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MÁQUINAS

ELÉTRICAS I

Aula 04 – Autotransformador,

transformadores para instrumento

e acessórios

Prof. Adriano Pereira

prof.adrianohp@gmail.com

Escola Técnica Aberta do Brasil - ETEC

1
Instituto Federal do Ceará - IFCE

Fortaleza - CE

2015

2
Sumário

Apresentação ............................................................................. 3
Tópico 01 - Funcionamento do autotransformador .................... 4
1.1 Autotransformador com contatos deslizantes ...................... 7
Tópico 02 - Aplicações para autotransformadores ................... 11
Tópico 03 - Transformadores para instrumento ........................ 12
3.1 Transformador de corrente (TC) .......................................... 13
3.2 Transformador de potencial (TP) ........................................ 15
Tópico 04 - Dispositivos de proteção ......................................... 17
4.1 Conservador de óleo ............................................................ 18
4.2 Indicador de nível de óleo .................................................... 19
4.3 Termômetro do óleo ............................................................. 20
4.4 Termômetro do enrolamento com imagem térmica ............ 22
4.4.1 Controlador de temperatura com microprocessador ..... 23
4.4.2 Válvula de alívio de pressão ............................................ 24
4.4.3 Relé de gás tipo Buchholz ............................................... 25
4.4.4 Secador de ar e sílica gel ................................................ 27
4.4.5 Relé de pressão súbita .................................................... 30
Conclusão ................................................................................... 32
Referências ................................................................................. 33

3
Apresentação

Durante as aulas anteriores, analisamos os transformadores com


enrolamentos distintos, separados, para o circuito de primário e
secundário. Nesses transformadores, o número de bobinas do
lado de alta tensão e do lado de baixa tensão era iguais e
definiam o número de fases elétricas a serem utilizadas. Vimos
também que os transformadores trifásicos poderiam ser
entendidos como um arranjo de três transformadores individuais
ou apenas um único núcleo ferromagnético. Qualquer que fosse o
arranjo das bobinas, não havia conexão elétrica entre os lados do
transformador.

A partir desta aula, analisaremos um transformador que, além do


núcleo, compartilha o mesmo enrolamento com o primário e
secundário. Também estudaremos dois transformadores
especiais, geralmente denominados de transformadores para
instrumentos, que são fundamentais para a realização de medidas
elétricas que envolvem tensões ou correntes elevadas.

Objetivos
 Compreender o funcionamento do autotransformador e
suas aplicações.
 Reconhecer o uso dos transformadores em instrumentos
e medidas.
 Conhecer os acessórios utilizados para proteção de
transformadores de força.

4
Tópico 01 - Funcionamento do autotransformador

Objetivos
 Compreender o funcionamento do autotransformador.

Um autotransformador não apresenta lados com enrolamentos


distintos. Nesse equipamento, só há uma única bobina composta
por um condutor de cobre, enrolado em sentido único sobre um
núcleo de laminado, com diversos pontos de conexão ao longo do
enrolamento. Assim, um transformador de enrolamentos múltiplos
pode ser considerado um autotransformador, se todos os seus
enrolamentos são ligados em série para formar um único
enrolamento.

A figura 1 ilustra o diagrama de circuito básico do


autotransformador, nela são observados os terminais de contato:
A, B, C e D. Qualquer par de terminais pode ser considerado
como primário ou como secundário. Inicialmente, adotaremos os
terminais A e D como terminais de primário, sendo os terminais B
e C denominados de derivações e, juntamente com o terminal D,
serão considerados como o secundário.

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Figura 1 - Diagrama de um autotransformador – ref.[1], p.31.

Como exemplo, podemos dizer que um dado autotransformador é


formado por um grupo NAD = 900 voltas ou espiras. O conjunto de
900 voltas pode ser subdividido entre os terminais B, C e D com o
seguinte número de voltas: N AB = 400; NBC = 200; NCD = 300
voltas.

Ainda é possível combinar terminais (A-C) e (B-D) pelas somas a


seguir.

NAC = NAB + NBC = 400 + 200 = 600 voltas.

NBD = NBC + NCD = 200 + 300 = 500 voltas.

Perceba que, quanto maior o número de terminais (derivações),


maior será o número de combinações entre enrolamentos e,

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consequentemente, maior será a variedade de níveis de tensões
na saída do transformador.

