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DIREITO

PROCESSUAL CIVIL
Ação Civil Pública

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Ação Civil Pública
Gustavo Deitos

Sumário
Apresentação.. ................................................................................................................3
Ação Civil Pública............................................................................................................5
1. Ação Civil Pública (ACP): Conceitos e Objetos. . .............................................................5
1.1. Peculiaridades da Tutela de Direitos Individuais Homogêneos mediante ACP.............8
2. Principais Regras Processuais da ACP....................................................................... 12
2.1. Legitimados Ativos................................................................................................. 13
2.2. Competência.......................................................................................................... 19
2.3. Coisa Julgada na ACP. .............................................................................................23
2.4. Litispendência quanto ao Objeto da ACP. . ...............................................................26
2.5. Condenação Genérica e Liquidação/Execução Individuais. . ..................................... 28
3. Demais Disposições da Lei n. 7.347/1985 Comentadas.. ............................................32
4. Súmulas e Enunciados pertinentes à ACP.................................................................. 47
Questões de Concurso.................................................................................................. 50
Gabarito........................................................................................................................63
Gabarito Comentado. .....................................................................................................64

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Ação Civil Pública
Gustavo Deitos

Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a) do Gran Cursos Online! Espero encontrá-lo muito bem! Neste cur-
so, apresento-lhe várias aulas autossuficientes de direito processual civil, com o objetivo de
lhe disponibilizar, de forma prática e completa, o substrato de conteúdo necessário para ter o
melhor desempenho possível na prova.
Esta aula, assim como as demais aulas em PDF, foi elaborada de modo que você possa
tê-la como fonte autossuficiente de estudo, isto é, como um material de estudo completo e
capaz de possibilitar um aprendizado tão integral quanto outros meios de estudo.
A preferência por aulas em PDF e/ou vídeos pertence a cada aluno, que, individualmente,
avalia suas facilidades e necessidades, a fim de encontrar seus meios de estudo ideais. Dessa
forma, o aluno pode optar pelo estudo com aulas em PDF e vídeos, ou somente com um ou
outro meio.
Aqueles que preferem estudar somente com materiais em PDF terão o privilégio de contar
com as aulas em PDF autossuficientes do nosso curso, a exemplo desta aula. De qualquer
forma, nada impede que as aulas em PDF sejam utilizadas como fonte de estudos de forma
aliada com as aulas em vídeo do Gran Cursos Online. Tudo depende, unicamente, da prefe-
rência de cada aluno.
Nesta aula, estudaremos especialmente o seguinte tópico de Direito Processual Civil:
Ação Civil Pública.
A aula é acompanhada de exercícios selecionados e reunidos de modo a abranger todos
os pontos importantes da aula, a fim de que seu conhecimento seja ainda mais solidificado.
O  número de exercícios é determinado de acordo com dois parâmetros: complexidade do
conteúdo e número de questões de concursos existentes. Por resultado, o número de exer-
cícios disponibilizados é determinado de modo que seu conhecimento sobre os temas seja
efetivamente testado e fixado, mas sem que haja uma repetição obsoleta.
Nosso curso possibilita a avaliação de cada aula em PDF de forma fácil e rápida. Consi-
dero o resultado das avaliações extremamente importante para a continuidade da produção e
edição de aulas, como fonte fidedigna e transparente de informações quanto à qualidade do
material.

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Peço-lhe que fique à vontade para avaliar as aulas do curso, demonstrando seu grau de
satisfação relativamente aos materiais. Seu feedback é importantíssimo para nós. Caso você
tenha ficado com dúvidas sobre pontos deste material, ou tenha constatado algum problema,
por favor, entre em contato comigo pelo Fórum de Dúvidas antes de realizar sua avaliação.
Procuro sempre fazer todo o possível para sanar eventuais dúvidas ou corrigir quaisquer pro-
blemas nas aulas.
Cordialmente, torço para que a presente aula que seja de profunda valia para você e sua
prova, uma vez que foi elaborada com muita atenção, zelo e consideração ao seu esforço, que,
para nós, é sagrado.
Caso fique com alguma dúvida após a leitura da aula, por favor, envie-a a mim por meio do
Fórum de Dúvidas, e eu, pessoalmente, a responderei o mais rápido possível. Será um grande
prazer verificar sua dúvida com atenção, zelo e profundidade, e com o grande respeito que
você merece.
Bons estudos!
Seja imparável!

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Ação Civil Pública
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AÇÃO CIVIL PÚBLICA

1. Ação Civil Pública (ACP): Conceitos e Objetos

A Ação Civil Pública (ACP) é uma ação de conhecimento destinada a tutelar direitos difu-
sos, coletivos e individuais homogêneos.
A ACP tem seu procedimento estruturado na Lei n. 7.347/1985. A partir da Constituição
Federal de 1988, a ACP passou a ter status de garantia fundamental, em razão de ser uma
ferramenta posta à disposição do Ministério Público (art. 129, inciso III, CF) para a proteção
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

 Obs.: as “garantias” fundamentais (como a ACP, o mandado de segurança, o habeas corpus


etc.) são as ferramentas postas à disposição do cidadão ou de instituições que lhe
sirvam proteção para combater ou evitar lesões a direitos fundamentais (como a vida,
a propriedade etc.).

O art. 1º, inciso IV, da Lei n. 7.347/1985 diz que a ACP só pode tutelar direitos difusos e co-
letivos, não incluindo, textualmente, os individuais homogêneos. Todavia, o STF1 já afirmou
que os direitos individuais homogêneos são uma subespécie dos direitos coletivos, razão que
nos leva a considerar que os direitos individuais homogêneos são também tuteláveis median-
te ACP.
Permitir que as pessoas ligadas por dano de origem comum (individuais homogêneos) não
possam reclamar por tal dano mediante o instrumento constitucionalmente assegurado para
proteger direitos fundamentais sociais seria deixar essas situações jurídicas sem solução,
impondo que cada particular ajuíze ação própria para reclamar. E sabemos que uma chuva
de ações individuais a respeito de um mesmo fato somente atrapalha o Poder Judiciário e,
reflexamente, a sociedade.

1
Agravo em Recurso Extraordinário n. 675.945/SP

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Na Lei n. 7.347/1985, o rol de objetos da ACP apresenta-se da seguinte forma:

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de respon-
sabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
l – ao meio ambiente;
II – ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V – por infração da ordem econômica;
VI – à ordem urbanística.
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
VIII – ao patrimônio público e social.

A ação civil pública é um dos instrumentos processuais postos à disposição da tutela juris-
dicional coletiva. Isso significa que, por meio da ACP, não são tuteláveis direitos individuais
comuns, mas tão somente direitos de dimensão metaindividual: os direitos difusos, coletivos
e individuais homogêneos.

A tutela coletiva é compreendida como um sistema de defesa e garantia de direitos per-


tencentes à coletividade, isto é, direitos coletivos. O  elemento “coletividade”, na tutela co-
letiva, é  primeiramente imbuído de um sentido amplo. Para que a essência deste instituto
seja compreendida em termos práticos, é necessário listar quais são as espécies de direitos
coletivos.
Os direitos coletivos, assim definidos em termo genérico, são subdivididos em três espé-
cies, e são conceituados no art. 81, parágrafo único, inciso I, II e III do Código de Defesa do
Consumidor, da seguinte forma:

I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
de fato;

Exemplo: imposição para que as empresas públicas de determinado Município efetuem con-
tratações mediante regular concurso público.

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DICA!
Nos direitos difusos, você não tem como saber qual é a parte
da sociedade mais afetada pela situação, muito menos os su-
jeitos afetados.

II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividu-
ais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre
si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;

Exemplo: imposição para que certa empresa mantenha o ambiente de trabalho protegido
contra fatores prejudiciais à saúde dos trabalhadores.

DICA!
Nos direitos coletivos em sentido estrito, você até consegue
visualizar qual é a parte da sociedade afetada (grupo, catego-
ria ou classe), mas nem sempre consegue determinar quais
são os indivíduos específicos envolvidos. Os  indivíduos são
determináveis, mas não necessariamente determinados.

III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem


comum.

Exemplo: imposição para que certa empresa efetue o pagamento de adicional noturno aos
empregados que trabalham à noite em determinada função da empresa.

DICA!
Nos direitos individuais homogêneos, você tem condições de
saber, individualmente, quem são as pessoas afetadas pela
situação. Os indivíduos são determinados.

 Obs.: não confunda “direitos individuais homogêneos” com direitos individuais comuns.
Os direitos individuais comuns (de uma ou mais pessoas, sem ligação por qualquer
origem comum) NÃO são abarcados pela tutela coletiva.

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As espécies do gênero “direito coletivo”, acima conceituadas, compõem também os cha-


mados “direitos metaindividuais”. Os direitos metaindividuais são aqueles cuja importância/
utilidade ultrapassa o interesse de um só indivíduo. Logo, tal direito ganha importância justa-
mente por repercutir sobre um conjunto de pessoas, seja este conjunto indeterminado (difu-
so), determinável (coletivo) ou determinado (individual homogêneo).
Para ilustrar a você os direitos abrangidos pela tutela coletiva, apresento a seguinte ilustração:

1.1. Peculiaridades da Tutela de Direitos Individuais Homogêneos


mediante ACP

Inicialmente, convido-lhe a analisar o parágrafo único do art. 1º da Lei da ACP:

Art.  1º, Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que
envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
– FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individual-
mente determinados.

Professor, você me informou que a ACP pode ser manejada para a tutela de direitos in-
dividuais homogêneos, cujos titulares podem ser individualmente determinados. Como
concilio esta informação com o parágrafo único do art. 1º?

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Querido(a) aluno(a), neste ponto, apresentarei a você duas grandes informações:


• Se a prova cobrar o texto literal do parágrafo único do art. 1º, considere-o correto, pois
as bancas, às vezes, cobram o texto deste dispositivo na literalidade e levam em conta
estritamente a sua literalidade para a justificação do gabarito;
• Os tribunais superiores, majoritariamente, consideram parcialmente inconstitucional o
parágrafo 1º, sem redução de texto. Isso significa que:
– Os direitos individuais comuns realmente não podem ser tutelados mediante ACP,
como os direitos relacionados a depósitos de FGTS de um único trabalhador ou a
repetição de indébito tributária de uma só pessoa (de tributos em geral ou de contri-
buição previdenciária, que tem natureza jurídica tributária);
– Se o indivíduo titular do direito for determinado, mas este direito for individual ho-
mogêneo, a ACP poderá ser manejada. Afinal, o direito individual homogêneo, na re-
alidade, é uma subespécie de direito coletivo (Agravo em Recurso Extraordinário n.
675.945/SP).

A respeito da inclusão dos direitos individuais homogêneos ao objeto da ACP, existe uma
fundamentação do STF, integrante de acórdão proferido em sede de Agravo em Recurso Ex-
traordinário n. 675.945/SP, que considero perfeita para elucidar este ponto. Colacioná-la-ei
abaixo, explicando-a ponto a ponto.

Não prospera a tese que sustenta o cabimento da ação civil pública apenas para a defesa dos
interesses difusos e coletivos no sentido estrito, enquanto para a defesa dos direitos individuais
homogêneos indica a utilização somente da ação civil coletiva.

Parte da doutrina posiciona-se no sentido de que os direitos individuais homogêneos só


seriam tuteláveis por meio da Ação Civil Coletiva, que é outra espécie de ação destinada a
tutelar direitos metaindividuais. Segundo o STF, tal argumento não é correto.
Você verá o porquê.

É que, na linha da doutrina mais moderna, referente aos processos coletivos, quanto à tutela dos
direitos individuais homogêneos, há uma cisão da atividade cognitiva, cujo objetivo, na primeira
fase, é a obtenção de uma tese jurídica geral que beneficie, sem distinção, os substituídos, sem

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considerar os elementos típicos de cada situação individual de seus titulares e nem mesmo se
preocupar em identificá-los, ficando a prestação jurisdicional limitada ao núcleo de homogeneida-
de dos direitos controvertidos. Nesta etapa os direitos individuais homogêneos são indivisíveis e
indisponíveis.

A primeira etapa da ACP consiste no reconhecimento de que determinado direito perten-


cente à coletividade foi violado. Essa etapa é a fase de conhecimento propriamente dita.

Na fase de conhecimento da ACP, não importa quem são os indivíduos beneficiados pela
ação, ainda que o direito pleiteado seja individual homogêneo. A preocupação do processo,
nesta fase, é o dano em si, independentemente de quem estiver sofrendo por ele.

Nesta etapa (conhecimento), os direitos supostamente violados são indivisíveis e indis-


poníveis. São indivisíveis porque não interessa quem serão os indivíduos beneficiados dire-
tamente pela procedência da ação, mas sim a situação fática representativa da violação. São
indisponíveis porque a entidade que tiver ajuizado a ACP não poderá, por livre arbítrio, desistir
da ACP. Inclusive, o § 3º do art. 5º da Lei n. 7.347/1985 dispõe: “Em caso de desistência in-
fundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legi-
timado assumirá a titularidade ativa”.
Se, por exemplo, a ACP for ajuizada para impor a determinada empresa, de grande estrutu-
ra e atuação em âmbito nacional, que pague adicional de insalubridade aos seus empregados
que trabalham em condições insalubres, a discussão na fase de conhecimento não leva em
conta quem serão os empregados beneficiados, mas, sim, leva em conta a condição fática que
está causado tal lesão (ausência de pagamento do adicional a empregados de determinado
setor contaminado por agentes insalubres).
Nesta hipótese fictícia, saber se o ambiente é, ou não, insalubre é o objeto central e nor-
teador da primeira etapa da ACP (fase de conhecimento). O combate à violação desse direito
tem por objetivo, em tese, a reparação de empregados que trabalharam, trabalham ou traba-
lharão em tal setor da empresa (insalubre).

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Veja que o fato de os beneficiários do direito (adicional de insalubridade) poderem ser


individualmente determinados em nada interfere nesta etapa da ACP, que considera o bem
jurídico, de qualquer forma, indivisível.

A identificação dos indivíduos em si só terá relevância na segunda etapa da ACP, que é a etapa
de liquidação e execução da sentença, como veremos abaixo.

Nestes termos fundamenta o STF:

Na segunda fase, a cognição judicial já se preocupa com os aspectos particulares e indi-


viduais dos direitos subjetivos. Trata-se da liquidação e execução do direito individual
a que se referem os arts. 91 a 100 do CDC. Nela são verificados os valores devidos para
cada um dos titulares dos direitos individuais lesados, que, por sua vez, serão identifi-
cados, constituindo a chamada margem de heterogeneidade. Nesta fase, os direitos são
divisíveis e disponíveis, sendo possível tanto a execução coletiva como a execução indi-
vidual a ser promovida pelas vítimas.

Após o término da fase de conhecimento, a ACP terá a fase de liquidação e execução, nes-
ta fase, os direitos serão divisíveis e disponíveis. Serão disponíveis porque, após certificado
o direito devido, os titulares podem promover ou, também, desistir de promover a execução.
Serão divisíveis porque, após a liquidação, já se saberá o valor devido a cada empregado, in-
dividualmente.
Visualize esse ponto a partir do seguinte exemplo:

Exemplo: imagine que a ACP tenha sido ajuizada pelo Ministério Público para obrigar a
empresa a pagar adicional de insalubridade a empregados de certo setor. Vindo a senten-
ça de procedência, o MP poderá promover a execução dos valores, após regular liquidação,
que calculará o valor devido a cada empregado do setor, e aos empregados que trabalharam,
anteriormente, no mesmo setor insalubre.

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Se o MP não promover a execução dos valores devidos a cada um, os próprios trabalhadores
beneficiados poderão executar, individualmente, os valores que lhes são devidos.

Abaixo, apresento ilustração para que você visualize as fases da ACP no tocante a direitos
individuais homogêneos:

 Obs.: este quadro vale para as ACPs ajuizadas para tutelar Direitos Individuais Homogêne-
os! O procedimento da ACP relativamente aos direitos difusos e coletivos será estu-
dado na sequência da aula.

2. Principais Regras Processuais da ACP

Neste capítulo da aula, serão abordadas as principais regras processuais sobre a ação
civil pública: legitimados, competência, efeitos da coisa julgada, litispendência, condenação,
liquidação e execução.
No capítulo seguinte (n. 3), abordaremos as demais regras processuais positivadas na Lei
n. 7.347/1985, que não tiverem sido abordadas neste capítulo.
Acredito que, desta forma, o estudo do conteúdo será feito com prioridade aos temas mais
importantes e com atenção individualizada para cada uma das regras mais esparsas da Lei
da ACP, em momento subsequente.

