Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GESTÃO ESCOLAR:
PERSPECTIVAS DE UMA GESTÃO PARTICIPATIVA
GOIÂNIA-GOIÁS
2019/2
CRISTINA BALDUINO DE SOUZA
1
GLEICIELLY DOS SANTOS VIEIRA
ROSIMAR JESUS DA SILVA
GESTÃO ESCOLAR:
PERSPECTIVAS DE UMA GESTÃO PARTICIPATIVA
GOIÂNIA- GOIÁS
2019/02
2
FACULDADE UNIDA DE CAMPINAS – FacUNICAMPS
Recredenciada pela Portaria MEC nº262 de 18/04/2016
GESTÃO ESCOLAR:
PERSPECTIVAS DE UMA GESTÃO PARTICIPATIVA
SCHOOL MANAGEMENT:
PROSPECTS OF PARTICIPATORY MANAGEMENT
RESUMO
O presente artigo disserta sobre Gestão escolar, Perspectivas de uma gestão participativa, tendo como objetivo
explanar o contexto onde evidencia a importância desse modelo de gestão na atualidade. A metodologia utilizada
foi a pesquisa bibliográfica pela qual se fez a leitura de estudos que abordam o assunto, a discussão de grupo e o
desenvolvimento dissertativo do tema em questão. A partir da pesquisa realizada foi possível compreender e
refletir sobre a concepção de gestão participativa no contexto escolar, permeando as evidências de conhecimento
necessário a pratica da gestão democrática e participativa. Conclui-se que em face das novas demandas que a
escola enfrenta, no contexto de uma sociedade que se democratiza e se transforma, a gestão escolar implica
numa tomada de posição dos pais, professores, funcionários, estudantes e de toda a comunidade escolar, pois a
função social da escola é melhorar através das parcerias os resultados do ensino, consolidando o compromisso
com a comunidade e com a qualidade de ensino dos discentes que esperam dessa escola aprenderem cada vez
mais e transformar cidadãos críticos e conscientes de que sua atuação na sociedade é de suma importância para o
êxito da humanidade que se preocupa com um futuro melhor.
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como tema a gestão participativa, enfocando sua contribuição na
reflexão de como um gestor deve proceder no âmbito de uma gestão democrática. Ele aborda
os conhecimentos e as atitudes necessárias a um gestor que se preocupa com a participação
dos servidores, dos alunos e da comunidade dentro de sua administração.
Os objetivos propostos para o desenvolvimento dessa pesquisa são: refletir sobre a
concepção de gestão participativa no contexto escolar, visando a investigar a efetiva
participação dos servidores na tomada das decisões no ambiente educacional; compreender a
importância de uma boa administração escolar dentro do contexto social, cultural e científico
de uma comunidade, e identificar os fatores que são necessários para o desenvolvimento da
gestão escolar democrática e participativa.
Atualmente, a palavra gestor vem ganhando destaque dentro da instituição escolar,
devido ao seu valor decorrente da vigência administrativa que, quando bem sucedida, traz
resultados significativos dentro do projeto educacional. Nesta perspectiva, fizemos,
teoricamente, uma análise procedimental das atuações necessárias e pertinentes à atualidade,
almejando o pleno desenvolvimento dos educandos inseridos dentro deste espaço vital ao
desenvolvimento pleno da cidadania.
As escolas estão sendo progressivamente responsabilizadas pelos resultados que
produzem e questionadas pelos problemas centralizados. Diante disso, surgem as seguintes
questões: como podem solucionar problemas vigentes à educação dentro da instituição
escolar; qual a responsabilidade do gestor e qual a perspectiva de uma gestão participativa que
solucione problemas, e como trazer à escola uma administração qualificada e empreendedora
dentro do âmbito escolar. No âmbito direcionador que rege as diretrizes de uma gestão
4
participativa, conhecer os desafios e ter ciência da liderança necessária já é um passo
determinante para alcançar a excelência na gestão. Parte, daí, a busca por aprimoramento
profissional em diversos ramos administrativos, a fim de buscar soluções adequadas em cada
situação que possa acometer atuações na gestão da escola.
