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1. ACORDES
Estas demais notas do acorde são nomeadas de acordo com o seu intervalo em relação
à fundamental.
13ª
11ª
9ª
7ª
5ª
3ª
Fundamental
Um acorde, mesmo na posição fundamental, pode estar com notas repetidas e isto não
altera sua classificação.
De acordo com os intervalos entre as notas das tríades, analisadas de baixo para cima,
estas podem ser classificadas da seguinte forma:
• Acorde no modo Maior - formado por uma terça maior seguida por uma menor;
3ªm
3ªM
Fá Maior
3
• Acorde menor - formado por uma terça menor seguida de uma maior;
3ªM
3ªm
Ré menor
3ªm
3ªm
Dó diminuto
3ªM
3ªM
Dó aumentado
Sol Maior com Sol Maior com Sol menor Sol diminuto Sol diminuto
7ª Maior. 7ª menor. com 7ª menor. com 7ª menor. com 7ª diminuta.
• O acorde está na primeira inversão quando a terça está na posição mais grave;
• O acorde está na segunda inversão quando a quinta está na posição mais grave;
• O acorde está na terceira inversão quando a sétima está na posição mais grave
(somente tétrades);
É importante observar que a inversão dos acordes é determinada somente pela nota mais
grave, ou baixo. Desta maneira, a posição das demais notas não irá fazer diferença.
Na harmonia tradicional, usamos números para indicar as inversões dos acordes. Este
sistema é conhecido como baixo cifrado e veio do período barroco, período no qual os números
representam os intervalos entre o baixo e as demais notas. A tabela abaixo demonstra esta
classificação.
Numeração
completa:
Numeração
abreviada:
• Somente um acidente indica que a terça sobre o baixo deve ser alterada;
1.6.1 Escalas
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KOSTKA, S.; PAYNE, D. Tonal Harmony. 7. ed. McGraw-Hill: Education, 2012.
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• Menor primitiva
• Menor harmônica
• Menor melódica
São duas escalas, uma maior e outra menor, que possuem a mesma armadura de clave.
A escala menor está a uma 3ª menor abaixo da relativa maior, em outras palavras, ela é a escala
formada a partir do VI grau da relativa maior. Observe as figuras abaixo:
São as tríades formadas sobre os graus da escala. Estas tríades são formadas apenas por
notas da escala. Ao classificarmos as tríades das escalas, podemos descobrir o tipo de tríade
que ocorre em cada grau de cada tipo de escala. A isto denomina-se campo harmônico.
Observe:
• Na escala maior:
• Na escala menor
Devido às alterações dos graus VI e VII, as notas das tríades das escalas menores harmônica
e melódica tem uma variabilidade muito grande. Segue abaixo as possíveis disposições de
acordes do campo harmônico menor. Observe que as alterações dos graus VI e VII não
aparecem na armadura de clave, mas somente como acidentes ocorrentes.
Assim como nas tríades, podemos formar tétrades sobre os graus da escala utilizando
apenas as notas da escala. Ao classificarmos as tétrades de cada grau da escala maior, obtemos
o seguinte padrão de acordes:
No caso do modo menor, assim como nas tríades, devido à variabilidade de acordes
decorrentes das alterações dos graus VI e VII ser muito grande, segue abaixo as disposições
mais comuns de acordes do campo harmônico menor.
Observe que neste sistema de escrita os graus não descrevem a característica do acorde,
ou seja, se ele é maior, menor, diminuto, aumentado, com sétima maior ou menor, já que isto
está implícito no campo harmônico da tonalidade em questão2.
Para classificar os acordes nesta condição, utiliza-se os numerais romanos que indicam
o grau da escala a qual o acorde pertence, acompanhados do sistema de baixo cifrado para
indicar as inversões. Veja os exemplos abaixo:
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Alguns autores, como por exemplo Kotska, S. e Payne, D. (2012), utilizam os graus escritos em letras
minúsculas para as tríades menores, em letras maiúsculas para as tríades maiores e em letras minúsculas com o
símbolo º para as tríades diminutas. Por exemplo, vi para o sexto grau menor, V para o quinto grau maior e viiº
para o sétimo grau diminuto.
