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FACULDADE UNIFTC CURSO DE DIREITO

Jeremias Silva Santos


Jeiza Régis Vieira Silva
Marcelo Santos Ferreira
Marisa de Souza Andrade
Nhatiane Oliveira Pinheiro

RECURSO DE CONTESTACÃO

Recurso de contestação apresentado como


requisito parcial de avaliação da disciplina de
Redação Jurídica, ministrada ao 3º semestre,
noturno, no curso de Direito, da Faculdade
UniFTC.

Docente: Camila Pina

ITABUNA 2020
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE
DIREITO DA __ VARA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E DE
DEFESA DO CONSUMIDOR DA COMARCA DE ITABUNA – BAHIA

Processo nº: 0002345-83.2016.8.05.0001

MARCELO DE FREITAS, já qualificado nos autos da ação, processo em epígrafe,


que move em face de TIM CELULAR S.A, também já qualificada nos autos, vem, por
via de seu procurador que esta subscreve, não se conformando com a sentença
proferida, interpor o presente.

RECURSO DE CONTESTACÃO

MARCELO DE FREITAS, brasileiro, em união estável, autônomo, inscrito no CPF


sob o nº 123.456.789-00, RG nº 7584362748 SSP/BA, residente e domiciliado à
Avenida Boa Morada, nº 160, bairro Seguro, Itabuna – Bahia, CEP: 45602-000, por
intermédio de seus advogados, que está subscrevem (mandato incluso), vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor:
CONTESTAÇÃO

Em face da TIM CELULAR S.A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ
sob nº 04.206.050/0044-10, com sede na Av. Tancredo Neves, nº 148, Caminho das
Árvores, Salvador – BA, CEP: 41.820-130, pelas razões de fato e de direito que passa
a aduzir e no final requer:

PRELIMINARMENTE

O demandante ajuizou ação condenatória, com vistas ao pagamento de indenização


por danos materiais e morais que a demandada, propaladamente, lhe teria
ocasionado.
Alegou, em síntese, que possuía contrato de linha telefônica junto a empresa
Requerida, referente ao número (73) 98825-3394, vinculado ao plano “TIM Controle
Ligações Ilimitadas” e sempre cumpriu ordinariamente com a obrigação pactuada,
com todas as faturas adimplidas.
Ocorre que no dia 24/08/2020 o Requerente recebeu e-mail da Requerida, como
sempre ocorreu em meses anteriores, mas dessa vez, excepcionalmente, com 02
(dois) códigos de barras e a mensagem de que estes se referiam ao pagamento de
sua fatura TIM, conforme cópia anexa.
Como de costume, o Requerente procedeu com o pagamento, via aplicativo bancário,
conforme comprovante anexo, utilizando o primeiro código de barras constante do e-
mail recebido e, só após a confirmação do pagamento, constatou que o valor pago
era de R$ 418,54 (quatrocentos e dezoito reais e cinquenta e quatro centavos) e que
este divergia imensamente do valor do plano contratado junto à Requerida.
Ao entrar em contato com o serviço de atendimento ao cliente (SAC) da empresa por
telefone, na mesma data, foi informado de que deveria proceder com o pagamento
do 2º código de barras recebido no e-mail, no valor correto do plano contratado de R$
30,65 (trinta reais e sessenta e cinco centavos), o que foi prontamente cumprido pelo
Requerente, conforme se vê no comprovante em anexo, e que o valor do pagamento
efetuado, referente ao 1º código de barra, enviado erroneamente pela Requerida por
e-mail, seria restituído em até 05 (cinco) dias úteis.
Após aguardar por mais de 60 (sessenta) dias pelo ressarcimento do valor pago, o
Requerente entrou em contato novamente com o SAC da Requerida no dia
22.10.2020 (protocolo 2020111868816) e, ao falar com a atendente “Ana Clara”, esta
informou um novo prazo de 05 (cinco) dias úteis para o retorno com a resposta sobre
como a Requerida iria proceder na solução do problema.
O Autor, já consciente de que a via administrativa só gerou perda de tempo e desgaste
emocional, uma vez que o lapso temporal para o ressarcimento do valor pago, gerado
por cobrança indevida da Requerida, gera um sentimento de impotência, indignação,
humilhação e estresse. Dessa forma, requer, através de via judicial que a Acionada
seja compelida ao ressarcimento do valor pago pelo Acionante, em dobro, além do
pagamento de indenização no montante de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelos danos
morais, a fim de que o Acionante não venha a sofrer mais prejuízos, materiais e
emocionais.
Situação está que equivocadamente ensejou os motivos do demandante impetrar
ação de reparação por danos morais e materiais em desfavor da demandada, que
conforme será tratado em inúmeras oportunidades no presente instrumento.
Demonstrando de claro e bom entender que toda a situação se deu por culpa
exclusiva da demandada, que foi omissa e imprudente na resolução do problema,
como comprova-se pelos próprios protocolos de ligações e documentos anexados
aos autos.
POR FIM, em que pese o esforço do demandante em fazer crer que possui interesse
de agir para propor a presente ação em face da demandada, bem assim direito de
pleitear-lhe numerário indenizatório, sua pretensão não merece prosperar; senão,
vejamos.

