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PROCESSUAL CIVIL
Ação Civil Pública
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Ação Civil Pública
Gustavo Deitos
Sumário
Apresentação.. ................................................................................................................3
Ação Civil Pública............................................................................................................5
1. Ação Civil Pública (ACP): Conceitos e Objetos. . .............................................................5
1.1. Peculiaridades da Tutela de Direitos Individuais Homogêneos mediante ACP.............8
2. Principais Regras Processuais da ACP....................................................................... 12
2.1. Legitimados Ativos................................................................................................. 13
2.2. Competência.......................................................................................................... 19
2.3. Coisa Julgada na ACP. .............................................................................................23
2.4. Litispendência quanto ao Objeto da ACP. . ...............................................................26
2.5. Condenação Genérica e Liquidação/Execução Individuais. . ..................................... 28
3. Demais Disposições da Lei n. 7.347/1985 Comentadas.. ............................................32
4. Súmulas e Enunciados pertinentes à ACP.................................................................. 47
Questões de Concurso.................................................................................................. 50
Gabarito........................................................................................................................63
Gabarito Comentado. .....................................................................................................64
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Ação Civil Pública
Gustavo Deitos
Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a) do Gran Cursos Online! Espero encontrá-lo muito bem! Neste cur-
so, apresento-lhe várias aulas autossuficientes de direito processual civil, com o objetivo de
lhe disponibilizar, de forma prática e completa, o substrato de conteúdo necessário para ter o
melhor desempenho possível na prova.
Esta aula, assim como as demais aulas em PDF, foi elaborada de modo que você possa
tê-la como fonte autossuficiente de estudo, isto é, como um material de estudo completo e
capaz de possibilitar um aprendizado tão integral quanto outros meios de estudo.
A preferência por aulas em PDF e/ou vídeos pertence a cada aluno, que, individualmente,
avalia suas facilidades e necessidades, a fim de encontrar seus meios de estudo ideais. Dessa
forma, o aluno pode optar pelo estudo com aulas em PDF e vídeos, ou somente com um ou
outro meio.
Aqueles que preferem estudar somente com materiais em PDF terão o privilégio de contar
com as aulas em PDF autossuficientes do nosso curso, a exemplo desta aula. De qualquer
forma, nada impede que as aulas em PDF sejam utilizadas como fonte de estudos de forma
aliada com as aulas em vídeo do Gran Cursos Online. Tudo depende, unicamente, da prefe-
rência de cada aluno.
Nesta aula, estudaremos especialmente o seguinte tópico de Direito Processual Civil:
Ação Civil Pública.
A aula é acompanhada de exercícios selecionados e reunidos de modo a abranger todos
os pontos importantes da aula, a fim de que seu conhecimento seja ainda mais solidificado.
O número de exercícios é determinado de acordo com dois parâmetros: complexidade do
conteúdo e número de questões de concursos existentes. Por resultado, o número de exer-
cícios disponibilizados é determinado de modo que seu conhecimento sobre os temas seja
efetivamente testado e fixado, mas sem que haja uma repetição obsoleta.
Nosso curso possibilita a avaliação de cada aula em PDF de forma fácil e rápida. Consi-
dero o resultado das avaliações extremamente importante para a continuidade da produção e
edição de aulas, como fonte fidedigna e transparente de informações quanto à qualidade do
material.
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Peço-lhe que fique à vontade para avaliar as aulas do curso, demonstrando seu grau de
satisfação relativamente aos materiais. Seu feedback é importantíssimo para nós. Caso você
tenha ficado com dúvidas sobre pontos deste material, ou tenha constatado algum problema,
por favor, entre em contato comigo pelo Fórum de Dúvidas antes de realizar sua avaliação.
Procuro sempre fazer todo o possível para sanar eventuais dúvidas ou corrigir quaisquer pro-
blemas nas aulas.
Cordialmente, torço para que a presente aula que seja de profunda valia para você e sua
prova, uma vez que foi elaborada com muita atenção, zelo e consideração ao seu esforço, que,
para nós, é sagrado.
Caso fique com alguma dúvida após a leitura da aula, por favor, envie-a a mim por meio do
Fórum de Dúvidas, e eu, pessoalmente, a responderei o mais rápido possível. Será um grande
prazer verificar sua dúvida com atenção, zelo e profundidade, e com o grande respeito que
você merece.
Bons estudos!
Seja imparável!
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Ação Civil Pública
Gustavo Deitos
A Ação Civil Pública (ACP) é uma ação de conhecimento destinada a tutelar direitos difu-
sos, coletivos e individuais homogêneos.
A ACP tem seu procedimento estruturado na Lei n. 7.347/1985. A partir da Constituição
Federal de 1988, a ACP passou a ter status de garantia fundamental, em razão de ser uma
ferramenta posta à disposição do Ministério Público (art. 129, inciso III, CF) para a proteção
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
O art. 1º, inciso IV, da Lei n. 7.347/1985 diz que a ACP só pode tutelar direitos difusos e co-
letivos, não incluindo, textualmente, os individuais homogêneos. Todavia, o STF1 já afirmou
que os direitos individuais homogêneos são uma subespécie dos direitos coletivos, razão que
nos leva a considerar que os direitos individuais homogêneos são também tuteláveis median-
te ACP.
Permitir que as pessoas ligadas por dano de origem comum (individuais homogêneos) não
possam reclamar por tal dano mediante o instrumento constitucionalmente assegurado para
proteger direitos fundamentais sociais seria deixar essas situações jurídicas sem solução,
impondo que cada particular ajuíze ação própria para reclamar. E sabemos que uma chuva
de ações individuais a respeito de um mesmo fato somente atrapalha o Poder Judiciário e,
reflexamente, a sociedade.
1
Agravo em Recurso Extraordinário n. 675.945/SP
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Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de respon-
sabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
l – ao meio ambiente;
II – ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V – por infração da ordem econômica;
VI – à ordem urbanística.
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
VIII – ao patrimônio público e social.
A ação civil pública é um dos instrumentos processuais postos à disposição da tutela juris-
dicional coletiva. Isso significa que, por meio da ACP, não são tuteláveis direitos individuais
comuns, mas tão somente direitos de dimensão metaindividual: os direitos difusos, coletivos
e individuais homogêneos.
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
de fato;
Exemplo: imposição para que as empresas públicas de determinado Município efetuem con-
tratações mediante regular concurso público.
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Ação Civil Pública
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DICA!
Nos direitos difusos, você não tem como saber qual é a parte
da sociedade mais afetada pela situação, muito menos os su-
jeitos afetados.
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividu-
ais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre
si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
Exemplo: imposição para que certa empresa mantenha o ambiente de trabalho protegido
contra fatores prejudiciais à saúde dos trabalhadores.
DICA!
Nos direitos coletivos em sentido estrito, você até consegue
visualizar qual é a parte da sociedade afetada (grupo, catego-
ria ou classe), mas nem sempre consegue determinar quais
são os indivíduos específicos envolvidos. Os indivíduos são
determináveis, mas não necessariamente determinados.
Exemplo: imposição para que certa empresa efetue o pagamento de adicional noturno aos
empregados que trabalham à noite em determinada função da empresa.
DICA!
Nos direitos individuais homogêneos, você tem condições de
saber, individualmente, quem são as pessoas afetadas pela
situação. Os indivíduos são determinados.
Obs.: não confunda “direitos individuais homogêneos” com direitos individuais comuns.
Os direitos individuais comuns (de uma ou mais pessoas, sem ligação por qualquer
origem comum) NÃO são abarcados pela tutela coletiva.
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Art. 1º, Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que
envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
– FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individual-
mente determinados.
Professor, você me informou que a ACP pode ser manejada para a tutela de direitos in-
dividuais homogêneos, cujos titulares podem ser individualmente determinados. Como
concilio esta informação com o parágrafo único do art. 1º?
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A respeito da inclusão dos direitos individuais homogêneos ao objeto da ACP, existe uma
fundamentação do STF, integrante de acórdão proferido em sede de Agravo em Recurso Ex-
traordinário n. 675.945/SP, que considero perfeita para elucidar este ponto. Colacioná-la-ei
abaixo, explicando-a ponto a ponto.
Não prospera a tese que sustenta o cabimento da ação civil pública apenas para a defesa dos
interesses difusos e coletivos no sentido estrito, enquanto para a defesa dos direitos individuais
homogêneos indica a utilização somente da ação civil coletiva.
É que, na linha da doutrina mais moderna, referente aos processos coletivos, quanto à tutela dos
direitos individuais homogêneos, há uma cisão da atividade cognitiva, cujo objetivo, na primeira
fase, é a obtenção de uma tese jurídica geral que beneficie, sem distinção, os substituídos, sem
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considerar os elementos típicos de cada situação individual de seus titulares e nem mesmo se
preocupar em identificá-los, ficando a prestação jurisdicional limitada ao núcleo de homogeneida-
de dos direitos controvertidos. Nesta etapa os direitos individuais homogêneos são indivisíveis e
indisponíveis.
