curvatura não varia ao longo da altura do pilar, tornando, assim, o modelo inadequado
para situações de dupla curvatura, e que o deslocamento da extremidade livre do pilar varia
linearmente com a curvatura da seção da base Â(0) = Â0 , i.e.,
4L2
±= Â. (13)
¼2 0
A norma brasileira sugere o método do pilar padrão para determinação dos esforços so-
licitantes de segunda ordem em pilares medianamente esbeltos, assumindo uma curvatura con-
vencional para a seção crítica. Este método é válido para pilares não demasiadamente esbeltos,
pois, no gráfico momento-curvatura, a curvatura referente ao ponto de tangência entre as curvas
do momento total solicitante e do momento resistente é bem próxima da curvatura última da
seção do engaste (Sousa Jr., 1992).
As equações de equilíbrio para a classe de rotações moderadas, segundo os eixos da Fig. 1,
são dadas por (Garcia & Villaça, 1999)
dNs
= ¡p (14)
dx
d
(Ns v0 ¡ Vs ) = ¡q (15)
dx
dMs
= Vs (16)
dx
onde, Ns , Vs e Ms são, respectivamente, a força normal, a força cortante e o momento fletor
solicitantes em uma seção qualquer do pilar, p e q são os carregamentos axial e transversal
distribuídos ao longo do comprimento do pilar. Aqui, p e q são nulos, e na extremidade livre do
pilar

Ns = Nd Ns v 0 ¡ Vs = Fd Ms = Md . (17)

Assim, a solução das equações de equilíbrio fornece

Ns (x) = Nd (18)
Vs (x) = Nd v0 (x) ¡ Fd (19)
Ms (x) = Md + Fd (L ¡ x) ¡ Nd (± ¡ v(x)). (20)

As Eqs. (18-20) são também obtidas avaliando-se os esforços diretamente em uma seção
genérica do pilar na conguração deformada. Na base (x = 0)

Ns = Nd Vs = ¡Fd Ms = Md + Fd L ¡ Nd ±. (21)

3. MATERIAIS
3.1 Características dos materiais
O diagrama tensão-deformação parábola-retângulo é usado para o concreto com o módulo
da tensão máxima igual ¾ cd = 0; 85fcd , sendo fcd = fck =° c a resistência de cálculo do concreto
à compressão e ° c o coeficiente de minoração da resistência do concreto. Então, definindo
"cu = ¡0; 0035 e "c1 = ¡0; 002, tem-se para a tensão no concreto (valores negativos indicam
compressão)
8 " µ ¶ µ ¶#
2
>
< "c "c
¡¾ cd 2 ¡ ; "c1 · "c · 0
¾ c ("c ) = "c1 "c1
>
:
¡¾ cd "cu · "c · "c1 .

Para os aços, supostos do tipo A, adota-se o diagrama elasto-plástico perfeito de acordo


com a NB-1 (1978), com tensão de escoamento fyd = fyk =° s , onde fyk é a tensão de escoa-
mento característica do aço à tração e ° s é o coeficiente de minoração da resistência do aço.
Tabela 1 Custo de produção do concreto: base (Nov/ 1998).

fck (MPa) 20 30 40 50 60
Custo ($ / m ) 98
3
107 116 141 163

200

180 Kanagasundaram & Karihaloo, 1991a

160
Custo ($/m3)

140

120
Este trabalho

100

80
20 30 40 50 60

fck (MPa)

Figura 2 Curvas custo £ resistência à compressão.

3.2 Relação custo do concreto - resistência


Uma estimativa da relação entre o custo de produção do concreto por unidade de volume e
sua resistência característica à compressão é obtida a partir dos dados da Tab. 1 (ABCP, 1999)
por meio de uma linha de tendência polinomial do terceiro grau, obtendo-se
3
Cc ($) = ¡0; 0002fck 2
+ 0; 06fck ¡ 1; 875fck + 114. (22)

É importante explicitar que esta relação está intrinsecamente associada com os materiais
e o processo de produção usados na obtenção do concreto. Um polinômio cúbico semelhante,
cuja curva apresenta uma translação em relação à curva da função (22), foi usado por Kanaga-
sundaram e Karihaloo (1991a). O gráfico da Fig. 2 compara as duas curvas.