Esta pesquisa é relevante para o campo da educação, à medida que se propõe a
entender como a administração escolar é realizada. É importante entender os entraves que a
gestão escolar participativa possui, bem como seus maiores desafios, visando sempre a uma
boa administração que atenda a escola como um todo. A gestão participativa é uma forma de
gestão que também concentra as divisões de trabalho e contribui para detectar as possíveis
falhas nos processos administrativos, para então se buscar alternativas de melhoria com
resultados satisfatórios, tanto para a qualidade do serviço como para a satisfação deste
servidor, para os alunos e a comunidade como um todo.
Para o desenvolvimento desse trabalho, optou-se pela pesquisa bibliográfica, que tem
o intuito de buscar embasamentos teóricos na temática em questão, através da leitura de vários
artigos científicos, revistas eletrônicas e livros de autores que tratam sobre este tema. A
pesquisa do presente estudo é descritiva por tentar descrever as relevâncias da perspectiva da
gestão participativa dentro do âmbito educacional, assim como os desafios enfrentados e os
eixos a serem analisados para o bom andamento da gestão.
Essa temática já foi desenvolvida por outros autores, entre eles: Lück (2009); Libâneo
(2008); Souza (2006) e outros. Lück fala sobre os desafios da liderança nas escolas, pois
somente uma escola bem dirigida obtém bons resultados. Libâneo disserta sobre as
concepções de organização e gestão escolar, e Souza enfatiza as disfunções que acarretam
perda e comprometem a eficácia e a efetividade da gestão.
Cabe destacar aqui a forma com que esse artigo está organizado. O capítulo 1 trata das
considerações inicias sobre a gestão escolar, na qual se discute seu conceito. No capítulo 2,
sobre o gestor e a gestão participativa, buscando evidenciar a condução do gestor dentro de
sua prática de gestão. No capítulo 3, se discorrem sobre a gestão participativa e as demandas
na escola, que articulam a importância da coletividade dentro de todas as ações de gestão. Por
fim, concluímos acerca de toda a pesquisa, informando sobre a importância relevante desse
trabalho dentro da perspectiva de uma gestão eficiente na sociedade atual.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A GESTÃO ESCOLAR
5
A gestão está presente em todas as empresas e instituições públicas e particulares,
sendo atualmente fundamental e necessária no setor de educação. A gestão escolar engloba as
incumbências que as unidades escolares possuem, tais como: elaborar e executar a proposta
pedagógica e administrar o pessoal e os recursos materiais e financeiros. Neste sentido, Lück
(2009) afirma que:
A gestão escolar constitui uma das áreas de atuação profissional na educação
destinada a realizar o planejamento, a organização, a liderança, a orientação, a
mediação, a coordenação, o monitoramento e a avaliação dos processos necessários
à efetividade das ações educacionais orientadas para a promoção da aprendizagem e
formação dos alunos (LÜCK, 2009, p. 23).
Portanto, a partir do pensamento dessa autora, a gestão escolar deve ser vista como o
processo contínuo e permanente de promover a organização, mobilização e execução das
ações necessárias para manter e aprimorar uma instituição de ensino. A gestão é o fator que
articula os trabalhos dos diferentes setores da instituição, garantindo que todos funcionem
bem.
O profissional de gestão escolar é aquele que lidera e supervisiona esses trabalhos.
Para isso é importante que ele tenha uma visão ampla da instituição em que está. Esse
profissional precisa ter noções de administração financeira, acadêmica e pedagógica, além da
consciência da missão da escola ou do curso. Com uma gestão adequada, tudo deve convergir
para o objetivo maior da instituição de ensino: formar cidadãos capazes e independentes.
Segundo Libâneo (2008, p. 101), “a gestão é a atividade pela qual são mobilizados
meios e procedimentos para atingir os objetivos da organização, envolvendo, basicamente, os
aspectos gerenciais e técnico-administrativos”.
Para Souza (2006):
Sendo assim, podemos dizer que gestão tem por característica ser uma atividade de
liderança, na qual se propõe a desenvolver tarefas que envolvem aspectos gerenciais, técnicos
e administrativos.
6
Por fim, Lück (2009, p. 22) afirma que gestão é o ato de gerir a dinâmica cultural da
escola, afinada com as diretrizes e políticas educacionais públicas para a implementação de
seu projeto político-pedagógico. A autora, ainda, é compromissada com os princípios da
democracia e os métodos que organizam e craem condições para um ambiente educacional
autônomo de participação, compartilhamento e autocontrole.
