Você está na página 1de 22

HigieneTítulo

Inserir do Trabalho
Aqui
Inserir Físicos
Riscos Título Aqui
e Biológicos
Riscos Físicos – Radiações Ionizantes e Não Ionizantes

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Fernanda Anraki Vieira

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
Riscos Físicos – Radiações
Ionizantes e Não Ionizantes

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• O Espectro Eletromagnético;
• Radiações Ionizantes;
• Radiações Não-Ionizantes.

Objetivos
• Fornecer ao aluno o conteúdo teórico básico para entendimento dos agentes físicos ra-
diação ionizante e radiação não-ionizante. Relacionar às exigências normativas;
• Capacitar o aluno para realizar o monitoramento dos agentes físicos radiação ionizante
e radiação não-ionizante;
• Demonstrar medidas de controle para os respectivos agentes físicos.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Riscos Físicos – Radiações Ionizantes e Não Ionizantes

Contextualização
A radiação é um fenômeno físico caracterizado pela movimentação de energia, seja
uma partícula ou uma onda eletromagnética, sendo suas fontes naturais ou artificiais.
Ao se propagar, a energia interage com a matéria e deposita uma determinada quantida-
de ou dose de energia. Essas doses são responsáveis pela ocorrência de efeitos na saúde
humana, sendo que foi no final do século XIX, com o uso das radiações ionizantes em
benefício do homem, que estes efeitos se tornaram evidentes.

As radiações ionizantes e tecnologias derivadas possuem diversas aplicações nos mais


variados setores econômicos, sobretudo na área da saúde (raios-X, tomografia computa-
dorizada, medicina nuclear com o uso de radionuclídeos, radioterapia para combate ao
câncer, etc.) e em segmentos científicos e industriais. Na indústria, radiações ionizantes
são aplicadas para medição de níveis, espessuras e alterações nas propriedades físicas,
na composição e na caracterização de materiais empregados em processos produtivos;
já em usinas nucleares, a radiação é utilizada para geração de energia elétrica, dentre
inúmeras outras aplicações.

Um exemplo de aplicação das radiações não ionizantes são os lasers, muito utili-
zados nas áreas da saúde, estética e odontologia. Dentre suas aplicações podem ser
citados usos cirúrgicos, clareamentos de pele e dentes, remoção de tatuagens, efeito
anti-inflamatório na fisioterapia e como agente regenerador e analgésico, etc. Na indús-
tria pode ser usado para cortar metais com alta precisão, medir distâncias e até mesmo
medir temperaturas.

Diante da possível presença das radiações nos ambientes de trabalho, o engenheiro


de segurança do trabalho tem a responsabilidade de gerir adequadamente estes riscos,
minimizando o potencial de ocorrência de danos à saúde dos trabalhadores.

6
O Espectro Eletromagnético
O espectro eletromagnético é composto por formas de energia que se propagam
no espaço com comprimentos de onda, frequências e energias específicas. No espec-
tro eletromagnético encontram-se radiações de grande energia (ionizantes – raios X e
Gama), com frequências elevadas e comprimentos de onda menores, e radiações de bai-
xa energia (não ionizantes – ultravioleta, luz visível, infravermelho, micro-ondas e ondas
de rádio), com baixas frequências e comprimentos de onda maiores (SALIBA, 2018).
A Figura 1 apresenta as regiões do espectro eletromagnético.

Ultravioleta
Infra- Luz
Ondas de rádio Micro-ondas vermelho visível Raio X Raios Gama

103 1 10–3 10–5 10–7 10–9 10–11 10–13


Figura 1 – Espectro eletromagnético
Fonte: Adaptado de Getty Images

Radiações Ionizantes
De acordo a Norma CNEN NN 3.01, Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica,
da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), radiação ionizante ou radiação é
qualquer partícula ou radiação eletromagnética que, ao interagir com a matéria,
ioniza seus átomos ou moléculas (CNEN, 2014).

As radiações ionizantes são aquelas que possuem energia acima da energia de ligação
dos elétrons do átomo com o núcleo, sendo esta energia capaz de arrancar elétrons de
seus orbitais, formando íons positivos. Devido à energia que o elétron adquire, o mesmo
se desloca pelo interior da matéria, podendo interagir com outros elétrons ou núcleos,
vindo a formar novos íons, até que sua energia seja completamente dissipada e este elé-
tron seja capturado por moléculas que constituem a matéria irradiada (OKUNO, 1998).