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2.1. Legitimados Ativos

O rol de sujeitos que podem ajuizar a Ação Civil Pública é elencado no art. 5º da Lei n.
7.347/1985. Neste artigo, além do referido rol, existem disposições importantes para enten-
der-se a complexidade dos sujeitos processuais da ACP, bem como as condições circunstan-
ciais em volta desse ponto. Veja:

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


I – o Ministério Público;
II – a Defensoria Pública;
III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Obs.: o Sindicato, a  Federação Sindical e a Confederação Sindical equiparam-se à


associação para fins de ajuizamento de ACP, já que, tecnicamente, tais entida-
des são espécies de associações. Todavia, para as entidades sindicais, NÃO HÁ
necessidade de se observar o requisito de um ano de “pré-constituição”, porque
a Constituição Federal deu ao sindicato a prerrogativa de representar a catego-
ria de forma ampla. Tal limite de um ano somente se aplica às associações em
sentido estrito.
 Já o requisito da “finalidade institucional” nem se discute quanto às entidades sindi-
cais, pois é notório que tais entidades têm por finalidade principal a defesa da cate-
goria profissional ou econômica.

§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como
fiscal da lei.

O MP, se não for o próprio autor da ACP, atuará como fiscal da lei (no termo tradicional,
como custos legis).

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O papel de custos legis exercido pelo MP é sustentado pela sua atribuição constitucional
de defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais in-
disponíveis (art. 127, caput, Constituição Federal).
Ao atuar como fiscal da lei, o MP deve acompanhar todos os atos e fases do processo,
requerendo ao juízo as medidas que entender pertinentes, praticando os atos processuais
que entender devidos e emitir pareceres sobre quaisquer atos ou manifestações no processo,
especialmente sobre aqueles mais relevantes para as consequências práticas e para o resul-
tado do processo.

§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo
habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.

Qualquer dos entes legitimados do rol do art. 5º pode atuar em um dos polos do processo.

Os entes do rol do art. 5º podem atuar EM QUALQUER dos polos, inclusive no polo passivo –
defendendo o réu – se assim entenderem mais justo. Perceba: o § 2º fala “litisconsortes de
qualquer das partes”.
Portanto, é possível que, no polo ativo, haja uma associação e que, no polo passivo, esteja o
Ministério Público, uma outra associação, um Município etc.

§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Minis-
tério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.

Lembre-se do que foi ressaltado anteriormente: durante a fase de conhecimento, os direi-


tos discutidos na ACP são INDISPONÍVEIS e INDIVISÍVEIS.
Logo, não pode a ACP simplesmente ser extinta por falta de interesse do autor. Nesse
caso, tanto o MP como qualquer outro ente do rol do art. 5º (Defensoria, Estado, União etc.)
poderá assumir a titularidade ativa da ACP, no estado em que o processo se encontrar. Tra-
ta-se da possibilidade de “dar continuidade” à ACP, mas com autor diferente dali em diante.

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§ 4º O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto in-
teresse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem
jurídico a ser protegido.

Requisito de “pré-constituição” é aquele prazo mínimo de um ano para que a associa-


ção ajuíze ACP representando sua classe.

Você lembra que o inciso V do art. 5º exige da associação, como requisito para ajuiza-
mento da ACP, o fato de estar constituída há no mínimo um ano?
Pois bem.
Havendo manifesto interesse social, considerando-se a dimensão ou a característica do
dano, ou a relevância do bem jurídico tutelado, o juiz poderá dispensar o requisito de um ano
de constituição para a associação.
Conferida tal dispensa, poderá a associação recentemente fundada (a menos de um ano)
ajuizar uma ACP.

Exemplo: associação que defenda direitos de pessoas com deficiência, que tenha estrutura,
que seja a única da localidade, mas que foi constituída há menos de um ano, poderá ajuizar
ACP se o interesse social contido na tutela coletiva for manifesto. O juiz levará em conta a
característica e a dimensão do dano sofrido pelas pessoas com deficiência e a relevância
deste bem jurídico.

§ 5º Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito


Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.

Sim, é possível que o Ministério Público da União (Federal, Militar ou do Trabalho) integre
litisconsórcio com o Ministério Público Estadual ou do Distrito Federal e Territórios, tanto no
polo ativo quanto no polo passivo.
A participação de dois segmentos do Ministério Público, no entanto, é meramente facul-
tativa, como dispõe o próprio § 5º. Por isso, o litisconsórcio é facultativo, e não necessário.

Quanto à obrigatoriedade, o litisconsórcio pode ser facultativo ou necessário.


• FACULTATIVO: não é exigido que várias pessoas figurem no polo ativo ou no polo pas-
sivo; nesse caso, os sujeitos reúnem-se em um dos polos por mera conveniência, sem
imposição legal;

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• NECESSÁRIO: a lei e/ou a natureza da relação jurídica impõe(m) que várias pessoas
figurem em um dos polos da ação, sendo devidamente citadas para participar do pro-
cesso, sob pena de a sentença ser ineficaz (art. 114 do CPC).

 Obs.: no Direito brasileiro, só existe litisconsórcio necessário no polo passivo da demanda.


Logo, a doutrina amplamente majoritária não reconhece nenhum exemplo de “litis-
consórcio ativo necessário”, mas somente de litisconsórcio passivo necessário.

§ 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamen-
to de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo
extrajudicial.

Este parágrafo trata de uma forma alternativa de resolver o conflito de natureza coletiva.
O MP, a Defensoria ou outro ente legitimado do rol do art. 5º pode firmar com a parte contrária
um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

 Obs.: o TAC somente poderá ser celebrado pelo Poder Público, isto é, por legitimado ativo
que não seja associação. Portanto, todos os legitimados ativos podem celebrar TAC,
menos as associações, pois são entidades privadas.
 A empresa pública e a sociedade de economia mista poderão ser equiparadas a órgão
público quando o ajuizamento da ACP decorrer de competência relacionada a serviço
público.

No TAC, são firmadas condições que devem ser atendidas pela empresa envolvida. Se
atendidas tais condições na forma e no prazo estabelecidos no TAC, não será ajuizada ACP.
Do contrário, acontecerá algo pior do que o ajuizamento de ACP: o TAC será executado em
seus exatos termos, sem necessidade de fase de conhecimento prévia.
O Compromisso de Ajustamento de Conduta – ou Termo de Ajuste de Conduta –, o TAC,
é um ato administrativo em que o Ministério Público – ou outro legitimado do art. 5º da Lei da
ACP – toma de uma pessoa física ou jurídica um compromisso de ajustamento de conduta
às exigências da lei.

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Na prática, é constatada uma irregularidade por parte de alguém, e o TAC é firmado de
modo a obrigar este alguém a sanar a irregularidade e passar a cumprir a lei, sob pena de
sanções mencionadas no próprio termo.
No TAC, devem ser elencadas cláusulas que atendam a todos os seguintes objetivos:
• reparação do dano (quando o estado anterior das coisas puder ser recuperado);
• adequação da conduta às exigências legais ou normativas (para evitar que novos da-
nos sejam perpetrados);
• compensação e/ou indenização pelos danos patrimoniais que não possam ser recupera-
dos;

Exemplo: pagamento de valor destinado ao financiamento de operações de prevenção e com-


bate à poluição dos rios.
• compensação e/ou indenização pelos danos extrapatrimoniais cabíveis.

Exemplo: indenização por dano moral coletivo a uma associação representativa, em razão de
ato ilícito praticado contra uma coletividade determinada.
Exemplo: a Secretaria de Assistência Social de determinado município deixa de impulsionar
um projeto de criação de programa socioassistencial de assistência a pessoas com defici-
ência da localidade, sendo que a lei orçamentária anual do município fixa despesas nominal-
mente destinadas à realização desse projeto. Diante da extrema necessidade e da pobreza
das pessoas que seriam destinatárias desse programa, o Ministério Público pode firmar TAC
com a Secretaria para que o projeto seja iniciado, mediante cominação de sanções para o
caso de descumprimento do termo.

Esse compromisso atermado pode ser executado por meio de ação judicial, razão pela
qual se afirma que o TAC é um título executivo extrajudicial (§ 6º do artigo ora em comento),
por ser executável judicialmente caso descumprido e por ter origem em negócio jurídico fir-
mado em âmbito extrajudicial (perante o MP ou outro legitimado).

2.1.1. Da Pertinência Temática: Requisito para o Ajuizamento

Agora que você conhece todos os legitimados ativos para o ajuizamento da ação civil pú-
blica, convido-lhe a aprender um detalhe muito importante sobre eles.

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Existe um requisito a mais que, em essência, se relaciona com o interesse de agir (mo-
dernamente denominado “interesse processual”). Os entes e entidades da Administração Pú-
blica direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e indireta (autarquias, fundações,
empresas públicas e sociedades de economia mista), as associações e a Defensoria Pública
somente poderão ajuizar ACP quando houver pertinência temática entre os danos ocorridos
(causa de pedir) e a finalidade institucional do respectivo ente ou entidade.
Explico melhor.
Pertinência temática é a existência de uma relação lógica entre o assunto abordado pela
ação e as atribuições legais e constitucionais do ente ou entidade legitimada.

Exemplo: havendo danos perpetrados contra comunidades indígenas, a  FUNAI (autarquia


federal) poderá ajuizar a ACP destinada a reparar e punir por tais danos, mas essa legitimida-
de não existirá para, por exemplo, um Município distante da localidade onde os danos ocor-
reram.
Se os danos tiverem ocorrido no interior do Amazonas, não pode um Município de Santa Cata-
rina, por exemplo, ajuizar a ACP, pois não existe pertinência temática entre os danos ocorridos
e as finalidades institucionais e políticas do respectivo Município.

Pertinência temática depreende-se do próprio adjetivo: é a relação lógica entre o tema


relativo ao dano e o tema de atuação do ente ou entidade.
Dou-lhe outro exemplo.

Exemplo: imagine que um alagamento tenha destruído um bairro ocupado somente por pes-
soas milionárias. Essas pessoas reclamam do fato o alagamento ter sido causado por con-
duta equivocada do Município na execução de determinada obra pública. Neste caso, não
poderá a Defensoria Pública ajuizar ACP para defender os interesses dessas pessoas, pois
elas não são necessitadas. Não há pertinência temática entre os danos ocorridos e a finalida-
de institucional da Defensoria, neste contexto.

O Ministério Público, por sua vez, não precisa demonstrar pertinência temática, uma vez
que sua função institucional é de defender a ordem jurídica como um todo, seja para necessi-
tados, seja para não necessitados, seja em que área da sociedade for o dano.

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Por não precisar demonstrar o requisito da pertinência temática, ensina a doutrina que o
MP possui legitimidade universal.
Os demais legitimados, por deverem demonstrar pertinência temática para o ajuizamento
da ACP, possuem legitimidade especial, pois a possibilidade de ajuizamento dependerá do
requisito da pertinência temática.

DICA!
Para sintetizar:
O Ministério Público NÃO precisa demonstrar pertinência te-
mática para ajuizar ACP (legitimado universal)
Os demais legitimados, por sua vez, devem demonstrar perti-
nência temática (legitimados especiais)

2.2. Competência
De início, confira o que dispõe o art. 2º da Lei da ACP:

Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo
terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações poste-
riormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

Grave e leve para a prova a palavra FUNCIONAL no tocante ao caput do art. 2º. Muitas bancas
exploram a literalidade do dispositivo e trocam o “funcional” por outro tipo de competência,
como material, territorial, de valor etc.

Já alertado da dica para levar a palavra “funcional” para a prova, explicar-lhe-ei o porquê
de o legislador ter usado esta palavra.
Na verdade, o critério utilizado pelo caput do art. 2º é, verdadeiramente, territorial, pois
confere a competência ao juízo do lugar onde ocorrer o dano. É quase consensual na doutrina
que a utilização da palavra “funcional”, no caput do art. 2º, se deu para tornar absoluta uma
competência em razão do lugar (territorial).

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Afinal, como regra geral, as competências territoriais são relativas, e o objetivo do legisla-
dor era fazer de uma competência territorial uma competência absoluta, de forma excepcio-
nal. Por isso, o legislador expressou que o juízo do local onde ocorrer o dano tem competência
funcional para processar e julgar a ACP.
Conclusão: o critério “funcional” foi mencionado de forma atécnica, razão pela qual não se
deve interpretá-lo de forma literal, mas, sim, de forma teleológica: a finalidade do legislador
era de tornar absoluta uma competência em razão do lugar.
Volto a ressaltar: se a banca cobrar a literalidade da lei, considere a palavra “funcional”
como correta, pois consta da redação do caput do art. 2º.
Agora, vamos aos casos práticos.
Se o dano enfatizado na ACP provocar consequências em área territorial que não
ultrapasse a jurisdição de uma comarca, a  competência será desta comarca, mediante
distribuição da ACP entre as Varas nela situadas.
Até aqui, tudo bem. Agora, devo apresentar-lhe o art. 93 do Código de Defesa do Con-
sumidor (CDC), que cria regra direcionada às ações civis coletivas, mas utilizada como
parâmetro para a fixação da competência nas ACPs:

Art.  93 (CDC). Ressalvada a competência da Justiça Federal, é  competente para a causa a


justiça local:
I – no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II – no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional
ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência
concorrente.

O inciso I do art. 93 do CDC foi ilustrado pouco acima.


Já o inciso II trata dos danos de abrangência regional ou nacional. Nestes casos,
a regra será a seguinte:
• REGIONAL: se o dano não ultrapassar o território de um Estado, a competência será do
foro da Capital do respectivo Estado;
• SUPRARREGIONAL: se o dano abranger os territórios de vários Estados, serão compe-
tentes, de forma concorrente, os foros das Capitais dos respectivos Estados envolvidos;

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Obs.: o dano “suprarregional” é retratado na doutrina em referência aos danos que ultra-
passem o âmbito de um Estado, mas não sejam tão grandes a ponto de repercutir
sobre todo o país.

• NACIONAL: se o dano abranger área de equivalência nacional, repercutindo sobre todo


ou quase todo o país, serão concorrentemente competentes os foros das Capitais de
cada Estado e do Distrito Federal.

Na doutrina, especialmente por parte de Ada Pellegrini Grinover, são abordadas as hipóteses
em que o dano ultrapassa o território de jurisdição de uma comarca, mas não afeta significa-
tivamente o Estado. Nestas situações, o dano seria enquadrado formalmente como regional,
mas, propriamente, não seria regional, mas meramente local, ainda que ultrapassando os ter-
ritórios de algumas comarcas.

Imagine que determinado dano tenha efeitos sobre várias cidades do interior de São Pau-
lo, mas somente em 3% do território do Estado. Neste caso, o dano será propriamente local,
embora formalmente classificado como regional. Nesta situação, conforme doutrinadores
que seguem Ada Pellegrini Grinover, a competência será de cada comarca envolvida, e não da
capital estadual.

 Obs.: a aplicação supletiva e subsidiária do CDC ao procedimento da ACP é autorizado pelo


art. 21 da Lei da ACP, que dispõe: “Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difu-
sos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que
instituiu o Código de Defesa do Consumidor”.

Professor, qual entendimento devo levar para a prova?

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Querido(a) aluno(a), a questão da competência para processar e julgar a ACP, em provas,


é praticamente consistente apenas na regra do art. 2º: competência funcional do lugar onde
ocorrer o dano. Se a banca procurar inovar nessa cobrança, ela provavelmente explorará as
regras do art. 93 do CDC, comentado nesta aula.
As bancas não têm cobrado temas jurisprudenciais sobre a competência para o processo
e o julgamento da ACP, ante a divergência existente. Posicionamentos doutrinários específi-
cos podem ser cobrados em provas discursivas, mas não, objetivamente, em provas objeti-
vas, a menos que venha a existir uma pacificação jurisprudencial acerca do assunto.

2.2.1. Prevenção do Juízo

Confira o que dispõe o parágrafo único do art. 2º:

Art. 2º, Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

O juízo que primeiro conhecer de uma ACP será prevento para conhecer futuras ações que
tenham iguais causa de pedir e objeto (pedidos).
A determinação da competência pode ser traduzido como o fenômeno de tornar o juízo
prevento para apreciar a demanda. Logo, a  determinação da competência, neste contexto,
consiste na prevenção.
Prevenção, caro(a) aluno(a), é o instituto que torna permanente a competência para que
um determinado juízo aprecie uma demanda real. O juízo que tomar conhecimento de uma
demanda, após o registro ou a distribuição da petição inicial, tornar-se-á prevento, porque
tomou conhecimento integral da demanda, teoricamente.
A regra da prevenção existe para evitar que as partes “escolham” os juízos. A observância
do juízo prevento consiste em uma das principais formas de expressão do princípio do juiz
natural.

Exemplo: o Ministério Público ajuíza ACP para buscar a reparação de danos causados
por atos ilícitos de uma empresa contra o meio ambiente, consistentes em poluição de
rios e nascentes.

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Um ano depois, o Estado onde as poluições ocorreram ajuíza outra ACP, desta vez para
buscar a reparação por novos danos causados pela mesma empresa sobre os mesmos
rios e nascentes.
Neste caso, a demanda do Estado tem a mesma causa de pedir (poluição dos mesmos rios e
nascentes) e o mesmo objeto (reparação de danos por parte da empresa) que a ACP ajuizada
pelo Ministério Público um ano antes.
Neste contexto, será prevento o juízo onde tiver tramitado a ACP ajuizada pelo Ministério
Público, por ter sido o primeiro a conhecer da causa.

