Você está na página 1de 5

Unidade Curricular: Áreas etnográficas: Ásia

(Índia/China/Timor-Leste)

A história do subcontinente indiano e pluralidade religiosa


1º Elemento da Avaliação

Igor Manuel Botelho Teixeira


Nº22987
Os surgimentos de quase todas as grandes civilizações surgiram perto de um
grande rio, no qual dava terras férteis e muitos recursos naturais e minerais, civilizações
como a Egípcia que tinha o rio nilo, os Sumérios com os rios Eufrates e Tigre, Rio
Amarelo apareceram os primeiros povoados chineses e o rio Indo que surgiram o primeiro
complexo urbano, surgiram as civilizações do vale do Indo.

A Civilização do Vale do Indo apesar de ser na sua maioria urbanizada, cidades


como Harapa e Mohenjodaru com uma economia de subsistência e um sistema de escrita,
foi considerada “misteriosa” por esta não se encontrar indecifrável. Esta civilização
estendeu-se do Afeganistão até ao Gujarat, eles tinham o culto da Deusa-Mãe pois
concebiam o sagrado no feminino, na fertilidade e proteção.

A invasão dos indo-europeus ao subcontinente indiano marca o início do período


védico. Ao contrário dos dravidianos (povo com ancestralidade da civilização do vale do
Indo) os arianos tinham uma grande tradição de guerra, dividendo a India por brancos
arianos a norte e negros dravidianos a sul. Um dos motivos de não ter havido muita
resposta contra esta invasão foi a iminente decadência dos dravidianos, devido à mudança
do curso dos rios que daria ao declínio do urbanismo dravidianos, facilitando aos
invasores conquistarem o território, porém, dizem os especialistas que só não houve uma
dominação total do subcontinente graças a selva pantanosa a sul de Ganges. A civilização
védica venerava o sagrado no masculino, designados por devas, o que era contrário aos
dravidianos, criaram o conceito de Karma, que ditava quem nós fomos e somos por
consequência das nossas ações passadas à criação do sistema de castas, o que é bastante
parecido com o sistema hierárquico feudal europeu. Temos os brâmanes estavam no topo
da pirâmide de castas no qual tinham uma função mais religiosa, os ksatriyas governantes
e guerreiros, os Vaishyas comerciantes, os Shundra camponeses e operários e por fim,
uma outra divisão social que não fazia parte da casta, os intocáveis aqueles que fazem os
piores trabalhos e não tem quaisquer direitos, com os védicos dedicaram-se a escrever os
seus contos sobre os seus deuses em textos chamados Vedas, estes que foram a base para
a religião viva mais antiga do mundo, o Hinduísmo.

Para os hindus tudo é sagrado, inclusive os seus rios, para eles a vida em si é
como água que corre, onde cada gota assim como cada atman (alma individual) junta-se
a inúmeras outras nesse longo caminho até acabar por desaguar. Assim chegamos ao
nirvana, momento em que a alma do individual se junta à universal designada de
Brahman, todos têm um destino definido. Mandir é a definição de templos hindus no culto
que se presta culto aos deuses. Temos três tipos de templos; shaktistas, dedicados a Shakti
uma das deusas virgens e guerreiras; templos shivaítas dedicados a shiva e outros
dedicados a Vishnu e às suas duas encarnações Rama e Krishna. Diz-se no panteão hindu,
destacam-se os três deuses: Brahma, com a sua consorte sendo Saraswati, o deus criador
reencarnação de Brahman; Vishnu o deus protetor e a sua respetiva consorte Lakshmi e
Shiva o deus da destruição e da regeneração e a sua consorte Parvati.

No seculo VI a.C, Siddhartha Gautama (mais tarde viria ser chamada de Buda),
era um príncipe de um pequeno reino, no qual o seu pai o escondia do seu povo dando-
lhe a luxuria e tudo o que podia oferecer. Acontece que um Dia Siddhartha se cansou da
sua vida luxuosa e partiu para conhecer o seu povo. Ao ver a miséria e do quanto fora da
realidade que ele estava e fugiu de casa de isolou-se da civilização para meditar sobre o
sofrimento das pessoas. Assim, surgiu o budismo.