4. ESFORÇOS INTERNOS RESISTENTES


4.1 Domínios de deformação
Os estados limites últimos de ruptura do concreto e de deformação plástica excessiva da
armadura são caracterizados pelas deformações específicas últimas do concreto ("cu ) e da ar-
madura ("su ) de acordo com as hipóteses da NB-1 (1978), como mostra o diagrama de defor-
mações limites da Fig. 3. Na figura, representam-se os domínios de deformação para situações
de curvatura positiva. Um estado limite último de uma seção de concreto armado é atingido na
d’ 20/00 3,50/00
B
3h/7
3
4 C
d
a 2 b h
5
1

A eyd 4a
d’
100/00
Alongamento Encurtamento

Figura 3 Diagrama dos domínios de deformação segundo a NB-1 (1978).

ocorrência de uma dada configuração deste diagrama.


A ruína da seção ocorre por deformação plástica excessiva da armadura ("su = 10o =oo )
na reta a, e nos domínios 1 e 2. Nos domínios 3, 4 e 4a, ocorre ruptura do concreto devido
ao encurtamento na fibra mais comprimida ("cu = ¡3; 5o =oo ). Para uma seção totalmente
comprimida (domínio 5 e reta b) o estado limite último é caracterizado pela deformação de
¡2o =oo na fibra de concreto que passa pelo ponto C.
Nos domínios 1 e 2, o diagrama gira em torno do polo de rotação localizado no ponto A,
enquanto que nos domínios 3, 4 e 4a o polo é o ponto B. No domínio 5, a rotação é em torno do
ponto C que situa-se a 3h=7 da fibra de concreto superior, onde h é a altura da seção.

4.2 Configuração deformada resistente


A configuração deformada resistente de uma seção pode ser definida pela deformação nor-
mal do eixo centróide da seção e por sua curvatura (Horowitz, 1989, 1997; Sousa Jr., 1992)
pois, sendo válida a hipótese de seções planas após a deformação, a deformação normal de uma
dada fibra na direção axial x é dada pela Eq. (9). Se as configurações deformadas são restritas
às configurações últimas do diagrama da Fig. 3, um único parâmetro pode ser usado. Horowitz
(1991, 1995) usa a curvatura associada às configurações últimas. Isto não é suficiente, pois
existem configurações últimas distintas com a mesma curvatura, por exemplo: nas retas a e b
a curvatura é nula. Os domínios devem ser restritos na formulação de forma imposta ou natu-
ralmente face à natureza do problema. Ferreira (1986) e Dumont et al (1987) redefiniram, de
acordo com a norma brasileira, um parâmetro denominado parâmetro de deformação D usado
por Werner em 1974. Os valores de D nos limites dos domínios de deformação eram estabele-
cidos arbitrariamente. O parâmetro D é aqui utilizado, mas na forma como definido por Melo
(2000), por ter um conceito mais formal do ponto de vista físico e ser mais apropriado para o
tratamento numérico no problema de otimização.
Para viabilizar a sua utilização na formulação de um problema de otimização onde as di-
mensões da seção podem ser variáveis de projeto, Melo (2000) define valores limites de D
entre cada domínio de deformação com base em uma seção de referência de largura b, altura
h e distância do centro de gravidade das armaduras até às bordas mais próximas da seção d0 .
Tabela 2 Valores limites para D no primeiro semi-período positivo.

Domínios j Limites
10
1 1 0·D·
27
10 1
2 2 ·D·
27 2
1 23; 5 ¡ "yd £ 103
3 3 ·D·
2 27
23; 5 ¡ "yd £ 103 23; 5
4 4 ·D·
27 Ã ¡ 27 ¢ !
23; 5 1 3; 5 h ¡ d0
4a 5 ·D· 27 ¡
27 27 h
à ¡ ¢!
1 3; 5 h ¡ d0
5 6 27 ¡ ·D·1
27 h

Usualmente, utiliza-se a seção definida no projeto inicial x0 do problema de otimização (Melo,


2000, Melo et al., 2001). Os valores limites de D são definidos como se segue.
Sejam as grandezas adimensionais '0 e ± 0 , definidas para a seção de referência,

'0 = 1000(h ¡ d0 )Â (23)


± 0 = 1000"0 . (24)

Define-se que a origem corresponde à reta a do diagrama de domínios de deformação (D = 0).


