Você está na página 1de 62

AVALIAÇÃO DE EQUIPAMENTOS EM OPERAÇÃO

COM TRINCAS – PARTE 9 API 579


Trinca com 2c = 34 in
OBJETIVO
Estabelece um padrão para avaliação em equipamentos estáticos e
tubulações com TRINCAS, tendo como referência a Publicação API
579-1/ASME FFS-1 (API, American Petroleum Institute – ASME,
American Society for Mechanical Engineers Recommended
Practice API RP-579/ASME FFS-1, Fitness-for-Service).

ABRANGÊNCIA E APLICABILIDADE
Aplica-se a equipamentos estáticos e tubulações, que foram
projetados segundo códigos reconhecidos.

Este documento apresenta diretrizes para avaliar se equipamentos,


vasos de pressão, tubulações e tanques, submetidos à pressão
interna, construídos com aços carbono ou aços de baixa liga, e que
contiverem trincas, podem falhar fragilmente ou por colapso
plástico da seção resistente onde a trinca está localizada.
ABRANGÊNCIA E APLICABILIDADE

Os procedimentos para a avaliação de trincas estão baseados no


método do diagrama de falha (Failure Assessment Diagram – FAD).

As trincas consideradas são as de tipo planar, as quais são


caracterizadas pelas dimensões de comprimento e profundidade, e
um raio de arredondamento na raiz fino. As trincas podem ser
superficiais, embebidas ou passantes.

O procedimento pode ser usado para a avaliação da possibilidade


de falha frágil de um componente. Para isto, usar uma trinca com
profundidade igual a 25 % da espessura de parede e comprimento
de trinca igual a seis vezes a profundidade da trinca (a = t/4 e 2c =
6).
As seguintes limitações devem ser satisfeitas para uma avaliação
nível 1.

a) O componente é uma chapa plana, cilindro ou esfera;

b) Cilindros e esferas são limitados a geometrias com R / t >5

c) A espessura na região da trinca é inferior a 38.0 mm;

d) A geometria da trinca pode ser superficial ou passante;

e) Para cilindros e componentes esféricos, a trinca é orientada na


direção axial ou circunferencial e localizada a distância igual ou
superior a 1.8√(D.t) de qualquer descontinuidade geométrica. Para
uma chapa plana, a trinca é orientada de forma que a direção da
máxima tensão principal é perpendicular ao plano da trinca.
As seguintes limitações devem ser satisfeitas para uma avaliação
nível 1.

Limitações de carregamento:
a) O carregamento predominante no componente é a pressão
Interna, gerando apenas campos de tensão de membrana.
b) Se o componente em avaliação possui possibilidade de ser
solicitado em um teste hidrostático futuro, a temperatura de metal
do componente deverá ser, no mínimo, acima de MAT (Minimum
Allowable Temperature). Após o teste hidrostático, a trinca deverá
ser re-inspecionada para assegurar que não houve evolução da
descontinuidade.
d) A geometria da solda é Simples V ou Duplo V e as tensões
residuais podem ser estimadas através das soluções apresentadas
no Apêndice E do API 579 / ASME FFS-1.
As seguintes limitações devem ser satisfeitas para uma avaliação
nível 1.

O material atende as seguintes limitações:


a. O material é aço carbono (P1, Group 1 ou 2) com tensões
admissíveis, definidas pelo código de projeto, não excedendo 172
MPa (25 ksi).
b. O valor mínimo da tensão de escoamento para o metal base é
igual ou inferior a 276 MPa (40 ksi) e o limite mínimo de resistência
é igual ou inferior a 483 MPa (70 ksi) e as juntas soldadas são
executadas com eletrodo compatível com o metal de base.
c. A tenacidade à fratura é igual ou superior ao valor “lower bound”
KIc, obtido da metodologia apresentada no Apêndice F do API 579 /
ASME FFS-1. Esse fato é considerado como verdadeiro para
aços carbono que não estejam degradados devido a danos (dano
por incêndio, superaquecimento, grafitização, etc,...).
DADOS REQUERIDOS
Geometria e notação de defeitos: conforme API 579 / ASME FFS-1:
DADOS REQUERIDOS
Geometria e notação de defeitos: conforme API 579 / ASME FFS-1:
DADOS REQUERIDOS
Geometria e notação de defeitos: conforme API 579 / ASME FFS-1:
DADOS REQUERIDOS
Geometria e notação de defeitos: conforme API 579 / ASME FFS-1:

