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Caso clínico (adulto)

Identificação:

E.R. , 24 anos, chegou a terapia encaminhada pelo psiquiatra. Até a presente data, vinha
se queixando de irritabilidade, falta de paciência, tremores, falta de ar, tensão muscular
e formigamentos (parestesias) no corpo. Nunca havia feio psicoterapia ou sido medicada
com psicotrópicos. Relata que buscou ambas as terapêuticas por necessidade, pois a
ansiedade havia chegado a um ponto que lhe deixava “fora de controle”.

História de vida:

E.R. reside com a mãe na zona urbana de uma pequena cidade do interior da
Paraíba. O irmão é casado e tem dois filhos, sobrinhos que ela tem muito apreço. O pai
mora na zona rural e após o divórcio com sua mãe, ainda na sua adolescência,
reconstituiu família e se distanciou dela e do irmão, razão pela qual a paciente conta não
se dar muito bem com ele.

Relata bom relacionamento com o irmão, a quem sempre encontrou apoio,


apesar das idades distintas. Os pais de E.R. traziam características singulares: a mãe era
acessível para ajudar no que necessário (estudo, tarefas de casa, ajuda financeira, etc),
mas emocionalmente distante e fechada para conversa. Seu pai, descrito por ela como
um homem trabalhador e esforçado, distanciou-se abruptamente. Com ele, não havia
diálogo. A paciente lembra que a sua casa não era um lugar de expressão emocional:
“muitas vezes eu percebia minha mãe chorando, mas ela disfarçava, dizia que era um
cisco, que era engano meu... As vezes era eu que ia dormir e chorava baixinho para que
não me ouvissem. Muitas vezes repeti para mim mesma: não quero ficar triste”. Com o
passar do tempo, isso virou quase um mantra: “não devo ficar triste (ou ansiosa, irritada,
etc)”.

Enquanto seus pais eram casados, E.R. morou e estudou todo o ensino
fundamental na zona rural, infância que ela relata ter sido feliz. Já o ensino médio,
cursou em Campina Grande: ia e vinha todos os dias num carro alternativo. Relata que
sempre se esforçou muito nos estudos, inclusive passou em um concurso público ainda
no final da graduação de química industrial. Diz que se ela tivesse estabilidade
financeira, as pessoas a aceitaram e não iriam lhe humilhar e que ela deveria ser muito
boa em tudo que
se propusesse a fazer. Errar para ela é terrível e suportado com muita dificuldade. Da
mesma forma, acredita que demostrar emoções é fraqueza e perda de tempo.

Sempre se preocupou com o futuro, em corresponder as expectativas das outras


pessoas e com o julgamento que os outros faziam dela que, ao seu ver, era sempre
rígido. Os outros eram prepotentes e individualistas. Acreditava sempre estar aquém de
todos. Por isso, esforçava-se ao máximo para não cometer erros, evitava expressar a
opinião dela e negar ajuda ao outro, ainda que o pedido fosse explicitamente injusto e
explorador.

E.R. diz que desde que se lembra foi uma pessoa preocupada, mas que após a
traição do namorado as preocupações tinham se tornado incontroláveis. As
preocupações aumentaram ainda mais quando começou a trabalhar e ter que lidar com
cobranças de todos os lados. Na mesma época, foi convidada para coordenar um grupo
de EJC (Encontro de Jovens com Cristo da Igreja Católica da sua paróquia), pois o
padre e a coordenação geral viram que ela era muito dedicada a missão evangelizadora.
Apesar de demostrar confiança, a paciente afirma que em tudo que vai fazer imagina
não ser capaz e que não conseguirá dar conta. Quando pensa nisso, sente todos aqueles
sintomas que a levaram a psiquiatra.

Para demostrar a força das suas preocupações, a paciente relatou que certo dia
chegou do trabalho na sexta-feira, deitou-se no sofá e ficou pensando uma série de
coisas: “segunda-feira preciso solicitar os pedidos ao pessoal do almoxarifado, se eu
me esquecer, vão me chamar de irresponsável; será que eu vou me divertir na
viagem de carnaval? E se eu não me divertir? O aniversário do meu sobrinho está
chegando, não vai dar tempo de comprar o presente!”. De tanto pensar, ficava exausta,
tinha dificuldade de se concentrar e dormir, fora o seu corpo que parecia não entrar em
estado de relaxamento.
Mesmo com tantos custos, E.R. acreditava que se preocupar a ajudava a
controlar a incerteza e evitar que o pior acontecesse. Queria voltar ao normal em que ela
se sentia ansiosa, mas conseguia controlar. Na família materna, havia uma tia mau
humorada e de difícil relacionamento, além de seus avós serem descritos por ela como
muito “agoniados”. Apesar disso, nenhum chegaram a tão longe como ela.