A radiação ionizante é o único agente relacionado na legislação brasileira que confere


ao trabalhador o direito ao adicional de insalubridade (avaliação quantitativa) e periculo-
sidade (avaliação qualitativa) (BRASIL, 2014).

7
7
UNIDADE
Riscos Físicos – Radiações Ionizantes e Não Ionizantes

Efeitos ao organismo da exposição a radiações ionizantes


A exposição às radiações ionizantes pode desencadear efeitos estocásticos, para os
quais não existe um limiar de dose para sua ocorrência e cuja gravidade independente
da dose (por exemplo, câncer), ou efeitos determinísticos, para os quais existe um limiar
de dose absorvida necessário para sua ocorrência e cuja gravidade aumenta com o au-
mento da dose (CNEN, 2014).

Os Quadros 1 e 2 apresentam os sintomas produzidos por exposições agudas loca-


lizadas e exposições de corpo inteiro. Em todos os casos de desenvolvimento de sinto-
matologia clínica, o processo reflete a morte de um número significativo de células com
comprometimento de órgão e/ou tecidos (CNEN, 2013).

A unidade no sistema internacional para a dose absorvida é o joule por quilograma (J/kg),
denominada gray (Gy). Por exemplo, a dose média de radiação natural absorvida pela po-
pulação mundial é de 2,6 Gy x 10-3 por ano, isto é, 2,6 mGy por ano (CNEN, 2013).

Quadro 1 – Efeitos de uma Radioexposição Aguda em Adulto


Forma Dose Absorvida Sintomatologia
Infra-clínica Inferior a 1 Gy Ausência de sintomatologia na maioria dos indivíduos.
Reações gerais leves 1-2 Gy Astenia, náuseas, vômitos (3 a 6 horas. Após a exposição; sedação em 24 horas).
Função medular atingida; linfopenia, leucopenia, trombopenia, anemia;
Hematopoiética leve 2-4 Gy
recuperação em 6 meses.
Hematopoiética grave 4-6 Gy Função medular gravemente atingida.
DL 50 4-4,5 Gy Morte de 50% dos indivíduos irradiados.
Gastro-intestinal 6-7 Gy Diarreia, vômitos, hemorragia, morte em 5 ou 6 dias.
Pulmonar 8-9 Gy Insuficiência respiratória aguda, coma e morte entre 14 e 36 h.
Cerebral Superior a 10 Gy Morte em poucas horas por colapso.
Fonte: CNEN, 2013

Quadro 2 – Exposições Agudas Localizadas


Dose Absorvida (Gy) Sintomatologia
>4 Epilação temporária.
16 a 20 Epilação definitiva.
Radiodermite eritematosa que se manifesta oito dias após a exposição por dor e vermelhidão;
6 a 12
frequentemente substituída por pigmentação acentuada.
16 a 20 Radiodermite exudativa (bolhas, lesões), que regride em 5 ou 6 semanas.
Radiodermite e radionecrose que se manifesta por um eritema precoce, dor e exudação; o processo
25
evolui para uma ulceração do tecido.
Catarata: quanto maior a dose, maior a velocidade do estabelecimento do processo; conjuntivite
2
aguda de pouca gravidade.
0,3 Esterilidade temporária no homem.
5 Esterilidade definitiva no homem.
3 Esterilidade temporária na mulher.
6a8 Esterilidade definitiva na mulher.
Fonte: CNEN, 2013

8
Saiba mais sobre as radiações ionizantes e a vida em: http://bit.ly/2QgnDnP

Anexo 5 da NR-15
O Anexo 5 da Norma Regulamentadora 15 (NR-15) estabelece os critérios de expo-
sição ocupacional a radiações ionizantes. O mesmo diz:
Nas atividades ou operações onde trabalhadores possam ser expos-
tos a radiações ionizantes, os limites de tolerância, os princípios, as
obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu
meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados pela radia-
ção ionizante, são os constantes da Norma CNEN-NN-3.01: Diretrizes
Básicas de Proteção Radiológica, de março de 2014, aprovada pela
Resolução CNEN nº 164/2014, ou daquela que venha a substituí-la.
(BRASIL, 2014)

