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LITERATURA AFRO-FEMININA: POR UMA PRAXI FEMINISTA

INTERSECCIONAL
Joelia de Jesus Santos1
Dr. Roberto Henrique Seidel 2

O presente trabalho discute a partir da escrita poética de Cristiane Mare, Jocélia Fonseca e
Negranória d’Oxum como a interseccionalidade de gênero, raça e classe aparece na literatura
afro-feminina. Objetiva-se com isso, investigar em que medida a produção literária de mulheres
negras dialoga com o feminismo negro e desconstrói o caráter universal do feminismo
hegemônico. Com esse intuito, neste trabalho analisamos as opressões sofridas pelo segmento
feminino de modo a evidenciar a interseção existente entre os sistemas opressivos. Para tanto,
intelectuais como Patrícia Collins (2019), Kimberle Crenshaw (2004) e bell hooks (2015) foram
fundamentais para compreensão do conceito de interseccionalidade; Dajamila Ribeiro(2018), e
Cláudia Cardoso (2014), por sua vez, possibilitaram entender o feminismo negro; e Ana Rita
Santiago (2010), permitiu determinarmos a singularidade da literatura afro-feminina. Espera-se
com esse estudo apontar caminhos para a construção de uma praxi feminista que além de ser
antissexista, seja também antirracista, a fim de que o feminismo não continue incorrendo no
erro de se fechar somente a questão de gênero e acabe excluindo marcadores sociais igualmente
relevantes.

Palavras-chave: Interseccionalidade. Literatura afro-feminina. Feminismo negro.

Introdução

A publicação dos Cadernos Negros, volume 39, em 2016, revelou um número


substancial de mulheres negras que estão se construindo enquanto escritoras e que encontram
nesta série, a oportunidade de se lançar ao mundo das letras. Criado em 1978 pelo grupo
Quilombhoje, os Cadernos Negros, ano após ano vem democratizando o fazer literário ao
exortar escritoras a exemplo de Jocélia Fonseca, Negranória d’Oxum e Cristiane Mare a
publicar seus textos poéticos, para inscreverem a sua existência na literatura brasileira. Em vista
disso, o presente trabalho analisou a escrita feminina das poetas Cristiane Mare, Jocélia Fonseca
e Negranória d’Oxum, a fim de problematizar a função da literatura no combate às opressões
que recaem sobre a mulher negra. Para tanto, foram selecionados dois poemas de cada escritora
para discutir o entrelaçamento de gênero, raça e classe a partir de teóricos como Patrícia Collins
(2016), Djamila Ribeiro (2018) Kimberlé Crenshaw (2002), Judith Butler (2003), etc.
As três poetas selecionadas além de escreverem sob uma perspectiva similar, em se
tratando de estrutura poética, elas não possuem obras literárias publicadas; geralmente publicam

1
Mestre em Crítica Cultural – UNEB – E-mail: josantos_17@hotmail.coml
2
Professor no Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural (Pós-Crítica) – UNEB – rseidel@uneb.br
coletivamente em antologias. Com exceção de Cristiane Mare, que é paranaense, as demais
autoras referendadas são baianas. Todas elas são graduadas em Letras e possuem laços estreitos
com a educação; na verdade dividem o tempo entre lecionar e escrever literatura. Outro fator
que as aproxima é a militância, não só dentro do texto literário, mas fora dele também. Diante
do exposto, ficam evidentes as razões pelas quais, dentre as muitas escritoras que publicaram
nos Cadernos Negros, volume 39, optou-se por selecionar Jocélia Fonseca, Cristiane Mare e
Negranória d’Oxum, poetas que utilizam a linguagem literária de modo politizado, a fim de
romper com as interdições que lhes são impostas.