O parâmetro de deformação D, para um domínio de deformação j, é relacionado ao módulo
das variações das curvaturas a partir da origem, na forma
Pj¡1 ¯ ¯
j¢' 0 j + ¯ '0j ¡ '0j;ini
¯
Dj = sign(Â) i=1 P6i , (25)
i=1 j¢'0 ji

onde sign(Â) é igual a 1 se  ¸ 0 e igual a -1 se  < 0, e


¯ ¯
j¢'0 j = ¯'0i;f in ¡ '0i;ini ¯
i (26)

é o módulo da variação de '0 no domínio i, '0i;f in é o valor de '0 no final do domínio i, '0i;ini
é o valor de '0 no ínicio do domínio i, '0j;ini é o valor de '0 no ínicio do domínio j e '0j é o
valor corrente de '0 para a configuração deformada dada. O índice j varia de 1 a 6 e sua relação
com os domínios é mostrada na Tab. 2. O valor de D é normalizado tal que a sua variação é
0 · D · 1 dentro do seu primeiro semi-período positivo (da reta a até a reta b com curvatura
positiva). A Tab. 2 apresenta os valores limites definidos para D. A partir dos valores limites
de D e da interpolação linear deste com as grandezas  e "0 , determinam-se as relações entre
estas grandezas e o parâmetro de deformação D, apresentadas na Tab. 3.
Saindo da reta b e retornando para a reta a com curvatura negativa, completa-se o primeiro
período positivo (D = 2). Os valores negativos de D relacionam-se com congurações que
saem da origem com curvatura negativa. Assim, as funções '0 e ± 0 são periódicas em D e,
conseqüentemente  e "0 , sendo  anti-semétrica e "0 simétrica.
Tabela 3 Expressões para  e "0 em função de D para uma seção qualquer.

Dom. Â "0
27 £ 10¡3 D (h ¡ 2d0 )
1e2 10 £ 10¡3 ¡ 13; 5 £ 10¡3 D
h ¡ d0 h ¡ d0
27 £ 10¡3 (1 ¡ D) h (1 ¡ D)
3e4 13; 5 £ 10¡3 ¡ 3; 5 £ 10¡3
· h ¡ d0 ¸ · 0 h ¡ d0
¸
0
hd 10¡3 hd (23; 5 ¡ 27D) (h ¡ 2d0 ) 10¡3
4a 3; 5 + 0 (23; 5 ¡ 27D) ¡ 3; 5
hd h ¡ d0 d0 (h ¡ d0 ) h ¡ d0 2
27 £ 10¡3 h (1 ¡ D) 27 h (1 ¡ D)
5 ¡ ¢ £ 10¡3 ¡ 2 £ 10¡3
h h ¡ d0 14 h ¡ d0

4.3 Esforços resistentes


Os esforços internos resistentes, em uma dada seção, são calculados para uma dada distri-
buição de tensões, denida pela conguração deformada resistente última que é caracterizada
pelo parâmetro D, por meio das integrais
ZZ
As
Nr = ¾ c ("x )dAc + (¾ s;inf + ¾ s;sup ) (27)
Ac 2
ZZ
As
Mr = ¡ ¾ c ("x )ydAc ¡ (¾ s;inf ys;inf + ¾ s;sup ys;sup ) (28)
Ac 2
onde, Mr e Nr são, respectivamente, o momento e a força normal resistentes da seção, Ac é
a área bruta de concreto da seção transversal e ¾ c é a distribuição de tensão neste material.
¾ s;inf , ys;inf , ¾ s;sup , ys;sup são as tensões e coordenadas das armaduras longitudinais inferior e
superior, respectivamente. A rigor, as integrais no concreto deveriam ser realizadas na área
líquida Ac ¡ As .