Equação 9.1 e 9.2 da API 579


DADOS REQUERIDOS
Geometria e notação de defeitos: conforme API 579 / ASME FFS-1:
DADOS REQUERIDOS
Geometria e notação de defeitos: conforme API 579 / ASME FFS-1:
DADOS REQUERIDOS
Geometria e notação de defeitos: conforme API 579 / ASME FFS-1:
DADOS REQUERIDOS
Geometria e notação de defeitos: conforme API 579 / ASME FFS-1:
DADOS REQUERIDOS
Geometria e notação de defeitos: conforme API 579 / ASME FFS-1:
DADOS REQUERIDOS
Geometria e notação de defeitos: conforme API 579 / ASME FFS-1:
DADOS REQUERIDOS
Geometria e notação de defeitos: conforme API 579 / ASME FFS-1:
DADOS REQUERIDOS
Geometria e notação de defeitos: conforme API 579 / ASME FFS-1:
Procedimento de Avaliação - Nível I

O Nível 1 de Avaliação corresponde a uma metodologia simplificada e


limitada em relação à geometria, carregamentos e materiais.
Resumidamente, as etapas envolvidas na avaliação Nível 1 são
apresentadas a seguir.
Avaliação Nível 1 S
Nível 1
Verificar se o Determinar a T = CET sob a qual será feita a
Tipicamente, uma avaliação equipamento avaliação.
nível 1 requer somente uma trabalha nas
revisão dos registros dos condições de Determinar o Gráfico (G1 a G7) que melhor
dados do equipamento. projeto.Verificar se enquadra a localização e região de trabalho da
as condições de trinca.
Critério de aceitação: aplicabilidade do
comprimento da trinca Nível 1 estão Determinar na Figura 2 a curva que será usada no
medida, 2c < 2cadm, satisfeitas. Gráfico previamente selecionado: A, B ou C, cheia
comprimento admissível. N
ou tracejada.

Procurar avaliar
CET: “critical exposition segundo os Determinar a temperatura de referência, Tref
temperature”, é a menor Níveis 2 ou 3
temperatura que o metal Enquadrar o material segundo a classificação A, B,
pode atingir durante sua C, ou D da tabela 3.2 da seção 3 da API RP 579
exposição ao ambiente e Determinar o SMYS do material
durante sua partida ou
parada, operação, ou Determinar Usar a 9.2M da API RP 579 e determinar Tref.
anomalia, causada por um 2cadm no
vazamento. Gráfico Gi,
para a CET
e a Tref
Tref : temperatura de
referência baseada na curva
de isenção da ASME B&PV
que para aços ao carbono é Determinar as N Procurar avaliar
determinada para 20J dimensões da 2c < 2cadm segundo os
(15ftlb). Usar material a curva trinca, 2c e a Níveis 2 ou 3
MAT: “minimum allowable
temperature”, e SMYS. Entrar
na Tabela 9.2M da API 579 S
para determinar Tref. OK! Atualizar plano de
inspeção e determinar novo
prazo de inspeção
2c