1 Gênero, raça e classe: mulher negra e seus embates sociais

As mulheres negras são, de modo geral, independentemente de outras diferenças


pontuais entre elas, afetadas de alguma maneira por opressões interseccionais de raça, gênero e
classe. Por isso, de acordo com a socióloga afro-americana Patrícia Collins (2016), as ativistas
feministas negras procuram não elaborar soluções separatistas para a opressão do seguimento
feminino no qual se inserem. Pelo contrário, buscam entender como ocorre a interligação entre
os diferentes sistemas opressivos que determinam a sua condição na sociedade.
Em pleno século XIX, embora também estivesse na condição de subalternidade, a
intelectual feminista e afro-americana Maria W. Stewart já compreendia que seu lugar social
era definido por diferentes variáveis. E tendo essa consciência, ela incentivou as afro-
americanas de sua época a rejeitar as imagens negativas da condição feminina negra,
assinalando que as opressões de raça, gênero e classe eram as causas fundamentais da pobreza
das mulheres negras. Maria W. Stewart ao apontar a fonte da opressão das mulheres negras,
conforme Patrícia Collins (2019), também questionou as contradições entre as ideologias
dominantes da condição feminina nos Estados Unidos e o estado de desvalorização das
mulheres negras estado-unidenses.
Algumas contradições estão expressas nos seguintes questionamentos: se sob a ótica
patriarcal as mulheres são supostamente passivas e frágeis, por que as mulheres negras são
tratadas como “mulas” e designadas para tarefas pesadas de limpeza? Se as boas mães devem
ficar em casa com os filhos e as filhas, por que as estadunidenses negras são forçadas a trabalhar
e a deixá-los em creches? Para Patrícia Collins (2019) esse paradoxo ocorre justamente por não
haver, até então, um feminismo cuja concepção se pautasse na interseccionalidade das
opressões. Portanto, concordando com o pensamento transcrito;
A questão é reconhecer que as experiências das mulheres negras não podem ser
enquadradas separadamente nas categorias da discriminação racial ou da
discriminação de gênero. Ambas as categorias precisam ser ampliadas para que
possamos abordar a questões de intersecionalidade que as mulheres negras enfrentam
(CRENSHAW, 2004, p. 8).

Decerto, conforme destacou Judith Butler (2003), a urgência do feminismo no sentido


de conferir um status universal ao patriarcado, acabou criando uma universalidade categórica
ou fictícia da estrutura de dominação, tida como responsável pela produção da experiência
comum de subjugação das mulheres. E esse feminismo fez uma análise do feminino totalmente
descontextualizada, analítica e politicamente separada da constituição de classe, raça e outros
eixos de relações de poder. Porém, não dá mais para anular a diversidade de experiências que
determina até que ponto o sexismo será uma força opressiva na vida de cada mulher. Pois, o
“sexismo, como sistema de dominação, é institucionalizado, mas nunca determinou de forma
absoluta o destino de todas as mulheres nesta sociedade” (hooks, 2015, p. 197).
Nesse sentido, embora, no passado, o feminismo tenha se negado a chamar a atenção
para hierarquias raciais e as atacar, suprimindo a conexão entre raça e classe, hoje faz-se
necessário analisar o problema feminino não apenas sob a perspectiva do gênero, mas também
sob o ponto de vista da raça e da classe. É desta maneira que as escritoras negras brasileiras
vêm discutindo as dificuldades de se ser mulher, negra e economicamente desfavorecida. Então,
na escrita afro-feminina as opressões não se sobrepõem em uma escala decrescente, tendem a
ser abordadas de modo que as suas relações sejam desveladas.
Essa interseccionalidade está presente no poema “Autoestima”, de Jocélia Fonseca, no
qual racismo e gênero são utilizados como operadores para discutir a respeito dos padrões de
beleza feminino, que com base em um ideal de feminilidade e em um perfil estético, induz
muitas mulheres “despradonizadas” a rejeitarem as suas formas corporais. No poema citado,
vale ressaltar, não há um apelo pela substituição de um padrão do belo por outro padrão, o que
se quer é problematizar são as normatizações impostas tanto pelo racismo quanto pelo sexismo.
Com esse propósito, Jocélia Fonseca expõe em seus versos o quão as mulheres negras sofrem
com o estabelecimento de padrões que as exclui, as condena e expropria a sua autoestima,
conforme verifica-se:
A beleza, que nos conduz para a luta,
é a mesma que nos mantém no dia a dia
como feras de presas saudáveis
a agarrar o que nos é de direito,
tomemos o lugar que é nosso,
que nos tomaram sem licença.
(...) Senhor opressor, preconceituoso da minha vida
Vá você se inferiorizar
Vá você se deprimir
Porque eu vou andar nas ruas
Como se fossem passarelas
A receber
Esta rainha negra (FONSECA, 2016, p. 164).