O crescimento do Budismo sucedeu-se numa altura em que sofria de invasões


estrangeiras. Primeiro foram os persas de Ciro, o Grande, depois foi a ameaça do império
de Alexandre o Grande, Chandragupta conseguiu expulsar os estrangeiros e criar o
império Máuria e protagonizar a epóca de ouro, mas foi o seu filho Asoka que converteu-
se ao budismo no seculo II a.C.. Uma vez traumatizado com o caos feito por ele ao
conquistar o reino de Kalinga, após o seu magnifico reinado, o reino fragmenta-se em
pequenos reinos no qual o soberano se denominava de Marajá, que significa o grande rei
ou rei maior.

O Jainismo é uma palavra vinda do Sânscrito uma vertente religiosa que surgiu na
índia e que apareceu no seculo VII d.C.. Em comparação com o budismo, o seu líder
Nahavira renunciou a luxuria da vida de um príncipe e ele conseguiu atingir o iluminismo.
No jainismo não se reconhece nenhuma divindade, colocando a responsabilidade nas
ações e na conduta do indivíduo, mesmo tendo inspiração do Vedismo.

A partir do Século VII, os muçulmanos chegaram à índia e começaram a espalhar


a sua religião. Foi a partir seculo XIII que os povos turcos invadiram a Índia e criaram o
Sultanato de Deli (1206-1526). Este sultanato fez nascer um período chamado de
Renascimento cultural indiano, no qual houve uma fusão das culturas indo-muçulmanas.
Também se julga que foi daí que surgiu, na região do atual Paquistão, a Língua Urda e da
expansão do sufismo foi uma vertente dos Xiitas que recusavam a ortodoxia.
No século XVI, sucedeu-se a substituição para um novo império chamado Mogol
(1526-1707) que teve três fases: a tártara, a turca e a persa. Foi uma época de tolerância
religiosa e mantiveram a sua religião pré-islâmica no qual deu origem aos Sikhs criada
pelo Guru Nanak no Punjab, que conservavam quer elementos do hinduísmo, quer do
islamismo com a intenção de haver mais respeito entre as duas crenças, “graças ao seu
amor igual por todos e à sua simpatia real pelas duas religiões” (Kapani 1977:418). Após
queda Mogol ouve uma divisão da índia por diversos estados, o maior deles era o Maratha
(1674-1818) que professava o Hinduísmo.

Em 1601, surge na índia a Companhia das Índias Orientais de subjugada ao


Reinado de Elisabete da Inglaterra com o fim de estabelecer comércio com o
subcontinente e com o objetivo de fragilizar o comércio das outras potencias europeias já
estabelecidas, como a Portuguesa, holandesa, ou a Francesa. Com a morte do Maharaja
Aurangzeb do império Mogol, os ingleses aproveitaram o momento para apoderarem-se
dos territórios do império, que conseguiu reter algum do domínio económico, levando
assim os ingleses a levarem a companhia como a jóia da coroa britânica (The Jewel in
The Crown).

O domínio inglês só acaba 15 de agosto 1947, devido as convergências


muçulmanas e hinduísta, o subcontinente divide-se em dois: a União Indiana e a
Républica Islâmica do Paquistão.

Algo muito interessante ao acompanhar a leitura do livro “Secularismo Pan-


Indiano VS. Fundamentalismo Hindu” do Professor Pedro Matias, reparei que muitos dos
nomes dos autores no qual fez referência são de origem inglesa ou estrangeira, com a
curiosidade acrescida procurei por outros autores e é interessante que só recentemente é
que alguns indianos e paquistaneses começaram a fazer parte do círculo académico em
volta da história da India. Eu pergunto-me de o porquê dos indianos nunca terem tido
interesse em querer relatar a sua história, a sua nação, que é tão imensamente rica em
cultura e momentos históricos antes!
Referências:
Chandragupta Maurya. (4 de Fevereiro de 2019). Obtido de Anciente History
Encycopledia: https://www.ancient.eu/Chandragupta_Maurya/

Moutinho, W. T. (s.d.). Geografia da Índia. Obtido de Cola da Web:


https://www.coladaweb.com/geografia/paises/india

Santos, Pedro Matias (2015) Secularismo Pan-Indiano VS. Fundamentalismo Hindu,


Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

Você também pode gostar