Além disso, a gestão escolar tem como objetivo propiciar aos estabelecimentos
escolares uma administração eficiente, sendo fundamental no processo de democratização da
escola, englobando tanto os aspectos pedagógicos como o aspecto burocrático. Deste modo é
importante que a gestão educacional esteja pautada em aspectos democráticos e participativos,
sendo que esta construção coletiva de objetivos resulta na melhoria da instituição, enquanto
local de formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a sociedade.
Embora na sala de aula o professor deva ser a autoridade máxima e ter autonomia
pedagógica, seu trabalho é aberto à observação e sua autonomia se assenta sobre o
seu dever e responsabilidade de fazer um bom trabalho com todos os alunos,
cabendo ao diretor orientá-lo nesse trabalho, a fim de garantir que o aluno tenha um
ensino de qualidade, e para que isso seja possível todo o corpo da escola deve estar
envolvido, os gestores devem fazer com que isso não fique somente no papel, mas
deve garantir que seja eficaz. Ser um gestor é pensar além dos problemas
burocráticos, ser um gestor também é ser um educador e também deve assegurar os
direitos dos alunos serem educados e serem cuidados da melhor forma possível
(LÜCK, 2009, p. 101).
[...] embora na sala de aula o professor deva ser a autoridade máxima e ter
autonomia pedagógica, seu trabalho é aberto à observação e sua autonomia se
assenta sobre o seu dever e responsabilidade de fazer um bom trabalho com todos os
alunos, cabendo ao diretor orientá-lo nesse trabalho (LÜCK, 2009, p. 101).
10
Para Ribeiro (2006, p. 01), “A área de Recursos Humanos tem como objetivo principal
administrar as relações da organização com as pessoas que a compõem, consideradas, hoje em
dia, parceiras do negócio, e não mais meros recursos empresariais”. A gestão de recursos
humanos baseia-se nos estudos de como uma empresa gerencia e organiza as pessoas que a
compõe. O gestor qualificado tem que entender não só de educação, mas também de
administração de recursos humanos e materiais, políticas de administração, tendo em vista
que esta é uma área bem heterogênea nas relações interpessoais. Cada um já traz sua própria
carga de experiências pessoais e profissionais.
O RH é o departamento que faz com que a instituição esteja regulamentada junto aos
órgãos trabalhistas, como ao Ministério do Trabalho, de acordo com a constituição federal. A
parte burocrática é a admissão, a compensação e o desligamento do funcionário. Entretanto, o
RH funciona também como gestão de pessoas e deve ser o elo entre o trabalhador e os seus
superiores e um mediador de conflitos internos e externos da instituição/funcionários.
Segundo Ribeiro (2006):
Todas essas características são esperadas de um líder de gestão, mas, como é um cargo
ocupado por um ser humano, pode, portanto, haver falhas. Por isso, o gestor precisa de uma
equipe de apoio preparada e com o mesmo propósito para ajudá-lo a gerir a instituição. Essa
troca de saberes gera experiências e aprendizados.
Sabemos que o relacionamento pode ser uma das partes mais sensíveis do processo de
gestão escolar. Por isso é extremamente importante que o gestor: dê atenção extra para todos
os funcionários que integram a equipe da sua instituição de ensino; seja compreensível e
elabore formas de interação que sejam benéficas para a sua escola e para a sua equipe;
programe metas e crie estratégias de crescimento que estipulem o bom desempenho do
funcionário; seja compreensível, para que este desempenhe um trabalho de maior qualidade,
11
no qual o bem maior é o aluno e seu aprendizado, depois o crescimento da instituição, que
será inevitável diante de uma boa gestão administrativa.
O gestor escolar deve ser um líder pedagógico que: apoia o estabelecimento das
prioridades; avalia e participa na elaboração de programas de ensino e de programas de
desenvolvimento e capacitação de funcionários; incentiva sua equipe a descobrir o que é
necessário para dar um passo à frente; auxilia os profissionais a melhor compreender a
realidade educacional em que atuam; coopera na solução de problemas pedagógicos; estimula
os docentes a debaterem em grupo e a refletirem sobre sua prática pedagógica; experimenta
novas possibilidades, bem como enfatiza os resultados alcançados pelos alunos.