Se uma tensão alternada for aplicada entre A e D, teremos uma


redução da tensão nos terminais C e D. Denominamos essa
operação de abaixadora. Sendo que, quanto mais próxima a
tensão de saída VBD estiver da tensão de entrada V AD, menor será
a potência transferida pelo autotransformador.

Devemos enfatizar que o autotransformador não é um divisor de


tensão, visto que a corrente no enrolamento apresenta dois
sentidos distintos, sendo que as correntes I2 e I3 não estão no
mesmo sentido conforme é representado pela soma a seguir.

I2 = I1 + I3,

A corrente I3 possui sentido contrário ao de I 1, fato que não seria


verdadeiro para um divisor de tensão resistivo.

Os autotransformadores também são utilizados para reduzir as


correntes durante a partida de motores elétricos industriais
através da redução da tensão durante um curto intervalo de
tempo.

O autotransformador trifásico da figura 2 reduz a tensão durante o


transitório de partida de motores de indução, aplicação
denominada chave compensadora, e apresenta 4 terminais

7
divididos entre 0%, 65%, 80% e 100% do número de espiras, o
que corresponde a divisão da tensão de entrada.

Figura 2 - Autotransformador trifásico para chave compensadora – ref.[1], p.33.

1.1 Autotransformador com contatos deslizantes

O autotransformador pode ser variável (também chamado de


ajustável), entretanto, de maneira semelhante ao potenciômetro, é
um divisor de tensão com o recurso de ajuste do nível de tensão
de zero até o valor máximo [3]. O autotransformador variável,
construído com terminais de saída deslizantes ao longo do
enrolamento, possibilita o ajuste dos valores das tensões de
saída, por exemplo, entre o intervalo de 0% até 120% da tensão
de entrada. Os contatos deslizantes são construídos em escovas
de carvão solidárias a um eixo rotativo. As escovas fazem contato
entre os terminais e as espiras do transformador.

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A figura 3 ilustra o esquema elétrico do autotransformador de
contatos deslizantes que é usado como abaixador ou elevador de
tensão.

Figura 3 - Autotransformador com contato deslizante – ref.[1], p.34

O contato deslizante liga o terminal C a qualquer ponto do


enrolamento, possibilitando um ajuste suave da tensão de saída.
Os autotransformadores de contato deslizante são encontrados
comercialmente na forma circular mostrada na figura 4a, com
acesso aos terminais por meio de uma placa de identificação
semelhante ao mostrado na figura 4b. Em muitas situações reais,
os autotransformadores podem manter a tensão regulada, ou
seja, em função da queda de tensão provocada pela corrente de
carga, a tensão de alimentação sofre variações e, de modo a
compensar essas variações, um autotransformador pode ser
usado na função de regulador de tensão.

9
(a) (b)

Figura 4 - Autotransformador ajustável – ref.[1], p.36.

Três pontos de contato podem ser destacados, são eles:


a) Ponto de tensão nula, quando C for conectado ao ponto D.
b) Ponto de tensão igual à tensão de entrada, quando C for
conectado ao ponto B.
c) Ponto de tensão superior a tensão de entrada, quando C for
conectado ao ponto A.

No percurso entre os pontos B e D, temos que VSaída < VEntrada,


intervalo característico da operação do transformador como
abaixador de tensão. Por outro lado, no percurso compreendido
entre A e B, temos VSaída > VEntrada, o que corresponde à operação
como elevador de tensão.

Diferente do que foi comentado sobre a possibilidade de trocar a


entrada pela saída em um autotransformador convencional, não
devemos inverter os lados o autotransformador com contato
deslizante, pois se isso acontecer haverá a possibilidade de
promover um curto-circuito na entrada quando o terminal C for

10
deslocado em direção ao terminal D. Como vantagens do
autotransformador ajustável, podemos destacar sua construção
simplificada e econômica.

Qualquer que seja o autotransformador, o mesmo apresenta o


inconveniente de manter os circuitos de primário e secundário
interligados eletricamente. Outro inconveniente ocorre se
acontecer o rompimento na bobina entre os terminais de saída,
nesse caso a tensão do secundário fica igual a do secundário

Uma aplicação típica dos autotransformadores é na adaptação


das tensões dos equipamentos elétricos para a tensão da rede,
de 110 V para 220 V, por exemplo.