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Observe que neste e-Book, a maioria das progressões irão aparecer a 4 vozes
distribuídas nas claves de Sol e Fá como segue abaixo. Neste caso, para facilitar a classificação,
você poderá reduzir os acordes para a mesma oitava, como consta na figura a seguir:
Exercício.
Classifique a progressão de acordes abaixo:
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2. CONDUÇÃO DE VOZES
Estabelece algumas diretrizes sobre como obter uma rica sonoridade das progressões de
acordes através das regras de condução de vozes e como utilizar notas estranhas ao acorde para
assim obter mais riqueza e variedade sonora nas progressões.
2.1 Regras básicas
A maneira pela qual as vozes dos acordes estão distribuídas e como elas se movem com
a mudança de acordes, tem um grande impacto na sonoridade. Desta maneira, existem algumas
regras para nos auxiliar a obter a melhor sonoridade possível.
No estudo da Harmonia Tradicional, é comum utilizarmos a escrita coral a 4 vozes para
os acordes. Sendo assim, adotamos a nomenclatura das vozes utilizadas no canto coral.
Soprano, para a voz mais aguda, contralto para a voz abaixo do soprano, tenor para a voz abaixo
do contralto e baixo para a voz mais grave. Observe as figuras abaixo.
Figura 36 – Distribuição das vozes na escrita coral a 4 vozes e tessitura de cada voz
soprano contralto
tenor baixo
Evite um espaçamento muito grande entre as vozes superiores ao baixo. Tente manter
o espaço entre elas no limite de uma oitava. Entretanto, quanto ao baixo, é preferível que este
tenha um espaçamento grande em relação ao tenor, podendo ultrapassar uma oitava.
Estas são as regras mais básicas. Adiante vamos estudar outras regras mais complexas
e que merecem especial atenção ao compormos progressões de acordes. Antes disso, observe
que quando a música progride de um acorde para o outro, existem 4 possíveis relações entre os
pares de vozes. Observe:
Observe que no primeiro acorde do último compasso da figura 63, o tenor e o baixo Lá-
Mi fazem um intervalo de 5ª, pois na harmonia tradicional os intervalos são contados como se
estivessem na mesma oitava.
O próximo exemplo demonstra uma possível movimentação entre as vozes sem quintas
ou oitavas paralelas.
Quintas paralelas são aceitáveis somente nos casos em que uma 5ª Justa é seguida de
uma 5ª diminuta. Entretanto, não deve ser usada uma 5ª diminuta seguida de uma 5ª Justa,
como no último compasso da figura abaixo.
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Quintas e oitavas ocultas ocorrem quando um par de vozes externas, que não formam
um intervalo de 5ª ou 8ª, se movem na mesma direção com um salto no soprano, formando um
intervalo de 5ª ou 8ª. Isto também deve ser evitado, pois o resultado sonoro é similar ao de
quintas e oitavas paralelos. Observe, na figura abaixo, uma oitava oculta no primeiro compasso
entre baixo e soprano, e no segundo compasso uma quinta oculta entre baixo e soprano.
Entretanto, no último compasso não há oitava oculta visto que o soprano se movimenta por
grau conjunto.
Exercício.
É importante ter em mente que numa tríade, as notas mais importantes são a
fundamental e a terça. Já numa tétrade, as notas mais importantes são a fundamental, a terça e
a sétima. Em Ambos os tipos de acordes, a quinta é a nota menos importante, a qual pode ser
omitida em algumas progressões sem, no entanto, alterar a classificação do acorde. Observe na
figura abaixo a ausência da quinta no último acorde de cada compasso.
6
5
São notas que apesar de escritas nos acordes não pertencem a eles. É importante saber
identificá-las para não se confundir durante a classificação dos acordes. Este tipo de nota
aparece com frequência nas composições, pois dão um efeito sonoro distinto, acrescentando
mais variedade à música. Geralmente as notas estranhas “resolvem" numa nota pertencente ao
acorde.
A nota de passagem é uma nota estranha utilizada para conectar duas notas que estão
separadas por um intervalo de 3ª maior ou menor, ou, em alguns casos, por um intervalo de 2ª
maior. Também pode ser utilizada mais de uma nota de passagem para conectar notas que
estejam a um intervalo maior que o de 3ª. Observe que a nota de passagem fica no tempo fraco
do acorde a que ela pertence e resolve por grau conjunto. Observe o exemplo abaixo:
É quando uma nota do acorde se move para uma nota estranha por grau conjunto e
retorna para a mesma nota. Pode ser ascendente, descendente, ou ambas, por duas notas
vizinhas. Observe:
2.4.3 Suspensão
É uma nota de um acorde anterior que é mantida enquanto as outras notas se movem
com a mudança de acorde. Desta forma, ela se torna uma nota estranha no tempo forte do novo
acorde e então resolve em grau conjunto descendente, numa nota pertencente ao novo acorde.
