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O TEXTO E SUAS
ESPECIFICIDADES
APRESEN TAÇÃO
O homem é um ser social. Ele não vive isoladamente no mundo, relaciona-
se com outros e interage com os ambientes em que se insere. Tais relações
se efetivam por meio de textos, os quais se valem quer da linguagem verbal,
quer da linguagem não verbal, ou seja, constantemente somos intimados a
produzir, analisar e interpretar os mais variados gêneros de textos, com os
quais efetivamos nossos discursos e nos inserimos nos contextos sociais e
comunicativos de que fazemos parte.
C o m o i n t u i to d e a p ro f u n d a r o s c o n h e c i m e n to s , h a b i l i d a d e s e
competências que permitem a elaboração, a leitura e a interpretação de
textos escritos, surge este Curso de Redação. Nele, apresentamos questões
que facilitam a compreensão do que é esse objeto (o texto) com o qual
lidamos diariamente, bem como elementos que nos possibilitam elaborá-los
e interpretá-los de forma adequada.
Por fim, desejamos que este curso seja um instrumento valioso para sua
produção textual, trazendo-lhe informações e conhecimentos necessários
para auxiliá-lo nos atos de escrever, ler e interpretar, os quais são frequentes
em nossas práticas sociais diárias. Bom trabalho e bom proveito!!
1.1 O TEXTO
Imagine a seguinte situação:
- Nossa! Faz tempo que não vejo o Antônio. Quero que, por favor, você
me forneça o número de telefone dele. Quem sabe ligo ou mando uma
mensagem para ele.
Tudo o que vimos até agora deixa clara a perspectiva de que o texto é
um ato comunicativo, não uma produção descontextualizada. Entendendo
esta primeira dimensão, podemos aprofundar um pouquinho mais o seu
conceito. Sigamos em frente!
[...] uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), que
é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma
situação de interação comunicativa específica, como uma unidade de sentido
e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida,
independentemente de sua extensão (KOCH; TRAVAGLIA, 1992, p. 8-9).
Você certamente já ouviu ou leu a frase “O ser humano não é uma ilha”.
Ela serve para mostrar que o sujeito não vive isolado, ele vive em sociedade
e nas relações que estabelece com os demais sujeitos. Cada sociedade, por
sua vez, apresenta ideais, ideologias, aspectos culturais, normas, princípios
que são seus, que a marcam como tal. Assim, as sociedades são diferentes,
mas inter-relacionam-se. Elas representam o contexto em que a comunicação
se estabelece, afinal, como você já sabe, a comunicação é um ato social.
Ninguém vive em sociedade sem estabelecer comunicação, por isso utilizamos
os textos, como vimos no tópico anterior.
FONTE: GUIA da boa esposa. Housekeeping Monthly, 1955. Disponível em: <http://awebic.com/cultura/
guia-boa-esposa-1950/>. Acesso em: 2 abr. 2016
Vale destacar que textos orais e textos escritos não são opostos, como
já mencionamos anteriormente, não estão em polos diferentes. Lembre-
se de que existem níveis de linguagem e gêneros discursivos para cada
situação comunicativa, questões que veremos mais adiante neste curso. Há
os textos orais, produzidos “face a face”, que ocorrem em uma interação entre
enunciador e enunciatário, os quais trazem repetições, fragmentações etc.,
mas há textos orais, como os que ocorrem em palestras, conferências, em
que o texto oral se aproxima da escrita. Igualmente, há textos escritos que se
aproximam da oralidade, como os que vemos em alguns blogs ou em seções
específicas de jornais e revistas, ou seja, em conformidade com o contexto,
os textos, quer orais, quer escritos, sofrem adequações.
Fala Escrita
Contextualizada Descontextualizada
Implícita Explícita
Redundante Condensada
Não planejada Planejada
Predominância do modus Predominância do modus sintático
pragmático
Fragmentada Não fragmentada
Incompleta Completa
Pouco elaborada Elaborada
Pouca densidade informacional Densidade informacional
Predominância de frases curtas, Predominância de frases complexas,
simples e coordenadas com subordinação abundante
Pequena frequência de passivas Emprego frequente de passivas
Poucas nominalizações Abundância de nominalizações
Menor densidade lexical Maior densidade lexical
FONTE: Koch; Elias (2009, p. 16).
[...] como no texto anterior...se bem que vocabulário deve ser trabalhado da
mesma forma...não se esqueçam de trabalhar o vocabulário sempre dentro
do contexto... pra que seja escolhida a acepção que mais couber dentro do
contexto..outros aspectos que a gente poderia pensar em...em destacar aqui
nesse texto...seriam aqueles aspectos de linguagem...que saltam diretamente
aos olhos desde que a gente analisa... (SANTOS; CABRERA; GÓES, 2008, p. 7).