4.4 Critério de resistência


O critério de resistência, aplicado à seção da base do pilar, é formulado em termos de
relações entre os esforços solicitantes e os resistentes na forma

jNs j ¡ jNr j · 0 (29)


½
jes j ¡ jer j · 0 se Ns 6= 0
(30)
jMs j ¡ jMr j · 0 se Ns = 0

onde, es = Ms =Ns e er = Mr =Nr são as excentricidades solicitante e resistente, respecti-


vamente. Este critério, proposto por Horowitz (1989), tem sido usado por Sousa Jr. (1992).
Melo (2000) mostrou que no caso de armaduras não simétricas este critério pode em algumas
situações, que não são comuns em colunas, ser inadequado. No caso de armaduras simétricas,
garante-se que o ponto solicitante no espaço M ¡ N está no interior ou no contorno da curva
de interação Mr ¡ Nr .

5. MODELO DE PROGRAMAÇÃO MATEMÁTICA


Seja o pilar descrito no item 2 e mostrado na Fig. 1. As variáveis de projeto, tratadas
como contínuas, utilizadas na descrição do problema de projeto ótimo do pilar são: a altura da
seção transversal h; a largura da seção transversal b; a área da seção transversal da armadura
longitudinal As ; a área da seção transversal da armadura de cisalhamento por unidade de com-
primento Asw=m ; o parâmetro de deformação D que caracteriza as configurações deformadas
resistentes no estado limite último da seção do engaste; e a resistência característica do concreto
à compressão fck . A planilha eletrônica usada na solução do problema permite modificar com
facilidade as variáveis de projeto, excluindo-as ou incluindo-as no problema de programação
matemática.
O problema de dimensionamento ótimo do pilar de concreto armado da Fig. 1 é descrito
pelo modelo, doravante designado formulação D, a seguir: determinar o vetor de variáveis de
projeto x 2 R6 ,
¥ ¦T
x = b; h; As ; Asw=m ; D; fck , (31)

que minimiza a função objetivo


£ ¤
f (x) = Ca L As + Asw=m (b + h ¡ 4c) + Cc bhL + Cf (b + h)2L (32)

sujeito a

(jNs j ¡ jNr j) ®n · 0 (33)


8 µ ¶
< jMs j
jNr j ¡ jMr j ®m · 0, se Ns 6= 0
jNs j (34)
:
(jMs j ¡ jMr j) ®m · 0, se Ns = 0
¿ wd
¡1 ·0 (35)
¿ wu
j±j
¡1·0 (36)
± max
¸
¡1·0 (37)
¸max
As
1¡ ·0 (38)
½min bh
As
¡1·0 (39)
½max bh
Asw=m
1¡ ·0 (40)
Asw=m;min
Asw=m
1¡ ·0 (41)
Asw=m;nec
b
1¡ ·0 (42)
bmin
h
1¡ ·0 (43)
hmin
5 min(h; b)
1¡ ·0 (44)
max(h; b)
fck
1¡ ·0 (45)
fck;min
fck
¡1·0 (46)
fck;max
A função objetivo é o custo dos materiais (concreto e aço) e o custo da forma. A primeira
parcela representa o custo das armaduras longitudinal e transversal, sendo Ca = Cs ° s o custo
do aço por unidade de volume, Cs o custo do aço por unidade de peso, ° s o peso específico do
aço e c o cobrimento da armadura. A segunda parcela representa o custo do concreto, onde Cc é
o seu custo por unidade de volume, definido pela Eq. (22). A última parcela representa o custo
da forma, onde Cf é o seu custo por unidade de área.
A primeira desigualdade da restrição (30) do critério de resistência é reescrita em termos
de momento na forma da primeira desigualdade de (34) e os fatores de escala
1 1
®n = ®m = ,
0
b0 h0 fcd b0 (h0 )2 fcd
0

