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FCE Fórum de Competitividade

das Exportações

FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES E
AOS INVESTIMENTOS DE EMPRESAS
BRASILEIRAS NO EXTERIOR

Brasília
2017
AM ENTO FINANC IA MENTO FINANCIAME
E ÀS EXPORTAÇÕES E ÀS EXPORTAÇ
AOS INVESTIMEN TO S AOS INVESTIM
EM P RE SAS DE EMPRESAS D E EMPRES
BRAS I LEIRAS BRASILEIRAS BRASILEIRA
EXTE RIOR NO EXTERIO R N O EXTERIO
MENTO FINANCIA MENTO FIN A NCIAMEN
E ÀS EXPORTAÇÕES E À S EXPORTAÇÕ
AOS I NVESTIMEN TO S AOS IN VESTIME
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EX T ERI OR NO EXTERIO R NO EXTERIO
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E ÀS EX PORTAÇÕES E ÀS EXPORTAÇÕE
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FCE Fórum de Competitividade

IM ENTOS
das Exportações

RES AS
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FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES E AOS
RI OR INVESTIMENTOS DE EMPRESAS
MENTO BRASILEIRAS NO EXTERIOR

AÇÕ E S
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RIOR
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CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente

Diretoria de Desenvolvimento Industrial


Carlos Eduardo Abijaodi
Diretor

Diretoria de Comunicação
Carlos Alberto Barreiros
Diretor

Diretoria de Educação e Tecnologia


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor

Diretoria de Políticas e Estratégia


José Augusto Coelho Fernandes
Diretor

Diretoria de Relações Institucionais


Mônica Messenberg Guimarães
Diretora

Diretoria de Serviços Corporativos


Fernando Augusto Trivellato
Diretor

Diretoria Jurídica
Hélio José Ferreira Rocha
Diretor

C748f

Confederação Nacional da Indústria.


Financiamento às exportações e aos investimentos de empresas bra-
sileiras no exterior / Confederação Nacional da Indústria. – Brasília : CNI,
2017.
74 p. : il.

1. Exportações 2. Investimentos 3. Empresas Brasileiras no Exterior I.


Título.

CDU: 338.4
FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES E AOS
INVESTIMENTOS DE EMPRESAS
BRASILEIRAS NO EXTERIOR
6

SUMÁRIO
7

SUMÁRIO EXECUTIVO E RECOMENDAÇÕES 9

1. TENDÊNCIAS MUNDIAIS DO FINANCIAMENTO GOVERNAMENTAL ÀS EXPORTAÇÕES 18

2. FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO 23

2.1. Financiamento pré-embarque: instrumentos e linhas de financiamento 23


2.2. Financiamento pós-embarque: instrumentos e linhas de financiamento 25
2.3. Financiamento à exportação: ambiente institucional, governança e implicações fiscais 28
2.4. Desempenho dos programas governamentais de financiamento às exportações 31
2.5. Problemas e recomendações 38

3. SEGURO DE CRÉDITO À EXPORTAÇÃO 44

3.1. Arcabouço institucional e governança 44


3.2. Cobertura do seguro de crédito à exportação 45
3.3. Recursos para seguro de crédito à exportação e seus limites 46
3.4. Desempenho do Fundo de Garantia à Exportação 47
3.5. Problemas e recomendações 48

4. FINANCIAMENTO AO INVESTIMENTO DE EMPRESAS BRASILEIRAS NO EXTERIOR 54

5. RECOMENDAÇÕES: UMA CONSOLIDAÇÃO 58

5.1. Funding da participação governamental no financiamento à exportação 58


5.2. Arcabouço institucional e governança 58
5.3. Desenho dos instrumentos e gestão operacional 59

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 61

ANEXOS 64
8 introdução e recomendações

SUMÁRIO EXECUTIVO
E RECOMENDAÇÕES
sumário executivo e recomendações 9

Este sumário destaca apenas as questões apontadas no trabalho que forma-


ram as recomendações para o aprimoramento da política governamental de
financiamento às exportações e aos investimentos brasileiros no exterior.

Essas recomendações dizem respeito:

(i) ao funding da participação governamental no financiamento à


exportação;
(ii) ao arcabouço institucional e à governança das agência governa-
mentais; e
(ii) ao desenho dos instrumentos de financiamento utilizados e à gestão
operacional das instituições.

1. O FUNDING DA PARTICIPAÇÃO GOVERNAMENTAL NO


FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO

Os recursos da União para o financiamento às exportações são canalizados


por meio do PROEX Financiamento e do PROEX Equalização. Esses pro-
gramas são financiados com recursos do Tesouro Nacional, cujo montante
é definido em dotação específica aprovada anualmente no Orçamento
Geral da União – OGU.
O efeito fiscal dos programas de financiamento às exportações é uma
questão relevante, notadamente, em um momento em que a União deve
observar, por um longo período, um regime rigoroso de disciplina fiscal.
No tocante ao PROEX Financiamento, o desembolso do financiamento
afeta diretamente o resultado primário como despesa, ao passo que os
pagamentos de juros e amortização impactam o resultado como receita.
O impacto negativo sobre o resultado primário ocorre hoje, enquanto o
impacto positivo é diluído ao longo do período de amortização.
No tocante ao PROEX Equalização, a emissão da NTN-I que cor-
responde ao fluxo futuro associado à equalização, ocorrida hoje, tem
1
  O compromisso da União com o impacto imediato no resultado primário; por outro lado, no momento
financiador da exportação se materializa dos resgates da NTN-I, a despesa é somente financeira, não afetando o
por intermédio da emissão de Notas do resultado primário1.
Tesouro Nacional, da Série I (NTN-I), no
Nesse contexto, cabe maximizar o volume de exportações que as
qual o fluxo de equalização — que deve
limitadas dotações orçamentárias permitem financiar. A equalização da
ocorrer nas ocasiões de pagamento dos
juros pelo devedor ao longo do período taxa de juros de uma operação de financiamento viabiliza um volume
de amortização do financiamento — é de exportações significativamente superior aos recursos orçamentários
descapitalizado e emitido à valor presente. dispendidos, distintamente das operações de financiamento com recursos
10

orçamentários, as quais consomem um mon-


R E CO M E N DAÇÕ E S tante de desses recursos bem próximo do valor
das exportações financiadas. De fato, a emissão
Firme comprometimento do Governo de NTN-I no valor de US$ 1 no PROEX Equa-
Federal com a regularidade do fluxo lização esteve associada no triênio 2013/2015,
de recursos do PROEX Equalização e na média, ao financiamento a exportações no
Financiamento disponibilizado ao lon- valor de US$ 19.
go do ano para a aprovação de novas Contudo, a eficácia do PROEX como um
operações. instrumento de apoio às exportações tem sido
afetada pela incerteza quanto à distribuição,
Criação de mecanismo que permita a e recentemente mesmo a interrupção, da dis-
realocação, no decorrer do exercício ponibilização dos recursos orçamentários ao
orçamentário, de eventuais sobras de longo do ano, o que torna o fluxo de aprovação
recursos de um dos programas do PRO- das operações de financiamento irregular e
EX para o outro. imprevisível, e inclusive sujeito a interrup-
ções, afetando a capacidade do exportador
Retomada pelo BNDES da captação no brasileiro de responder a oportunidades de
exterior para ampliar sua capacidade de negócios no exterior.
financiamento às exportações. No tocante ao funding dos financiamentos
do BNDES, o banco, em geral, e o BNDES Exim,
em particular, puderam dispor, na primeira
metade dessa década, de um fluxo muito sig-
nificativo de recursos disponibilizados como
empréstimo pelo Tesouro Nacional, bem como
oferecer aos tomadores de seus financiamentos
condições extremamente favoráveis viabilizadas
pelo PSI. Essa fase está encerrada.
2
  O Banco do Brasil é muito ativo e tem
participação expressiva no financiamento
do comércio exterior do país, mas sua
atuação nessa área é típica de um banco 2. ARCABOUÇO INSTITUCIONAL E
comercial. O papel subsidiário que o ESTRUTURA DE GOVERNANÇA
Banco do Brasil desempenha na política de
apoio financeiro à exportação do Governo
O Brasil conta, de fato, com duas agências go-
Federal não o caracteriza como uma ACE.
vernamentais de crédito ás exportações (ACE):
De fato, na qualidade de banco público,
operacionaliza a execução de um programa o BNDES e a ABGF2.
orçamentário que concede subsídio à A atribuição do financiamento às exporta-
exportação (PROEX Equalização) e de ções e do seguro de crédito às exportações a duas
uma linha de financiamento voltada para instituições distintas, embora não seja o modelo
países de menor desenvolvimento (PROEX dominante no cenário internacional, é bastante
Financiamento - modalidade concessional),
disseminada. Esse modelo de duas ACEs é adota-
bem como é o agente financeiro de um
do, por exemplo, pela Alemanha, França, Suécia,
programa de financiamento às exportações
de pequenas e médias empresas (PROEX Noruega, Rússia, República Tcheca e Hungria —
Financiamento), mantido com dotações na Europa — e pelo Japão, China, Coréia, Índia,
anuais do Orçamento da União. Indonésia e Cazaquistão — na Ásia.
sumário executivo e recomendações 11

Não há motivo para rever a separação do


financiamento às exportações e do seguro de
crédito às exportações em duas instituições
distintas. Pelo contrário, há argumentos que
favorecem essa separação.

R E CO M E N DA ÇÕ E S
FINANCIAMENTO À
EXPORTAÇÃO Transferência das atividades de financia-
mento às exportações a uma subsidiária do
O BNDES responde pela maior parcela do fi- BNDES dotada de autonomia técnica e de
processo de decisão próprio, mas integra-
nanciamento governamental de médio e longo
da do ponto de vista administrativo e ope-
prazo à exportação no país, caracterizando-se racional à estrutura do banco. No futuro,
assim como uma ACE de fato. Essa configu- em um contexto político e econômico mais
ração institucional tem sido objeto de críticas, favorável, cabe considerar a alternativa de
que enfatizam sua singularidade e propõem a transformar essa subsidiária em uma em-
constituição de uma ACE especializada, que, presa independente.
em geral, é denominada nessas propostas de
Atribuição à subsidiária do BNDES respon-
Exim Bank. O Brasil não é o único caso em que
sável pelo financiamento à exportação,
uma ACE está associada a um banco de desen- aqui proposta, de autonomia para cons-
volvimento — essa associação ocorre também truir processo de aprovação, documenta-
na Alemanha, Rússia e França. ção e avaliação próprio, diferenciado das
A constituição de uma nova entidade que normas gerais do banco, que considere as
venha assumir a função de ACE exercida pelo especificidades desse financiamento.
BNDES não parece oportuna neste momento
Reformulação da governança do PROEX,
e, tampouco, necessária uma vez que o BN-
conferindo maior autonomia ao Banco
DES acumulou ao longo dos anos expertise do Brasil no processo de aprovação das
na área. operações de financiamento e de equa-
Contudo, cabe reconhecer que o finan- lização, de modo a torná-lo mais eficaz e
ciamento à exportação é uma atividade di- eficiente, para tanto: Formatando o PROEX
ferenciada em relação às demais atividades Financiamento como um produto financei-
do banco, que deve ter reservada um espaço ro que contenha critérios objetivos para
seu acesso, a serem observados pelo Ban-
institucional próprio que preserve essa es-
co do Brasil; definindo também critérios
pecificidade e confira mais agilidade e maior mais objetivos de habilitação e utilização
autonomia ao seu processo de decisão. O mo- do PROEX Equalização que automatizem,
delo observado na Alemanha, no qual a ACE tanto quanto possível, o processo de deci-
(KfW IPEX-Bank) é uma subsidiária do banco são do Banco do Brasil; e reservando-se ao
de desenvolvimento (KfW Bankengruppe) COFIG, como órgão integrante da CAMEX, a
merece ser considerado. competência para estabelecer as diretrizes
e os critérios de habilitação e comprovação
Também a eficiência e abrangência do
a serem observados na gestão do PROEX;
PROEX tem se ressentido da demora no pro- para decidir sobre eventuais operações
cesso de aprovação das operações, que decor- que não se enquadram nos critérios esta-
re inclusive de características da governança belecidos; e para supervisionar a atuação
desse programa. do agente financeiro.
12 sumário executivo e recomendações

tração de suas operações em um mesmo


conjunto de empresas, que absorve a qua-
SEGURO DE CRÉDITO À se totalidade dos recursos dispendidos.
EXPORTAÇÃO No período 2009/2015, a parcela corres-
pondente aos dois principais tomadores
A estrutura institucional e de gover- — os mesmos em todos os anos, alter-
nança do seguro de crédito à exporta- nando suas posições relativas — variou
ção (SCE) é complexa, fragmentando entre 78% e 90%. A parcela relativa aos
o fluxo operacional e o processo de quatro maiores tomadores supera 90%
decisão e envolvendo a administração em todos os anos — as 14 posições de
direta do Governo Federal. 3º e 4º lugar nos sete anos considerados
O processo de decisão do SCE e do FGE são ocupadas por quatro empreiteiras
é exercido hoje pela SAIN do Ministério da (11 posições) e por três produtores de bens
Fazenda, de forma compartilhada com o de capital (3 posições).
COFIG no caso de operações de maior Por outro lado — embora o sistema
valor, e apoiada do ponto de vista técnico bancário tenha intermediado cerca de 70%
e operacional pela ABGF. Esse modelo de dos financiamentos do BNDES EXIM
gestão têm como consequências prazos Pós-embarque ao longo dos últimos dez
longos de decisão, falta de flexibilidade na anos, à exceção dos dois últimos anos,
definição de novos produtos e na estru- quando caiu para 50% e 44% — os bancos
turação das operações, afetando a com- comerciais têm demostrados inapetência
petitividade das empresas exportadoras. para assumir o risco de operações pós-
Contudo, para que a ABGF ve- -embarque, das quais participam apenas
nha a exercer com eficiência a ges- como bancos mandatários.
tão plena do SCE, essa transferên- O custo elevado das garantias exigidas
3
  A ABGF tem, além das cia de responsabilidades relativas pelo BNDES e o processo, burocrático e
relacionadas à concessão à gestão do FGE para a agência deve ser demorado, de tramitação do financiamen-
de garantia contra os riscos
acompanhada da revisão da sua extensa to no banco e de obtenção de garantia do
do crédito às exportação,
outras atribuições: a
lista de atribuições, que não têm relação FGE, o que dilata os prazos de aprova-
concessão de garantias nem apresentam sinergias com o SCE, ção das operações, afetando a capacidade
contra riscos de crédito em são intensivas em recurso humanos e competitiva do exportador e, em alguns
operações no âmbito de
institucionais e ameaçam fazer o SCE mercados, inviabilizando mesmo a reali-
programas ou instituições
soçobrar dentro da instituição3. zação da exportação.
oficiais, que compreendem
o crédito habitacional, Da mesma forma, a exigência de índi-
o crédito à aquisição de ce de nacionalização mínimo, em valor e
máquinas e implementos 3. DESENHO DOS em peso, também tem sido apontado co-
agrícola; o crédito a
microempreendedores
INSTRUMENTOS E GESTÃO mo um fator que afeta a competitividade
individuais, autônomos, OPERACIONAL do exportador e que, alguns casos, pode
micro, pequenas e médias mesmo inviabilizar a exportação.
empresas; e o crédito FINANCIAMENTO À No caso do PROEX Equalização,
educativo, e ainda a gestão
EXPORTAÇÃO sua eficiência e abrangência tem sido
de fundo garantidor
para cobertura de riscos
afetada ainda pelo tratamento dife-
relacionados a projetos Os financiamentos do BNDES EXIM Pós renciado conferido às exportações in-
de infraestrutura. - Embarque apresentam extrema concen- tracompany. Por outro lado, a com-
13

petitividade das empresa exportadoras RECOMENDAÇÕES


foi afetada pela redução do percentual de
equalização adotado por esse programa Estruturação da ACE responsável pela ges-
tão do SCE como uma entidade autônoma
em 2015.
do ponto de vista operacional, sendo ne-
cessário, portanto, que: O COFIG, como
órgão integrante da CAMEX, estabeleça as
SEGURO DE CRÉDITO À diretrizes relativas à gestão do FGE e super-
EXPORTAÇÃO visione a atuação da ABGF; a ABGF assuma
plenamente a gestão do SCE, absorvendo
Uma limitação do SCE é o reduzido portfolio as funções atualmente desempenhadas
pela SAIN; a atribuição exercida hoje pe-
de produtos da ABGF, menor do que o de
lo COFIG de aprovar operações de valor
outras ACEs. Essa característica resulta, em mais elevado seja assumida pelo Conselho
boa medida, da falta de autonomia da agência de Administração da ABGF, composto por
na estruturação das operações, bem como na representantes da União, mas constituí-
ausência de autorização legal para a partici- do como parte integrante da estrutura de
pação do FGE em operações de co-garantia, governança da empresa — essa é, aliás, a
que têm se disseminado no mercado mundial. estrutura de governança dos bancos pú-
blicos.
Essa autorização foi recentemente estabelecida
pela Lei 13.292/16. A gestão do SCE deve estar a cargo de uma
Por outro lado, as operações da ABGF agência que tenha como foco as demandas
apresentam excessiva concentração do ponto de garantias derivadas da articulação do
de vista das instituições financeiras seguradas setor produtivo brasileiro com a economia
(o BNDES responde por 95% do valor segura- mundial, cabendo, portanto, promover: Ci-
do) — a concentração setorial e a referente às são da ABGF para constituir uma empresa
focada no SCE (eventualmente trazendo jun-
empresas exportadoras contempladas também
to na cisão a gestão do Fundo Garantidor de
é muito elevada, mas nesse caso é, sobretudo, Infraestrutura – FGIE); incorporar, às atribui-
um reflexo da concentração das operações ções dessa agência, a concessão de garantia
de financiamento pós-embarque contratadas. de riscos associados ao investimento direto
Ressalte-se, em particular, que uma das no exterior de empresas brasileiras.
razões para a baixa participação de bancos co-
merciais é a utilização pela ABGF da apólice de Atuação do BNDES, em conjunto com a ABGF
e com os gestores do PROEX Equalização,
seguro com cláusulas de condicionalidade, ao
para: Desenvolver uma política proativa de
invés da garantia incondicional crescentemente captura de clientes, ampliando o número de
adotada pelo mercado segurador privado e pelas produtos oferecidos e conferindo especial
principais ACEs dos países desenvolvidos. atenção às operações estruturadas e de co-
-financiamento, tendo em vista viabilizar a
participação dos exportadores brasileiros em
4. FINANCIAMENTO AOS operações de multi-sourcing e de aquisições
de bens de capital de diversos países; E iden-
INVESTIMENTOS DE EMPRESAS
tificar mecanismos para atrair e incorporar os
BRASILEIRAS NO EXTERIOR bancos comerciais ao financiamento de mé-
dio e longo prazo às exportações, passando
O BNDES dispõe, desde meados da déca- da condição de mandatárias a de garantido-
da passada, de programa de Financiamento ras nas operações do BNDES Exim pós em-
de Investimento de Empresas Nacionais no barque, e recorrendo ao PROEX Equalização.
14 sumário executivo e recomendações