Na fase de conhecimento da ACP, não importa quem são os indivíduos beneficiados pela
ação, ainda que o direito pleiteado seja individual homogêneo. A preocupação do processo,
nesta fase, é o dano em si, independentemente de quem estiver sofrendo por ele.
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A identificação dos indivíduos em si só terá relevância na segunda etapa da ACP, que é a etapa
de liquidação e execução da sentença, como veremos abaixo.
Após o término da fase de conhecimento, a ACP terá a fase de liquidação e execução, nes-
ta fase, os direitos serão divisíveis e disponíveis. Serão disponíveis porque, após certificado
o direito devido, os titulares podem promover ou, também, desistir de promover a execução.
Serão divisíveis porque, após a liquidação, já se saberá o valor devido a cada empregado, in-
dividualmente.
Visualize esse ponto a partir do seguinte exemplo:
Exemplo: imagine que a ACP tenha sido ajuizada pelo Ministério Público para obrigar a
empresa a pagar adicional de insalubridade a empregados de certo setor. Vindo a senten-
ça de procedência, o MP poderá promover a execução dos valores, após regular liquidação,
que calculará o valor devido a cada empregado do setor, e aos empregados que trabalharam,
anteriormente, no mesmo setor insalubre.
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Se o MP não promover a execução dos valores devidos a cada um, os próprios trabalhadores
beneficiados poderão executar, individualmente, os valores que lhes são devidos.
Abaixo, apresento ilustração para que você visualize as fases da ACP no tocante a direitos
individuais homogêneos:
Obs.: este quadro vale para as ACPs ajuizadas para tutelar Direitos Individuais Homogêne-
os! O procedimento da ACP relativamente aos direitos difusos e coletivos será estu-
dado na sequência da aula.
Neste capítulo da aula, serão abordadas as principais regras processuais sobre a ação
civil pública: legitimados, competência, efeitos da coisa julgada, litispendência, condenação,
liquidação e execução.
No capítulo seguinte (n. 3), abordaremos as demais regras processuais positivadas na Lei
n. 7.347/1985, que não tiverem sido abordadas neste capítulo.
Acredito que, desta forma, o estudo do conteúdo será feito com prioridade aos temas mais
importantes e com atenção individualizada para cada uma das regras mais esparsas da Lei
da ACP, em momento subsequente.
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O rol de sujeitos que podem ajuizar a Ação Civil Pública é elencado no art. 5º da Lei n.
7.347/1985. Neste artigo, além do referido rol, existem disposições importantes para enten-
der-se a complexidade dos sujeitos processuais da ACP, bem como as condições circunstan-
ciais em volta desse ponto. Veja:
§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como
fiscal da lei.
O MP, se não for o próprio autor da ACP, atuará como fiscal da lei (no termo tradicional,
como custos legis).
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O papel de custos legis exercido pelo MP é sustentado pela sua atribuição constitucional
de defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais in-
disponíveis (art. 127, caput, Constituição Federal).
Ao atuar como fiscal da lei, o MP deve acompanhar todos os atos e fases do processo,
requerendo ao juízo as medidas que entender pertinentes, praticando os atos processuais
que entender devidos e emitir pareceres sobre quaisquer atos ou manifestações no processo,
especialmente sobre aqueles mais relevantes para as consequências práticas e para o resul-
tado do processo.
§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo
habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.
Qualquer dos entes legitimados do rol do art. 5º pode atuar em um dos polos do processo.
Os entes do rol do art. 5º podem atuar EM QUALQUER dos polos, inclusive no polo passivo –
defendendo o réu – se assim entenderem mais justo. Perceba: o § 2º fala “litisconsortes de
qualquer das partes”.
Portanto, é possível que, no polo ativo, haja uma associação e que, no polo passivo, esteja o
Ministério Público, uma outra associação, um Município etc.
§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Minis-
tério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.
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§ 4º O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto in-
teresse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem
jurídico a ser protegido.
Você lembra que o inciso V do art. 5º exige da associação, como requisito para ajuiza-
mento da ACP, o fato de estar constituída há no mínimo um ano?
Pois bem.
Havendo manifesto interesse social, considerando-se a dimensão ou a característica do
dano, ou a relevância do bem jurídico tutelado, o juiz poderá dispensar o requisito de um ano
de constituição para a associação.
Conferida tal dispensa, poderá a associação recentemente fundada (a menos de um ano)
ajuizar uma ACP.
Exemplo: associação que defenda direitos de pessoas com deficiência, que tenha estrutura,
que seja a única da localidade, mas que foi constituída há menos de um ano, poderá ajuizar
ACP se o interesse social contido na tutela coletiva for manifesto. O juiz levará em conta a
característica e a dimensão do dano sofrido pelas pessoas com deficiência e a relevância
deste bem jurídico.
Sim, é possível que o Ministério Público da União (Federal, Militar ou do Trabalho) integre
litisconsórcio com o Ministério Público Estadual ou do Distrito Federal e Territórios, tanto no
polo ativo quanto no polo passivo.
A participação de dois segmentos do Ministério Público, no entanto, é meramente facul-
tativa, como dispõe o próprio § 5º. Por isso, o litisconsórcio é facultativo, e não necessário.
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• NECESSÁRIO: a lei e/ou a natureza da relação jurídica impõe(m) que várias pessoas
figurem em um dos polos da ação, sendo devidamente citadas para participar do pro-
cesso, sob pena de a sentença ser ineficaz (art. 114 do CPC).
§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamen-
to de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo
extrajudicial.
Este parágrafo trata de uma forma alternativa de resolver o conflito de natureza coletiva.
O MP, a Defensoria ou outro ente legitimado do rol do art. 5º pode firmar com a parte contrária
um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
Obs.: o TAC somente poderá ser celebrado pelo Poder Público, isto é, por legitimado ativo
que não seja associação. Portanto, todos os legitimados ativos podem celebrar TAC,
menos as associações, pois são entidades privadas.
A empresa pública e a sociedade de economia mista poderão ser equiparadas a órgão
público quando o ajuizamento da ACP decorrer de competência relacionada a serviço
público.
No TAC, são firmadas condições que devem ser atendidas pela empresa envolvida. Se
atendidas tais condições na forma e no prazo estabelecidos no TAC, não será ajuizada ACP.
Do contrário, acontecerá algo pior do que o ajuizamento de ACP: o TAC será executado em
seus exatos termos, sem necessidade de fase de conhecimento prévia.
O Compromisso de Ajustamento de Conduta – ou Termo de Ajuste de Conduta –, o TAC,
é um ato administrativo em que o Ministério Público – ou outro legitimado do art. 5º da Lei da
ACP – toma de uma pessoa física ou jurídica um compromisso de ajustamento de conduta
às exigências da lei.
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Na prática, é constatada uma irregularidade por parte de alguém, e o TAC é firmado de
modo a obrigar este alguém a sanar a irregularidade e passar a cumprir a lei, sob pena de
sanções mencionadas no próprio termo.
No TAC, devem ser elencadas cláusulas que atendam a todos os seguintes objetivos:
• reparação do dano (quando o estado anterior das coisas puder ser recuperado);
• adequação da conduta às exigências legais ou normativas (para evitar que novos da-
nos sejam perpetrados);
• compensação e/ou indenização pelos danos patrimoniais que não possam ser recupera-
dos;
Exemplo: indenização por dano moral coletivo a uma associação representativa, em razão de
ato ilícito praticado contra uma coletividade determinada.
Exemplo: a Secretaria de Assistência Social de determinado município deixa de impulsionar
um projeto de criação de programa socioassistencial de assistência a pessoas com defici-
ência da localidade, sendo que a lei orçamentária anual do município fixa despesas nominal-
mente destinadas à realização desse projeto. Diante da extrema necessidade e da pobreza
das pessoas que seriam destinatárias desse programa, o Ministério Público pode firmar TAC
com a Secretaria para que o projeto seja iniciado, mediante cominação de sanções para o
caso de descumprimento do termo.
Esse compromisso atermado pode ser executado por meio de ação judicial, razão pela
qual se afirma que o TAC é um título executivo extrajudicial (§ 6º do artigo ora em comento),
por ser executável judicialmente caso descumprido e por ter origem em negócio jurídico fir-
mado em âmbito extrajudicial (perante o MP ou outro legitimado).
Agora que você conhece todos os legitimados ativos para o ajuizamento da ação civil pú-
blica, convido-lhe a aprender um detalhe muito importante sobre eles.
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Existe um requisito a mais que, em essência, se relaciona com o interesse de agir (mo-
dernamente denominado “interesse processual”). Os entes e entidades da Administração Pú-
blica direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e indireta (autarquias, fundações,
empresas públicas e sociedades de economia mista), as associações e a Defensoria Pública
somente poderão ajuizar ACP quando houver pertinência temática entre os danos ocorridos
(causa de pedir) e a finalidade institucional do respectivo ente ou entidade.
Explico melhor.