onde, b0 e h0 são as dimensões da seção transversal e fcd0


é o valor de fcd definidos no projeto
inicial, são usados para adimensionalizar as restrições do critério de resistência (Eqs. (33) e
(34)). A terceira restrição previne contra o esmagamento da biela comprimida e ¿ wd = Vd =(bd)
é a tensão de cisalhamento convencional de cálculo no concreto e ¿ wu = 0; 25fcd · 4; 5 MPa,
como definido pela NB-1 (1978). A quarta restrição limita o deslocamento no topo, avaliado
segundo a Eq. (13), ao valor absoluto ± max , para controlar os efeitos de segunda ordem. Para
restringir a aplicação da formulação a pilares curtos ou medianamente esbeltos, impõe-se a
quinta restrição que limita o coeficiente de esbeltez do pilar ¸ a ¸max = 80. As restrições
seguintes dizem respeito a, respectivamente, taxas mínima e máxima de armadura longitudinal,
armaduras mínima e necessária de cisalhamento, largura e altura mínimas da seção transversal,
relação entre b e h para evitar a formação de parede estrutural, e resistências características
mínima e máxima. A armadura Asw=m;nec é avaliada usando-se a teoria clássica de Mörsch.
Não há necessidade da imposição de limites a D, pois as avaliações de Â0 e "0 para um valor
qualquer de D podem ser feitas, com os devidos ajustes, dentro do primeiro semi-período po-
sitivo descrito no item 4.2. Nas aplicações, quando não explicitado, adotam-se bmin = 20 cm,
hmin = 20 cm, ½min = 0; 5%, ½max = 6; 0%, fck;min = 20 MPa e fck;max = 40 MPa. O limite
mínimo de 20; 0 MPa deve-se à aplicabilidade da relação (22).

6. IMPLEMENTAÇÃO E SOLUÇÃO DO PROBLEMA


A planilha eletrônica ExcelTM da Microsoft dispõe da ferramenta Solver que resolve pro-
blemas de otimização não linear restrita, tal como o aqui apresentado, e é acessada por meio
do menu Tools na planilha. O algoritmo disponível na ferramenta é o do gradiente reduzido
generalizado (Vanderplaats, 1999). A Fig. 4 mostra um detalhe do arranjo do problema em
uma planilha do ExcelTM e a Fig. 5 mostra a caixa de diálogo do Solver onde são indicadas
as células da planilha que contêm a função objetivo (célula de destino), as variáveis de projeto
(células variáveis) e as restrições (submeter às restrições). O tempo máximo de execução, o
número máximo de iterações, os elementos de controle da convergência da função objetivo, o
controle da identificação de restrições ativas e outros parâmetros de controle do algoritmo são
selecionados no botão Opções.

7. APLICAÇÕES NUMÉRICAS
Adotam-se para os custos do aço e da forma os valores médios dos custos publicados na
tabela PINI no período de agosto de 1992 a fevereiro de 1994 (Melo et al., 1995): Cs = 0; 52
$/m3 e Cf = 6; 30 $/m2 . Apesar de avaliados em dólar, convém, na prática, sempre atualizar
estes parâmetros. Os problemas apresentados foram resolvidos usando-se vários projetos ini-
ciais. Nos resultados, apenas a melhor solução para cada exemplo é apresentada.
Figura 4 Detalhe da planilha do ExcelTM :

Figura 5 Janela do Solver.

7.1 Exemplo 1
O objetivo neste exemplo é verificar o comportamento numérico do otimizador da ferra-
menta Solver do ExcelTM por meio da implementação e solução do modelo de Sousa Jr. (1992),
que usou o algoritmo de programação quadrática recursiva de Han-Powell (Han, 1976; Powell,
1978), para um pilar com as seguintes características: b = 0; 60 m, h = 0; 50 m, fck = 18; 0
MPa, ° c = 1; 4, aço CA-50A (fyk = 500; 0 MPa e peso específico 78; 6 kN/m3 ), ° s = 1; 15,
Es = 2; 1£105 MPa, L = 5; 0 m, d0 = 5£10¡2 m, Nd = ¡2300; 0 kN, Fd = 0; 0 e Md = 280; 0
kNm. O pilar é medianamente esbelto (¸ = 69; 28). Neste exemplo, a função objetivo é a área
da seção transversal da armadura longitudinal, que é também variável de projeto juntamente
com "0 e Â0 , e as restrições dizem respeito apenas ao critério de resistência e a limites nas
variáveis de projeto. A armadura transversal não foi considerada no modelo. O resultado da
literatura, mostrado na Tab. 4, foi totalmente reproduzido, o que indica a boa eficiência da
ferramenta usada.
Tabela 4 Projeto inicial e soluções dos Exemplos 1, 2 e 3.