RECOMENDAÇÕES

Revisão dos procedimentos adotados na trami- de diretrizes e instrumentos para a concessão de


tação dos pedidos de financiamento do BNDES garantia ao investimento direto de empresas bra-
Exim pós-embarque e de concessão de garantia sileiras no exterior.
do FGE, tendo em vista reduzir o tempo dispendi-
do na sua aprovação, contemplando-se em parti- Para a ABGF: Implementação de política voltada
cular: Padronização dos modelos de documentos para a expansão de suas operações com os bancos
para desembolso de créditos (autorizações de de- comerciais, visando a redução da excessiva concen-
sembolso, quadros de avanço físico, relatórios de tração do valor segurado pela agência do ponto
auditoria, faturas); Admissão de documentos sob de vista das instituições financeiras seguradas; e,
a forma exclusivamente eletrônica; E maior dele- como parte dessa política; Substituição, nas ope-
gação de responsabilidades quanto à conferência rações do FGE, da apólice de seguro com cláusulas
de documentação para a liberação de desembolsos de condicionalidade, uma das razões para a baixa
aos bancos mandatários, focando-se a equipe do participação de bancos comerciais, pela apólice de
BNDES na fiscalização do trabalho executado e dos garantia incondicional.
efeitos do financiamento sobre as exportações.
Aprovação de mudança da legislação vigente para
Revisão da exigência de índice de nacionalização introduzir autorização legal para que o FGE possa
em peso e dos impactos da variação cambial sobre conceder garantia de riscos associados ao investi-
o índice em valor; e aceitação, no caso de produtos mento direto no exterior de empresas brasileiras,
destinados à indústria de óleo e gás, dos indicado- até hoje não contemplada no Brasil; Desenvolvi-
res de conteúdo local aferidos pela metodologia mento e implementação, pela ABGF, de instrumen-
da ANP. tos para a concessão pelo FGE de garantia contra o
risco político do investimento direto de empresas
Revisão do tratamento e critérios diferenciados ho- brasileiras no exterior; Desenvolvimento e imple-
je adotados para o enquadramento e aprovação de mentação, pela ABGF e pelo BNDES, de mecanismos
operações de exportação intracompany no âmbito para concessão de garantias às empresas brasileiras
do PROEX Equalização. que investem no exterior em suas operações de
financiamento no mercado financeiro internacional
Revisão das alterações introduzidas em 2015 ou no sistema financeiro local do país de destino
nos percentuais de equalização observados no do investimento, de modo a viabilizar o acesso das
PROEX Equalização. empresas de menor porte a essas fontes dinancia-
mento e a reduzir o seu custo de captação.
Para a ABGF: Ampliação de seu portfolio de pro-
dutos e maior atenção ao desenvolvimento de
operações estruturadas; Implementação de uma
política de parcerias com agencias de créditos à
exportação de outros países e com seguradoras pri-
vadas, no âmbito do desenvolvimento de operações
de co-financiamento e co-seguro às exportações;
Definição e, quando autorizada, implementação
sumário executivo e recomendações 15

Exterior — FINEM Internaciona- maior porte não têm tido maiores


lização — que financia a aquisição, dificuldades em obter financiamen-
implantação, ampliação ou mo- to no mercado internacional para
dernização de unidades produtivas viabilizar a realização de seus in-
no exterior, bem como a parti- vestimentos fora do Brasil.
cipação societária em empresas As empresas de menor porte,
estrangeiras. O programa reali- no entanto, encontram dificuldades
zou um número muito reduzido para acessar fontes internacionais
de operações em seus 15 anos de de financiamento e incorrem em
existência, em virtude do custo custos de captação mais elevados,
elevado do financiamento. que podem mesmo inviabilizar a
Assim, a participação do BN- realização do investimento.
DES no financiamento de empresas A redução do custo de finan-
brasileiras no exterior tem ocorri- ciamento do FINEM Internacio-
do apenas: nalização requereria a concessão
pela União de algum subsídio ao
(i) de forma não explícita, programa (por exemplo, por meio
quando concede à empresa um do mecanismo de equalização da
pacote de financiamento para taxa de juros) ou pela alocação ao
suas atividades no Brasil que programa de parcela dos recursos
compreende, de alguma forma, do FAT captados pelo BNDES —
recursos que serão utilizados duas alternativas que não parecem
no funding de investimento no viáveis a curto e médio prazo.
exterior; ou As dificuldades de financiamen-
to das empresas de menor porte no
(ii) nos casos em que o banco mercado internacional e seu cus-
participa do capital social da to elevado podem, no entanto, ser
empresa brasileira — o BN- mitigadas se o risco da operação
DES dispendeu, entre 2007 e de financiamento for assumido
2010, R$ 11,7 bilhões com o pela União, diretamente mediante
objetivo de apoiar o processo garantia do FGE ou mesmo indi-
de internacionalização de seis retamente com o aval do BNDES
empresas, sendo 93,5% do total à operação.
destinados a três empresas. Por outro lado, embora se-
ja muito reduzido o número de
Nesse contexto, a participação ACEs que oferecem financiamento
do BNDES no financiamento do à empresa do seu país que investe
investimento no exterior, de modo no exterior, a quase totalidade das
geral, não chega a ser considerada ACEs oferece garantia contra o
pelo investidor potencial no seu risco político do país onde se re-
processo de decisão. Em alguns ca- alizou o investimento. É impor-
sos, essa possibilidade foi examinada tante que também o FGE ofereça
e descartada no início do proces- essa garantia à empresa brasileira
so. Por outro lado, as empresas de que investe no exterior; não existe
17

1. TENDÊNCIAS
MUNDIAIS DO
FINANCIAMENTO
GOVERNAMENTAL ÀS
EXPORTAÇÕES
18 tendências mundiais do financiamento governamental às exportações

O financiamento às exportações financiamento [EXIM, 2015, p.39].


constitui um componente importante A atuação das ACEs dos países da
da política de apoio às exportações1. A OECD foi regulada em 1978 por acordo
operação desse instrumento é, em geral, voluntário (OECD Arrangement), cujo
atribuída a entidade governamental es- objetivo é evitar uma guerra de subsí-
pecífica, uma Agência de Crédito à Ex- dios governamentais às exportações e
portação (ACE) – presente hoje em todas garantir que os exportadores de um país
as economias desenvolvidas e na maioria possam competir com base na qualidade
das economias em desenvolvimento. e competividade de seus produtos e ser-
Tradicionalmente, o apoio das ACEs viços e não pelas condições oferecidas
às exportações tem assumido três moda- em seus financiamentos.
lidades alternativas: O OECD Arrangement estabelece re-
gras a serem observadas em operações:
(i) financiamento à exportação por
meio de operação de supply credit ou (i) de financiamento de médio e lon-
1
Essa seção tem como buyer credit; go prazo (superior a dois anos); e
referências básicas o Report
to the U.S. Congress on Global (ii) garantia ou seguro (pure cover guar- (ii) condicionadas à compra de pro-
Export Credit Competition
antee) concedido ao exportador ou à dutos e serviços provenientes do país
(também conhecido como
EXIM Competitiveness Report), instituição financeira que financia a (tied credit 2). Essas regras abrangem
divulgado anualmente pelo exportação; e as três modalidades de operações in-
Export-Import Bank of the dicadas acima: financiamento dire-
United States; o Berne Union
(iii) equalização da taxa de juros to à exportação, garantia ou seguro
Yearbook, divulgado pela Berne
Union - International Union of
(interest make-up) do financiamento (pure cover guarantee) concedido ao
Credit & Investment Insurers; contratado; e esteve restrito, em ge- financiamento, e equalização da taxa
o ICC Trade Register Report. ral, a produtos e serviços produzidos de juros.
Global risks in trade finance;
no país da ACE (tied-credit), reque-
bem como relatórios e material
rendo ainda, frequentemente, que De modo geral, essas normas, embo-
informativo divulgados
pelas Agências de Crédito os produtos e serviços exportados ra não obrigassem legalmente os países
à Exportação de diversos atendam a exigência de conteúdo m embros, foram observadas pelas ACEs
países, e Ávila et. alii. (2015). local mínimo. até o final do século passado.
Esse quadro se altera, no entanto,
2
O OECD Arrangement inclui
anexos que estabelecem A mobilização dessas alternativas pe- nos últimos quinze anos, em função: Da
Sector Understandings las ACEs é diferenciada: as ACEs dos forte expansão das operações de ACEs de
relativos às exportações Estados Unidos e do Canadá, bem como países não comprometidos com o OECD
de navios, usina nucleares,
a maioria das ACEs asiáticas, oferecem Arrangement, notadamente dos países
aeronaves, energia renovável,
mitigação das mudanças
apenas financiamento direto e garantia asiáticos, que não apenas realizam ope-
climáticas, projetos de agua, do financiamento; por outro lado, a rações enquadradas naquele acordo sem
infraestrutura ferroviária e maioria das ACEs europeias tem ofereci- observar as limitações ali previstas, mas
projetos de geração térmica
do equalização da taxa de juros e garantia também introduziram novas modalida-
a carvão de energia elétrica.
do financiamento, embora mais recente- des de apoio financeiro às exportações;
O Brasil aderiu a um desses
anexos — Annexe III - Aircraft mente algumas dessas agências tenham E do menor apetite do sistema bancário
Sector Understanding (ASU). implementado também programas de do mercado de capital internacional em
tendências mundiais do financiamento governamental às exportações 19

incorrer nos riscos da contratação de fi-


nanciamentos à exportação de mais lon- (i) de capital de giro para a produção
go prazo sem a garantia de organismos do bem ou serviço a ser exportado;
oficiais; essa retração reflete, basicamen-
te, os efeitos da crise do final da última (ii) de investimento na expansão da
década sobre o sistema financeiro, bem capacidade produtiva do exportador; e
como as maiores exigências regulatórias
introduzidas por Basel III. (iii) da cadeia produtiva do expor-
Nesse contexto, também as operações tador.
das ACEs dos países comprometidos com
o OECD Arrangement se diversificaram,  •  Apoio a investimento de empresas
assumindo características que as colocam do país no exterior.
fora da abrangência daquele acordo.
As operações estruturadas (em
Essa diversificação compreende ba- particular o project finance) e o co-
sicamente: -finaciamento são possivelmente as
modalidades de financiamento às ex-
 •  O apoio financeiro da ACE à im- portações de bens e serviços que ex-
portação, por outro país, de bens e ser- perimentaram desenvolvimentos mais
viços não diretamente condicionada à expressivos em virtude das novas ten-
aquisição desses bens e serviços no país dências apontadas (EXIM, 2015).
da ACE. Tais operações se justificam,
do ponto de vista do país financiador,  •  As operações estruturadas – ao
por exemplo: combinar em uma mesma operação as
diversas opções de apoio financeiro às
(i) quando contribuem para assegurar exportações, articulando inclusive as re-
recursos vitais ao interesse nacional guladas e as não reguladas – propiciam
do financiador; maior flexibilidade à ACE para adequar
a operação aos requisitos particulares do
(ii) quando relativas a projeto de in- empreendimento financiado, o que con- 3 
As ACEs asiáticas, em
particular, tem explorado essa
vestimento que viabiliza a exportação fere maior competividade aos exporta-
flexibilidade. As operações de
de bens e serviços do país; dores apoiados3. project finance e as operações
de financiamento estruturadas
(iii) ou ainda quando o financiamen- A opção da ACE pelas operações es- pela ACE da Coreia do Sul
to pode influenciar futuras decisões truturadas é particularmente relevante (KEXIM) em 2015 combinam
51% de empréstimos e
de compra da entidade. no financiamento de projetos de maior
garantias enquadradas no
porte e expostos a maiores riscos comer- OECD Arrangement e 49%
 •  Operações de financiamento não re- ciais e políticos; em economias emergen- de financiamentos não
lacionadas à comercialização do produto tes e em desenvolvimento, sem grau de condicionados à compra
de produtos coreanos
ou serviço no exterior, mas que aumen- investimento, e em financiamentos com
e a financiamento de
tam a competitividade do exportador – prazos superiores a dez anos, essa parti- investimentos fora do escopo
em particular, financiamento ou garantia cipação pode ser necessária para viabi- daquele Arrangement
para financiamento: lizar o financiamento pela ACE e para (EXIM, 2015, p.55).
20 tendências mundiais do financiamento governamental às exportações

assegurar a participação de instituições crescentes, tem exigido transformações


financeiras privadas. também nas garantias oferecidas pelas
A disseminação das operações es- ACEs, com o desenvolvimento de novos
truturadas tem se beneficiado também modelos a serem integrados em opera-
do desenvolvimento, pelas instituições ções estruturadas de financiamento e
financeiras privadas, de soluções ino- operações de project finance. Além disso,
vadoras de mitigação de riscos, bem multiplicam-se também as operações de
como do interesse dos investidores ins- co-seguro ou de co-garantia em que
titucionais e de fundos de investimento ACEs de diversos países compartilham
de se associarem a essas operações, por o risco de uma mesma operação de fi-
exemplo, absorvendo títulos relativos à nanciamento.
securitização da receita futura de novos Ao lado da disseminação de novas
empreendimentos. Da mesma forma, modalidades de financiamento e de se-
as operações estruturadas têm contado guro às exportações, observa-se também
também com o apoio de organismos fi- uma maior atuação das ACEs no apoio
nanceiros internacionais. aos investimentos das empresas do
seu país no exterior.
 •  O co-financiamento permite
atender as especificidades dos grandes  •  A modalidade mais difundida desse
projetos de investimento e das cadeias apoio tem sido a concessão de garantia
globais de valor, simplificando o finan- contra o risco político associado ao in-
ciamento do multi-sourcing e das aquisi- vestimento em atividades produtivas no
ções de bens de capital e de serviços de exterior4. Essa garantia é oferecida pela
diversos países. No co-financiamento, maioria das ACEs de países desenvolvi-
a ACE líder da operação assegura, em dos e emergentes.
uma única operação, apoio financeiro
às exportações provenientes de diver-  •  Registra-se também algumas ini-
sos países, estabelecendo seus temos e ciativas em que o apoio ao investimento
condições, e providenciando os trâmites no exterior tem como foco o financia-
administrativos. Paralelamente, as ACEs mento desse investimento. Esse apoio se
dos diversos países exportadores resse- traduz, em alguns casos, na concessão de
guram ou oferecem contra-garantias à garantia pela ACE à operação de finan-
ACE líder, conforme as participações das ciamento contratada entre o investidor
exportações de seus países na operação. e instituições financeiras. As ACEs da
4
  Essa garantia cobre, em Na ausência do co-financiamento, para Itália, Austrália e República Tcheca ofe-
geral, os riscos de guerra, assegurar o suprimento de bens de capi- recem essa garantia. Em alguns países, a
guerra civil e revolução
tal e insumos provenientes de diversos ACE participa diretamente do finan-
no estado hospedeiro;
de expropriação ou
países, o empreendedor deveria negociar ciamento.
nacionalização do e contratar diversos financiamentos, in-
empreendimento que correndo em maiores custos de transa- Esse apoio financeiro é oferecido, em
recebeu o investimento, que ção e maior esforço administrativo. alguns casos, aos investimentos no
seja contrário à legislação
O desenvolvimento de novas mo- exterior em geral, como na Coreia
internacional; e de restrições
às remessas, inclusive dalidades de financiamento, envolven- do Sul, Taiwan, Malásia, Austrália
controle de câmbio. do operações de valor e complexidade e Canadá.
tendências mundiais do financiamento governamental às exportações 21

Em outros, o apoio tem foco em al- De um conjunto de 59 países que


guns segmentos da economia espe- contam com ACEs, 14 (um quarto)
cíficos. No Japão, o financiamento têm mais de uma agência: Japão, Chi-
da Japan Bank for International Coo- na, Coreia do Sul, Índia, Indonésia
peration está limitado a investimen- e Israel, na Ásia; Alemanha, Fran-
tos de pequenas e médias empresas; ça, Espanha, Finlândia, República
em projetos que visam assegurar Tcheca e Hungria, na Europa; e Bra-
recursos naturais que são estrategi- sil e Colômbia, na América do Sul6.
camente importantes para o Japão;
ou em alguns setores industriais e De modo geral, as duas ACEs se com-
de infraestrutura específicos5. Na plementam, cabendo a uma o finan-
Alemanha, o financiamento da ciamento às exportações e à outra o
KfW restringe-se a investimentos seguro ou a garantia às exportações.
em energias renováveis e proteção
ambiental, bem como em empreen-  •  Outra diferença encontrada em re-
dimentos de empresários individuais lação ao modelo básico diz respeito à na-
e start-up. tureza especializada da ACE, concentra-
da no financiamento à exportação e/ou
Para concluir essa seção, que indica na função de garantidora de operações de
as tendências mundiais do financiamen- crédito à exportação. Em alguns países,
to governamental às exportações, con- a função de ACE é atribuída a um ban-
vém retomar e qualificar a afirmação, co de fomento com atuação mais ampla.
apresentada no seu primeiro parágrafo, É o caso, além do Brasil, do:
de que as operações de financiamento às
exportações são, em geral, atribuídas a KfW IPEX-Bank, uma das duas ACE
uma entidade governamental específica, alemãs, que é parte do KfW Banke-
uma agência de crédito à exportação. ngruppe, um banco de desenvolvi-
Essa qualificação é relevante porque a mento;
configuração atualmente observada no Vnesheconombank (Bank for Develo-
Brasil não corresponde a esse modelo, pment and Foreign Economic Affairs),   Ferrovias e rodovias, energia
5

em mais de um aspecto. na Rússia, um banco de desenvolvi- elétrica, em particular geração


térmica, e energia renovável e
O exame da configuração institu- mento e uma ACE; e
preservação do meio ambiente;
cional do apoio financeiro às expor- construção naval e transporte
tações nos países exportadores indica Société de Financement Local - SFIL, na marítimo; e petroquímica.
que o modelo predominante de uma França, um banco voltado para o fi-
  O conjunto de 59 países e
6
única ACE especializada no fomento nanciamento do setor público local e
de suas agências foi obtido
às exportações apresenta, como é de de hospitais públicos, que incorporou combinando as relações de
se esperar, algumas variantes. a suas atividades em 2015 o financia- ACEs divulgadas pelo US
mento às exportações, tornando-se a Eximbank e pela National
 •  A diferença mais relevante da con- segunda ACE francesa. Association of Manufacturers,
dos Estados Unidos. Dos
figuração adotada em alguns países em
14 países com mais de uma
relação ao modelo básico é a existência agência, dois países têm três
de mais de uma ACE. agências, e os demais, duas.
22

2. FINANCIAMENTO À
EXPORTAÇÃO
financiamento à exportação 23

Os principais instrumentos e linhas de financiamento à produção de bens e


serviços destinados à exportação (pré-embarque) e de financiamento à comercialização
do produto exportado no exterior (pós-embarque) atualmente disponíveis no Brasil
estão indicados no quadro abaixo. As características desses instrumentos e linhas de
financiamento são apresentadas no Anexo 1.