2.3. Coisa Julgada na ACP

Na Ação Civil Pública, que é um processo de natureza coletiva por excelência, os efeitos
da coisa julgada são muito diferentes do que ocorre nos dissídios individuais. Antes de tudo,
veja o que diz o art. 103 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), ao tratar sobre as ações
destinadas a tutelar direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos (dispositivo aplicá-
vel à ACP nesse ponto):

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81 [DIREITOS DIFUSOS];
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insufi-
ciência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II
do parágrafo único do art. 81 [DIREITOS COLETIVOS];
III  – erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e
seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81 [DIREITOS INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS].

EFEITOS ERGA OMNES (efeito contra todos): aplicam-se a todas as pessoas que se en-
quadrem naquela situação debatida na ACP.
EFEITOS ULTRA PARTES (efeito contra o conjunto): aplicam-se às pessoas que se enqua-
dram na situação fática debatida na ACP, desde que pertençam ao mesmo grupo, à mesma
categoria ou à mesma classe.

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A coisa julgada material produzida na ACP denomina-se coisa julgada in utilibus. É a es-
pécie de coisa julgada que só se produz para BENEFICIAR a coletividade ou categoria. Even-
tual insucesso na ACP não pode prejudicar a coletividade, classe ou categoria.
Veja o que dizem os parágrafos do art. 103 do CDC:

§ 1º Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses e direitos
individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessados que
não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a
título individual.
§ 3º Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n. 7.347, de
24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente sofridos,
propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o pedido, bene-
ficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos
dos arts. 96 a 99.

Destas regras, conclui-se que a coisa julgada da ACP pode ser esquematizada da seguin-
te maneira:

Interesse pleiteado na ACP Efeitos da Coisa Julgada Consequência


IMPROCEDÊNCIA POR FALTA DE PROVA: não
há coisa julgada material.
IMPROCEDÊNCIA POR OUTRAS RAZÕES: só
DIFUSO ERGA OMNES faz coisa julgada material para a entidade que
ajuizou a ACP, sem prejudicar a coletividade.
PROCEDÊNCIA: produz coisa julgada material,
beneficiando a coletividade

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Igual às consequências do interesse difuso


COLETIVO STRICTO SENSU ULTRA PARTES
(vide acima)
IMPROCEDÊNCIA: produz coisa julgada mate-
rial só para a entidade que ajuizou a ACP, sem
prejudicar as vítimas individuais (exceto se as
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS ERGA OMNES vítimas atuaram como litisconsortes na ACP,
o que é raro).
PROCEDÊNCIA: produz coisa julgada material,
beneficiando as vítimas individuais.

Perceba: sempre que a coletividade NÃO é prejudicada pela improcedência da ação, os su-
jeitos individuais poderão ajuizar ações individuais para pleitear reparação pelo dano que elas
houverem sofrido em decorrência do fato. Nesse sentido, inclusive, é a regra do art. 16 da Lei
n. 7.347/1985:

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do
órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de
nova prova.

O julgamento de improcedência da ACP, quando fundado em insuficiência de provas, não


impedirá que a reparação dos mesmos danos seja pleiteada novamente, pelo mesmo ou por
outro legitimado. Bastará que, na segunda ação, sejam apresentadas as provas mais convin-
centes.

2.3.1. Limitação Territorial do Órgão Julgador

O art. 16 é claro que dispor que a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites
da competência territorial do órgão prolator. Dessa forma, a princípio, os efeitos da coisa jul-
gada proferida por magistrado vinculado ao TJ-SP, por exemplo, não poderiam irradiar sobre
o território do TJ-RJ.
Acontece, caro(a) aluno(a), que o STJ possui entendimento que, aparentemente, é contra
legem (contrário à disposição legal), mas que tem uma justificativa.
Abaixo, cito para você a ementa da fundamentação desse entendimento prevalecente:

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Os efeitos e a eficácia da sentença prolatada em ação civil coletiva não estão circunscri-
tos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do que foi decidido (REsp
1.243.887⁄PR, Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/10/2011).

Imagine que uma ACP tenha sido ajuizada para tutelar direitos difusos, cujos titulares são
indeterminados. Neste caso, é possível que os afetados por determinado dano sejam domi-
ciliados em território de outro tribunal. Neste caso, poderá a própria decisão judicial estender
seus efeitos a territórios de tribunais “vizinhos”.
Todavia, a incidência dos efeitos da decisão de um tribunal sobre o território de outro deve
ser prevista na sentença/acórdão da ACP. Se nada disto for previsto na decisão, os efeitos
ficarão, agora sim, restritos ao território do tribunal.

2.4. Litispendência quanto ao Objeto da ACP


A regra especial relativa à litispendência na Ação Civil Pública está no art. 104 do CDC, que
dispõe:

Art. 104. As ações coletivas [e a ACP], previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81,
não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes
ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das
ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência
nos autos do ajuizamento da ação coletiva.

O fato de uma ação de natureza coletiva não induzir litispendência relativamente a uma
ação individual é algo logicamente explicável.
A litispendência existe quando duas ações possuem os mesmos três elementos estrutu-
rantes: partes, causa de pedir e pedido (art. 337, §§ 1º e 2º do CPC). Na ação coletiva, a parte
autora é uma entidade representativa, enquanto na ação individual, é o próprio indivíduo le-
sado pelo dano.
Portanto, entre ações coletivas e ações individuais NÃO HÁ identidade de partes. Entre
elas pode haver, no máximo, conexão (art. 55 do CPC).
Dito isto, já podemos estudar a regra específica do art. 104.
Antes de a ACP ser ajuizada, é possível que estejam tramitando Ações Individuais em ra-
zão do mesmo dano, correto? Pois então:

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Após o ajuizamento da ACP, todos os autores dessas ações individuais serão comunica-
dos do ajuizamento de tal ACP com o mesmo objeto, normalmente mediante despacho do juiz
nos autos da ação individual.
Após esse despacho, o autor da ação individual terá o prazo de 30 DIAS para pedir a sus-
pensão da ação individual. Se tal prazo transcorrer sem requerimento de suspensão, o autor
dessa ação individual NÃO PODERÁ aproveitar o resultado da ACP.
Logo, se o autor individual não requerer a suspensão, ele assumirá um risco: ou conseguir
uma sentença melhor, ou acabar com um resultado pior que o dos demais.

2.4.1. Litispendência entre Ações Coletivas

Imagine, agora que existam duas ações civis públicas ajuizadas com mesmo objeto (pe-
didos) e mesma causa de pedir, mas por sujeitos ativos distintos: suponhamos que um deles
seja a União e outro, uma associação constituída há anos.
A pergunta é: em relação a estas duas ACPs, existe litispendência?
Pois bem.
LITISPENDÊNCIA consiste em repetir ação que já estiver em curso, isto é, ajuizar uma
ação idêntica a outra já ajuizada e ainda em andamento.
Tradicionalmente, leciona-se que uma ação é idêntica à outra quando forem iguais as
partes, os pedidos e as causas de pedir (art. 337, § 2º, do CPC). Todavia, como estudamos,
a ACP possui vários legitimados ativos, que podem ajuizá-la se tiverem pertinência temática
com o dano ocorrido. Logo, podem vários entes e entidades ajuizar ACP com vistas a buscar
a reparação de um mesmo dano.
Portanto, é de se concluir que os elementos identificadores da ACP não são três – como
as ações em geral – mas, sim, dois: causa de pedir e pedido. Afinal, não necessariamente uma
pretensão coletiva será deduzida pela mesma parte, pois a legitimidade para o ajuizamento
da ACP é concorrente e disjuntiva: vários entes, órgãos e entidades podem ajuizá-la em con-
junto ou separadamente.
Conclusão: entre duas ou mais ACPs, haverá litispendência se forem idênticas as causas
de pedir e os pedidos.

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2.5. Condenação Genérica e Liquidação/Execução Individuais

Se o autor da ação individual optar por requerer a suspensão do seu processo par aguar-
dar o resultado da ACP, e sendo a ACP procedente e favorável, o autor individual poderá exe-
cutar a sua parte na própria ação individual, tendo em vista o efeito in utilibus da coisa julgada
produzida na ACP (transporte do resultado favorável da ACP à ação individual, para nela ser
executada na parte que tocar ao indivíduo).
Na fase de liquidação e execução da ACP, descobrir-se-á o valor devido a cada indivíduo
(quando o direito for divisível nesta fase, como é o caso da ACP ajuizada para tutelar direito
individual homogêneo), tendo em vista que a sentença é condenatória e genérica, certificando
a existência e a exigibilidade do direito, mas em nome de uma categoria ou coletividade, e não
em nome de cada indivíduo lesado.
Quanto à liquidação, ela ocorrerá nos exatos moldes previstos para os processos em geral
(por arbitramento ou pelo procedimento comum), conforme o art. 509 do CPC. Quando a apu-
ração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo,
o cumprimento da sentença (§ 2º do art. 509 do CPC).
No caso das ACPs ajuizadas para tutelar direitos difusos e coletivos, a  liquidação será
mais simples, pois o valor da condenação – quando a condenação for de pagar quantia – ge-
ralmente será revertido a um fundo específico. Na falta de indicação de um fundo pela enti-
dade autora, os valores devidos a título de “dano moral coletivo” (como geralmente acontece)
serão revertidos a um FUNDO gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais
de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade,
sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados (art. 13 da Lei da ACP).

Exemplo: se o dano tiver incidido sobre o direito das pessoas com deficiência à acessibili-
dade, o valor revertido ao Fundo indicado pelo legitimado ativo será empregado em ações e
políticas públicas de promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência.

Ademais, em grande parte das vezes, a sentença condenatória proferida na ACP impõe ao
réu obrigações de fazer ou não fazer, sob pena de multa ou outras medidas. Nesses casos, só
haverá fase de liquidação se a obrigação for convertida em perdas e danos.

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A situação é mais complexa nos casos de ACPs ajuizadas para tutelar direitos individuais
homogêneos. Neste caso, pleiteou-se um direito que várias pessoas possuem individualmen-
te, de forma homogênea. É o exemplo do adicional de insalubridade devido a todos os traba-
lhadores de determinado setor de uma empresa.
Sendo procedente a ACP com o ilustrativo caso do adicional de insalubridade, será feita
liquidação da mesma forma como ocorre nos processos em geral, a fim de se descobrir o va-
lor exato devido a cada sujeito, individualmente.
Após o trânsito em julgado da ACP, ocorrerá a execução (ou cumprimento de sentença).
Se a entidade que ajuizou a ACP (entidade autora) não promover a execução no prazo de 60
DIAS, o MP deverá promovê-la. Igualmente, as demais entidades legitimadas a ajuizar a ACP
(DPU, Município, União etc.) também poderão promover a execução, se houver inércia dentro
de 60 dias, da mesma forma. Esta é a regra do art. 15 da Lei n. 7.347/1985:

Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a associação
autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos
demais legitimados.

Não deixe passar batido este detalhe:


• INÉRCIA PARA EXECUÇÃO EM 60 DIAS;
• MPT: DEVE promover a execução (obrigação);
• Outras entidades legitimadas: PODEM promover a execução (faculdade).

Depois que a sentença da ACP transitar em julgado, será possível que os próprios indiví-
duos lesados liquidem e executem suas respectivas partes do valor ao qual a parte ré tenha
sido condenada, de acordo com o procedimento do cumprimento de sentença.
Existe, todavia, um prazo prescricional para que os indivíduos lesados executem suas
partes do crédito. Este prazo é de 5 ANOS, a contar do trânsito em julgado da última decisão
de mérito da ACP.
Este prazo é previsto no art. 21 da Lei n. 4.717/65 (Lei da Ação Popular), que dispõe:

Art. 21. A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos.

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Gustavo Deitos

É aplicável o prazo da Lei da Ação Popular por duas razões:


• a Lei da ACP é omissa quanto ao prazo prescricional para a execução individual dos
créditos deferidos em ACP;
• a ação popular também é instrumento de tutela coletiva. Logo, a equiparação dos bens
jurídicos tratados pelas duas ações justifica a utilização do mesmo prazo prescricional.

Portanto, lembre-se:

Obs.:
 o entendimento acima tratado é o que prevalece no STJ. Precedente: REsp 1273643/
PR.

Quanto aos valores devidos em sede de ACP, cabe destacar que, nela, NÃO se aplicam os
ônus processuais de custas, honorários periciais e honorários advocatícios de sucumbência.
Nesse sentido é a regra do art. 18 da Lei da ACP:

Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, hono-
rários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo com-
provada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.

A entidade que ajuizar a ACP só pagará custas processuais se honorários se a tiver ajui-
zado de MÁ-FÉ, assim reconhecida pelo juiz com base em elementos concretos dos autos.
Inclusive, se a má-fé se enquadrar, também, em alguma das hipóteses específicas de li-
tigância de má-fé (art. 80 do CPC), a entidade autora pagará o valor das custas processuais
multiplicado por dez. É nesse sentido a regra do art. 17 da Lei da ACP:

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Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela pro-
positura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das
custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

Veja que a responsabilidade pelas despesas processuais, especialmente das custas mul-
tiplicadas por dez, é solidária da associação autora e de seus diretores, que tenham influen-
ciado na propositura da ação.

Perceba que esta sanção é prevista somente para as associações. Se o autor tiver sido órgão
ou entidade pública, não haverá condenação nas despesas processuais, nem ao décuplo das
custas, mas terão aplicação os arts. 181, 184 e 187 do CPC, abaixo colacionados.

Art.  181. O  membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando agir
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando agir
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Art. 187. O membro da Defensoria Pública será civil e regressivamente responsável quando agir
com dolo ou fraude no exercício de suas funções.

É possível, mesmo assim, que o membro do MP (Promotor de Justiça, Procurador da Re-


pública etc.), o advogado público ou o defensor público responsável pelo ajuizamento da ACP
seja pessoalmente responsabilizado pelo ajuizamento de má-fé. Esta responsabilidade exis-
tirá quando ficar configurado um dos seguintes desígnios:
• dolo;
• fraude.

Em caso de mera culpa, não existirá a responsabilidade civil e regressiva dos referidos agen-
tes públicos.
Por simples culpa, o máximo que ocorrerá serão consequências disciplinares administrativas e
internas do respectivo órgão público (mediante processo administrativo disciplinar, sindicância
etc.).

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Diz-se que a responsabilidade do agente público será regressiva porque, como regra geral,
o dano causado pelo membro é cobrado do próprio órgão ou entidade. Logo, o agente público
será cobrado pela instituição, em virtude de ela própria ter reparado, com seus recursos, um
dano causado pelo agente (conforme a regra de responsabilidade civil constante do art. 37,
§ 6º da Constituição Federal).
Em termos simples: o prejudicado cobra a reparação do ente público, e este cobra, depois,
o ressarcimento pelo agente que tiver agido com dolo ou fraude.
Pelo fato de este detalhe ser importantíssimo para provas, apresento a ilustração abaixo:

3. Demais Disposições da Lei n. 7.347/1985 Comentadas

Neste capítulo citarei e comentarei todas as demais disposições da Lei da ACP que ainda
não foram tratadas na aula. Acredito que, desta forma, daremos atenção especial aos tópicos
mais “esparsos” da lei, que não se vinculam a temáticas objetivas do regramento processual.
Vamos lá!

Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação
de fazer ou não fazer.

Quando o autor da ACP requer a condenação do réu ao pagamento em dinheiro (pecúnia),


ele o faz de modo que o réu seja condenado a:

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• Reparar o dano causado, quando este puder ser compensado por prestação em
dinheiro; ou
• Indenizar o dano causado, se este não puder ser reparado a partir de pagamento em
dinheiro.

Obrigações de pagar quantia certa são as obrigações positivas tradicionais. Obrigações


de fazer são, também, obrigações positivas, mas de espécie distinta.

Art. 4º Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar dano
ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade de grupos
raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.

Não mais existe ação cautelar no direito processual civil brasileiro. Todavia, as  regras
de legitimidade deste dispositivo aplicam-se igualmente para eventual tutela provisória de
urgência cautelar em caráter antecedente, que pode ser oferecida antes mesmo da ação prin-
cipal (é a função da antiga ação cautelar).
A tutela de urgência cautelar antecedente é disciplinada nos arts. 305 a 310 do CPC. Abai-
xo, apresentarei o dispositivo conceitual desta espécie de tutela provisória: o art. 305 do CPC.

Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente
indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o pe-
rigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz
observará o disposto no art. 303.

A tutela provisória formulada em caráter antecedente ocorre antes do pedido principal.