Grandezas Projeto Solução Solução Solução Solução Solução


Inicial Sousa Jr. Ex. 1 Ex. 2a Ex. 2b Ex. 3
As (10¡4 m2 )? y 60; 00 43; 42 43; 42 48; 36 30; 36 38; 39
"0 (10¡3 )? ¡0; 600 ¡0; 695 ¡0; 695 ¡0; 938 ¡0; 404 ¡1; 007
Â0 (10¡3 m¡1 )? 4; 890 6; 876 6; 876 10; 250 12; 380 9; 971
Dy 0; 7937 ¡ ¡ 0; 8292 0; 79365 0; 8338
Custo ($) 339; 70 305; 81 305; 81 315; 92 286; 96 295; 53
± (10¡2 m)z 12; 54 6; 97 6; 97 10; 38 12; 54 10; 10
¤ Variável de projeto na formulação de Sousa Jr. (1992).
y Variável de projeto na formulação D.
z Avaliado de acordo com o método do pilar padrão - Eq. (13).

7.2 Exemplo 2
O Exemplo 1 é agora resolvido usando a formulação aqui proposta. Portanto, a configu-
ração deformada é definida pelo parâmetro D e as variáveis de projeto são As e D. A função
objetivo, embora definida como o custo, é efetivamente igual à área da armadura longitudinal.
As restrições incluídas no modelo são as do critério de resistência, do deslocamento no topo
e dos limites na armadura longitudinal. A restrição de deslocamento é relaxada fazendo-se
±max = 1; 0 m. A única restrição violada no projeto inicial é a das forças normais (Eq. (33)).
Esta formulação difere da anterior por conduzir obrigatoriamente a uma solução que correspon-
de a uma configuração deformada última do diagrama da Fig. 3. A solução está indicada na
Tab. 4.como “Ex. 2a”. Usando a solução de Sousa Jr. (1992) como referência, a armadura
ótima A?s obtida é 11; 4 % superior e o custo, como indica a Tab. 6, apenas 3; 3 %.
Para satisfazer a restrição relativa às excentricidades, é necessário, conforme mostra a Fig.
6 para As = A?s , reduzir D para tornar o módulo de er maior que o de es , aumentando-se,
assim, a curvatura da base. No modelo de Sousa Jr. (1992), por desacoplar Â0 e "0 , o espaço
de projeto é maior que o da formulação D e permite-se modificar a deformação normal do
eixo centróide independentemente e, portanto, não sacrifica tanto a curvatura. Dificilmente as
soluções corresponderão a configurações deformadas últimas e o modo de ruptura da seção será
idenficado.
Este problema é resolvido inserindo-se o fck no conjunto das variáveis de projeto. O resul-
tado é mostrado na coluna “Ex. 2b” da Tab. 4. A exibilização do espaço de projeto possibilita
a obtenção de soluções melhores com um aumento do fck .

7.3 Exemplo 3
No Exemplo 2, parece existir uma incoerência, pois a solução com curvatura última apre-
senta uma área de armadura superior à solução com curvatura qualquer. Ainda mais, a solução
de Sousa Jr. (1992) apresenta uma reserva de segurança, pois, no espaço M ¡ N , ela está
no interior da curva de interação Mr ¡ Nr . Neste exemplo, fixa-se o par solicitante (Ms ; Ns )
igual ao da solução ótima obtida por Sousa Jr. (1992) e aplica-se a formulação D. O objetivo
é explorar a referida reserva de segurança. A rigor, as modificações no parâmetro D induzem
mudanças em ± e, conseqüentemente, Ms não permaneceria constante. De certo modo, este é
o processo de projeto convencional, onde a excentricidade de segunda ordem e2 é estimada e a
seção crítica é dimensionada sem posterior atualização de e2 .
A solução ótima é mostrada na Tab. 4. Usando Sousa Jr. (1992) como referência, a ar-
4
3
2
1
0,25 0,50 0,75 1,00
0
-1 D

-2
-3
-4
-5
er (m)
-6 es (m)
-7

Figura 6 Exemplo 2: excentricidade resistente £ excentricidade solicitante.

madura é 11; 6 % menor. A flecha final é maior que a fixada (6; 97£10¡2 m). As deficiências do
emprego do pilar padrão na formulação de projeto ótimo serão exploradas no exemplo seguinte.