Quadro 1. Instrumentos e linhas de financiamento à exportação

RECURSOS PRIVADOS RECURSOS PRIVADOS RECURSOS


(INTERNOS) (EXTERNOS) PÚBLICOS
PRÉ-EMBARQUE

BNDES-Exim ‒ Pré embarque 3, 4


Nota/Célula de Crédito à
ACC 1, 5
Exportação 2, 5
BNDES-Exim ‒ Pré embarque
Pré-Pagamento de Empresa Âncora 2
BB Capital de
exportação (PPE) 1
Giro Exportação 2
BB ‒ Proger (MPME) 5

BNDES-Exim ‒ Pós-Embarque 1
PÓS-EMBARQUE

ACE 1, 5 BNDES-Exim ‒ Pós-embarque


Automático 1
Forfaiting
PROEX ‒ Financiamento
(MPME) 1
PROEX Equalização

1
Taxa de juros internacional
3
TJLP ou LIBOR ou taxas do BNDS, 4
Equalização PROEX
2
CDI, taxa de mercado local recursos do FAT 5
Isenção de IOF

2.1. FINANCIAMENTO PRÉ-EMBARQUE: INSTRUMENTOS E


LINHAS DE FINANCIAMENTO

A Tabela 2.1 complementa o Quadro 1 no tocante ao financiamento pré-embarque,


apresentando informações sobre o volume de recursos mobilizados por meio dos
diversos instrumentos de financiamento nos últimos dez anos. A tabela reúne infor-
mações de diversas fontes, que não são exatamente comparáveis. Não obstante, os
24 financiamento à exportação

Tabela 2.1. Financiamento às exportações pré-embarque:


médias anuais dos períodos (US$ bilhões)

2006/08 2009/10 2011/13 2014/15

ACC 1 43,7 34,85 45,9 36,9

PRÉ-PAGAMENTO 41,3 38,5 51,0 55,0


DE EXPORTAÇÃO 1

FINANCIAMENTO A ... ... 15,4 12,5


EXPORTAÇÃO 2

BNDES EXIM 4,3 7,5 4,0 1,4


PRÉ-EMBARQUE 3

FINANCIAMENTO ÀS ... ... 11,5 11,1


EXPORTAÇÕES,
EXCLUSIVE BNDES EXIM 4

Fontes: Banco Central do Brasil 1, 2 BNDES 3

1
Câmbio conrtatado.
2
Concessões: corresponde a financiamentos para viabilizar a produção de bens e
serviços para exportação, não enquadrados nas modalidades ACC e ACE. No caso do
pré-pagamento de exportação, inclui apenas as operações com prazo superior a 360
dias, que requerem emissão de ROF - Registro de Operação Financeiras junto ao Banco
Central do Brasil.
3
Desembolsos.
4
Obtido por diferença.

dados apresentados indicam a importância relativa dos diversos mecanismos de


financiamento.
Essas informações evidenciam que:

  As médias aritméticas
7
  •  O financiamento à produção de bens e serviços destinados à exportação é
das taxas médias de juros realizado por bancos privados, nacionais e estrangeiros, e por bancos públicos
divulgadas mensalmente
(basicamente o Banco do Brasil);
pelo Banco Central em 2015
referentes: (i) às operações
de ACC; e (ii) às operações   •  Esse financiamento é realizado sobretudo com funding proveniente do exterior,
de financiamento às mas também com recursos captados no mercado doméstico e com recursos repas-
exportações com recursos
sados aos bancos pelo BNDES (provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador
livres dos bancos comerciais,
são, respectivamente,
– FAT); o montante de recursos captados no exterior (ACC e pré-pagamento
2,9% e 15,9%. As médias de exportação), no período de dez anos considerado, é 20 vezes maior do que os
aritméticas dos prazos financiamentos realizados com repasses do BNDES7;
médios dessas operações
divulgadas mensalmente
pelo Banco Central em
  •  O risco dessas operações é assumido pelos bancos, inclusive nos casos em que
2015 são, respectivamente, repassam recursos do BNDES, sendo eventualmente mitigado com garantias do
7,0 meses e 20,7 meses Fundo de Garantia à Exportação (FGE) e de seguradoras privadas.
financiamento à exportação 25

2.2. FINANCIAMENTO   •  O financiamento à exportação de


PÓS-EMBARQUE: serviços abrange a comercialização de
INSTRUMENTOS E LINHAS DE serviços associados a bens elegíveis,
FINANCIAMENTO limitado a 30% do valor da exportação
dos bens, bem como a comercialização
A composição da oferta de financiamen- no exterior de serviços de construção
to à comercialização do produto exporta- civil e engenharia.
do no exterior (crédito pós-embarque),
nas modalidades supplier’s credit e buyer’s   •  Os financiamentos do BNDES Exim
credit, é distinta da observada no caso do Pós-Embarque são realizados diretamen-
crédito pré-embarque. te pelo próprio BNDES ou por meio de
banco comercial, domiciliado no Brasil,
  •  O financiamento com recursos pri- que atua como mandatário e intermedia
vados está limitado a operações de cur- a operação entre todos os participantes.
to e médio prazo: ACE, até 390 dias, e
forfaiting, em geral, no máximo 2 anos;   •  Em ambos os casos, o BNDES assume
o risco de crédito, exigindo garantia do
  •  Assim, as operações de mais longo FGE, de seguradora ou de instituição
prazo provêm de linhas e programas financeira no Brasil ou no exterior, au-
de financiamento implementados por torizada pelo BNDES8.
instituições financeiras públicas (BN-
DES e Banco do Brasil), em boa medi- Outra linha de financiamento pós-
da, com funding de recursos públicos e, embarque operada pelo BNDES é o pro-
em particular, orçamentários. grama BNDES Exim Automático, que
financia a exportação de bens de fabrica-
ção nacional, mediante a abertura de linha
BNDES EXIM PÓS-EMBARQUE de crédito junto à instituição financeira
no exterior. O financiamento tem prazo
O programa BNDES Exim Pós-Em- de até 5 anos e taxa de juros internacional.
barque financia a exportação de bens e
serviços, nas modalidades de supplier’s
credit e buyer’s credit, com prazo de até PROGRAMA DE FINANCIAMEN-
15 anos e taxa de juros internacional, TO ÀS EXPORTAÇÕES – PROEX
tendo como funding captação em mer-
cado, mas sobretudo recursos do FAT. O Programa de Financiamento às
Exportações – PROEX, financiado
  •  O financiamento às exportações de com recursos do Tesouro Nacional, tem
bens está limitado a um conjunto de por objetivo proporcionar às expor-   Existem poucas
8

bens que inclui principalmente bens de tações brasileiras condições de finan- operações, de valores
capital, mas também bens de consumo e ciamento equivalentes às do mercado pouco expressivos, em que
a instituição financeira
bens especiais (entre os quais automó- internacional. O Programa apresenta
aparece como garantidora
veis de passeio). Os bens financiados duas modalidades: PROEX Financia- e não como mandatária
devem apresentar índice de nacionali- mento e PROEX Equalização. (um total de US$ 1,7 milhão
zação estabelecido pelo banco. no triênio 2013/2015).
26 financiamento à exportação

PROEX FINANCIAMENTO anos e taxa de juros de 0,5% ao ano.


Esse financiamento é antecedido pe-
O PROEX Financiamento, operado pelo la assinatura de um Memorando de
Banco do Brasil com taxas de juros pratica- Entendimento entre o Brasil e o país
das no mercado internacional, se desdobra de destino9.
em duas linhas de crédito:

  •  Pequenas e médias empresas: finan- PROEX EQUALIZAÇÃO


ciamento direto a empresas exportadoras
com faturamento anual até R$ 600 mi- O PROEX Equalização arca com par-
lhões, ou ao importador de seus produtos te dos encargos financeiros incidentes
e serviços; o programa financia até 100% sobre os financiamentos às exportações
do valor da exportação, em operações brasileiras concedidos por instituições
com prazo de até dois anos, e até 85% financeiras estabelecidas no País ou no
em operações com prazo superior, sendo exterior, tendo em vista tornar as taxas
o percentual condicionado ao índice de de juros equivalentes às praticadas in-
nacionalização do produto exportado; e ternacionalmente.

  •  Modalidade concessional: finan-   •  O Proex-Equalização é um programa


ciamento a países, projetos e setores com horizontal, apoiando a comercialização
limitações de acesso a financiamento de de bens e serviços de todos os setores, de
mercado, no âmbito de compromissos empresas de qualquer porte, em operações
governamentais decorrentes de negocia- de financiamento com prazos de 12 a 180
ções bilaterais, com prazo de até 25 anos meses.
e carência de até 10 semestres. As ope-
rações dessa modalidade estão limitadas   •  A equalização, oferecida à instituição
a até 25% da dotação orçamentária anual financeira financiadora da exportação,
do PROEX Financiamento. Em 2015, a pode ser concedida em operações de su-
execução financeira das operações con- pplier’s credit e buyer’s credit com prazo de
tratadas nessa modalidade corresponde até 15 anos. O percentual equalizável é
a 11% da dotação orçamentária e a 21% de até 100% do valor do financiamento,
da execução financeira total do PROEX conforme o índice de nacionalização do
Financiamento. produto exportado.

Essa linha de crédito vem sendo utili-   •  A equalização deve igualar a taxa inter-
  Atualmente estão em
9
zada para financiar o Programa Mais na de retorno do fluxo do financiador com
vigor Memorandos de
Alimentos Internacional (PMAI), a TIR do fluxo do importador. Até 2015,
Entendimento com Cuba,
Moçambique, Senegal,
coordenado hoje pelo Ministério do o percentual regulamentar da equalização
Zimbábue, Gana e Desenvolvimento Social e Agrário, era de até 2,5% ao ano. Atualmente, o
Quênia. O financiamento que tem como objetivo fomentar as percentual máximo aplicável é definido
é acompanhado por exportações de máquinas, tratores e em função do prazo da operação: até 3
Projeto de Cooperação
equipamentos aos países em desenvol- anos, 0,6%; acima de 3 e até 6 anos, 1,1%;
Técnica – PCT que envolve
treinamento específico vimento por meio de financiamento acima de 6 e até 10 anos, 1,5%; e acima de
para os bens exportados. com prazo de 15 anos, carência de 5 10 e até 15 anos, 2,0%. Quando as ope-
financiamento à exportação 27

rações são enquadradas pelo COFIG, o exportações de mais longo prazo: no pe-
percentual de equalização é analisado caso ríodo de 10 anos considerado, o montan-
a caso, considerando o fluxo financeiro de te médio anual financiado pelo BNDES
cada operação e as condições do mercado Exim Pós-embarque é cinco vezes maior
internacional. do que o desembolso do PROEX Finan-
ciamento (US$ 1.977 milhões versus US$
388 milhões).
AS DIMENSÕES RELATIVAS
DOS BNDES EXIM PÓS-EMBAR-   •  O desembolso do PROEX Equalização
QUE E DO PROEX é inferior aos dos outros programas. Esses
valores não são, no entanto, comparáveis,
A Tabela 2.2 apresenta informações sobre uma vez que o diferencial de taxas de juros
o volume de recursos mobilizados nos propiciado pela equalização financeira
últimos dez anos para o financiamento à viabiliza o financiamento de volume de
exportação pós-embarque pelos progra- exportações significativamente superior.
mas operados pelas instituições financei-
ras públicas, evidenciando a importância   •  Nas operações aprovadas no triênio
relativa dos diversos programas. 2013/2015, o dispêndio de US$ 1 no
PROEX Equalização está associado, na
  •  O BNDES responde pela maior par- média, ao financiamento a exportação
cela do financiamento pós-embarque às no valor de US$ 19 (Tabela 2.3).

Tabela 2.2. Financiamento às exportações pós-embarque


de instituições financeiras públicas - 2006/2015
(US$ milhões)

BNDS EXIM PROEX PROEX


PÓS-EMBARQUE 1 FINANCIAMENTO 1 EQUALIZAÇÃO 2

2006 1.863 320 192

2007 698 332 184

2008 1.694 297 180

2009 2.150 278 158

2010 2.392 432 118

2011 2.700 554 221

2012 2.179 429 281

2013 2.502 447 246

2014 2.040 456 349

2015 1.554 330 229

Fontes: BNDS e CAMEX.

Notas: 1 Valor financiado ‒ desembolso. 2 Valor da equalização ‒ desembolso.


28 financiamento à exportação

Tabela 2.3. Valor das exportações associadas a uma unidade de


dispêndio do PROEX Financiado e do PROEX Equalização nas
operações aprovadas – 2013/2015

VALOR DAS EXPORTAÇÕES / VALOR DAS EXPORTAÇÕES /


VALOR DO FINANCIAMENTO VALOR DA EQUALIZAÇÃO
APROVADO APROVADA
2013 1,1 18

2014 1,1 14

2015 1,1 23

MÉDIA 1,1 19

Fontes: Dados não publicados da Secretaria do Tesouro Nacional - STN.

2.3. FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO: AMBIENTE


INSTITUCIONAL, GOVERNANÇA E IMPLICAÇÕES FISCAIS

O BNDES Exim Pós-embarque e o Programa de Financiamento às Exportações – PRO-


EX, embora tenham em comum o funding de recursos públicos, operam em ambientes
institucionais e com regimes de governança bastante distintos.

PROEX FINANCIAMENTO

No tocante ao PROEX Financiamento, três pontos, em particular, o diferenciam do


BNDES Exim pós-embarque:

  •  Do ponto de vista do seu funding, o PROEX é financiado com recursos do Tesouro


Nacional, cujo montante é definido em dotação específica aprovada anualmente no
Orçamento Geral da União – OGU.

A dotação anual do programa nem sempre está definida no inicio do exercício e,


mesmo quando aprovada, sua distribuição ao longo do ano é incerta, e até mesmo
sua disponibilidade não está garantida. Assim, o fluxo de aprovação das operações
de financiamento é irregular, imprevisível e sujeito a interrupções.

Por outro lado, o retorno dos financiamentos contratados – a amortização do prin-


cipal e os juros recebidos – não é apropriado pelo programa, sendo incorporado
à receita da União.
financiamento à exportação 29

  •  Do ponto de vista da sua governan- afetado os resultados de uma linha de


ça, o Banco do Brasil, agente financeiro financiamento que deve responder de
do PROEX Financiamento, tem auto- forma ágil e tempestiva às demandas
nomia limitada na sua operacionaliza- das empresas exportadoras.
ção, uma vez que o gerenciamento do
programa é conduzido pelo Comitê de
Financiamento e Garantia das Exporta- BNDES EXIM PÓS-EMBARQUE
ções (COFIG), uma entidade da admi-
nistração direta do Governo Federal, O BNDES Exim Pós-embarque, ao con-
que, além de estabelecer diretrizes para trário do PROEX Financiamento:
sua operação, é também instância de
decisões operacionais.  • Conta com um funding mais diver-
  Em 2015, o Banco do
10

sificado, compreendendo captação no Brasil aprovou 766 Registros


No tocante à linha de financiamento mercado e, sobretudo, empréstimos do de Crédito de 22 empresas;
às pequenas e médias empresas ex- FAT11; nesse sentido, o programa é as aprovações do COFIG
envolveram 22 Registros
portadoras, o Banco do Brasil aprova operado por uma instituição financeira
de Crédito e 17 empresas.
operações enquadradas nos disposi- que dispõe de recursos próprios capta- As operações aprovadas
tivos regulamentares até o valor de dos como empréstimos em condições pelo Banco do Brasil
US$ 20 milhões, excetuadas as ope- muito favoráveis; responderam por 75% do
valor financiado (Secretaria
rações do setor aeronáutico, cabendo
do Tesouro Nacional - STN).
ao COFIG a aprovação de operações   •  Do ponto de vista de sua governan-
fora da alçada do banco. ça, embora o programa observe natural-   De 2009 a 2015, o BNDES
11

mente diretrizes do Governo Federal, contou ainda com subvenção

No tocante ao financiamento da mo- seu processo decisório está circunscrito econômica do Tesouro
Nacional, introduzida pelo
dalidade concessional, decorrente de às diversas esferas da administração do
Plano de Sustentação do
compromissos governamentais no banco, embora eventualmente sujeita à Investimento - PSI, sob a
âmbito de negociações bilaterais, as interferência do poder público; modalidade de equalização
operações são aprovadas diretamente da taxa de juros de
várias de suas linhas de
pelo COFIG, sem interveniência do   •  Por fim, a gestão do BNDES Exim
financiamento, entre as
Banco do Brasil10. Pós-embarque tem como foco objetivos quais, o financiamento às
de política econômica. exportações — inicialmente
 • Do ponto de vista de seus objetivos, de bens de capital e, a
partir de 2010, também
o PROEX Financiamento incorporou, PROEX EQUALIZAÇÃO
de bens de consumo.
em anos recentes, ao lado de seus obje-
tivos de política econômica de apoio a O funding e o regime de governança do   Vale notar que a
12

pequenas e médias empresas exportado- PROEX Equalização são semelhantes ao contratação de uma operação

ras, uma agenda de política externa não do PROEX Financiamento. do PROEX Equalização
não envolve desembolso
necessariamente de cunho econômico.
de caixa, uma vez que o
  •  O PROEX Equalização também é pagamento ao financiador
Os pontos destacados sugerem que o financiado com recursos do Tesouro é escalonado ao longo do
PROEX Financiamento está dotado de Nacional, cujo montante é definido em tempo e, de resto, realizado
por meio da emissão título
um funding e de um regime de gover- dotação específica aprovada anualmente
da dívida pública (NTN-I) com
nança característico da administração no OGU e enfrenta as incertezas associa- vencimentos compatíveis
pública, que têm limitado a eficiência e das a essa fonte de recursos12. com aquele escalonamento.
30 financiamento à exportação

 • Como no PROEX Financiamento, to em que a União deve observar, por um


o processo decisório do PROEX Equa- longo período, um regime rigoroso de
lização também é compartilhado entre disciplina fiscal.
COFIG e Banco do Brasil, cabendo a este
aprovação das operações enquadradas   •  No tocante ao PROEX Financiamen-
nos dispositivos regulamentares, mas to, o desembolso do financiamento afeta
reservando-se ao COFIG a aprovação diretamente o resultado primário como
das operações do setor aeronáutico e das despesa, ao passo que os pagamentos
obras de infraestrutura e de operações de juros e amortização impactam o re-
que não observem aqueles dispositivos. sultado como receita. Vale notar que o
Cabe chamar atenção que, no caso do impacto negativo sobre o resultado pri-
PROEX Equalização, não existe limita- mário ocorre hoje, enquanto o impacto
ção da competência do Banco do Brasil positivo é diluído ao longo do período
em função do valor de dispêndio de equa- de amortização.
lização requerido pela operação13.
  •  No tocante ao PROEX Equalização,
Cabe ter presente, no entanto, que, a emissão da NTN-I, ocorrida hoje, tem
distintamente do PROEX Financiamen- impacto imediato no resultado primário,
to e do BNDES Exim Pós-embarque, o uma vez que o título é descapitalizado e
PROEX Equalização não constitui um emitido a valor presente; por outro lado,
mecanismo de financiamento às expor- no momento do resgate da NTN-I, a des-
tações, mas sim um programa de subsídio pesa é somente financeira, não afetando
às exportações. Constitui, portanto, uma o resultado primário.
atividade típica de governo, cujas despe-
sas devem ter previsão orçamentária e Assim, para viabilizar o financiamen-
que, quando delegada a um ente externo, to de uma exportação no valor de US$
requer mecanismo de acompanhamento 100, o PROEX oferece duas alternativas:
e supervisão.
Destaque-se ainda que, como instru-   •  Financiar pelo PROEX Financiamen-
mento de governo, caracteriza-se pela to a operação, com um impacto negativo
sua transparência, ao tornar explícito o imediato no resultado primário da União
subsídio econômico concedido à ativida- no valor US$ 100, a ser compensado par-
de exportadora, o que não ocorre com os cialmente por receita com impacto posi-
subsídios implícitos concedidos pelo BN- tivo no resultado primário ao longo do
DES Exim e pelo PROEX Financiamento. período de amortização do financiamento
  Em 2015, o Banco do
13
(a compensação é parcial em virtude do
Brasil aprovou 766 Registros
subsídio implícito à operação, decorrente
de Crédito de 22 empresas;
as aprovações do COFIG
AS IMPLICAÇÕES FISCAIS DOS do diferencial entre o custo da operação
envolveram 17 empresas PROGRAMAS DE FINANCIA- para o Tesouro Nacional e a taxa de juros
e 22 Registros de Crédito. MENTO ÀS EXPORTAÇÕES incidente sobre a operação);
As operações aprovadas
pelo Banco do Brasil
O efeito fiscal dos programas de finan-   •  Realizar operação de equalização com
respondem por 75% do valor
financiado (Secretaria do ciamento às exportações é uma questão impacto negativo imediato na receita, es-
Tesouro Nacional - STN). relevante, notadamente, em um momen- timado em US$ 5,5.
financiamento à exportação 31

2.4. DESEMPENHO DOS PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS DE


FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES

BNDES EXIM

Os programas BNDES EXIM Pré-embarque e BNDES EXIM Pós-embarque apre-


sentam trajetórias diferentes ao longo dos últimos 15 anos (veja Gráfico 2.1):

  •  O volume de financiamento do BNDES EXIM Pós-embarque apresenta uma


relativa estabilidade ao longo de todo período, com um ligeiro declínio e subse-
quente recuperação entre 2005 e 2010, quando retoma o volume observado na
primeira metade da década anterior. Em 2014 e 2015, no entanto, os desembolsos
do programa sofre uma queda acumulada de 38%.

  •  O volume de financiamento do BNDES EXIM Pré-embarque apresenta um forte


crescimento entre 2000 e 2010, resultando em um aumento acumulado de 580%
ao longo do período. Essa tendência se reverte a partir desse ano: os desembolsos
do programa experimentaram uma queda de 48% entre 2010 e 2013 e, em seguida,
uma redução de 88% nos dois últimos anos.