DOS FATOS

Não se tratando de uma perda de tempo como alegado em exordial, e sim de um


procedimento adotado por todos(a) atendentes da TIM CELULAR S.A, com muita
experiência no assunto, o qual de veras teria o resultado em mãos em cindo dias,
como afirmado pela atendente em conversas de fls 31 e 32 dos autos, o que não viria
a ocorrer, pelo atraso do próprio demandante em fornecer a devida documentação,
como será veementemente infra tratado.
Salienta-se Excelência, que o ônus de tratar com a demandada é única e exclusiva
do requerente, porém restou prejudicada a diligência por culpa exclusiva do
demandante, que não forneceu as documentações necessárias para que ocorresse
a análise dentro do prazo solicitado, conforme depreende-se em próprias conversas
gravadas via ligação telefônica juntado em inicial, momento em que a atendente Ana
Clara insistentemente requere as documentações, conforme documento de fls 36 dos
autos.
É de bom tom trazer aos autos que o procedimento realiza-se da seguinte forma, o
cliente faz o contato explicando o ocorrido, ao qual abrimos um relatório de
ocorrência, pedimos para que nos encaminhe a cópia de pagamento realizada
indevidamente, para que assim possamos encaminhar para o setor responsável fazer
a devida avaliação e darmos um retorno ao cliente, sendo assim pedimos que o
mesmo nos encaminhe a documentação o quanto antes para que possamos dar uma
solução que seja positiva para ambas as partes dentro do prazo estipulado pela
demandada.
Desta feita, o demandante não forneceu de logo os documentos necessários para
que fosse realizada a análise, e ainda que insistentemente a atendente da
demandada os requeresse (o que não ficou explícito na exordial), na tentativa de
ajudá-lo, contudo mesmo assim resolveu, por sua conta em risco, não mais nos
fornecer a documentação solicitada, dessa forma, requer, através de via judicial.
Como é de inteira responsabilidade do demandante nos enviar documentação que
comprove suas alegações, para que assim possamos buscar, conforme contrato de
prestação de serviços, juntado em exordial (Cláusula terceira, parágrafo segundo item
E, às fls 55 dos autos), a efetivação de pagamento, por fato de que haja erro de
cobrança, gera a devolução do pagamento integral ao valor pago pelo contratante do
serviço, não havendo culpa alguma da demandada.
Depreende-se também que o demandante assinou abaixo da cláusula, demonstrando
a boa-fé da demandada em explanar todas as cláusulas que poderiam vir a ocasionar
ônus ao contratante, deixando-o a par de tudo o que estava assinando.

Dando continuidade.