De acordo com esses versos, se antes havia um empenho por parte da mulher negra, para
integrar o mundo branco quanto mais rejeitasse a sua negridão, percebe-se no trecho acima um
caminho inverso. Não será mais o oprimido, sim o opressor quem sofrerá diretamente as
consequências do racismo, cada vez que sua investida de inferiorização do outro culminar em
uma reação contrária ao esperado. Contudo, ressalta-se, isto não significa que o racismo deve
ser combatido apenas com a autoaceitação do sujeito negro, posto que, consoante Carlos Moore
(2007), o racismo é uma estrutura de poder que monopoliza os recursos vitais da sociedade nas
mãos de determinados grupos em detrimento de outros. Portanto, tão importante quanto frustrar
o racista com a aceitação de seus traços corpóreos, construindo o que Patrícia Collins (2016)
chama de autodefinição e autoavaliação, as mulheres negras precisam, tal qual sugere a poeta
Jocélia Fonseca, agarrar tudo o que lhe é de direito.
Segundo Florentina Souza (2008), as escritoras negras não enfatizam em seus escritos
apenas a sexualidade, predomina em seus textos uma discussão de gênero e raça entrelaçados à
memória e à transmissão de saberes, como espaço ativo de transmissão de identidades. Stuart
Hall (2005) defende que os sujeitos são atravessados por múltiplas identidades que não são
fixas, essenciais e permanentes, isto explica o porquê de as mulheres negras alinharem os seus
embates sociais a uma perspectiva intersecional que redunde em uma política emancipatória de
coalizão de conflitos identitários.
Partindo de sua dupla identidade de mulher e negra, a poeta Jocélia Fonseca, em seu
poema “Panfletária”, discute a problemática racial sem deixar de confrontar o machismo, nem
a condição de subalternidade das classes dominadas. Então, utilizando-se da linguagem
literária, Jocélia Fonseca cria uma interseccionalidade entre as diferentes estruturas opressivas,
para do seu lugar de mulher negra, poder falar sobre a realidade social e cultural daqueles que
estiveram e continuam à margem da sociedade como nota-se nos versos:
De novo a mercantilização
da carne preta
da carne feminina da carne.
Dói na alma, na pele, ver irmãs
se enquadrando em quadradinhos...
de quatro ainda não fizeram oito.
As de oito não tem doze
não são adultas o bastante
para enfeitiçarem homens
no balanço das suas bundas para o ar
pernas abertas, borboletas alçando voo
um voo raso, falso, para a liberdade que aprisiona,
porque o endereço é um só:
as genitálias do machismo (FONSECA, 2016, p. 165).

Jocélia Fonseca, em seu poema “Panfletária” denuncia a objetificação do corpo


feminino, mostrando que “ainda nos dias de hoje, a mulher negra, por causa da sua condição de
pobreza, ausência de status social, e total desamparo, continua a vítima fácil, vulnerável a
qualquer agressão sexual do homem branco” (NASCIMENTO, 1978, p. 61), ou melhor, de todo
homem misógino. A poeta evidencia como as meninas antes de serem adultas, já são
transformadas em objeto de prazer masculino, nesta sociedade sexista, que oferece às mulheres
uma meia-liberdade ao induzi-las a exporem seus corpos e depois culpá-las por isso.
Com a sutileza e acidez própria ao poeta, Jocélia Fonseca questiona que liberdade
feminina é esta que fortalece o machismo e reduz a mulher apenas ao corpo. Dançar as músicas
cuja letra deprecia a mulher ao ponto de desumanizá-la é liberdade ou falta de consciência? Se
o caráter misógino dos hits dançantes em vez de causar indignação ao seguimento feminino,
leva muitas mulheres à histeria, denota que o feminismo ainda precisa avançar para que os
sujeitos marcados pelo sexismo não sejam coniventes com práticas sexistas iguais as relatadas
no texto poético abaixo:
A obediência a comandos obcecados:
senta, senta, senta... Desce, baixa, vai, vem,
vem de ré pra mim. Vem de ré? Assim... coisificada.
Diga não ao monopólio
de uma única parte do teu corpo.
Diga não ao poder unilateral da “tcheca”
tua “tcheca”
intimamente ligada ao seu útero
gerador ou não de seres que precisam de você inteira
para sobreviver aos malefícios sociais (FONSECA, 2016, p. 165 ).