7.4 Exemplo 4
A formulação D proposta neste trabalho é aplicada na íntegra ao pilar do Exemplo 2.
Estabelecem-se fck;min = 0 e ±max = 1; 00 m para ampliar o espaço de projeto e o domínio
viável, respectivamente. A única restrição violada no projeto inicial é a relativa às forças nor-
mais. A Tab. 5 mostra o projeto inicial e as soluções designadas por 4a e 4b. Na primeira,
tem-se fck;max = 40 MPa e, para liberar a correspondente restrição que ca ativa, na segunda
faz-se fck;max = 60 MPa. Nos dois casos, as demais restrições ativas no projeto ótimo são as
do critério de resistência, as de armaduras mínimas longitudinal e transversal, largura mínima
e fck máximo. O aumento do fck mostra a existência de soluções ótimas no campo do concreto
de alta resistência.
Para comparação, a Tab. 6 mostra os custos obtidos sem a parcela da armadura transversal
em todos os exemplos. Usando como referência a solução do Exemplo 1, que é igual à de Sousa
Jr. (1992), consegue-se, com o emprego da formulação D na íntegra, uma redução do custo de
cerca de 44 %.
Soluções idênticas foram obtidas fazendo ± max igual à excentricidade de segunda ordem
e2 , avaliada segundo a NB-1 (1978). Apesar de a norma aplicar uma correção que é função
de º = Nd =(bhfcd ), a curvatura adotada sugere, dentro da losoa do método do pilar padrão,
valores de e2 a favor da segurança. As curvaturas nas soluções nais têm sido menores e a
restrição da echa tem estado sempre satisfeita com folga.
No exemplo 4a, reduziu-se continuamente ± max e avaliou-se o comportamento da solução
ótima. O uso do método do pilar padrão, no qual a flecha do topo só depende da curvatura
Tabela 5 Exemplo 4: projetos inicial e final.

Variáveis Projeto Inicial Projeto Final 4a Projeto Final 4b


b (10 m)
¡2
60; 00 20; 00 20; 00
h (10¡2 m) 50; 00 78; 00 76; 00
As (10 m )
¡4 2
60; 00 7; 76 7; 65
Asw=m (10 m /m)
¡4 2
8; 40 2; 80 2; 80
D 0; 7937 0; 8329 0; 8301
fck (MPa) 18; 00 40; 00 41; 43
f(x) ($) 356; 87 177; 11 176; 99

Tabela 6 Custos dos materiais (concreto e aço) e da forma obtidos.

Ex. 1 Ex. 2a Ex. 2b Ex. 3 Ex. 4a Ex. 4b


Custo ($)
y
305; 81 315; 92 286; 96 295; 53 172; 10 172; 05
Variação (%)z 0; 0 3; 3 ¡6; 2 ¡3; 4 ¡43; 7 ¡43; 7
y
o custo das armaduras transversais não está incluso.
z Variação = (Custo - Custo Ex. 1)/ Custo Ex. 1; Obs.: Custo Ex. 1 = Custo Sousa Jr.

da base e ignora a influência da armadura longitudinal e das dimensões da seção, gera um


conflito entre as restrições de flecha e da resistência. A primeira requer curvaturas menores
para satisfazer a exigência de deslocamento. A segunda requer curvaturas maiores para tornar
o módulo de er maior que o de es , corforme indicado na Fig. 6 para Exemplo 2. A curvatura
Â0 depende de D e h. Nos domínios 4, 4a e 5, a curvatura é mais sensível a mudanças em D
(Monteiro, 2001), então a satisfação da restrição da flecha é conseguida, obrigatoriamente, com
a redução da curvatura por meio, principalmente, do aumento de D. Este procedimento dificulta
a satisfação da restrição de resistência. A única saída passa a ser a redução do fck conforme se
vê na Fig. 7.

