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Curso Teórico de Direito Administrativo para Receita

Federal
Profº Cyonil Borges

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

E aí gente, tudo bem?

O tópico de controle da Administração é um dos mais tranquilos nos


concursos públicos, especialmente no concurso para a Receita
Federal!

Grande abraço e boa aula a todos!

Cyonil Borges.

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Curso Teórico de Direito Administrativo para Receita
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Sumário
1. Controle: Conceito e Abrangência ........................................3
2. Classificações ......................................................................5
2.1. Quanto ao Órgão ......................................................... 5
2.2.Quanto ao Momento ...................................................... 6
2.3. Quanto ao Alcance ....................................................... 7
2.4. Quanto à Natureza ....................................................... 7
3. Controle Administrativo .......................................................8
3.1. Conceito e Alcance ....................................................... 8
3.2. Controle Interno ........................................................ 13
4. Controle Judicial ................................................................16
4.1. Mandado de Segurança .............................................. 16
4.2. Mandado de Segurança Coletivo .................................. 22
4.3. Mandado de Injunção ................................................. 24
4.4. Ação Popular ............................................................. 26
4.5. Outras ações úteis para o controle da Administração
Pública ............................................................................ 28
5. Controle Legislativo ...........................................................28
5.1. Titularidade ............................................................... 29
5.2. Controle Político: o papel das Casas Legislativas ............ 29
5.3. Controle Técnico: os Tribunais de Contas ...................... 32
5.4. O modelo do TCU e aplicabilidade às demais Cortes de
Contas ............................................................................ 45

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1. Controle: Conceito e Abrangência
A expressão “Controle”, em si, muitas vezes leva ao entendimento
equivocado por parte dos intérpretes, pois alguns creem ser atividade
hierarquizada. De modo algum. Com efeito, o Controle da
Administração corresponde a um poder de fiscalização,
vigilância e correção que sobre ela exercem órgãos dos Poderes
Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo geral de
garantir a conformidade de sua atuação com os princípios que lhe
são impostos pelo ordenamento jurídico (Di Pietro).
Em algumas oportunidades, centrado na hierarquia (órgãos
integrantes de uma mesma estrutura, por exemplo). Noutras vezes,
sem qualquer vínculo hierárquico (vinculação de entidades da
Indireta junto a órgãos da Direta, para ilustrar).
Tecnicamente, controle quer dizer a prerrogativa de que dispõe os
organismos estatais e, por vezes, os cidadãos, de verificar e
corrigir atos ou atividades do Estado. Esse poder de
fiscalização, de vigilância, de orientação, e de correção incide
sobre a Administração Pública em seu sentido amplo, isto é,
sobre todos os atos produzidos pelos Poderes Judiciário,
Legislativo e Executivo, enquanto atuem no exercício da atividade
administrativa.
Os mecanismos de controle, interno ou externo à
Administração, visam assegurar que o Estado-administrador
conduza seus atos em conformidade com a lei e ajustada com os
princípios gerais, bem como que a atuação não desvie da margem
de conveniência e de oportunidade garantida, expressa ou
implicitamente, pelo legislador aos administradores públicos. Há
outras finalidades inerentes à atividade de controle, como veremos
mais abaixo, tal qual a aferição dos resultados das ações
governamentais. Neste caso, não será um controle de conformidade
(legalidade), mas sim operacional (de resultados).
Importante destacar que o conceito de controle é mais amplo que o
de supervisão, que é atividade mais pontual, ligando-se a um
contexto mais específico ou tarefas mais pontuais. Já a atividade de
controle se distribui por toda a Administração, podendo ser interno ou
externo, hierárquico ou não, de legalidade ou de mérito, e outros
mais.

QF-1- A função de controle — interno e externo — é mais ampla


que a supervisão. O controle é mais definido e se aplica a situações
em que não há subordinação nem mesmo vinculação formal,
administrativa, sendo objeto do controle toda utilização ou

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movimentação de recursos públicos, independentemente de seu
montante e destinação.1

Bom destacar que não só o Poder Executivo passa por


controle, mas também o Poder Legislativo e o Poder Judiciário.
Assim, apesar de os Poderes da República serem independentes,
a atuação entre eles deve ser harmônica, de maneira que são
comuns, nas democracias modernas (como é a brasileira), os
sistemas e modelos efetivos de acompanhamento e fiscalização
da atividade administrativa do Estado: controle judicial,
controle legislativo e controle administrativo.
É oportuno registrar que as atividades da Administração Federal
obedecerão aos seguintes princípios fundamentais: planejamento,
coordenação, descentralização, delegação de competência e
controle. , conforme dispõe o Decreto Lei 200, de 1967 (art. 6º),
que dispõe sobre a organização da Administração Federal, o qual,
apesar de adstrito à União, serve para fixar as diretrizes gerais para
os demais entes políticos (Estados, Distrito Federal e Municípios).
É certo que a não imunização dos atos e atividades do Estado-
administrador contribui para a proteção dos cidadãos, equilíbrio
entre os Poderes estruturais do Estado e, por conseguinte, para a
melhoria dos serviços prestados pelo Estado.
Um importante, e poderoso, meio de controle vem tomando corpo em
nosso país: o social, assim entendido como aquele exercido pela
sociedade, por meio de instrumentos colocados à sua disposição,
como consultas públicas, audiências, ação popular. Entretanto, o
controle da própria comunidade não é, ainda, instância decisória, mas
sim consultiva (de regra), por meio da qual a Administração colhe
informações para uma decisão, a qual é de sua incumbência.

QF-2- O controle social fundamenta-se na participação de membros


da sociedade civil em instâncias executivas.
Comentários:
A participação dos membros da sociedade se dá por meio de instâncias
CONSULTIVAS, não executivas. Isso quer dizer que poderão dar suas
opiniões, mas que o poder decisório permanecerá com a Administração.
Gabarito: CERTO.

E o artigo 70 da CF/1988 estabelece o dever a todos que tenham sob


sua guarda qualquer espécie de valor público, nos seguintes termos:
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros,
bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome
desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

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Gabarito: CERTO.

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Enfim, a atividade de controle permeia toda a Administração Pública,
em todos os Poderes. O que varia tão só é a espécie de controle, isto
é, como a atividade pode ser classificada. Vejamos isto, então.

2. Classificações
As mais diversas classificações podem ser adotadas para a atividade
de controle da Administração Pública. Vamos tratar aqui das mais
usuais, que, vistas graficamente, podem ser assim resumidas:

2.1. Quanto ao Órgão


- Administrativo ou Interno: feito por instituições administrativas,
como, por exemplo, o mencionado no art. 74 da CF/1988 (controle
interno).
- Legislativo ou Parlamentar: exercido diretamente pelo órgão
legislativo (Assembleias ou Congresso Nacional) ou pelos Tribunais de
Contas que lhes prestam auxílio. Pode ser de caráter político ou
técnico-financeiro. Mais adiante, será tratado da competência de cada
uma dessas instituições.
- Judicial: instituições do Poder Judiciário o realizam por intermédio
de ações próprias, a exemplo do mandado de segurança e da ação
popular.

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2.2. Quanto ao Momento
- Controle prévio ou preventivo ou “a priori”: ocorre antes
mesmo da formação do ato em si. Quando exigido tal controle
para a produção do ato, este nem mesmo integrará o mundo jurídico,
caso a tarefa de controle não o preceda. Exemplos deste tipo de
controle são as autorizações, as aprovações, a liquidação de
despesas mediante prévia nota de empenho.
Outro interessante exemplo é quando o Senado Federal aprova a
escolha do Presidente da República para uma determinada nomeação,
exemplos: Ministros dos Tribunais, Procurador Geral da República,
dirigentes de Agências Reguladoras. E também quando a aludida
Casa Legislativa aprova empréstimos externos por parte dos entes
federativos.

QF-4- A necessidade de obtenção de autorização do Senado Federal para


que os estados possam contrair empréstimos externos configura controle
preventivo da administração pública.

Comentários:
Tal competência do Senado é enumerada no seguinte dispositivo:
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
(...)
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
A atuação do Senado é prévia, isto é vem antes da obtenção do
empréstimo.

- Controle Concomitante ou sucessivo: é aquele que acontece ao


tempo em que o ato se encontra em desenvolvimento. Exemplo disso
é o acompanhamento feito pelos Tribunais com relação aos editais de
licitação - muitos desses Tribunais acompanham as publicações dos
editais no Diário Oficial para, se for o caso, encaminhar providências.
Esse é um controle concomitante. Cite-se, ainda, o acompanhamento
das obras públicas.
- Controle Posterior ou corretivo ou “a posteriori”: é
principalmente corretivo, isso porque o ato já aconteceu, está
concluído. O objetivo é , caso necessário, corrigir a irregularidade,
anulando atos ilegais ou saneando defeitos de menor gravidade,
quando isso ainda for possível.
Outro interessante exemplo de controle posterior é encontrado no
art. 71 da CF/1988:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao
qual compete:

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(...)
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta
e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de
provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;
Tal dispositivo se refere ao que tradicionalmente se menciona na
doutrina como ‘atos sujeitos a registro’, que demandam a apreciação
do Tribunal de Contas competente. O assunto, pela sua importância,
voltará a ser abordado mais à frente.

QF-5- O controle externo, exercido pelo Tribunal de Contas da


União, quanto aos atos praticados pela Administração Pública Federal,
relativos a concessões de aposentadorias, é característico do tipo
a) concomitante.
b) declaratório.
c) jurisdicional.
d) posterior.
e) prévio.2

2.3. Quanto ao Alcance


Como o próprio nome denuncia, o controle interno é aquele
exercido pela própria Administração sobre os seus atos. Exemplo
disso é o controle da Controladoria-Geral da União, órgão integrante
da estrutura do Executivo Federal, sobre as instituições integrantes
de tal Poder.
O controle externo é feito fora do âmbito do poder que praticou
o ato, p. ex., o Tribunal de Contas da União controlando um ato do
poder Executivo.
2.4. Quanto à Natureza
O controle pode ser de legalidade, em que se verifica a
conformidade do ato com a ordem jurídica (lei e princípios) e de
mérito.
O controle de mérito é exercido, primordialmente, no âmbito do
poder que gerou o ato, mas eventualmente pode ser exercido
pelo Poder Legislativo, quando este, por exemplo, examina a
funcionalidade das políticas públicas, sob os aspectos operacionais e
econômicos. Tal pape
Relembre-se o papel do Judiciário, no controle dos atos
administrativos – para a doutrina e jurisprudência majoritárias se

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Gabarito: letra D.

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limita à legalidade, não devendo adentrar a legalidade do ato
controlado. Mesmo que a instituição judicial se utilize da
razoabilidade e da proporcionalidade para exame de um ato
discricionário, isso não significará invasão do mérito, o qual é
insindicável pelo Judiciário, sob o risco de se fazer ruir toda a teoria
que fundamenta a separação dos Poderes.

3. Controle Administrativo
3.1. Conceito e Alcance
Decorrente do poder de autotutela da Administração, o controle
administrativo faculta a esta rever seus próprios atos, por
iniciativa própria (de ofício) ou quando provocada.
Da atuação da Administração, podem resultar: a revogação do
ato, quando considerado inconveniente ou inoportuno, a anulação do
ato, quando ilegal ou a convalidação do ato, quando ocorrido vício
sanável. Relembre-se importante verbete editado pelo Supremo,
multicitado ao longo deste curso, a Súmula 473. Vejamos:

A administração pode anular seus próprios atos, quando


eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.

O poder de autotutela decorre da hierarquia, inerente, por


conseguinte, às relações de subordinação entre os órgãos
integrantes de uma mesma estrutura de Poder. No entanto, o
controle da Administração Direta sobre a Indireta é distinto, não
correspondendo à relação de hierarquia típica. Nesse caso, a
relação entre o órgão supervisor e a entidade supervisionada é de
mera vinculação, nominada por parte da doutrina de supervisão
ministerial ou controle finalístico ou tutela administrativa.

Há diferença entre esses dois institutos: enquanto na autotutela o


controle é pleno e ilimitado, na tutela, restrito e limitado.
Resumidamente, temos que:

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AUTOTUTELA TUTELA

Decorre de hierarquia Inexiste hierarquia

Vinculação ou supervisão
Subordinação ministerial ou controle
finalístico

Controle pleno e
Controle restrito e limitado
ilimitado

Contudo, não se perca de vista que a autotutela, para a anulação


de atos, encontra limites temporais hoje - o prazo decadencial,
quando ato gera efeitos favoráveis a um administrado, que é de cinco
anos.