Gráfico 2.1. Financiamento do BNDES EXIM Pré-embarque e do


BNDES EXUM Pós-embarque – 2000-2012
(Média móvel de 3 anos, em US$ milhões)
US$
bilhões
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
2000

2001

2002

2003

2004
2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

EXIM Pré-Embarque EXIM Pós-Embarque Total

Fonte: Elaborado a partir de dados do BNDES

Como já mencionado, o BNDES EXIM Pré-embarque opera por meio de repas-


ses a bancos comerciais públicos e privados. O Banco do Brasil e os quatro maiores
bancos de varejo privados responderam por cerca de 85% dos financiamentos nos
últimos quatro anos, com os quatro maiores – Banco do Brasil, Itaú, Santander
32 financiamento à exportação

Tabela 2.4. Financiamento do BNDES EXIM Pré-embarque: Distribuição


percentual dos desembolsos segundo instituições financeiras ― 2012‒2015

2012 2013 2014 2015


% % % %

BB 28 Itaú 1 26 BB 26 Santander 33

Itaú 1 22 BB 24 Santander 19 Bradesco 25

Bradesco 17 Bradesco 20 Bradesco 17 HSBC 13

Santander 15 Santander 11 Itaú 1 16 BB 9

HSBC 4 HSBC 6 HSBC 4 Itaú 1 5

Subtotal 86 Subtotal 87 Subtotal 82 Subtotal 84

Outros 14 Outros 13 Outros 18 Outros 16

Total 100 Total 100 Total 100 Total 100

Fonte: Elaborado a partir de dados do BNDES. 1


Inclui Itaú Unibanco e Itaú BBA.

e Bradesco – se alternando nas quatro   •  Os bancos estrangeiros respondem


primeiras posições (Tabela 2.4). pela maior parcela do financiamento
No tocante ao BNDES EXIM Pós- contratado no período 2012-2015; o
-Embarque, a Tabela 2.5 indica as par- BNP Brasil mantem a posição de li-
ticipações dos bancos mandatários e, por derança ao longo de todo o período,
resíduo, das operações diretas do BNDES cabendo ao Banco do Brasil, o único
no valor dos financiamentos concedidos banco brasileiro com presença entre
pelo programa. os quatro maiores players em todo o
quadriênio, a segunda posição em três
  •  O sistema bancário tem interme- dos anos considerados.
diado cerca de 70% dos financiamentos
do programa ao longo dos últimos dez A evolução dos desembolsos do
anos; essa participação se reduziu, no BNDES EXIM Pós-Embarque, segun-
entanto, nos dois últimos anos com o do os setores financiados, está indicada
BNDES contratando diretamente 50% no Gráfico 2.2.
e 60% do valor financiado em 2014 e
2015, respectivamente.   •  Ao longo da primeira metade da dé-
cada passada, o financiamento do pro-
  •  As operações realizadas por bancos grama está basicamente restrito às ex-
mandatários são muito concentradas: portações de bens de capital e apresenta
os quatro principais agentes financeiros relativa estabilidade, em torno de US$ 2
respondiam por mais de 90% do valor bilhões. Esse financiamento experimen-
contratado ao longo dos quatro últimos ta, no entanto, uma forte queda entre
anos, e a parcela relativa aos dois prin- 2005 e 2007, com uma redução de 75%
cipais agentes aumenta de 68% em 2012 do valor financiado. A recuperação que
para 86% em 2015. tem lugar entre 2008 e 2010 resulta, na
financiamento à exportação 33

Gráfico 2.2. Financiamento do BNDES EXIM Pós- Embarque: Desembolsos


segundo setores – 1998-2015 (média móvel de 3 anos, em US$ milhões)

3000,0

2500,0

2000,0

1500,0

1000,0

500,0

2013
2001

2011
2004

2007

2009

2010

2014

2015
1999

2000

2002

2003

2005

2006

2008

2012
infraestrutura bens de capital outros setores Total

Fonte: BNDES.

primeira metade desta década, em um Os financiamentos do BNDES


novo patamar de pouco mais de US$ EXIM Pós-Embarque às obras de in-
1 bilhão, significativamente inferior ao fraestrutura nos últimos dez anos re-
que prevalecera na primeira metade da partiram-se entre obras na América do
década anterior. Sul (43%) e na África (37%), cabendo os
20% restantes a outros países da Amé-
  •  Por outro lado, o financiamento a rica Latina. O Gráfico 2.3 apresenta as
obras de infraestrutura no exterior, que flutuações dessas participações ao longo
era inexpressivo no início da década pas- do período.
sada, experimenta, a partir de 2007, um Os financiamentos do BNDES
movimento sustentado de crescimento EXIM Pós-Embarque são bastante
que se prolonga até 2012. Essa tendência concentrados em um pequeno número
é revertida, no entanto, nos últimos três tomadores. No período 2009/2015, a
anos, com uma redução do montante parcela correspondente aos dois prin-
financiado de 66%. cipais tomadores variou entre 78%
e 90%; a parcela relativa aos quatro
  •  Em decorrência dessa evolução, os maiores tomadores supera 90% em to-
recursos destinados pelo BNDES EXIM dos os anos. A Embraer e a Odebrecht
Pós-Embarque ao financiamento às são os dois principais tomadores em
obras de infraestrutura superam os fi- todos os anos, alternando suas posi-
nanciamentos à exportação de bens de ções relativas. As posições de 3º e 4º
capital entre 2007 e 2013. Em 2015, o lugar nos sete anos considerados – per-
BNDES EXIM Pós-Embarque, no entan- fazendo um total de 14 posições – são
to, destinou US$ 495 milhões às obras de ocupadas por quatro empreiteiras (11
infraestrutura e US$ 1.024 milhões aos posições) e por três produtores de bens
bens de capital. de capital (3 posições).
34 financiamento à exportação

Gráfico 2.3. Financiamento do BNDES EXIM Pós-Embarque: Distribuição


regional dos desembolsos dos financiamentos para obras de infraestrutura
1998-2015 (percentagem)

100,0
17,745
20,552
25,501 26,236
80,0 8,862 31,030 45,014 46,773
9,701 54,931 27,367
60,0 57,359 11,394
32,931
21,019
40,0 16,895 13,780 73,993 29,094
64,798 57,576 52,081 40,833
20,0
28,174 28,861 25,892 32,208
,0

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014
América do Sul Outros América do Sul África

Fonte: BNDES.

Tabela 2.6. Financiamentos do BNDES EXIM Pós-Embarque:


Participação no desembolso total do programa dos quatro maiores
Tabela 2.6. Financiamento do BNDES EXIM Pós-Embarque: Participação
desembolso total do programa dos quatro maiores tomadores ‒ 2009-2015 (em %)
tomadores - 2009-2015 (Em %)

1º % 2º % 1º + 2º 3º % 4º % 1º a 4º

2009 Odebrecht 44,3 Embraer 33,8 78,1 Queiroz Galvão 6,0 Andrade 5,5 89,5
Gutierrez
2010 Embraer 54,9 Odebrecht 28,6 83,5 Mercedes-Benz 4,3 IVECO 3,2 90,9

2011 Odebrecht 39,9 Embraer 39,2 79,1 Andrade Gutierrez 10,8 CONFAB 3,4 93,3

2012 Odebrecht 54,4 Embraer 28,8 83,3 Queiroz Galvão 5,4 Camargo 3,1 91,8
Correa
2013 Embraer 42,9 Odebrecht 39,9 82,8 Andrade Gutierrez 9,1 OAS 2,6 94,5

2014 Embraer 49,2 Odebrecht 41,6 90,8 Andrade Gutierrez 4,4 OAS 1,7 96,9

2015 Embraer 63,4 Odebrecht 15,1 78,5 Andrade Gutierrez 14,2 OAS 3,5 96,3

* Inclui desembolsos para empresas de um mesmo grupo.

PROGRAMA DE
FINANCIAMENTO ÀS
EXPORTAÇÕES – PROEX   •  Os recursos dispendidos pelo PRO-
EX Equalização declinam na primeira
Os montantes de recursos dispendidos metade da década passada, apresentam
nas duas linhas de atuação do PRO- certa estabilidade na segunda metade
EX desde o início da década anterior e experimentam forte crescimento no
apresentam trajetórias semelhantes, início desta década (quase 200% entre
embora defasadas. 2010 e 2014), mas caem em 2015.
financiamento à exportação 35

Gráfico 2.4. Desembolsos do PROEX Financiamento e Emissões de NTN-I


pelo PROEX Equalização ‒ 2013-2015 (US$ milhões)

800,0
700,0
600,0
500,0
400,0
300,0
200,0
100,0
2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014
Financiamento Equalização

Financiamento média móvel 3-anos Equalização média móvel 3-anos

Fonte: CAMEX.

Tabela 2.7. Distribuição dos desembolsos do PROEX Financiamento,


Tabela 2.7.segundo
Distribuiçãosetores ‒ 2013-2015
dos desenbolsos do PROEX(%)
Financiamento, 2006/08
segundo setores ‒ 2013-2015 (%)

2013 2014 2015

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 30 19 28

VEICULO AUTOMOTORES TERRESTRES 1 15 7

SERVIÇOS 3 24 3

ALIMENTOS 35 26 25

TÊXTIL E CALÇADOS 19 8 18

EXTRATIVA MINERAL E VEGETAL 11 7 17

OUTROS 1 1 2

TOTAL 100 100 100

Fontes: Tesouro Nacional - Programa de Financiamento às Exportações – PROEX. Apresentação na FIESC, junho 2016
(disponível em http://fiesc.com.br/sites/default/files/apresentacao_tesouro_nacional_08-06-16_0.pdf).

 • No caso do PROEX Financiamento, A distribuição dos desembolsos


os desembolsos crescem até 2005, man- do PROEX Financiamento segundo
tém certa estabilidade de 2005 a 2009, setores revela, no triênio 2013/2015,
crescem em 2010 e 2011 e declinam a o financiamento de uma pauta de pro-
partir de então. dutos diversificada, na qual os bens de
consumo (alimentos e têxtil e calçados)
  •  Desde 2005, os desembolsos anuais respondem por parcela maior do que a
do PROEX Financiamento superam os dos produtos da indústria metal-me-
dispêndios do PROEX Equalização. cânica (máquinas e equipamentos e
36 financiamento à exportação

veículos automotores terrestres). As exportações de serviços se destacam em


um único ano.
As operações do PROEX Equalização estão focadas em operações de bens de
capital e de serviços (Tabela 2.8). A maior parcela cabe a máquinas e equipamentos
que, no entanto, apresentam um declínio ao longo do período. A equalização das
operações referentes às exportações de serviços cresce nos primeiros anos do período
considerado e declina nos últimos anos. O financiamento às exportações de aeronaves
se destaca nos últimos anos.

Tabela 2.8. Distribuição das emissões de NTN-I pelo PROEX Equalização,


2006/08
Tabela 2.8. Distribuição das emissões de NTN-I pelo PROEX Equalização,
segundo setores
segundo setores‒- 2010-2015
2010-2015 (Percentagem)
(Percentagem)

MÁQUINAS E EQUIP.
MÁQUINAS E VEÍCULOS +
ANO AERONAVES SERVIÇOS
EQUIPAMENTOS TERRESTRES 1 VEÍCULOS
TERRESTRES

2010 83 … 83 3 14

2011 82 … 82 1 17

2012 63 … 63 5 32

2013 56 12 68 0 32

2014 49 11 60 12 28

2015 46 9 55 29 16

Fontes: Tesouro Nacional - Programa de Financiamento às Exportações – PROEX. Apresentação na FIESC, junho 2016
(disponível em http://fiesc.com.br/sites/default/files/apresentacao_tesouro_nacional_08-06-16_0.pdf).
Nota: 1 As operações referentes a veículos terrestres nos anos 2010/2011 estão classificadas em conjunto com máquinas e
equipamentos.

A distribuição regional das exportações financiadas pelo PROEX Financiamento


no triênio 2013/2015 mostra fonte concentração em Cuba, a quem corresponde
47% dos desembolsos do programa. Vale notar que Cuba, assim como Moçambique
e Zimbábue, são países abrangidos pela modalidade concessional, uma vez que inte-
gram o Programa Mais Alimentos Internacional. Por outro lado, exceto por Cuba,
as operações do PROEX Financiamento são pouco concentradas. O segundo país
destino das exportações financiadas, China, responde por 10% do desembolso total.
Dentre os destinos das exportações apoiadas pelo PROEX Equalização no triênio
2013/2015, destacam-se os Estados Unidos (33% do total), Angola, Peru e Cuba (que
repartem 27% dos desembolsos) e outros países da América Latina e da África. Não
aparece entre os dez principais destinos nenhum país da Europa e da Ásia.
As equalizações realizadas pelo PROEX no triênio 2013/2015 estão bastante
concentradas em poucas instituições financeiras:

 • O BNDES, cuja participação que cresce de 31 para 40%, com predomínio nas ope-
rações aprovadas na alçada do COFIG, com destaque para as relacionadas a aeronaves;

 • E três instituições financeiras estrangeiras — Citibank, London Forfaiting e BNP


Paribas — cuja participação conjunta declina de 60% para 49%, com predomínio nas
operações aprovadas na alçada do BB.
financiamento à exportação 37

Gráfico 2.5. PROEX Financiamento: Distribuição do desembolso por


país de destino da exportação - 2013/2015 (%)

4% 2%
MOÇAMBIQUE ZIMBABUE

4% 4% 2%
MEXICO ITALIA ARÁBIA SAUDITA

5%
E. U. A.

5%
FRANÇA
47%
CUBA
10%
CHINA

19%
OUTROS

Fontes: Camex (http://www.camex.gov.br/conteudo/exibe/area/3/-


menu/86/PROEX-EstatísticasOperacionais).

Gráfico 2.6. PROEX Equalização: Distribuição da emissão de NTN-I


por país de destino da exportação - 2013/2015 (%)

3%
3% GANA
ARGENTINA
2%
COLÔMBIA
4%
4% CHILE 2%
MEXICO CANADÁ

9%
CUBA
33%
E. U. A.
10%
PERU

10% 22%
ANGOLA OUTROS

Fontes: Camex (http://www.camex.gov.br/conteudo/exibe/area/3/-


menu/86/PROEX-EstatísticasOperacionais).
38 financiamento à exportação

Tabela 2.9. Tabela PROEX Equalização: Distribuição da emissão de


NTN-I or financiador ‒2013/2015 (%)
Tabela 2.9. Tabela PROEX Equalização: Distribuição da emissão de NTN-I
por financiado - 2013/2015 (%)
FINANCIADOR 2010 2011 2012 2013 2014 2015

BNDES 33 21 38 31 39 40

Citibank 22 23 10% 25 23 21

London Forfaiting 25 23 27 22 20 18

BNP Paribas 0 11 19 13 11 10

Bradesco 7 5 3 6 4 4

Outros 13 17 3 3 3 7

Total 100 100 100 100 100 100

Fontes: Tesouro Nacional - Programa de Financiamento às Exportações - PROEX. Apresentação na FIESC,


junho 2016.
(disponível em http://fiesc.com.br/sites/default/files/apresentacao_tesouro_nacional_08-06-16_0.pdf)

2.5. PROBLEMAS E financiamento do setor público local e de


RECOMENDAÇÕES hospitais públicos, incorporou recente-
  O Banco do Brasil é muito
14
mente à suas atividades o financiamento
ativo e tem participação
expressiva no financiamento O BNDES responde pela maior parcela às exportações.
do comércio exterior do do financiamento de médio e longo prazo A constituição de uma nova entidade
país, mas sua atuação à exportação no país, caracterizando-se que venha assumir a função de ACE exer-
nessa área é típica de um
assim como uma ACE de fato14. cida pelo BNDES não parece oportuna
banco comercial. O papel
que o Banco do Brasil A atribuição desse papel a um banco neste momento e, tampouco, necessária
desempenha na política de desenvolvimento tem sido objeto de uma vez que o BNDES acumulou ao lon-
de apoio financeiro à críticas, que enfatizam a singularidade go dos anos expertise na área. Contudo,
exportação do Governo
dessa configuração institucional e pro- cabe reconhecer que o financiamento à
Federal não o caracteriza
como uma ACE. De fato,
põem a constituição de uma ACE espe- exportação é uma atividade diferenciada
na qualidade de banco cializada, concentrada no financiamento em relação às demais atividades do banco,
público, operacionaliza a à exportação ou incorporando também que deve ter reservado um espaço institu-
execução de um programa a função de garantidora de operações de cional próprio, que preserve essa especi-
orçamentário que concede
crédito à exportação. ficidade e confira mais agilidade e maior
subsídio à exportação
(PROEX Equalização) e de Como apontado na seção anterior, o autonomia ao seu processo de decisão. O
uma linha de financiamento Brasil não é o único caso em que uma ACE modelo observado na Alemanha, no qual
voltada para países de menor está associada a um banco de desenvolvi- a ACE (KfW IPEX-Bank) é uma subsidi-
desenvolvimento (PROEX
mento. O KfW IPEX-Bank, uma das duas ária do banco de desenvolvimento (KfW
Financiamento - modalidade
concessional), bem como é ACEs alemãs, é parte do KfW Banken- Bankengruppe) merece ser considerado.
o agente financeiro de um gruppe, um banco de desenvolvimento. No tocante ao funding dos financia-
programa de financiamento Na Rússia, o Vnesheconombank (Bank mentos do BNDES, o banco, em geral, e
às exportações de pequenas
for Development and Foreign Economic o BNDES Exim, em particular, puderam
e médias empresas (PROEX
Financiamento), mantido
Affairs), é um banco de desenvolvimento dispor de um fluxo muito significativo
com dotações anuais do e uma ACE. Na França, a Société de Fi- de recursos disponibilizados como em-
Orçamento da União. nancement Local - SFIL, voltada para o préstimo pelo Tesouro Nacional, bem
39

RECOMENDAÇÕES

Transferência das atividades de financiamento às créditos (autorizações de desembolso, quadros de


exportações a uma subsidiária do BNDES dotada avanço físico, relatórios de auditoria, faturas); Ad-
financiamento à exportação
de autonomia técnica e de processo de decisão missão de documentos sob a forma exclusivamente
próprio, mas integrada do ponto de vista admi- eletrônica; E maior delegação de responsabilidades
nistrativo e operacional à estrutura do banco. quanto à conferência de documentação para a li-
No futuro, em um contexto político e econômico beração de desembolsos aos bancos mandatários,
mais favorável, cabe considerar a alternativa de focando-se a equipe do BNDES na fiscalização do
transformar essa subsidiária em uma empresa trabalho executado e dos efeitos do financiamento
independente. sobre as exportações.