A seguir, conheceremos algumas aplicações de transformadores


em circuitos específicos, destinados à medição, às ações de
controle e proteção elétrica.

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Tópico 02 - Aplicações para autotransformadores

Objetivos
 Identificar os requisitos mínimos necessários para
aplicação do autotransformador.

O autotransformador encontra diversas aplicações, graças ao seu


baixo custo, tamanho reduzido, bom rendimento e menor queda
de tensão quando comparado com um transformador
convencional. Dentre as aplicações típicas, podemos destacar a
adaptação de tensão em máquinas e equipamentos elétricos e a
alimentação de redes de iluminação.

As chaves de partida de motores de indução trifásicos utilizam


autotransformadores com enrolamentos apresentando vários
terminais. O autotransformador proporciona uma redução na
tensão durante a aceleração inicial do motor e,
consequentemente, a redução da corrente de partida. Esse
método de partida, denominado, autocompensador, será
estudado na disciplina de comandos elétricos.

Um requisito imprescindível é que os autotransformadores só


podem ser utilizados em situações em que não é necessária a
isolação entre a rede elétrica e a carga. Como esse requisito deve
ser respeitado, não podemos utilizar autotransformadores para

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instrumentação, brinquedos, isolamento de segurança e todas as
demais situações em que a isolação galvânica é obrigatória.

Tópico 03 - Transformadores para instrumento

Objetivos
 Conhecer o uso dos transformadores em instrumentos e
medidas.

Por possuírem um baixo nível de isolação elétrica, os


instrumentos de medição e proteção não podem ser conectados
diretamente em um circuito de alta tensão. Para que eles possam
executar a sua função, é necessário usar um equipamento auxiliar
conectado entre eles e a instalação elétrica, o que é denominado
transformador para instrumento.

Esse transformador tem a função de reduzir os valores de tensão


e corrente elétrica para valores padronizados e usuais para
medidores e relés de proteção.

Os transformadores para instrumento podem ser divididos em


dois tipos [Barros, 2011]:
 Transformadores de corrente (TC).
 Transformadores de potencial (TP).

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Cada um desses transformadores pode ser aplicado na medição
ou na proteção elétrica. Dependendo da aplicação, o
transformador deve possuir características específicas.
Basicamente, todo transformador para instrumento possui um
enrolamento primário que deve ser conectado ao sistema elétrico,
e um enrolamento secundário, em que deve ser conectado o
medidor ou dispositivo de proteção.

3.1 Transformador de corrente (TC)

O transformador de corrente (TC) é um equipamento empregado


para realizar medidas de corrente de forma indireta, ou seja, a
corrente real passa pelo primário e a corrente reduzida passa pelo
enrolamento de secundário. As elevadas correntes que percorrem
as linhas de alimentação fazem com que a utilização de
amperímetros em série com o circuito seja impraticável. Por esse
motivo, o TC é empregado para fornecer uma corrente reduzida I 2
ao amperímetro e, sendo conhecida a relação de transformação
do TC, basta multiplicá-la por I2 para encontrarmos I1.

Figura 5 - Transformador de corrente – ref.[1], p.37.

14
Como exemplo, um TC com relação 60:1 é capaz de fornecer
uma corrente de 5A para um amperímetro convencional quando a
linha elétrica transportar uma corrente nominal I 1 = 60 x 5,0 =
250A. Nesse exemplo, qual seria a corrente de secundário no TC
caso o circuito primário fosse percorrido por uma corrente de 120
A? Acertou quem respondeu 2,0A.