QF-6 - Com base no princípio da autotutela, e em qualquer tempo, a


administração pública tem o poder-dever de rever seus atos quando estes
estiverem eivados de vícios.3

Dentre os principais instrumentos relacionados ao controle


administrativo, um ganha destaque: o direito de petição (CF/1988,
art. 5º, inciso XXXIV, alínea “a”), que é contemplado na CF/1988 da
seguinte forma (art. 5o):
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do
pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
Tal direito importa na possibilidade que têm os cidadãos de modo
geral de postular aos órgãos públicos em busca daquilo que
considerem justo. Impressiona a amplitude do direito de petição – o
que seria a ‘defesa de direitos’ ou o ‘abuso de poder’ a ser combatido
por meio do direito de petição? Para a doutrina, isso abarcaria desde
interesses individuais até coletivos, desde que, de algum modo,
reflitam interesse do peticionante.
Vários são os meios pelos quais o direito de petição (concepção
ampla) pode ser exercido. Merecem destaque: a representação, a
reclamação, o pedido de reconsideração e o recurso.
Para Hely Lopes, representação “é a denúncia formal e assinada
de irregularidades internas ou de abuso de poder na prática de atos
da Administração feita por quem quer que seja à autoridade
competente para conhecer e coibir a ilegalidade apontada.” O fato
peculiar da Representação é que ela, muitas vezes, é identificada

3
Gabarito: ERRADO .

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como um instrumento a ser usado por alguém que, em razão de seu
ofício, toma conhecimento de uma irregularidade. Nesse contexto,
estabelece a Lei 8.112/1990:
Art. 116. São deveres do servidor:
(...)

XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de


poder.

Entretanto, atente para o conceito dado pelo mestre Hely Lopes –


menciona-se que a representação pode ser feita POR QUEM QUER
QUE SEJA que tome conhecimento da irregularidade. Sobre o tema,
registra a Lei 8.666/1993:
Art. 113 (...)

§ 1o Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou


jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos
órgãos integrantes do sistema de controle interno contra
irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do disposto
neste artigo.

Os trechos destacados são para que você perceba que não


necessariamente a representação demanda uma posição institucional
por parte daquele que a realiza – no caso de processos licitatórios,
como se viu, qualquer pessoa, mesmo física, pode a proceder.
Já a reclamação, para Hely Lopes, “é a oposição expressa a atos
da Administração que afetem direitos ou interesses legítimos
do administrado. O direito de reclamar é amplo e se estende a toda
pessoa física ou jurídica que se sentir lesada ou ameaçada de lesão
pessoal ou patrimonial por atos ou fatos administrativos.”
O Pedido de reconsideração constitui uma espécie de solicitação
dirigida à mesma autoridade que expediu o ato inicial, para que
o invalide ou o modifique. O pedido de reconsideração funciona,
então, como uma ‘segunda oportunidade’ dada à autoridade que
proferiu a decisão inicial, que pode reformular a posição adotada
inicialmente. Caso entenda os argumentos procedentes, a autoridade
reformulará a decisão proferida inicialmente, alterando-a conforme
entenda mais adequado.
Os recursos administrativos podem ser hierárquicos próprios e
impróprios.
Recursos hierárquicos próprios são interpostos à autoridade
superior a que praticou o ato, é o pedido de reexame do ato
original. Acontece dentro da mesma pessoa ou órgão. Lembre-se
de que, antes de os argumentos apresentados serem conhecidos
como recurso, serão encaminhados à mesma autoridade que

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porventura tenha proferido a decisão administrativa inicial, a qual, se
não reconsiderar, encaminhar os argumentos a uma autoridade
superior, daí sim como recurso4.
Recursos hierárquicos impróprios são interpostos ao órgão ou
autoridade estranha, a qual se acha vinculado o ente que editou o
ato objeto de impugnação. Diz-se impróprio porque não há
hierarquia entre a autoridade ou órgão e o ente da administração
indireta, o qual é alvo do recurso.

Ainda devemos lembrar da revisão de processo que entra em cena


quando há fato superveniente, algo desconhecido até o julgamento
do primeiro processo. A revisão pode acontecer de ofício ou a
pedido e não pode resultar em agravamento da sanção. No
entanto, o instituto do “reformatio in pejus” não é vedado em
sede de recursos, fiquem atentos a isso!

QF-7- Sobre as petições apresentadas à Administração, marque a


opção correta.
a) É recurso hierárquico próprio aquele interposto perante outro
órgão, estranho àquele que exarou o ato impugnado.
b) O recurso hierárquico impróprio só pode ser recebido, como tal, se
houver previsão específica em lei, que o autorize.
c) É entendimento pacífico, no Supremo Tribunal Federal, que
representações anônimas encaminhadas à Administração, que digam

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Tal procedimento está descrito no art. 56 da Lei 9.784/1999, geral para o processo administrativo no âmbito federal.

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respeito a irregularidades cometidas em prejuízo do Poder Público,
não podem dar azo a investigações, em face da vedação ao
anonimato, prevista na Constituição Federal.
d) Reclamação e representação administrativas são expressões que
podem ser utilizadas indistintamente, por apresentarem o mesmo
significado.
e) Também se considera pedido de reconsideração aquele dirigido
diretamente à autoridade superior, desde que integrante de um
mesmo órgão.5
Sobre o tema recursos, há algo que merece ser reiterado aqui, pela
importância do assunto: a gratuidade para impetração de
recursos administrativos.
O STF tratou da gratuidade em processos administrativos em duas
ADIN apreciadas em conjunto, a 1.976 e a 1.922. A questão essencial
tratava da possibilidade ou necessidade de depósito de valores ou
arrolamento de bens para que um interessado pudesse recorrer
administrativamente.
Na oportunidade, o STF entendeu que tal providência, a exigência de
bens arrolados ou de depósito de recursos, criaria um obstáculo
injustificável para a impetração do recurso administrativo. O
entendimento foi se consolidando e culminou na Súmula Vinculante
nº 21, assim traduzida:
é inconstitucional a exigência de depósito ou
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
admissibilidade de recurso administrativo.
Dessa forma, devemos levar para a prova que, de acordo com o STF,
É INCONSTITUCIONAL A EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO DE
RECURSOS FINANCEIROS OU ARROLAMENTO DE BENS PARA
QUE ALGUÉM POSSA APRESENTAR UM RECURSO
ADMINISTRATIVO.
QF-8 - O administrado pode provocar o reexame de ato praticado pela
administração pública por intermédio dos recursos administrativos,
independentemente do prévio pagamento de taxa.6
Professor, então quer dizer que não há despesas processuais
cuja cobrança seja permitida?
Opa! Não é bem assim. As referentes a cópias do processo e outras
assemelhadas. Mas não a cobrança de depósito de recursos
financeiros ou a necessidade de arrolamento de bens. É isso.
Recorde-se que o Brasil adota o sistema inglês ou de jurisdição
una ou única, para controle judicial de atos jurídicos. Assim, os

5
Letra B.
6
Gabarito: CERTO.

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atos da Administração, guardados certos limites, podem ser
apreciados judicialmente.
No entanto, a adoção da jurisdição una não impede que a
Administração Pública instaure processos administrativos
visando à tomada de decisões dessa natureza (administrativas), as
quais, contudo, não serão dotadas da definitividade típica das
decisões judiciais, em razão da unicidade (ou inafastabilidade)
da jurisdição do Poder Judiciário.
Também foi destacado que a qualquer instante uma matéria
pode ser levada à apreciação judicial, ainda que já instaurado,
ou já decidido, um processo administrativo. Isso se dá em razão
da unicidade de jurisdição, própria do Poder Judiciário. Todavia, há
situações em que, primeiro, a via administrativa deve ser exaurida,
para que se possa levar a matéria para a via judicial (justiça
desportiva e para impetração de Reclamação junto ao STF).
Há um caso em que há dúvida se seria necessário o esgotamento da
instância administrativa, para que alguém se socorra do auxílio do Poder
Judiciário: a impetração do Habeas Data. A ilustre FCC, por exemplo,
em prova para APO SP, no ano de 2010, trouxe a aplicação do habeas
data. Não é uma posição unânime na doutrina, mas, à vista do
posicionamento em concurso, doravante, marquem que, para o
ingresso de habeas data, existe a necessidade de
esgotamento das vias administrativas.
3.2. Controle Interno
De início, vejamos o que diz o a CF/1988:
Art. 74 Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão,
de forma integrada, sistema de controle interno com a
finalidade de:
Observa que o sistema de controle interno deve agir de maneira
INTEGRADA, isto é, cada Poder deveria manter o seu próprio controle
interno, o qual deveria interagir com os demais. Mas, hoje, a doutrina
é praticamente unânime em afirmar que há graves falhas no
funcionamento do sistema de controle interno como um todo, em
especial pela ausência de troca de informações.
No âmbito do Executivo Federal, quem faz o papel de órgão de
Controle Interno é a Controladoria-Geral da União (CGU). Entretanto,
um dos papeis da instituição foi objeto de questionamento: a
fiscalização dos recursos transferidos voluntariamente a
outros entes da Federação. Entendamos melhor o assunto.
A União Federal repassa um volume considerável de recursos para
Estados e, sobretudo, Municípios, por meio de convênios e outros
instrumentos congêneres. Esses instrumentos correspondem a
transferências voluntárias, uma vez que não há qualquer obrigação,

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constitucional ou legal, de que a União faça convênio com os demais
entes federativos, para execução de programas de Governo.
Entretanto, para a doutrina, a transferência do recurso,
voluntariamente, não retira a natureza dele: continua a ser
federal. E, se transferido pelo Executivo, incumbiria ao controle
interno deste, a CGU, acompanhar o seu uso. E isso foi reconhecido
pelo STF (RMS 25.943):
“A Controladoria-Geral da União (CGU) pode fiscalizar a
aplicação de verbas federais onde quer que elas estejam sendo
aplicadas, mesmo que em outro ente federado às quais foram
destinadas. A fiscalização exercida pela CGU é interna, pois
feita exclusivamente sobre verbas provenientes do orçamento
do Executivo.”
A CF/1988 aponta também as principais tarefas do controle interno:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano
plurianual, a execução dos programas de governo e dos
orçamentos da União;
Comentários: este é um papel mais ‘operacional’ do controle
interno, o qual deverá aferir os resultados (metas) dos planos e
programas de governo.
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito
privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e
garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
Comentários: essa é uma tarefa do controle interno ligada à gestão
orçamentária e financeira dos recursos públicos. É preciso o
acompanhamento por parte de alguém, de modo a aferir os
resultados das ações administrativas, também sob este aspecto.
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão
institucional.
Comentários: em âmbito federal, o trabalho da CGU é fundamental
para dar suporte ao controle externo, sobretudo o desenvolvido pelo
TCU, o qual tem atuação bem mais centralizada que aquela. Sem as
informações da CGU, a Corte de Contas Federal não teria como levar
as diversas missões constitucionais.

QF-9 - Não inclui na finalidade do sistema de controle interno


federal, constitucionalmente previsto, a atividade de

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a) avaliar os resultados, quanto à eficácia, eficiência e efetividade, da
gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos e entidades
da Administração.
b) exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias da
União.
c) comprovar a legalidade da aplicação de recursos públicos por
entidades de direito privado.
d) apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
e) avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual.
Comentários:
Em primeiro lugar, atente para o fato de que o examinador pede o
INCORRETO. Agora, leia com atenção o inc. I do art. 74 da CF e o compare
com a letra A:
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado;
Percebeu os mínimos erros? 1o – o resultado não será avaliado pelo controle
interno quanto à EFETIVIDADE; 2o – essas avaliações não dizem respeito a
todos os órgãos e entidades da Administração. Tratando-se do controle
interno FEDERAL, as avaliações deverão se referir apenas a instituições
FEDERAIS.
Gabarito: alternativa A.

A CF/1988 também afirma7 que os responsáveis pelo controle


interno, caso tomem ciência de qualquer irregularidade e não
representem contra o fato diante do Tribunal de Contas, serão
considerados responsáveis solidários. Fixem isso na memória, pois
as banca adoram dizer que a responsabilidade é subsidiária. NÃO É! A
responsabilidade é SOLIDÁRIA. Como exemplos de órgãos de
controle interno podem ser citados: Conselho Nacional de Justiça,
Conselho Nacional do Ministério Público, e Controladoria-Geral da
União.

QF-10 - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento


de qualquer ilegalidade ou irregularidade, dela darão ciência ao Tribunal de
Contas competente, sob pena de responsabilidade solidária8.
Interessante anotação diz respeito ao controle finalístico exercido
por órgãos da Direta com relação às entidades da Indireta. Interno,
na opinião de alguns autores, como Celso Antônio Bandeira de Mello,
que posicionam tal controle como sendo interno, mas exterior. É
INTERNO, por fazer parte das estruturas do Poder Executivo, mas
EXTERIOR, por dizer respeito a um órgão fiscalizando uma entidade.
É o que se dá, por exemplo, no controle (por vinculação) do
Ministério de Minas e Energia sobre a Petrobras, ou do Ministério da
Educação sobre as Universidades Federais que lhe são vinculadas

7
§ 1º do art. 74 da CF.
8
Gabarito: CERTO.