Anexo* da NR-16
O Anexo (*) da Norma Regulamentadora 16 – NR-16, Atividades e Operações Pe-
rigosas com Radiações Ionizantes ou Substâncias Radioativas estabelece as atividades
e áreas de risco normatizadas para caracterização da periculosidade nestas atividades.
A Portaria 518/2003, que adota como atividades de risco em potencial concernentes
a radiações ionizantes ou substâncias radioativas, o “Quadro de Atividades e Opera-
ções Perigosas”, aprovado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), con-
sidera que qualquer exposição do trabalhador a radiações ionizantes ou substâncias
radioativas é potencialmente prejudicial à saúde e que o presente estado da tecnologia
nuclear não permite evitar ou eliminar o risco em potencial oriundo de tais atividades
(BRASIL, 2014).

Em 07 de maio de 2015, foi publicada a Portaria 595, do Ministério do Trabalho


e Emprego, no intuito de incluir uma nota explicativa ao Quadro Anexo à Portaria
518/2003, que dispõe sobre as atividades e operações perigosas com radiações ionizan-
tes ou substâncias radioativas (BRASIL, 2015).

Avaliação de radiação ionizante


A Norma CNEN NN 3.01 (2014) estabelece os requisitos básicos de proteção radio-
lógica das pessoas (incluindo Indivíduos Ocupacionalmente Expostos – IOE) em relação
à exposição à radiação ionizante. O Plano de Proteção Radiológica deve conter, no
mínimo, as seguintes informações:
a) identificação da instalação e da sua estrutura organizacional,
com uma definição clara das linhas de responsabilidade e respecti-
vos responsáveis;

b) objetivo da instalação e descrição da prática;

9
9
UNIDADE
Riscos Físicos – Radiações Ionizantes e Não Ionizantes

c) função, classificação e descrição das áreas da instalação;

d) descrição da equipe, instalações e equipamentos que compõem a


estrutura do serviço de proteção radiológica;

e) descrição das fontes de radiação e dos correspondentes sistemas de


controle e segurança, com detalhamento das atividades envolvendo
essas fontes;

f) demonstração da otimização da proteção radiológica, ou de sua


dispensa;

g) função, qualificação e jornada de trabalho dos IOE;

h) estimativa das doses anuais para os IOE e indivíduos do público, em


condições de exposição normal;

i) descrição dos programas e procedimentos relativos à monitoração


individual, monitoração de área, monitoração de efluentes e monito-
ração do meio ambiente;

j) descrição do sistema de gerência de rejeitos radioativos;

k) descrição do sistema de liberação de efluentes radioativos;

l) descrição do controle médico de IOE, incluindo planejamento médi-


co em caso de acidentes;

m) programas de treinamento específicos para IOE e demais funcio-


nários, eventualmente;

n) níveis operacionais e demais restrições adotados;

o) descrição dos tipos de acidentes previsíveis, incluindo o sistema de


detecção dos mesmos, destacando os mais prováveis e os de maior porte;

p) planejamento de resposta em situações de emergência, até o com-


pleto restabelecimento da situação normal;

q) regulamento interno e instruções gerais a serem fornecidos por


escrito aos IOE e demais trabalhadores, visando a execução segura
de suas atividades;

r) Programa de Garantia da Qualidade aplicável ao sistema de prote-


ção radiológica. (CNEN, 2014)

Ainda, a Norma CNEN NN 3.01 diz que a exposição normal dos indivíduos deve
ser restringida de tal modo que nem a dose efetiva nem a dose equivalente nos órgãos
ou tecidos de interesse excedam o limite de dose especificado, salvo em circunstâncias
especiais, autorizadas pela CNEN. Esses limites de dose não se aplicam às exposições
médicas (CNEN, 2014). A Tabela 1 apresenta os limites de dose anuais:

10
Tabela 1 – Limites de dose anuais[a]
Grandeza Órgão Indivíduo ocupacionalmente exposto Indivíduo do público
Dose efetiva Corpo inteiro 20 mSv[b] 1 mSv[c]
20 mSv[b]
Cristalino 15 mSv
(Alterado pela Resolução CNEN 114/2011)
Dose equivalente
Pele[d] 500 mSv 50 mSv
Mãos e pés 500 mSv –
[a] Para fins de controle administrativo efetuado pela CNEN, o termo dose anual deve ser considerado como dose no ano
calendário, isto é, no período decorrente de janeiro a dezembro de cada ano.
[b] Média aritmética em 5 anos consecutivos, desde que não exceda 50 mSv em qualquer ano.
[c] Em circunstâncias especiais, a CNEN poderá autorizar um valor de dose efetiva de até 5 mSv em um ano, desde que a dose
efetiva média em um período de 5 anos consecutivos não exceda a 1 mSv por ano.
[d] Valor médio em 1 cm2 de área, na região mais irradiada.
Fonte: CNEN, 2014

A unidade no sistema internacional para a dose equivalente – dose absorvida média no órgão
ou tecido em função da efetividade biológica do mesmo, é o joule por quilograma (J/kg),
denominada sievert (Sv).

Com relação às análises relativas à proteção ra-


diológica e à segurança das fontes, devem ser iden-
tificadas as situações em que possam ocorrer expo-
sições normais (com suas respectivas magnitudes) e
potenciais (com suas respectivas estimativas de pro-
babilidades de exposição) em todas as etapas envol-
vidas (CNEN, 2014).

O titular (responsável legal pela instituição, es-


tabelecimento ou instalação) é o responsável pela
monitoração radiológica e medição dos parâme-
tros necessários. Para a monitoração e verificação
do cumprimento dos requisitos de proteção radio-
lógica, deverá dispor de procedimentos e instru-
mentação (testada e calibrada) suficientes e ade-
quados – Figura 2. Os registros dos resultados das
monitorações e da verificação deverão ser manti- Figura 2 – Modelo de equipamento
dos, incluindo os registros dos testes e calibrações, medidor de radiações ionizantes
de acordo com o especificado no Plano de Prote- marca SE International
ção Radiológica (CNEN, 2014). Fonte: Acervo do conteudista

11
11
UNIDADE
Riscos Físicos – Radiações Ionizantes e Não Ionizantes

A partir da monitoração e verificação, as áreas de trabalho com radiação ou material


radioativo deverão ser classificadas em:
• Áreas controladas: áreas sujeitas a regras especiais de proteção e segurança, com
a finalidade de controlar as exposições normais, prevenir a disseminação de con-
taminação radioativa e prevenir ou limitar a amplitude das exposições potenciais.
Devem ser sinalizadas com o símbolo internacional de radiação ionizante, acompa-
nhando um texto descrevendo o tipo de material, equipamento ou uso relacionado
à radiação ionizante.
• Áreas supervisionadas: áreas para as quais as condições de exposição ocupacio-
nal são mantidas sob supervisão, mesmo que medidas de proteção e segurança es-
pecíficas não sejam necessárias. Devem ser feitas reavaliações regulares, no intuito
de determinar se a classificação continua adequada.
• Áreas livres: quaisquer áreas que não sejam classificadas como controlada ou su-
pervisionada (CNEN, 2014).

Ainda, deverá ser realizada monitoração individual e de área, conforme aplicável,


levando-se em conta a natureza e intensidade das exposições normais e potenciais.
Qualquer IOE que possa receber uma exposição ocupacional sujeita a controle deve
ser submetido à monitoração individual, sempre que adequada, apropriada e factível.
Nos casos em que a monitoração individual não for aplicável, a avaliação da exposição
ocupacional do IOE tomará como base os resultados da monitoração da área e as infor-
mações sobre as atividades do IOE na área. Os titulares e empregadores devem solicitar
aconselhamento médico adequado sempre que qualquer IOE, em uma única exposição,
vier a receber uma dose efetiva superior a 100 mSv ou dose absorvida superior ao limiar
de efeitos determinísticos (CNEN, 2014). A Figura 3 mostra um dosímetro de uso pes-
soal, comumente utilizado na monitoração individual.

Figura 3 – Monitor pessoal


Fonte: Pro Rad

Saiba mais sobre os dosímetros de uso pessoal em: http://bit.ly/2wgC5mp

12
Deverão ser mantidos registros de exposição para cada IOE, incluindo informa-
ções sobre:
a) a natureza geral do trabalho;
b) as doses e as incorporações, quando iguais ou superiores aos níveis de regis-
tro pertinentes;
c) os dados e modelos que serviram de base para as avaliações de dose.
Esses registros devem ser preservados até os IOE atingirem a idade de 75
anos e, pelo menos, por 30 anos após o término de sua ocupação, mesmo
que já falecido (CNEN, 2014).