Pertinência temática é a existência de uma relação lógica entre o assunto abordado pela
ação e as atribuições legais e constitucionais do ente ou entidade legitimada.
Exemplo: imagine que um alagamento tenha destruído um bairro ocupado somente por pes-
soas milionárias. Essas pessoas reclamam do fato o alagamento ter sido causado por con-
duta equivocada do Município na execução de determinada obra pública. Neste caso, não
poderá a Defensoria Pública ajuizar ACP para defender os interesses dessas pessoas, pois
elas não são necessitadas. Não há pertinência temática entre os danos ocorridos e a finalida-
de institucional da Defensoria, neste contexto.
O Ministério Público, por sua vez, não precisa demonstrar pertinência temática, uma vez
que sua função institucional é de defender a ordem jurídica como um todo, seja para necessi-
tados, seja para não necessitados, seja em que área da sociedade for o dano.
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Por não precisar demonstrar o requisito da pertinência temática, ensina a doutrina que o
MP possui legitimidade universal.
Os demais legitimados, por deverem demonstrar pertinência temática para o ajuizamento
da ACP, possuem legitimidade especial, pois a possibilidade de ajuizamento dependerá do
requisito da pertinência temática.
DICA!
Para sintetizar:
O Ministério Público NÃO precisa demonstrar pertinência te-
mática para ajuizar ACP (legitimado universal)
Os demais legitimados, por sua vez, devem demonstrar perti-
nência temática (legitimados especiais)
2.2. Competência
De início, confira o que dispõe o art. 2º da Lei da ACP:
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo
terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações poste-
riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
Grave e leve para a prova a palavra FUNCIONAL no tocante ao caput do art. 2º. Muitas bancas
exploram a literalidade do dispositivo e trocam o “funcional” por outro tipo de competência,
como material, territorial, de valor etc.
Já alertado da dica para levar a palavra “funcional” para a prova, explicar-lhe-ei o porquê
de o legislador ter usado esta palavra.
Na verdade, o critério utilizado pelo caput do art. 2º é, verdadeiramente, territorial, pois
confere a competência ao juízo do lugar onde ocorrer o dano. É quase consensual na doutrina
que a utilização da palavra “funcional”, no caput do art. 2º, se deu para tornar absoluta uma
competência em razão do lugar (territorial).
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Afinal, como regra geral, as competências territoriais são relativas, e o objetivo do legisla-
dor era fazer de uma competência territorial uma competência absoluta, de forma excepcio-
nal. Por isso, o legislador expressou que o juízo do local onde ocorrer o dano tem competência
funcional para processar e julgar a ACP.
Conclusão: o critério “funcional” foi mencionado de forma atécnica, razão pela qual não se
deve interpretá-lo de forma literal, mas, sim, de forma teleológica: a finalidade do legislador
era de tornar absoluta uma competência em razão do lugar.
Volto a ressaltar: se a banca cobrar a literalidade da lei, considere a palavra “funcional”
como correta, pois consta da redação do caput do art. 2º.
Agora, vamos aos casos práticos.
Se o dano enfatizado na ACP provocar consequências em área territorial que não
ultrapasse a jurisdição de uma comarca, a competência será desta comarca, mediante
distribuição da ACP entre as Varas nela situadas.
Até aqui, tudo bem. Agora, devo apresentar-lhe o art. 93 do Código de Defesa do Con-
sumidor (CDC), que cria regra direcionada às ações civis coletivas, mas utilizada como
parâmetro para a fixação da competência nas ACPs:
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Obs.: o dano “suprarregional” é retratado na doutrina em referência aos danos que ultra-
passem o âmbito de um Estado, mas não sejam tão grandes a ponto de repercutir
sobre todo o país.
Na doutrina, especialmente por parte de Ada Pellegrini Grinover, são abordadas as hipóteses
em que o dano ultrapassa o território de jurisdição de uma comarca, mas não afeta significa-
tivamente o Estado. Nestas situações, o dano seria enquadrado formalmente como regional,
mas, propriamente, não seria regional, mas meramente local, ainda que ultrapassando os ter-
ritórios de algumas comarcas.
Imagine que determinado dano tenha efeitos sobre várias cidades do interior de São Pau-
lo, mas somente em 3% do território do Estado. Neste caso, o dano será propriamente local,
embora formalmente classificado como regional. Nesta situação, conforme doutrinadores
que seguem Ada Pellegrini Grinover, a competência será de cada comarca envolvida, e não da
capital estadual.
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Ação Civil Pública
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Art. 2º, Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
O juízo que primeiro conhecer de uma ACP será prevento para conhecer futuras ações que
tenham iguais causa de pedir e objeto (pedidos).
A determinação da competência pode ser traduzido como o fenômeno de tornar o juízo
prevento para apreciar a demanda. Logo, a determinação da competência, neste contexto,
consiste na prevenção.
Prevenção, caro(a) aluno(a), é o instituto que torna permanente a competência para que
um determinado juízo aprecie uma demanda real. O juízo que tomar conhecimento de uma
demanda, após o registro ou a distribuição da petição inicial, tornar-se-á prevento, porque
tomou conhecimento integral da demanda, teoricamente.
A regra da prevenção existe para evitar que as partes “escolham” os juízos. A observância
do juízo prevento consiste em uma das principais formas de expressão do princípio do juiz
natural.
Exemplo: o Ministério Público ajuíza ACP para buscar a reparação de danos causados
por atos ilícitos de uma empresa contra o meio ambiente, consistentes em poluição de
rios e nascentes.
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Ação Civil Pública
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Um ano depois, o Estado onde as poluições ocorreram ajuíza outra ACP, desta vez para
buscar a reparação por novos danos causados pela mesma empresa sobre os mesmos
rios e nascentes.
Neste caso, a demanda do Estado tem a mesma causa de pedir (poluição dos mesmos rios e
nascentes) e o mesmo objeto (reparação de danos por parte da empresa) que a ACP ajuizada
pelo Ministério Público um ano antes.
Neste contexto, será prevento o juízo onde tiver tramitado a ACP ajuizada pelo Ministério
Público, por ter sido o primeiro a conhecer da causa.
Na Ação Civil Pública, que é um processo de natureza coletiva por excelência, os efeitos
da coisa julgada são muito diferentes do que ocorre nos dissídios individuais. Antes de tudo,
veja o que diz o art. 103 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), ao tratar sobre as ações
destinadas a tutelar direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos (dispositivo aplicá-
vel à ACP nesse ponto):
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81 [DIREITOS DIFUSOS];
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insufi-
ciência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II
do parágrafo único do art. 81 [DIREITOS COLETIVOS];
III – erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e
seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81 [DIREITOS INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS].
EFEITOS ERGA OMNES (efeito contra todos): aplicam-se a todas as pessoas que se en-
quadrem naquela situação debatida na ACP.
EFEITOS ULTRA PARTES (efeito contra o conjunto): aplicam-se às pessoas que se enqua-
dram na situação fática debatida na ACP, desde que pertençam ao mesmo grupo, à mesma
categoria ou à mesma classe.
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A coisa julgada material produzida na ACP denomina-se coisa julgada in utilibus. É a es-
pécie de coisa julgada que só se produz para BENEFICIAR a coletividade ou categoria. Even-
tual insucesso na ACP não pode prejudicar a coletividade, classe ou categoria.
Veja o que dizem os parágrafos do art. 103 do CDC:
§ 1º Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses e direitos
individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessados que
não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a
título individual.
§ 3º Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n. 7.347, de
24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente sofridos,
propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o pedido, bene-
ficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos
dos arts. 96 a 99.
Destas regras, conclui-se que a coisa julgada da ACP pode ser esquematizada da seguin-
te maneira:
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Perceba: sempre que a coletividade NÃO é prejudicada pela improcedência da ação, os su-
jeitos individuais poderão ajuizar ações individuais para pleitear reparação pelo dano que elas
houverem sofrido em decorrência do fato. Nesse sentido, inclusive, é a regra do art. 16 da Lei
n. 7.347/1985:
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do
órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de
nova prova.
O art. 16 é claro que dispor que a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites
da competência territorial do órgão prolator. Dessa forma, a princípio, os efeitos da coisa jul-
gada proferida por magistrado vinculado ao TJ-SP, por exemplo, não poderiam irradiar sobre
o território do TJ-RJ.
Acontece, caro(a) aluno(a), que o STJ possui entendimento que, aparentemente, é contra
legem (contrário à disposição legal), mas que tem uma justificativa.
Abaixo, cito para você a ementa da fundamentação desse entendimento prevalecente:
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Os efeitos e a eficácia da sentença prolatada em ação civil coletiva não estão circunscri-
tos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do que foi decidido (REsp
1.243.887⁄PR, Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/10/2011).
Imagine que uma ACP tenha sido ajuizada para tutelar direitos difusos, cujos titulares são
indeterminados. Neste caso, é possível que os afetados por determinado dano sejam domi-
ciliados em território de outro tribunal. Neste caso, poderá a própria decisão judicial estender
seus efeitos a territórios de tribunais “vizinhos”.