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QF-11 - O termo controle interno exterior pode ser utilizada para
designar o controle efetuado pela administração sobre as entidades
da administração indireta.
Comentários:
O professor Celso Antônio ensina que há na verdade um “duplo controle
interno”, ou seja, aquele que o órgão exerce sobre si mesmo, atos de
superiores hierárquicos, por exemplo, e controle exercido no âmbito da
administração direta por órgão estranho a sua atuação – o controle
interno externo (exterior). Com isso, o item está CERTO, posto que o
acompanhamento de um órgão da Direta sobre uma entidade da Indireta é
INTERNO (no mesmo Poder) e EXTERIOR (de um órgão sobre entidade).
Gabarito: CERTO.

4. Controle Judicial
A ideia nesse trecho é avançar um pouco mais sobre as ações
judiciais mais utilizadas para o controle da Administração Pública, já
que muito se falou do controle judicial noutras aulas. Assuntos como
a unicidade de jurisdição (inc. XXXV do art. 5o da CF/1988), a
insindicabilidade do mérito administrativo e outros já foram
adequadamente expostos ao longo das outras aulas. A pretensão
neste tópico não é, contudo, entrar em todos os aspectos dos meios
processuais para controlar os atos da Administração. Isso não é útil,
tampouco necessário. Cuidar-se-á tão só do que importa para que
façamos as provas de Direito Administrativo, ok?

QF-12 - Acerca do controle da administração pública, assinale a


opção correta.
a) Por ter sido adotado na CF o princípio da inafastabilidade da
jurisdição, o mérito do ato administrativo pode ser controlado pelo
Poder Judiciário em qualquer circunstância.
b) O controle interno é exercido apenas no âmbito do Poder
Executivo.
c) Dado o princípio da separação de poderes, é vedado ao Congresso
Nacional fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, incluídos os
da administração indireta.
d) O direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de poder é espécie de controle judicial.
e) O controle judicial da administração pública, no Brasil, é realizado
com base no sistema da unidade de jurisdição.9

4.1. Mandado de Segurança


O mandado de segurança individual é ação de previsão
constitucional. Abaixo o inc. LXIX do art. 5º da CF:
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou

9
Gabarito: Letra E.

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"habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público;
Perceba que tal remédio possui um caráter ‘residual’, pois ampara
direito líquido e certo, desde que não seja possível a impetração de
habeas corpus ou habeas data.
Da previsão constitucional, ganha destaque o que se há de defender
via MS: o direito líquido, certo, assim entendido aquele que pode
ser assim compreendido mediante prova pré-constituída (não pode
haver o que se nomina ‘dilação probatória’). Sobre o tema, decidiu o
STF (RMS 26.744):
“O mandado de segurança não abre margem a dilação
probatória. Os fatos articulados na inicial devem vir
demonstrados mediante os documentos próprios, viabilizando-
se requisição quando se encontrarem em setor público”.
Se o direito a ser defendido não é líquido/certo, o impetrante deve se
valer de outras ações judiciais “comuns”. Por isso, muitos da doutrina
chamam o MS de ‘remédio heroico’, a ser utilizado em situações
bastante emblemáticas, que demandarão resposta imediata do
Judiciário.
Por sua vez, a liquidez e a certeza referem-se aos fatos alegados pelo
impetrante. A matéria de direito, ainda que de alta complexidade,
não impede o manejo dessa espécie processual. É nesse sentido a
jurisprudência do STF, segundo quem a alegação de "grande
complexidade jurídica" do direito invocado não é motivo para impedir
o uso do mandado de segurança. Para ilustrar, vejamos trecho do
RMS 21.514:
“Há de se distinguir a complexidade dos fatos e do tema de
direito daquelas situações que não prescindem da abertura de
fase de instrução. Se o caso está compreendido no campo da
referida dificuldade, nem por isso o mandado de segurança
exsurge como via imprópria, impondo-se o julgamento de
mérito. Somente em defrontando-se o órgão julgador com
quadro a exigir elucidação de fatos cabe dizer da impertinência
da medida, sinalizando no sentido do ingresso em juízo
mediante ação ordinária.”
Já a autoridade impetrada (quem responderá) deve ser pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público. Entendamos melhor essa parte.
Impetrado, no fim das contas, é o agente do qual se origina a
ordem para a prática de um ato. É aquele que detém o poder
decisório, não se confundindo com os meros executores da ordem, os
que ‘entregam os expedientes’, por assim dizer. Por outro lado, é
preciso que se tenha a correta identificação das autoridades das quais

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promanam as ordens que serão combatidas, pois, caso contrário, no
Poder Executivo, quase tudo pode acabar recaindo ‘nas costas’ do
Presidente da República, por ser a maior autoridade constituída de tal
Poder.
QF-13 - Para fins de impetração do mandado de segurança, a
autoridade coatora será tanto a pessoa que ordenou, de forma
concreta e específica, a prática do ato ilegal, como aquela que se
apresentou como mero executor do ato impugnado.10
Já com relação a particulares que exerçam funções delegadas, estes
só podem ser acionados via MS por conta dos atos praticados no
exercício da própria função delegada. Caso se trate de um ato
produzido fora dos limites da delegação, o socorro judicial deve
ser buscado pelo prejudicado pelas vias ordinárias (ações comuns).
Nesse quadro, estabelece a Lei 12.016/2009 (art. 1º, § 2º), a Lei do
Mandado de Segurança (LMS):
§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão
comercial praticados pelos administradores de empresas
públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias
de serviço público.
O dispositivo é muito racional – exploração de atividades econômicas
não é delegação, tampouco múnus público. Por isso, quando a
atividade desempenhada pela instituição disser respeito a isso, não
caberá MS, seja ela privada ou pública.
QF-14 - Segundo a lei que o disciplina, não cabe mandado de
segurança contra
a) representantes ou órgãos de partidos políticos.
b) administradores de entidades autárquicas.
c) pessoas físicas no exercício de atribuições do poder público.
d) ato de qualquer autoridade do Poder Legislativo, ainda que no
exercício da administração do órgão a que pertence.
e) atos de gestão comercial praticados pelos administradores de
empresas públicas, de sociedade de economia mista e de
concessionários do serviço público.11
Ainda quanto aos direitos a serem tutelados pelo MS, há duas
situações distintas no manejo do instrumento processual: a de uso
preventivo e repressivo. No primeiro caso, o ato ainda não
possuiria eficácia, sendo inoperante, apesar de, por vezes, o ato já
ter sido praticado; ou, quando não foi praticado, há indícios de que o
será. Pela sensação de ‘ameaça’, cabe ao interessado a impetração
do MS, pelos efeitos prejudiciais que lhe poderão ser causados.
O autor Carvalho Filho adverte que, quanto à tutela preventiva, não
ser qualquer ameaça que habilita o interessado à propositura da

10
Gabarito: Errado.
11
Gabarito: Letra E.

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ação, “até porque existem posturas que só representam ameaças a
espíritos mais frágeis. (...) a ameaça reclama: a) realidade, para
que o interessado demonstre se é efetiva a prática iminente do ato
ou de seus efeitos; b) objetividade, indicando-se que a ameaça
deve ser séria, e não fundada em meras suposições; c) atualidade,
significando que a ameaça é iminente e deve estar presente ao
momento da ação, não servindo, pois, ameaças pretéritas e já
ultrapassadas.”
No caso do MS repressivo, por outro lado, a nomenclatura
transparece o que se deseja – coibir os efeitos do ato que
prejudicaram ao interessado.
Entretanto, há diversas situações em que o mandado de
segurança não poderá ser utilizado, ante o que estabelece a Lei
12.016/2009. Vejamos as principais:
- contra a lei em tese: a lei é ato efeito geral, abstrato e impessoal.
Por serem gerais, não implicam ofensa direta a direitos individuais.
Daí o descabimento do MS, tal qual estabelecido na jurisprudência do
STF (súmula 266):
“Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.”
Bom lembrar que há atos que são formalmente administrativos,
mas materialmente normativos, isto é, revestem-se de caráter
geral e abstrato, tais quais resoluções, instruções normativas, etc.
Contra tais atos também é inadmissível o uso do MS, tal qual se
extrai, mais uma vez, da jurisprudência do STF (MS 27.188):
“Agravo regimental. Mandado de segurança. Resolução do CNJ
que proíbe o nepotismo. Lei em tese. Incabível. Mandado de
segurança a que se negou provimento. Agravo improvido. A
Resolução 20/CNJ tem eficácia erga omnes, valendo para todos
que ocupam cargos no âmbito do Poder Judiciário. Não há
qualquer ato concreto que tenha levado ao afastamento dos
impetrantes de suas atividades. Notificação do titular do
cartório que deve ser impugnada no juízo competente. Agravo
improvido.”
Contudo, é diferente a situação em que uma lei traga efeitos
concretos, a qual, conforme Carvalho Filho, tem “corpo de lei e alma
de ato administrativo”. Nesse caso, a jurisprudência tem admitido o
uso do MS para a tutela do direito, dado que atos dessa natureza
podem atingir a esfera jurídica do interessado. O julgado abaixo é
altamente esclarecedor12, já que opõe duas situações em que se pode
ter dúvida acerca da impetração de MS:
"Se o decreto é, materialmente, ato administrativo, assim
de efeitos concretos, cabe contra ele mandado de
segurança. Todavia, se o decreto tem efeito normativo,
12
MS 21.274, STF.

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genérico, por isso mesmo sem operatividade imediata,
necessitando, para a sua individualização, da expedição
de ato administrativo, contra ele não cabe mandado de
segurança. (Súmula 266)."
- coisa julgada: em mínimas linhas, a coisa julgada deve ser
entendida como a decisão judicial revestida do caráter de
imutabilidade. A se admitir o uso do MS contra esta, uma profunda
instabilidade jurídica poderia ser causada. A seguir, entendimento do
STF:
“Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com
trânsito em julgado.”
Todavia, é possível o MS quando o impetrante não foi parte na
relação processual, isto é, quando não tiver composto o processo de
origem. Essa rara exceção, entretanto, é assunto quase não exigido
em provas de Direito Administrativo, sendo própria dos certames que
envolvam matéria processual, mais voltados a concursos que
demandam a formação jurídica. Assim, o assunto pode ser
aprofundado, caso seja necessário, na literatura processual
especializada.
- atos interna corporis: estes atos são produzidos no interior de
certas instituições públicas, sendo essencialmente discricionários. Não
alcançam, por conta de tal natureza, direitos individuais ou
transindividuais. Exemplo disso: regimentos de Tribunais e de Casas
Legislativas. Em rara exceção, contudo, é possível que o ato alcance
direta e incisiva ao direito do interessado: nesse caso, a controvérsia
se fundará em aspectos de legalidade.
- ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução: essa disposição
consta do inc. I do art. 5º da Lei 12.016/2009, e leva a uma
interpretação confusa. Parece ter-se exigido o exaurimento da via
administrativa como condição de admissibilidade do MS. Não é isso.
Na realidade, a ideia é evitar que seja utilizado o MS, ao tempo em
que o interessado maneja, também, recurso administrativo, com
efeito suspensivo13, o qual, per si, pode afastar o ato que lhe é
potencialmente prejudicial.
Na mesma direção, a Lei 12.016/2009 estabelece ser inviável o MS
contra “decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo”
(art. 5º, II). A ideia é a mesma: se há alguma outra espécie
processual a tutelar o direito, sendo que tal espécie ampara a
suspensão dos efeitos eventualmente prejudiciais, não há por que se
proceder ao MS.
Importante registrar, ainda, que o pedido de reconsideração na
esfera administrativa não interrompe o prazo do mandado de

13
Entendimento mantido pelo STF no MS 30.822.

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segurança14, uma vez que o expediente não possui, de regra, efeito
suspensivo.

QF-15 - É sabido, nos termos do art. 50, inciso LXIX, da


Constituição da República Federativa do Brasil, que o mandado de
segurança é ação constitucional por intermédio da qual se dá ensejo
ao controle jurisdicional dos atos da Administração Pública. São
considerados requisitos necessários ao cabimento do mandado de
segurança, exceto:
a) tratar-se de ato de autoridade pública, ou de particular, no
exercício de funções públicas.
b) tratar-se de ato que caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução.
c) o ato importar lesão ou ameaça de lesão a direito subjetivo.
d) o ato importar ilegalidade ou abuso de poder.
e) o ato violar direito líquido e certo não amparado
por habeas corpus ou habeas data.
Comentários:
Nota que o examinador exige conhecimento acerca do que NÃO se exige
para impetração do MS. O gabarito é a letra B, então, pois para o MS NÃO
PODE SER ADMITIDO O MS COM CARÁTER SUSPENSIVO.
Gabarito: alternativa B.