Depreende-se com esses versos, que a poeta propõe um enfrentamento consciente a este
sexismo incumbido de transformar a mulher em produto de desejo masculino, como se
determinadas partes de seu corpo a definissem por completo. A desobediência neste caso, é no
sentido de recusa daquilo que dizem a respeito desse corpo esvaziado, por vezes apoderado. Por
isso, ao invés das mulheres obedecerem a comandos obscenos, devem tomar consciência dos
das limitações sociais que enfrentam apenas por ser mulher. Portanto, o poema “Panfletária”
faz uma súmula de como racismo e sexismo, incidem na vida das mulheres negras e de quais
maneiras elas podem fugir das armadilhas de ambos os sistemas de dominação. Nos últimos
versos do referido texto poético, os ideais feministas ganham uma expressividade substancial,
denotando o engajamento poético de Jocélia Fonseca, ao problematizar o comportamento das
mulheres que se deixam seduzir pela vaidade.
(...) E eu digo: se vai sofrer,
Aceite a sua condição de preta, preta mesmo
e ilumine outras pretas.
(...)
Se vai sofrer... cachorra é pouco
seja loba da montanha
uivando liberdade para além da carne.
Se vai sofrer... troque de vez em quando,
o ferro que embranquece os pensamentos
por um torço e faça dele sua coroa
porque... o sofrimento num sistema racista-sexista
é conta exata (FONSECA, 2016, p. 166).

Desconstruindo para construir outras noções de liberdade, Jocélia Fonseca é incisiva ao


afirmar que o sofrimento pode ser por algo justo. Assim, se é para sofrer, por que não afrontar
o racismo à brasileira assumindo-se negra, estética e intelectualmente? Se é para sofrer, por que
não enfrentar o machismo e se tornar uma mulher independente e empoderada, que não busca
atender padrões, mas despojá-los? Atitudes desse gênero com certeza são mais representativas,
em se tratando de intervenção nas relações poder, em razão de forçar uma mudança nos papeis
sociais já estabelecidos pela cultura sexista.
Os sistemas opressivos serão vencidos quanto menos houver quem os mente, o que
requer uma descolonização da mentalidade patriarcalista, responsável por colocar homens e
mulheres no mesmo panteão quando se trata de reproduzir preconceitos. Segundo Fanon (1968,
p. 27), “toda descolonização é um triunfo”, na medida em que o poder opressor perde a sua
força, devido à insurgência daqueles sobre os quais a dominação incide. Assim sendo, as lutas
contra as discriminações devem se dar em todos os níveis, com vista às mudanças nas estruturas
de poder.

2 Rompendo os grilhões da branco-normatividade: por um feminismo antirracista

Constância Duarte define feminismo como sendo “todo gesto ou ação que resulte em
protesto contra a opressão e a discriminação da mulher, ou que exija a ampliação de seus direitos
civis e políticos, seja por iniciativa individual ou de grupo” (DUARTE, 2004, p. 197). Tomando
como base essa definição, é possível afirmar que enquanto movimento organizado, no Brasil, o
feminismo teve início no século XIX, dando origem ao que ficou conhecido como a primeira
onda feminista. Esse primeiro momento do feminismo fora marcado pela reinvindicação de
parte das mulheres brasileiras pelo direito à educação, o que o possibilitou a partir de 1827, a
abertura de escolas públicas femininas.
A segunda onda feminista, conforme Constância Duarte (2004), surge por volta de 1870
e se caracteriza pelo número significativo de jornais e revistas de caráter nitidamente feminista.
A terceira onda, por sua vez, se inicia no século XX com o engajamento das mulheres pelo
direito ao voto, ao curso superior e à ampliação do campo de trabalho. A quarta onda, talvez a
mais expressiva, surge em 1975 e foi capaz de alterar radicalmente os costumes e tornar as
reivindicações mais ousadas. Então, a partir deste momento, as mulheres passam a reivindicar
conscientização política e melhoria nas condições de trabalho.
Contudo, esse feminismo ao qual nos referimos contemplou apenas uma pequena parte
das mulheres brasileiras. Isto porque, enquanto algumas mulheres brancas e burguesa lutavam
para poderem estudar, milhares de mulheres negras, por exemplo, lutavam para ter sua
liberdade, para serem reconhecidas como seres humanos em uma estrutura de poder que as
transformaram, de acordo com Achile Mbembe (2014), em objeto, mercadoria, moeda. Nesse
sentido, podemos inferir que não há um feminismo universalizante, mas feminismos plurais.
Nesta pluralidade de feminismos encontra-se, naturalmente, o feminismo negro, no qual as
mulheres negras além de serem protagonistas, podem debater sobre as suas reais necessidades
e segundo Cláudia Cardoso,
defende a perspectiva antirracismo como elemento intrínseco aos princípios
feministas, pois, se o sexismo, o racismo e o classismo colocam as mulheres negras
no mais baixo nível de opressão, nenhum movimento de mulheres pode ser
considerado realmente feminista se não tiver por premissa o enfrentamento destas
estruturas (CARDOSO, 2014, p.979).