Todavia, a incidência dos efeitos da decisão de um tribunal sobre o território de outro deve
ser prevista na sentença/acórdão da ACP. Se nada disto for previsto na decisão, os efeitos
ficarão, agora sim, restritos ao território do tribunal.
Art. 104. As ações coletivas [e a ACP], previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81,
não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes
ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das
ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência
nos autos do ajuizamento da ação coletiva.
O fato de uma ação de natureza coletiva não induzir litispendência relativamente a uma
ação individual é algo logicamente explicável.
A litispendência existe quando duas ações possuem os mesmos três elementos estrutu-
rantes: partes, causa de pedir e pedido (art. 337, §§ 1º e 2º do CPC). Na ação coletiva, a parte
autora é uma entidade representativa, enquanto na ação individual, é o próprio indivíduo le-
sado pelo dano.
Portanto, entre ações coletivas e ações individuais NÃO HÁ identidade de partes. Entre
elas pode haver, no máximo, conexão (art. 55 do CPC).
Dito isto, já podemos estudar a regra específica do art. 104.
Antes de a ACP ser ajuizada, é possível que estejam tramitando Ações Individuais em ra-
zão do mesmo dano, correto? Pois então:
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Após o ajuizamento da ACP, todos os autores dessas ações individuais serão comunica-
dos do ajuizamento de tal ACP com o mesmo objeto, normalmente mediante despacho do juiz
nos autos da ação individual.
Após esse despacho, o autor da ação individual terá o prazo de 30 DIAS para pedir a sus-
pensão da ação individual. Se tal prazo transcorrer sem requerimento de suspensão, o autor
dessa ação individual NÃO PODERÁ aproveitar o resultado da ACP.
Logo, se o autor individual não requerer a suspensão, ele assumirá um risco: ou conseguir
uma sentença melhor, ou acabar com um resultado pior que o dos demais.
Imagine, agora que existam duas ações civis públicas ajuizadas com mesmo objeto (pe-
didos) e mesma causa de pedir, mas por sujeitos ativos distintos: suponhamos que um deles
seja a União e outro, uma associação constituída há anos.
A pergunta é: em relação a estas duas ACPs, existe litispendência?
Pois bem.
LITISPENDÊNCIA consiste em repetir ação que já estiver em curso, isto é, ajuizar uma
ação idêntica a outra já ajuizada e ainda em andamento.
Tradicionalmente, leciona-se que uma ação é idêntica à outra quando forem iguais as
partes, os pedidos e as causas de pedir (art. 337, § 2º, do CPC). Todavia, como estudamos,
a ACP possui vários legitimados ativos, que podem ajuizá-la se tiverem pertinência temática
com o dano ocorrido. Logo, podem vários entes e entidades ajuizar ACP com vistas a buscar
a reparação de um mesmo dano.
Portanto, é de se concluir que os elementos identificadores da ACP não são três – como
as ações em geral – mas, sim, dois: causa de pedir e pedido. Afinal, não necessariamente uma
pretensão coletiva será deduzida pela mesma parte, pois a legitimidade para o ajuizamento
da ACP é concorrente e disjuntiva: vários entes, órgãos e entidades podem ajuizá-la em con-
junto ou separadamente.
Conclusão: entre duas ou mais ACPs, haverá litispendência se forem idênticas as causas
de pedir e os pedidos.
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Se o autor da ação individual optar por requerer a suspensão do seu processo par aguar-
dar o resultado da ACP, e sendo a ACP procedente e favorável, o autor individual poderá exe-
cutar a sua parte na própria ação individual, tendo em vista o efeito in utilibus da coisa julgada
produzida na ACP (transporte do resultado favorável da ACP à ação individual, para nela ser
executada na parte que tocar ao indivíduo).
Na fase de liquidação e execução da ACP, descobrir-se-á o valor devido a cada indivíduo
(quando o direito for divisível nesta fase, como é o caso da ACP ajuizada para tutelar direito
individual homogêneo), tendo em vista que a sentença é condenatória e genérica, certificando
a existência e a exigibilidade do direito, mas em nome de uma categoria ou coletividade, e não
em nome de cada indivíduo lesado.
Quanto à liquidação, ela ocorrerá nos exatos moldes previstos para os processos em geral
(por arbitramento ou pelo procedimento comum), conforme o art. 509 do CPC. Quando a apu-
ração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo,
o cumprimento da sentença (§ 2º do art. 509 do CPC).
No caso das ACPs ajuizadas para tutelar direitos difusos e coletivos, a liquidação será
mais simples, pois o valor da condenação – quando a condenação for de pagar quantia – ge-
ralmente será revertido a um fundo específico. Na falta de indicação de um fundo pela enti-
dade autora, os valores devidos a título de “dano moral coletivo” (como geralmente acontece)
serão revertidos a um FUNDO gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais
de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade,
sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados (art. 13 da Lei da ACP).
Exemplo: se o dano tiver incidido sobre o direito das pessoas com deficiência à acessibili-
dade, o valor revertido ao Fundo indicado pelo legitimado ativo será empregado em ações e
políticas públicas de promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência.
Ademais, em grande parte das vezes, a sentença condenatória proferida na ACP impõe ao
réu obrigações de fazer ou não fazer, sob pena de multa ou outras medidas. Nesses casos, só
haverá fase de liquidação se a obrigação for convertida em perdas e danos.
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A situação é mais complexa nos casos de ACPs ajuizadas para tutelar direitos individuais
homogêneos. Neste caso, pleiteou-se um direito que várias pessoas possuem individualmen-
te, de forma homogênea. É o exemplo do adicional de insalubridade devido a todos os traba-
lhadores de determinado setor de uma empresa.
Sendo procedente a ACP com o ilustrativo caso do adicional de insalubridade, será feita
liquidação da mesma forma como ocorre nos processos em geral, a fim de se descobrir o va-
lor exato devido a cada sujeito, individualmente.
Após o trânsito em julgado da ACP, ocorrerá a execução (ou cumprimento de sentença).
Se a entidade que ajuizou a ACP (entidade autora) não promover a execução no prazo de 60
DIAS, o MP deverá promovê-la. Igualmente, as demais entidades legitimadas a ajuizar a ACP
(DPU, Município, União etc.) também poderão promover a execução, se houver inércia dentro
de 60 dias, da mesma forma. Esta é a regra do art. 15 da Lei n. 7.347/1985:
Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a associação
autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos
demais legitimados.
Depois que a sentença da ACP transitar em julgado, será possível que os próprios indiví-
duos lesados liquidem e executem suas respectivas partes do valor ao qual a parte ré tenha
sido condenada, de acordo com o procedimento do cumprimento de sentença.
Existe, todavia, um prazo prescricional para que os indivíduos lesados executem suas
partes do crédito. Este prazo é de 5 ANOS, a contar do trânsito em julgado da última decisão
de mérito da ACP.
Este prazo é previsto no art. 21 da Lei n. 4.717/65 (Lei da Ação Popular), que dispõe:
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Portanto, lembre-se:
Obs.:
o entendimento acima tratado é o que prevalece no STJ. Precedente: REsp 1273643/
PR.
Quanto aos valores devidos em sede de ACP, cabe destacar que, nela, NÃO se aplicam os
ônus processuais de custas, honorários periciais e honorários advocatícios de sucumbência.
Nesse sentido é a regra do art. 18 da Lei da ACP:
Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, hono-
rários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo com-
provada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.
A entidade que ajuizar a ACP só pagará custas processuais se honorários se a tiver ajui-
zado de MÁ-FÉ, assim reconhecida pelo juiz com base em elementos concretos dos autos.
Inclusive, se a má-fé se enquadrar, também, em alguma das hipóteses específicas de li-
tigância de má-fé (art. 80 do CPC), a entidade autora pagará o valor das custas processuais
multiplicado por dez. É nesse sentido a regra do art. 17 da Lei da ACP:
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Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela pro-
positura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das
custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.
Veja que a responsabilidade pelas despesas processuais, especialmente das custas mul-
tiplicadas por dez, é solidária da associação autora e de seus diretores, que tenham influen-
ciado na propositura da ação.
Perceba que esta sanção é prevista somente para as associações. Se o autor tiver sido órgão
ou entidade pública, não haverá condenação nas despesas processuais, nem ao décuplo das
custas, mas terão aplicação os arts. 181, 184 e 187 do CPC, abaixo colacionados.
Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando agir
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando agir
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Art. 187. O membro da Defensoria Pública será civil e regressivamente responsável quando agir
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Em caso de mera culpa, não existirá a responsabilidade civil e regressiva dos referidos agen-
tes públicos.
Por simples culpa, o máximo que ocorrerá serão consequências disciplinares administrativas e
internas do respectivo órgão público (mediante processo administrativo disciplinar, sindicância
etc.).