Por fim, cumpre registrar que a Lei do MS não inclui, como


hipótese de descabimento, o ato disciplinar, como fazia a
legislação anterior. Mas vale a regra básica, ainda que neste caso –
não caberá dilação probatória, já que esse pressuposto básico para
impetração da segurança.

QF-16 - Embora o ordenamento jurídico não proíba a impetração de


mandado de segurança com a finalidade de anular processo
administrativo disciplinar, não será admissível a realização de
instrução probatória para a comprovação do fato alegado.15
Com relação ao prazo do MS, este é de 120 dias, contados da data
em que o interessado tomar ciência do ato impugnado. A doutrina,
em sua maioria, entende que tal prazo é decadencial, não sendo
objeto de suspensão ou interrupção. Caso ultrapassado tal prazo
processual, restaria ao prejudicado as vias ordinárias. A questão do
prazo do MS já foi, inclusive, objeto de súmula do STF, ante as
dúvidas inúmeras vezes suscitadas àquela Corte, que assim fixou seu
entendimento:
"É constitucional lei que fixa prazo de decadência para
impetração de mandado de segurança."
Uma última observação, não menos importante, a Lei nº
12.016/2009 manteve o sistema da lei anterior, e permite ao juiz, ao
14
Súmula 430, STF.
15
Gabarito: Certo.

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despachar a inicial, suspender o ato impugnado “quando houver
fundamento relevante e desse mesmo ato possa resultar a ineficácia
da segurança, caso seja deferida ao final”16.
Entretanto, há casos em que a liminar não poderá ser concedida, a
saber: a) compensação de créditos tributários; b) entrega de
mercadorias e bens oriundos do exterior; c) reclassificação ou
equiparação de servidores; d) concessão de aumento; e) extensão de
vantagens ou pagamento de qualquer natureza (art. 7º, § 2º).
Mais um esclarecimento útil - o mandado de segurança não pode
ser impetrado como ação substitutiva de cobrança17, isto é, a
concessão de mandado de segurança não resultará em efeitos
patrimoniais referidos a período pretérito, os quais deverão ser
reclamados administrativamente ou pela via judicial própria. Por
exemplo, você recebeu, por meses, uma vantagem do órgão em que
trabalha. Mais adiante, o Poder Público simplesmente ‘cancela’ a
vantagem sem te dar conhecimento. Insatisfeito, você ingressa com
um MS, o qual é provido. Resultado – não serão mais feitos os
descontos, mas, pela via estreita do mandado de segurança, você
não obterá as diferenças relacionadas ao passado. Para isso, deverá
se servir de ações próprias (judiciais ou administrativas).
Por fim, é possível mandado de segurança contra omissões
administrativas, apesar disto ser incomum. Atualmente, é
relativamente tranquilo o entendimento de que o instrumento é
cabível também contra atos omissivos (ou omissões administrativas).
Exemplo disso: uma instituição pública aplica uma penalidade
administrativa a você, que recorre dela. Entretanto, a autoridade,
‘espertinha’, resolve deixar transcorrer o prazo de recurso, sem
apreciá-lo. Isso não constitui abuso de poder? CLARO QUE SIM! Cabe
mandado de segurança contra isso, então. E essa historinha tem
paradigma jurisprudencial no STF. Vejamos (MS 24.167):
“Mandado de segurança. Recurso administrativo. Inércia da
autoridade coatora. Ausência de justificativa razoável. (...) A
inércia da autoridade coatora em apreciar recurso
administrativo regularmente apresentado, sem justificativa
razoável, configura omissão impugnável pela via do mandado
de segurança. Ordem parcialmente concedida, para que seja
fixado o prazo de trinta dias para a apreciação do recurso
administrativo."
4.2. Mandado de Segurança Coletivo
Pois bem. Até agora, examinaram-se as disposições aplicáveis ao
mandado de segurança individual, usado para a defesa do direito
próprio interessado. Porém, a CF/1988 também prevê a possibilidade
de impetração de MS coletivo, nos seguintes termos:

16
José dos Santos Carvalho Filho.
17
Súmula 269, STF.

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LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por:
a) partido político com representação no Congresso
Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros
ou associados;
O mandado de segurança coletivo só passou a ter disciplina
própria com a Lei 12.016/2009, e é voltado ao atendimento de
diversos interesses, a partir da legitimidade dada aos seus diversos e
potenciais impetrantes.
No caso de partido político, o MS coletivo defenderá os interesses
dos integrantes da agremiação ou inerentes à finalidade partidária.
Carvalho Filho nos dá bom exemplo disso: “a defesa de seus filiados
contra ato de Casa Legislativa que os exclua das comissões
temáticas”.
Já os demais legitimados para impetrar o MS coletivo podem agir em
defesa de direito líquido e certo de todos ou de parte de seus
membros, desde que relativos às suas finalidades. Preste atenção no
que se disse: é possível que a defesa do direito se faça em favor de
PARTE dos representados. Nesse contexto, observa o que diz a
Súmula 630 do STF:
"A entidade de classe tem legitimação para o mandado de
segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse
apenas a uma parte da respectiva categoria."
Apesar de o verbete se referir apenas às entidades de classe, pode
ser estendido para os demais legitimados.
Com relação à decisão que nascerá do MS coletivo, há uma
singularidade: a sentença fará coisa julgada apenas para os membros
do grupo ou categoria substituídos pela entidade impetrante.
Além disso, o MS coletivo não atrai, para si, os MS individuais que
tenham sido impetrados. Com outras palavras: a decisão no coletivo
não alcança aqueles que tenham entrado com o MS individual, a não
ser que este desista de sua ação pessoal no prazo de 30 dias,
contados da impetração da ação coletiva.

QF-17- O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado


a) por autarquia federal para proteger direitos coletivos.
b) pela União para proteger direitos individuais homogêneos.
c) por organização sindical para proteger direitos coletivos.
d) pela Defensoria Pública para proteger direitos individuais
homogêneos.

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e) por partido político com ou sem representação no Congresso
Nacional para proteger direitos difusos.18

4.3. Mandado de Injunção


São os seguintes termos utilizados pela CF para se referir ao
Mandado de Injunção (MI):
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
O MI destina-se, portanto, a suprir situação em que falte norma
regulamentadora, impeditiva do uso de um direito. Seu cerne é
conferir efetividade ao texto constitucional, impedindo as ‘violações
negativas’ da Constituição.

QF-18 - Na hipótese de um indivíduo estar impossibilitado de


exercer um direito que lhe é assegurado pela Constituição, em função
da ausência de norma regulamentadora, cuja elaboração é de
competência do Congresso Nacional, poderá o interessado valer-se de
a) mandado de segurança, de competência originária do Supremo
Tribunal Federal.
b) habeas data, de competência originária do Supremo Tribunal
Federal.
c) habeas data, de competência originária do Superior Tribunal de
Justiça.
d) mandado de injunção, de competência originária do Supremo
Tribunal Federal.
e) mandado de injunção, de competência originária do Superior
Tribunal de Justiça.
Comentários:
A resposta é letra D.
Na verdade, o candidato, no dia da prova, só poderia ficar entre as
alternativas “D” e “E”. Isso porque a CF, de 1988, no art. 5º, inc. LXXI,
prevê o mandado de injunção sempre que houver a falta de norma
regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
à cidadania.
Agora, ser competência do STF ou do STJ, fica a depender da autoridade
inerte.

STF - a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente


da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do
Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de
Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo
Tribunal Federal.

18
Letra C.

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STJ - a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão,
entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta,
excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos
órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da
Ju tiça Federal

Gabarito: alternativa “D”.

O MI muito se aproxima das Ações Diretas de Inconstitucionalidade


por Omissão (ADI por Omissão), mas com elas não se confundem, já
que podem ser impetrados por qualquer pessoa física ou jurídica que
se ressinta da falta da norma regulamentar, enquanto a ADI por
Omissão só pode ser intentada por um rol de legitimados previsto na
CF/198819. Além disso, o MI, de regra, proverá solução para caso
concreto, enquanto a ADI por Omissão atenderá a discussão em
tese de matéria jurídica.

Mandado de Injunção ADI por Omissão

Qualquer pessoa física ou jurídica Apenas aqueles previstos na


pode impetrar CF/1988 podem impetrar

Solução para caso concreto (de Discussão de matéria em tese


regra)

Do texto do dispositivo constitucional se colhe que há fundamentação


prática para que o MI possa ser admitido - a falta de norma
regulamentadora deve tornar inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania. Contudo, a falta da
norma regulamentadora deve estar revestida de certa abusividade.
Por isso, o STF decidiu, ao apreciar o MI 715, um dos mais
emblemáticos já julgados pela Suprema Corte:
O retardamento abusivo na regulamentação legislativa do texto
constitucional qualifica-se, portanto, como requisito
condicionante do ajuizamento da ação de mandado de injunção,
pois, sem que se configure o estado de mora legislativa -
caracterizado pela superação excessiva de prazo razoável -, não
há como reconhecer-se ocorrente o próprio interesse de agir
em sede injuncional.
Seguindo o paralelo das exposições quanto ao MS, destaca-se que há
situações em que não cabe o MI:
- se já existe norma regulamentadora do direito previsto na
Constituição: mesmo que a norma não seja ‘o melhor dos mundos’,
caso ela exista, não caberá o MI, que exista para suprir a FALTA da
norma, não os defeitos em sua formação;

19
Inc. I a IX do art. 103 da CF/1988.

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- se a norma regulamentadora que falta diz respeito a direito
previsto em normas infraconstitucionais: o MI não serve para
peticionar pela falta de norma regulamentadora de direito previsto
em normas infraconstitucionais, tais como as leis, tratados
internacionais gerais ou decretos;
- se não foram regulamentados os efeitos de medida
provisória não convertida em lei pelo Congresso Nacional: a MP
é norma infraconstitucional. Assim, caso ela não seja aprovada, não
há como se impetrar MI, pois se trata de direito infraconstitucional;
No polo passivo do mandado de injunção, ou seja, quem responde no
MI, são os órgãos ou autoridades públicas que têm a obrigação de
legislar, mas que não tenham feito isso. Não cabe, por conseguinte,
MI contra atos de particulares, já que estes não têm obrigação de
legislar.
A despeito toda a controvérsia com relação aos efeitos decorrentes
do provimento no MI, tem prevalecido, no âmbito da jurisprudência
do STF, a posição concretista, tendo sido assentada a tese de o MI
tem caráter mandamental, e não meramente declaratório. Cabe ao
Judiciário, portanto, na visão atual da Corte Suprema, não só
reconhecer a mora do legislador, mas prover a situação, permitindo o
usufruto do direito pelo prejudicado. Isso inclusive já foi visto por nós
aqui no curso, na aula de servidores, quando falamos do direito de
greve destes, lembram-se? Apesar da falta da norma específica, o
STF tem reconhecido para as categorias funcionais (em sua maioria)
a possibilidade de realização de greve, usando, para tanto, da lei de
greve dos trabalhadores do setor privado (Lei nº 7.783/1989), até
que o Congresso Nacional edite a lei regulamentadora a ser aplicada
aos servidores.
Por fim, dois pontos podem ser ainda destacados com relação ao MI:
- é possível o mandado de injunção coletivo pelas entidades sindicais
ou de classe, com a fim de tornar possível, em favor dos membros ou
associados, o exercício de direitos assegurados pela Constituição e
que estejam inviabilizados pela ausência de regulamentação, nos
mesmos termos previstos para o mandado de segurança coletivo, que
vimos mais atrás;
- O mandado de injunção não é gratuito, e, para sua impetração, é
necessária a assistência de advogado.
4.4. Ação Popular
Vamos à CF/1988:
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e

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cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência;

QF-19 - Caso agentes públicos estaduais e pessoa jurídica de


direito privado celebrem contrato cuja execução acarrete danos ao
meio ambiente e ao erário público, é possível pleitear em juízo a
anulação do contrato e a responsabilização dos envolvidos em sede
de
a) ação popular ajuizada por cidadão no exercício regular de seus
direitos políticos.
b) habeas corpus impetrado pelo Ministério Público do Estado.
c) habeas data impetrado por pessoa jurídica de direito privado
preterida na contratação.
d) mandado de injunção impetrado por partido político com
representação na Assembleia Legislativa do Estado.
e) ação civil pública ajuizada pela Mesa da Assembleia Legislativa do
Estado.20
Chama atenção o fato de que a ação popular cabe a qualquer cidadão
(não é qualquer pessoa física!), e de que ele, o cidadão, atue na
defesa do interesse público (não de seu próprio interesse). Nesse
contexto, uma pessoa jurídica não pode propor ação popular, ante a
falta de previsão para tanto, o que já foi, inclusive, Sumulado pelo
STF (Súmula 365).
Para os efeitos desse tipo ação, cidadão é o brasileiro, nato ou
naturalizado, no gozo dos direitos políticos, ou seja, que tem a
possibilidade de, ao menos, votar nos processos eleitorais. Maria
Sylvia di Pietro explica que, “a rigor, basta a qualidade de eleitor,
uma vez que o artigo 1, § 3, da Lei 4.717/65 exige que a prova da
cidadania, para ingresso em juízo, seja feita com o título eleitoral, ou
com documento que a ele corresponda”. Excepcionalmente, poderá
ser ajuizada por estrangeiro, mas não qualquer estrangeiro: o
português equiparado!