Explore a Norma CNEN NN 3.01 em: http://bit.ly/2wdFT7U

Medidas de controle para radiações ionizantes


Os princípios básicos de controle ocupacional de exposição às radiações ionizantes
emitidas por fontes externas fundamentam-se em três fatores principais:
• Distanciamento: a distância mantida entre o trabalhador e a fonte, além de cons-
tituir, em muitos casos, uma medida de proteção eficaz, é a mais simples de ser
aplicada. Pode-se dizer que a intensidade da radiação varia inversamente ao quadro
da distância, considerados a partir da fonte.
• Blindagem: esta medida de controle baseia-se no uso de barreiras adequadas,
constituídas de materiais que tenham a capacidade de absorver radiações ioni-
zantes. A quantidade de radiação absorvida dependerá do tipo e da energia da
radiação, do coeficiente de absorção específico do material e da espessura da bar-
reira utilizada. Na prática é muito comum o uso de chumbo ou concreto, pois são
barreiras bastante eficazes contra as radiações ionizantes, devendo sua espessura
ser dimensionada em função do tipo e energia incidente, portanto, ser efetuados
por equipe especializada.
• Tempo de exposição: a dose acumulada por uma pessoa que trabalha numa área
que tem certa taxa de dose é diretamente proporcional ao tempo que ela perma-
nece na área. Esta dose pode então ser controlada pela limitação desse tempo
(GARIOS, 2013).

Saiba mais sobre as radiações ionizantes em: https://youtu.be/bz0KZcJfylY

Saiba mais sobre a avaliação da exposição ocupacional aos raios x nos serviços de radiologia
(NHO 05) em: http://bit.ly/2wfQHTi

13
13
UNIDADE
Riscos Físicos – Radiações Ionizantes e Não Ionizantes

Acidente radioativo de Goiânia


Alguns acidentes envolvendo fontes radioativas marcaram a história. Dentre eles,
Three-Mile Island (EUA, 1979), Chernobyl (Ucrânia, 1986), Fukushima (Japão, 2011),
entre outros. No Brasil, o acidente radioativo de Goiânia (1987), envolveu direta e in-
diretamente centenas de pessoas. Uma cápsula de Césio-137 foi removida por dois su-
cateiros, violada e vendida como ferro-velho. Atraídos pela intensa luminescência azul,
adultos e crianças manipularam o material radioativo, sendo que os primeiros sintomas
da exposição (náuseas, vômitos, tonturas, diarreia e lesões na pele) apareceram algumas
horas após o contato com o material (WASCHECK, 2007).

Saiba mais sobre o acidente envolvendo Césio 137 em Goiânia em: http://bit.ly/2wkmDpj

Radiações Não-Ionizantes
Quando a radiação é não ionizante, a mesma não possui energia suficiente para io-
nizar um átomo, ocorre apenas o fenômeno de excitação, que é a absorção da energia
nas camadas eletrônicas, que levam os elétrons do átomo a um nível energético maior.
Quando estes elétrons excitados retornam ao seu estado fundamental, a energia absor-
vida é dissipada (OKUNO, 1998).

A Comissão Internacional de Proteção contra Radiação Não-Ionizante (International


Commission on Non-Ionizing Radiation Protection – ICNIRP) desenvolve normas, es-
tabelece limites de exposição e recomendações sobre proteções contra as radiações
não ionizantes, sendo formalmente reconhecida como uma organização não governa-
mental pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT) (GARIOS, 2013).

Anexo 7 da NR-15
O Anexo 7 da Norma Regulamentadora 15 (NR-15) estabelece os critérios de expo-
sição ocupacional a radiações não ionizantes. O mesmo diz:
1. Para os efeitos desta norma, são radiações não ionizantes as micro-
-ondas, ultravioletas e laser.

2. As operações ou atividades que exponham os trabalhadores às


radiações não ionizantes, sem a proteção adequada, serão conside-
radas insalubres, em decorrência de laudo de inspeção realizada no
local de trabalho.

3. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores às


radiações da luz negra (ultravioleta na faixa – 400 – 320 nanômetros)
não serão consideradas insalubres. (BRASIL, 2014)

14
Ultravioleta (UV)
Conforme o comprimento de onda, a radiação ultravioleta pode ser UV-A (320 a
400 nm – luz negra), UV-B (290 a 320 nm) ou UV-C (100 a 290 nm - germicida). A ex-
posição ocupacional geralmente ocorre em trabalhos a céu aberto (exposição solar) ou
operações de soldagem (SALIBA, 2018).

O grau de penetração da radiação ultravioleta no organismo depende do comprimen-


to de onda e do grau de pigmentação da pele. Os efeitos englobam escurecimento da
pele, eritemas, pigmentação retardada, interferência no crescimento celular, perda de
elasticidade da pele, queratose actínica e até câncer de pele. Quando ocorrer absorção
ocular, pode resultar em fotoqueratite e catarata (GARIOS, 2013. SALIBA, 2018).

A NR-15 não estabelece limite de tolerância para exposição à radiação UV. Conside-
ra apenas que as radiações UV-A não são insalubres (BRASIL, 2014). Em termos quan-
titativos, a ACGIH (Association Advancing Occupational and Environmental Health)
recomenda limites de exposição ocupacional às radiações ultravioletas. Para a avaliação,
devem ser utilizados medidores ultravioleta com faixas de medição UV-A, UV-B e UV-C,
e resposta em mW/cm² (SALIBA, 2018).

Infravermelho
A exposição à radiação infravermelha produz unicamente efeitos térmicos. Os danos
à saúde ocorrem na pele e olhos, através de lesões e queimaduras. A exposição ocu-
pacional geralmente ocorre em trabalhos que envolvem exposição solar, corpos incan-
descentes, superfícies muito quentes, entre outras. Igualmente à radiação UV, a NR-15
não estabelece limite de tolerância, porém, a ACGIH recomenda limites de exposição
ocupacional nos comprimentos de onda de 400 a 3000 nm (SALIBA, 2018).

Micro-ondas e radiofrequência
As radiações de radiofrequência estão situadas na faixa de frequência de 100 kHz a
300 GHz. Dentro dessa faixa, está situada a radiação de micro-ondas, cuja faixa é de
300 MHz a 300 GHz (GARIOS, 2013). A exposição a micro-ondas e radiofrequência
pode provocar efeitos térmicos no organismo. O maior risco ocorre quando a absorção
das radiações ocorre nos olhos e no cérebro do trabalhador. Geralmente, atividades que
envolvem radares, transmissão de rádio, sistemas de comunicação, etc., são fontes des-
tes tipos de radiação (SALIBA, 2018).

O Anexo 7 da NR-15 não estabelece limite de tolerância, porém, a ACGIH recomen-


da limites de exposição ocupacional nas frequências de 30 kHz a 300 GHz. A legislação
brasileira, em termos quantitativos, através da Resolução nº 303/2002 da ANATEL
(Agência Nacional de Telecomunicações) e da Lei nº 11.934/2009, estabelece limites de
exposição humana a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos associados aos
serviços de telecomunicações (SALIBA, 2018).

15
15
UNIDADE
Riscos Físicos – Radiações Ionizantes e Não Ionizantes

Saiba mais sobre a prevalência de fadiga em profissionais que operam equipamentos de


diatermia por micro-ondas em: http://bit.ly/2wkn5E1

Laser
O laser é um dispositivo que produz e amplifica a luz. Uma classe dos riscos que
envolvem o uso de laser diz à saúde do trabalhador que, dependendo da intensidade e
do tempo de exposição, pode sofrer danos à pele e aos olhos, pois as operações que
envolvem laser geram calor e radiação nas faixas UV, infravermelho e visível. Já outra
classe de riscos é inerente à luz produzida, e inclui: riscos de explosão, riscos elétricos,
riscos de radiações colaterais, riscos de incêndio, entre outros. Geralmente, a exposição
ocupacional ocorre em diagnósticos e tratamentos médicos que utilizam do laser como
ferramenta e equipamentos industriais (GARIOS, 2013. SALIBA, 2018).