E assim perdurou por dois meses de insistência, tendo sido solicitado 24/08/2020, e
apenas em outubro do mesmo ano foi finalmente enviado os documentos requeridos,
sendo está a cronologia completa:
24 de agosto de 2020: a partir desta data a atendente da demandada cobra os
documentos para análise da ocorrência, mas não recebe os comprovantes antes da
demandante entrar com ação judicial.
2 de outubro de 2020: sem envio dos documentos necessários para análise da
ocorrência. Fica claro, portanto, que o sr. Marcelo assumiu o risco por ter pago o valor
cobrado indevido pela demandada.
24 de outubro de 2020: o Requerente entrou em contato pela segunda vez com o
SAC (protocolo 2020111868816) e, ao falar com a atendente “Elisabeth”, que por sua
vez o solicitou novamente os documentos, esta informou um novo prazo de 05 (cinco)
dias úteis para o retorno com a resposta sobre como iria proceder na solução do
problema.
13 de novembro de 2020: a demandada recebe um último e-mail com comprovação
de pagamento da cobrança indevida do sr. Marcelo, dois meses e 19 dias após a
primeira ligação.
15 de novembro de 2020: O sr. Marcelo de Freitas ingressa com uma ação na justiça
ao perceber que por não encaminhar dentro do prazo os documentos solicitados não
conseguiria reaver o valor pago, mesmo assim teria o direito de restituição do valor
por ação judicial.
17 de novembro do ano corrente a demandada foi citada para oferecer resposta a
citação de uma ação de indenização por danos morais e materiais em que a parte
autora alega falha na prestação de serviço
Conforme acima exposto, ao receber os comprovantes do pagamento, a demandada
logo percebeu que algumas informações passadas pelo demandante no início da
transação estavam equivocadas, sendo a principal discordância em relação ao
pagamento do valor a maior, que possuía gastos em torno de R$ 418,54
(quatrocentos e dezoito reais e cinquenta e quatro centavos), entretanto não era de
sua titularidade, sendo enviada por engano ao seu endereço de e-mail.
Após estudar a situação, e para que o demandante não perdesse o dinheiro já pago,
haja vista assinou o contrato de prestação de serviços de boa-fé, a demandada
sugeriu que após o recebimento da documentação solicitada aguardasse o prazo de
5 (cinco) dias para realizar o estorno do pagamento para o sr. Marcelo de Freitas,
porém tal ideia foi negada pelo demandante, que equivocadamente se sentiu
enganado.
Instar salutar Douto Magistrado que o que possivelmente ocorreu foi uma inversão de
valores por parte do demandante, que se sentiu prejudicado por atos que foram, ou
seriam, realizados apenas para o seu bem.
Cumpre lembrar também que o demandante repetida vezes alega em exordial que
informou que aguardou por 60 dias para retornar à ligação, camuflando o fato de que
não encaminhou os documentos solicitados para que a análise pudesse assim ser
realizada e tendo como resolvido o problema.
O que ao contrário do que transcrito em petição inicial foi respeitado pela demandada,
posto que existe uma cláusula contratual (Cláusula terceira, parágrafo segundo, item
E, às fls-55 dos autos) que fornece o prazo de até 5(cinco) dias úteis, depois do
relatório de ocorrências seja aberto e anexado documentação comprobatória, tal
prazo este findo no caso concreto em 18 de novembro de 2020, e que foi devidamente
informados acerca de tal condição, haja vista possui sua rubrica logo abaixo da
referida cláusula.
Foi justamente esse prazo contratual que gerou toda a preocupação em regularizar
de pronto a situação do demandante, posto que por mais que a análise seja rápida, o
procedimento interno que concede o estorno pode demorar alguns dias a depender
da ocasião e se não resolvesse o mais rápido possível, poderia vir a prejudicar o
demandante.
Voltando a dizer, que toda insistência em entrega de documentos se deu apenas pelo
comportamento inerte do demandante, que demorou a enviá-los, bem como sua
imprudência, pois mesmo seria o maior beneficiado com a solução do problema.
Observando que não teria mais condições de tentar ajudar ao demandante, já que
este mostrou uma postura demasiadamente intransigente, a demandada enviou as
documentações por ele fornecida ao setor responsável, que, como já esperado,
estudou o que lhe foi entregue e concluiu que seria liberado o estorno do valor pago
a maior para o demandante, conforme mostra-se em declaração anexada aos autos
em audiência.
Neste sentido ao contrário do que foi alegado em exordial, não existiu nenhuma
atitude de má-fé nos serviços da demandada, sendo esta empresa de grande
responsabilidade, sentindo que sua imagem ficou bastante deturpada por ter suas
ações realizadas no intuito de beneficiar o demandante, ser vista como enganosa. O
prejudicando com seus respectivos clientes.