QF-20 - A comprovação de legitimidade para o ajuizamento da


ação popular exige, de seu autor, a apresentação de:
a) título de eleitor
b) regularidade fiscal
c) direito líquido e certo
d) representação estatutária
e) autorização em assembleia da classe
Pela ação popular, o cidadão demandará do Judiciário, então, a
anulação do ato lesivo, bem como a condenação dos responsáveis,
em um ação que, como dito, transcende interesses individuais.
Por fim, como a ação popular visa, também, a defesa da moralidade
administrativa, nem sempre haverá prejuízos materiais a serem
20
Gabarito: Letra A.

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recompostos.
4.5. Outras ações úteis para o controle da Administração
Pública

Bom, a intenção não é esgotar aqui a abordagem das ações que


podem ser utilizadas para o controle da Administração. Há outras
ações que, de previsão constitucional ou não, existem e podem ser
utilizadas nessa importante faceta de um Estado que se pretende
democrático. Como exemplos, o Habeas Corpus e o Habeas Data, os
quais, assim como outras ações, não são tratados aqui, por se tratar
de assunto muito mais atinente ao Direito Constitucional, ao qual
remetemos os amigos à leitura, caso julguem necessário.

5. Controle Legislativo

O Controle Legislativo pode ser entendido como o exercido pelas


Casas Legislativas (Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e
Congresso Nacional) diretamente ou por meio dos Tribunais de
Contas. Ao tratar da fiscalização contábil, financeira e orçamentária,
cita-se o Congresso Nacional como instituição incumbida de tal tarefa.
Observa, a seguir:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,


operacional e patrimonial da União e das entidades da
administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e
renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno
de cada Poder.

Há dever de todo aquele que tem sob sua guarda bens, valores e
recursos públicos, de prestar contas à sociedade daquilo que foi
feito. No artigo, em destaque, a CF registra-nos:

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou


jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou
pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.

A prestação de contas não é simplesmente a apresentação de


demonstrativos contábeis por parte dos agentes públicos. Não é isso.
Na realidade, é uma expressão em “sentido lato”, que aponta para o
interesse da sociedade de que os gestores públicos deem conta do
que é feito de nosso interesse (o público).

Há diversos meios e instrumentos para o exercício da tarefa de


controle por parte das instituições incumbidas da tarefa, as quais

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passarão a ser examinados abaixo, não sem antes esclarecermos a
quem pertence a titularidade da atividade.

5.1. Titularidade
De plano, cumpre anotar que, de acordo com a doutrina, a
titularidade do controle externo da Administração Pública, na esfera
federal, é o Congresso Nacional. Isso em razão do que dispõe o art.
71 da CF/1988:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
União, ao qual compete:
Perceba que o Tribunal de Contas presta auxílio ao Congresso
no desempenho de tal tarefa, mas não é propriamente um órgão
auxiliar. Isso inclusive já foi reconhecido pelo Supremo Tribunal, que
ementou o entendimento da seguinte maneira:
- Os Tribunais de Contas ostentam posição eminente na
estrutura constitucional brasileira, não se achando
subordinados, por qualquer vínculo de ordem hierárquica, ao
Poder Legislativo, de que não são órgãos delegatários nem
organismos de mero assessoramento técnico. A competência
institucional dos Tribunais de Contas não deriva, por isso
mesmo, de delegação dos órgãos do Poder Legislativo, mas
traduz emanação que resulta, primariamente, da própria
Constituição da República. Doutrina. Precedentes. (os grifos
são do original)
Entendendo melhor o assunto: o ‘auxílio’ que a Constituição
menciona ao se referir ao TCU não impõe ao Tribunal posição de
subserviência ao CN. Não é isso. Na realidade, o controle exercido
pelas Cortes de Contas é técnico, sendo necessário, pois o Congresso
dificilmente teria condições de executar diretamente a atividade, ante
as múltiplas tarefas que possui.

Guarde a informação: A ATIVIDADE DE CONTROLE EXTERNO DA


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, NA ESFERA FEDERAL, É DE
TITULARIDADE DO CONGRESSO, SENDO QUE ESTE CONTA COM
O AUXÍLIO DO TRIBUNAL DE CONTAS PARA O DESEMPENHO
DE TAL MISTER.

5.2. Controle Político: o papel das Casas Legislativas


Como visto ao longo de todo nosso curso, há uma relação de balanço
(harmonia) entre os Poderes, uma correlação de forças, que precisam
permanecer em equilíbrio. Nesse quadro, há diversos aspectos não
exatamente técnicos, mas sim políticos, desempenhados pelas Casas
Legislativas. Destacar-se-á alguns que consideramos serem os mais
relevantes, para o fim de provas de concurso público. Inicialmente,
vamos à CF/1988, para relembrar algo visto noutras aulas:

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julgamentos por parte das Cortes de Contas. Veja o que diz a
CF/1988:
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
(...)
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos
de governo;
Interessante questão é a seguinte: e se o Presidente da República
não prestasse contas ao CN? O que fazer? Mais uma vez, a CF/1988
nos fornece resposta:
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
(...)
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República,
quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
Cuida-se de um ato também politico, por dizer respeito ao equilíbrio
entre poderes.
Quanto ao aspecto financeiro, encontra-se importante disposição no
art. 72 da CF/1988. Vejamos:
Art. 72 A Comissão mista permanente a que se refere o art.
166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda
que sob a forma de investimentos não programados ou de
subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade
governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste
os esclarecimentos necessários.
§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes
insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento
conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
§ 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão,
se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave
lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua
sustação.
Entendendo o processo todo: caso a Comissão Mista de Orçamento
do Congresso Nacional entenda irregular uma despesa, após as
providências preambulares do caput do art. 72, pede a opinião do
TCU, o qual, caso também conclua que a despesa é irregular, levará a
referida Comissão a propor ao Congresso a sustação, no que alguns
autores chamam de veto proibitivo21.
Por fim, os instrumentos de controle político aqui expostos não
inviabilizam outros, como a instauração das Comissões Parlamentares

21
Conforme Luiz Henrique Lima.

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de Inquérito, objeto de estudo do Direito Constitucional, e, por isso,
não tratadas aqui.
5.3. Controle Técnico: os Tribunais de Contas
Antes de mais, cumpre registrar que os Tribunais de Contas (TCs) são
cortes julgadoras, mas de natureza administrativa. Noutras palavras,
compete aos TCs julgar as contas dos Administradores Públicos em
geral, em conformidade com a CF/1988, que assim estabelece:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao
qual compete:
(...)
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e
indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que
derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público;
Havia certa dúvida com relação às sociedades mistas e empresas:
estariam estas também sob a jurisdição dos TC? Entretanto, tal
dúvida foi sanada por meio de vários julgados do STF. Apenas um
exemplo permite extrair conclusão acerca do que pensa tal Corte
Jurisdicional22:
"Ao TCU compete julgar as contas dos administradores e
demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e
as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário (CF, art. 71, II;
Lei 8.443, de 1992, art. 1º, I). As empresas públicas e as
sociedades de economia mista, integrantes da administração
indireta, estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, não
obstante os seus servidores estarem sujeitos ao regime
celetista."
Entretanto, a competência para julgamento de contas não, de modo
absoluto, do TCU. É que temos outros Tribunais de Contas em nosso
país, nas esferas estadual e municipal. O que determinará a
competência para julgar contas é a origem do recurso. Caso
federal, competência do TCU; Estadual – TCE. Contudo, há 4
Tribunais de Contas de Municípios (TCMs). Nestes, quando o recurso
for de origem do orçamento municipal, incumbirá ao TCMs.
Notaram que colocamos um ‘s’ depois do TCM? É que há dois
municípios que possuem seu próprio Tribunal de Contas – São Paulo

22
MS 25.092.

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e Rio de Janeiro. E, com a redação da Constituição atual, serão só
estes, pois há vedação expressa para criação de novos TC por
municípios na Constituição Federal (art. 31):
§ 4º - É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de
Contas Municipais.
ATENÇÃO: o que a CF/1988 proíbe é a criação de um Tribunal de
Contas por parte de um município, mas não a criação de um Tribunal
de Contas de MunicípioS por parte de um Estado-membro. Agora
vocês entenderam a diferença que faz um simples ‘S’? É gente,
Direito Administrativo é assim, cheio dos detalhes...
Também importante registrar que, ao promover o controle das
despesas públicas, caso um TC venha determinar a devolução de
valores aos cofres públicos deverá aferir a quem pertencia o recurso
na origem. Para entender melhor: nos Estados em que não há
TCMs, quando um TCE afere que um gasto com recursos municipais
foi indevido determinará a devolução do recurso aos cofres da
municipalidade, e não ao Estado, sob pena de enriquecimento ilícito
por parte deste último, já que o recurso não lhe pertencia,
originariamente.

QF-22- O controle externo da câmara municipal, exercido com o


auxílio do tribunal de contas do estado quando inexistente o conselho
ou tribunal de contas municipal, mediante decisões da respectiva
corte de contas que resultem em imputação de débito e multa com
eficácia de título executivo, legitima o ressarcimento de verba pública
municipal para competência fiscal do estado-membro, diante de
decisão proferida pelo tribunal de contas estadual.
Comentários:
Primeiramente, veja o que a CF diz a respeito do controle externo nos
municípios:
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos
sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na
forma da lei.
§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido
com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do
Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios, onde houver.
Está certo o item, então, em afirmar que o controle externo, levado à efeito
pela Câmara municipal, é exercido com o auxílio do TCE, quando não houver
um Tribunal de Contas dos Municípios ou do próprio município. Entretanto,
há um ERRO na formulação do item – quando há decisões dos Tribunais de
Contas que imputem débito ou multas aos gestores de um município em
razão da má aplicação de recursos MUNICIPAIS, a devolução terá de ser
feita, logicamente, aos cofres da própria municipalidade, ainda que a decisão
haja sido proferida pelo TCE. Tem de ser assim, pois se não o município
restaria ‘desfalcado’ de um recurso que, na origem, era seu, e, em

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contrapartida, o Estado acabaria ‘mais rico’, por conta do ingresso de tal
recurso em seus cofres.