Os valores
nominais de
Devemos destacar que a relação de transformação é definidasaída no
para a corrente máxima da instalação. Além da aplicação secundário
em dos
TC e TP são
medidas elétricas, o TC é empregado em circuitos de proteção e
padronizados. A
corrente nominal
controle.
secundária de
um TC é 5A e a
tensão
A figura 6 mostra dois transformadores de corrente, com abertura
secundária do
TP
retangular (a) e com abertura circular (b), em que é possível pode ser 115
V entre outros
identificar os terminais de baixa corrente. valores
determinados
pelas normas da
ABTN NBR 6855
e NBR 6856 [6].
(a)
(b)

Figura 6 - Transformadores de corrente – ref.[1], p.37

15
Devemos perceber que os valores de saída do TC, assim como
no TP, não são fixos, variam em função da intensidade que
percorre o circuito primário e é proporcional à relação de
transformação [Barros, 2011].
Uma atenção especial deve ser dada ao procedimento de ligação
do Transformador de corrente. Em nenhuma circunstância, os
terminais de secundário do TC devem ser desconectados. Caso
isso aconteça com o TC energizado, pode ser formada uma
tensão induzida muito elevada nos terminais abertos. Por esse
motivo, o TC deve ser mantido com os terminais secundários
interligados, e assim esses terminais devem ser mantidos até a
conexão com os dispositivos de medição ou proteção [Barros,
2011].

3.2 Transformador de potencial (TP)

O transformador de potencial (TP) é utilizado para medidas de


tensões elétricas elevadas. Em diversas situações reais, não é
possível conectar os equipamentos de medida diretamente à linha
elétrica de alimentação, por exemplo, em uma fábrica que recebe
sua alimentação em 13.800 volts. O TP é conectado entre os
pontos que se quer medir e, para uma relação de transformação
conhecida, a partir da leitura do voltímetro, encontramos
indiretamente o valor da alta tensão.

A figura 7 ilustra a conexão do TP e a leitura da tensão V 34 (baixa


tensão) que é proporcional à V 12 (alta tensão).

16
Figura 7: transformador de potencial N1: N2 – ref.[1], p.38

O TP reduz a tensão da linha para valores compatíveis com os


níveis suportados pelos instrumentos de medição. Os
transformadores de potencial, assim como os TC, são as
referências para a medição. Para tanto, devem ser fabricados sob
critérios rigorosos de qualidade e elevada precisão. A Figura 8
mostra dois TP para ligações em média (a) e em alta tensão (b)
encontrados em sistemas de distribuição e subestações de
energia elétrica.

17
(a) (b)

Figura 8 - (a) TP para 13.8 kV e (b) TP para 132 kV – ref.[1], p.39.

É comum que a iluminação interna das subestações seja


alimentada pelo TP. Para tanto, esses transformadores devem
possuir uma potência suficiente para alimentar essa carga sem
comprometer o funcionamento [Barros, 2011].

Tópico 04 - Dispositivos de proteção

Objetivo
 Conhecer os acessórios utilizados para proteção de
transformadores de força.

Os transformadores de maior porte necessitam de dispositivos


específicos para proteção. Os acessórios utilizados para proteção

18
de transformadores de força são, em muitas situações,
responsáveis pela sinalização de possíveis falhas e até pelo
desligamento das subestações.

Trataremos, a seguir, de uma série de dispositivos de proteção,


dentre eles relés, secador de ar, termômetros. A norma NBR 5356
detalha outros dispositivos acessórios e necessários para o
perfeito funcionamento do transformador em função da potência.

4.1 Conservador de óleo

O conservador de óleo, ou tanque de expansão, é um acessório


destinado a compensar as variações de volume de óleo
decorrentes das oscilações de temperatura e da pressão. Tem a
forma cilíndrica, com o seu eixo disposto na horizontal e instalado
a uma altura suficiente que possa assegurar o nível mínimo de
óleo necessário para as partes que têm de ficar imersas.

A figura 9 mostra o conservador de óleo na parte mais alta do


transformador. Sua construção é em chapa de aço e possui
resistência mecânica para vácuo pleno. É fixado através de
suporte em perfis de aço estrutural. Possui tubos com flange para
as conexões das tubulações do secador de ar e do relé de gás,
para as conexões do indicador de nível de óleo e válvulas para
enchimento e drenagem de óleo.

19
Figura 9: transformador com conservador de óleo – ref [2], p. 290

4.2 Indicador de nível de óleo

O óleo isolante do transformador muda de volume em função da


temperatura de operação. Pode ser uma dilatação ou uma
contração, em função da carga. Sendo assim, haverá uma
elevação ou abaixamento do nível do óleo. A finalidade do
indicador de nível do óleo é mostrar com precisão o nível de óleo
no visor e ainda servir como aparelho de proteção.