Portanto, nesta petição, a  parte enfocará o pedido de tutela cautelar, narrando as circuns-
tâncias fáticas que demonstrem a estrutura da lide (conflito) de forma que suficientemente
mostre o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
No parágrafo único está insculpido o antes mencionado Princípio da Fungibilidade. Se o
juiz entender que a tutela provisória correta é, na verdade, de uma espécie diferente da reque-
rida pela parte, o juiz concederá a tutela provisória correta, desde que todos os pressupostos
da tutela provisória correta estejam presentes no requerimento.

Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Pú-
blico, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe
os elementos de convicção.

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Todas as pessoas podem vir a ter conhecimento de fatos que possam ser apurados e
processados no bojo de ACP, isto é, conhecimento de danos que estejam sendo perpetrados
contra algum direito tutelável pela via da ação civil pública.
Portanto, todas elas têm a possibilidade de levar as informações que tiverem ao Ministé-
rio Público, para que este apure os fatos de forma extrajudicial (procedimento preparatório,
inquérito civil, procedimento administrativo etc.) e, futuramente, se convencido da existência
do dano, ajuíze a ACP.
A diferença importantíssima e muito explorada em provas entre essas pessoas é o fato de
elas serem ou não, servidoras públicas.
Se a pessoa não for servidora pública, ela não terá o dever de levar essas informações ao
conhecimento do MP.
Se, todavia, a pessoa for servidora pública, ela terá o dever de levar todas as informações
que tiver ao conhecimento do MP.
Para ilustrar:

Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que
possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as provi-
dências cabíveis.

Juízes e membros de tribunais são, em sentido amplo, servidores públicos, concorda?


Eles também têm o dever de levar as informações que conhecerem ao MP, para que as provi-
dências investigativas dos fatos sejam tomadas.
No caso dos magistrados, eles cumprirão este dever mediante remessa de peças pro-
cessuais ao MP, quando as informações pertinentes aos danos constarem de documentos e
peças de processos judiciais.

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Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certi-
dões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias.

Por interessado, entenda qualquer dos legitimados ativos para o ajuizamento da ACP
(art. 5º), uma vez que o requerimento de certidões e informações de autoridades públicas,
tem, conforme este artigo, a finalidade de instruir a petição inicial da ACP.
O prazo de 15 dias corre contra a autoridade pública à qual tenha-se requisitado as cer-
tidões e informações. Estes 15 dias são corridos (contam finais de semana e feriados no seu
interstício).

§  1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de
qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que
assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.

Quando o requerimento de certidões e informações partir do Ministério Público, a fim de


instruir procedimento extrajudicial de investigação (procedimento preparatório, procedimen-
to administrativo, inquérito civil etc.), ele poderá ser dirigido a:
• organismos públicos;
• organismos particulares.

Ademais, o  MP também terá o poder de requerer exames ou perícias por parte desses
organismos.
O prazo para o MP também é diferenciado. O prazo para que o organismo atenda ao re-
querimento do MP será aquele que o próprio MP fixar, mas este prazo não poderá ser menor
que 10 dias úteis.

DICA!
Tome cuidado para não confundir os prazos deste artigo:
Interessados em geral, para instruir a inicial: 15 dias corridos
Ministério Público, para instruir investigações e a inicial: 10
dias úteis

§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação,
hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao
juiz requisitá-los.

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A depender do grau de sigilo de um documento público, ninguém poderá requisitá-lo,


a não ser o juiz, por decisão.
Portanto, havendo sigilo legal sobre uma certidão ou informação, poderá o legitimado
ativo deixar de fora a respectiva certidão ou informação, limitando-se a requerer ao juiz que
ordene a entrega da certidão ou da informação.

 Obs.: não deixe passar batido este detalhe: o sigilo, para justificar a recusa da certidão ou
da informação para a instrução de ACP, deve decorrer de lei, e não de decisão admi-
nistrativa.

Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexis-


tência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do
inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente.

O art. 9º trata da promoção do arquivamento dos procedimentos extrajudiciais investiga-


tivos de fatos que possam dar causa ao ajuizamento de ACP.
O arquivamento é determinado quando, depois de instaurado o inquérito ou outro instru-
mento, como o procedimento preparatório, não resultam das investigações quaisquer ele-
mentos que embasem uma futura ação civil pública, ou outra medida judicial cabível.
Há de se dar atenção ao fato de que o arquivamento, para ser promovido, depende da ve-
rificação de dois requisitos:
• tenham sido esgotadas todas as possibilidades de diligências;
• tenha o membro do MP se convencido da inexistência de fundamento para eventu-
al ACP.

Faltando um desses requisitos, não poderá ser promovido o arquivamento do inquérito ou


do procedimento preparatório.

§ 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena
de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.

Tão logo os interessados sejam cientificados do arquivamento, terá início o prazo de três
dias para que a Promotoria remeta os autos do inquérito ou do procedimento preparatório
arquivado ao CSMP.

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A falta de remessa dos autos do procedimento investigativo ao CSMP no prazo de três


dias configura falta grave para fins disciplinares, que deverá ser processada administrativa-
mente.

§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou rejeitada
a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou
documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.

Apesar do caráter inquisitório do inquérito civil, percebe-se que a promoção de seu arqui-
vamento dá maior espaço ao contraditório dos envolvidos, que poderão apresentar razões
escritas, com ou sem documentos anexados, para influenciar, em algum sentido, a decisão
do CSMP.

§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do


Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento.

A promoção de arquivamento é um ato administrativo complexo: além de o Promotor pre-


sidente do inquérito determinar o arquivamento, deve este ser homologado pelo CSMP. São
necessárias, portanto, duas manifestações de vontade para que o ato administrativo seja
considerado perfeito e eficaz: primeira vontade do Promotor e ratificação/confirmação do
CSMP, órgão administrativamente superior.

§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde


logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

Em sessões públicas, o CSMP, de forma colegiada, deliberará sobre a homologação, ou


não, do arquivamento do inquérito. Se o arquivamento for homologado, tudo terminará ali
mesmo.
Quando o CSMP ficar em dúvidas sobre a (in)conveniência da homologação, ele poderá
sobrestar a decisão de arquivamento e determinar que alguma diligência seja executada, para
esclarecer se o arquivamento é, de fato, a melhor medida.

Exemplo: para saber se o arquivamento é justo ou não, o CSMP pode suspender a sessão
e determinar que outro Promotor de Justiça efetue inspeção numa determinada localida-
de, em razão de a conclusão da inspeção depender de elemento puramente interpretativo
do Promotor.

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É possível, entretanto, que o arquivamento não seja homologado, e que o inquérito, por
consequência, deva continuar a tramitar. Nesta hipótese, a norma adota a mesma lógica do
inquérito policial: deve-se designar outro Promotor para dar continuidade às investigações.
Caso a investigação já esteja robusta e consumada, este novo Promotor poderá ajuizar, de
imediato, Ação Civil Pública ou propor outra medida judicial adequada e cabível.

Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa de 10
(dez) a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN, a recusa, o retardamento
ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados
pelo Ministério Público.

Este crime somente não será consumado quando os dados técnicos constarem de
certidão ou informação sobre a qual recaia sigilo legal. Afinal, conforme a Lei de Acesso
à Informação (Lei n. 12.527/2011), algumas informações podem ser reservadas, secretas
ou ultrassecretas.
Conforme o caput do art.  21 da Lei de Acesso à Informação, “não poderá ser negado
acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamen-
tais”. Portanto, se o juiz requisita essas informações confidenciais no bojo de ACP (que
sempre envolve direitos fundamentais, de forma mais próxima ou mais remota), o  órgão
público deverá fornecê-las.

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz de-
terminará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob
pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível,
independentemente de requerimento do autor.

As obrigações de fazer e de não fazer são também consideradas como obrigações in na-
tura, isto é, as que não tem a forma de pecúnia (dinheiro).
Depois do inadimplemento do devedor quanto a uma obrigação in natura (fazer ou
não fazer), é possível que a mesma obrigação possa ser igualmente cumprida, ou que,
em decorrência do inadimplemento, o cumprimento da prestação in natura tenha se tor-
nado impossível.

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Diante disso, o CPC, no art. 497, tratou de instituir dois tipos de tutela jurisdicional das
obrigações de fazer e de não fazer:
• Tutela específica: o juiz ordena o réu/devedor a cumprir a mesma obrigação de fazer ou
não fazer que descumpriu, na exata forma estabelecida em contrato ou em título exe-
cutivo. A tutela específica pode ser concedida inclusive mediante cominação de multa
à parte ré, MESMO QUE o autor da ACP não tenha requerido a cominação de multa para
constranger o réu a cumprir a obrigação de fazer ou não fazer;
• Tutela pelo resultado prático equivalente: por ser impossível o cumprimento tardio da
obrigação descumprida, o  juiz condena o réu/devedor a cumprir, em favor do autor,
alguma obrigação que possa restaurar/criar uma realidade fática aproximada daquela
que existiria se a obrigação tivesse sido cumprida.

Quando houver justo receio de que um ato ilícito venha a ser praticado, ou quando ele já
tiver sido cometido e puder vir a ser cometido novamente, ou, ainda, quando esteja sendo
cometido, poderá a pessoa prejudicada postular a tutela inibitória, que consiste em inibir/im-
pedir a prática, a reiteração ou a continuação de um ato ilícito específico (art. 497, parágrafo
único, CPC).
A tutela inibitória é um tipo de tutela específica, pois a pretensão do autor é, diretamente,
a de que o réu deixe de fazer alguma coisa (obrigação de não fazer). Se o juiz impuser ao réu
a obrigação de não fazer pretendida pelo autor, será caso de tutela específica inibitória.
A tutela inibitória, quando concedida e impuser ao réu uma obrigação de fazer, será uma
tutela inibitória positiva. Quando a obrigação imposta pelo juiz for de obrigação de não fazer,
será uma tutela inibitória negativa.
Para que o autor postule a tutela inibitória específica, ele não precisa comprovar a ocor-
rência de dano, tampouco culpa ou dolo do réu. Afinal, a prática do ato ilícito pode ter sido
cometida mesmo sem culpa ou dolo, mas por mero erro ou ignorância.

 Obs.: se o autor postular a tutela inibitória em sede de tutela provisória de urgência, ele
deverá, sim, comprovar ao menos o perigo de dano.

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Conforme o inciso IV do art. 139 do CPC, cabe ao juiz determinar todas as medidas induti-
vas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimen-
to de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária.
As medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias destinam-se a asse-
gurar o cumprimento das ordens judiciais e, consequentemente, o cumprimento da obrigação
(satisfação do débito).
Afinal de contas, o CPC, no art. 4º, dá ao cidadão-jurisdicionado o direito à atividade sa-
tisfativa em período razoável.

 Obs.: atividade satisfativa consiste no uso dos meios necessários para que o direito reco-
nhecido pelo juiz seja efetivado e entregue à parte que o postulou (cumprimento de
sentença, execução, poder geral de efetivação do juiz, dentre outras formas).

Resta, agora, diferencias cada uma das medidas especificadas no inciso IV.


MEDIDAS INDUTIVAS: destinam-se a incentivar o devedor a cumprir sua obrigação por
meio de motivações positivas, que também podem ser chamadas de “incentivos”. Estas me-
didas também são conhecidas como “sanções premiativas”.

Exemplos: redução dos honorários advocatícios em caso de cumprimento da obrigação em


determinado prazo; redução de despesas processuais etc.

MEDIDAS COERCITIVAS: destinam-se a incentivar o devedor a cumprir sua obrigação por


meio de motivações negativas, também vistas como “punições”. Estas medidas são igual-
mente conhecidas na doutrina como “sanções punitivas”.

Exemplos: multa ao devedor em caso de não cumprimento da obrigação no prazo concedido;


proibição de se manifestar nos autos até o devido cumprimento da obrigação etc.

MEDIDAS MANDAMENTAIS: são muito mais comuns quando direcionadas a agentes e


órgãos públicos. São medidas que devem ser cumpridas sob pena de configuração de crime
de desobediência. Não se estabelece uma sanção processual ou cível imediata. A eventual
configuração de crime de desobediência deverá ser mencionada na decisão que imponha a
medida, a fim de que ela seja distinguida das outras medidas.

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Exemplos: ordem para que o órgão público nomeie determinada pessoa para cargo público
em certo prazo; ordem para que o ente público se abstenha de fazer alguma coisa que venha
a ser lesiva aos direitos de alguém etc.

MEDIDAS SUB-ROGATÓRIAS: são medidas levadas a efeito em caso de omissão/descum-


primento do devedor. Se o devedor não cumprir a obrigação no prazo imposto, outra pessoa
levará a efeito o cumprimento da obrigação às expensas do devedor, e em seu lugar.

Exemplo: concessão de prazo ao réu para que apresente os cálculos referentes à dívida, sob
pena de nomeação de perito contábil para efetuá-los e apresentá-los às suas custas; con-
cessão de prazo ao réu para que cumpra a obrigação de fazer ou não fazer, sob pena de um
terceiro implementar a ação devida (obrigação de fazer) ou reprimir a atividade nociva (obri-
gação de não fazer) às custas do devedor.

Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão su-
jeita a agravo.

No bojo da ACP, é possível que haja pedido de tutela provisória.


Concessão liminar ocorre quando o juiz fica convencido da necessidade da tutela provisó-
ria, pela simples leitura dos fundamentos fáticos e jurídicos apresentados.
Já a concessão após justificação prévia ocorre quando o juiz precisa de mais alguma
manifestação da parte requerente para ficar convencido da necessidade da tutela provisória.
A justificação prévia pode ocorrer mediante manifestação nos próprios autos ou, ainda, em
audiência especial de justificação prévia.
Contra a decisão que conceder tutela provisória, caberá agravo de instrumento ao tribu-
nal, por parte do réu, no prazo de 15 dias. O art. 1.015, inciso I do CPC também autoriza que o
agravo de instrumento seja interposto contra a decisão que rejeitar a tutela provisória, igual-
mente, pelo autor da ACP.
Se for deferida tutela provisória de urgência antecipada em caráter antecedente, e o réu
não interpuser agravo de instrumento, a decisão proferida em sede de tutela antecipada será
tornada estável, isto é, durará por todo o tempo, enquanto ninguém solicitar sua invalidação,
reforma ou revisão (art. 304, § 3º, CPC).

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Ademais, depois do transcurso do prazo recursal sem a interposição de agravo de instru-

mento, o processo será extinto. Por óbvio, se o réu interpuser o agravo, o processo prossegui-

rá até o julgamento do recurso, ao menos.

A invalidação, reforma ou revisão pode ser requerida por qualquer das partes, e não

somente pela desfavorecida. É perfeitamente possível que o autor requeira a revisão da

tutela antecipada, de modo que seus efeitos se tornem mais favoráveis a ele (art. 304,

§ 2º, CPC).

Tenha em mente que a estabilização da tutela provisória de urgência somente se aplica à tu-
tela de urgência antecipada.

A tutela cautelar, por sua vez, não pode ser estabilizada, uma vez que a estabilidade da deci-

são é incompatível com sua natureza de evitar danos imediatos. É o entendimento fixado no

Enunciado n. 420 do FPPC: “Não cabe estabilização de tutela cautelar”.

§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à
ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir
o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamenta-
da, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da
publicação do ato.

Depois que o agravo de instrumento for interposto, é possível que o Presidente do Tribunal
ad quem (destinatário do recurso) suspensa a execução da liminar, quando o requerimento

de suspensão partir do Poder Público (quando réu) e a finalidade da suspensão seja de evitar

grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública.

A decisão de suspensão da liminar deverá fundamentar-se na forma do § 1º. Esta decisão

(monocrática do Presidente) será impugnável por agravo interno ao órgão colegiado do Tribu-

nal que seja competente para apreciar recursos contra decisões monocráticas do Presidente

(órgão especial, câmara etc.).

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Alerto-lhe para não confundir estes dois dados:


Prazo do agravo de instrumento ao Tribunal, contra a decisão interlocutória de primeiro grau:
15 DIAS.
Prazo do agravo interno a órgão colegiado do tribunal, contra decisão monocrática do Presi-
dente do Tribunal: 5 DIAS.

§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão
favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.

Não confunda “trânsito em julgado da decisão favorável ao autor” com o trânsito em julgado
da sentença definitiva.
A decisão liminar que impuser multa ao réu, para que cumpra determinada obrigação, transi-
tará em julgado quando o prazo de 15 dias para interposição do agravo de instrumento termi-
nar, ou quando o agravo de instrumento for julgado definitivamente, mantendo a cominação
da multa. Logo, a decisão liminar terá transitado em julgado, mas o mérito principal continu-
ará em debate em primeiro grau de jurisdição.

Em decisão liminar (que aprecia pedido de tutela provisória), o juiz pode determinar
ao réu que cumpra determinada obrigação de fazer ou não fazer, sob pena de multa (me-
dida coercitiva).
Pois bem.
A exigibilidade da multa consiste na possibilidade de ela produzir efeitos. Uma multa exi-
gível é uma multa oponível contra o multado. Explico em termos práticos: quando a multa for
exigível, o réu terá ciência de que o descumprimento da sua obrigação (de fazer ou não fazer)
será sancionado com multa.

