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Radioatividade.

Podemos definir como sendo a atividade que certos átomos possuem de emitir radiações
eletromagnéticas e partículas de seus núcleos instáveis com o objetivo de adquirir
estabilidade.
A emissão de partículas faz com que o átomo radioativo se transforme num átomo de
outro elemento químico diferente.
- Histórico
O final do século XIX e o início do século XX foram muito produtivos no que diz res-
peito às descobertas que envolveram a estrutura atômica.
Podemos dizer que tudo começou em 1875 quando Willian Crookes realizou um experi
mento
(ampola de Crookes) onde aplicava descargas elétricas de alta voltagem em gases so
b
pressões muito baixas, e então constatou fenômenos bastante diferentes.
Havia nesta ampola dois pólos, o negativo (catodo) e o positivo (anodo) e que in
de-
pendentemente do gás experimentado, verificou-se que saiam ''raios'' do catodo em
dire-
ção ao anodo e formava-se uma mancha luminosa. A esses ''raios'' foram chamados catódi
-
cos.
[IMAGEM]
Em outro momento, Crookes submeteu os ''raios catódicos'' a um campo magnético e v
e-
rificou que sempre desviavam no mesmo sentido e que o desvio indicava que esses
''raios''
eram de natureza elétrica negativa. Imaginou-se então que os ''raios catódicos'' eram
formados por pequenas partículas elétricas negativas e, como isso acontecia com qual
-
quer gás, concluiu que todos os gases deviam conter pequenas partículas elétricas nega
-
tivas, as quais foram chamadas elétrons.
Em 1895, o físico alemão Wilhelm Konrad Roentgen introduziu modificações na ampola de
Crookes e conseguiu perceber que os ''raios catódicos'', ao se chocarem com vidros
ou
com metais, produziam um novo tipo de rafiação. Estudos posteriores permitiram concl
uir
que essas radiações não apresentam nem massa nem carga elétrica. Elas foram denominadas
raios X e atualmente são utilizadas no diagnóstico de fraturas ósseas e de várias outras
ocorrências médicas.
[IMAGEM]- essa radiografia, colorida em computador mostra a região em que ocorreu
a fra-
tura (destaque alaranjado).
Em 1896, o físico francês Antonie-Henri Becquerel percebeu que um sal de urânio (o s
ul-
fato duplo de potássio e uranila: K2(UO2)(SO4)2) era capaz de sensibilizar o negat
ivo de
um filme fotográfico, recoberto por papel preto, ou ainda uma fina lâmina de metal.
As
radiações emitidas pelo material apresentavam propriedade semelhante à dos raios X, qu
e
foi denominada radioatividade.
Ainda no mesmo ano, Becquerel percebeu que os raios de urânio ionizavam gases, i
sto é,
provocavam neles o aparecimento de íons, tronando-os condutores de corrente elétrica
.
Anos mais tarde, o alemão Hans Geiger utilizaria essa propriedade para criar o fam
oso con-
tador Geiger. O contador Geiger seria um dispositivo que conta o número de emissões
radio-
ativas e serve para medir a radioatividade das pessoas.
Um exemplo do uso do contador de Geiger foi aqui no Brasil, especificamente em
Goiânia-
GO em 1987 após acidente com césio-137 e que foi de extrema importância para medir os
ní-
veis de radioatividade naquela época.
No ano de 1897, a polonesa Marie Sklodowska Currie passou a se interessar pelo
fenômeno
descoberto por Becquerel. Em abril de 1898 ela verificou que todos os sais de urân
io apre-
sentavam a propriedade de impressionar chapas fotográficas e foi concluído que o res
ponsá-
vel pelas emissões era o próprio urânio. Além do Urânio, ela pôde verificar que outro ele-
mento, o Thório também emitia os misteriosos raios. Começou então a suspeitar da existênci
a
de elementos radioativos desconhecidos. Em julho do mesmo ano com ajuda do marid
o, físico
francês de renome chamado Pierre Currie, descobriu um novo elemento que chamou de
polônio.
Alguns meses depois descobriram um elemento ainda mais radioativo, ao qual deram
o nome de
rádio.
Ainda no ano de 1898, Ernest Rutherford utilizou uma tela fluorescente para de
tectar as
radiações provenientes de um material radioativo. Com o auxílio de placas metálicas elet
ri-
camente carregadas descobriu que havia dois tipos de radiação, que chamou de alfa e
beta.
A radiação alfa, segundo ele, deveria ser formada por partículas de carga positiva,
uma
vez que seu feixe é atraído pela placa negativa. Já a radiação beta deveria ser formada po
r
partículas negativas, pois seu feixe é atraído pela placa positiva.
[IMAGEM]
Em 1900, Paul Villard, na frança, descobriu uma outra forma de radioatividade qu
e não a-
presenta carga elétrica, chamada radiação gama. Neste mesmo ano, Becquerel descobriu q
ue as
partículas beta são, na verdade, elétrons com alta velocidade.