Ela pode estar ligada ou não à nota anterior. Observe.
Figura 50 – Suspensão
2.4.4 Retardo
Figura 51 – Retardo
2.4.5 Apogiatura
É uma nota estranha que ocorre no tempo forte do acorde, é antecedida por grau
disjunto e resolve em grau conjunto no sentido ascendente ou descendente. Observe.
Figura 52 – Apogiatura
2.4.6 Escapada
É uma nota estranha ao acorde que ocorre na sua parte fraca, afastando-se da nota do
acorde por grau conjunto e aproximando-se da nota do próximo acorde na direção oposta e por
grau disjunto. É geralmente uma nota curta. Observe.
Figura 53 – Escapada
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2.4.7 Antecipação
É uma nota estranha que antecipa a nota do próximo acorde. Ela ocorre na parte fraca
do tempo de um acorde, afastando-se da nota deste por grau conjunto ou disjunto e mantendo-
se como nota do próximo acorde. Observe.
Figura 54 – Antecipação
Atividade
Até agora, vimos exemplos somente no formato da música coral, entretanto, as mesmas
regras harmônicas também se aplicam à outras formações nas quais os acordes podem aparecer
de outras maneiras que não sejam em “blocos", como foi demonstrado até agora. Por exemplo,
é comum aparecer a melodia sozinha, em uma linha melódica com um acompanhamento
harmônico no qual os acordes podem ser tocados tanto em blocos como também de modo
arpejado ou com suas notas alternadas. Observe os exemplos:
Ocorre quando a função de um acorde está mais para outra tonalidade do que para a
do trecho musical em questão. Observe no exemplo abaixo que o penúltimo acorde aparece
como o dominante da tonalidade de Mi bemol Maior, apesar da música estar escrita na
tonalidade Lá bemol Maior.
Figura 58 – Acorde com função secundária no segundo movimento da Sonata para piano Hob
XVI: 43 de Joseph Haydn (compassos 4-8)
3.1. Tonicalização
Observe que não houve uma mudança de tonalidade, visto que ainda escutamos o
acorde de Mi bemol como o V de Lá bemol. Neste caso, aconteceu que o acorde de Si bemol
Maior com sétima tonicalizou o acorde de Mi bemol, atuando apenas como um Dominante
Secundário. Observe, nos exemplos abaixo, que qualquer grau de uma tonalidade pode ser
tonicalizado por um dominante secundário, ou seja, ser resolvido pelo seu acorde dominante -
um acorde maior com 7ª menor situado a uma 5ª acima - que não pertence à tonalidade
principal. A escrita adotada para estes acordes é V/(grau tonicalizado). Observe isto no
exemplo anterior e no próximo.
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Observe na figura abaixo os acordes dominantes secundários dos graus de uma escala
Maior. Veja que eles são acordes Maiores (com ou sem sétima) uma quinta Justa acima dos
acordes a resolver.
Atividade
3.2 Modulação
Ocorre quando um novo centro tonal entra em cena num trecho musical. Não é bem
clara a diferença entre uma modulação e uma tonicalização, pois os dois processos são bem
semelhantes, entretanto, neste curso vamos considerar como modulação quando a mudança de
tonalidade é mais duradoura, e tonicalização quando apenas um acorde da tonalidade original
é tonicalizado por seu dominante secundário. Observe os exemplos comparativos:
Uma maneira bem comum de realizar modulações é utilizar acordes comuns às duas
tonalidades para fazer uma espécie de transição. Observe, no exemplo anterior, que o acorde
de Fá no terceiro compasso é tanto o grau V da tonalidade do início quanto o grau I após a
modulação. Agora observe uma modulação entre um trecho musical e compare com as
tonicalizações que ocorrem nas figuras 58 e 59.
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Figura 63 – Modulação no primeiro movimento da Sonata para piano K 545 de W.A. Mozart
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Atividade