16
[...] a democratização da gestão e a educação com qualidade social implicam a
garantia do direito à educação a todos, por meio de políticas, programas e ações
articulados para a melhoria dos processos de organização e gestão dos sistemas e das
escolas, privilegiando a construção da qualidade social inerente ao processo
educativo (MALHEIROS, 2008, p. 14).
De acordo com a UNICEF, a gestão democrática nas escolas é um dos caminhos mais
importantes para se alcançar a qualidade na educação e, quanto mais a família, os estudantes,
professores, diretores e toda a comunidade participam das atividades e decisões da escola,
mais chances a criança tem de aprender. Quando este processo não acontece, a escola perde
uma oportunidade de crescimento com base na reflexão coletiva.
Uma gestão democrática requer uma educação libertadora que forme sujeitos críticos
e, portanto, transformadores de suas realidades por uma sociedade justa e, principalmente,
inclusiva. A escola, sob uma política de fazer valer direitos e deveres, oportuniza o exercício
de cidadania.
O professor como mediador dessa construção deve ajudar a construir valores para a
formação de uma sociedade humanista, enquanto que o diretor escolar deve ser um líder com
ampla perspectiva do futuro. Este precisa estar a par não somente do que está acontecendo em
sua instituição, mas da educação como um todo e, principalmente, da sociedade de uma
maneira geral. Seu olhar tem que estar atento às novas expectativas mundiais e voltado à
busca empreendedora de novas metodologias que levem os alunos a compreenderem seu
papel frente às transformações de suas ações.
Dessa forma, o diretor precisa trabalhar com professores que saibam gerar conexão
entre as disciplinas de suas áreas e sejam capazes de promover atividades que deem aos
alunos a oportunidade de exercer sua cidadania na íntegra.
De acordo com Vasconcellos (2007), o professor possui um papel muito importante,
pois “trabalha” com novos indivíduos. Estes estão em formação e dotados de conhecimento,
por isso é necessário que o professor assuma o papel de transformador da realidade em que
está inserido, visto que o conhecimento modifica as pessoas e situações.
18
O professor e o aluno ocupam na escola atual posições diferentes daquelas de anos
atrás, sendo o professor “sujeito histórico de transformação” (VASCONCELLOS, 2007, p.
72). Essa “transformação da realidade não vai se dar de forma espontânea, automaticamente”
(VASCONCELLOS, 2007, p. 28). Ou seja, eles são responsáveis por transformações que
ocorrem em seu meio.
Diante de tais afirmações e evidenciando-se o papel e a importância do professor no
espaço educacional, percebeu-se o quanto o professor pode interferir na motivação dos alunos
e impactar a sala de forma positiva, democrática e participativa. O potencial de um professor
mediador e transformador de ideais, que se engaja em trabalhos dentro da gestão participativa,
não só conquista a admiração de seus alunos, como se torna o espelho atitudinal. Isso leva
muitos a buscarem participar e atuar dentro das decisões na gestão participativa.
A participação dos professores na gestão participativa tende a fortalecer a interação
com os alunos, porque, desde a elaboração de planejamentos à execução das atividades
necessárias, essas ações podem ser planejadas coletivamente, formalizando a transparência.
Desta maneira, garantem-se uma alavancagem na qualidade social da educação e um processo
de tomada de decisões a partir da participação de todos, visando a um propósito comum, que é
a qualidade de ensino.
Libâneo (2004, p. 14) deixa claro que “é no exercício do trabalho que, de fato, o
professor produz sua profissionalidade”. De fato, é na pratica que o professor consegue
impactar seus alunos com vivências, metodologias, experiências e diálogos, levando-os a
refletir o quanto é prazeroso desenvolver ações empreendedoras dentro da escola e o quanto
sua participação na tomada de decisões é importante.
Somente quando os docentes e discentes expressam suas valiosas contribuições,
opinando e sugerindo pistas acerca do trabalho pedagógico mais eficiente que a escola realiza,
envoltos às suas classes, poderão dizer que existe nela uma autonomia. Esta é fruto de uma
democracia participativa, pois lhe é então atribuída a responsabilidade e o controle sobre o
trabalho que executa, identificando, aí, o valor do professor.