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Diz-se que a responsabilidade do agente público será regressiva porque, como regra geral,
o dano causado pelo membro é cobrado do próprio órgão ou entidade. Logo, o agente público
será cobrado pela instituição, em virtude de ela própria ter reparado, com seus recursos, um
dano causado pelo agente (conforme a regra de responsabilidade civil constante do art. 37,
§ 6º da Constituição Federal).
Em termos simples: o prejudicado cobra a reparação do ente público, e este cobra, depois,
o ressarcimento pelo agente que tiver agido com dolo ou fraude.
Pelo fato de este detalhe ser importantíssimo para provas, apresento a ilustração abaixo:
Neste capítulo citarei e comentarei todas as demais disposições da Lei da ACP que ainda
não foram tratadas na aula. Acredito que, desta forma, daremos atenção especial aos tópicos
mais “esparsos” da lei, que não se vinculam a temáticas objetivas do regramento processual.
Vamos lá!
Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação
de fazer ou não fazer.
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• Reparar o dano causado, quando este puder ser compensado por prestação em
dinheiro; ou
• Indenizar o dano causado, se este não puder ser reparado a partir de pagamento em
dinheiro.
Art. 4º Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar dano
ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade de grupos
raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.
Não mais existe ação cautelar no direito processual civil brasileiro. Todavia, as regras
de legitimidade deste dispositivo aplicam-se igualmente para eventual tutela provisória de
urgência cautelar em caráter antecedente, que pode ser oferecida antes mesmo da ação prin-
cipal (é a função da antiga ação cautelar).
A tutela de urgência cautelar antecedente é disciplinada nos arts. 305 a 310 do CPC. Abai-
xo, apresentarei o dispositivo conceitual desta espécie de tutela provisória: o art. 305 do CPC.
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente
indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o pe-
rigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz
observará o disposto no art. 303.
Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Pú-
blico, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe
os elementos de convicção.
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Todas as pessoas podem vir a ter conhecimento de fatos que possam ser apurados e
processados no bojo de ACP, isto é, conhecimento de danos que estejam sendo perpetrados
contra algum direito tutelável pela via da ação civil pública.
Portanto, todas elas têm a possibilidade de levar as informações que tiverem ao Ministé-
rio Público, para que este apure os fatos de forma extrajudicial (procedimento preparatório,
inquérito civil, procedimento administrativo etc.) e, futuramente, se convencido da existência
do dano, ajuíze a ACP.
A diferença importantíssima e muito explorada em provas entre essas pessoas é o fato de
elas serem ou não, servidoras públicas.
Se a pessoa não for servidora pública, ela não terá o dever de levar essas informações ao
conhecimento do MP.
Se, todavia, a pessoa for servidora pública, ela terá o dever de levar todas as informações
que tiver ao conhecimento do MP.
Para ilustrar:
Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que
possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as provi-
dências cabíveis.
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Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certi-
dões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias.
Por interessado, entenda qualquer dos legitimados ativos para o ajuizamento da ACP
(art. 5º), uma vez que o requerimento de certidões e informações de autoridades públicas,
tem, conforme este artigo, a finalidade de instruir a petição inicial da ACP.
O prazo de 15 dias corre contra a autoridade pública à qual tenha-se requisitado as cer-
tidões e informações. Estes 15 dias são corridos (contam finais de semana e feriados no seu
interstício).
§ 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de
qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que
assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.
Ademais, o MP também terá o poder de requerer exames ou perícias por parte desses
organismos.
O prazo para o MP também é diferenciado. O prazo para que o organismo atenda ao re-
querimento do MP será aquele que o próprio MP fixar, mas este prazo não poderá ser menor
que 10 dias úteis.
DICA!
Tome cuidado para não confundir os prazos deste artigo:
Interessados em geral, para instruir a inicial: 15 dias corridos
Ministério Público, para instruir investigações e a inicial: 10
dias úteis
§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação,
hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao
juiz requisitá-los.
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Obs.: não deixe passar batido este detalhe: o sigilo, para justificar a recusa da certidão ou
da informação para a instrução de ACP, deve decorrer de lei, e não de decisão admi-
nistrativa.
§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena
de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
Tão logo os interessados sejam cientificados do arquivamento, terá início o prazo de três
dias para que a Promotoria remeta os autos do inquérito ou do procedimento preparatório
arquivado ao CSMP.
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§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou rejeitada
a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou
documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.
Apesar do caráter inquisitório do inquérito civil, percebe-se que a promoção de seu arqui-
vamento dá maior espaço ao contraditório dos envolvidos, que poderão apresentar razões
escritas, com ou sem documentos anexados, para influenciar, em algum sentido, a decisão
do CSMP.
Exemplo: para saber se o arquivamento é justo ou não, o CSMP pode suspender a sessão
e determinar que outro Promotor de Justiça efetue inspeção numa determinada localida-
de, em razão de a conclusão da inspeção depender de elemento puramente interpretativo
do Promotor.
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É possível, entretanto, que o arquivamento não seja homologado, e que o inquérito, por
consequência, deva continuar a tramitar. Nesta hipótese, a norma adota a mesma lógica do
inquérito policial: deve-se designar outro Promotor para dar continuidade às investigações.
Caso a investigação já esteja robusta e consumada, este novo Promotor poderá ajuizar, de
imediato, Ação Civil Pública ou propor outra medida judicial adequada e cabível.
Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa de 10
(dez) a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN, a recusa, o retardamento
ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados
pelo Ministério Público.
Este crime somente não será consumado quando os dados técnicos constarem de
certidão ou informação sobre a qual recaia sigilo legal. Afinal, conforme a Lei de Acesso
à Informação (Lei n. 12.527/2011), algumas informações podem ser reservadas, secretas
ou ultrassecretas.
Conforme o caput do art. 21 da Lei de Acesso à Informação, “não poderá ser negado
acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamen-
tais”. Portanto, se o juiz requisita essas informações confidenciais no bojo de ACP (que
sempre envolve direitos fundamentais, de forma mais próxima ou mais remota), o órgão
público deverá fornecê-las.
Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz de-
terminará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob
pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível,
independentemente de requerimento do autor.
As obrigações de fazer e de não fazer são também consideradas como obrigações in na-
tura, isto é, as que não tem a forma de pecúnia (dinheiro).
Depois do inadimplemento do devedor quanto a uma obrigação in natura (fazer ou
não fazer), é possível que a mesma obrigação possa ser igualmente cumprida, ou que,
em decorrência do inadimplemento, o cumprimento da prestação in natura tenha se tor-
nado impossível.
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Diante disso, o CPC, no art. 497, tratou de instituir dois tipos de tutela jurisdicional das
obrigações de fazer e de não fazer:
• Tutela específica: o juiz ordena o réu/devedor a cumprir a mesma obrigação de fazer ou
não fazer que descumpriu, na exata forma estabelecida em contrato ou em título exe-
cutivo. A tutela específica pode ser concedida inclusive mediante cominação de multa
à parte ré, MESMO QUE o autor da ACP não tenha requerido a cominação de multa para
constranger o réu a cumprir a obrigação de fazer ou não fazer;
• Tutela pelo resultado prático equivalente: por ser impossível o cumprimento tardio da
obrigação descumprida, o juiz condena o réu/devedor a cumprir, em favor do autor,
alguma obrigação que possa restaurar/criar uma realidade fática aproximada daquela
que existiria se a obrigação tivesse sido cumprida.
Quando houver justo receio de que um ato ilícito venha a ser praticado, ou quando ele já
tiver sido cometido e puder vir a ser cometido novamente, ou, ainda, quando esteja sendo
cometido, poderá a pessoa prejudicada postular a tutela inibitória, que consiste em inibir/im-
pedir a prática, a reiteração ou a continuação de um ato ilícito específico (art. 497, parágrafo
único, CPC).
A tutela inibitória é um tipo de tutela específica, pois a pretensão do autor é, diretamente,
a de que o réu deixe de fazer alguma coisa (obrigação de não fazer). Se o juiz impuser ao réu
a obrigação de não fazer pretendida pelo autor, será caso de tutela específica inibitória.
A tutela inibitória, quando concedida e impuser ao réu uma obrigação de fazer, será uma
tutela inibitória positiva. Quando a obrigação imposta pelo juiz for de obrigação de não fazer,
será uma tutela inibitória negativa.
Para que o autor postule a tutela inibitória específica, ele não precisa comprovar a ocor-
rência de dano, tampouco culpa ou dolo do réu. Afinal, a prática do ato ilícito pode ter sido
cometida mesmo sem culpa ou dolo, mas por mero erro ou ignorância.
Obs.: se o autor postular a tutela inibitória em sede de tutela provisória de urgência, ele
deverá, sim, comprovar ao menos o perigo de dano.
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Conforme o inciso IV do art. 139 do CPC, cabe ao juiz determinar todas as medidas induti-
vas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimen-
to de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária.
As medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias destinam-se a asse-
gurar o cumprimento das ordens judiciais e, consequentemente, o cumprimento da obrigação
(satisfação do débito).
Afinal de contas, o CPC, no art. 4º, dá ao cidadão-jurisdicionado o direito à atividade sa-
tisfativa em período razoável.