Os lasers são classificados conforme sua nocividade, em:


• Classe I: não emitem radiação suficiente para causar danos. Um exemplo seria o
laser tipo CW de 0,4 µW de comprimento de onda de luz visível.
• Classe II: emitem radiação de potência ligeiramente superior ao da Classe I, até
1 mW. Oferecem riscos para a visão após exposição de 0,25 segundos.
• Classe II-A: inclui os scanners a laser de supermercados. A potência limite é igual
a 4,0 µW. Oferecem riscos para visão após 1000 segundos.
• Classe III-A: lasers de potência intermediária (CW 1-5 mW). Oferecem riscos para
a visão.
• Classe III-B: lasers de potência moderada (CW 5-5000 mW). Não oferecem riscos
de incêndio, mas exigem controles específicos necessários.
• Classe IV: lasers de alta potência. São perigosos aos olhos em quaisquer condi-
ções. Oferecem enormes riscos de incêndio e controles específicos são necessários
(GARIOS, 2013).

O Anexo 7 da NR-15 não estabelece limite de tolerância, porém, a ACGIH reco-


menda limites de exposição ocupacional aos lasers. Segundo a ACGIH, a maioria dos
fabricantes de lasers fornece informações acerca de suas propriedades e classe de risco,
dispensando a avaliação quantitativa (SALIBA, 2018).

A exposição direta dos olhos aos raios laser deve ser sempre evitada, independente de sua
classe ou potência.

16
Campos eletromagnéticos de extrema baixa frequência
Campos elétricos e magnéticos são linhas de força invisíveis que circundam qual-
quer dispositivo elétrico. As principais fontes de exposição ocupacional estão relacio-
nadas aos campos elétricos associados com as linhas de transmissão de alta tensão,
subestações de energia elétrica e certos equipamentos industriais. Campos magnéticos
intensos ocorrem próximos a fornos elétricos ou outros dispositivos com elevadas cor-
rentes (GARIOS, 2013).

Estudos indicam que a exposição a campos elétricos e magnéticos está associada


a efeitos adversos subjetivos e objetivos. Alguns resultados subjetivos descritos por tra-
balhadores são: dor de cabeça, náusea, fadiga, irritabilidade, entre outros sintomas.
Já efeitos objetivos relatados foram: mudanças hematológicas, alterações em eletrocar-
diogramas e em eletroencefalogramas (GARIOS, 2013).

A ACGIH recomenda limites de exposição ocupacional para campos magnéticos


estáticos, campos magnéticos de subfrequência (menores que 30 kHz), sub-radiofre-
quência (menores que 30 kHz) e campos eletrostáticos (SALIBA, 2018).

Saiba mais sobre os campos magnéticos de frequência extremamente baixa.


Disponível em: http://bit.ly/2wddBuj

Fatores de risco para câncer relacionado


à exposição a radiações não ionizantes
O Quadro 3 apresenta fatores de risco para câncer relacionados à exposição a radia-
ções não ionizantes.

Quadro 3 – Fatores de risco para câncer relacionados a radiações não ionizantes


Tipo de câncer Agente
Pele não melanoma Luz solar, radiação ultravioleta
Pele melanoma Campo eletromagnético, radiação ultravioleta, sol
Linfomas não Hodgkin Radiação ultravioleta
Mama Campos eletromagnéticos de baixa frequência, campos magnéticos.
Cérebro e sistema nervoso central Ondas e campos eletromagnéticos
Fonte: Adaptação de INCA, 2012

17
17
UNIDADE
Riscos Físicos – Radiações Ionizantes e Não Ionizantes

Medidas de controle para radiações não ionizantes


Dentre as principais medidas de controle da exposição às radiações não ionizantes, estão:
• Controle da distância entre o trabalhador e a fonte de radiação;
• Uso de barreiras para impedir a propagação da radiação;
• Limitação do tempo de exposição;
• Controle médico periódico;
• Uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, tais como lentes e roupas fil-
trantes de radiação;
• No caso de exposição solar, uso de protetor solar e chapéus de aba larga;
• Entre outras (SALIBA, 2018).