E.R. estava insegura, mas motivada para a terapia. O pilates, a pintura em papel
ofício e os treinos de respiração ensinados pela psiquiatra estava ajudando. A paciente
também contava com uma boa rede de amigos e frequentava uma comunidade religiosa.
Se descrevia como forte, inteligente e divertida. Planeja trabalhar na sua área de
graduação, mas é algo que ainda precisa amadurecer.

Avaliação:
A paciente foi indicada pelo psiquiatra. Se queixa de fatores fisiológicos associados a
ansiedades e nunca tinha procurado assistência para saúde mental. Sua motivação era se
sentir “falta de controle”. Diagnóstico de ansiedade.
Dados relevantes da infância; os pais após se separar, na sua adolescência, formou-se
outra família e recantiou eles. Não mantendo boa relação com o pai. Pelo o lado da mãe
queixa de apoio emocional. Morou na zona rural pelo tempo que os pais eram casados e
se sentia feliz, quando veio para a cidade depois da separação esse sentimento mudou. -
relata Família ( tia e avós) com traços de ansiedade também.
-Situação
“Já o ensino médio, cursou
em Campina Grande: ia e vinha todos os dias num carro alternativo.”
Desencadeou a crença intermediária;
“se ela tivesse estabilidade financeira, as
pessoas a aceitaram e não iriam lhe humilhar e que ela deveria ser muito boa em tudo que
se propusesse a fazer.”
Significado para ela;
“Errar para ela é terrível e suportado com muita dificuldade. Da
mesma forma, acredita que demostrar emoções é fraqueza e perda de tempo.”
Resposta emocional;
Se preocupar com o futuro, como medo de suprir as expectativas dos outros ( que ao seu
ver eram rígidos, prepotentes e individualista isso desencadea a crença central que tem do
país e principalmente do pai em si)
Resposta comportamental;
“esforçava-se ao máximo para não cometer erros, evitava expressar a opinião dela
e negar ajuda ao outro, ainda que o pedido fosse explicitamente injusto e explorador.”
( isso é esquiva e compensação do esquema)
Situação;
“após a
traição do namorado as preocupações tinham se tornado incontroláveis.”
“Quando começou a trabalhar” “ chamada para o EJC”
Pensamento automático:
“Não vou conseguir lidar com todas cobranças”
“não ser capaz
e que não conseguirá dar conta.”
Emoção; ansiedade, tensão e tristeza.
Comportamento: ir para o psiquiatra.
Situação;
chegou do trabalho na sexta-feira, deitou-se no sofá e ficou pensando uma série de
coisas:
“segunda-feira preciso solicitar os pedidos ao pessoal do almoxarifado, se eu me
esquecer, vão me chamar de irresponsável; será que eu vou me divertir na viagem de
carnaval? E se eu não me divertir? O aniversário do meu sobrinho está chegando, não vai
dar tempo de comprar o presente!”. ( pensamento automático)
Resposta emocional ; se sentir cansada
Resposta comportamental/fisiológico ; dificuldade de dormir e se concentra, não
conseguindo entra em estado de relaxamento.
Estratégia compensatória:
“se preocupar a ajudava a controlar
a incerteza e evitar que o pior acontecesse.”
Vontade de voltar para a manutenção do esquema:
“Queria voltar ao normal em que ela se sentia
ansiosa, mas conseguia controlar.”
- se sentia insegura, porém com motivação para a terapia. Estava procurando outros
meios para modificar esses pensamentos disfuncionais, “O pilates, a pintura em papel
ofício e os treinos de respiração ensinados pela psiquiatra estava ajudando.”
Começou a contar com os amigos e igreja, começou a se denominar de forte, inteligente e
divertida. Começou também a ter expectativas para o futuro

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