O ponteiro do indicador de nível é movimentado por dois imãs


permanentes acoplados a uma bóia ou flutuador. O movimento da
bóia acompanha o nível do óleo e assim é transmitida a indicação
ao ponteiro.

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Figura 10: indicador de nível de óleo – ref[2], p.300

O mostrador dos indicadores magnéticos de nível possui três


indicações, sendo MIN para o nível mínimo, 25ºC para a
temperatura ambiente de referência e MAX que corresponde ao
nível máximo.

4.3 Termômetro do óleo

O termômetro é utilizado para indicação da temperatura do óleo.


Os tipos de termômetro empregados nos transformadores são:
 o termômetro com haste rígida; e
 o termômetro com capilar (figura 11).

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Figura 11 - termômetro com capilar, ref.[1], p. 80.

O termômetro possui na extremidade um bulbo que é colocado no


ponto mais quente do óleo, logo abaixo da tampa. O termômetro
possui, além do ponteiro de indicação de temperatura
instantânea, dois ou três ponteiros controláveis externamente
para ligação do sistema de proteção e ventilação forçada (VF,
alarme e desligamento) e um ponteiro de arraste para indicação
de temperatura máxima do período.

Conforme a variação da temperatura do bulbo, o líquido (fluido


térmico) em seu interior sofre dilatação ou contração, transmitindo
a variação de temperatura até o mecanismo interno do mostrador
do termômetro. No mesmo instante, o ponteiro indicador é
acionado. Quando a temperatura atingir os valores definidos, um
sinal é transmitido ao sistema de proteção que pode acionar um
alarme, desligar o transformador e acionar os dispositivos de
resfriamento conforme indicado na tabela 1.

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Temperatura (Celsius)
Sobre elevação média 50/55 60/65
Ventilação forçada 1 65 75
Ventilação forçada 2 75 85
Alarme 85 95
Desligamento 95 105
Tabela 1: temperaturas de acionamento [2]

4.4 Termômetro do enrolamento com imagem térmica

A imagem térmica é a técnica comumente utilizada para se medir


a temperatura no enrolamento do transformador. Ela é
denominada imagem térmica por reproduzir indiretamente a
temperatura do enrolamento.

A temperatura do enrolamento, que é a parte mais quente do


transformador, nada mais é do que a temperatura do óleo
acrescida da elevação da temperatura do enrolamento em relação
ao óleo. A medida de temperatura é realizada por uma resistência
de aquecimento e um sensor de temperatura simples ou dupla,
ambos encapsulados e montados em um poço protetor, e imersos
em uma câmara de óleo. O conjunto é instalado na tampa do
transformador e deve indicar a temperatura no ponto mais quente
do enrolamento. Dependendo dos ajustes pré-definidos, o
equipamento pode acionar contatos para controle de dispositivos
e para comando de alarme e/ou desligamento do transformador.

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Figura 12: sensor de temperatura, ref. [2], p.136

O sensor aquece na mesma velocidade do enrolamento, logo o


sistema reproduz o que acontece no interior das bobinas, fato que
justifica o termo imagem térmica. Também devemos destacar que
a resistência de aquecimento é alimentada por um transformador
de corrente associado ao enrolamento secundário do
transformador principal.

Essa técnica também pode ser empregada em transformadores a


seco (sem óleo). São instalados sensores do tipo PT-100 no
interior dos enrolamentos. Esses sensores informam a
temperatura dos enrolamentos ao relé de temperatura.
Dependendo do nível da temperatura, o relé atua com alarme ou
desligando o disjuntor do transformador.

4.4.1 Controlador de temperatura com microprocessador

Os controladores microprocessador de temperatura e nível de


óleo foram desenvolvidos para substituir, com vantagens
tecnológicas, os termômetros de óleo e enrolamento e indicadores
de nível tradicionais utilizados em transformadores de potência.

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Esse equipamento recebe o valor da resistência de um sensor e o
transforma em uma temperatura equivalente, a qual é vista em um
painel digital ou transmitida através de uma rede de dados. Outras
funções foram incorporadas ao controlador microprocessador,
uma delas é o controle e acionamento configurável de contatos.