E mais: quando alguém dá causa a prejuízo aos cofres públicos


também terá contas apreciadas pelo TC (leia a parte final do inc. II
do art. 71 acima). O instrumento próprio para isso, em âmbito
federal, é a Tomada de Contas Especial (TCE), pela qual o TCU apura
os fatos, as responsabilidades e imputa o débito a quem de direito.
Pois bem. Então, cabe aos TCs o julgamento das contas dos
Administradores Públicos em geral. E a decisão daí proveniente terá
natureza administrativa, já que os TC não integram o Judiciário, e,
por isso, suas decisões não fazem coisa julgada, em sentido estrito,
tal qual as decisões judiciais.
Por oportuno, cabe reiterar a situação dos responsáveis pela emissão
dos pareceres na Administração Pública, da qual cuidamos en passant
na aula de licitações.
Os pareceristas não são, tecnicamente, responsáveis pela gestão de
uma instituição pública. Mas produzem atos que vão embasar
relevantes decisões que podem, ao fim, gerar prejuízos aos
interesses públicos, afinal o gestor, que é o sujeito responsável pela
ordenação das despesas, vai se amparar na opinião dada por um
parecerista para tomar sua decisão. Haveria, portanto, uma espécie
de repartição de responsabilidades (apesar de a decisão final não
pertencer ao parecerista, diga-se).
Por conta de tais nuances, o STF tem, em diversas oportunidades,
discutido a responsabilidade do parecerista, em face de
irregularidades de despesa. Em um dos julgados mais emblemáticos,
assim se pronunciou a Corte de Contas (MS 24.631):
"Controle externo. Auditoria pelo TCU. Responsabilidade de
procurador de autarquia por emissão de parecer técnico-jurídico
de natureza opinativa. Segurança deferida. Repercussões da
natureza jurídico-administrativa do parecer jurídico:
(i) quando a consulta é facultativa, a autoridade não se vincula
ao parecer proferido, sendo que seu poder de decisão não se
altera pela manifestação do órgão consultivo;
(ii) quando a consulta é obrigatória, a autoridade administrativa
se vincula a emitir o ato tal como submetido à consultoria, com
parecer favorável ou contrário, e se pretender praticar ato de
forma diversa da apresentada à consultoria, deverá submetê-lo
a novo parecer;
(iii) quando a lei estabelece a obrigação de decidir à luz de
parecer vinculante, essa manifestação de teor jurídico deixa de
ser meramente opinativa e o administrador não poderá decidir
senão nos termos da conclusão do parecer ou, então, não
decidir. No caso de que cuidam os autos, o parecer emitido pelo
impetrante não tinha caráter vinculante. Sua aprovação pelo

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superior hierárquico não desvirtua sua natureza opinativa, nem
o torna parte de ato administrativo posterior do qual possa
eventualmente decorrer dano ao erário, mas apenas incorpora
sua fundamentação ao ato. Controle externo: É lícito
concluir que é abusiva a responsabilização do parecerista
à luz de uma alargada relação de causalidade entre seu
parecer e o ato administrativo do qual tenha resultado
dano ao erário. Salvo demonstração de culpa ou erro
grosseiro, submetida às instâncias administrativo-
disciplinares ou jurisdicionais próprias, não cabe a
responsabilização do advogado público pelo conteúdo de
seu parecer de natureza meramente opinativa."

Perceba que responsabilização do parecerista é centrada na teoria da


culpa – é preciso que se demonstre a culpa deste, para que possa se
lhe imputar responsabilidade. Não se trate de se responsabilizar o
emissor da opinião tão só por ter opinado. Não é isso. O que acontece
é que, infelizmente, o parecerista por vezes não toma os cuidados
que sua atribuição exige, agindo com descaso, negligência, enfim,
culpa, em sentido largo.
Mais especificamente sobre licitações, pronunciou-se o STF (MS
24.584):
Advogado público. Responsabilidade. Art. 38 da Lei 8.666/1993.
Tribunal de Contas da União. Esclarecimentos. Prevendo o art.
38 da Lei 8.666/1993 que a manifestação da assessoria jurídica
quanto a editais de licitação, contratos, acordos, convênios e
ajustes não se limita a simples opinião, alcançando a
aprovação, ou não, descabe a recusa à convocação do TCU para
serem prestados esclarecimentos
Entendendo melhor o caso: um agente público deu parecer numa
licitação e foi convocado pelo TCU para dar esclarecimentos sobre
isso. Ele não queria nem se dignar a responder ao Tribunal, para
apresentar informações acerca de seu trabalho. O caso acabou no
STF, que disse que a convocação fora legítima, e, ao fim das contas,
o parecerista foi apenado pelo TCU, em face da desídia na opinião
produzida. Isso nos conduz a uma conclusão inequívoca, ante a atual
jurisprudência da Corte de Contas/STF:
Os responsáveis pela produção de atos opinativos em
processos licitatórios (pareceristas) podem ser
convocados e, eventualmente, responsabilizados, por
conta do parecer emitido. Para tanto, é preciso que se
demonstre, no mínimo, culpa, imputável ao parecerista.
Há, ainda, outras duas situações que são muito particulares.
A primeira diz respeito às contas do chefe do Poder Executivo. Com
relação a este, diz a CF:

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Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao
qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado
em sessenta dias a contar de seu recebimento;
Como sobredito, quem julga as contas do Chefe do Executivo Federal
é o Congresso Nacional. A participação do TC se limita a emitir um
ato opinativo, que vai embasar o julgamento das contas do Chefe do
Executivo.
IMPORTANTE: o ‘julgamento’ por parte do Congresso é ato político,
como vimos. Por isso, não necessariamente o parecer do TCU tem de
ser acatado por aquele. Entretanto, isso não significa que o
Congresso seja uma Casa revisora das decisões proferidas pelo TCU,
já que cada um tem seus papeis bem definidos em todo esse trâmite.
O outro ponto diz respeito a uma clássica indagação jurídica – quem
julga as contas do julgador? Noutras palavras: quem tem a
competência para apreciar as contas dos Tribunais de Contas? A
CF/1988, de relance, acaba por mencionar algo próximo disso (art.
71):
§ 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
O relatório em questão funciona, então, como uma espécie de
prestação de contas, no sentido aberto previsto no mencionado
parágrafo único do art. 70 da CF/1988. Mas há disposições
específicas, sobretudo em constituições estaduais, que atribuem
incumbência às assembleias legislativas de tomar contas dos TC. A
esse respeito, pronunciou-se o STF (ADI 2597):
"Ação direta de inconstitucionalidade. Art. 92, XXX, e art. 122
da Constituição do Estado do Pará, com redação conferida pela
Emenda 15/1999, de 3-8-1999. Competência exclusiva da
Assembleia Legislativa para julgar anualmente as contas do
Tribunal de Contas do Estado do Pará. Prestação de contas pelo
Tribunal de Justiça paraense à Assembleia Legislativa no prazo
de sessenta dias contados da abertura da sessão legislativa.
Alegação de violação do disposto nos art. 71, I e II, e 75, da
CB. Inocorrência. A CB de 1988, ao tratar de fiscalização
contábil, financeira e orçamentária, prevê o controle externo a
ser exercido pelo Congresso Nacional com o auxílio do TCU. A
função fiscalizadora do TCU não é inovação do texto
constitucional atual. Função técnica de auditoria financeira e
orçamentária. Questões análogas à contida nestes autos foram
anteriormente examinadas por esta Corte no julgamento da
Rp 1.021 e da Rp 1.179. ‘Não obstante o relevante papel do
tribunal de contas no controle financeiro e orçamentário, como

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órgão eminentemente técnico, nada impede que o Poder
Legislativo, exercitando o controle externo, aprecie as
contas daquele que, no particular, situa-se como órgão
auxiliar’
Ponto interessante é a seguinte questão – como Tribunal que é, seria
possível a um TC controlar a constitucionalidade de um ato que lhe
seja submetido à apreciação? Em caso de resposta positiva, qual
seria o limite de tal pronunciamento? Bom, o STF assentou a
jurisprudência de tal forma que acabou súmula, de número 347, a
respeito dela. Vejamos:
"O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode
apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder
público."
A declaração de inconstitucionalidade, em tal caso, ocorre do modo
em que feita pelos Tribunais Judiciais em geral – será referida ao
caso concreto, constituindo a decisão efeitos para as ‘partes’. O
destaque a esse trecho é para que os amigos entendam que nos
processos de controle submetidos aos TC não há partes, estrito
senso. É que as Cortes de Contas julgam contas e não pessoas. Por
isso, não há que se falar de partes, ok?
Nos julgamentos que procede, entretanto, o TC não pode determinar
a quebra do sigilo bancário dos que se submetam a sua jurisdição.
Para entendermos melhor o assunto, vejamos o que pensa o STF (MS
22.801):
"A Lei Complementar 105, de 10-1-2001, não conferiu ao
Tribunal de Contas da União poderes para determinar a quebra
do sigilo bancário de dados constantes do Banco Central do
Brasil. O legislador conferiu esses poderes ao Poder Judiciário
(art. 3º), ao Poder Legislativo Federal (art. 4º), bem como às
comissões parlamentares de inquérito, após prévia aprovação
do pedido pelo Plenário da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal ou do plenário de suas respectivas Comissões
Parlamentares de Inquérito (§ 1º e 2º do art. 4º). Embora as
atividades do TCU, por sua natureza, verificação de contas e até
mesmo o julgamento das contas das pessoas enumeradas no
art. 71, II, da CF, justifiquem a eventual quebra de sigilo, não
houve essa determinação na lei específica que tratou do tema,
não cabendo a interpretação extensiva, mormente porque há
princípio constitucional que protege a intimidade e a vida
privada, art. 5º, X, da CF, no qual está inserida a garantia ao
sigilo bancário.
Na visão de alguns, a decisão do STF foi extremamente
conservadora, já que poderia ter se entendido que, em face dos
poderes que lhe são implícitos, caberia ao TCU (e aos demais
Tribunais de Contas) a determinação de quebra de sigilo de dados

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bancários. Mas o STF não avançou a esse ponto como fez noutra
oportunidade, ao tratar da possibilidade de adoção de medidas
cautelares pelo TCU. Observa, abaixo, decisão paradigmática a
respeito (MS 24.510):
"(...) a atribuição de poderes explícitos, ao Tribunal de Contas,
tais como enunciados no art. 71 da Lei Fundamental da
República, supõe que se lhe reconheça, ainda que por
implicitude, a titularidade de meios destinados a viabilizar a
adoção de medidas cautelares vocacionadas a conferir real
efetividade às suas deliberações finais, permitindo, assim, que
se neutralizem situações de lesividade, atual ou iminente, ao
erário público. Impende considerar, no ponto, em ordem a
legitimar esse entendimento, a formulação que se fez em torno
dos poderes implícitos, cuja doutrina, construída pela Suprema
Corte dos Estados Unidos da América, no célebre
caso McCulloch v. Maryland (1819), enfatiza que a outorga de
competência expressa a determinado órgão estatal
importa em deferimento implícito, a esse mesmo órgão,
dos meios necessários à integral realização dos fins que
lhe foram atribuídos. (...) É por isso que entendo revestir-se
de integral legitimidade constitucional a atribuição de
índole cautelar, que, reconhecida com apoio na teoria dos
poderes implícitos, permite, ao TCU, adotar as medidas
necessárias ao fiel cumprimento de suas funções
institucionais e ao pleno exercício das competências que
lhe foram outorgadas, diretamente, pela própria CR."
Entendendo melhor a questão – o papel do TCU é zelar pela
preservação dos recursos públicos federais. Por conta disso, apesar
de a CF não ter atribuído competência para sustação de uma
licitação, cabe a Corte de Contas Federal suspender uma licitação,
caso perceba graves irregularidades no procedimento, em
consequência dos poderes implícitos que lhe são atribuídos. A
fundamentação, basicamente, advém dos seguintes dispositivos
constitucionais:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao
qual compete:
(...)
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se
verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado,
comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado
Federal;

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Ainda no que se refere à atividade fiscalizatória dos Tribunais, cabe
informar que estes não são ‘corte revisora’ das atividades da fazenda
pública. Diante disso, o STF assim se pronunciou (ADI 523):
"Art. 78, § 3º, da Constituição do Estado do Paraná.
Possibilidade de reexame, pelo Tribunal de Contas Estadual, das
decisões fazendárias de última instância contrárias ao erário.
(...) A Constituição do Brasil – art. 70 – estabelece que
compete ao Tribunal de Contas auxiliar o Legislativo na função
de fiscalização a ele designada. Precedentes. Não cabe ao
Poder Legislativo apreciar recursos interpostos contra
decisões tomadas em processos administrativos nos
quais se discuta questão tributária. Ação direta julgada
procedente para declarar a inconstitucionalidade do § 3º do art.
78 da Constituição do Estado do Paraná."
O trecho negritado é para que vocês percebam que, mesmo por
intermédio de disposição na Constitucional, não é possível transmutar
a natureza jurídica do TC para que, ao fim, torne-se instância
revisora de decisões fazendárias. Não é o caso, dado não se tratar de
competência que possa ser atribuída às Cortes de Contas.
Agora, responda a seguinte indagação: seria possível o controle do
mérito das políticas públicas, e, consequentemente, dos atos
administrativos, sob esse aspecto, por parte do TC? Sim, é possível.
Não estranhe isso, pois o impedimento a tal análise é para o Poder
Judiciário, do qual não faz parte o TC. É que a análise por parte do
TC dirá respeito, dentre outros aspectos, à legitimidade e à
economicidade. Além disso, o art. 70 da CF/1988 menciona a
operacionalidade com um dos critérios a serem utilizados em suas
fiscalizações. Tudo isso refere-se ao mérito das políticas públicas, as
quais, aliás, são examinadas pelo Congresso também, quando o
Executivo lhe submete as leis que conduzirão a Administração
Pública.
Muito bem. Agora vamos falar de uma das competências do TC mais
exigidas em provas de concursos, os atos sujeitos a registro, que se
referem ao inc. III do art. 71 da CF/1988:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual
compete:
(...)
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não
alterem o fundamento legal do ato concessório;