- Algumas aplicações da radioatividade
* Método de datação pelo carbono-14
Método utilizado para examinar múmias, fósseis, ossos, pergaminhos e outros achados
arque-
ológicos compostos por restos de antigos seres vivos. Os cientistas medem os teore
s de car-
bono-14 e fazem uma comparação a nível de concentração deste radioisótopo, o que permite sa
ber quanto tempo se passou, daí a descoberta da idade destes avaliados.
* Radioterapia do câncer
Utilizado na medicina como tratamento do câncer. A incidência de radiação sobre um tec
ido
humano pode induzir o aparecimento de células cancerosas, mas uma dose controlada
faz com
que as células fracas (tumor) sejam eliminadas. Neste tipo de tratamento são usados
os raios
gama provenientes da desintegração de cobalto-60 (artificialmente produzido) ou césio-
137
(isolado do lixo nuclear de reatores).
* Esterilização de alimentos
Uma importante aplicação da radioatividade está na conservação de alimentos. Irradiar al
i-
mentos com raios gama permite matar microrganismos que aceleram o apodrecimento.
* Estudar o mecanismo de reações químicas e bioquímicas
A manipulação de amostra de material radioativo para uso em diagnósticos médicos. A ra
dio-
atividade possui inúmeras aplicações pacíficas que contribuem para o bem-estar da humani
dade.
* Detecção de vazamentos em tubulações
O uso da radioatividade pode ser feito para verificar a presença de rachaduras o
u imperfei-
ções em tubos para encanamentos industriais.
- Efeitos biológicos e fisiológicos da radioatividade
As partículas alfa e beta e os raios gama possuem a propriedade de ionizar as mo
léculas que
encontram em seu caminho, isto é, arrancar elétrons delas, originando íons.
Ao atravessar tecidos biológicos, as partículas alfa e beta e os raios gama provoc
am a io-
nização de moléculas existentes nas células. Essa ionização pode conduzir a reações química
anormais e à destruição da célula ou alteração das suas funções. Isso é particularmente pre
cupante no caso de lesões no material genético, o que pode causar uma reprodução celular
des-
controlada, provocando câncer.
Alterações do material genético das células reprodutivas (espermatozóide e óvulo) podem c
u-
sar doenças hereditárias nos filhos que o indivíduo possa vir a gerar. Os raios gama são
geral-
mente os mais perigosos, em virtude de seu elevado poder de penetração.
Tomemos como exemplos os citados abaixo:
a) Danos cerebrais podem causar delírio, convulsões e morte.
b) Danos aos olhos podem provocar catarata.
c) Lesões à boca podem incluir úlceras bucais.
d) Estômago e intestino, quando lesados, provocam náuseas e vômitos. Infecções intestinais
po-
dem levar à morte.
e) Danos à criança em gestação podem incluir ratardo mental, particularmente se a exposição
radiação ocorrer no início da gravidez.
f) Danos aos ovários ou testículos provocam esterilidade ou afetam os filhos que o i
ndivíduo
possa gerar.
g) Lesões na medula óssea podem provocar hemorragias ou comprometer o sistema imunitár
io
h) Ruptura dos vasos sanguíneos leva à formação de hematomas
Apesar de a humanidade ter estado sempre submetida ao bambardeio dos raios cósmi
cos, provin-
dos do espaço sideral, a influência das radiações se acentuou bastante após a invenção dos
-
relhos de raios X e a descoberta dos materiais radioativos. O próprio Becquerel so
freu queima-
duras e ulcerações na pele por ter transportado material radioativo no bolso do pale
tó, e já em
1902 se constatou o primeiro caso de câncer provocado pelas radiações.
Ao contrário do fogo, que sentimos imediatamente, as radiações são traiçoeiras, pois não
on-
seguimos percebê-las. No entanto, do mesmo modo que a humanidade se '' acostumou''
aos perigos
da eletricidade, ela aprendeu a se precaver contra os efeitos das radiações.
Considerando todos esses motivos, é fácil compreender por que os laboratórios e indúst
rias que
usam materiais radioativos tomam tantas medidas de segurança.
Procura-se sempre aumentar à distância entre a pessoa e o material radioativo, dim
inuir o tempo
de exposição e criar uma série de barreiras ou blindagens para segurar as emissões radio
ativas.
Essas blindagens são grossas paredes de concreto, aço ou chumbo.
Em certos casos, as pessoas ao terem contato com o material radioativo, vestem
roupas especiais
que são imendiatamente desvestidos e lavados quando a pessoa sai da área radioativa.
Quando o ma-
terial é fortemente radioativo, ele é manipulado por garras mecânicas, ás vezes sob as v
istas de
um circuito fechado de televisão.
De qualquer maneira, toda pessoa que trabalha em lugares radioativos deve pren
der á sua roupa
um dosímetro, que é uma pequena placa que contém uma substância que escurece sob a ação das
radia-
ções, servindo assim como um sistema de alerta.

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