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A exigibilidade da multa não significa que ela deve ser paga de imediato: significa que ela
é oponível para constranger o réu a cumprir sua obrigação. Logo, se ele cumprir sua obriga-
ção, embora a multa seja exigível, ele não deverá pagá-la. Afinal, a multa é apenas uma me-
dida coercitiva para garantir o cumprimento de uma obrigação mais importante (de fazer ou
não fazer).

DICA!
Multa exigível é multa existente e válida, que pode servir
como meio de coagir alguém a cumprir certa obrigação. Não
significa que a multa seja devida, mas, sim, que ela poderá ser
aplicada de imediato após o descumprimento da obrigação
principal.

A multa é, portanto, exigível (existente) a partir do trânsito em julgado da decisão que a


fixar.
Agora, resta saber quando a multa será devida, isto é, quando ela deverá ser paga.
A multa deverá ser paga quando o réu descumprir a obrigação cujo cumprimento o juiz
pretendeu coagir com a imposição da multa.
Veja que a exigibilidade antecede a obrigação de pagar a multa. Esta obrigação somente
surge quando do descumprimento da obrigação principal.

Lembre-se desta distinção, que é muito explorada em provas:


• Multa EXIGÍVEL: após o trânsito em julgado da decisão que a impuser;
• Multa DEVIDA: a partir do descumprimento da obrigação.

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo
gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente
o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconsti-
tuição dos bens lesados.
§ 1º. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento
oficial de crédito, em conta com correção monetária.

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§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação
étnica nos termos do disposto no art. 1º desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá diretamente
ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, con-
forme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão
nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses
de danos com extensão regional ou local, respectivamente.

Como regra, o próprio autor da ACP indica um fundo ao qual devam ser revertidos os va-
lores da condenação, a fim de que os danos sejam reparados ou indenizados da forma mais
justa possível.
Na falta de indicação de um fundo pela entidade autora, os valores devidos em razão da
condenação judicial serão revertidos a um FUNDO gerido por um Conselho Federal ou por
Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e represen-
tantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.
O destino deve, obrigatoriamente, dirigir-se à reconstituição dos bens lesados/danifica-
dos, a fim de que os danos sejam justamente compensados e/ou indenizados.

Exemplo: se o dano tiver incidido sobre o direito das pessoas com deficiência à acessibili-
dade, o valor revertido ao Fundo indicado pelo legitimado ativo será empregado em ações e
políticas públicas de promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência.

Outro grande exemplo consta do § 2º, que você precisa conhecer para fins de prova: se os
danos narrados na ACP decorrerem de ato de discriminação étnica, os valores da condena-
ção do réu serão utilizados para ações de promoção da igualdade étnica. Neste caso, há uma
diferença a conhecer:
• se os danos forem de âmbito nacional, as ações serão definidas pelo Conselho Nacio-
nal de Promoção da Igualdade Racial;
• se, todavia, os danos forem de âmbito regional ou local, as ações serão definidas pelos
Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais.

Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.

Como regra geral, os recursos têm efeito devolutivo, mas nem todos têm o efeito sus-
pensivo.

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EFEITO SUSPENSIVO: consiste na suspensão dos efeitos da decisão recorrida até que o
juízo ad quem (juízo destinatário do recurso) julgue o recurso interposto, para decidir se re-
forma, ou não, a decisão recorrida.
EFEITO DEVOLUTIVO: toda a matéria envolvida pelo recorrente em seu recurso é devolvida
ao juízo ad quem (juízo destinatário do recurso), para reanálise das questões. O efeito devo-
lutivo alcança somente as partes da decisão impugnadas pelo recorrente.
Como regra geral, é possível a obtenção de efeito suspensivo com base nos critérios do
art. 995, parágrafo único, do CPC: se em razão da imediata produção de seus efeitos houver
risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade
de provimento do recurso.
Todavia, no caso de recurso em ACP, o único requisito a ser demonstrado para a conces-
são de efeito suspensivo ao recurso é perigo de dano irreparável.
Conclusão: em recursos contra sentenças proferidas em ACP, a concessão de efeito sus-
pensivo NÃO depende de probabilidade de provimento do recurso. O perigo de dano, todavia,
deve referir-se a dano irreparável, e não meramente “grave”.

Art. 19. Aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o Código de Processo Civil, aprovado pela
Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, naquilo em que não contrarie suas disposições.

A lei citada no art. 19 é o CPC de 1973. Todavia, de acordo com o art. 1.046, § 4º, do Novo
CPC, “As remissões a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em outras
leis, passam a referir-se às que lhes são correspondentes neste Código”.
Portanto, a aplicação supletiva e subsidiária é do CPC de 2015, que poderá suprir lacunas
normativas, ontológicas e axiológicas da Lei da Ação Civil Pública.
LACUNAS NORMATIVAS: não existe norma para o caso concreto. Portanto, o aplicador da
lei deverá encontrar meio integrativo para sanar a omissão (aplicação subsidiária de dispo-
sitivo do CPC).
LACUNAS ONTOLÓGICAS: existe uma norma para o caso concreto, mas essa norma so-
freu um drástico envelhecimento diante do direito moderno, sendo historicamente incompa-
tível com o caso concreto.
LACUNAS AXIOLÓGICAS: existe uma norma para o caso concreto, mas essa norma tor-
nou-se injusta, e sua aplicação ao caso formaria situação clara de injustiça.

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4. Súmulas e Enunciados pertinentes à ACP


Súmula n. 329 do STJ
O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patri-
mônio público.

Pode parecer óbvio que o Ministério Público tenha legitimidade para ajuizar ACP em defe-
sa do patrimônio público, uma vez que tal defesa é inerente à defesa do ordenamento jurídico
como um todo, papel que, constitucionalmente, lhe incumbe (art. 127, caput, CF/88).
Apesar da aparente obviedade, a edição desta Súmula tem uma razão. A defesa do patri-
mônio público é a causa de pedir das ações populares, que somente podem ser ajuizadas por
pessoas naturais em defesa do patrimônio público (art. 5º, LXXIII, CF/88). Portanto, o instru-
mento da ação popular não é acessível ao MP, mas é privativamente destinado às pessoas
naturais.
De modo a esclarecer que o MP pode, sim, ajuizar ações em defesa do patrimônio público
estritamente, o STF editou a Súmula n. 329 para esclarecer que esta causa de pedir, por parte
do MP, pode ser apresentada em ACP, já que o MP não pode ajuizar ação popular. É uma forma
de esclarecer qual é o instrumento de defesa do patrimônio público por parte do MP, embora
seja óbvio que o MP pode, sim, litigar em defesa do patrimônio público.

Súmula n. 643 do STF


O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo fundamento
seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.

A questão da legitimidade do MP para ajuizar ACP em face de reajuste ilegal de mensali-


dades escolares chegou ao STF, que reconheceu o status constitucional da questão, pois se
insere diretamente no campo do direito social à educação.
Como o MP tem a incumbência de defender os direitos sociais (art. 127, caput, CF/88),
ele pode, sim, ajuizar ACP com fundamento em ilegalidade de reajuste de mensalidades es-
colares, pois este papel tem o condão de dar substância a direito social (neste caso, o direito
social à educação).

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Enunciado n. 119 do FPPCP


Em caso de relação jurídica plurilateral que envolva diversos titulares do mesmo direito,
o juiz deve convocar, por edital, os litisconsortes unitários ativos incertos e indetermina-
dos (art. 259, III), cabendo-lhe, na hipótese de dificuldade de formação do litisconsórcio,
oficiar ao Ministério Público, à Defensoria Pública ou a outro legitimado para que possa
propor a ação coletiva.

O Enunciado n. 119 do FPPC trata da hipótese em que os próprios indivíduos lesados to-
mam a iniciativa de ajuizar ação em face de alguém (normalmente uma empresa prestadora
de algum serviço) que tenha celebrado negócios jurídicos com vários particulares, e os efeitos
desses negócios tenham sido lesivos.

Exemplo: compra de determinado produto, pela internet, de uma empresa, sendo tal produto
de composição lesiva ao corpo humano em razão de vícios ocultos.

Como o litisconsórcio ativo é sempre facultativo, o juiz ordenará a publicação de edital


de convocação de todas as pessoas que eventualmente tenham sofrido danos em razão de
negócios jurídicos celebrados com a ré, para que, querendo, ingressem no feito como litiscon-
sortes dos autores.
Se a formação desse litisconsórcio mostrar-se muito difícil, pelo número de pessoas lesa-
das e/ou pelo desconhecimento da dimensão do dano, o juiz poderá determinar a expedição
de ofício aos legitimados ativos para ajuizar ACP para que estudem a hipótese de ajuizá-la,
ou, ainda, ajuizar uma ação civil coletiva, nos termos do CDC.

 Obs.: o juiz não ordenará o ajuizamento de ação coletiva, como a ACP, mas somente ofi-
ciará os sujeitos legitimados para que avaliem a possibilidade de ajuizar tal ação,
para substituir processualmente os particulares que tomaram a iniciativa de proces-
sar a ré.

Enunciado n. 627 do FPPC


Em processo coletivo, a  decisão que fixa multa coercitiva é passível de cumprimento
provisório, permitido o levantamento do valor respectivo após o trânsito em julgado da
decisão de mérito favorável.

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Como estudamos no comentário ao art.  12, §  2º, a  multa somente é devida depois do
descumprimento da obrigação principal. Descumprida a obrigação principal no meio do pro-
cesso, poderá haver cumprimento provisório da decisão cominatória de multa. A  partir do
cumprimento provisório, serão tomadas as medidas atinentes ao recolhimento da multa, me-
diante pagamento voluntário, indisponibilidade de bens e/ou bloqueio de contas bancárias.
O levantamento do valor da multa (reversão do valor à parte lesada) somente poderá ocor-
rer após o trânsito em julgado da decisão de mérito favorável à parte lesada.

Enunciado n. 666 do FPPC


O processo coletivo não deve ser extinto por falta de legitimidade quando um legitimado
adequado assumir o polo ativo ou passivo da demanda.

Imagine que uma ACP tenha sido ajuizada por associação que não tenha pertinência te-
mática com a questão social afetada pelo dano.

Exemplo: associação de surdos ajuizando ACP para discutir danos em face de direitos rela-
cionados à igualdade racial. Não existe pertinência temática entre a finalidade institucional da
associação e os danos ocorridos.

Não é porque o primeiro autor da ACP era parte ilegítima que a ACP deva, necessariamen-
te, ser extinta. Se, logo após o reconhecimento da ilegitimidade, algum legitimado ativo ver-
dadeiro assumir o polo ativo (Ex.: associação de combate à discriminação racial, Ministério
Público ou Defensoria Pública), o processo seguirá normalmente.
Afinal de contas, o interesse social envolvido na causa é muito mais relevante do que uma
questão preliminar processual extintiva.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (2020/VUNESP/FITO/ADVOGADO) De acordo com a regra geral do Processo Ci-

vil Coletivo, a competência para processar e julgar ação civil pública é

a) relativa, devendo ser ajuizada no foro do local onde ocorreu o dano.

b) relativa, devendo ser ajuizada no foro do local do domicílio do lesado.

c) relativa, devendo ser ajuizada no foro do local do domicílio ou sede do réu.

d) absoluta, devendo ser ajuizada no foro do local onde ocorreu o dano.

e) absoluta, devendo ser ajuizada no foro do local do domicílio do lesado.

Questão 2 (2019/CESPE/TJ-PA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Em ação civil pública que

tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer, caso o juiz determine o cumprimento

de prestação da atividade devida em trinta dias, cominando multa diária para o caso de des-

cumprimento, a multa será exigível

a) a partir da citação do réu.

b) se o autor assim requerer no caso de não cumprimento da prestação.

c) após decorrido o prazo para o cumprimento da prestação.

d) após proferida sentença favorável ao autor, se este assim requerer.

e) após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor.

Questão 3 (2019/FGV/MPE-RJ/OFICIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO) Em uma ação civil pú-

blica proposta pelo Ministério Público, o juiz verificou que os pedidos formulados já são objeto

de outra ação civil pública em curso e ajuizada anteriormente. Nessa hipótese, deverá o juiz:

a) indeferir a petição inicial, julgando extinto o feito com resolução de mérito;

b) julgar extinto o feito, sem resolução de mérito, reconhecendo a existência de litispendência;

c) julgar extinto o feito, sem resolução de mérito, reconhecendo a existência de coisa julgada;

d) julgar extinto o feito, com resolução de mérito, reconhecendo a existência de litispendência;

e) julgar extinto o feito, com resolução de mérito, reconhecendo a existência de coisa julgada.

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Questão 4 (2019/CESPE/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO) O Ministério Público ajuizou ação civil


pública contra determinada empresa e seus sócios, visando tutelar direitos de consumidores
lesados por contratos celebrados para a prática de esquema de pirâmide financeira. A sen-
tença condenatória na ação coletiva foi publicada em 5/1/2003 e, após recurso, transitou em
julgado em 2/6/2005.Em 6/7/2012, um consumidor beneficiário da referida demanda apre-
sentou execução individual da sentença coletiva.
Nessa situação hipotética, de acordo com o entendimento do STJ, é  correto afirmar que,
à época da propositura da execução individual pelo beneficiário, a sua pretensão
a) estava prescrita desde o transcurso de cinco anos após o trânsito em julgado da sentença
coletiva.
b) não estava prescrita, e só será assim considerada após o transcurso de dez anos do trân-
sito em julgado da sentença coletiva.
c) estava prescrita desde o transcurso de cinco anos após a publicação da sentença coletiva.
d) não estava prescrita, e só será assim considerada após o transcurso de dez anos após a
publicação da sentença coletiva.
e) estava prescrita desde o transcuro de três anos após o trânsito em julgado da sentença
coletiva.

Questão 5 (2019/VUNESP/TJ-AC/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Assinale a alternativa


correta, em relação à ação civil pública, que representa um dos instrumentos processuais da
tutela ambiental.
a) Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajusta-
mento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título
executivo judicial.
b) Tem legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar a associação que esteja
constituída há pelo menos 2 (dois) anos nos termos da lei civil.
c) A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente
intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
d) Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Mi-
nistério Público tem atribuição exclusiva para assumir a titularidade ativa.

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Questão 6 (2018/VUNESP/CÂMARA DE ORLÂNDIA-SP/PROCURADOR JURÍDICO) Em pas-


sado próximo aconteceu uma das maiores catástrofes ecológicas dos últimos tempos, com o
rompimento das barragens de dejetos de mineração da Samarco, empresa controlada pelas
multinacionais Vale (brasileira) e BHP Billiton (anglo-australiana). O desastre teve lugar nas
proximidades da cidade de Mariana (MG), acabou se alastrando por diversas outras paragens,
trazendo consigo (i) sérios danos ao meio ambiente; (ii) problemas associados à atividade de
exploração minerária no território; (iii) essa gigantesca onda de poluentes destruiu centenas
de casas, deixando as famílias desabrigadas.
(Revista CONJUR, 08.12.2015)

Eventual Ação Civil Pública poderá tutelar os seguintes direitos, respectivamente:


a) (i) difusos; (ii) coletivos; (iii) individual homogêneo.
b) (i) difusos; (ii) difusos; (iii) difusos.
c) (i) individual homogêneo; (ii) coletivos; (iii) individual homogêneo.
d) (i) coletivos; (ii) coletivos; (iii) coletivos.
e) (i) coletivos; (ii) difusos; (iii) difusos.

Questão 7 (2018/VUNESP/PREFEITURA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP/ASSISTENTE


JURÍDICO) Sobre a desistência das ações civis públicas, nos termos da legislação, é  certo
afirmar:
a) inaceitável é a desistência, pois o objeto dessas demandas é sempre indisponível.
b) se proposta tal ação por uma associação, havendo o abandono da causa, caberá ao Minis-
tério Público com exclusividade assumir o polo ativo.
c) se o autor da demanda desistir, deverá esclarecer as razões da desistência, sob pena de
não ser homologada.
d) é omissa a legislação sobre tal tema, havendo apenas previsão de substituição do polo em
caso de renúncia do direito coletivo pleiteado.
e) caso ocorra desistência infundada ou abandono da causa, por associação legitimada, tanto
o Ministério Público ou qualquer outro legitimado poderão assumir o polo ativo da demanda.

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Questão 8 (2018/FCC/PREFEITURA DE CARUARU-PE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO) A le-


gitimidade na Ação Civil Pública pode ser concorrente ou disjuntiva, de modo que podem os
legitimados propor a ação em conjunto ou separadamente. Em relação a essa afirmação,
é correto afirmar:
a) O Ministério Público e a Defensoria Pública atuarão, quando não intentarem a ação, como
custos legis e custos vulnerabilis, respectivamente, qualquer que seja o objeto da ação civil
pública.
b) Os legitimados para propor a ação civil pública podem realizar termo de ajustamento de
conduta, com eficácia de título executivo extrajudicial.
c) Ao Poder Público e a outras associações legitimadas é facultada a prerrogativa de habili-
tar-se como litisconsortes de qualquer das partes.
d) Os municípios não possuem legitimidade para propor ação civil pública.
e) A legitimidade para propositura de medidas de urgência ou cautelares é restrita aos legiti-
mados universais, como o Ministério Público e a Defensoria Pública.