Retomada pelo BNDES da captação no exterior para Revisão da exigência de índice de nacionalização
ampliar sua capacidade de financiamento às ex- em peso e dos impactos da variação cambial
portações. sobre o índice em valor; e aceitação, no caso de
produtos destinados à indústria de óleo e gás,
Atuação do BNDES, em conjunto com a ABGF e com dos indicadores de conteúdo local aferidos pela
os gestores do PROEX Equalização, para: Desenvol- metodologia da ANP.
ver uma política proativa de captura de clientes,
ampliando o número de produtos oferecidos e con- Reformulação da governança do PROEX, confe-
ferindo especial atenção às operações estruturadas rindo maior autonomia ao Banco do Brasil no
e de co-financiamento, tendo em vista viabilizar a processo de aprovação das operações de finan-
participação dos exportadores brasileiros em ope- ciamento e de equalização, de modo a torná-lo
rações de multi-sourcing e de aquisições de bens mais eficaz e eficiente, para tanto: Formatando o
de capital de diversos países; E identificar mecanis- PROEX Financiamento como um produto finan-
mos para atrair e incorporar os bancos comerciais ceiro que contenha critérios objetivos para seu
ao financiamento às exportações a médio e longo acesso, a serem observados pelo Banco do Brasil;
prazo, passando da condição de mandatárias a de Definindo também critérios mais objetivos de ha-
garantidoras nas operações do BNDES Exim pós bilitação e utilização do PROEX Equalização que
embarque e recorrendo ao PROEX Equalização. automatizem, tanto quanto possível, o processo
de decisão do Banco do Brasil; E reservando-se
Atribuição à subsidiária do BNDES responsável pe- ao COFIG, como órgão integrante da CAMEX, a
lo financiamento à exportação, aqui proposta, de competência para estabelecer as diretrizes e os
autonomia para construir processo de aprovação, critérios de habilitação e comprovação a serem
documentação e avaliação próprio, diferenciado observados na gestão do PROEX; para decidir so-
das normas gerais do banco, que considere as es- bre eventuais operações que não se enquadram
pecificidades desse financiamento. nos critérios estabelecidos; e para supervisionar
a atuação do agente financeiro.
Revisão dos procedimentos adotados na tramitação
dos pedidos de financiamento do BNDES Exim pós- Revisão do tratamento e critérios diferenciados
-embarque e de concessão de garantia do FGE, tendo hoje adotados para o enquadramento e aprova-
em vista reduzir o tempo dispendido na sua aprova- ção de operações de exportação intracompany
ção, contemplando-se em particular: Padronização no âmbito do PROEX Equalização.
dos modelos de documentos para desembolso de
40

como oferecer aos no processo de aprovação das operações,


tomadores de seus que decorre inclusive de características da
RECOMENDAÇÕES financiamentos con- governança desse programa.
dições extremamente No caso do PROEX Equalização, sua
Firme comprometimento do Go-
favoráveis viabilizadas eficiência e abrangência do tem sido afe-
verno Federal com a regularidade
pelo PSI. Essa fase está tada ainda pelo tratamento diferenciado
do fluxo de recursos do PROEX
Equalização e Financiamento dis- encerrada. conferido às exportações intracompany.
ponibilizado ao longo do ano para Por outro lado, no Por outro lado, a competitividade das
a aprovação de novas operações. tocante aos resultados empresa exportadoras foi afetada pela
relativos às operações redução do percentual de equalização
Criação de mecanismo que per- de financiamento do adotada por esse programa em 2015.
mita a realocação, no decorrer do
BNDES Exim pós- Por fim, no tocante ao funding da parti-
exercício orçamentário, de eventu-
-embarque, dois pon- cipação governamental no financiamento
ais sobras de recursos de um dos
programas do PROEX para o outro. tos chamam atenção: à exportação, cabe ter presente que, como
se enfatizou anteriormente, o efeito fiscal
•  A extrema concen- dos programas de financiamento às expor-
tração, ao longo dos tações é uma questão relevante, notada-
anos, de suas operações em um mesmo mente, em um momento em que a União
conjunto de empresas, que absorve a deve observar, por um longo período, um
quase totalidade do recursos dispendidos; regime rigoroso de disciplina fiscal.
Nesse contexto, cabe maximizar o vo-
 • A inapetência dos bancos comerciais lume de exportações que as limitadas do-
em assumir o risco das operações pós- tações orçamentárias permitem financiar.
-embarque, das quais participam apenas Como indicado, a equalização da taxa de
como bancos mandatários. juros de uma operação de financiamento
viabiliza um volume de exportações signi-
Nesse contexto, cabe destacar o custo ficativamente superior aos recursos orça-
elevado das garantias exigidas pelo BN- mentários dispendidos, distintamente das
DES e o processo, burocrático e demo- operações de financiamento com recursos
rado, de tramitação do financiamento orçamentários, as quais consomem um
no banco e de obtenção de garantia do montante desses recursos bem próximo
FGE, o que dilata os prazos de aprova- do valor das exportações financiadas.
ção das operações, afetando a capacidade Contudo, como já se mencionou, a
competitiva do exportador e, em alguns eficácia do PROEX como um instrumento
mercados, inviabilizando mesmo a rea- de apoio às exportações tem sido afeta-
lização da exportação. da pela incerteza quanto à distribuição,
Da mesma forma, a exigência de ín- e recentemente mesmo a interrupção, da
dice de nacionalização mínimo, em valor disponibilização dos recursos orçamentá-
e em peso, também tem sido apontada rios ao longo do ano, o que torna o fluxo
como um fator que afeta a competitivi- de aprovação das operações de financia-
dade do exportador e que, alguns casos, mento irregular e imprevisível e sujeito
pode mesmo inviabilizar a exportação. a interrupções, afetando a capacidade do
Também a eficiência e abrangência exportador brasileiro de responder a opor-
do PROEX tem se ressentido da demora tunidades de negócios no exterior.
42
43

3. SEGURO DE
CRÉDITO À
EXPORTAÇÃO
44 seguro de crédito à exportação

O Seguro de Crédito à Exportação leiras de bens e serviços ou contenham


(SCE) é concedido basicamente pela componentes produzidos ou serviços
União. Algumas seguradoras privadas prestados por empresas brasileiras, nesse
europeias oferecem garantia para finan- caso com o compartilhamento do risco
ciamentos pós-embarque de curto prazo com outros garantidores15.
(até dois anos para clientes especiais; em
15
O seguro de crédito à geral, de 180 dias em operações de cré- Não existe previsão legal de con-
exportação está regulado dito rotativo). A concessão de garantia cessão de garantia da União relativa a
pela Lei 6.704/79; as últimas
às operações de financiamento à expor- investimentos brasileiros no exterior.
modificações nessa lei foram
introduzidas pela Lei 13.292/16.
tação, em que o importador é entidade
O FGE foi criado pela Lei pública e membro da Associação Lati- A gestão desse seguro de crédito à
9.818/99. A Medida Provisória no-Americana de Integração (ALADI), exportação com cobertura da União é
que foi convertida nessa lei é
deve ser cursada obrigatoriamente no exercida pelo:
de agosto de 1997; as últimas
modificações nessa lei foram
âmbito do Convênio de Pagamentos e
introduzidas pela Lei 13.292/16. Créditos Recíprocos (CCR) da ALADI. • COFIG – Comitê de Financiamento e
Esta seção focaliza as operações com Garantia das Exportações, a quem com-
16
O COFIG, órgão colegiado garantias concedidas com recursos do pete estabelecer parâmetros e condições
integrante da Câmara de
Tesouro Nacional. para a concessão de assistência finan-
Comércio Exterior – CAMEX,
é presidido pelo Secretário- ceira às exportações e para a prestação
Executivo do Ministério da de garantia da União, bem como para
Indústria, Comércio Exterior 3.1. ARCABOUÇO enquadrar e acompanhar as operações
e Serviços, e composto pelo
INSTITUCIONAL E do FGE (bem como do PROEX16).
Ministério da Fazenda (com dois
representantes, a Secretaria de
GOVERNANÇA
Assuntos Internacionais - SAIN, As decisões e deliberações do CO-
que assume a atribuição de O Seguro de Crédito à Exportação con- FIG são tomadas por consenso. Na
Secretaria Executiva do Comitê,
siste na garantia da União – com lastro no ausência de consenso, as operações
e a Secretaria do Tesouro
Nacional - STN), Ministério
Fundo de Garantia à Exportação (FGE), ou matérias são encaminhadas ao
das Relações Exteriores, fundo de natureza contábil, vinculado Conselho de Ministros da CAMEX,
Ministério do Planejamento, ao Ministério da Fazenda – a operações para decisão final.
Orçamento e Gestão e de crédito à exportação contra os riscos
Casa Civil da Presidência
comerciais, políticos e extraordinários • SAIN - Secretaria de Assuntos In-
da República. Participam,
sem direito a voz ou voto, o que possam afetar: ternacionais, a quem compete, por dele-
Banco do Brasil S.A., o Banco gação do Ministério da Fazenda, a con-
Nacional de Desenvolvimento • As exportações brasileiras de bens cessão de garantia do SCE, em nome da
Econômico e Social – BNDES
e serviços; União, com recursos do FGE.
e a Agência Brasileira Gestora
de Fundos Garantidores e
Garantias S.A. – ABGF. O • A produção de bens e a prestação de A SAIN tem alçada para aprovar
COFIG foi criado pelo Decreto serviços destinados à exportação; e operações de até US$ 20 milhões;
4.993/04, em substituição ao
a concessão de garantia de valor
Conselho Diretor do Fundo
de Garantia à Exportação –
• A partir de maio de 2016, as exporta- superior a esse limite deve ser apro-
CFGE e ao Comitê de Crédito ções estrangeiras de bens e serviços, que vada pelo COFIG.
às Exportações – CCEX. estejam associadas a exportações brasi- A SAIN emite promessa de garantia
seguro de crédito à exportação 45

de cobertura e o certificado de ga- 3.2. COBERTURA DO SEGURO


rantia de cobertura, e providencia DE CRÉDITO À EXPORTAÇÃO
pedidos de indenização referentes
ao seguro de crédito à exportação A garantia do FGE tem como foco o   A ABGF deverá ainda
17

administrar e gerir fundo


de todas as operações garantidas financiamento às exportações brasileiras
garantidor, a ser constituído
pelo FGE. concedido por instituições financeiras pela União, para cobertura de
O trabalho jurídico associado à ges- públicas ou privadas, brasileiras ou es- riscos relacionados a projetos
tão do FGE, inclusive o desenho trangeiras, sem pré-restrições de bens de infraestrutura de grande
vulto constantes do Programa
de novos produtos, é desenvolvido ou serviços ou quanto ao país do im-
de Aceleração do Crescimento –
pela Procuradoria Geral da Fazenda portador. Não há exigência de conteúdo PAC; projetos de financiamento à
Nacional (PGFN). nacional mínimo. construção naval; operações de
A garantia da União para operações crédito para o setor de aviação
 •  ABGF - Agência Brasileira Gestora de crédito à exportação cobre: civil; projetos resultantes de
parcerias público-privadas na
de Fundos Garantidores e Garantias S.A.,
forma da Lei 11.079/04, inclusive
empresa pública contratada pela União  •  Riscos comerciais de financiamento os organizados por Estados ou
para: estruturação, análise e gestão de com prazo superior a dois anos18; pelo Distrito Federal; outros
risco e acompanhamento das operações programas estratégicos ligados
a operações de infraestrutura
de seguro de crédito à exportação e de  •  Riscos políticos e extraordinários
definidos por ato do Poder
recuperação de créditos sinistrados. para qualquer prazo de financiamento19; Executivo; realização da
Copa das Confederações FIFA
A ABGF, criada em 2012, assumiu  •  Riscos comerciais, políticos e extra- 2013, da Copa do Mundo FIFA
2014, e dos Jogos Olímpicos e
funções que eram desempenhadas, ordinários para micro, pequenas e mé-
Paraolímpicos de 2016, e demais
desde 1997, pela Seguradora Brasilei- dias empresas (MPME) em operações de eventos conexos; e projetos
ra de Crédito à Exportação (SBCE), até dois anos; de construção de eclusas ou
constituída inicialmente por bancos de outros dispositivos de
públicos e privados e pela Coface  •  Risco de adiantamento de recur- transposição de níveis. Nesse
contexto, a lei que criou a
(Compagnie Française d’Assurance pour sos e de performance para o setor de
ABGF previu a constituição
le Commerce Extérieur). defesa e para produtos agrícolas be- de um Fundo Garantidor
A ABGF tem, no entanto, outras neficiados por cotas tarifárias para de Infraestrutura - FGIE,
atribuições, além das relacionadas à mercados preferenciais; e efetivado em 2014, que tem por
objeto oferecer as garantias
concessão de garantia contra os riscos
complementares necessárias
do crédito às exportações, como a  •  Riscos de obrigações contratuais para os financiamentos de
concessão de garantias contra riscos sob a forma de garantia de execução, infraestrutura do País. O FGIE
de crédito em operações de financia- garantia de reembolso de adiantamen- está sendo capitalizado por meio
da transferência da totalidade
mentos: habitacionais; de aquisição to de recursos e garantia de termos e
das cotas do Fundo Garantidor
de máquinas e implementos agrícolas; condições de oferta, para operações de Parcerias Público-Privadas
de microempreendedores individuais de bens de capital ou de serviços das – FGP (com valor aproximado
e de autônomos; de micro, pequenas indústrias do setor de defesa e de de R$ 21,4 milhões). A lei previu
e médias empresas; e de estudantes17. produtos agrícolas e pecuários (ou ainda a constituição pela ABGF,
ao lado do FCE, de outro fundo
seus derivados), cujo produtor seja
para garantir riscos associados
 •  BNDES, a quem compete a gestão e beneficiário de cotas tarifárias para às exportações; esse fundo
o controle contábil e financeiro do FGE. mercados preferenciais20. será abordado adiante.
46 seguro de crédito à exportação

As diversas modalidades de garan- crédito a exportações garantidas pelas


tias relativas ao risco comercial dispo- instituições indicadas, sendo permiti-
nibilizadas pelo FGE são apresentadas do, nesse caso, a adesão às condições de
no Anexo 2. cobertura ou de garantia praticadas por
A garantia a operações de médio e essas instituições;
longo prazo (com prazos de financia-
mento superiores a dois anos), estão  •  Operações compostas por exporta-
associadas basicamente à exportação ções nacionais e estrangeiras de bens
de bens de capital e/ou de serviços. As e serviços, desde que a operação seja
operações de seguro de crédito à expor- beneficiária de cobertura equivalente,
18
  O FGE pode prover
tação que requerem mecanismos mais emitida pelas instituições indicadas, na
cobertura contra riscos
comerciais, com qualquer sofisticados para mitigação de riscos, en- proporção das exportações estrangeiras
prazo de financiamento, volvendo operações estruturadas, con- de bens e serviços que tenham sido objeto
quando houver centram-se nos setores de infraestrutura, da garantia de cobertura da União.
compartilhamento de
energia elétrica, petróleo e gás, etanol,
risco com instituições
financeiras e seguradoras,
aeronáutico, automotivo e telecomuni-
e a cobertura da União na cações21. A estrutura mais utilizada é a 3.3. RECURSOS PARA SEGURO
operação for inferior ao securitização de recebíveis, onde os re- DE CRÉDITO À EXPORTAÇÃO E
montante da parte privada.
cursos provenientes de vendas domésti- SEUS LIMITES.
O SCE dispõe de um
produto específico para
cas ou de exportações do importador são
cobertura de risco político dados como garantia para o pagamento O FGE tem como fonte de recursos os
e extraordinário em das parcelas do financiamento. dividendos e o produto da alienação de
operações de exportação No tocante às exportações de bens e ações; o resultado de suas aplicações fi-
com prazo inferior a dois
serviços associadas ao setor de defesa, a nanceiras; as comissões decorrentes da
anos. A SAIN busca parcerias
com seguradoras privadas cobertura do FGE está voltada, no caso prestação de garantia; e dotações do Or-
para fazer cosseguro das operações de pré-embarque, para as çamento Geral da União. O patrimônio
nesse tipo de operação: a emissões de garantias interbancárias de líquido do FGE, em 31/12/2015, era de
seguradora cobriria o risco
Performance Bond, Bid Bond e Advanced R$ 23,2 bilhões, correspondente a US$
comercial da operação,
enquanto o Ministério da
Payment Bond22. 5,9 bilhões à taxa de câmbio de R$ 3,90
Fazenda cobriria o risco Desde maio de 2016, a União está registrada naquela data23.
político e extraordinário. autorizada a compartilhar – com agên- A possiblidade de expansão das ga-
cias de crédito à exportação estrangeiras, rantias concedidas pelo FGE está limi-
19
  O SCE dispõe de um
produto específico para
seguradoras, resseguradoras, institui- tada, no curto prazo, pela alavancagem
cobertura de risco político ções financeiras e organismos interna- máxima sobre o patrimônio líquido
e extraordinário em cionais – o risco de crédito às expor- autorizado por regra prudencial. O Re-
operações de exportação tações estrangeiras de bens e serviços, latório de Gestão do FGE de 2015 esta-
com prazo inferior a dois
que estejam associadas a exportações belece uma alavancagem máxima de sete
anos. A SAIN busca parcerias
com seguradoras privadas brasileiras de bens e serviços, ou conte- vezes o patrimônio líquido. A médio e
para fazer cosseguro nham componentes produzidos ou ser- longo prazo, a expansão das garantias
nesse tipo de operação: a viços prestados por empresas brasileiras. concedidas depende da disposição e pos-
seguradora cobriria o risco
Esse compartilhamento poderá ocorrer sibilidade da União de aportar recursos
comercial da operação,
enquanto o Ministério da
quando envolver: orçamentários ao FGE. Vale dizer: fica
Fazenda cobriria o risco  •  Exportações brasileiras de bens e condicionada, antes de tudo, pela situa-
político e extraordinário. serviços que componham operações de ção fiscal da União.
seguro de crédito à exportação 47

Por outro lado, a expansão das ga- e sua destinação ao Fundo se dá por meio
rantias concedidas pelo FGE tem ainda de dotação específica do Orçamento da
  O texto original da lei
20
outro limite, a relação máxima entre o Geral da União. Além disso, a libera-
previa a cobertura de riscos
saldo das garantias concedidas pela União ção dos recursos orçados nem sempre de obrigações contratuais
e a sua receita corrente líquida definida é imediata. “para operações de bens e de
pelo Senado Federal – a Resolução 48, Registre-se, por fim, uma fonte de serviços”, sem qualificação.
Redação introduzida em 2014
de 2007, fixou esse limite em 60%. Esse recursos para o seguro às exportações
restringiu a cobertura para
limite não tem constituído uma restrição, alternativa ao FGE. A Lei 12.712/12, “bens e serviços das indústrias
embora o percentual observado tenha que cria a ABGF, autoriza a União a do setor de defesa”. Alterações
se elevado de um patamar da ordem de participar, na qualidade de cotista, no posteriores estenderam a
cobertura aos produtos agrícolas
20% no início dessa década para 45% no limite total de R$ 14 bilhões, de fundo,
(em 2015), e aos derivados
final de 2015 – havia então espaço para a ser constituído pela ABGF, com fi- dos produtos agrícolas e aos
um aumento de cerca de R$ 100 bilhões nalidade de garantir os mesmos riscos produtos pecuários e seus
das garantias concedidas pela União24. associados às operações de exportação derivados (em 2016), quando
Cabe ter presente, no entanto, que cobertas pelo FGE. O fundo, no entan- beneficiados por cotas tarifárias
para mercados preferenciais.
esse cálculo leva em consideração, no to, terá natureza privada e patrimônio
caso do FGE, apenas a parcela já desem- próprio e não contará com qualquer   No tocante à garantia de
21

bolsada dos Certificados de Garantia de tipo de garantia ou aval por parte do crédito para a exportação
Cobertura25; o comprometimento dos poder público, respondendo por suas da indústria aeronáutica, as
operações do FGE observam o
recursos do FGE, no entanto, envolve obrigações até o limite dos bens e di-
Aircraft Sector Understanding
também a parcela desses Certificados reitos integrantes do seu patrimônio. – ASU, negociado no âmbito da
que ainda não foi desembolsada, bem Esse fundo não foi ainda constituído. OECD, que constituiu o modelo
como as operações já aprovadas pelo específico de precificação para
essas operações. O Acordo não se
COFIG/SAIN, com a emissão de Pro-
aplica, no entanto, às aeronaves
messa de Garantia de Cobertura, mas 3.4. DESEMPENHO DO FUNDO militares ou serviços destinados
ainda sem qualquer desembolso. Essa DE GARANTIA À EXPORTAÇÃO a esses equipamentos e
parcela não computada será incorporada simuladores de voo.
ao cálculo requerido pela Resolução 48 O saldo das garantias concedidas pelo
  Tais operações abrangem
22
no futuro próximo26. FGE entre 2010 e 2014 cresceu a uma
a aviação militar, veículos
Outra fonte de recursos para o FGE taxa anual de 14,3%, aumentando de US$ de combate, tanques,
são os prêmios ganhos na concessão de 18,2 bilhões em 2010 para US$ 31,1 bi- navios de guerra, lanchas
garantias27. O valor total acumulado lhões em 2014 (Tabela 3.1). Esse saldo patrulha, helicópteros,
mísseis e componentes,
dos prêmios até dezembro de 2015 pelo cai, no entanto, para US$ 28,4 bilhões
munições, radares, serviços
conceito de competência foi de US$ 1,8 em 2015, ou uma queda de 8,7%. Essa e pacotes logísticos.
bilhão, dos quais US$ 1,1 bilhão já foi trajetória reflete a evolução do volume
efetivamente arrecadado pelo FGE. A de operações aprovadas anualmente, que   Ministério da Fazenda.
23

Relatório de Gestão do Fundo de


parcela já vencida desse total resultou em pára de crescer em 2013 e cai 50% no bi-
Garantia à Exportação de 2015.
US$ 520 milhões de prêmios ganhos. O ênio 2014/2015. A redução da demanda
exercício de 2015 contribuiu com US$ por garantia do FGE reflete a diminuição   A maior parcela das
24

75,5 milhões de prêmios arrecadados e da exportação dos bens e serviços passí- garantias concedidas pela
US$ 113 milhões de prêmios ganhos. veis de cobertura pelo fundo. União cobre operações de
financiamento interno e
Cabe notar que os prêmios arrecadados O número de países de destinos das
externo de estados e municípios
não são disponibilizados diretamente ao exportações de bens e serviços cujos (2/3 do total); a parcela
FGE, uma vez que são receitas da União financiamentos foram garantidos pelo referente ao FGE é de 15%.
48 seguro de crédito à exportação

FGE aumentou de 24 para 37 entre 2010 e 2015. A distribuição do valor da ex-


posição vigente dessas garantias entre esses países está indicada na Tabela 3.2,
que evidencia uma concentração nos países de risco mais elevados, sugerindo um
processo de seleção adversa.