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Como vimos na aula de atos (segunda parte), o ato sujeito a registro
é complexo23, só se aperfeiçoando o registro pelo Tribunal de Contas
competente, o qual, no caso federal, é o TCU.
Perceba, ainda, que quaisquer admissões, em cargos efetivos,
empregos públicos e mesmo para o desempenho de funções
temporárias, devem passar pelo crivo do TC competente. E estas
decisões do TC têm caráter vinculante para toda a Administração, a
qual não pode deixar cumprir o que lhe for determinado. Nesse
sentido é a posição dos Tribunais Superiores, como, por exemplo, o
STJ (REsp 1001910):
PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR
MUNICIPAL APOSENTADO. AUTORIDADE COATORA.
PRESIDENTE DO INSTITUTO DE SEGURIDADE SOCIAL DO
MUNICÍPIO. EXECUTOR DE DECISÃO IMPOSITIVA E
VINCULANTE DO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL.
LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DESSE ÚLTIMO.
1. É coberta de caráter impositivo e vinculante para a
Administração a decisão do Tribunal de Contas que,
julgando ilegal a concessão de aposentadoria, nega-lhe o
registro e determina-lhe a cassação e, portanto, a parte
legítima para figurar no polo passivo do mandamus é a Corte de
Contas e não a autoridade administrativa responsável pela
execução do ato.
IMPORTANTE: as nomeações para cargos em comissão não vão a
registro. E a razão é relativamente simples – são de livre nomeação.
Não tem sentido registrar um ato que a que a qualquer instante pode
ser desfeito.
Mas, entenda melhor como funciona os atos sujeitos a registro: um
analista do CNJ, ao se aposentar na instituição, verá seu ato de
aposentadoria remetido ao TCU, o qual analisará os fundamentos
jurídicos utilizado. Caso o ato contenha irregularidades, o registro não
será feito, e, em consequência, o ato não se aperfeiçoará, isto é, não
terá chegado ao seu fim. E tal decisão por parte do TCU (e dos
demais TC) tem natureza cogente para Administração.

QF-23 - A decisão do Tribunal de Contas da União que, dentro de suas


atribuições constitucionais, julga ilegal a concessão de aposentadoria, negando-
lhe o registro, possui caráter impositivo e vinculante para a administração.24
Este assunto, os atos sujeitos a registro, é tão importante que o STF
lançou súmula:
“Nos processos perante o TCU asseguram-se o contraditório e a
ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado,
23
RE 195.861/STF.
24
Gabarito: Certo.

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excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão.” (Súmula
Vinculante 3.)
QF-24 - Quanto à aplicação de princípios constitucionais em
processos administrativos, é entendimento pacifi cado no Supremo
Tribunal Federal, constituindo súmula vinculante para toda a
administração e tribunais inferiores, que, nos processos perante o
Tribunal de Contas da União, asseguram se o contraditório e a ampla
defesa
a) mesmo quando da decisão não resultar anulação ou revogação de
ato administrativo que beneficie o interessado, inclusive a apreciação
da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.
b) quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, sem exceção.
c) quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.
d) quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, inclusive na apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.
e) quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, inclusive a apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, exceto
reforma e pensão.25
O entendimento da Súmula Vinculante 3 é muito interessante e pode
ser entendido assim: quando em um processo no TCU puder decorrer
prejuízo a um jurisdicionado por conta de anulação ou revogação que
seja determinada deve-se assegurar o contraditório, por conta,
inclusive, de determinações constitucionais (inc. LV do art. 5 o).
Contudo, há situação em que isso pode ser desprezado – os atos
INICIAIS sujeitos a registro, que são aqueles ainda não apreciados
pelo TCU. Mais uma vez esclarecimentos são necessários.
Funciona assim: o nosso amigo do CNJ viu seu ato remetido ao TCU,
o qual, entretanto, percebe um erro. Determina a remessa de volta
ao CNJ para que ele promova as devidas correções. Não é necessário
que a própria Corte de Contas dê o contraditório, pois isso será feito
pelo órgão de lotação do servidor, qual seja, o CNJ. É por isso que o
contraditório se torna desnecessário NO TCU, já que será dado pelo
órgão de origem do servidor.
Agora, se uma coisa acontece com o TCU, na análise dos atos
sujeitos a registro, é a contestação judicial. Por vezes, chega uma

25
Gabarito: letra D.

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ordem judicial DETERMINANDO ao Tribunal o pagamento de uma
pensão. Seria possível, então, a instituição se opor à coisa julgada
judicial? A resposta é NÃO, claro, já que o TCU não pode se sobrepor
ao Judiciário, até por conta de uma questão de respeito institucional,
de equilíbrio entre Poderes. Observa, abaixo, o que diz o STF a
respeito (MS 30312):
"Concessão inicial de pensão julgada ilegal pelo TCU. Alteração
da fonte pagadora. Ofensa à coisa julgada. Agravo regimental
não provido. Existência de decisão judicial transitada em
julgado condenando a União ao pagamento da pensão,
conforme se verifica na parte dispositiva da sentença. Não se
está diante de hipótese excepcional de lacuna do título judicial
ou de desvio administrativo em sua implementação. Desse
modo, não pode o TCU, mesmo que indiretamente, alterar
as partes alcançadas pela decisão judicial já transitada
em julgado. Se o responsável pelo pagamento da pensão era o
INSS, essa questão deveria ter sido arguida à época da
discussão judicial. A questão acerca do regime de aposentação
da impetrante deveria ter sido arguida durante o trâmite da
ação ordinária, e, depois de transitada em julgado a decisão,
eventualmente, pela via da ação rescisória, mas não no
momento da análise da legalidade da pensão perante o TCU."
QF-25 - No exercício do controle externo da administração federal, o
Tribunal de Contas da União (TCU), dentro de sua competência, examina a
regularidade de aplicação das receitas públicas, bem como a regularidade dos
pagamentos efetuados para servidores públicos. De acordo com o
entendimento jurisprudencial predominante na Corte de Contas e no Supremo
Tribunal Federal (STF), julgue os itens que se seguem.
Considerando que, em decorrência de decisão judicial transitada em julgado
proposta contra a União, tenha sido incorporada, aos vencimentos de
determinado servidor da administração direta federal, vantagem denominada
quintos, e considerando, ainda, que esse servidor pretenda aposentar-se em
janeiro de 2009, nessa situação, por ocasião da homologação da aposentadoria
do referido servidor, não agirá corretamente o TCU caso determine que seja
retirada, por entender indevida sob sua ótica, por setor responsável, a rubrica
correspondente à vantagem citada do contracheque do servidor em questão.
Comentários: como se disse, não cabe ao TCU o descumprimento de decisão
judicial, a qual, caso determine a incorporação de função, deverá ser
obedecida.

PONTO IMPORTANTE: o ato sujeito a registro só se aperfeiçoa com


a pronúncia por parte do TC competente. Assim, enquanto isso não
ocorrer, a princípio, não incide a decadência, sendo que, como visto,
não haveria que se falar em contraditório no ato inicial sujeito a
registro. Entretanto, atualmente o STF vem entendendo que com 5
anos do ato chegado ao TCU, caso este não tenha apreciado o ato
ainda, deverá a própria Corte de Contas dar o contraditório, ainda

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que se trate do ato inicial. É como se fosse uma espécie de
punição pela morosidade da Corte, a qual, convenhamos, não deveria
passar 5 anos para apreciar um ato de simples aposentadoria,
pensão ou reforma. Mais uma vez, cabe citar a jurisprudência do STF
(MS 24781):
“Nos termos dos precedentes firmados pelo Plenário desta
Corte, não se opera a decadência prevista no art. 54 da Lei
9.784/1999 no período compreendido entre o ato
administrativo concessivo de aposentadoria ou pensão e o
posterior julgamento de sua legalidade e registro pelo TCU –
que consubstancia o exercício da competência constitucional de
controle externo (art. 71, III, CF). A recente jurisprudência
consolidada do STF passou a se manifestar no sentido de
exigir que o TCU assegure a ampla defesa e o
contraditório nos casos em que o controle externo de
legalidade exercido pela Corte de Contas, para registro
de aposentadorias e pensões, ultrapassar o prazo de
cinco anos, sob pena de ofensa ao princípio da confiança –
face subjetiva do princípio da segurança jurídica. Precedentes.
Nesses casos, conforme o entendimento fixado no presente
julgado, o prazo de cinco anos deve ser contado a partir da
data de chegada ao TCU do processo administrativo de
aposentadoria ou pensão encaminhado pelo órgão de origem
para julgamento da legalidade do ato concessivo de
aposentadoria ou pensão e posterior registro pela Corte de
Contas.”
Quanto ao poder sancionatório das Cortes de Contas, importa
registrar que, no caso de irregularidades, os TCs podem, além de
outras sanções previstas em suas Leis Orgânicas, aplicar multa aos
infratores (inc. VI do art. 71 da CF), a qual possui eficácia de título
executivo extrajudicial.

QF-26 - O Ministério da Saúde firmou convênio com uma instituição


privada, com fins lucrativos, que atua na área de saúde pública
municipal. O objeto desse convênio era a instalação de uma UTI
neonatal no hospital por ela administrado. Conforme esse convênio, a
referida instituição teria o encargo de, utilizando-se de subvenções da
União, instalar a UTI neonatal e disponibilizar, para a comunidade
local hipossuficiente, pelo menos 50% dos leitos dessa nova UTI. No
entanto, essa instituição acabou por utilizar parte desses recursos
públicos na reforma de outras áreas do hospital e na aquisição de
equipamentos médico-hospitalares de baixíssima qualidade. Maria,
que ali foi atendida, viu sua filha recém-nascida falecer nesse
hospital. Apurou-se, por meio de perícia, que a morte da recém-
nascida ocorreu por falha técnica na instalação e devido à baixa
qualidade dos equipamentos ali instalados. Em face dessa
constatação e visando evitar novas mortes, o município suspendeu

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provisoriamente o alvará de funcionamento da referida UTI,
notificando-se o hospital para ciência e eventual impugnação no
prazo legal.
Considerando a situação hipotética apresentada acima, julgue o item,
acerca dos contratos administrativos, dos serviços públicos, da
responsabilidade civil e da Lei n.º 8.429/1992.
Cabe ao TCU apurar, por meio de tomada de contas especial, a
responsabilidade do responsável pelo convênio, inclusive com a
possibilidade de aplicação de pena pecuniária, que servirá como título
executivo extrajudicial.26

Por fim, citam-se abaixo outras competências do TCU, com breves


comentários, que não têm sido objeto de maiores controvérsias
doutrinárias:
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados,
do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito,
inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades
administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário,
e demais entidades referidas no inciso II;

Comentários: note que as auditorias e inspeções do TCU podem ser


realizadas por iniciativa da própria Corte de Contas (de ofício) ou por
iniciativa das Casas Legislativas ou de suas Comissões.
QF-27 - Ao TCU é permitida a realização, por iniciativa própria, de
auditoria operacional, e não apenas contábil, em programas
instituídos pelo poder público federal.27
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais
de cujo capital social a União participe, de forma direta ou
indireta, nos termos do tratado constitutivo;
Comentários: um exemplo que envolve esse dispositivo é a
hidrelétrica de Itaipu, um investimento binacional (Brasil e Paraguai).
Ao TCU cumprirá fiscalizar os recursos nacionais do investimento,
nos termos do tratado constitutivo.
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros
instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a
Município;
Comentários: como se disse, ao examinarmos a atuação do
Controle Interno, os convênios são transferências voluntárias.
Quando feitas pela União, não retiram a natureza federal dos
recursos, que continuam sob a jurisdição do TCU.
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das
26
Gabarito: CERTO.
27
Gabarito: CERTO.