Questão 9 (2018/BANCA DO ÓRGÃO/TRF-2ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Nos


termos do entendimento fixado pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de
Justiça, sobre o alcance territorial da sentença coletiva transitada em julgado, diante da limi-
tação determinada pelo art. 16 da Lei n. 7.347/1985:
a) a sentença pode ser executada nacionalmente independentemente do que foi fixado no
título.
b) a sentença fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão
prolator, ainda que o título tenha estabelecido de modo mais amplo.
c) o Supremo Tribunal Federal entendeu que o tema possuía repercussão geral, estabelecen-
do que a coisa julgada deve prevalecer, em razão da proteção constitucional.
d) o Supremo Tribunal Federal entendeu que o tema possuía repercussão geral, estabelecen-
do que limitação determinada pela lei não ofende a coisa julgada.
e) a sentença pode ser executada fora dos limites da competência territorial do órgão prolator,
por força da coisa julgada, ainda que em contrariedade à limitação legal, se fixado no título.

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Questão 10 (2008/VUNESP/ITESP/VUNESP/ADVOGADO) Sobre o compromisso de ajusta-


mento de conduta às exigências legais, firmado entre os órgãos públicos legitimados para
propositura da ação civil pública e interessados, é correto afirmar que
a) tem eficácia de título executivo judicial.
b) pode prever cominações em caso de não cumprimento.
c) o termo de ajustamento não pode ser convencionado antes do ajuizamento da ação.
d) ajustamento significa transigência no cumprimento das obrigações legais.
e) os interessados podem tomar dos infratores compromisso de ajustamento.

Questão 11 (2010/BANCA DO ÓRGÃO/TRT-21ª REGIÃO/RN/JUIZ DO TRABALHO) De acordo


com as normas legais aplicáveis à ação civil pública, é incorreto afirmar:
a) a ação pode ter por objeto o cumprimento de obrigação de realizar determinada obra, de
cessar conduta específica, de se abster da prática de certos atos e, também, a condenação
em dinheiro;
b) a ação pode ser proposta, em litisconsórcio facultativo, pelos Ministérios Públicos do Tra-
balho e Estadual;
c) a sentença proferida na ação fará coisa julgada “erga omnes”, salvo se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas;
d) a ação induz litispendência apenas em relação às ações trabalhistas plúrimas, de maneira
a ensejar a reunião dos processos e a instrução e decisão em conjunto;
e) mesmo após a propositura da ação pelo Ministério Público do Trabalho, admite-se a habi-
litação de sindicato como litisconsorte ativo.

Questão 12 (2011/BANCA DO ÓRGÃO/TRT-23ª REGIÃO/MT/JUIZ DO TRABALHO SUBSTI-


TUTO) Quanto ao regramento legal da ação civil pública, assinale a alternativa FALSA:
a) Tem legitimidade para propor a ação civil pública, dentre outros, a Defensoria Pública, au-
tarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista.
b) O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente
como fiscal da lei.

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c) Todos os legitimados à propositura da ação poderão tomar dos interessados compromisso


de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia
de título executivo extrajudicial.
d) Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a as-
sociação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual
iniciativa aos demais legitimados.
e) Na ação coletiva em que se deduza pretensão referente a direitos ou interesses individuais
homogêneos haverá a formação de coisa julgada erga omnes, apenas no caso de proce-
dência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, sendo que, em caso
de improcedência do pedido, os interessados que não tiverem intervindo no processo como
litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual.

Questão 13 (2011/BANCA DO ÓRGÃO/TRT-2ª REGIÃO/SP/JUIZ DO TRABALHO) Tem legi-


timidade para propor a Ação Civil Pública, segundo previsão expressa na Lei 7.347, de 1985:
a) Apenas o Ministério Público.
b) Apenas o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal,
os Municípios, as autarquias, as empresas públicas, as fundações, as sociedades de econo-
mia mista e a associação que esteja constituída há pelo menos um ano nos termos da lei civil
e que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consu-
midor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico.
c) Apenas o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal,
os  Municípios, as  autarquias, as  fundações e a associação que esteja constituída há pelo
menos um ano nos termos da lei civil e que inclua, entre suas finalidades institucionais, a pro-
teção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patri-
mônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
d) Apenas o Ministério Público, a  Defensoria Pública, as  autarquias, as  fundações e a as-
sociação que esteja constituída há pelo menos um ano nos termos da lei civil e que inclua,
entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem
econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e pai-
sagístico.

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e) Apenas o Ministério Público, a Defensoria Pública e a associação que esteja constituída há


pelo menos um ano nos termos da lei civil e que inclua, entre suas finalidades institucionais,
a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao
patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Questão 14 (2017/MPT/BANCA DO ÓRGÃO/PROCURADOR DO TRABALHO/ADAPTADA) So-


bre a ação civil pública, analise as alternativas abaixo:
I – A lei de regência da ação civil pública somente prevê a possibilidade de pedidos envolven-
do o cumprimento da chamada tutela específica.
II – O Código de Defesa do Consumidor conceitua expressamente os direitos difusos, coleti-
vos em sentido estrito, individuais homogêneos e individuais heterogêneos, todos considera-
dos espécies do gênero direitos coletivos em sentido lato.
III – Há expressa previsão na lei de regência da ação civil pública que, em caso de desistên-
cia infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro
legitimado assumirá a titularidade ativa.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Todas as assertivas estão incorretas.
b) Apenas a assertiva III está correta.
c) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
d) Apenas as assertivas II e III estão corretas.

Questão 15 (2011/BANCA DO ÓRGÃO/TRT-23ª REGIÃO/MT/JUIZ DO TRABALHO/ADAP-


TADA) A respeito da ação civil pública, assinale a alternativa que contém uma afirmação
verdadeira:
a) Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, ape-
nas o Ministério Público poderá assumir a titularidade ativa.
b) O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, somente atuará no processo
como fiscal da lei se o magistrado entender pela existência de interesse público que assim
determine.

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c) Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos dos Estados na de-


fesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei, não se admitindo, porém, a atuação em
litisconsórcio entre os ramos do Ministério Público da União, que tem atribuição limitada à
Justiça em que atuam.
d) Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a as-
sociação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual
iniciativa aos demais legitimados.
e) As ações coletivas que versem a respeito de direitos e interesses difusos ou coletivos não
induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes
ou ultra partes das ações referentes a direitos e interesses coletivos ou individuais homogê-
neos não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida sua suspensão
no prazo de sessenta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.

Questão 16 (2018/FCC/PREFEITURA DE CARUARU-PE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO) Con-


sidere os enunciados, no tocante à ação civil pública:
I – Será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribui-
ções previdenciárias, FGTS ou outros fundos, de natureza institucional, cujos beneficiários
possam ou não ser individualmente determinados.
II – É legitimada à sua propositura associação obrigatoriamente inscrita há pelo menos um
ano, sem exceção, que inclua em suas finalidades institucionais, entre outras, a proteção ao
patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica e aos di-
reitos de grupos raciais.
III  – A  sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial
do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova.
IV – Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela pro-
positura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo
das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

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Está correto o que se afirma APENAS em


a) III e IV.
b) I, II e IV.
c) I, II e III.
d) I e II.
e) II e IV.

Questão 17 (2018/FCC/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO) Uma ação civil pública ajuizada pela


Defensoria Pública foi julgada improcedente e, após o esgotamento do prazo para recurso,
adveio o trânsito em julgado. Nesse caso, de acordo com a Lei da Ação Civil Pública, a coisa
julgada
a) não se limita ao território da competência do órgão prolator da decisão e não permite a re-
propositura de ação idêntica, independentemente de qual foi o fundamento da improcedência
e da existência de prova nova.
b) se limita ao território da competência do órgão prolator da decisão, mas não permite a
repropositura de demanda idêntica, independentemente de qual foi o fundamento da impro-
cedência e da existência de prova nova.
c) se limita ao território da competência do órgão prolator da decisão e permite a reproposi-
tura de ação idêntica, independentemente de qual foi o fundamento da improcedência e da
existência de prova nova.
d) se limita ao território da competência do órgão prolator da decisão e permite a reproposi-
tura de ação idêntica, com a apresentação de prova nova, desde que o fundamento da impro-
cedência seja a insuficiência de provas.
e) não se limita ao território da competência do órgão prolator da decisão, mas permite a re-
propositura de ação idêntica, desde que o fundamento da improcedência e da existência de
prova nova.

Questão 18 (2018/VUNESP/MPE-SP/ANALISTA JURÍDICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO) O Mi-


nistério Público do Estado de São Paulo ingressou com determinada ação coletiva. Indivíduos

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prejudicados pelo mesmo ato que ensejou o pleito na esfera coletiva entraram com ações
individuais. Somente se beneficiará da coisa julgada coletiva o indivíduo que
a) prosseguir com a ação individual, mesmo que seja julgado improcedente o seu pedido par-
ticular.
b) tenha requerido a suspensão de seu processo individual caso queira ser beneficiado em
eventual sentença coletiva procedente.
c) tiver seu processo individual transitado em julgado por ocasião do ingresso da ação cole-
tiva.
d) desistir da ação individual para ingressar no polo ativo da ação coletiva.
e) ingressar com pedido de reunião dos processos individual e coletivo.

Questão 19 (2018/FCC/CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL/PROCURADOR LE-


GISLATIVO) Com fundamento na Lei no 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência),
pais de alunos com paralisia cerebral e cadeirantes constituíram associação, em cujos fins
institucionais encontra-se a possibilidade de defender em juízo e fora dele os interesses da-
queles e de outros vulneráveis, nas mesmas condições. Dois meses após sua criação deci-
diram em assembleia promover demanda coletiva em face do Município onde residiam para
compeli-lo, assim como as empresas prestadoras do serviço de transporte, a tornar acessível
a respectiva frota. Os réus foram citados e deverão apresentar resposta. Nesse caso,
a) há ilegitimidade de parte, pois a associação foi constituída há menos de um ano, requisito
temporal insuperável.
b) falta-lhe pertinência temática, porquanto a associação foi criada pelos pais de alunos com
paralisia cerebral e cadeirantes, de modo que o interesse é claramente egoístico.
c) a associação é parte ilegítima para figurar no polo ativo da demanda, pois seu objeto deve
ser perseguido pelos demais legitimados.
d) será possível ao magistrado dispensar o requisito da constituição temporal da associação
e examinar se se faz presente a pertinência temática, para fins de reconhecimento da legiti-
midade da associação.
e) se houver ações individuais propostas por alguns dos associados, com o mesmo objeto,
deve-se aguardar a solução das mesmas.

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Questão 20 (2018/FCC/CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL/PROCURADOR LE-

GISLATIVO) As ações coletivas para a recomposição do dano sofrido devem ser ajuizadas

no foro

a) do local do dano e é improrrogável

b) do domicílio do autor e é improrrogável.

c) da sede de qualquer um dos legitimados ativos e é improrrogável.

d) do domicílio do réu e é prorrogável.

e) de escolha do autor e é prorrogável.

Questão 21 (QUESTÃO INÉDITA) A respeito da Ação Civil Pública, considerando-se as dispo-

sições da Lei n. 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública), da Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa

do Consumidor) e a jurisprudência consolidada, julgue o item subsequente:

Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela proposi-

tura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das

custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

Questão 22 (QUESTÃO INÉDITA) A respeito da Ação Civil Pública, considerando-se as dispo-

sições da Lei n. 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública), da Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa

do Consumidor) e a jurisprudência consolidada, julgue o item subsequente:

Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, hono-

rários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo

comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.

Questão 23 (QUESTÃO INÉDITA) A respeito da Ação Civil Pública, considerando-se as dispo-

sições da Lei n. 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública), da Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa

do Consumidor) e a jurisprudência consolidada, julgue o item subsequente:

A sentença proferida em sede de ação civil pública proposta para tutelar direitos difusos pro-

duz efeitos ultra partes, limitadamente à categoria, classe ou grupo.

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Questão 24 (2019/CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Acerca do direito coletivo, julgue o


item a seguir.
Entende o STJ que, no âmbito do direito privado, é de cinco anos o prazo prescricional para
ajuizamento de execução individual em pedido de cumprimento de sentença proferida em
ação civil pública, contado esse prazo a partir do trânsito em julgado da sentença exequenda.

Questão 25 (2019/CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Acerca do direito coletivo, julgue o


item a seguir.
Conforme previsão legal, é competente para a propositura de ação civil pública o foro do local
do dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.

Questão 26 (2019/CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Julgue o próximo item, relativo à


prevenção, conexão, continência e litispendência no processo coletivo.
Situação hipotética: A Defensoria Pública do Distrito Federal e a Defensoria Pública da União
ajuizaram ações civis públicas em situação de continência entre si. Assertiva: Nesse caso,
em razão da autonomia dos legitimados coletivos, as referidas demandas deverão tramitar
separadamente: a primeira, na justiça do Distrito Federal, e a segunda, na justiça federal.

Questão 27 (2019/CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Julgue o próximo item, relativo à


prevenção, conexão, continência e litispendência no processo coletivo.
Nas ações civis públicas, o despacho inicial de citação prevenirá a competência do juízo para
todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mes-
mo objeto.

Questão 28 (2018/CESPE/IPHAN/TÉCNICO I) No que se refere aos princípios e normas da


administração pública, julgue o item a seguir.
As entidades da administração indireta têm legitimidade ativa para propor ação civil pública
em defesa de interesses difusos, homogêneos e coletivos.

Questão 29 (2018/CESPE/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA) A empresa Soluções Indústria de


Eletrônicos Ltda. veiculou propaganda considerada enganosa relativa a determinado produto:

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Ação Civil Pública
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as especificações eram distintas das indicadas no material publicitário. Em razão do anúncio,


cerca de duzentos mil consumidores compraram o produto. Diante desse fato, uma asso-
ciação de defesa do consumidor constituída havia dois anos ajuizou ação civil pública com
vistas a obter indenização para todos os lesados.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
A associação autora é parte legítima para propor a ação civil pública e não terá que adiantar
custas ou honorários periciais; no entanto, a associação será condenada em honorários ad-
vocatícios caso seja comprovada a sua má-fé.( ) Errado

Questão 30 (2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO)


Julgue o próximo item, a respeito de litisconsórcio, intervenção de terceiros e procedimentos
especiais previstos no CPC e na legislação extravagante.
Conforme o STJ, a  pessoa jurídica de direito público ré de ação civil pública possui ampla
liberdade para mudar de polo processual, ainda que haja pretensão direcionada contra ela.

Questão 31 (2017/CESPE/SE-DF/ANALISTA DE GESTÃO EDUCACIONAL/DIREITO E LEGIS-


LAÇÃO) Julgue o item subsequente, relativo à improcedência liminar do pedido e ao cumpri-
mento de sentença.
Situação hipotética: A defensoria pública ingressou em juízo com uma ação civil pública
contra empresa privada que praticava ato lesivo ao meio ambiente e à ordem urbanística de
determinado ente federativo. Assertiva: Nesse caso, a defensoria pública poderia requerer a
condenação da empresa requerida ao pagamento em dinheiro em função dos danos provo-
cados, e cumular a esse pedido a cessação dos atos lesivos, bem como o cumprimento de
recuperação dos danos causados ao meio ambiente e à ordem urbanística.

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GABARITO
1. d 28. C
2. e 29. C
3. b 30. E
4. a 31. C
5. c
6. a
7. e
8. c
9. e
10. b
11. d
12. c
13. b
14. b
15. d
16. a
17. d
18. b
19. d
20. a
21. C
22. C
23. E
24. C
25. C
26. E
27. E

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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (2020/VUNESP/FITO/ADVOGADO) De acordo com a regra geral do Processo Ci-
vil Coletivo, a competência para processar e julgar ação civil pública é
a) relativa, devendo ser ajuizada no foro do local onde ocorreu o dano.
b) relativa, devendo ser ajuizada no foro do local do domicílio do lesado.
c) relativa, devendo ser ajuizada no foro do local do domicílio ou sede do réu.
d) absoluta, devendo ser ajuizada no foro do local onde ocorreu o dano.
e) absoluta, devendo ser ajuizada no foro do local do domicílio do lesado.

Letra d.
O art. 2º, caput da Lei da ACP dispõe: “As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro
do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a
causa”. Ao estabelecer que a competência é “funcional”, o legislador criou um critério verda-
deiramente territorial-funcional, com o objetivo de tornar absoluta a competência do foro do
local do dano.