DO DIREITO

INEXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR – DA CULPA EXCLUSIVA DO


DEMANDANTE.

Como já incansavelmente tratado, o demandante, em uma atitude arriscada, não


forneceu os documentos para que a demandada realizasse sua análise da ocorrência
por meio do setor responsável, e mesmo tendo o devido conhecimento acerca de seu
contrato de prestação de serviço, não enviou os documentos solicitados.
Restando claro que foi a sua atitude omissa e imprudente que resultou na demora da
solução do problema, não merecendo prosperar nenhum pedido indenizatório, posto
que os reais fatos vão em desencontro com o disposto em lei, não cumprindo a
demandada os requisitos necessário geradores de responsabilidade civil.
Embora tivesse pleno conhecimento e discernimento para agir de forma correta e
prudente, o próprio demandante não ajudou a realização do trabalho da demandada,
que de toda forma tentou ajudá-lo, mas viu seu trabalho restar prejudicado pelo: não
fornecimento a tempo dos documentos necessários para analise;
a) bem como, imprudentemente, fazer a solicitação e não enviar documentação
necessária;
b) a negligencia em providenciar por inciativa própria o envio de todos os dados
solicitados;
Assim não resta dúvidas de que o suposto evento danoso ocorreu por culpa exclusiva
do demandante, e conforme leciona o notório doutrinador Carlos Roberto Gonçalves:
Quando o evento danoso acontece, por culpa exclusiva da vítima, desaparece a
responsabilidade do agente. Nesse caso, deixa de existir a relação de causa e efeito
entre o seu ato e o prejuízo experimentado pela vítima. Pode-se afirmar que, no caso
de culpa exclusiva da vítima, o causador do dano, é mero instrumento do acidente.
Não há liame de causalidade entre o seu ato e o prejuízo da vítima. (Responsabilidade
Civil. Saraiva, 2008, p. 505.)
Resumindo, para que a demandada seja responsabilizada pela reparação civil do
suposto dano sofrido pelo demandante, mister se faz seja provado adequadamente,
que a lesão sofrida adveio diretamente de ato praticado pelo contestante.
Nesse particular, como não poderia deixar de ser, o ônus da prova de todos os
requisitos da responsabilidade civil, ou seja, do dano, da culpa e do nexo causal, são
atribuídos, por inteiro, à parte demandante da referida ação, pois representam os
fatos constitutivos de seu pretenso direito. Toda pretensão prende-se a algum fato,
ou fatos, em que se fundamenta. Deduzindo sua pretensão em juízo, o demandante
incumbe afirmar a ocorrência do fato que lhe serve de base, qualificando-o
juridicamente e dessa afirmação extraindo as consequências jurídicas que resultam
no seu pedido de tutela jurisdicional.
Com isso, não basta ao demandante intentar uma ação para buscar a atividade
jurisdicional. Se não conseguir provar a veracidade dos fatos alegados em juízo, terá
o requerente o seu pleito prejudicado. De tal sorte, às partes não basta simplesmente
alegar os fatos. Para que a sentença declare o direito, isto é, para que a relação de
direito litigiosa fique definitivamente garantida pela regra de direito correspondente,
preciso é, antes de tudo, que o juiz se certifique da verdade do fato alegado, o que se
dará por meio das provas promovidas na lide, as quais, mesmo as juntadas pelo
demandante, vão em desencontro com o que aduz em exordial.