Ao contrário do movimento feminista encabeçado por mulheres brancas, o movimento


de mulheres negras brasileiro colocou raça em evidência, demonstrando com isso o quão o
racismo e as desigualdades raciais, principalmente quando vem articulado com o sexismo, são
determinantes no processo de opressão, discriminação e exclusão da população negra. Assim,
a expressão “feminista negra” não só denomina outra categoria de mulher, como também
destaca as contradições subjacentes à brancura do feminismo. Além disso:
Usar o termo “feminismo negro” desestabiliza o racismo inerente ao apresentar o
Feminismo como uma ideologia e um movimento político somente para brancos.
Inserindo o adjetivo “negro” desafia a brancura presumida do feminismo e interrompe
o falso universal desse termo para mulheres brancas e negras (COLLINS, 2017, p. 13).

Compreende-se deste modo que, o feminismo negro se incumbe de pluralizar o discurso


feminista brasileiro, incluindo também as experiências de mulheres negras, as quais por razões
históricas, étnicas e sociais foram silenciadas, negadas por mulheres que consideravam ser
norma do feminismo. No entanto, o “ feminismo negro não é uma luta meramente identitária,
até porque branquitude e masculinidade também são identidades. Pensar feminismos negros é
pensar projetos democráticos (RIBEIRO, 2018, p. 7). Haja vista que, a multiplicidade de
sujeitos femininos precisam ter vez e voz para exigir tudo que lhe é de direito.
Sendo assim, para Djamila Ribeiro (2016, p. 100), o “arcabouço teórico-crítico trazido
pelo feminismo negro serve como instrumento para se pensar não apenas sobre as próprias
mulheres negras, categoria também diversa, mas também sobre o modelo de sociedade que
queremos”. E buscando apontar o modelo de sociedade que querem construir, as escritoras
negras brasileiras colocam seus anseios naquilo que escrevem. É o que faz a poeta Cristiane
Mare, em seu texto poético “Aqualtune”:
Nem Deus
Nem diabo
Apenas mulher Preta
(...)
Nada mais de soberanias
Reis ou tutores
(...)
Aqualtune
Vem ecoando
Nunca mais escravas de homens (MARE, 2016, p. 82).

A luta feminista ganhou novas dimensões com a inserção das mulheres negras, que no
interior do próprio movimento feminista enfrentou as contradições e as desigualdades que o
racismo e a discriminação racial produzem entre as mulheres, particularmente entre negras e
brancas no Brasil. Em seu poema, a escritora Cristiane Mare demarca esse lugar diferenciado
da mulher preta no histórico desse feminismo hegemônico. Então, aludindo a Aqualtune,
segundo relatos históricos, a avó materna de Zumbi dos Palmares, a poeta sugere, através de
seus versos, que, como a princesa africana escravizada, mas nem por isso submissa, a mulher
negra conquiste a sua independência para não ser escrava de homens..
Nota-se ainda, que no poema Aqualtune, de Cristaiane Mare, há um eu-poético que é
negro e feminino que concebe um modelo de sociedade onde as mulheres, em especial as
mulheres negras, se emancipam da dominação masculina. Mas tão importante quanto deixar de
sofrer pelo machismo é não ser oprimida pelo racismo, por esta razão preocupa-se em articular
o debate de gênero ao debate racial. Então, quando o eu-lírico diz ser apenas uma mulher preta,
deixa evidente a sua dupla identidade, por conseguinte, seu duplo posicionamento antirracista
e antissexista. Isto significa que a poeta propõe um feminismo heterogêneo, haja vista que:
Essa heterogeneidade interna não fragmentou nem enfraqueceu a importância política
do feminismo, pois ela traz em seu bojo a necessidade de construção de articulações
entre as diversificadas posições de sujeito, o que por sua vez compõe a força específica
do feminismo diante dos outros movimentos ou discursos sociais (COSTA, 2002, p.
61).