Questão 2 (2019/CESPE/TJ-PA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Em ação civil pública que


tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer, caso o juiz determine o cumprimento
de prestação da atividade devida em trinta dias, cominando multa diária para o caso de des-
cumprimento, a multa será exigível
a) a partir da citação do réu.
b) se o autor assim requerer no caso de não cumprimento da prestação.
c) após decorrido o prazo para o cumprimento da prestação.
d) após proferida sentença favorável ao autor, se este assim requerer.
e) após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor.

Letra e.
O examinador explorou diretamente a regra do art. 12, § 2º: “A multa cominada liminarmente
só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será
devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento”.

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Questão 3 (2019/FGV/MPE-RJ/OFICIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO) Em uma ação civil pú-


blica proposta pelo Ministério Público, o juiz verificou que os pedidos formulados já são objeto
de outra ação civil pública em curso e ajuizada anteriormente. Nessa hipótese, deverá o juiz:
a) indeferir a petição inicial, julgando extinto o feito com resolução de mérito;
b) julgar extinto o feito, sem resolução de mérito, reconhecendo a existência de litispendência;
c) julgar extinto o feito, sem resolução de mérito, reconhecendo a existência de coisa julgada;
d) julgar extinto o feito, com resolução de mérito, reconhecendo a existência de litispendência;
e) julgar extinto o feito, com resolução de mérito, reconhecendo a existência de coisa julgada.

Letra b.
Para a configuração de litispendência entre ações civis públicas, dispensa-se a identidade de
partes, pois a legitimidade ativa para o ajuizamento de uma mesma ACP é múltipla (vários
sujeitos elencados no art. 5º). Logo, para a configuração de litispendência, basta a igualdade
dos outros dois elementos identificadores da ação: pedido e causa de pedir, que, no caso re-
tratado, são iguais.

Questão 4 (2019/CESPE/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO) O Ministério Público ajuizou ação civil


pública contra determinada empresa e seus sócios, visando tutelar direitos de consumidores
lesados por contratos celebrados para a prática de esquema de pirâmide financeira. A sen-
tença condenatória na ação coletiva foi publicada em 5/1/2003 e, após recurso, transitou em
julgado em 2/6/2005. Em 6/7/2012, um consumidor beneficiário da referida demanda apre-
sentou execução individual da sentença coletiva.
Nessa situação hipotética, de acordo com o entendimento do STJ, é  correto afirmar que,
à época da propositura da execução individual pelo beneficiário, a sua pretensão
a) estava prescrita desde o transcurso de cinco anos após o trânsito em julgado da sentença
coletiva.
b) não estava prescrita, e só será assim considerada após o transcurso de dez anos do trân-
sito em julgado da sentença coletiva.
c) estava prescrita desde o transcurso de cinco anos após a publicação da sentença coletiva.

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d) não estava prescrita, e só será assim considerada após o transcurso de dez anos após a
publicação da sentença coletiva.
e) estava prescrita desde o transcuro de três anos após o trânsito em julgado da sentença
coletiva.

Letra a.
A questão envolveu o entendimento perfilhado pelo STJ: aplica-se o prazo de cinco anos para
a prescrição da execução individual de sentença proferida em ACP, por aplicação analógica do
art. 21 da Lei da Ação Popular, que dispõe: “A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco)
anos”. Afinal, a ação popular também pertence ao grupo dos instrumentos de tutela coletiva,
razão que autoriza a analogia entre as duas ações para fins prescricionais. Portanto, é de cin-
co anos, a contar da data do trânsito em julgado da sentença proferida na ACP, o prazo pres-
cricional para a execução individual pelos sujeitos beneficiados. Precedente: REsp 1273643/
PR.

Questão 5 (2019/VUNESP/TJ-AC/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) Assinale a alternativa


correta, em relação à ação civil pública, que representa um dos instrumentos processuais da
tutela ambiental.
a) Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajusta-
mento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título
executivo judicial.
b) Tem legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar a associação que esteja
constituída há pelo menos 2 (dois) anos nos termos da lei civil.
c) A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente
intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
d) Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Mi-
nistério Público tem atribuição exclusiva para assumir a titularidade ativa.

Letra c.
a) Errada. A eficácia do TAC é de título executivo extrajudicial (art. 5º, § 6º, Lei da ACP).

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b) Errada. O requisito de pré-constituição da associação é de um ano (art. 5º, V, “a”, Lei da ACP).


c) Certa. É a propositura da ação que prevenirá a competência do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto (art. 2º,
parágrafo único da Lei da ACP).
d) Errada. Tanto o MP quanto qualquer outro legitimado poderá assumir a legitimidade ativa
da ACP (sucessão processual). É a regra do art. 5º, § 3º: “Em caso de desistência infundada
ou abandono da ação por associação legitimada, o  Ministério Público ou outro legitimado
assumirá a titularidade ativa”.

Questão 6 (2018/VUNESP/CÂMARA DE ORLÂNDIA-SP/PROCURADOR JURÍDICO) Em pas-


sado próximo aconteceu uma das maiores catástrofes ecológicas dos últimos tempos, com o
rompimento das barragens de dejetos de mineração da Samarco, empresa controlada pelas
multinacionais Vale (brasileira) e BHP Billiton (anglo-australiana). O desastre teve lugar nas
proximidades da cidade de Mariana (MG), acabou se alastrando por diversas outras paragens,
trazendo consigo (i) sérios danos ao meio ambiente; (ii) problemas associados à atividade de
exploração minerária no território; (iii) essa gigantesca onda de poluentes destruiu centenas
de casas, deixando as famílias desabrigadas.
(Revista CONJUR, 08.12.2015)

Eventual Ação Civil Pública poderá tutelar os seguintes direitos, respectivamente:


a) (i) difusos; (ii) coletivos; (iii) individual homogêneo.
b) (i) difusos; (ii) difusos; (iii) difusos.
c) (i) individual homogêneo; (ii) coletivos; (iii) individual homogêneo.
d) (i) coletivos; (ii) coletivos; (iii) coletivos.
e) (i) coletivos; (ii) difusos; (iii) difusos.

Letra a.
Danos ao meio ambiente não permitem a oportunidade de identificação de cada sujeito lesa-
do; logo, relacionam-se a direitos difusos. Já o dano perpetrado sobre um grupo, categoria ou
classe refere-se diretamente a direito coletivo em sentido estrito, pois é possível que os sujei-
tos atingidos sejam identificados, embora nem sempre isso aconteça. Por sua vez, a destrui-
ção de casas relaciona-se a direito individual homogêneo, pois será identificável cada pessoa
que perdeu sua casa.

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Questão 7 (2018/VUNESP/PREFEITURA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP/ASSISTENTE


JURÍDICO) Sobre a desistência das ações civis públicas, nos termos da legislação, é  certo
afirmar:
a) inaceitável é a desistência, pois o objeto dessas demandas é sempre indisponível.
b) se proposta tal ação por uma associação, havendo o abandono da causa, caberá ao Minis-
tério Público com exclusividade assumir o polo ativo.
c) se o autor da demanda desistir, deverá esclarecer as razões da desistência, sob pena de
não ser homologada.
d) é omissa a legislação sobre tal tema, havendo apenas previsão de substituição do polo em
caso de renúncia do direito coletivo pleiteado.
e) caso ocorra desistência infundada ou abandono da causa, por associação legitimada, tanto
o Ministério Público ou qualquer outro legitimado poderão assumir o polo ativo da demanda.

Letra e.
A questão explorou diretamente a regra do art. 5º, § 3º, da Lei n. 7.347/1985, “Em caso de
desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público
ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa”.

Questão 8 (2018/FCC/PREFEITURA DE CARUARU-PE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO) A le-


gitimidade na Ação Civil Pública pode ser concorrente ou disjuntiva, de modo que podem os
legitimados propor a ação em conjunto ou separadamente. Em relação a essa afirmação,
é correto afirmar:
a) O Ministério Público e a Defensoria Pública atuarão, quando não intentarem a ação, como
custos legis e custos vulnerabilis, respectivamente, qualquer que seja o objeto da ação civil
pública.
b) Os legitimados para propor a ação civil pública podem realizar termo de ajustamento de
conduta, com eficácia de título executivo extrajudicial.
c) Ao Poder Público e a outras associações legitimadas é facultada a prerrogativa de habili-
tar-se como litisconsortes de qualquer das partes.

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d) Os municípios não possuem legitimidade para propor ação civil pública.


e) A legitimidade para propositura de medidas de urgência ou cautelares é restrita aos legiti-
mados universais, como o Ministério Público e a Defensoria Pública.

Letra c.
a) Errada. Não há previsão de atuação da Defensoria em todas as ações civis públicos como
“tutor dos vulneráveis”. Há apenas previsão legal de atuação do MP como custos legis (fiscal
da lei) quando não for o próprio autor da ação (art. 5º, § 1º da Lei da ACP).
b) Errada. Somente os órgãos públicos legitimados para a ACP poderão celebrar TAC. Isso
exclui as associações. Portanto, nem todos os legitimados poderão celebrar TAC.
c) Certa. Conforme o art. 5º, § 2º da Lei da ACP, “Fica facultado ao Poder Público e a outras
associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qual-
quer das partes”.
d) Errada. Os Municípios possuem, sim, tal legitimidade (art. 5º, inciso III da Lei da ACP).
e) Errada. As medidas de urgência (tutela provisória) podem ser requeridas por todos os le-
gitimados do art. 5º. Ademais, a Defensoria Pública não tem legitimidade universal, mas so-
mente legitimidade especial, pois deve demonstrar pertinência temática (repercussão sobre
direitos dos necessitados) para ajuizar ACP.

Questão 9 (2018/BANCA DO ÓRGÃO/TRF-2ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Nos


termos do entendimento fixado pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de
Justiça, sobre o alcance territorial da sentença coletiva transitada em julgado, diante da limi-
tação determinada pelo art. 16 da Lei n. 7.347/1985:
a) a sentença pode ser executada nacionalmente independentemente do que foi fixado no
título.
b) a sentença fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão
prolator, ainda que o título tenha estabelecido de modo mais amplo.
c) o Supremo Tribunal Federal entendeu que o tema possuía repercussão geral, estabelecen-
do que a coisa julgada deve prevalecer, em razão da proteção constitucional.

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d) o Supremo Tribunal Federal entendeu que o tema possuía repercussão geral, estabelecen-
do que limitação determinada pela lei não ofende a coisa julgada.
e) a sentença pode ser executada fora dos limites da competência territorial do órgão prolator,
por força da coisa julgada, ainda que em contrariedade à limitação legal, se fixado no título.

Letra e.
Conforme o entendimento prevalecente no STJ, “Os efeitos e a eficácia da sentença prolatada
em ação civil coletiva não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objeti-
vos e subjetivos do que foi decidido” (Precedente: REsp 1.243.887⁄PR). Esta questão não foi
analisada pelo STF. Portanto, não foi reconhecida repercussão geral sobre o tema, por ser de
índole infraconstitucional.

Questão 10 (2008/VUNESP/ITESP/VUNESP/ADVOGADO) Sobre o compromisso de ajusta-


mento de conduta às exigências legais, firmado entre os órgãos públicos legitimados para
propositura da ação civil pública e interessados, é correto afirmar que
a) tem eficácia de título executivo judicial.
b) pode prever cominações em caso de não cumprimento.
c) o termo de ajustamento não pode ser convencionado antes do ajuizamento da ação.
d) ajustamento significa transigência no cumprimento das obrigações legais.
e) os interessados podem tomar dos infratores compromisso de ajustamento.

Letra b.
a) Errada. A eficácia do TAC é de título executivo extrajudicial, eis que formado fora do âmbito
processual.
b) Certa. É a utilidade do TAC: eventual descumprimento acarreta punições, sendo as eventu-
ais cominações executáveis judicialmente.
c) Errada. Na verdade, o TAC é ainda mais oportuno antes da ação judicial, mas nada impede
sua formulação durante o curso de uma ação.

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d) Errada. Ajustamento significa o “combinado”, ou seja, o “trato” realizado entre o órgão


público (na maioria das vezes o MP ou a Defensoria Pública) e a pessoa que cometeu ato
irregular.
e) Errada. Não são os interessados na matéria que podem tomar o compromisso: são órgãos
públicos específicos.

Questão 11 (2010/BANCA DO ÓRGÃO/TRT-21ª REGIÃO/RN/JUIZ DO TRABALHO) De acordo


com as normas legais aplicáveis à ação civil pública, é incorreto afirmar:
a) a ação pode ter por objeto o cumprimento de obrigação de realizar determinada obra, de
cessar conduta específica, de se abster da prática de certos atos e, também, a condenação
em dinheiro;
b) a ação pode ser proposta, em litisconsórcio facultativo, pelos Ministérios Públicos do Tra-
balho e Estadual;
c) a sentença proferida na ação fará coisa julgada “erga omnes”, salvo se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas;
d) a ação induz litispendência apenas em relação às ações trabalhistas plúrimas, de maneira
a ensejar a reunião dos processos e a instrução e decisão em conjunto;
e) mesmo após a propositura da ação pelo Ministério Público do Trabalho, admite-se a habi-
litação de sindicato como litisconsorte ativo.

Letra d.
a) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. São os objetos possíveis da ACP.
b) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. Embora isso seja difícil de ocorrer,
é possível: art. 5º, § 5º, Lei n. 7.347/1985.
c) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. Este item exagera ao dizer que a ACP
produzirá coisa julgada erga omnes, pois há hipótese em que a coisa julgada será ultra partes
(direito coletivo em sentido estrito). Esse pecado não é do examinador: é do texto da lei, que é
anterior ao CDC. O item corresponde à regra literal do art. 16 da Lei n. 7.347/1985.

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d) Certa, pois a questão pede pela alternativa incorreta. As reclamações plúrimas são nada
mais que ações individuais com litisconsórcio ativo. Logo, aplica-se a regra do art. 104 do
CDC: “As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não in-
duzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes
ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores
das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da
ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva”.
e) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. É a regra do art. 5º, § 2º, da Lei n.
7.347/1985.

Questão 12 (2011/BANCA DO ÓRGÃO/TRT-23ª REGIÃO/MT/JUIZ DO TRABALHO SUBSTI-


TUTO) Quanto ao regramento legal da ação civil pública, assinale a alternativa FALSA:
a) Tem legitimidade para propor a ação civil pública, dentre outros, a Defensoria Pública, au-
tarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista.
b) O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente
como fiscal da lei.
c) Todos os legitimados à propositura da ação poderão tomar dos interessados compromisso
de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia
de título executivo extrajudicial.
d) Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a as-
sociação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual
iniciativa aos demais legitimados.
e) Na ação coletiva em que se deduza pretensão referente a direitos ou interesses individuais
homogêneos haverá a formação de coisa julgada erga omnes, apenas no caso de proce-
dência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, sendo que, em caso
de improcedência do pedido, os interessados que não tiverem intervindo no processo como
litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual.

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Letra c.
a) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. Tais entidades são previstas no rol
do art. 5º da Lei n. 7.347/1985.
b) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. Tal regra está no art. 5º, § 1º, da
mesma lei.
c) Certa, pois a questão pede pela alternativa incorreta. Somente as entidades legitimadas
do art. 5º QUE SEJAM DO PODER PÚBLICO (personalidade jurídica de direito público) podem
firmar o TAC (art. 5º, § 6º, da mesma lei). Portanto, as empresas públicas, sociedades de eco-
nomia mista, sindicatos e associações NÃO PODEM firmar TAC com a parte contrária.
d) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. É a regra do art. 15 da mesma lei.
e) Errada, pois a questão pede pela alternativa incorreta. É a regra do art. 103, III, e § 2º, do CDC.

Questão 13 (2011/BANCA DO ÓRGÃO/TRT-2ª REGIÃO/SP/JUIZ DO TRABALHO) Tem legi-


timidade para propor a Ação Civil Pública, segundo previsão expressa na Lei 7.347, de 1985:
a) Apenas o Ministério Público.
b) Apenas o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal,
os Municípios, as autarquias, as empresas públicas, as fundações, as sociedades de econo-
mia mista e a associação que esteja constituída há pelo menos um ano nos termos da lei civil
e que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consu-
midor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico.
c) Apenas o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal,
os  Municípios, as  autarquias, as  fundações e a associação que esteja constituída há pelo
menos um ano nos termos da lei civil e que inclua, entre suas finalidades institucionais, a pro-
teção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patri-
mônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
d) Apenas o Ministério Público, a  Defensoria Pública, as  autarquias, as  fundações e a as-
sociação que esteja constituída há pelo menos um ano nos termos da lei civil e que inclua,
entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem
econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e pai-
sagístico.