4.4.2 Válvula de alívio de pressão

As válvulas de alívio de pressão são instaladas em


transformadores imersos em líquido isolante com a finalidade de
protegê-los contra possíveis deformações ou ruptura do tanque,
em casos de defeito interno, com aparecimento de pressão
elevada. A figura 13 mostra uma duas válvulas de alívios de
pressão distintas.

Figura 13 - válvula de alívio de pressão (Oliveira, 2008).

O princípio de funcionamento baseia-se em uma válvula com


mola, provida de um sistema de amplificação instantânea da força

25
de atuação. Fecha-se automaticamente após a operação,
impedindo, assim, a entrada de qualquer agente externo no
interior do transformador. Não necessita ser isolada do tanque
quando este é submetido a vácuo.

4.4.3 Relé de gás tipo Buchholz

O relé de gás tipo Buchholz, ou trafoscópio, tem por finalidade


proteger aparelhos elétricos que trabalham imersos em líquido
isolante (geralmente transformadores). A figura 14 mostra um
modelo de relé de gás.

Enquanto sobrecargas e sobrecorrentes são fenômenos


controláveis por meio de relés de máxima intensidade de corrente,
defeitos tais como perda de óleo, descargas internas, isolação
defeituosa dos enrolamentos, do ferro ou mesmo contra a terra,
ocorridos em transformadores equipados apenas com relé de
máxima, podem causar avarias de grandes proporções caso o
defeito não seja percebido pelo operador.

26
Figura 14 - relé de gás, ref.[2], p 137.

O relé Buchholz é instalado em transformadores justamente para,


em tempo hábil, indicar por meio de alarme ou através do
desligamento do transformador, defeitos como os acima citados e,
desse modo, possibilitar sua recuperação. O relé Buchholz
normalmente é instalado entre o tanque principal e o tanque de
expansão do óleo do transformador (conservador).

A carcaça do relé é de ferro fundido, possuindo duas aberturas


em flange e ainda dois visores providos de uma escala graduada
indicativa do volume de gás. Internamente encontram-se duas
bóias montadas uma sobre a outra. Quando acontece um
acúmulo de gás no relé, a bóia superior é forçada a descer. Se,
por sua vez, uma produção excessiva de gás provoca uma
circulação de óleo no relé, é a bóia inferior que reage, antes
mesmo que os gases formados atinjam o relé. Em ambos os
casos, ao sofrerem o deslocamento, as bóias acionam um contato
elétrico.

27
Caso o alarme atue sem que o transformador seja desligado,
deve-se desligá-lo imediatamente e, em seguida, fazer o teste do
gás contido no interior do relé. Nesse caso, a origem do defeito
pode ser avaliada de acordo com o resultado do teste do gás.

4.4.4 Secador de ar e sílica gel

O secador de ar de sílica gel é usado nos transformadores que


possuem conservador de óleo, funcionando como um
desumidificador de ar do transformador. Para manter elevados
índices dielétricos do líquido isolante dos transformadores, estes
são equipados com secadores de ar, os quais, devido à
capacidade de absorção de umidade, secam o ar aspirado que flui
para a parte interna do transformador.

O secador de ar é composto de um recipiente metálico, no qual


está contido o agente secador, e uma câmara para óleo, colocada
após o recipiente (que contém o agente), isolando-o da atmosfera,
a figura 15 apresenta esse dispositivo. Durante o funcionamento
normal do transformador, o óleo aquece e dilata, expulsando o ar
do conservador através do secador.

28
Figura 15: secadores de ar.

Com a diminuição da carga do transformador ou a redução da


temperatura ambiente, também haverá baixa da temperatura do
óleo, acompanhada da respectiva redução do volume. Forma-se,
Higroscopia
então, uma depressão de ar no conservador e o ar ambiente é
é a
aspirado através da câmara e do agente secador, o qual absorve
propriedade
a umidade contida no ar, que entrará em contato com o óleo. que certos
materiais
possuem de
absorver
Sílica-gel água.

O agente secador, denominado sílica-gel, é vítreo e duro,


quimicamente quase neutro e altamente higroscópico.

A sílica é composta pelo elemento silício (formado por 95% do


óxido SiO2) e impregnado com um indicador laranja (5%), para
indicar o estado ativo. Devido à absorção de água, a sílica gel
torna-se amarela clara, devendo, então, ser substituída. A sílica
tem a vida prolongada através de processo de secagem, que
pode ser aplicado algumas vezes, garantindo assim a reutilização

29
do material. A figura 16 mostra a sílica gel com cores diferentes,
em função da absorção de umidade:

Figura 16: sílica gel, ref. [3] . p.201.