19
um de seus enlaces familiares, buscando sempre nova estabilidade nas relações sociais dentro
e fora do convívio familiar. Conforme Libâneo (2001),
A escola deve buscar meios de mostrar aos pais que a família tem, sim, o papel de
ajudar a escola a despertar no aluno o interesse em querer aprender. Os interesses comuns, a
educação escolar e as ações coletivas entre a escola e a família, só trazem grandes benefícios
aos discentes, pois a aproximação da família fortalece os laços entre a comunidade. Destarte,
todos se engajam na valorização da educação como um todo.
A família é a instituição que primeiro se preocupa com a educação, pois é dela que se
origina a base pedagógica do ato de aprender e da ação educativa. É inicialmente, na família,
que ocorre a vivência social e é nela também que se cultivam o amor, os cuidados e as regras
do que se pode e não se pode fazer, desde a primeira infância.
Nesse sentido, o processo de educação escolar auxilia e se alia ao processo de
educação iniciado no seio da família. É assim que, juntas, escola e família garantem uma
oportunidade de prática educativa que, de fato, promova ensino e bons resultados na formação
de cidadãos.
Ao incluir o núcleo familiar no processo de desenvolvimento escolar, os pais e
responsáveis ficam muito mais atentos ao desempenho e ao comportamento de seus filhos em
sala de aula. Os alunos tornam-se mais engajados e participativos tanto nas atividades em
classe quanto nos projetos da escola e, com isso, só pode haver o aprimoramento da gestão da
escola.
Os gestores têm maior facilidade para a tomada de decisões importantes quando há o
apoio da comunidade. Suas responsabilidades são divididas de maneira proporcional, de
forma que o peso das medidas necessárias é de comum acordo entre todos. Ao se partilhar as
tarefas, as pressões também são divididas e amenizadas, melhorando o ambiente de trabalho e
dando-se autonomia e confiabilidade para os membros da comunidade escolar participarem do
aprimoramento de sua escola.
Para Libâneo (2008, p. 126), “A gestão participativa é a forma de exercício
democrático de gestão e um direito de cidadania, mas implica também deveres e
20
responsabilidades”. Neste aspecto, quando a família é a provedora e responsável pelo
discente, promove a tomada de decisões, permitindo ou não que o seu filho participe das
atividades escolares, sejam elas de teor educativo ou social. Mais que isso, a família vivencia
com o aluno os momentos de desenvolvimento dos trabalhos, o que fortalece o vínculo
familiar, valoriza o esforço do aluno e engradece a instituição como formadora da cidadania.
Se, por um lado, a gestão democrática é uma atividade coletiva, implicando a
participação e os objetivos comuns, por outro depende também de capacidades,
responsabilidades individuais e de uma ação coordenada e controlada que não pode prescindir
da presença da família no seio escolar.
Dias (1998, p. 280) enfatiza que “a escola tem [...] a preocupação de conquistar o
apoio da comunidade, considerando-o relevante para uma atuação eficaz”. Libâneo (2008, p.
138) assegura que a participação da família da gestão “possibilita à população o conhecimento
e a avaliação dos serviços oferecidos e a intervenção organizada da vida da escola”.
Proporcionar a integração e a articulação entre a escola e a comunidade, na qual o
aluno se encontra inserido, é uma oportunidade que a família tem de participar da vida do seu
filho e colaborar com suas vivências. Assim, partilha conhecimentos, atenção, carinho e
formação da cidadania, o que constitui um fator de fundamental importância para o adequado
funcionamento da escola, bem como da qualidade de ensino e da formação de um indivíduo
como um todo.
21
instituição, proporcionando a chance de que todos os profissionais envolvidos atuem de forma
ativa e expressem suas necessidades ou opiniões.
A participação, conforme Gadotti (1996), é um ponto crucial, sem o qual todas as
intenções caem por terra. Entretanto é necessário fortalecer a gestão, compartilhando ações,
pois a interação entre os participantes de um grupo de trabalho não é só “estar juntos”, trocar
ideias ou dividir tarefas do dia a dia, mas também enfrentar dificuldades e superar
divergências. Em suma, participação é a construção de algo que pertence a todos e tem
relação direta com a qualidade de vida de todos os envolvidos no processo. Conforme
Bordingnon e Gracindo (2004), a participação e o compromisso não se referem apenas à
comunidade interna, mas devem buscar alianças com a comunidade externa, a quem a escola
serve e pertence efetivamente, promovendo a cooperação interinstitucional.