Tratar como trinca


próxima ao cordão de ¼t t
solda se distância é < 2t a

Tratar como Tratar como


trinca trinca com
Dimensões de
2t passante a=1/4 t
uma trinca
superficial

t < 25mm  a < t/4  Tratar como trinca com a = 1/4 t


CURVAS QUE CONSTAM DOS GRÁFICOS G1-G7 a > t/4  Tratar como trinca com a = t
Curva A – trinca no metal de base
Curva B – trinca próxima a cordão de solda que 25 < t < 38mm  a < 6mm  a = 1/4 t, a > 6mm  a = t
teve tratamento térmico após a soldagem
Curva C – trinca próxima a cordão de solda que
não teve tratamento térmico após a soldagem
Gráfico G4
Curva cheia – a < ¼ t
Curva tracejada – ¼ t < a < t
Gráfico G1 Gráfico G7 Gráfico G3

Gráfico G5

Gráfico G2
Gráfico G6
Gráfico G1

Gráfico G1: Trinca em chapa plana (9.12 API 579)


Gráfico G4

Gráfico G3
Gráfico G3: Trinca ortogonal a cordão de
Gráfico G2: Trinca paralela a cordão de solda longitudinal em casca cilíndrica
solda longitudinal em casca cilíndrica Gráfico G5

Gráfico G2
Gráfico G4

Gráfico G3

Gráfico G5
Gráfico G4: Trinca paralela a cordão Gráfico G5: Trinca ortogonal a cordão
de solda circunferencial em casca de solda circunferencial em casca
cilíndrica cilíndrica
Gráfico G2
Gráfico G7

Gráfico G7: Trinca ortogonal a cordão de solda


Gráfico G6: Trinca paralela a cordão de solda meridional em casca esférica
meridional em casca esférica

Gráfico G6
Exemplo Nível 1
Exemplo Nível 1
Exemplo Nível 1
Avaliação Nível 2

A avaliação Nível 2 usa a


análise de adequação ao uso
chamada de FAD (“Failure
Assessment Diagram”).
Para tratar os componentes
que têm defeitos tipo trinca
são usadas duas avaliações
Limites:
falha frágil, que ocorre a
partir da raiz da trinca – caso
típico de um material frágil.
colapso plástico, que
considera o esgotamento de
plasticidade da seção
reduzida - caso típico de um
material que possui grande
tenacidade à fratura.
Passos da avaliação Nível 2 para componentes com trincas.

1. Avaliar as condições de operação e determinar carregamentos e temperaturas que


farão parte dos dados da avaliação.
2. Determinar as distribuições de tensões na região de localização da trinca. Caracterizar
estas tensões como:
a. Primárias:  m e  b - tensões primárias de membrana (m) e flexão (f),
p p

respectivamente; e tensões máximas primárias (geradas, por exemplo, num


teste hidrostático). Sua notação é:  m e b
max p max p

b. Secundárias:  m e  b
s s

Residuais:  m e  b
R R
c.

3. Determinar as propriedades do material:


a. Escoamento: Sy (ou SMYS)
b. Ruptura: Su (ou SMUS)
c. Tenacidade à fratura Kmat

4. Determinar as dimensões da trinca a partir dos dados da inspeção

5. Questão: usar ou não um procedimento com PSF (“Partial Safety Factors”)?. Os PSF
são os fatores de segurança parciais.

a. Se a resposta for não, então a área de segurança ficará limitada ao retângulo


com hachura mais forte que tem altura 0.7 e largura 0.8. Estes valores já
implicam num coeficiente de segurança de 1.414 e 1.25 respectivamente,
aplicados às propriedades mecânicas do material: Kmat e Sy. Seguir para o
próximo passo (6) usando PSFs=PSFK,=PSFa=1.0. (API 579 2000)
b. Se a opção for a de usar os PSF, então toda a área de segurança do FAD
poderá ser usada. Para continuar, determinar na Tabela 9.3 da API 579-1 os
valores de PSF a serem usados. Para isto seguir os seguintes passos:

i. Selecionar a probabilidade de falha desejada, Pf = 2.3x10-2, 10-3, 10-6.

ii. Avaliar os coeficientes de variação das tensões primárias,


s
COV   10%, 20%, 30%

Médio
a iii. Determinar K MAT . O valor pode ser igual a KIC determinado como
mínimo, corrigido através de fatores fornecidos na Tabela F.11 da API
579-1.
2c Médio
K MAT
iv. Determinar Rky  C onde C=1.0 para unidades inglesas e
S y ouSMYS
 mp   mp  PSFS 6.288 para o sistema internacional.

 bp   bp  PSFS v. Definir a constante Rc a partir de Pf e COV e comparar com Rky.