Obs.: atividade satisfativa consiste no uso dos meios necessários para que o direito reco-
nhecido pelo juiz seja efetivado e entregue à parte que o postulou (cumprimento de
sentença, execução, poder geral de efetivação do juiz, dentre outras formas).
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Exemplos: ordem para que o órgão público nomeie determinada pessoa para cargo público
em certo prazo; ordem para que o ente público se abstenha de fazer alguma coisa que venha
a ser lesiva aos direitos de alguém etc.
Exemplo: concessão de prazo ao réu para que apresente os cálculos referentes à dívida, sob
pena de nomeação de perito contábil para efetuá-los e apresentá-los às suas custas; con-
cessão de prazo ao réu para que cumpra a obrigação de fazer ou não fazer, sob pena de um
terceiro implementar a ação devida (obrigação de fazer) ou reprimir a atividade nociva (obri-
gação de não fazer) às custas do devedor.
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão su-
jeita a agravo.
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mento, o processo será extinto. Por óbvio, se o réu interpuser o agravo, o processo prossegui-
A invalidação, reforma ou revisão pode ser requerida por qualquer das partes, e não
tutela antecipada, de modo que seus efeitos se tornem mais favoráveis a ele (art. 304,
§ 2º, CPC).
Tenha em mente que a estabilização da tutela provisória de urgência somente se aplica à tu-
tela de urgência antecipada.
A tutela cautelar, por sua vez, não pode ser estabilizada, uma vez que a estabilidade da deci-
são é incompatível com sua natureza de evitar danos imediatos. É o entendimento fixado no
§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à
ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir
o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamenta-
da, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da
publicação do ato.
Depois que o agravo de instrumento for interposto, é possível que o Presidente do Tribunal
ad quem (destinatário do recurso) suspensa a execução da liminar, quando o requerimento
de suspensão partir do Poder Público (quando réu) e a finalidade da suspensão seja de evitar
(monocrática do Presidente) será impugnável por agravo interno ao órgão colegiado do Tribu-
nal que seja competente para apreciar recursos contra decisões monocráticas do Presidente
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§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão
favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.
Não confunda “trânsito em julgado da decisão favorável ao autor” com o trânsito em julgado
da sentença definitiva.
A decisão liminar que impuser multa ao réu, para que cumpra determinada obrigação, transi-
tará em julgado quando o prazo de 15 dias para interposição do agravo de instrumento termi-
nar, ou quando o agravo de instrumento for julgado definitivamente, mantendo a cominação
da multa. Logo, a decisão liminar terá transitado em julgado, mas o mérito principal continu-
ará em debate em primeiro grau de jurisdição.
Em decisão liminar (que aprecia pedido de tutela provisória), o juiz pode determinar
ao réu que cumpra determinada obrigação de fazer ou não fazer, sob pena de multa (me-
dida coercitiva).
Pois bem.
A exigibilidade da multa consiste na possibilidade de ela produzir efeitos. Uma multa exi-
gível é uma multa oponível contra o multado. Explico em termos práticos: quando a multa for
exigível, o réu terá ciência de que o descumprimento da sua obrigação (de fazer ou não fazer)
será sancionado com multa.
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A exigibilidade da multa não significa que ela deve ser paga de imediato: significa que ela
é oponível para constranger o réu a cumprir sua obrigação. Logo, se ele cumprir sua obriga-
ção, embora a multa seja exigível, ele não deverá pagá-la. Afinal, a multa é apenas uma me-
dida coercitiva para garantir o cumprimento de uma obrigação mais importante (de fazer ou
não fazer).
DICA!
Multa exigível é multa existente e válida, que pode servir
como meio de coagir alguém a cumprir certa obrigação. Não
significa que a multa seja devida, mas, sim, que ela poderá ser
aplicada de imediato após o descumprimento da obrigação
principal.
Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo
gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente
o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconsti-
tuição dos bens lesados.
§ 1º. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento
oficial de crédito, em conta com correção monetária.
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§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação
étnica nos termos do disposto no art. 1º desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá diretamente
ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, con-
forme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão
nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses
de danos com extensão regional ou local, respectivamente.
Como regra, o próprio autor da ACP indica um fundo ao qual devam ser revertidos os va-
lores da condenação, a fim de que os danos sejam reparados ou indenizados da forma mais
justa possível.
Na falta de indicação de um fundo pela entidade autora, os valores devidos em razão da
condenação judicial serão revertidos a um FUNDO gerido por um Conselho Federal ou por
Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e represen-
tantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.
O destino deve, obrigatoriamente, dirigir-se à reconstituição dos bens lesados/danifica-
dos, a fim de que os danos sejam justamente compensados e/ou indenizados.
Exemplo: se o dano tiver incidido sobre o direito das pessoas com deficiência à acessibili-
dade, o valor revertido ao Fundo indicado pelo legitimado ativo será empregado em ações e
políticas públicas de promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência.
Outro grande exemplo consta do § 2º, que você precisa conhecer para fins de prova: se os
danos narrados na ACP decorrerem de ato de discriminação étnica, os valores da condena-
ção do réu serão utilizados para ações de promoção da igualdade étnica. Neste caso, há uma
diferença a conhecer:
• se os danos forem de âmbito nacional, as ações serão definidas pelo Conselho Nacio-
nal de Promoção da Igualdade Racial;
• se, todavia, os danos forem de âmbito regional ou local, as ações serão definidas pelos
Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais.
Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.
Como regra geral, os recursos têm efeito devolutivo, mas nem todos têm o efeito sus-
pensivo.
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EFEITO SUSPENSIVO: consiste na suspensão dos efeitos da decisão recorrida até que o
juízo ad quem (juízo destinatário do recurso) julgue o recurso interposto, para decidir se re-
forma, ou não, a decisão recorrida.
EFEITO DEVOLUTIVO: toda a matéria envolvida pelo recorrente em seu recurso é devolvida
ao juízo ad quem (juízo destinatário do recurso), para reanálise das questões. O efeito devo-
lutivo alcança somente as partes da decisão impugnadas pelo recorrente.
Como regra geral, é possível a obtenção de efeito suspensivo com base nos critérios do
art. 995, parágrafo único, do CPC: se em razão da imediata produção de seus efeitos houver
risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade
de provimento do recurso.
Todavia, no caso de recurso em ACP, o único requisito a ser demonstrado para a conces-
são de efeito suspensivo ao recurso é perigo de dano irreparável.
Conclusão: em recursos contra sentenças proferidas em ACP, a concessão de efeito sus-
pensivo NÃO depende de probabilidade de provimento do recurso. O perigo de dano, todavia,
deve referir-se a dano irreparável, e não meramente “grave”.
Art. 19. Aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o Código de Processo Civil, aprovado pela
Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, naquilo em que não contrarie suas disposições.
A lei citada no art. 19 é o CPC de 1973. Todavia, de acordo com o art. 1.046, § 4º, do Novo
CPC, “As remissões a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em outras
leis, passam a referir-se às que lhes são correspondentes neste Código”.
Portanto, a aplicação supletiva e subsidiária é do CPC de 2015, que poderá suprir lacunas
normativas, ontológicas e axiológicas da Lei da Ação Civil Pública.
LACUNAS NORMATIVAS: não existe norma para o caso concreto. Portanto, o aplicador da
lei deverá encontrar meio integrativo para sanar a omissão (aplicação subsidiária de dispo-
sitivo do CPC).
LACUNAS ONTOLÓGICAS: existe uma norma para o caso concreto, mas essa norma so-
freu um drástico envelhecimento diante do direito moderno, sendo historicamente incompa-
tível com o caso concreto.
LACUNAS AXIOLÓGICAS: existe uma norma para o caso concreto, mas essa norma tor-
nou-se injusta, e sua aplicação ao caso formaria situação clara de injustiça.
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Pode parecer óbvio que o Ministério Público tenha legitimidade para ajuizar ACP em defe-
sa do patrimônio público, uma vez que tal defesa é inerente à defesa do ordenamento jurídico
como um todo, papel que, constitucionalmente, lhe incumbe (art. 127, caput, CF/88).
Apesar da aparente obviedade, a edição desta Súmula tem uma razão. A defesa do patri-
mônio público é a causa de pedir das ações populares, que somente podem ser ajuizadas por
pessoas naturais em defesa do patrimônio público (art. 5º, LXXIII, CF/88). Portanto, o instru-
mento da ação popular não é acessível ao MP, mas é privativamente destinado às pessoas
naturais.
De modo a esclarecer que o MP pode, sim, ajuizar ações em defesa do patrimônio público
estritamente, o STF editou a Súmula n. 329 para esclarecer que esta causa de pedir, por parte
do MP, pode ser apresentada em ACP, já que o MP não pode ajuizar ação popular. É uma forma
de esclarecer qual é o instrumento de defesa do patrimônio público por parte do MP, embora
seja óbvio que o MP pode, sim, litigar em defesa do patrimônio público.