DA INEXISTÊNCIA DA CULPA DO AGENTE

Não se configura no presente caso, a culpa do agente, ou seja, da demandada, muito


embora o demandante não agiu de forma responsável, não enviando os documentos
solicitados dentro do prazo estipulado pela demandada. O que ocorreu apenas pela
morosidade do demandante.
A parte demandada se dispõe a apresentar as suas alegações através de
documentos hábeis, límpidos e legais, no sentido de convencer, neste Juízo, de que
a realidade dos fatos realmente existe, bem como faz uso da própria documentação
juntada pelo demandante. Como prova desta afirmação, fundamenta cada fato com
sua respectiva documentação, com intuito de firmar o compromisso de se fazer
justiça.
A justiça deve ser intentada no momento em que o cidadão se vê lesado ou ao
desamparado naquela situação fática. A nossa Lei Maior prevê ao lesado ou ao
desamparado uma reparação de dano, o que realmente não é este caso que está
sendo exposto nesta relação jurídica. A vítima, que está alegando uma indenização,
assinou um contrato de prestação de serviço ao qual foi mantido fielmente. Pode-se
notar que a parte requerida apresenta as suas alegações de acordo com cada
documento juntado aos autos, independente da parte que os anexou, pois “justiça” se
faz com veracidade, transparência e lucidez.
O ilustre Humberto Theodoro Júnior nos traz o seguinte conceito de culpa:

Culpa, no sentido jurídico, é a omissão da cautela, que as


circunstâncias exigiam do agente, para que a sua conduta,
num momento dado, não viesse a criar uma situação de risco
e, finalmente, não gerasse dano previsível a outrem.
(Responsabilidade Civil. 4 ed. Aide, 2007, p. 125.).

Rui Stocco nos ensina:


A culpa é a inexecução de um dever que o agente poderia
conhecer e observar. Se o conhecia efetivamente e o violou
deliberadamente, há delito civil, ou em matéria de contrato,
dolo contratual. Se a violação do dever foi involuntária,
podendo conhecê-la e evitá-la, há culpa simples.
(Responsabilidade Civil e sua Interpretação Jurisprudencial. 3
ed. RT, 2007, p.55).

Nesta mesma obra, o ilustre Rui Stocco cita a definição do Professor José Aguiar
Dias:
A culpa é a falta de diligência na observância da norma de
conduta, isto é, o desprezo, por parte do agente, do esforço
necessário para observá-la, com resultado não objetivado,
mas previsível, desde que o agente se detivesse na
consideração das consequências eventuais das suas atitudes.
(ob. cit., p. 55).

Vê-se, claramente, a demandada não preenche os requisitos para ser


responsabilizado por culpa no evento danoso. Assim, não há como imputar
responsabilidade por ato ilícito culposo, quer que seja por ação ou omissão. A parte
demandada agiu de forma ética e límpida quanto à intermediação da relação jurídica
entre cliente e fornecedor de serviço. A responsabilidade, neste caso, é do próprio
demandante, pessoa que tinha pleno discernimento, que escolheu uma prática
inadequada em determinado momento:

O ser humano, porque dotado de liberdade de escolha e de


discernimento, deve responder por seus atos. A liberdade e a
racionalidade, que compõem a sua essência, trazem-lhe, em
contraponto, a responsabilidade por suas ações ou omissões,
no âmbito do direito, ou seja, a responsabilidade é corolário da
liberdade e da racionalidade. (Carlos Alberto Bittar, citado por
Rui Stocco – ob. cit., p. 52.)
Desse entendimento, importa afirmar que é impossível vigiar todos os atos do ser
humano, eis que este pode tomar decisões imprecisas a qualquer momento, valendo
-se exclusivamente do seu poder racional. O ser humano tem que ter a consciência
dos atos de sua vida, e ter hombridade de assumi - lós mesmo que seja decorrente
de uma conduta irresponsável, causadora de um dano. Fica destacada a inexistência
da culpa da demandada.