1
K MAT  K MAT
Médio
vi. Determinar na Tabela 9.3 da API 579-1 os valores de PSF a serem
PSFK aplicados nas expressões ao lado:
a  a  PSFa 1. PSFS, que irá multiplicar as tensões primárias (m e b)
Médio
2. PSFK, que irá dividir K MAT
c  c  PSFa
3. PSFa, que irá recategorizar (multiplicando) as dimensões da
 REF
p
  REF
p
 mp ,  bp , a  trinca
6. Calcular a tensão de referência primária  REF
p
baseando-se nas tensões primárias e nas
dimensões das trincas corrigidas pelos fatores PSF determinados acima. Expressões ou
funções para cálculo da tensão primária de referência poderão ser obtidas da literatura.
Várias destas expressões, válidas para geometrias e carregamentos comumente utilizados
podem ser encontrados no Apêndice D da API 579.
 rp
7. Calcular: Lrp 
Sy
 
8. Calcular: K Ip  K Ip  mp , bp , a Usar soluções da literatura. No Apêndice C da API 579 são
encontradas várias soluções comumente empregadas.

9. Calcular:  REF
SR
  REF
SR

 ms ,  bs ,  mR ,  bR , a 
10. Calcular: K ISR  K ISR  ms ,  bs ,  mR ,  bR , a 

11. Calcular o fator de interação de plasticidade 

 REF
SR
Calcular L SR
r 
Sy

 Se 0  LSR
r  4 fazer 0=1.0

 r  4 fazer calcular 0 a partir de


Se LSR

0. 5
 1 KSR 
2

0  1   I  
 2 .a.  S  
  y  

e determinar  usando Lrp e LSR


r para achar /0 na Figura 9.19 da API 579.
12. Determinar:

K Ip   .K ISR
Kr 
K MAT

13. Aplicar K r e Lrp no FAD para verificar se o ponto está na região segura

Falha frágil
Kr
  
K r  1  0.14 Lrp  0.3  0.7 exp  0.65 Lrp 
2 6

1.0
Modo de
0.7 falha misto

Colapso
Região de 0.8 plástico, Lr
aprovação
1.0
Aços com platô 1.175
de escoamento A508 1.80
Aços inoxidáveis

1.25
Aços C-Mn Possibilidade de limitar Lr ao valor de Sf/Sy
Onde Sf =(Sy+Su)/2 ou Sf =Sy+70 MPa
Avaliação de Integridade: Análise de Trinca em solda circunferencial da
tubulação 6”

A análise de quatro trincas detectadas em soldas circunferenciais de quatro


tubulações da unidade YYY por meio de inspeção por ultrassom

O material da tubulação não atende aos requisitos de limites de escoamento e


resistência à tração estabelecidos para o Nível 1 da API 579 por ter limite de
ruptura superior a 483MPa. Assim, foi aplicado um procedimento de análise
nível 2 e considerando dados conservadores com relação à existência de tensões
residuais altas na solda.

O único carregamento considerado seria a pressão interna. Foi considerada para


os cálculos das tensões longitudinais a tensão trativa provocada pela pressão
interna (equação 1) e a flexão (equação 2) também provocada pela pressão
interna pelo fato de algumas das trincas estarem localizadas em uma curva, ou
muito próximas de uma. A figura 1 mostra um esquemático para ilustrar como
foi feita a consideração do efeito de flexão.

Você também pode gostar