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O Enunciado n. 119 do FPPC trata da hipótese em que os próprios indivíduos lesados to-
mam a iniciativa de ajuizar ação em face de alguém (normalmente uma empresa prestadora
de algum serviço) que tenha celebrado negócios jurídicos com vários particulares, e os efeitos
desses negócios tenham sido lesivos.
Exemplo: compra de determinado produto, pela internet, de uma empresa, sendo tal produto
de composição lesiva ao corpo humano em razão de vícios ocultos.
Obs.: o juiz não ordenará o ajuizamento de ação coletiva, como a ACP, mas somente ofi-
ciará os sujeitos legitimados para que avaliem a possibilidade de ajuizar tal ação,
para substituir processualmente os particulares que tomaram a iniciativa de proces-
sar a ré.
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Como estudamos no comentário ao art. 12, § 2º, a multa somente é devida depois do
descumprimento da obrigação principal. Descumprida a obrigação principal no meio do pro-
cesso, poderá haver cumprimento provisório da decisão cominatória de multa. A partir do
cumprimento provisório, serão tomadas as medidas atinentes ao recolhimento da multa, me-
diante pagamento voluntário, indisponibilidade de bens e/ou bloqueio de contas bancárias.
O levantamento do valor da multa (reversão do valor à parte lesada) somente poderá ocor-
rer após o trânsito em julgado da decisão de mérito favorável à parte lesada.
Imagine que uma ACP tenha sido ajuizada por associação que não tenha pertinência te-
mática com a questão social afetada pelo dano.
Exemplo: associação de surdos ajuizando ACP para discutir danos em face de direitos rela-
cionados à igualdade racial. Não existe pertinência temática entre a finalidade institucional da
associação e os danos ocorridos.
Não é porque o primeiro autor da ACP era parte ilegítima que a ACP deva, necessariamen-
te, ser extinta. Se, logo após o reconhecimento da ilegitimidade, algum legitimado ativo ver-
dadeiro assumir o polo ativo (Ex.: associação de combate à discriminação racial, Ministério
Público ou Defensoria Pública), o processo seguirá normalmente.
Afinal de contas, o interesse social envolvido na causa é muito mais relevante do que uma
questão preliminar processual extintiva.
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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (2020/VUNESP/FITO/ADVOGADO) De acordo com a regra geral do Processo Ci-
tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer, caso o juiz determine o cumprimento
de prestação da atividade devida em trinta dias, cominando multa diária para o caso de des-
blica proposta pelo Ministério Público, o juiz verificou que os pedidos formulados já são objeto
de outra ação civil pública em curso e ajuizada anteriormente. Nessa hipótese, deverá o juiz:
c) julgar extinto o feito, sem resolução de mérito, reconhecendo a existência de coisa julgada;
e) julgar extinto o feito, com resolução de mérito, reconhecendo a existência de coisa julgada.
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prejudicados pelo mesmo ato que ensejou o pleito na esfera coletiva entraram com ações
individuais. Somente se beneficiará da coisa julgada coletiva o indivíduo que
a) prosseguir com a ação individual, mesmo que seja julgado improcedente o seu pedido par-
ticular.
b) tenha requerido a suspensão de seu processo individual caso queira ser beneficiado em
eventual sentença coletiva procedente.
c) tiver seu processo individual transitado em julgado por ocasião do ingresso da ação cole-
tiva.
d) desistir da ação individual para ingressar no polo ativo da ação coletiva.
e) ingressar com pedido de reunião dos processos individual e coletivo.
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GISLATIVO) As ações coletivas para a recomposição do dano sofrido devem ser ajuizadas
no foro
sições da Lei n. 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública), da Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa
sições da Lei n. 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública), da Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa
Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, hono-
rários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo
sições da Lei n. 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública), da Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa
A sentença proferida em sede de ação civil pública proposta para tutelar direitos difusos pro-
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Ação Civil Pública
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GABARITO
1. d 28. C
2. e 29. C
3. b 30. E
4. a 31. C
5. c
6. a
7. e
8. c
9. e
10. b
11. d
12. c
13. b
14. b
15. d
16. a
17. d
18. b
19. d
20. a
21. C
22. C
23. E
24. C
25. C
26. E
27. E
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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (2020/VUNESP/FITO/ADVOGADO) De acordo com a regra geral do Processo Ci-
vil Coletivo, a competência para processar e julgar ação civil pública é
a) relativa, devendo ser ajuizada no foro do local onde ocorreu o dano.
b) relativa, devendo ser ajuizada no foro do local do domicílio do lesado.
c) relativa, devendo ser ajuizada no foro do local do domicílio ou sede do réu.
d) absoluta, devendo ser ajuizada no foro do local onde ocorreu o dano.
e) absoluta, devendo ser ajuizada no foro do local do domicílio do lesado.
Letra d.
O art. 2º, caput da Lei da ACP dispõe: “As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro
do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a
causa”. Ao estabelecer que a competência é “funcional”, o legislador criou um critério verda-
deiramente territorial-funcional, com o objetivo de tornar absoluta a competência do foro do
local do dano.
Letra e.
O examinador explorou diretamente a regra do art. 12, § 2º: “A multa cominada liminarmente
só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será
devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento”.
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Letra b.
Para a configuração de litispendência entre ações civis públicas, dispensa-se a identidade de
partes, pois a legitimidade ativa para o ajuizamento de uma mesma ACP é múltipla (vários
sujeitos elencados no art. 5º). Logo, para a configuração de litispendência, basta a igualdade
dos outros dois elementos identificadores da ação: pedido e causa de pedir, que, no caso re-
tratado, são iguais.
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d) não estava prescrita, e só será assim considerada após o transcurso de dez anos após a
publicação da sentença coletiva.
e) estava prescrita desde o transcuro de três anos após o trânsito em julgado da sentença
coletiva.
Letra a.
A questão envolveu o entendimento perfilhado pelo STJ: aplica-se o prazo de cinco anos para
a prescrição da execução individual de sentença proferida em ACP, por aplicação analógica do
art. 21 da Lei da Ação Popular, que dispõe: “A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco)
anos”. Afinal, a ação popular também pertence ao grupo dos instrumentos de tutela coletiva,
razão que autoriza a analogia entre as duas ações para fins prescricionais. Portanto, é de cin-
co anos, a contar da data do trânsito em julgado da sentença proferida na ACP, o prazo pres-
cricional para a execução individual pelos sujeitos beneficiados. Precedente: REsp 1273643/
PR.
Letra c.
a) Errada. A eficácia do TAC é de título executivo extrajudicial (art. 5º, § 6º, Lei da ACP).
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Letra a.
Danos ao meio ambiente não permitem a oportunidade de identificação de cada sujeito lesa-
do; logo, relacionam-se a direitos difusos. Já o dano perpetrado sobre um grupo, categoria ou
classe refere-se diretamente a direito coletivo em sentido estrito, pois é possível que os sujei-
tos atingidos sejam identificados, embora nem sempre isso aconteça. Por sua vez, a destrui-
ção de casas relaciona-se a direito individual homogêneo, pois será identificável cada pessoa
que perdeu sua casa.
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Letra e.
A questão explorou diretamente a regra do art. 5º, § 3º, da Lei n. 7.347/1985, “Em caso de
desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público
ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa”.
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Letra c.
a) Errada. Não há previsão de atuação da Defensoria em todas as ações civis públicos como
“tutor dos vulneráveis”. Há apenas previsão legal de atuação do MP como custos legis (fiscal
da lei) quando não for o próprio autor da ação (art. 5º, § 1º da Lei da ACP).
b) Errada. Somente os órgãos públicos legitimados para a ACP poderão celebrar TAC. Isso
exclui as associações. Portanto, nem todos os legitimados poderão celebrar TAC.
c) Certa. Conforme o art. 5º, § 2º da Lei da ACP, “Fica facultado ao Poder Público e a outras
associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qual-
quer das partes”.
d) Errada. Os Municípios possuem, sim, tal legitimidade (art. 5º, inciso III da Lei da ACP).
e) Errada. As medidas de urgência (tutela provisória) podem ser requeridas por todos os le-
gitimados do art. 5º. Ademais, a Defensoria Pública não tem legitimidade universal, mas so-
mente legitimidade especial, pois deve demonstrar pertinência temática (repercussão sobre
direitos dos necessitados) para ajuizar ACP.
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d) o Supremo Tribunal Federal entendeu que o tema possuía repercussão geral, estabelecen-
do que limitação determinada pela lei não ofende a coisa julgada.
e) a sentença pode ser executada fora dos limites da competência territorial do órgão prolator,
por força da coisa julgada, ainda que em contrariedade à limitação legal, se fixado no título.
Letra e.
Conforme o entendimento prevalecente no STJ, “Os efeitos e a eficácia da sentença prolatada
em ação civil coletiva não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objeti-
vos e subjetivos do que foi decidido” (Precedente: REsp 1.243.887⁄PR). Esta questão não foi
analisada pelo STF. Portanto, não foi reconhecida repercussão geral sobre o tema, por ser de
índole infraconstitucional.