A gestão participativa, de acordo com Lück (1998, p. 43), reconhece que “[...] a vida
organizacional contemporânea é altamente complexa, assim como seus problemas”. Não é
possível resolver sozinho os problemas e as questões relativas à escola, visto que a instituição
é um local de pensamento e, quanto mais coletivas, mais ricas se tornam suas ações
mediadoras. A gestão participativa também é uma ação mediada por pessoas que discutem e
tentam entrar em consensos específicos dentro das problemáticas envolvidas.
A abordagem participativa fundamenta-se no princípio de que, para a organização ter
sucesso, é necessário que os gestores busquem o conhecimento específico e a experiência dos
seus companheiros de trabalho, ouvindo o que toda a comunidade acha ser mais eficiente
dentro da sociedade na qual está inserida.
Paro (2001, p. 45) também enfatiza que “é necessário que todos se envolvam no
processo, assumindo o compromisso na busca de melhorias, nas soluções de problemas e
auxiliando na tomada de decisões”. O resultado virá com o esforço de todos que, engajados
dentro da gestão, visam à democracia nas decisões tomadas e vislumbram uma sociedade
mais igualitária. Nesta, os cidadãos farão suas escolhas a partir dos conhecimentos e das
experiências vivenciadas na escola. Estes são momentos de participação e de tomadas de
decisões que enriquecem as experiências de todos no diálogo e nas formas de compartilhar
vivências dentro da sociedade.
Compartilhar uma gestão, seja ela com seus inúmeros desafios a serem
desmistificados, é também atribuir e discutir os significados de uma sociedade que ainda não
está pronta, mas que busca a cada dia superar seus desafios e seguir sua história.
22
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
23
O processo de gestão deve ser integrador, valorizando-se o entrosamento da
comunidade e da família, pois a família e a escola são ambientes de aprendizagem
fundamentais para o desenvolvimento global da pessoa. Quanto melhor for a integração entre
ambas, mais positivos e significativos serão os resultados na formação do sujeito.
O diretor-gestor, com visão de liderança democrática que trabalha, coopera, sugere o
que sabe fazer, participa das tarefas e diz “nós” para a avaliação dos efeitos positivos ou
negativos da instituição, é um líder da organização que aprende e que assume
responsabilidades. Além disso, possibilita autonomia, interage, participa e coordena a busca
de soluções e construções, objetivando um grupo motivado, cooperativo e que tenha vontade
de crescer.
Um gestor participativo consegue manter um elo das ligações interpessoais com
parceria. Ele não impõe sua verdade, mas constrói verdades com o grupo e tem o respaldo da
comunidade escolar, fazendo-a participar ativamente, trazendo-a cada vez mais para dentro da
escola e buscando estreitar sempre os laços de parceria e cumplicidade. Logo, a gestão deve
estabelecer uma relação escola-comunidade-professor-aluno de troca, de ajuda, com
sensibilidade e engajamento, pois, se as relações não forem assim, certamente os resultados
esperados por esta escola não serão de educação de qualidade e humanizada.
REFERÊNCIAS
24
BORDIGNON, Genuíno; GRACINDO, Regina Vinhaes. Gestão da Educação: Município e
Escola. In: FERREIRA, N. S.; AGUIAR, M. A. (Orgs.). Gestão da Educação: impasses,
perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2004.
______. Gestão de pessoas: o novo papal dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. Rio
de Janeiro: Câmpus, 2010.
DIAS, José Augusto. Gestão da escola. In: MENESES, João Gualberto de Carvalho et al.
Estrutura e funcionamento da educaçao básica. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1998.
LIBÂNEO, José Carlos. Educação escolar, políticas, estruturas e organização. 2. ed. São
Paulo: Cortez, 2005.
______. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. revista e ampliada. Goiânia:
MF Livros, 2008.
25
MENDES, Valdelaine. Democracia participativa e educação: a sociedade e os rumos da
escola pública. São Paulo - SP: Cortez, 2009.
PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2001.
RIBEIRO, José Querino. Ensaio de uma teoria da Administração Escolar. Edição ver.
anotada e ampl. Por João Gualberto de Carvalho Meneses. São Paulo: Saraiva, 1978.
SOUZA, Celina. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto Alegre, ano
8, nº 16, jul./dez. 2006, p. 20-45.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Para onde vai o professor? Resgate do professor
como sujeito de transformação. 12. ed. São Paulo: Libertad, 2007.
26