DA IRREPARABILIDADE DOS DANOS MORAL E MATERIAL

Um evento danoso pode derivar-se de culpa exclusiva da vítima. Nesta hipótese, a


quebra do contrato se deu pelo fato de mesmo após seis meses de sua assinatura, o
demandante após abrir uma reclamação via ligação telefônica, não procedeu de
forma contratual quebrando assim cláusula contratual (Cláusula Terceira, Parágrafo
Segundo, Item E, às fls. 50 dos autos), que determina que nessa situação que seja
aberta a ocorrência juntamente com documentação comprobatória o contrato é
rescindido por culpa do demandante. Logo, a indenização por quem não teve
responsabilidade civil alguma, constituiria aberração jurídica, que não se pode admitir.
O demandante, em causa própria, intentou uma indenização por danos morais e
materiais decorrentes da quebra de um contrato, bem como por ter realizado o
pagamento de uma cobrança indevida. Vê- se, claramente, depois de tamanhas
explanações que todos os supostos danos advindos do contrato, se deu por culpa do
demandante, caracterizando a culpa exclusiva da vítima, eximindo a responsabilidade
da demandada de qualquer indenização, seja moral ou material.
Bem como no que pertine à indenização pelos danos morais, que seja considerado
que tudo que a demandada realizou foi no intuito de cumprir devidamente o contrato,
respeitando todos os prazos, para que assim o demandante viesse a receber seu
onerário de volta.

DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

A boa-fé é um dos princípios basilares do Direito, devendo nortear todas as condutas


humanas.
Em vista disso, o CPC enumerou como deveres das partes, bem como de todos os
envolvidos em processo judicial, “expor os fatos em juízo conforme a verdade” (art.
77, inc . I, NCPC) e “não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são
destituídas de fundamento” (art. 77, inc. II, NCPC), entre outros.
Entretanto, por todo o exposto até então percebe-se claramente que a parte
demandante faltou com o cumprimento dos referidos deveres, vez que distorceu a
verdade dos fatos ao omitir que foi solicitado documentos comprobatórios dentro de
data prevista, ao qual não foi encaminhado para que houvesse em tempo hábil a
análise da ocorrência vista solicitada.
Ao alterar a verdade dos fatos, o demandante formulou pretensão destituída de
fundamento e violando, por conseguinte, os deveres enumerados no art. 77 do NCPC.
Destarte, pode o demandante ser considerado litigante de má-fé, enquadrando-se
nas hipóteses descritas no art. 80 do NCPC.
Ao deduzir pretensão contrária à fato incontroverso e agindo de modo temerário,
merecendo, portanto, ser condenada a pagar multa de 1% a 10% (um por cento a dez
por cento) sobre o valor dado à causa, além dos honorários devidos aos patronos dos
requeridos e das despesas processuais, a teor do contido no art. 81 do NCPC.

DOS REQUERIMENTOS

Ante o exposto, requer:

⦁ que seja declarada a improcedência dos pedidos do demandante, no que tange a


indenização por danos morais e materiais, ante a ausência de culpa da demandada
no evento danoso, posto este ter se dado por culpa exclusiva do demandante, e todo
o serviço realizado tenha se dado da melhor forma para que o cliente pudesse
conseguir solucionar o litigio;
⦁ que seja o demandante condenado a pagar multa de 1% a 10% (um por cento a
dez por cento) sobre o valor dado à causa, além dos honorários devidos aos patronos
dos requeridos e das despesas processuais, a teor do contido no art. 81 do NCPC;
⦁ caso Vossa Excelência entenda ser procedente o pedido da autora, que seja
minorada a quantia relativa aos danos pessoais e patrimoniais, pelo anteriormente
exposto;
⦁ que seja concedido os benefícios da justiça gratuita, face a hipossuficiência da
demanda, face aos preceitos da Lei 1060/50.
Nestes termos,
pede e espera deferimento.
Itabuna – BA, 01 de dezembro de 2020.

Advogados:

Jeremias Silva Santos– OAB n° 134.207


Jeiza Régis Vieira Silva – OAB n° 159.445
Marcelo Santos Ferreira l – OAB n°178.113
Marisa Andrade– OAB n° 123. 013
Nath Pinheiro - OAB n° 206.013

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