Letra b.
a) Errada. A eficácia do TAC é de título executivo extrajudicial, eis que formado fora do âmbito
processual.
b) Certa. É a utilidade do TAC: eventual descumprimento acarreta punições, sendo as eventu-
ais cominações executáveis judicialmente.
c) Errada. Na verdade, o TAC é ainda mais oportuno antes da ação judicial, mas nada impede
sua formulação durante o curso de uma ação.
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Letra d.
a) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. São os objetos possíveis da ACP.
b) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. Embora isso seja difícil de ocorrer,
é possível: art. 5º, § 5º, Lei n. 7.347/1985.
c) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. Este item exagera ao dizer que a ACP
produzirá coisa julgada erga omnes, pois há hipótese em que a coisa julgada será ultra partes
(direito coletivo em sentido estrito). Esse pecado não é do examinador: é do texto da lei, que é
anterior ao CDC. O item corresponde à regra literal do art. 16 da Lei n. 7.347/1985.
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d) Certa, pois a questão pede pela alternativa incorreta. As reclamações plúrimas são nada
mais que ações individuais com litisconsórcio ativo. Logo, aplica-se a regra do art. 104 do
CDC: “As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não in-
duzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes
ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores
das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da
ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva”.
e) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. É a regra do art. 5º, § 2º, da Lei n.
7.347/1985.
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Letra c.
a) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. Tais entidades são previstas no rol
do art. 5º da Lei n. 7.347/1985.
b) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. Tal regra está no art. 5º, § 1º, da
mesma lei.
c) Certa, pois a questão pede pela alternativa incorreta. Somente as entidades legitimadas
do art. 5º QUE SEJAM DO PODER PÚBLICO (personalidade jurídica de direito público) podem
firmar o TAC (art. 5º, § 6º, da mesma lei). Portanto, as empresas públicas, sociedades de eco-
nomia mista, sindicatos e associações NÃO PODEM firmar TAC com a parte contrária.
d) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. É a regra do art. 15 da mesma lei.
e) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. É a regra do art. 103, III, e § 2º, do CDC.
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Letra b.
São estes os legitimados do art. 5º da referida lei, em termos literais:
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Letra b.
I – Errado. Conforme citado em aula, o juiz pode arbitrar multa ou outro meio coercitivo para
coagir o réu a cumprir a obrigação de fazer ou não fazer (art. 11 da Lei n. 7.347/1985). Nesse
caso, a conversão da obrigação em multa constitui verdadeira transmutação da obrigação em
busca pelo “resultado prático equivalente”, que é o bem jurídico subsidiário da tutela especí-
fica (que é a obrigação de fazer ou não fazer em si considerada).
II – Errado. O CDC não conceitua “direitos individuais heterogêneos”.
III – Certo. É a regra do art. 5º, 3º, da Lei n. 7.347/1985.
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Letra d.
a) Errada. Conforme o art. 5º, § 3º, da Lei n. 7.347/1985, “Em caso de desistência infundada
ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
assumirá a titularidade ativa”.
b) Errada. Não existe tal condição para que o MP atue como fiscal da lei quando não for parte
(art. 5º, § 1º).
c) Errada. Tal litisconsórcio (entre órgãos do MPU) também é possível, por ausência de veda-
ção legal.
d) Certa. É a regra literal do art. 15 da Lei da ACP.
e) Errada. O prazo para requerer a suspensão é de 30 dias, na verdade. É a regra do art. 104
do CDC.
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Letra a.
I – Errado. Conforme o art. 1º, parágrafo único, “Não será cabível ação civil pública para vei-
cular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço – FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários
podem ser individualmente determinados”.
II – Errado. Na verdade, existe exceção em que o requisito de pré-constituição (constituição
há no mínimo um ano) poderá ser dispensado. Trata-se da hipótese do art. 5º, § 4º: “O requi-
sito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse so-
cial evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico
a ser protegido”.
III – Certo. Trata-se da regra literal do art. 16 da Lei da ACP.
IV – Certo. Trata-se da regra literal do art. 17 da Lei da ACP.
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Letra d.
A questão explorou, exatamente, a regra do art. 16 da Lei da ACP: “A sentença civil fará coisa
julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedi-
do for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado
poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova”.
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Letra b.
A questão explorou diretamente a regra do art. 104 do CDC: “As ações coletivas, previstas nos
para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que
aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais,
se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do
pais de alunos com paralisia cerebral e cadeirantes constituíram associação, em cujos fins
queles e de outros vulneráveis, nas mesmas condições. Dois meses após sua criação deci-
diram em assembleia promover demanda coletiva em face do Município onde residiam para
temporal insuperável.
b) falta-lhe pertinência temática, porquanto a associação foi criada pelos pais de alunos com
paralisia cerebral e cadeirantes, de modo que o interesse é claramente egoístico.
c) a associação é parte ilegítima para figurar no polo ativo da demanda, pois seu objeto deve
ser perseguido pelos demais legitimados.
d) será possível ao magistrado dispensar o requisito da constituição temporal da associação
e examinar se se faz presente a pertinência temática, para fins de reconhecimento da legiti-
midade da associação.
e) se houver ações individuais propostas por alguns dos associados, com o mesmo objeto,
deve-se aguardar a solução das mesmas.
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Letra d.
O requisito de constituição há pelo menos um ano poderá ser dispensado pelo juiz, quando
haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela
relevância do bem jurídico a ser protegido (art. 5º, § 4º). A associação, todavia, deve demons-
trar a pertinência temática entre os danos acusados e a sua finalidade institucional, o que, no
caso concreto, foi comprovado.
Letra a.
A competência do foro do local do dano (art. 2º, caput, Lei da ACP) é absoluta porque é fun-
cional, e, portanto, improrrogável (significa que o juízo incompetente não se torna competente
pelo mero silêncio das partes quanto à tramitação da ação em juízo incompetente).
Certo.
É a regra literal do art. 17 da Lei n. 7.347/1985.
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Certo.
É a regra literal do art. 18 da Lei n. 7.347/1985.
Errado.
No caso de direitos difusos, a sentença da ACP produz efeitos erga omnes (art. 103, inciso I, CDC).
Certo.
É este o entendimento perfilhado pelo STJ: aplica-se o prazo de cinco anos para a prescrição
da execução individual de sentença proferida em ACP, por aplicação analógica do art. 21 da
Lei da Ação Popular, que dispõe: “A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos”. Afi-
nal, a ação popular também pertence ao grupo dos instrumentos de tutela coletiva, razão que
autoriza a analogia entre as duas ações para fins prescricionais. Precedente: REsp 1273643/
PR.
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Certo.
Trata-se da exata regra do art. 2º, caput da Lei da ACP, em termos literais.
Errado.
Conforme a Súmula n. 489 do STJ, “Reconhecida à continência, devem ser reunidas na justiça
federal as ações civis públicas propostas nesta e na justiça estadual”.
Errado.
Na verdade, é a propositura da ação que prevenirá a competência do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto (art. 2º,
parágrafo único da Lei da ACP).
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Certo.
Os entes e entidades da administração direta e indireta são previstos no art. 5º (rol de legiti-
mados ativos), razão pela qual podem propor ACP para defender os direitos transindividuais
em geral. Lembre-se que os entes e entidades da administração direta e indireta devem de-
monstrar a pertinência temática entre seu respectivo âmbito de atuação e a natureza do dano
perpetrado e apontado.
Certo.
A questão explorou a regra do art. 17, que dispõe: “Em caso de litigância de má-fé, a as-
sociação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente
condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da respon-
sabilidade por perdas e danos”. Como regra geral, a ACP dispensa quaisquer custas e ônus
sucumbenciais (art. 18), os quais existirão quando o autor da ACP for associação privada e
litigar de má-fé.
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Errado.
Conforme o art. 6º, § 3º, a liberdade de a pessoa jurídica de direito público atuar ao lado do
autor não é ampla: depende da existência de utilidade dessa atuação ao interesse público.
Veja o que tal dispositivo enuncia: “A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado,
cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar
ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo re-
presentante legal ou dirigente”.
Certo.
Na ação civil pública, podem ser formuladas pretensões de dar (pagar quantia), fazer
ou não fazer. Veja o que dispõe o art. 3º da Lei da ACP: “A ação civil poderá ter por ob-
jeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”.
Ademais, confira o que dispõe o art. 11: “Na ação que tenha por objeto o cumprimento
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Gustavo Deitos
Professor de Cursos Preparatórios pra Concursos Públicos. Coach especialista em Concursos Públicos.
Servidor do TRT da 12ª Região.
Convocações: Técnico Judiciário do TRT da 12ª Região e Analista Judiciário do TRF da 3ª Região. Outras
aprovações: 8° lugar – TRT da 24ª Região – Analista Judiciário, 39° lugar – TST – Analista Judiciário e
48° lugar – TRT da 24ª Região – Técnico Judiciário.
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