Para saber mais sobre a diferença entre a escrita e a fala, assista ao vídeo
do professor Marcuschi. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=XOzoVHyiDew&nohtml5=False>.
[...] a escrita é vista como produção textual, cuja realização exige do produtor a
ativação de conhecimentos e a mobilização de várias estratégias. Isso significa
dizer que o produtor, de forma não linear, “pensa” no que vai escrever e em
seu leitor, depois escreve, lê o que escreveu, revê e reescreve o que julga
necessário em um movimento constante e on-line guiado pelo princípio
interacional (KOCH; ELIAS, 2009, p. 34).
Como fica evidente nas palavras de Santos (2010), o texto escrito também
se insere em um contexto específico, articula-se com um propósito e dirige-
se a um público, o qual, por sua vez, faz um esforço de interpretação. Sobre
este último elemento (público/leitor), destacamos que há uma dinâmica
diferenciada da escrita em relação à fala: “escrever quer prever o outro, isto é,
prever um leitor. O texto está sendo produzido para alguém lê-lo, seu amigo,
seu professor ou o cliente da empresa para a qual você trabalha” (TAFNER,
2009, p. 12). Nosso enunciatário não está presente no momento em que
escrevemos, ele não interage no exato momento da produção. É apenas uma
imagem, uma projeção de quem imaginamos que lerá o que escrevemos. Sob
certos aspectos, construímos, idealizamos o leitor de nosso texto, definimos
que conhecimentos ele deve ter para compreender o que tentamos transmitir.
FONTE: Thales de Menezes, Folha Ilustrada, Folha de São Paulo, 2 abr. 2016. Disponível em: <http://www1.
folha.uol.com.br/ilustrada/2016/04/1756627-stephen-king-volta-a-velha-boa-forma-com-mr-mercedes.
shtml>. Acesso em: 2 abr. 2016.
Gold (2002 apud TAFNER, 2009) destaca que para a obtenção da clareza
em nossos escritos, faz-se necessário: a) organizar a forma como o assunto
será apresentado, estabelecendo uma lógica em sua sequencialização; b)
empregar parágrafos de extensão curta, na qual se perceba a ideia central e
as ideias secundárias; c) utilizar as frases em sua ordem direta; d) empregar
uma linguagem simples, respeitando, entretanto, a formalidade e as normas
gramaticais aplicáveis àquela produção específica; e) observar a relação que se
estabelece entre as informações, evitando ambiguidades ou mal-entendidos.
Por tudo o que restou até aqui exposto, considerada a legislação tributária
de regência, e tendo em vista o atual panorama da jurisprudência aplicável
à hipótese em foco, fica claro que a embargante realmente merece ver
inteiramente cancelada, nesses autos de embargos contra execução fiscal, a
insustentável e inaceitável exigência de ICMS objeto da malsinada CDA aqui
guerreada pela empresa.
FONTE: FONSECA, Pedro Leal. Fim do juridiquês: Falta de clareza em textos faz juiz pular parágrafos.
Consultor Jurídico. 2010. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2010-mar-31/falta-clareza-textos-
juridicos-faz-juiz-estafado-pular-paragrafos>. Acesso em: 2 abr. 2016.
FONTE: FONSECA, Pedro Leal. Fim do juridiquês: Falta de clareza em textos faz juiz pular parágrafos.
Consultor Jurídico. 2010. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2010-mar-31/falta-clareza-textos-
juridicos-faz-juiz-estafado-pular-paragrafos>. Acesso em: 2 abr. 2016.
Note que não houve perda de informação, apenas uma escolha vocabular
que permitiu dizer tudo que era necessário em poucos termos.
Vejamos na prática:
Prezados Senhores,
Atenciosamente,
Prezados Senhores,
Atenciosamente,
Essas são algumas dicas que resultarão em uma excelente noite de sono.
Basta segui-las para melhorar seu sono e sua qualidade de vida. Bons sonhos!
FONTE: MORAES, Paula Louredo. Como ter uma boa noite de sono. Disponível em: <http://
mundoeducacao.bol.uol.com.br/saude-bem-estar/como-ter-uma-boa-noite-sono.htm>. Acesso em: 2
abr. 2016.
Estão CORRETAS:
a) ( ) I e II.
b) ( ) I e III.
c) ( ) II e III.
d) ( ) II e IV.
e) ( ) I e IV.
Texto 1
Texto 2
SANTOS, Flávia Andreia dos; CABRERA, Lúcia Gandarillas; GÓES, Vera Lúcia.
Retextualização do texto oral. Revista Anagrama, São Paulo, ano 1, ed. 4, p.
1-14, junho/agosto 2008. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.
org/index.php/anagrama/article/viewFile/6278/5696>. Acesso em: 7 abr.
2016.
2 A (F, F, V, F)
3B
4C
5C