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e) Apenas o Ministério Público, a Defensoria Pública e a associação que esteja constituída há


pelo menos um ano nos termos da lei civil e que inclua, entre suas finalidades institucionais,
a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao
patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Letra b.
São estes os legitimados do art. 5º da referida lei, em termos literais:

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


I – o Ministério Público;
II – a Defensoria Pública;
III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Questão 14 (2017/MPT/BANCA DO ÓRGÃO/PROCURADOR DO TRABALHO/ADAPTADA) So-


bre a ação civil pública, analise as alternativas abaixo:
I – A lei de regência da ação civil pública somente prevê a possibilidade de pedidos envolven-
do o cumprimento da chamada tutela específica.
II – O Código de Defesa do Consumidor conceitua expressamente os direitos difusos, coleti-
vos em sentido estrito, individuais homogêneos e individuais heterogêneos, todos considera-
dos espécies do gênero direitos coletivos em sentido lato.
III – Há expressa previsão na lei de regência da ação civil pública que, em caso de desistên-
cia infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro
legitimado assumirá a titularidade ativa.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Todas as assertivas estão incorretas.
b) Apenas a assertiva III está correta.
c) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
d) Apenas as assertivas II e III estão corretas.

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Letra b.
I – Errado. Conforme citado em aula, o juiz pode arbitrar multa ou outro meio coercitivo para
coagir o réu a cumprir a obrigação de fazer ou não fazer (art. 11 da Lei n. 7.347/1985). Nesse
caso, a conversão da obrigação em multa constitui verdadeira transmutação da obrigação em
busca pelo “resultado prático equivalente”, que é o bem jurídico subsidiário da tutela especí-
fica (que é a obrigação de fazer ou não fazer em si considerada).
II – Errado. O CDC não conceitua “direitos individuais heterogêneos”.
III – Certo. É a regra do art. 5º, 3º, da Lei n. 7.347/1985.

Questão 15 (2011/BANCA DO ÓRGÃO/TRT-23ª REGIÃO/MT/JUIZ DO TRABALHO/ADAPTA-


DA) A respeito da ação civil pública, assinale a alternativa que contém uma afirmação verda-
deira:
a) Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, ape-
nas o Ministério Público poderá assumir a titularidade ativa.
b) O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, somente atuará no processo
como fiscal da lei se o magistrado entender pela existência de interesse público que assim
determine.
c) Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos dos Estados na de-
fesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei, não se admitindo, porém, a atuação em
litisconsórcio entre os ramos do Ministério Público da União, que tem atribuição limitada à
Justiça em que atuam.
d) Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a as-
sociação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual
iniciativa aos demais legitimados.
e) As ações coletivas que versem a respeito de direitos e interesses difusos ou coletivos não
induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes
ou ultra partes das ações referentes a direitos e interesses coletivos ou individuais homogê-
neos não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida sua suspensão
no prazo de sessenta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.

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Letra d.
a) Errada. Conforme o art. 5º, § 3º, da Lei n. 7.347/1985, “Em caso de desistência infundada
ou abandono da ação por associação legitimada, o  Ministério Público ou outro legitimado
assumirá a titularidade ativa”.
b) Errada. Não existe tal condição para que o MP atue como fiscal da lei quando não for parte
(art. 5º, § 1º).
c) Errada. Tal litisconsórcio (entre órgãos do MPU) também é possível, por ausência de veda-
ção legal.
d) Certa. É a regra literal do art. 15 da Lei da ACP.
e) Errada. O prazo para requerer a suspensão é de 30 dias, na verdade. É a regra do art. 104
do CDC.

Questão 16 (2018/FCC/PREFEITURA DE CARUARU-PE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO) Con-


sidere os enunciados, no tocante à ação civil pública:
I – Será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribui-
ções previdenciárias, FGTS ou outros fundos, de natureza institucional, cujos beneficiários
possam ou não ser individualmente determinados.
II – É legitimada à sua propositura associação obrigatoriamente inscrita há pelo menos um
ano, sem exceção, que inclua em suas finalidades institucionais, entre outras, a proteção ao
patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica e aos di-
reitos de grupos raciais.
III  – A  sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial
do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova.
IV – Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela pro-
positura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo
das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

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Está correto o que se afirma APENAS em


a) III e IV.
b) I, II e IV.
c) I, II e III.
d) I e II.
e) II e IV.

Letra a.
I – Errado. Conforme o art. 1º, parágrafo único, “Não será cabível ação civil pública para vei-
cular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço – FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários
podem ser individualmente determinados”.
II – Errado. Na verdade, existe exceção em que o requisito de pré-constituição (constituição
há no mínimo um ano) poderá ser dispensado. Trata-se da hipótese do art. 5º, § 4º: “O requi-
sito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse so-
cial evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico
a ser protegido”.
III – Certo. Trata-se da regra literal do art. 16 da Lei da ACP.
IV – Certo. Trata-se da regra literal do art. 17 da Lei da ACP.

Questão 17 (2018/FCC/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO) Uma ação civil pública ajuizada pela


Defensoria Pública foi julgada improcedente e, após o esgotamento do prazo para recurso,
adveio o trânsito em julgado. Nesse caso, de acordo com a Lei da Ação Civil Pública, a coisa
julgada
a) não se limita ao território da competência do órgão prolator da decisão e não permite a re-
propositura de ação idêntica, independentemente de qual foi o fundamento da improcedência
e da existência de prova nova.
b) se limita ao território da competência do órgão prolator da decisão, mas não permite a
repropositura de demanda idêntica, independentemente de qual foi o fundamento da impro-
cedência e da existência de prova nova.

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c) se limita ao território da competência do órgão prolator da decisão e permite a reproposi-


tura de ação idêntica, independentemente de qual foi o fundamento da improcedência e da
existência de prova nova.
d) se limita ao território da competência do órgão prolator da decisão e permite a reproposi-
tura de ação idêntica, com a apresentação de prova nova, desde que o fundamento da impro-
cedência seja a insuficiência de provas.
e) não se limita ao território da competência do órgão prolator da decisão, mas permite a re-
propositura de ação idêntica, desde que o fundamento da improcedência e da existência de
prova nova.

Letra d.
A questão explorou, exatamente, a regra do art. 16 da Lei da ACP: “A sentença civil fará coisa
julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedi-
do for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado
poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova”.

Questão 18 (2018/VUNESP/MPE-SP/ANALISTA JURÍDICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO) O Mi-


nistério Público do Estado de São Paulo ingressou com determinada ação coletiva. Indivíduos
prejudicados pelo mesmo ato que ensejou o pleito na esfera coletiva entraram com ações
individuais. Somente se beneficiará da coisa julgada coletiva o indivíduo que
a) prosseguir com a ação individual, mesmo que seja julgado improcedente o seu pedido par-
ticular.
b) tenha requerido a suspensão de seu processo individual caso queira ser beneficiado em
eventual sentença coletiva procedente.
c) tiver seu processo individual transitado em julgado por ocasião do ingresso da ação cole-
tiva.
d) desistir da ação individual para ingressar no polo ativo da ação coletiva.
e) ingressar com pedido de reunião dos processos individual e coletivo.

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Letra b.

A questão explorou diretamente a regra do art. 104 do CDC: “As ações coletivas, previstas nos

incisos I (Difusos) e II (Coletivos) e do parágrafo único do art. 81, não induzem litispendência

para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que

aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais,

se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do

ajuizamento da ação coletiva”.

Questão 19 (2018/FCC/CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL/PROCURADOR LE-

GISLATIVO) Com fundamento na Lei no 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência),

pais de alunos com paralisia cerebral e cadeirantes constituíram associação, em cujos fins

institucionais encontra-se a possibilidade de defender em juízo e fora dele os interesses da-

queles e de outros vulneráveis, nas mesmas condições. Dois meses após sua criação deci-

diram em assembleia promover demanda coletiva em face do Município onde residiam para

compeli-lo, assim como as empresas prestadoras do serviço de transporte, a tornar acessível

a respectiva frota. Os réus foram citados e deverão apresentar resposta. Nesse caso,

a) há ilegitimidade de parte, pois a associação foi constituída há menos de um ano, requisito

temporal insuperável.

b) falta-lhe pertinência temática, porquanto a associação foi criada pelos pais de alunos com
paralisia cerebral e cadeirantes, de modo que o interesse é claramente egoístico.
c) a associação é parte ilegítima para figurar no polo ativo da demanda, pois seu objeto deve
ser perseguido pelos demais legitimados.
d) será possível ao magistrado dispensar o requisito da constituição temporal da associação
e examinar se se faz presente a pertinência temática, para fins de reconhecimento da legiti-
midade da associação.
e) se houver ações individuais propostas por alguns dos associados, com o mesmo objeto,
deve-se aguardar a solução das mesmas.

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Ação Civil Pública
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Letra d.
O requisito de constituição há pelo menos um ano poderá ser dispensado pelo juiz, quando
haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela
relevância do bem jurídico a ser protegido (art. 5º, § 4º). A associação, todavia, deve demons-
trar a pertinência temática entre os danos acusados e a sua finalidade institucional, o que, no
caso concreto, foi comprovado.

Questão 20 (2018/FCC/CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL/PROCURADOR LE-


GISLATIVO) As ações coletivas para a recomposição do dano sofrido devem ser ajuizadas
no foro
a) do local do dano e é improrrogável
b) do domicílio do autor e é improrrogável.
c) da sede de qualquer um dos legitimados ativos e é improrrogável.
d) do domicílio do réu e é prorrogável.
e) de escolha do autor e é prorrogável.

Letra a.
A competência do foro do local do dano (art. 2º, caput, Lei da ACP) é absoluta porque é fun-
cional, e, portanto, improrrogável (significa que o juízo incompetente não se torna competente
pelo mero silêncio das partes quanto à tramitação da ação em juízo incompetente).

Questão 21 (QUESTÃO INÉDITA) A respeito da Ação Civil Pública, considerando-se as dispo-


sições da Lei n. 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública), da Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa
do Consumidor) e a jurisprudência consolidada, julgue o item subsequente:
Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela proposi-
tura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das
custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

Certo.
É a regra literal do art. 17 da Lei n. 7.347/1985.

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Questão 22 (QUESTÃO INÉDITA) A respeito da Ação Civil Pública, considerando-se as dispo-


sições da Lei n. 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública), da Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa
do Consumidor) e a jurisprudência consolidada, julgue o item subsequente:
Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, hono-
rários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo
comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.

Certo.
É a regra literal do art. 18 da Lei n. 7.347/1985.

Questão 23 (QUESTÃO INÉDITA) A respeito da Ação Civil Pública, considerando-se as dispo-


sições da Lei n. 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública), da Lei n. 8.078/1990 (Código de Defesa
do Consumidor) e a jurisprudência consolidada, julgue o item subsequente:
A sentença proferida em sede de ação civil pública proposta para tutelar direitos difusos pro-
duz efeitos ultra partes, limitadamente à categoria, classe ou grupo.

Errado.
No caso de direitos difusos, a sentença da ACP produz efeitos erga omnes (art. 103, inciso I, CDC).

Questão 24 (2019/CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Acerca do direito coletivo, julgue o


item a seguir.
Entende o STJ que, no âmbito do direito privado, é de cinco anos o prazo prescricional para
ajuizamento de execução individual em pedido de cumprimento de sentença proferida em
ação civil pública, contado esse prazo a partir do trânsito em julgado da sentença exequenda.

Certo.
É este o entendimento perfilhado pelo STJ: aplica-se o prazo de cinco anos para a prescrição
da execução individual de sentença proferida em ACP, por aplicação analógica do art. 21 da
Lei da Ação Popular, que dispõe: “A ação prevista nesta lei prescreve em 5 (cinco) anos”. Afi-
nal, a ação popular também pertence ao grupo dos instrumentos de tutela coletiva, razão que
autoriza a analogia entre as duas ações para fins prescricionais. Precedente: REsp 1273643/
PR.

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Questão 25 (2019/CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Acerca do direito coletivo, julgue o


item a seguir.
Conforme previsão legal, é competente para a propositura de ação civil pública o foro do local
do dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.

Certo.
Trata-se da exata regra do art. 2º, caput da Lei da ACP, em termos literais.

Questão 26 (2019/CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Julgue o próximo item, relativo à


prevenção, conexão, continência e litispendência no processo coletivo.
Situação hipotética: A Defensoria Pública do Distrito Federal e a Defensoria Pública da União
ajuizaram ações civis públicas em situação de continência entre si. Assertiva: Nesse caso,
em razão da autonomia dos legitimados coletivos, as referidas demandas deverão tramitar
separadamente: a primeira, na justiça do Distrito Federal, e a segunda, na justiça federal.

Errado.
Conforme a Súmula n. 489 do STJ, “Reconhecida à continência, devem ser reunidas na justiça
federal as ações civis públicas propostas nesta e na justiça estadual”.

Questão 27 (2019/CESPE/DPE-DF/DEFENSOR PÚBLICO) Julgue o próximo item, relativo à


prevenção, conexão, continência e litispendência no processo coletivo.
Nas ações civis públicas, o despacho inicial de citação prevenirá a competência do juízo para
todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mes-
mo objeto.

Errado.
Na verdade, é a propositura da ação que prevenirá a competência do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto (art. 2º,
parágrafo único da Lei da ACP).

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Questão 28 (2018/CESPE/IPHAN/TÉCNICO I) No que se refere aos princípios e normas da


administração pública, julgue o item a seguir.
As entidades da administração indireta têm legitimidade ativa para propor ação civil pública
em defesa de interesses difusos, homogêneos e coletivos.

Certo.
Os entes e entidades da administração direta e indireta são previstos no art. 5º (rol de legiti-
mados ativos), razão pela qual podem propor ACP para defender os direitos transindividuais
em geral. Lembre-se que os entes e entidades da administração direta e indireta devem de-
monstrar a pertinência temática entre seu respectivo âmbito de atuação e a natureza do dano
perpetrado e apontado.

Questão 29 (2018/CESPE/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA) A empresa Soluções Indústria de


Eletrônicos Ltda. veiculou propaganda considerada enganosa relativa a determinado produto:
as especificações eram distintas das indicadas no material publicitário. Em razão do anúncio,
cerca de duzentos mil consumidores compraram o produto. Diante desse fato, uma asso-
ciação de defesa do consumidor constituída havia dois anos ajuizou ação civil pública com
vistas a obter indenização para todos os lesados.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
A associação autora é parte legítima para propor a ação civil pública e não terá que adiantar
custas ou honorários periciais; no entanto, a associação será condenada em honorários ad-
vocatícios caso seja comprovada a sua má-fé.( ) Errado

Certo.
A questão explorou a regra do art.  17, que dispõe: “Em caso de litigância de má-fé, a  as-
sociação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente
condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da respon-
sabilidade por perdas e danos”. Como regra geral, a ACP dispensa quaisquer custas e ônus
sucumbenciais (art. 18), os quais existirão quando o autor da ACP for associação privada e
litigar de má-fé.

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Questão 30 (2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO)


Julgue o próximo item, a respeito de litisconsórcio, intervenção de terceiros e procedimentos
especiais previstos no CPC e na legislação extravagante.
Conforme o STJ, a  pessoa jurídica de direito público ré de ação civil pública possui ampla
liberdade para mudar de polo processual, ainda que haja pretensão direcionada contra ela.

Errado.
Conforme o art. 6º, § 3º, a liberdade de a pessoa jurídica de direito público atuar ao lado do
autor não é ampla: depende da existência de utilidade dessa atuação ao interesse público.
Veja o que tal dispositivo enuncia: “A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado,
cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar
ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo re-
presentante legal ou dirigente”.

Questão 31 (2017/CESPE/SE-DF/ANALISTA DE GESTÃO EDUCACIONAL/DIREITO E LEGIS-


LAÇÃO) Julgue o item subsequente, relativo à improcedência liminar do pedido e ao cumpri-
mento de sentença.
Situação hipotética: A defensoria pública ingressou em juízo com uma ação civil pública
contra empresa privada que praticava ato lesivo ao meio ambiente e à ordem urbanística de
determinado ente federativo. Assertiva: Nesse caso, a defensoria pública poderia requerer a
condenação da empresa requerida ao pagamento em dinheiro em função dos danos provo-
cados, e cumular a esse pedido a cessação dos atos lesivos, bem como o cumprimento de
recuperação dos danos causados ao meio ambiente e à ordem urbanística.

Certo.
Na ação civil pública, podem ser formuladas pretensões de dar (pagar quantia), fazer
ou não fazer. Veja o que dispõe o art. 3º da Lei da ACP: “A ação civil poderá ter por ob-
jeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”.
Ademais, confira o que dispõe o art. 11: “Na ação que tenha por objeto o cumprimento

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de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da


atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou
de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente
de requerimento do autor”.

Gustavo Deitos
Professor de Cursos Preparatórios pra Concursos Públicos. Coach especialista em Concursos Públicos.
Servidor do TRT da 12ª Região.
Convocações: Técnico Judiciário do TRT da 12ª Região e Analista Judiciário do TRF da 3ª Região. Outras
aprovações: 8° lugar – TRT da 24ª Região – Analista Judiciário, 39° lugar – TST – Analista Judiciário e
48° lugar – TRT da 24ª Região – Técnico Judiciário.

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