8. CONCLUSÕES
Uma formulação para projeto ótimo de pilares de concreto armado com extremidades en-
gastada e livre que considera como variáveis de projeto a resistência característica do concreto à
compressão, as áreas das armaduras longitudinal e transversal, as dimensões da seção transver-
sal e um parâmetro que define a configuração deformada resistente última da seção do engaste,
é apresentada. A presença de fck e D tornam esta formulação diferente das encontradas na
literatura. A função objetivo é o custo dos materiais, concreto e aço, e da forma. As restrições
dizem respeito à resistência, à flecha no topo do pilar e a exigências de norma . As não lineari-
dades geométrica e física são tratadas de forma simplificada. A primeira por meio do método
do pilar padrão e a segunda pelo emprego de diagramas não lineares para os materiais.
O problema de programação matemática restrito e não linear é resolvido usando-se a fer-
ramenta Solver da planilha ExcelTM da Microsoft que emprega o método do gradiente reduzido
generalizado. A eficiência do sistema foi avaliada por meio da reprodução exata dos resultados
de um exemplo da literatura (Exemplo 1).
Uma formulação com apenas As e D como variáveis de projeto, cuja função objetivo reduz-
se à área da seção transversal da armadura longitudinal, é utilizada no Exemplo 2 com o objetivo
de estudar o comportamento do parâmetro D na definição das configurações deformadas da
seção do engaste. Os resultados são comparados com os obtidos por Sousa Jr. (1992) que
2,5

fck/fck0
1,5
h/h0
D/D0
1 f(x)/f(x )
0

Asw/m/Asw/m0
0,5 b/b0
As/As0

0
0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
Deslocamento máximo do topo do pilar (m)

Figura 7 Exemplo 4: comportamento das soluções ótimas para diversos ± max .

emprega dois parâmetros para esta mesma definição. A necessidade de reduzir D para satisfazer
o critério de resistência resulta em curvaturas e armaduras maiores nas soluções do modelo
proposto. Na formulação de Sousa Jr. (1992) o desacoplamento de Â0 e "0 proporciona maior
liberdade ao otimizador e soluções são obtidas sem a necessidade de aumentar tanto a curvatura.
Entretanto, dificilmente estas soluções corresponderão a configurações deformadas últimas e o
modo de ruptura da seção será idenficado.
Tal como ocorreu no Exemplo 2, onde o modelo de Sousa Jr. (1992) apresenta um espaço
de projeto maior que o da formulação D, no Exemplo 4, onde esta é aplicada na íntegra, o es-
¥ ¦T
paço mais amplo definido por x = b; h; As ; Asw=m ; D; fck possibilita a obtenção de soluções
melhores.
As deficiências do uso do pilar padrão são evidenciadas quando se reduz ± max gradativa-
mente. O conflito entre as restrições da flecha e da resistência, originado pelo fato do deslo-
camento do topo do pilar só depender da curvatura da base, gera soluções com resistências à
compressão cada vez menores e, até, impraticáveis. Isto enfatiza a necessidade de se considerar
a influência da armadura e da geometria da seção no cálculo do deslocamento no topo do pilar.
Por m, nas aplicações observa-se que: a complexidade numérica do espaço de projeto é
evidente, o que torna necessário a execução da otimização a partir de vários projetos iniciais;
os resultados acenam para soluções ótimas no campo do concreto de alta resistência. Fato que
deve se tornar mais acentuado se for levada em conta a durabilidade da estrutura; a credibilidade
dos resultados depende fortemente da conabilidade na relação custo-resistência utilizada; as
soluções são guiadas pelas relações entre os custos dos materiais, i.e., os projetos reetem a
realidade dos custos de mercado dos materiais; e um modelo mais adequado será conseguido
com uma avaliação mais criteriosa do deslocamento no topo.
Agradecimentos

O segundo autor gostaria de agradecer o apoio financeiro recebido pelo programa PIBIC /
CNPq do governo brasileiro.

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