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defesa na America do Sul, o papel das Forças Armadas começa a ser mais passível de
debates e questionamentos. Embora não haja consenso de que a região corresponda a
essa descrição, de que os países não lutarão entre si, na prática, a maioria dos países não
veem seus vizinhos como ameaças iminentes. Quando a perspectiva de uma guerra é
altamente improvável, aparece uma ideia tentadora, porque não limitar os gastos em defesa
e utilizar os recursos em necessidades mais evidentes? Não há dúvidas de que maiores
investimentos em saúde, educação e luta contra a pobreza são necessários na região. Do
mesmo modo, os autores que escreveram em relação a esse tópico apresentaram os
problemas de eliminar ou diminuir as Forças Armadas: interesses corporativos, o poder que
os militares ainda têm e falta de vontade política, depois de tudo, políticos com receita extra
à sua disposição, não necessariamente gastam essa receita com sabedoria quando
cercados por interesses poderosos (Pion-Berlin, 2016). Portanto, suprimir as forças
armadas não é uma ideia correntemente cogitada.
Nesse contexto, os governos devem decidir quais serão as missões atribuídas aos
militares. A escolha das missões pode ser escrita nas constituições e a decisão de fazer uso
dos militares é do comandante em chefe (presidente eleito), frequentemente com aprovação
do Congresso Nacional. Isto é, numa democracia, os tomadores de decisões são lideres
políticos civis, e os executores dessas decisões são os militares. Esta afirmação se baseia
no conceito de que os militares profissionais são apolíticos, mas como já foi dito, existe o
problema de que as Forças Armadas também têm seus interesses corporativos e muitas
vezes podem ir contra os interesses dos políticos.
Entender quais são as missões das Forças Armadas é fundamental, já que, só com
uma clara visão dos seus propósitos e metas, é possível fazer uma avaliação objetiva das
vantagens e os riscos do emprego das Forças Armadas. Avaliar quais missões são as mais
adequadas, e considerar o possível grau de autonomia que poderiam desencadear também
será importante, pois ainda que haja muito a ganhar com o emprego dos militares, é
possível que também tenhamos muito a perder.
Citação -> Por um motivo ou por outro e ainda narcotizados pelo embriagante sonho
de uma noite de democracia, deixamos de pensar em todos os desdobramentos, de estudar
e de nos preocupar com a impertinente participação militar nas decisões eminentemente
políticas. Como se o fato formal da eleição dos representantes das maiorias fosse suficiente
antídoto à participação, intromissão, tutela e ao deslocamento de funções dos militares
dentro do Estado (SAINT-PIERRE, 2001-2002).