Tabela 3.1. Evolução das garantias concedidas pelo Fundo de Garantias à Exportação
Tabela 3.1. Evolução das garantias concedidas pelo
2010-2015
Fundo de Garantidas à Exportação ‒ 2010-2015

OPERAÇÕES
GARANTIAS APROVADAS
NO ANO
US$ BILHÕES 1 OPERAÇÕES DEVEDORES PAÍSES US$ BILHÕES

2010 18,2 180 80 24 6,3

2011 23,0 205 92 27 8,3

2012 25,6 303 158 30 9,0

2013 29,8 320 154 32 9,1

2014 31,1 349 156 35 7,3

2015 28,4 388 171 37 4,6

  No caso do financiamento
25
Fontes: Ministério da Fazenda. Fundo de Garantia à Exportação. Relatório de Gestão, vários anos.
de uma exportação do Nota: 1 Corresponde ao Valor da Exposição Vigente Total que compreende: (i) as garantias concedidas
setor de serviços cujo nas operações já concretizadas em Certificados de Coberturas; e (ii) as operações aprovadas pelo
desembolso ocorra ao longo COFIG/SAIN que já foram objeto da emissão de Promessa de Garantia,
de um período, o cálculo mas ainda não geraram desembolsos.
computa apenas a parcela
efetivamente desembolsada
até a data de referência do
cálculo e não o valor total O BNDES é o principal beneficiário das garantias concedidas pelo FGE (95% do
da garantia aprovada. valor total), cabendo a parcela restante ao Banco do Brasil (operações financiadas
com recursos do PROEX) e a bancos internacionais implantados no Brasil.
26 
Essa parcela não
computada era da Do ponto de vista setorial, a exportação de bens e serviços associados à infraes-
ordem de US$ 17 bilhões trutura absorveu cerca de 65% das garantias; as exportações da indústria aeronáutica,
no final de 2015. cerca de 20%. No tocante às MPMEs, o FGE só começou a operar em maio de 2015,
de modo que as garantias concedidas a essa operações correspondem hoje a menos
27
 O prêmio ganho
corresponde à parcela do de 5%, e compreendem apenas financiamentos pós-embarque28.
valor recebido pelo FGE
devido à contratação da
cobertura da operação
3.5. PROBLEMAS E RECOMENDAÇÕES
(o prêmio arrecadado)
cujo risco já foi liquidado
ou incorrido. A parcela A estrutura institucional e de governança do SCE é complexa, fragmentando o
do prêmio restante fica fluxo operacional e o processo de decisão, e envolvendo a administração direta do
reservada como provisão, Governo Federal. Esse modelo de gestão do SCE tem como consequências prazos
a qual é liberada à medida
longos até a emissão do Certificado de Garantia de Cobertura, e falta de flexibili-
que parte do risco é extinta.
dade na definição de novos produtos e na estruturação das operações, afetando a
28
Informações da ABGF. competitividade das empresas exportadoras.
seguro de crédito à exportação 49

Tabela 3.2. Distribuição percentual do valor


do saldo das garantias concedidas pelo Fundo
de Garantias à Exposição, segundo países
2014 e 2015 1 (Percentagem)

PAÍSES 2014 2015

Estados Unidos 17,1 17,7

Argentina 18,5 16,7

Venezuela 13,0 16,5

Angola 15,7 14,8

República Dominicana 7,8 7,9

Gana 3,6 5,4

Cuba 4,7 4,9

Moçambique 2,2 1,9

Outros 17,4 14,2

Total 100,0 100,0

Fontes: Fonte: Ministério da Fazenda. Fundo de Garantia à


Exportação. Relatório de Gestão 2014 e 2015.

Nota: 1 Corresponde ao Valor da Exposição Vigente Total


que compreende: (i) as garantias concedidas nas operações
já concretizadas em Certificados de Coberturas; e (ii) as
operações aprovadas pelo COFIG/SAIN que já foram objeto
da emissão de Promessa de Garantia, mas ainda não
geraram desembolsos.

Essa estrutura complexa teve origem na segunda metade da década de noven-


ta, quando se atribuiu a operação do FGE a uma empresa privada – a Seguradora
Brasileira do Crédito à Exportação (SBCE) – que tinha uma empresa estrangeira
como sócio principal e detentor do know-how requerido para sua operação. Nesse
contexto, o papel então atribuído ao Conselho Diretor do Fundo de Garantia à
Exportação – CFGE (e, posteriormente, assumido pelo COFIG) e à sua Secretaria
Executiva (inicialmente exercida pela Secretaria do Tesouro Nacional - STN e,
em seguida, pela SAIN) decorria do entendimento da necessidade de manter, sob
controle do poder público, a utilização dos recursos disponibilizados pelo Tesouro
Nacional para o FGE.
50 seguro de crédito à exportação

Hoje, a gestão operacional do SCE


lastreado no FGE está a cargo de uma
empresa pública, cuja equipe técnica
(formada na SBCE) detém a expertise
requerida para sua operação.
Não há mais razão, portanto, para que:

 •  a SAIN – um órgão da Administração


Direta, subordinado diretamente ao Mi-
nistro da Fazenda, com a função de tratar
de questões envolvendo o relacionamen-
to do Brasil com os demais países, blocos
RECOMENDAÇÕES econômicos e organismos internacionais
e prestar assessoria técnica em assuntos
Estruturação da ACE responsável pela relativos à economia internacional – te-
gestão do SCE como uma entidade au- nha participação no processo decisório
tônoma do ponto de vista operacional, relativo à concessão de garantias a ope-
sendo necessário, portanto, que: O CO-
rações de crédito à exportação;
FIG, como órgão integrante da CAMEX,
estabeleça as diretrizes relativas à ges-
tão do FGE e supervisione a atuação da  •  o trabalho jurídico associado ao SCE,
ABGF; A ABGF assuma plenamente a inclusive o desenho de novos produtos,
gestão do SCE, absorvendo as funções seja realizado pela PGFN;
atualmente desempenhadas pela SAIN;
A atribuição exercida hoje pelo COFIG  •  o COFIG tenha participação direta
de aprovar operações de valor mais ele-
no processo decisório relativo a opera-
vado seja assumida pelo Conselho de
ções de seguro de crédito à exportação,
Administração da ABGF, composto por
representantes da União, mas constitu- assumindo a responsabilidade pela apro-
ído como parte integrante da estrutura vação de operações de valor superior a
de governança da empresa – essa é, US$ 20 milhões, sem se envolver em
aliás, a estrutura de governança dos decisões operacionais.
banco públicos.

Contudo, para que a ABGF venha a


A gestão do SCE deve estar a cargo de
exercer com eficiência a gestão plena do
uma agência que tenha como foco as
demandas de garantias derivadas da SCE, essa transferência de responsabili-
articulação do setor produtivo brasilei- dades relativas a gestão do FGE para a
ro com a economia mundial, cabendo, agência deve ser acompanhada da revisão
portanto, promover: Cisão da ABGF da sua extensa lista de atribuições.
para constituir uma empresa focada
no SCE (eventualmente trazendo junto
 •  A lei que a criou a ABGF definiu
na cisão a gestão do Fundo Garantidor
como suas atribuições, além da SCE,
de Infraestrutura – FGIE); Incorporar,
às atribuições dessa agência, a conces- a cobertura de riscos do financiamen-
são de garantia de riscos associados to à infraestrutura do país, do crédito
ao investimento direto no exterior de habitacional (inclusive o de morte e
empresas brasileiras. invalidez permanente do mutuário e o
seguro de crédito à exportação 51

de danos físicos ao imóvel), do crédito -embarque contratadas. Ressalte-se, em


às MPMEs, do crédito educativo e do particular, que uma das razões para a
crédito à aquisição de máquinas e im- baixa participação de bancos comerciais
plementos agrícolas. é a utilização, pela ABGF, da apólice de
seguro com cláusulas de condicionalida-
 •  Essas operações de seguro, à exceção de, ao invés da garantia incondicional
das relativas ao financiamento à infraes- crescentemente adotada pelo mercado
trutura, não têm relação nem apresentam segurador privado e pelas principais
sinergias com o SCE. De resto, são riscos ACEs dos países desenvolvidos.
associados a operações de varejo, de larga
escala, cuja gestão é intensiva em recurso
humanos e institucionais.

 •  Hoje, a ABGF opera basicamente o


SCE, com um quadro de menos de 50
técnicos. A plena operação da ABGF com
todas as linhas de crédito previstas fará
o SCE soçobrar dentro da instituição.

Outra limitação da gestão do SCE


a ser superada no novo cenário propi-
ciado pela reformulação do modelo de
gestão do SCE é o reduzido portfolio
de produtos da ABGF, menor do que o
de outras agências de crédito as expor-
tações. Essa característica resulta, em
boa medida, da falta de autonomia da
agência na estruturação das operações,
bem como na ausência de autorização
legal para a participação do FGE em ope-
rações de co-garantia, que têm, aliás, se RECOMENDAÇÕES
disseminado no mercado mundial. Essa
autorização foi recentemente estabele-
PARA A ABGF
cida pela Lei 13.292/16.
Implementação de política voltada para
Por outro lado, as operações da AB- a expansão de suas operações com os
GF apresentam excessiva concentra- bancos comerciais, visando a redução
ção do ponto de vista das instituições da excessiva concentração do valor se-
financeiras seguradas (o BNDES res- gurado pela agência do ponto de vista
ponde por 95% do valor segurado) – a das instituições financeiras seguradas;
E, como parte dessa política, substitui-
concentração setorial e a referente às
ção, nas operações do FGE, da apólice
empresas exportadoras contempladas
de seguro com cláusulas de condicio-
também é muito elevada, mas nesse caso nalidade, uma das razões para a baixa
é apenas um reflexo da concentração participação de bancos comerciais,
das operações de financiamento pós- pela apólice de garantia incondicional.
52
53

4. FINANCIAMENTO AO
INVESTIMENTO DE
EMPRESAS BRASILEIRAS
NO EXTERIOR
54 financiamento ao investimento de empresas brasileiras no exterior

O BNDES dispõe, desde meados da Marfrig (R$ 3,5 bilhões) e Bertin (R$
década passada, de programa de Finan- 2,5 bilhões)30.
ciamento de Investimento de Empresas
Nacionais no Exterior – FINEM Inter- Nesse contexto, a participação do
nacionalização – que financia a aquisição, BNDES no financiamento do investi-
implantação, ampliação ou moderniza- mento no exterior, de modo geral, não
ção de unidades produtivas no exterior, chega a ser considerada pelo investidor
bem como a participação societária em potencial no seu processo de decisão.
empresas estrangeiras29. As condições Em alguns casos, essa possibilidade foi
do financiamento desse programa estão examinada e descartada no início do
apresentadas no Anexo 3. processo.
O programa realizou um número Por outro lado, as empresas de maior
muito reduzido de operações em seus 15 porte não têm tido maiores dificuldades
anos de existência, em virtude do custo em obter financiamento no mercado in-
elevado do financiamento oferecido – ternacional para viabilizar a realização de
que corresponde ao custo de captação seus investimentos fora do Brasil. Essas
no mercado internacional, que reflete o empresas têm contado, em particular,
risco Brasil, acrescido das taxa do BN- com o apoio das instituições financeiras
DES, que inclui o prêmio de risco da internacionais com as quais já operam
operação (atualmente, essa taxa varia no Brasil ou às quais já recorreram no
entre 1,9% e 5,68% ao ano, no caso de exterior em função de suas atividades de
empresas médias-grandes e grandes). Es- exportação ou de captação de recursos no
se encargo financeiro tem sido conside- mercado internacional, bem como com
rado não competitivo pelos investidores o apoio de instituições de fomento do
potenciais. país hospedeiro. No tocante à captação
29
Mais recentemente, foi Assim, a participação do BNDES no de capital de giro para a subsidiária já em
criado também o BNDES financiamento de empresas brasileiras operação, a empresa obtém ainda recur-
ProBK - consolidação no exterior tem ocorrido apenas: sos junto aos grandes bancos comerciais
e internacionalização,
brasileiros e ao sistema bancário local.
que financia projetos de
investimento de empresas
(i) de forma não explícita, quando As empresas de menor porte, no
de bens de capital no concede à empresa um pacote de fi- entanto, encontram maiores dificulda-
Brasil e no exterior. nanciamento para suas atividades no des para acessar fontes internacionais
Brasil que compreende, de alguma de financiamento e incorrem em custos
30
Acessível em: http://www.
forma, recursos que serão utiliza- de captação mais elevados, que podem
bndes.gov.br/wps/portal/
site/home/transparencia/ dos no funding de investimento no mesmo inviabilizar a realização do in-
centraldedownloads/ exterior ou vestimento.
Central%20de%20 (ii) nos casos em que o banco partici- A redução do custo de financiamento
Downloads.
pa do capital social da emp resa bra- do FINEM Internacionalização reque-
sileira — o BNDES dispendeu, entre reria a concessão pela União de algum
2007 e 2010, R$ 11,7 bilhões com o subsídio ao programa (por exemplo, por
objetivo predominante de apoiar o meio do mecanismo de equalização da ta-
processo de internacionalização de xa de juros) ou pela alocação ao programa
seis empresas, sendo 93,5% do total de parcela dos recursos do FAT captados
destinados a JBS (R$ 4,5 bilhões), pelo BNDES – duas alternativas que não
55

parecem viáveis a curto e médio prazo.


As dificuldades de financiamento das RECOMENDAÇÕES
empresas de menor porte no mercado
internacional e seu custo elevado podem, Aprovação de mudança da legislação vi-
no entanto, ser mitigadas se o risco da gente para introduzir autorização legal
para que o FGE possa conceder garantia
operação de financiamento for assumido
de riscos associados ao investimento
pela União, diretamente mediante garan-
direto no exterior de empresas brasilei-
tia do FGE, ou mesmo indiretamente, ras, até hoje não contemplada no Brasil;
com o aval do BNDES à operação. Desenvolvimento e implementação,
Por outro lado, como se viu, a quase pela ABGF, de instrumentos para a con-
totalidade das ACEs oferece à empresa cessão pelo FGE de garantia contra o
do seu país que investe no exterior ga- risco político do investimento direto
de empresas brasileiras no exterior; De-
rantia contra o risco político do país em
senvolvimento e implementação, pela
que investiu. É importante que também
ABGF e pelo BNDES, de mecanismos
o FGE ofereça, à empresa brasileira que para concessão de garantias às empre-
investe no exterior, garantia contra risco sas brasileiras que investem no exterior
político com cobertura contra desapro- em suas operações de financiamento
priação ou confisco de ativos, restrições à no mercado financeiro internacional ou
transferência de recursos para o exterior, no sistema financeiro local do país de
destino do investimento, de modo a via-
quebras de contratos governamentais,
bilizar o acesso das empresas de menor
guerra e guerra civil.
porte a essas fontes de financiamento e
Observe-se, no entanto, que não a reduzir o seu custo de captação.
existe hoje, na legislação vigente, previ-
são legal para que o FGE ofereça garan-
tias a investimentos de empresas brasi-
leiras no exterior.
56
57

5. RECOMENDAÇÕES:
UMA CONSOLIDAÇÃO
58 recomendações: uma consolidação

Esta seção consolida as recomenda- 5.2. ARCABOUÇO


ções para o aprimoramento da política INSTITUCIONAL E
governamental de financiamento às ex- GOVERNANÇA
portações e aos investimentos brasileiros
no exterior apresentadas ao longo desse • Financiamento à exportação
trabalho.
Transferência das atividades de fi-
Essas recomendações dizem respeito: nanciamento às exportações a uma
subsidiária do BNDES dotada de
(i) ao funding da participação go- autonomia técnica e de processo
vernamental no financiamento à de decisão próprio, mas integrada
exportação; do ponto de vista administrativo e
(ii) ao arcabouço institucional e à operacional à estrutura do banco.
governança das agências governa- No futuro, em um contexto político
mentais; e e econômico mais favorável, cabe
(iii) ao desenho dos instrumentos de considerar a alternativa de trans-
financiamento utilizados e à gestão formar essa subsidiária em uma
operacional das instituições. empresa independente.
Atribuição à subsidiária do BNDES
responsável pelo financiamento à
5.1. FUNDING DA exportação, aqui proposta, de auto-
PARTICIPAÇÃO nomia para construir processo de
GOVERNAMENTAL NO aprovação, documentação e avalia-
FINANCIAMENTO À ção próprio, diferenciado das normas
EXPORTAÇÃO. gerais do banco, que considere as es-
pecificidades desse financiamento.
• Firme comprometimento do Go- Reformulação da governança do
verno Federal com a regularidade do PROEX, conferindo maior auto-
fluxo de recursos do PROEX Equaliza- nomia ao Banco do Brasil no pro-
ção e Financiamento disponibilizado cesso de aprovação das operações
ao longo do ano para a aprovação de de financiamento e de equalização,
novas operações. de modo a torná-lo mais eficaz e
eficiente, para tanto:
• Criação de mecanismo que permita
a realocação, no decorrer do exercício — formatando o PROEX Financiamen-
orçamentário, de eventuais sobras de re- to como um produto financeiro que con-
cursos de um dos programas do PROEX tenha critérios objetivos para seu acesso,
para o outro. a serem observados pelo Banco do Brasil;

• Retomada pelo BNDES da captação — definindo também critérios mais


no exterior para ampliar sua capacidade objetivos de habilitação e utilização do
de financiamento às exportações. PROEX Equalização que automatizem,
recomendações: uma consolidação 59

tanto quanto possível, o processo de de- brasileiro com a economia mundial.


cisão do Banco do Brasil; e É necessário, portanto:

—  reservando-se ao COFIG, como ór- —  cisão da ABGF para constituir uma


gão integrante da CAMEX, a compe- empresa focada no SCE (eventualmente
tência para estabelecer as diretrizes e os trazendo junto na cisão a gestão do Fun-
critérios de habilitação e comprovação a do Garantidor de Infraestrutura – FGIE);
serem observados na gestão do PROEX;
para decidir sobre eventuais operações —  incorporar, às atribuições dessa agên-
que não se enquadram nos critérios esta- cia, a concessão de garantia de riscos
belecidos; e para supervisionar a atuação associados ao investimento direto no
do agente financeiro. exterior de empresas brasileiras.