Tomando exclusivamente o modo de vida de um grupo de mulher, o feminismo embora


defendesse uma praxi antissexista, não tinha uma política antirracista, nem propunha uma
reflexão sobre a condição de pobreza na qual se encontrava a maioria das mulheres. Deste
modo, concordando com Claudia Costa, não é a heterogeneidade, mas a homogeneidade que
limita a potência do movimento feminista. Articular os distintos sistemas sociais é importante
para o movimento feminista porque além de permitir rever privilégios, leva a compreensão de
que as mulheres não são todas iguais, elas possuem singularidades que devem ser consideradas
para se pensar em políticas específicas. No poema Marcas da vida, a poeta Cristiane Mare
aponta para esta singularidade de ser mulher negra, ao enfatizar que há experiências que não
são comuns a todas as mulheres, mas singular a um determinado segmento feminino, tal qual
nota-se nos seguintes versos:
Sou uma mulher,
Trago sinais do tempo
Marcas da vida,
(...)
(...) Há dores e calma
Essas são unicamente minhas
E só a mim perceptíveis

Não pretendo negociar


Tampouco submetê-las
Ao crivo dos seus olhos
E daqueles que nada sabem
De ser mulher negra
Neste mundo de branco (MARE, 2016, p. 82).

Os versos de Cristiane Mare denota a singularidade de ser mulher negra mostrando que
mesmo compartilhando a experiência de ser oprimida em relação ao gênero, somente as
mulheres afrodescendentes compartilham um passado de escravidão, sofrem o peso do racismo.
Por isso, são as únicas capazes de entender certas dores, as quais quando submetidas ao crivo
de quem nada sabe sobre o que é ser negra e mulher, tendem a ser reduzidas a mero vitimismo.
Em razão disso, o feminismo não pode ser apenas antissexista, precisa ser com igual afinco, um
movimento antirracista, se realmente o seu objetivo for a emancipação feminina.
Estando inserida em um mundo social pensado para os segmentos privilegiados da raça
dominante, a mulher negra historicamente experimentou a clivagem da cor de um modo
bastante peculiar, pois, de acordo com Florestan Fernandes (1972), o negro permaneceu sempre
condenado a esse mundo que não fora organizado para tratá-lo como ser humano. Em virtude
disto, faz-se necessário efetivar uma política antirracista que possa romper com a estrutura
social vigente. Nesse sentido, quando a mulher negra denuncia a opressão de raça que sofre,
sua intenção é apontar os privilégios de ser branco em uma sociedade racializada.
Diante do exposto, percebe-se que reclamando o seu lugar de fala na cultura, na
literatura, a mulher vem contestando as representações sociais ao seu respeito. Por lugar de fala
entende-se a localização social do sujeito que enuncia o discurso. Apesar de haver confusão,
segundo Djamila Ribeiro (2017), lugar de fala não é o mesmo que representatividade. Na
opinião desta intelectual, uma mulher negra pode não se sentir representada por um homem
branco, mas esse homem branco pode teorizar sobre a realidade das mulheres negras a partir do
lugar que ele ocupa. O lugar de fala permite romper com a ideia de que somente os subalternos
falam de suas localizações e, de acordo com Djamila Ribeiro, é também uma postura ética,
pois saber o lugar de onde falamos é fundamental para pensarmos as hierarquias, as questões
de desigualdade, pobreza, racismo e sexismo. Então, a partir do seu lugar de mulher negra as
escritoras afro-brasileiras promovem um feminismo antirracista e antissexista que de alguma
maneira não só elas, mas mulheres de perfis variados possam se ver representadas.