Saiba mais sobre as radiações não ionizantes em: https://youtu.be/mFSk1TUPFbY

18
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Radiações Ionizantes
https://youtu.be/bz0KZcJfylY
Radiações Não Ionizantes
https://youtu.be/mFSk1TUPFbY

Leitura
Apostila Educativa Radiações Ionizantes e a Vida
http://bit.ly/2QgnDnP
Norma CNEN NN 3.01
http://bit.ly/2wdFT7U
Norma de Higiene Ocupacional 05
http://bit.ly/2wfQHTi
Campos magnéticos de frequência extremamente baixa e efeitos na saúde: revisão da literatura
http://bit.ly/2wddBuj
Prevalência de fadiga referida por fisioterapeutas que operam equipamentos de diatermia
por micro-ondas
http://bit.ly/2wkn5E1

19
19
UNIDADE
Riscos Físicos – Radiações Ionizantes e Não Ionizantes

Referências
BRASIL. Leis e Decretos. Segurança e medicina do trabalho. 73. ed. São Paulo:
Atlas, 2014.

BRASIL. Norma de Higiene Ocupacional – Procedimento Técnico – Avaliação da


Exposição Ocupacional aos Raios X nos Serviços de Radiologia – NHO 05. São Pau-
lo: Fundacentro, 2001. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/
normas-de-higiene-ocupacional/publicacao/detalhe/2013/3/nho-05-procedimento-
tecnico-avaliacao-da-exposicao-ocupacional-aos-raios-x-nos-servicos>. Acesso em: 06
Fev. 2019.

BRASIL. Portaria MTE nº 595, de 7 de maio de 2015c. Incluir Nota Explicativa no


Quadro Anexo à Portaria 518/2003, que dispõe sobre as atividades e operações pe-
rigosas com radiações ionizantes ou substâncias radioativas. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 08/05/2015. Disponível em: <http:// http://www.normaslegais.com.br/
legislacao/Portaria-mte-595-2015.htm>. Acesso em: 06 Fev. 2019.

BRASIL. Resolução nº 420, de 12 de fevereiro de 2004. Aprova as Instruções Com-


plementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos. (*) Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 31/05/2004. Disponível em: <https://www.diariodas-
leis.com.br/busca/exibelink.php?numlink=1-8-34-2004-02-12-420>. Acesso em: 06
Fev. 2019.

BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson. Higiene ocupacio-


nal: agentes biológicos, químicos e físicos. 6.ed. São Paulo: Senac, 2011. 452 p.

CELSO - Segurança e Higiene do Trabalho / Celso Augusto Rossete, organizador –


São Paulo: Person Education do Brasil, 2014. (e-book)

CNEN. Apostila Educativa Radiações Ionizantes e a Vida. 2013. Disponível em:


<http://www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/educativo/radiacoes-ionizantes.
pdf>. Acesso em: 06 Fev. 2019.

CNEN. Norma CNEN NN 3.01. Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica. 2014.


Disponível em: <http://appasp.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/Nrm301.pdf>.
Acesso em: 06 Fev. 2019.

EDITORA SABERES – Saúde e segurança do trabalho (livro eletrônico). São


Paulo, 2014. (e-book)

GARIOS, M. G., Apostila de Radiações Ionizantes e Não Ionizantes, Belo Horizonte,


2013.

INCA. Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. Rio de


Janeiro: Ministério da Saúde, 2012.

MELO JUNIOR, Abelardo da Silva. Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro:


Elsevier, Campus, 2011.

20
OKUNO, E., Radiação: Efeitos, Riscos e Benefícios, São Paulo, Harbra, 1998. 96 p.

PRO RAD. Dosímetria pessoal. Disponível em: <https://prorad.com.br/servico/


Dosimetria-Pessoal>. Acesso em: 06 Fev. 2019.

SALIBA, Tuffi Messias. Manual prático de higiene ocupacional e PPRA: avaliação


e controle dos riscos ambientais. 4. ed. São Paulo: LTr, 2018.

STELLMAN, Jeanne M.; DAUM, Susan M. Trabalho e saúde na indústria: riscos


físicos e químicos e prevenção de acidentes. São Paulo: EPU, 1975.

WASCHECK, C.C. História do acidente radioativo de Goiânia. FUNLEIDE, 2007.


Disponível em: <http://www.sgc.goias.gov.br/upload/links/arq_254_historiadoacident.
pdf>. Acesso em: 06 Fev. 2019.

21
21

Você também pode gostar