  •  Seguro de crédito à exportação
5.3. DESENHO DOS
Estruturação da ACE responsável INSTRUMENTOS E GESTÃO
pela gestão do SCE como uma en- OPERACIONAL
tidade autônoma do ponto de vista
operacional, sendo necessário, por-   •  Financiamento à exportação
tanto, que:
Atuação do BNDES, em conjunto
—  o COFIG, como órgão integrante da com a ABGF e com os gestores do
CAMEX, estabeleça as diretrizes rela- PROEX Equalização, para:
tivas à gestão do FGE e supervisione a
atuação da ABGF; —  desenvolver uma política proativa de
captura de clientes, ampliando o núme-
—  a ABGF assuma plenamente a gestão ro de produtos oferecidos e conferindo
do SCE, absorvendo as funções atual- especial atenção às operações estrutu-
mente desempenhadas pela SAIN; radas e de co-financiamento, tendo em
vista viabilizar a participação dos ex-
—  a atribuição exercida hoje pelo CO- portadores brasileiros em operações de
FIG, de aprovar operações de valor mais multi-sourcing e de aquisições de bens
elevado, seja assumida pelo Conselho de de capital de diversos países; e
Administração da ABGF, composto por
representantes da União, mas constitu- —  identificar mecanismos para atrair
ído como parte integrante da estrutura e incorporar os bancos comerciais ao
de governança da empresa – essa é, ali- financiamento às exportações a médio
ás, a estrutura de governança dos banco e longo prazo, passando da condição de
públicos. mandatárias à de garantidoras nas ope-
rações do BNDES Exim pós embarque,
A gestão do SCE deve estar a cargo e recorrendo ao PROEX Equalização.
de uma agência que tenha como foco
as demandas de garantias derivadas   •  Revisão dos procedimentos adotados
da articulação do setor produtivo na tramitação dos pedidos de financia-
60 recomendações: uma consolidação

mento do BNDES Exim pós-embarque e de e co-seguro às exportações.


concessão de garantia do FGE, tendo em vista Definição e, quando autorizada, imple-
reduzir o tempo dispendido na sua aprovação, mentação, pela ABGF, de diretrizes e ins-
contemplando-se em particular: trumentos para a concessão de garantia do
investimento direto de empresas brasileiras
—  padronização dos modelos de documentos no exterior.
para desembolso de créditos (autorizações de Implementação, pela ABGF, de política vol-
desembolso, quadros de avanço físico, relatórios tada para a expansão de suas operações com
de auditoria, faturas); os bancos comerciais, visando à redução da
excessiva concentração do valor segurado
—  admissão de documentos sob a forma exclu- pela agência do ponto de vista das institui-
sivamente eletrônica; e ções financeiras seguradas; e, como parte
dessa política.
—  maior delegação de responsabilidades quanto Substituição, nas operações do FGE, da apó-
à conferência de documentação para a libera- lice de seguro com cláusulas de condiciona-
ção de desembolsos aos bancos mandatários, lidade, uma das razões para a baixa partici-
focando-se a equipe do BNDES na fiscalização pação de bancos comerciais, pela apólice de
do trabalho executado e dos efeitos do financia- garantia incondicional.
mento sobre as exportações.
  •  Financiamento ao investimento de empresas
Revisão da exigência de índice de naciona- brasileiras no exterior
lização em peso e dos impactos da variação
cambial sobre o índice em valor; e aceitação, Aprovação de mudança da legislação vigente pa-
no caso de produtos destinados à indústria ra introduzir autorização legal para que o FGE
de óleo e gás, dos indicadores de conteúdo possa conceder garantia de riscos associados ao
local aferidos pela metodologia da ANP. investimento direto no exterior de empresas
Revisão do tratamento e critérios diferencia- brasileiras, até hoje não contemplada no Brasil.
dos hoje adotados para o enquadramento e Desenvolvimento e implementação, pela AB-
aprovação de operações de exportação intra- GF, de instrumentos para a concessão pelo
company no âmbito do PROEX Equalização. FGE de garantia contra o risco político do in-
Revisão das alterações introduzidas em vestimento direto de empresas brasileiras no
2015 nos percentuais de equalização ob- exterior.
servados no PROEX Equalização. Desenvolvimento e implementação, pela ABGF
e pelo BNDES, de mecanismos para conces-
  •  Seguro de crédito à exportação são de garantias às empresas brasileiras que
investem no exterior em suas operações de
Ampliação, pela ABGF, de seu portfolio de financiamento no mercado financeiro interna-
produtos, e conferir maior atenção ao de- cional, ou no sistema financeiro local do país de
senvolvimento de operações estruturadas. destino do investimento, de modo a viabilizar
Implementação, pela ABGF, de uma polí- o acesso das empresas de menor porte a essas
tica de parcerias com agências de crédito à fontes de financiamento e a reduzir o seu custo
exportação de outros países e com segura- de captação.
doras privadas no âmbito do desenvolvi-
mento de operações de co-financiamento
referências bibliográficas 61

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Berne Union Yearbook 2015. (2015) Berne Union - International Union of Credit & Invest-
ment Insurers. Disponível em http://www.berneunion.org/wp-content/uploads/2015/12/
Berne-Union-YearBook-2015.pdf

Henrique A. Ávila, Fabrício B. Catermol Cunha e Augusto C.A. e Mello Dias. (2015). Finan-
ciamento ao comércio exterior: o desafio da inovação e implicações para o caso brasileiro,
Revista Brasileira de Comércio Exterior, no 127, julho/setembro, pp. 18/35. Rio de
Janeiro: Funcex.

ICC Trade Register Report 2015. Global risks in trade finance. (2015) ICC Banking
Commission. Dezembro.

Report to the U.S. Congress on Global Export Credit Competition [2015 EXIM
Competitiveness Report]. (2016) Export-Import Bank of the United States. Jun. Disponível
em: http://www.exim.gov/sites/default/files/reports/2015EXIMCompetitiveReportFI-
NAL-v3.3.pdf

Report to the U.S. Congress on Global Export Credit Competition [2014 EXIM Com-
petitiveness Report]. (2015) Export-Import Bank of the United States. Jun. Disponível em:
http://www.exim.gov/sites/default/files/reports/EXIM%202014CompetReport_0611.pdf

  •  Para referências relativas às Agências de Crédito às Exportações, vide Anexo 4.


62
63

ANEXOS
64 anexos

ANEXO 1. LINHAS DE da mercadoria ou da prestação do


FINANCIAMENTO ÀS serviço, a empresas domiciliadas no
EXPORTAÇÕES Brasil ou no exterior, inclusive filiais
e subsidiárias de empresas brasileiras
em outros países (offshores). Alter-
A) PRÉ-EMBARQUE nativamente, pagamento antecipado
do importador ao exportador, carac-
  •  Adiantamento sobre Contrato de terizando uma dívida de natureza co-
Câmbio – ACC mercial, sem necessidade de remessas
Descrição: antecipação ao exporta- financeiras futuras.
dor, por conta de uma exportação Financiador e fonte dos recursos:
futura, do contravalor em reais de banco comercial com recursos capta-
um determinado valor em moeda dos no exterior; operação registrada
estrangeira conversível, com o com- no exterior.
promisso de pagamento do mesmo Prazo: não há limite de prazo para
valor em moeda estrangeira no prazo o recebimento antecipado antes do
determinado. embarque das mercadorias; caso o
Financiador e fonte dos recursos: pagamento antecipado ocorra acima
banco brasileiro, com recursos cap- de 360 dias antes do embarque, ha-
tados no exterior. verá necessidade de registro junto ao
Prazo: máximo de 360 dias. Bacen (RDE - Registro Declaratório
Custo do financiamento: taxa de Eletrônico no módulo ROF – Regis-
juros internacional, isenção de IOF. tro de Operação Financeira); o prazo
médio das operações situa-se entre
  •  Variantes dois e três anos.
ACC Indireto ou ACC Insumos: Custo do financiamento: taxas de
financiamentos aos fabricantes de juros compatíveis com as praticadas
matérias primas, produtos interme- no mercado internacional.
diários e materiais de embalagem
fornecidos diretamente ao exporta-   •  Nota de Crédito à Exportação –
dor final. NCR e Cédula de Crédito à Expor-
ACC Rural: antecipação de recursos tação – CCE
em moeda nacional por conta de ex- Descrição: financiamento, em reais,
portação de produtos agropecuários a empresas exportadoras de médio e
e seus derivados, a ser realizada no grande portes, utilizando como las-
futuro. São aceitas todas as modali- tro as futuras exportações, garantido
dades de Cédula do Produtor Rural por hipoteca, penhor ou alienação
– CPR avalizadas em garantia. fiduciária (Cédula de Crédito), ou
sem garantia de direito real (Nota
  •  Pré-Pagamento de Exportação (PPE) de Crédito).
Descrição: financiamento à exporta- Financiador e fonte dos recursos:
ção em moeda estrangeira, concedido bancos comerciais.
por dependência do banco comer- Prazo: não existe limitação.
cial no exterior antes do embarque Custo do financiamento: encargos
anexos 65

prefixados ou pós-fixados com base   •  BNDES Exim Pré-embarque Em-


em CDI, com isenção de IOF. presa Âncora
Descrição: financiamento de trading
  •  BB Capital de Giro Exportação companies, comerciais exportadoras
Descrição: financiamento, em reais, ou demais empresas exportadoras
de empresas exportadoras com fatu- que participem da cadeia produtiva
ramento bruto anual a partir de R$ e que adquiram a produção de de-
10 milhões. terminado conjunto significativo de
Financiador e fonte dos recursos: micro, pequenas ou médias empresas
Banco do Brasil. visando à exportação de produtos
Prazo: negociado de acordo com as financiáveis aprovados pelo BNDES.
datas previstas para a exportação dos A linha de financiamento se baseia
produtos financiados. nas diretrizes do produto BNDES
Custo do financiamento: encargos Exim Pré-embarque.
prefixados ou pós-fixados com base
em CDI.   •  Proger Exportação
Descrição: financiamento, em reais,
  •  BNDES-EXIM – Pré-embarque a produção de bens voltados ao mer-
Descrição: financiamento à produ- cado externo disponível para empre-
ção destinada à exportação de bens sas com faturamento bruto anual até
selecionados pelo BNDES, que apre- R$ 5 milhões.
sentem índice de nacionalização re- Financiador e fonte dos recursos:
querido ou estejam enquadrados no Banco do Brasil, com recursos pro-
Processo Produtivo Básico – PPB, venientes do FAT.
tendo como contrapartida um Com- Prazo: 12 meses antes do embarque
promisso de Exportação expresso em dos bens, com carência de até 6 me-
dólar ou euros. Financia até 70% do ses.
valor das exportações. Custo do financiamento: taxas de
Financiador e fonte dos recursos: juros competitivas e alíquota zero
bancos comerciais com recursos do IOF.
administrados pelo BNDES e pro-
venientes do Fundo de Amparo ao
Trabalhador – FAT. B) PÓS-EMBARQUE
Prazo: prazo de financiamento (ca-
rência + amortização); para MPME,  • Adiantamento sobre Cambiais En-
até 30 meses; para grandes empresas: tregues – ACE
até 30 meses para máquinas indus- Descrição: antecipação, em reais,
triais do Grupo I; e até 24 meses, para de até 100% do valor da exportação,
os demais bens dos Grupos I, II e III. após o embarque da mercadoria para
Custo do financiamento: custo finan- o exterior, mediante a transferên-
ceiro (TJLP; para grandes empresas, cia ao banco comercial dos direitos
TJLP e TJFPE ou Selic) + remunera- sobre a venda a prazo, formaliza-
ção básica do BNDES + remuneração do por meio de contrato de câmbio
da instituição financeira credenciada. de compra para liquidação futura.
66 anexos

Liquidado quando pela entrada da veniência do exportador, em opera-


moeda estrangeira no país. ções que são analisadas caso a caso, e
Financiador e fonte dos recursos: podem envolver condições diferen-
bancos comerciais. ciadas; possuem custo relativo mais
Prazo: até 390 dias após o embarque elevado que a modalidade supplier’s
da mercadoria. credit, além de possuírem prazo de
Custo do financiamento: taxas de análise mais longo.
juros internacionais, com isenção Produtos financiáveis:
de IOF. (i) BNDES EXIM Pós-embarque: o
conjunto de bens definidos pelo ban-
 • Forfaiting co incluem bens de capital (Grupo
Descrição: desconto de títulos re- I), bens de consumo (Grupo II); e
presentativos de importações exter- bens especiais, que inclui automó-
nas. A operação consiste na com- veis de passeio (Grupo III). Os bens
pra por instituição financeira, com do Grupo I devem apresentar índi-
pagamento à vista, de recebíveis a ce de nacionalização que atenda os
prazo detidos pelo exportador (nota critérios definidos pelo BNDES, ou
promissória, saque ou carta de cré- estar enquadrados no Processo Pro-
dito), sem direito de regresso contra dutivo Básico – PPB; bens dos gru-
o exportador. pos II e III devem possuir índice de
Financiador e fonte dos recursos: nacionalização, em valor, calculado
bancos comerciais. de acordo com os critérios definidos
Prazo: limitado ao vencimento do pelo BNDES.
titulo; operações com prazo superior (ii) BNDES EXIM Pós-embarque
a 360 dias necessitam de emissão de Aeronaves: aeronaves e motores ae-
Registro de Operação Financeiras ronáuticos civis, bem como partes,
– ROF junto ao Banco Central do peças e serviços associados – todos
Brasil. de fabricação nacional.
Custo do financiamento: a taxa de (iii) BNDES EXIM Pós-embarque
desconto é negociada previamente serviços: São financiados um conjun-
com o cliente. to de serviços definidos pelo BNDES
(que inclui engenharia e construção
  •  BNDES EXIM Pós-embarque civil; pesquisa e desenvolvimento; e
Descrição: serviços de tecnologia da informa-
(i) Na modalidade supplier’s credit, ção), bem como os bens de fabricação
refinanciamento ao exportador, e nacional a serem utilizados e/ou in-
ocorre por meio de desconto pelo corporados ao empreendimento. Os
BNDES, de títulos ou documentos bens e serviços financiados devem
do principal e juros do financia- apresentar o índice de nacionalização
mento concedido pelo exportador requerido pelo BNDES. É também
ao importador; passível de apoio a comercialização
(ii) na modalidade buyer’s credit, fi- de serviços associados a bens elegí-
nanciamento concedido diretamente veis exportados, limitado a 30% do
à empresa importadora, com inter- valor da exportação dos bens.
anexos 67

Financiador e fonte dos recursos: e receberá os recursos, à vista, em


BNDES, havendo operações bene- reais, via agente mandatário.
ficiadas pelo Sistema de Equalização Financiador e fonte dos recursos:
do Programa de Financiamento às bancos comerciais, com recursos
Exportações – PROEX. do BNDES.
Prazo: máximo de 15 anos, sendo Prazo: até 5 anos.
exigido garantias ou seguro, defini- Custo do financiamento: LIBOR
dos na análise da operação. mais remuneração do BNDES, que
Custo do financiamento: taxa de ju- varia em função do país importa-
ros internacional, mais remuneração dor, taxa do BNDES, taxa do agente
do BNDES, taxa de risco de crédito, financeiro e remuneração do banco
comissão de administração do BN- mandatário no Brasil.
DES, remuneração do banco man-
datário e encargo por compromisso.   •  PROEX Financiamento
Garantias exigidas: Descrição:
(i) seguro de crédito à exportação Modalidade 1: financiamento direto
com cobertura do FGE ou de segu- a pequenas e médias empresas ex-
radoras autorizadas pelo BNDES; portadoras com faturamento anual
(ii) garantia bancária concedida até R$ 600 milhões, ou ao impor-
por instituição financeira no Bra- tador de seus produtos e serviços,
sil ou no exterior autorizada, in- desde que elegíveis para o programa
cluindo fiança e aval, ou endosso (Portaria MDIC 208/10); com fi-
com direito de regresso em notas nanciamento de até 100% do valor
promissórias ou letras de câmbio; da exportação, em operações com
(iii) carta de crédito emitida por prazo de até dois anos e de até 85%
instituição financeira no exte- em operações com prazo superior,
rior autorizada ou confirmada condicionado ao índice de naciona-
por instituição financeira no Bra- lização da exportação; e Modalidade
sil ou no exterior autorizadas; 2: financiamento a países, projetos
(iv) Convênio de Pagamentos e e setores com limitações de acesso
Créditos Recíprocos (CCR); e a financiamento de mercado, no
(v) outras garantias definidas na aná- âmbito de compromissos governa-
lise da operação. mentais decorrentes de negociações
bilaterais, sem restrições quanto ao
 • BNDES Exim Automático porte da empresa exportadora; as
Descrição: financiamento à expor- operações dessa modalidade estão
tação de bens de fabricação nacio- limitadas a até 25% da dotação or-
nal, mediante a abertura de linha çamentária anual do PROEX/Fi-
de crédito a instituição financeira nanciamento.
no exterior. O importador obtém Financiador e fonte dos recursos:
financiamento de instituição finan- Banco do Brasil, com recursos or-
ceira local; uma vez homologada a çamentários do Tesouro Nacional.
operação pelo BNDES, a pedido do Prazo: Modalidade 1: até dez anos,
exportador, este embarcará o bem definidos de acordo com o valor
68 anexos

da mercadoria ou a complexidade cursos: Banco do Brasil, com recursos


do serviço prestado; Modalidade orçamentários do Tesouro nacional.
2: prazo máximo do financiamento Prazo: até 15 anos.
é de 25 anos, com carência máxima Cálculo da equalização: o objetivo
de 10 semestres. do cálculo é igualar a taxa interna
Custo do financiamento: taxas de de retorno do fluxo do financiador
juros praticadas no mercado inter- com a TIR do fluxo do importador.
nacional. Exige, como garantia, aval, Esse cálculo utiliza como parâme-
fiança, carta de crédito de instituição tros a taxa do financiador, estimada
financeira de primeira linha ou se- com base em parâmetros financeiros
guro de crédito à exportação. internacionais, e o All-in do importa-
Instâncias de aprovação: Modali- dor, correspondente à taxa de juros
dade 1: o Banco do Brasil em ope- de referência internacional mais a
rações enquadradas nos dispositi- Minimum Premium Rate (MPR). O
vos regulamentares, até o valor de percentual máximo aplicável é fun-
US$ 20 milhões; exceto operações ção do prazo equalizável: até 3 anos,
do setor aeronáutico; e o COFIG: 0,6%; acima de 3 e até 6 anos, 1,1%;
em operações do setor aeronáutico acima de 6 e até 10 anos, 1,5%; e aci-
e operações de montante superior ma de 10 e até 15 anos, 2,0% (até
a US$ 20 milhões; Modalidade 2: 2015, o percentual máximo era 2,5%
o COFIG. ao ano). As parcelas de equalização
são pagas semestralmente para as ins-
  •  PROEX Equalização tituições financeiras. O pagamento
Descrição: PROEX arca com parte ao financiador ocorre por intermédio
dos encargos financeiros incidentes da emissão de Notas do Tesouro Na-
sobre financiamento à exportação cional, da Série I (NTN-I).
brasileira concedido por instituições Instâncias de aprovação: o COFIG,
financeiras estabelecidas no País ou em operações do setor aeronáuti-
no exterior, tendo em vista tornar co, obras de infraestrutura e de-
as taxas de juros equivalentes às mais operações quando necessário;
praticadas internacionalmente. A o Banco do Brasil, em operações
equalização pode ser concedida nos enquadradas nos dispositivos regu-
financiamentos ao importador, pa- lamentares, sem limitação do valor
ra pagamento à vista ao exportador de dispêndio de equalização.
brasileiro, e nos refinanciamentos
concedidos ao exportador. O bene-   •  Crédito Documentário de Ex-
ficiário da equalização são as insti- portação
tuições financeiras financiadoras. O Descrição: Modalidade de paga-
percentual equalizável é de até 100% mento pela qual o Banco do Brasil,
do valor do financiamento, confor- a pedido do exportador, garante o
me o índice de nacionalização (N) pagamento dos valores negociados
da exportação, observada a fórmula com o importador mediante a apre-
N*60% + 40%. sentação dos documentos exigidos. O
Agente financeiro e fonte dos re- serviço é oferecido pelas dependên-
anexos 69

cias do Banco do Brasil no exterior buyer credit, no qual o CGC é emi-


a empresas domiciliadas no exterior, tido em favor do banco financiador
inclusive filiais e subsidiárias de em- que estabelecerá uma linha de cré-
presas brasileiras em outros países dito diretamente para o cliente no
(offshores). exterior e efetuará o pagamento à
Financiador e fonte dos recursos: vista ao exportador.
Banco do Brasil.
A garantia a operações de curto prazo
(com prazos de financiamento inferiores
a dois anos), destinada apenas às MP-
ANEXO 2. MODALIDADES MEs, compreendem duas modalidades:
DE GARANTIAS RELATIVAS
AO RISCO COMERCIAL  • pós-embarque: cobre o financiamen-
DISPONIBILIZADAS PELO FGE to à comercialização com prazo de paga-
mento de até 180 dias, concedido por um
A garantia a operações de médio e banco ou diretamente pelo exportador,
longo prazo (com prazos de financia- com cobertura máxima de até 90% para
mento superiores a dois anos), associadas o risco comercial e até 95% para o risco
basicamente à exportação de bens de ca- político e extraordinário1.
pital e/ou de serviços, tem como objeto:
 • pré-embarque: ofertada apenas se
 • o risco pré-crédito: a garantia cobre o conjugada com a fase pós-embarque,
risco de fabricação, decorrente da possi- cobre o risco de não recebimento pela
bilidade de interrupção do cumprimen- instituição financeira dos créditos, com
to das obrigações definidas no contrato prazo de até 180 dias, devidos pelo expor-
comercial (a cobertura está relacionada tador recebidos a título de adiantamento   A modalidade pós-
1

aos custos incorridos pelo exportador para produção, com cobertura máxima embarque propicia

até o momento da eventual interrupção de até 90% para os riscos comercial, po- cobertura, na fase pré-
embarque, às operações de
contratual); lítico e extraordinário.
ACC e, no encadeamento
com a fase pós-embarque,
 • o risco de crédito (pós-embarque): a ga- Os percentuais máximos de cobertura cobertura às operações de
rantia cobre o risco associado à possi- do SCE são: ACE, assim como a cobertura
às operações realizadas com
bilidade de o comprador não honrar o
recursos do PROEX, sendo
pagamento do financiamento referente  • no caso de risco comercial: permitida a conjugação com
à aquisição das mercadorias e/ou dos a modalidade pré-embarque.
serviços exportados, compreendendo até 95% como regra geral No caso do pré-embarque,
são objeto de cobertura,
duas modalidades de crédito: até 100%, em operações financiadas
além das operações com ACE,
que contam com garantia bancária as operações conduzidas
supplier credit, no qual o Certificado até 100%, em exportação do setor pelo Banco do Brasil com
de Garantia de Cobertura - CGC é aeronáutico recursos oriundos do PROEX,

emitido em favor do exportador, assim como as operações


de exportação de bens e/
que concede crédito diretamente ao  • no caso de risco político e extraordi-
ou de serviços das MPME
seu cliente no exterior; e nário, até 100%. sem intermediação das
instituições financeiras.
70 anexos