3 Literatura negra brasileira de autoria feminina e o seu caráter social

Nenhum discurso é neutro, por mais oculta, subjaz nele uma ideologia, a qual, consoante
Conceição Evaristo (2017), milita ou pela manutenção do status quo ou pela mudança do estado
das coisas. A literatura negra-brasileira visa a transformação da realidade. Em vista disso, os
autores dessa vertente literária escrevem tomando a linguagem artística para além da estética.
Seus textos são eticamente compromissados com o social. As palavras são usadas para causar
desconforto, irromper silêncios, abrir frestas na literatura hegemônica, que sempre esteve ao
lado dos detentores do poder na perpetuação de arquétipos. De maneira semelhante, a literatura
afro-feminina não se fecha na questão de gênero, porque entende que a condição de
subalternidade da mulher na sociedade resulta da confluência de diferentes estruturas de poder
que se completam. Nesse sentido, podemos afirmar que:
a “literatura feminina” não se configura por tentar sobrepor-se àquela produzida pelos
homens ou pelo seu estilo e forma, ou como expressão de uma possível “subjetividade
feminina”, ou ainda tão somente por ser escrita por mulheres, mas pelas suas temáticas
e representações de personagens femininas, tensionadas e nutridas pelos desejos de
autonomias políticas e culturais e pelos anseios por conquistas do espaço público. Desse
modo, é uma textualidade que se pretende “transgressora” e “revolucionária”, uma vez
que almeja quebrar com tramas opressivas e de aprisionamentos do pensamento
masculino, já postos pela linguagem, por conseguinte pela comunicação, concepções de
mundo e pelas relações de poder (SANTIAGO, 2010, p. 23).
A literatura afro-feminina, de acordo com a compreensão de Ana Rita Santiago (2010),
é uma textualidade que pretende ser transgressora e revolucionária não apenas no modo de
representar o sujeito feminino e seus temas, mas também na forma de interpretar e construir
relações de poder. Trata-se de uma literatura engajada em que o estético e o político são
interfaces da mesma criação literária. O caráter social é uma veia forte na produção de mulheres
negras que ao enunciar o discurso literário trazem a lume os seus dilemas, a fim de promover
discussões sobre temas a respeito dos quais a sociedade se nega a debater.
Assim, apesar de a sociedade brasileira considerar desnecessário refletir sobre os
estereótipos criados a respeito da mulher negra, escritoras a exemplo de Negranóra d’Oxum
promovem esse debate. Posto que, “é num aperto de espaço definido, ou predefinido, onde está
incrustada, que a mulher escreve, inscreve, re-escreve, enunciando, denunciando e, a partir da
palavra, tenta romper, desbloquear, deslocar ou deslocar-se” (ALVES, 2010, p.183).
Deslocando-se do seu lugar de silenciada, a mulher escreve sobre de si e muda a representação
sobre o feminino, é o que ocorre no poema intitulado “Minha menina dos olhos é d’Oxum”, no
qual a poeta Negranória cria uma representação feminina multifacetada, no sentido de
considerar as diferentes experiências de ser mulher nesta sociedade sexista. A mulher negra, ao
contrário dos estereótipos presentes no imaginário coletivo, tanto é solitária quanto insurgente,
como se nota nos versos:
Inundam-se os olhos da menina minha
Solidão. Engole
És, um pouco, Ponciás
Sob os tênues versos d’Evaristo
És a Outra Negra Fulô d’Oliveira, saudoso poeta
És o desejo ardente das Carolinas
Catando cacos de si (NEGRANÓRIA D’OXUM, 2016, p. 240).

