Grande parte dos acessantes que buscam atendimento na atenção
primária à saúde, traz questões que não são estritamente clínicas. Por isso, mostra-se enquanto um grande equívoco buscar em todos os atendimentos um diagnóstico médico definitivo. Alocar aquele sofrimento apresentado em algum espectro predefinido, para somente então iniciar o cuidado. A patologização de um sofrimento e a definição dos quadros clínicos em termos estritamente biomédicos podem fazer com que muitos quadros sejam rotulados de maneira inadequada, e muitas vezes, estigmatizado. Nesse sentido, compreender a pessoa e o sofrimento que ela apresenta é tarefa desafiadora para uma atenção básica hegemonicamente biomédica, onde a negociação com o acessante, um diagnóstico preciso e contextualizado, é bastante negligenciado na prática clínica. Contrariando as práticas cotidianas, o entendimento e a valorização do paciente, bem como os aspectos subjetivos do seu sofrimento (sejam de competência cultural, antropologia e social) e o compartilhamento do poder nos processos de cuidado, são aspectos mais destacados na busca de uma prática centrada na pessoa. Desta forma, a relação de proximidade entre a equipe de profissionais e a pessoa em sofrimento e deve ser direcionada para o cuidar, demandando o envolvimento na ação numa modalidade de compreensão interpessoal, sustentada por uma metodologia de escuta, de abertura e negociação com o acessante e sua família nos procedimentos de cuidados. Essa abordagem, se mostra muito eficaz pela via instrumental do Projeto Terapêutico Singular. As duas abordagens apresentam uma diferenciação basilar, centrada na distinção entre curar e cuidar. O assistente social na sua intervenção profissional faz uso de um conjunto de competências pensado e ajustado à correta identificação e satisfação da classe trabalhadora (nesta perspectiva, as necessidades dos acessantes).Sendo algo que permita motivar o acessante, envolvê-lo numa relação de confiança e ampliar os seus compromissos na relação de cuidado. A abordagem do assistente social (não apenas na saúde mental) deve incidir sobre a subjetividade da pessoa, buscando promover a sua autonomia, para que estas sejam capazes de enfrentar as exigências associadas à vida em sociedade. A abordagem centrada na pessoa, que caracteriza a relação de cuidado, permite uma prestação de cuidados onde pratica profissional recaia na compreensão da pessoa em sofrimento encarando-a como um todo, considerando seus interesses e desejos, na apreensão da dimensão da sua dor e do seu sofrimento, não limitando-se à a noção da pessoa apenas enquanto portadora de uma patologia.