Na figura 16, veja o que significam as cores.


 Coloração laranja - Sílica-gel seca.
 Coloração amarela - Sílica-gel com aproximadamente 20%
da umidade absorvida.
 Coloração amarela clara - Sílica-gel com 100% de umidade
absorvida (saturada).

A propriedade de absorver umidade da sílica-gel pode ser


restabelecida pelo aquecimento em estufa na temperatura de 80°
a 100ºC, evaporando desta maneira, a água absorvida. A fim de
acelerar o processo de secagem, convém mexê-la
constantemente, até a recuperação total de sua cor característica.
O contato com óleo, ou com os menores vestígios do mesmo,
deve ser evitado a todo custo para que não perca sua cor laranja,

30
tingindo-se de marrom, tornando-se inutilizável. Após a
regeneração, a sílica-gel deve ser imediatamente conservada
num recipiente seco e totalmente fechado.

4.4.5 Relé de pressão súbita

O relé de pressão súbita é um acessório de proteção que visa


detectar variações rápidas de pressão no centro do tanque.
Normalmente, é montado em uma das paredes laterais do tanque
do transformador, no espaço entre o nível máximo do líquido
isolante e a tampa. Entretanto, é aceitável também a montagem
horizontal, sobre a tampa do transformador. É projetado para
atuar quando ocorrem defeitos no transformador que produzem
Conheça
pressão interna anormal, sendo sua operação ocasionada um
pouco mais
somente pelas mudanças rápidas da pressão interna, sobre alguns
elementos do
independentemente da pressão de operação do transformador. transformador.
Acesse:
Quando o transformador é transportado cheio de líquido isolante
http://bit.ly/ZW
ou é enchido no campo sob vácuo, é importante tomaro2th as
providências para evitar a entrada de líquido isolante no orifício
equalizador de pressão ou no interior do relé. Normalmente, o
flange ao qual se aplica o relé é fornecido com tampa para
vedação, sendo esse acessório fornecido em separado, devendo
ser montado depois de concluída a instalação do transformador e
seu enchimento com líquido isolante. Para gradientes de pressão
superiores a 0,2atm/s, a válvula opera instantaneamente. Por
outro lado, o relé não opera devido a mudanças lentas de pressão
próprias do funcionamento normal do transformador, bem como
durante perturbações do sistema (raios, sobretensão de manobra

31
ou curto-circuito), a menos que tais perturbações produzam danos
no transformador.

32
Conclusão

Nessa aula, comentamos, de modo simplificado, sobre


transformadores específicos para adaptação de tensões com
baixo custo, realização de medidas em elevadas correntes ou alta
tensão, ações de controle e proteção. Você agora pode explorar
mais sobre esses temas, pesquise sobre os autotransformadores
ajustáveis trifásicos, TC em circuitos de comando, TP para
medição de tensão nas entradas de 13.8kV entre outros assuntos
relacionados.

Não deixe de acessar os endereços dos fabricantes nacionais e


discuta com seus colegas e professores sobre esses assuntos
fundamentais para a Eletrotécnica.

33
Referências

[1] PEREIRA, Adriano. Notas de aula da disciplina de Máquinas


Elétricas. Curso de Manutenção Industrial. IFCE, Campus
Maracanaú, 2010.

[2] WEG. Módulo de treinamento em Transformadores. Centro


de treinamento de Clientes, WEG Industrias LTDA. Blumenau,
2008.

[3] KOSOW, Irving. Máquinas Elétricas e transformadores. 14


ed. São Paulo, SP: Globo, 2000.

[4] OLIVEIRA, J. C.; COGO, J. R.; ABREU, P. Transformadores


– teoria e ensaios. São Paulo, SP: Edgard Blücher, 2008.

[5] JORDÃO, R. G. Transformadores. São Paulo, SP. Edgard


Blücher, 2002.

[6] BARROS, Benjamim F. e GEDRA, Ricardo Luis. Cabine


primária – subestações de alta tensão de consumidor. 2a. ed.
São Paulo, SP: Érica, 2011.

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