ANEXO 3. FINANCIAMENTO rantias reais (tais como hipoteca,


AO INVESTIMENTO NO penhor, propriedade fiduciária, rece-
EXTERIOR bíveis, etc.) e/ou pessoais (tais como
fiança ou aval), definidas na análise
  •  BNDES FINEM – Internaciona- da operação; Para apoio indireto:
lização negociadas entre a instituição finan-
ceira credenciada e o cliente.
 • Objetivo
Financiamento a partir de R$ 20   •  BNDES ProBK - consolidação e
milhões para empresas nacionais re- internacionalização
alizarem projetos ou investimentos
no exterior. Podem ser financiados  • Objetivo
os seguintes empreendimentos: Financiamento a partir de R$ 10 milhões
participação societária em empresas para realização, por empresas do setor
estrangeiras; de bens de capital e sua cadeia de forne-
aquisição, implantação, ampliação ou cedores, de aquisições e fusões no País
modernização de unidades produtivas; e no exterior. Apoio também a investi-
gastos com canais de comercialização mentos em unidades produtivas, canais
e/ou centros de pesquisa e desenvol- de comercialização e/ou centros de P&D
vimento (P&D) no exterior; no exterior, e à participação societária
investimentos em projetos destinados em empresas estrangeiras por empresas
à implantação, ampliação e/ou mo- brasileiras de capital nacional.
dernização de unidades no exterior;
gastos em comercialização, marke-  • Empreendimentos financiáveis
ting e aquisição de marcas; aquisição, fusão e incorporação no
investimentos e gastos em desenvol- Brasil por empresas brasileiras de
vimento tecnológico e capacitação, capital nacional;
incluindo a aquisição ou licencia- aquisição, implantação, ampliação ou
mento de patentes, treinamentos modernização de unidades produti-
e certificação. vas, canais de comercialização e/ou
centros de P&D no exterior;
 • Taxa de juros participação societária em empresas
Apoio direto: Taxa de juros = Custo estrangeiras por empresas brasileiras
financeiro + Taxa do BNDES de capital nacional;
Apoio indireto: Taxa de juros = Cus- o apoio pode ser realizado por fi-
to financeiro + Taxa do BNDES + nanciamento ou por subscrição de
Taxa do Agente Financeiro valores mobiliários; possíveis redu-
Participação máxima do BNDES: ções no número total de empregos
80% do valor dos itens financiáveis. no País deverão ser condicionadas à
Prazos: função da capacidade de pa- implantação de medidas mitigadoras
gamento do empreendimento, da dos efeitos de desemprego, a critério
empresa e do grupo econômico. do BNDES.
Garantias: Para apoio direto: ga-
anexos 71

TAXA DO BNDES
CUSTO FINANCEIRO APOIO DIRETO APOIO INDIRETO

MICRO, PEQUENAS E TJLP (7,5% AO ANO)


DE 1,9% A 5,68%
1,6% AO ANO
MÉDIAS EMPRESAS AO ANO (A.A.) 2006/08

MÉDIAS-GRANDES E REFERENCIAIS DE CUSTO DE 1,9% A 5,68%


2,0%
GRANDES EMPRESAS DE MERCADO AO ANO (A.A.)

Nota1: Caso haja desembolsos no exterior, deverão ser utilizados para este fim, exclusivamente, recursos captados no
mercado externo, com referencial de custo financeiro definido por estas captações.
Taxa do Agente Financeiro: Negociada entre a Instituição e o cliente.

TAXA DO BNDES
CUSTO FINANCEIRO APOIO DIRETO APOIO INDIRETO

MICRO, PEQUENAS E CESTA OU IPCA OU


1,5% AO ANO 1,1% AO ANO
MÉDIAS EMPRESAS TS OU TJ3 OU TJ6

MÉDIAS-GRANDES E CESTA OU IPCA OU DE 1,4% A 5,86%


1,5% AO ANO
GRANDES EMPRESAS TS OU TJ3 OU TJ6 AO ANO

Taxa do Agente Financeiro: Negociada entre a Instituição e o cliente.

  •  Taxa de juros ção, implantação, realocação, moder-


Apoio direto: Taxa de juros = Custo fi- nização, reforma e/ou ampliação de
nanceiro + Taxa do BNDES instalações fixas ou móveis;
Apoio indireto: Taxa de juros = Custo gastos em comercialização, marke-
financeiro + Taxa do BNDES + Taxa do ting e aquisição de marcas;
Agente Financeiro participação societária em empresas
Participação do BNDES: Até 70% dos estrangeiras; e
itens financiáveis. capital de giro associado, exceto no
Prazo: função da capacidade de pagamen- que se refere ao financiamento de:
to do empreendimento.
Garantias: Para apoio direto: defini- —  despesas com incorporação, fusão ou
das na análise da operação; Para apoio aquisição de empresas de bens de capital
indireto: negociadas entre a instituição localizadas no Brasil; ou
financeira credenciada e o cliente. —  participação societária em empresas
estrangeiras.
 • Itens financiáveis
despesas com incorporação, fusão
ou aquisição de empresas de bens ANEXO 4. AGÊNCIAS DE
de capital localizadas no Brasil; CREDITO ÀS EXPORTAÇÕES
investimentos relacionados à in-
ternacionalização das beneficiá-  • Esta relação é a consolidação das
rias: construção de novas unidades, relações de ACEs divulgadas pelo US
aquisição, ampliação e moderniza- Eximbank e pela National Association of
ção de unidades; Manufacturers, dos Estados Unidos.
investimento em infraestrutura, in-
cluindo obras civis destinadas à cria-
72 anexos

AGÊNCIA WEBSITE

ARGENTINA: BANCO DE INVERSIÓN Y COMERCIO www.bice.com.ar


EXTERIOR (BICE)
AUSTRALIA EXPORT FINANCE AND INSURANCE www.efic.aov.au/
CORPORATION (EFIC)
AUSTRIA OESTERREICHISCHE KONTROLLBANK www.oekb.at
AG (OEKB)

BANGLADESH: SADHARAN BIMA CORPORATION


EXPORT CREDIT GUARANTEE DEPARTMENT
(ECGD)
BARBADOS: CENTRAL BANK OF BARBADOS www.centralbank.org.bb
EXPORT CREDIT INSURANCE AND GUARANTEE
SCHEME

BELGIUM: OFFICE NATIONAL DU DUCROIRE www.delcredereducroire.be/en

BOSNIA AND HERZEGOVINA EXPORT CREDIT


AGENCY OF BOSNIA AND HERZEGOVINA IGA
BULGARIA BULGARIAN EXPORT INSURANCE www.baez-bg.com
AGENCY BAEZ
CANADA EXPORT DEVELOPMENT CANADA (EDC) www.edc.ca

CHINA: CHINA EXPORT & CREDIT INSURANCE www.sinosure.com.cn


CORPORATION (SINOSURE)
CHINA THE EXPORT-IMPORT BANK OF CHINA www.english.eximbank.gov.cn
CEXIM
COLOMBIA: SEGUREXPO DE COLOMBIA www.segurexpo.com
(SEGUREXPO)

COLOMBIA BANCO DE COMERCIO EXTERIOR DE www.bancoldex.com


COLOMBIA BANCOLDEX

COLOMBIA FONDO NACIONAL DE GARANTIAS www.fng.gov.co


S.A. FNG

CROATIA: CROATIAN BANK FOR www.hbor.hr


RECONSTRUCTION AND DEVELOPMENT (HBOR)

CZECH REPUBLIC: CZECH EXPORT BANK www.eaap.cz

CZECH REPUBLIC: EXPORT GUARANTEE AND www.eaap.cz


INSURANCE CORPORATION (EGAP)
DENMARK EKSPORT KREDIT FONDEN (EKF) www.ekf.dk

ECUADOR: CORPORACIÓN FINANCIERA www.cfn.fin.ec


NACIONAL FONDO DE PROMOCIÓN DE
EXPORTACIONES
EGYPT EXPORT CREDIT GUARANTEE COMPANY www.ecgegypt.net
OF EGYPT ECGE

ESTONIA: KREDEX KREDIIDIKINDLUSTUS kredex.ee/en/

FINLAND: FINNISH EXPORT CREDIT LTD www.finnvera.fi

FINLAND FINNVERA FINNVERA www.fec.fi

FRANCE COMPAGNIE FRANÇAISE D'ASSURANCE www.coface.fr


POUR LE COMMERCE EXTÉRIEUR (COFACE)

FRANCE SOCIETE DE FINANCEMENT LOCAL SFIL sfil.fr

EXPORT CREDIT GUARANTEES OF THE FEDERAL www.aaaDortal.de/en/index.html


REPUBLIC OF GERMANY

GERMANY: HERMES KREDITVERSICHERUNGS-AG www.hermes-kredit.com


(HERMES)

GERMANY: KFW IPEX BANK (PART OF THE KFW www.kfw-ipex-bank.de


BANKENGRUPPE)
anexos 73
AGÊNCIA WEBSITE

GREECE EXPORT CREDIT INSURANCE ORGANISATION (ECIO) www.ecio.ar

HONG KONG: HONG KONG EXPORT CREDIT INSURANCE www.hkecic.com


CORPORATION
HUNGARY HUNGARIAN EXPORT CREDIT INSURANCE LTD www.exim.hu/en/

HUNGARY HUNGARIAN EXPORTIMPORT BANK PLC (EXIM) www.exim.hu/en/

INDIA EXPORT CREDIT GUARANTEE CORPORATION OF INDIA www.eximbankindia.in


ECGC
INDIA: EXPORT-IMPORT BANK OF INDIA www.ecgc.in

INDONESIA INDONESIAN EXIMBANK LPEI www.indonesiaeximbank.g


o.id
INDONESIA: ASURANSI EKSPOR INDONESIA (ASEI)
www.asei.co.id
IRAN EXPORT GUARANTEE FUND OF IRAN EGFI
www.egfi.org
ISRAEL ISRAEL EXPORT INSURANCE CORP. LTD. ASHRA
www.ashra.aov.il/ena
ISRAEL: ISRAEL FOREIGN TRADE RISKS INSURANCE
CORPORATION LTD (IFTRIC) www.ashra.aov.il/ena

ITALY: ISTITUTO PER I SERVIZI ASSICURATIVI E IL CREDITO


ALL'ESPORTAZIONE (SACE) www.sace.it/GruppoSACE/
content/i t/index.html
JAMAICA EXIM BANK JAMAICA EXIM BANK J
www.eximbankja.com
JAPAN BANK FOR INTERNATIONAL COOPERATION (JBIC)
www.jbic.go.jp/en
JAPAN NIPPON EXPORT AND INVESTMENT INSURANCE
(NEXI) nexi.ao.ip

JORDAN: JORDAN LOAN GUARANTEE CORPORATION


www.jlgc.com
LUXEMBOURG: OFFICE DE DUCROIRE (ODD)
www.ducroire.lu
MALAYSIA: MALAYSIA EXPORT CREDIT INSURANCE BERHAD
www.exim.com.my
MEXICO: BANCO NACIONAL DE COMERCIO EXTERIOR
www.bancomext.com
NETHERLANDS: NEDERLANDSCHE CREDIETVERZKERING
MAATSCHAPPIJ NV (NCM) atradius.com/nl/en/dutchst
atebusiness/index.isp
NEW ZEALAND: EXGO (A DIVISION OF STATE INSURANCE)
www.nzeco.govt.nz
NORWAY: GUARANTEE INSTITUTE FOR EXPORT CREDITS
(GIEK) www.giek.no

OMAN: EXPORT CREDIT GUARANTEE AGENCY (ECGA)


www.ecgaoman.com
POLAND: EXPORT CREDIT INSURANCE CORPORATION
(KUKE) www.kuke.com.pl

PORTUGAL: COMPANHIA DE SEGURO DE CRÉDITOS SA


(COSEC) www.cosec.pt

RUSSIA: EXPORT-IMPORT BANK OF THE RUSSIAN


FEDERATION eximbank.ru/eng/

SINGAPORE: ECICS CREDIT INSURANCE LTD (ECICS)


www.ecics.com.sg
SLOVAK REPUBLIC: EXPORT-IMPORT BANK OF THE SLOVAK
REPUBLIC www.eximbanka.sk

SLOVENIA: SLOVENE EXPORT CORPORATION


www.sid.si/home
SOUTH AFRICA: CREDIT GUARANTEE INSURANCE
CORPORATION OF AFRICA LIMITED (CGIC) www.creditguarantee.co.za

SOUTH KOREA: KOREA EXIMBANK


www.koreaexim.go.kr
SOUTH KOREA: KOREA TRADE INSURANCE CORPORATION
(K-SURE) www.ksure.or.kr/main.isp

SPAIN: COMPAÑÍA ESPAÑOLA DE SEGUROS DE CRÉDITO A LA


EXPORTACIÓN, SA (CESCE) www.cesce.es
74 anexos

AGÊNCIA WEBSITE

www.ecio.ar SPAIN: SECRETARÍA DE ESTADO DE COMERCIO (MINISTERIO


DE ECONOMÍA) www.mcx.es
www.hkecic.com
SRI LANKA: SRI LANKA EXPORT CREDIT INSURANCE
CORPORATION www.slecic.lk
www.exim.hu/en/
SWEDEN: EXPORTKREDITNAMNDEN (EKN)
www.exim.hu/en/ www.ekn.se
SWEDEN: SVENSK EXPORTKREDIT (SEK)
www.eximbankindia.in www.sek.se/en
SWITZERLAND: EXPORT RISK GUARANTEE AGENCY
www.serv-ch.com
www.ecgc.in THAILAND: EXPORT-IMPORT BANK OF THAILAND
www.exim.go.th
www.indonesiaeximbank.g TRINIDAD AND TOBAGO: EXPORT-IMPORT BANK OF
o.id TRINIDAD AND TOBAGO www.exim.go.th

www.asei.co.id TURKEY: EXPORT CREDIT BANK OF TURKEY


www.eximbank.qov.tr
www.egfi.org UK: ECGDEXPORT CREDITS GUARANTEE DEPARTMENT
www.ukexportfinance.aov.uk
www.ashra.aov.il/ena UNITED STATES: EXPORT-IMPORT BANK OF THE UNITED
STATES www.exim.aov
www.ashra.aov.il/ena
UZBEKISTAN: UZBEKINVEST NATIONAL EXPORT-IMPORT
INSURANCE COMPANY (UNIC) www.uzbekinvest.uz
www.sace.it/GruppoSACE/
content/i t/index.html ZIMBABWE: CREDIT INSURANCE ZIMBABWE (CREDSURE)
www.credsure.co.zw
www.eximbankja.com

www.jbic.go.jp/en

nexi.ao.ip

www.jlgc.com

www.ducroire.lu

www.exim.com.my

www.bancomext.com

atradius.com/nl/en/dutchst
atebusiness/index.isp

www.nzeco.govt.nz

www.giek.no

www.ecgaoman.com

www.kuke.com.pl

www.cosec.pt

eximbank.ru/eng/

www.ecics.com.sg

www.eximbanka.sk

www.sid.si/home

www.creditguarantee.co.za

www.koreaexim.go.kr

www.ksure.or.kr/main.isp

www.cesce.es
CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente

Diretoria de Desenvolvimento Industrial – DDI


Carlos Eduardo Abijaodi
Diretor de Desenvolvimento Industrial

Gerência Executiva de Negociações Internacionais - NEGINT


Soraya Saavedra Rosar
Gerente-Executiva de Negociações Internacionais

Fabrizio Panzini
Coordenação do estudo

Carolina Matos
Eduardo Alvim
Equipe Técnica

Gerência Executiva de Comércio Exterior


Diego Bonomo
Gerente-Executivo de Comércio Exterior

Gerência de Política Comercial


Constanza Negri
Gerente de Política Comercial

Cristhyane Martins
Felipe Carvalho
Ronnie Pimentel
Silvia Menicucci

Alberto Nemoto Yamaguti


Normalização

FUNCEX
Consultoria

Eduardo Augusto Guimarães


Consultor responsável pela elaboração

Elemento Design
Projeto Gráfico e Diagramação
FIN ANCIAM
E
INVE

BRASILE
EXTERIOR
FINANCIAME
EX
INVES
D
BRASILEIR
EXTERIOR
FINANCIAMEN
EXP
INVEST
DE
BRASILEIR
EXTERIOR
FIN A NCIAMEN
AM ENTO FINAN CIA MENTO FINANCIAM
E XP ORTAÇÕES E ÀS EXPO RTAÇÕES E
VE S TI M ENTOS AO S INVESTIMENTOS A
D E EMPRESAS DE EMPRESAS DE EM
ILE IRAS BRASILEIRAS BRA SILEIR AS BRA
IOR NO EXTERIOR N O EXTERIOR NO E
AMENTO FINANC IA MENTO FIN A NCIAME
E X PORTAÇÕES E ÀS EXPORTAÇÕES E
VEST I M ENTOS A OS INVESTIMENTOS AO
DE EMPRESAS DE EMPRESA S DE EMP
LEI RAS BRASILEIRA S BRASILEIRAS BRA
OR N O EXTERIO R NO EXTERIO R NO EX
MENTO FINANCIA MENTO FIN A NCIAMEN
EX P O RTAÇÕES E ÀS EXPORTAÇÕES E À
ESTI ME NTOS AOS IN VESTIMENTOS AOS
DE EM PRESAS DE EMPRESA S DE EMP
EIR AS BRASILEIR AS BRA SILEIRAS BRAS
OR NO E XTERIOR NO EXTERIOR NO EXT
MENTO FINANCIAMEN TO FINANCIAMEN
80

CNI - CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DA INDÚSTRIA

SBN - Quadra 1 - Bloco C


Ed. Roberto Simonsen, 12º Andar

Tel.:+55 (61) 3317-9000


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