Nos versos transcritos, pode-se depreender que a autora apresenta um tipo de mulher
bastante peculiar, no que diz respeito à condição social e histórica. A menina dos olhos d’Oxum
é um pouco Ponciá — a personagem de Conceição Evaristo —, na forma como se conecta com
a ancestralidade; é dona de si tal qual a Outra Negra Fulô — do poeta Oliveira Silveira — e
semelhante às Carolinas — a Carolina Maria de Jesus e todas as mulheres resilientes —, possui
a capacidade de se reinventar. Negranória em seu poema suscita um vínculo entre a
protagonista do poema e as personagens femininas de outras narrativas literárias que escapam
aos estereótipos convencionais ligados à mulher negra.
As escritoras negras e os escritores negros escrevem de modo a romper com a estética
literária hegemônica, que sempre esteve a favor dos ideais da classe dominante, apesar de se
considerar neutra em sua abordagem ficcional da realidade. Porém, como pontuara Regina
Dalcastagnè (2007, p. 19) “a literatura é também um dos terrenos em que são reproduzidas e
perpetuadas determinadas representações sociais, camufladas, muitas vezes, no pretenso
“realismo” da obra”. E buscando evidenciar essas representações sociais que estão presentes
nos textos literários, as escritoras negras escrevem de modo a ressaltar o caráter nada imparcial
do discurso literário.
Embora os críticos literários vejam a literatura de viés social como panfletária, sendo
por esse motivo adjetivada de menor, para as escritoras negras e os escritores negros não faz
sentido escrever sem trazer à cena a questão do racismo na sociedade brasileira e outros
problemas igualmente relevantes. Isto porque, a escrita está vinculada a um ato político, pois,
conforme dissera Lívia Natália (2017), o autor dificilmente consegue apartar o que escreve de
uma dimensão política, ainda que seja de uma política da subjetividade. Deste modo, na
literatura negra há um discurso consciente, um manifesto de resistência a toda forma de
opressão. De acordo com Sobral (2017), além do panfleto, a linguagem engajada tem um
compromisso com o leitor, pois deseja afetar e ser afetada, dado o seu caráter humanista por
excelência.
Nessa linha de raciocínio, a poeta Negranória d’Oxum escreveu seu poema denominado
“Versos inversos”, através do qual tece sua crítica aos literatos que nada dizem a respeito da
condição subalterna da população negra, que só aparece nos textos da literatura clássica pelo
viés depreciativo. Por isso a poeta questiona o silêncio desses mesmos literatos em relação aos
problemas que atingem os negros neste país segregado, porém convencido de sua pretensa
democracia racial, como percebe-se no trecho seguinte:
Esboço versos, inversos, talvez.
A criança descalça corre,
Minha gente sofre. Resiste.
Nas estrofes suas, cadê? Cadê?
Ah! Seu moço! Faço, sim, rotos versos, inversos,
Talvez.
[...]
A minha torre, marfim não é, seu moço!
Das margens miragens, extraio:
Som, sabor e novas correnteza... (NEGRANÓRIA D’OXUM, 2016, p.
245).

Os versos “Minha gente sofre. Rsiste./Nas estrofes suas, cadê? Cadê” evidenciam a
preocupação dos autores da literatura negra em usar a linguagem literária com a finalidade de
fazer a denúncia social. Essa postura militante marca também a escrita do poeta Èle Semog,
autor do poema “Outras notícias”, que, semelhante ao poema em análise, critica a falta de
compromisso de certos escritores com a sociedade na qual estão inseridos, que preferem falar
de flores, a discutir as demandas dos oprimidos. A literatura negra cumpre o papel de
conscientizar, está mais preocupada em servir de instrumento de combate para aqueles que vêm
irrompendo de seus silêncios. Enfim, trata-se de uma escrita intencionalmente pensada para
contrastar o modelo literário vigente, estética e representativamente.

Conclusão

As produções poéticas de Cristiane Mare, Jocélia Fonseca e Negranória d’Oxum


demonstram que as escritoras negras assumem uma posição antissexista e antirracista ao se
afirmarem como mulher e negra no discurso literário. Seus textos poéticos conforme constatou-
se, refletem a política do feminismo negro e possuem uma funcionalidade social, visto que o
estético e o político são elementos indissociáveis na textualidade de autoras e autores afro-
brasileiros. Também, os poemas analisados, atrelados as teorias feministas permite-nos concluir
que o feminismo que não luta contra o racismo, nem combate às desigualdades socioeconômica,
reduz-se a um movimento fragmentado e sem força política para lidar com as diversas questões
relacionadas aos distintos segmentos femininos.
Qualquer vertente feminista que escolha se opor apenas à opressão de gênero, só
demonstra que não é uma luta para conquistar direitos, mas sim para acumular mais privilégios.
Afinal, o feminismo é pela emancipação de todas as mulheres, e para se chegar a esse objetivo
faz-se necessário lutar contra os sistemas opressivos em suas múltiplas formas. É isso que a
literatura negra feminina vem tentando fazer, ao interseccionalizar gênero, raça e classe em uma
perspectiva horizontalizada. As escritoras entendem que, criando esse diálogo entre as
estruturas de poder, as estratégias de enfrentamento a esses sistemas tendem a ser mais eficazes,
uma vez que há a possiblidade de se fazer uma análise conjunta dos problemas que afetam as
mulheres, e se chegar a soluções que atendam as demandas dos diferentes segmentos femininos.

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