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respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de
auditorias e inspeções realizadas;
Comentários: é um tanto lógica essa missão – se o TCU presta
auxílio ao Congresso, natural quando este demandar informações
serem estas prestadas pelo Tribunal.
Muito bem, senhores, passemos a ver a composição dos TC.
5.4. O modelo do TCU e aplicabilidade às demais Cortes de
Contas
Todo o estudo feito no tópico anterior tomou por referência o TCU,
dado que a CF/1988 se ocupa dele, o qual é composto por nove
ministros. Além disso, funcionam junto ao TCU quatro ministros
substitutos, os quais devem substituir aqueles, em seus
impedimentos. Todas essas autoridades têm status de magistrados,
já que exercem a função de judicatura de contas. É nessa direção a
jurisprudência do STF (ADI 4190):
"Equiparação constitucional dos membros dos tribunais de
contas à magistratura – garantia de vitaliciedade:
impossibilidade de perda do cargo de conselheiro do Tribunal de
Contas local, exceto mediante decisão emanada do Poder
Judiciário. Os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado-
membro dispõem dos mesmos predicamentos que protegem os
magistrados, notadamente a prerrogativa jurídica da
vitaliciedade (CF, art. 75 c/c o art. 73, § 3º), que representa
garantia constitucional destinada a impedir a perda do cargo,
exceto por sentença judicial transitada em julgado. Doutrina.
Precedentes. A Assembleia Legislativa do Estado-membro não
tem poder para decretar, ex propria auctoritate, a perda do
cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas local, ainda que a
pretexto de exercer, sobre referido agente público, uma
(inexistente) jurisdição política.”
Junto ao Tribunal de Contas funcionará um Ministério Público, que
não ramo do MPU, tão conhecido no meio de concursos. É um
Ministério Público ‘especial’, a atuar junto ao TC, com membros
próprios. As duas instituições não se confundem, inclusive como
reconhece o STF (ADI 3192):
"Impossibilidade de procuradores de Justiça do Estado do
Espírito Santo atuarem junto à Corte de Contas estadual, em
substituição aos membros do Ministério Público especial. Esta
Corte entende que somente o Ministério Público especial
tem legitimidade para atuar junto aos tribunais de contas
dos Estados e que a organização e composição dos tribunais
de contas estaduais estão sujeitas ao modelo jurídico
estabelecido pela CB (art. 75). Precedentes. É
inconstitucional o texto normativo que prevê a

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possibilidade de procuradores de Justiça suprirem a não
existência do Ministério Público especial, de atuação
específica no tribunal de contas estadual."
Portanto, as Cortes de Contas devem possuir um Ministério
Público funcionando junto a elas, sob pena de se julgar
inconstitucional a situação.
Já para os demais Tribunais de Contas, a composição é orientada pela
CF/1988, que assim registra (art. 75):
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão
sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão
integrados por sete Conselheiros.
Os TCs das outras esferas federativas têm o TCU por parâmetro,
então. O problema é que o primeiro tem nove ministros, enquanto as
demais Cortes de Contas possuem sete conselheiros. Sabendo que
deve se assegurar a participação dos membros do MP de Contas e
dos Substitutos (Ministros e Conselheiros substitutos) na composição
do Plenários dos TC, como equacionar as vagas? Como ficaria a
composição do Tribunal? O assunto foi tantas vezes discutida no STF
que há súmula nesse sentido:
“No tribunal de contas estadual, composto por sete
conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela Assembleia
Legislativa e três pelo chefe do Poder Executivo estadual,
cabendo a este indicar um dentre auditores e outro dentre
membros do Ministério Público, e um terceiro à sua livre
escolha.” (Súmula 653.)
E não há qualquer vínculo de hierarquia entre essas Cortes (o TCU e
os demais TC), já que se trata de competências derivadas da origem
do recurso a ser fiscalizado, como visto.

QF-28 - Com relação aos controles interno, externo, parlamentar,


administrativo e judicial, julgue o item subsequente. De acordo com o princípio
de autotutela e o sistema de controle existente, o Tribunal de Contas da União
e o TCDF estão vinculados por uma relação de hierarquia, visando garantir o
emprego efetivo do recurso público.28
Pois bem. O assunto que estudamos hoje é para nós, realmente, um
dos mais interessantes, por conta de nossa formação. Contudo, o
examinador tem ‘apertado’ em provas. A questão abaixo é um ‘mega-
desafio’, extraído da última prova da Receita Federal, para auditor
faça a questão primeiro, com todas as suas ‘forças’. Depois, leia
nossos comentários.

28
Gabarito: ERRADO.

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QUESTÃO DESAFIO
Ex-presidente de uma autarquia sofre tomada de contas especial
determinada pelo Tribunal de Contas da União – TCU em razão de
apuração de denúncia recebida naquele Tribunal. A autarquia
instaurou a tomada de contas especial com a finalidade de quantificar
o montante de recursos gastos com o fretamento de aeronaves (taxi
aéreo) pelo seu expresidente. Tal procedimento resultou na apuração
de despesas relativas a 59 (cinquenta e nove) voos no período de sua
gestão desde sua posse até a data em que foi afastado do cargo. A
comissão condutora da tomada de contas especial, não obstante as
considerações do interessado, concluiu pela ausência de motivação
para a contratação dos voos realizados. A referida comissão ressaltou
também que encontrou reportagens de jornais da época do fato,
todas juntadas aos autos, noticiando que o então presidente da
autarquia, por ter pretensão de ocupar cargo político, acompanhava o
governante do Estado onde a autarquia era sediada em viagens e
auxiliava outros governantes em suas respectivas plataformas
políticas, com a utilização da autarquia que presidia como “trampolim
político”. Endossando o entendimento da comissão de tomada de
contas especial, o TCU considerou que o ex-presidente da referida
autarquia praticou ato antieconômico e julgou pela irregularidade de
suas contas, aplicando-lhe multa. Considerando o caso concreto
acima narrado e a jurisprudência do TCU acerca do seu papel no
exercício do controle da administração pública, avalie as questões a
seguir, assinalando falso (F) ou verdadeiro (V) para cada uma delas,
em seguida, marque a opção que apresenta a sequência correta.
( ) A motivação para a instauração da tomada de contas especial foi
indevida, porquanto invadiu o mérito administrativo, na medida em
que compete ao administrador a escolha do meio de transporte que
melhor lhe aprouver.
( ) Quando se examina o interesse público sob a ótica da
economicidade, a partir de parâmetros e metas de eficiência, eficácia
e efetividade e tendo presente o princípio da razoabilidade, devem
ser identificadas as situações em que os administradores públicos
tenham adotado soluções absurdamente antieconômicas. Caso seja
possível identificar, a partir da razoabilidade essas soluções, a
conclusão é a de que elas são ilegítimas.
( ) Não é da competência do TCU, invocando os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, manifestar-se sobre o mérito
administrativo, posto que teria sido tomado na órbita da
discricionariedade a que a lei reserva ao administrador público.
( ) A análise da discricionariedade administrativa mostra-se viável
para a verificação da sua regularidade em relação às causas, aos
motivos e à finalidade que ensejam os dispêndios de recursos
públicos, devendo o gestor público observar os critérios da

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proporcionalidade e da razoabilidade no exercício de suas funções
administrativas.
( ) O controle da economicidade envolve questão de mérito para
verificar se o órgão procedeu, na aplicação da despesa pública, de
modo mais econômico, atendendo, por exemplo, a uma adequada
relação custo-benefício.
a) F, V, V, V, F
b) F, V, F, V, F
c) F, V, F, V, V
d) V, F, F, V, F
e) F, F, F, V, V
Comentários:
A questão trata do controle da Administração levado a efeito pelo TCU,
órgão técnico de controle externo, conforme previsto na CF/1988. Para
que você fixe o conteúdo, veja o que diz o dispositivo que trata mais
especificamente do assunto:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido
com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
Nota bem que a TITULARIDADE da atividade de controle externo da
Administração, em conformidade com o que diz o texto da CF, é do
CONGRESSO (CN). O TCU presta auxílio no desempenho da tarefa, o que
não significa ser escravo do Congresso. Na realidade, o Tribunal, como dito,
é órgão TÉCNICO (não político) que ‘dá uma mão’ ao CN no desempenho da
missão de controlar a Administração.
Além disso, o art. 70 cuida do que o CN (com o auxílio do TCU, não esqueça)
deve verificar, no desempenho da tarefa de controle da Administração:
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de
cada Poder.
Caso você queira ‘guardar’ o que deve ser verificado, então, na atividade de
controle, lembre-se de LELECO (LEgalidade, Legitimidade, ECOnomicidade)
COFOP (Contábil, Orçamentária, Financeira, Operacional e Patrimonial) +
aplicação de subvenções + renúncia de receitas.
Muito bem. Superada a introdução, vamos aos itens.
ITEM I - A motivação para a instauração da tomada de contas especial foi
indevida, porquanto invadiu o mérito administrativo, na medida em que
compete ao administrador a escolha do meio de transporte que melhor lhe
aprouver. ERRADA. Duas coisas erradas nesse item – 1º A motivação da
TCE não foi indevida. Há um prejuízo materializado, conforme se vê das
informações contidas no comando. O presidente da autarquia utilizou-se de
recursos públicos, para fazer sua campanha política. Isso é inadmissível,
claro. 2º O administrador não pode simplesmente escolher o meio de
transporte que melhor lhe aprouver (que bem entender). Não é assim que a
coisa funciona, com dinheiro público. Há que se agir com zelo, com

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diligência, já que os recursos públicos são escassos e as necessidades
coletivas ilimitadas.
ITEM II - Quando se examina o interesse público sob a ótica da
economicidade, a partir de parâmetros e metas de eficiência, eficácia e
efetividade e tendo presente o princípio da razoabilidade, devem ser
identificadas as situações em que os administradores públicos tenham
adotado soluções absurdamente antieconômicas. Caso seja possível
identificar, a partir da razoabilidade essas soluções, a conclusão é a de que
elas são ilegítimas. CERTA. Basta ver os comentários ao item anterior, para
concluir que este está correto. Chama-se atenção para o fato de que o
examinador menciona, ainda, a necessidade da aferição da eficácia e da
efetividade, além da eficiência e economicidade (os dois últimos,
mencionados expressamente pela CF/1988). Por eficácia, deve-se entender
a realização do pretendido. Por efetividade, se os objetivos relativos aos
interesses públicos foram, de fato, atingidos. Exemplo – quando uma ponte
é construída, simplesmente por isso, pode-se entender como atendida a
eficácia (a ponte foi construída). Agora, se ela liga ‘nada a lugar nenhum’,
não é efetiva, afinal não cumpriu com os interesses públicos. E se algo feito
pela Administração não atende a todos esses requisitos (eficácia,
efetividade, eficiência e economicidade), sob a ótica do ‘razoável’, a decisão
será entendida como ilegítima
ITEM III - Não é da competência do TCU, invocando os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, manifestar-se sobre o mérito
administrativo, posto que teria sido tomado na órbita da discricionariedade a
que a lei reserva ao administrador público. ERRADA. Muito bom esse item!
É fato comum afirmar-se, na doutrina, que não cabe AO JUDICIÁRIO o
controle de mérito das decisões (atos) administrativas. Entretanto, isso não
se aplica ao controle LEGISLATIVO, sobretudo levado efeito pelo TCU. Mais
atrás, você viu que o Tribunal pode analisar a LEGITIMIDADE das ações da
Administração. Além disso, o TCU desenvolve, ainda, o controle
OPERACIONAL e de ECONOMICIDADE de tais ações. Ora, como fazer isso
(controle da legitimidade/operacionalidade) sem se adentrar no mérito
administrativo? Agora, isso é assim, pois o TCU informará o CONGRESSO
acerca do andamento das políticas públicas. Para isso, deve a Corte de
Contas analisar o mérito administrativo, sim. De mais a mais, ainda há outro
problema na formulação da assertiva – não há, estrito senso,
discricionariedade administrativa, no caso examinado. Há controle de
LEGALIDADE, já que as despesas apresentam-se como antieconômicas.
ITEM IV - A análise da discricionariedade administrativa mostra-se viável
para a verificação da sua regularidade em relação às causas, aos motivos e
à finalidade que ensejam os dispêndios de recursos públicos, devendo o
gestor público observar os critérios da proporcionalidade e da razoabilidade
no exercício de suas funções administrativas. CERTA. Apenas para
esclarecer um tanto mais – a despesa efetuada deve estar em conformidade
com diversos princípios e preceitos que a orientam, tal qual a
economicidade. Assim, caso a Administração ultrapasse os limites da
liberdade que possui (juízo de
discricionariedade/proporcionalidade/razoabilidade), incorrerá em
ilegalidade.
ITEM V - O controle da economicidade envolve questão de mérito, por meio
do qual se verifica se o órgão procedeu, na aplicação da despesa pública, de
modo mais econômico, atendendo, por exemplo, a uma adequada relação
custo-benefício. CERTA. Veja os comentários ao item III acima. Suficientes
para concluir que este item está CORRETO.

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QUESTÕES EM SEQUÊNCIA

1) (2008/Esaf - CGU - AFC Controle Interno) Assinale a


única opção incorreta relativa à fiscalização contábil,
financeira e orçamentária.
a) Deve prestar contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
b) Comprovar a legalidade e avaliar os resultados quanto à eficácia e
eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos
e entidades da administração federal, bem como da aplicação de
recursos públicos por entidades de direito privado, são finalidades do
sistema de controle interno que devem ser mantidos de forma
integrada pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
c) O Tribunal de Contas da União possui competência para aplicar aos
responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de
contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário.
d) O Tribunal de Contas da União não possui competência para
realizar, por iniciativa própria, inspeções e auditorias de natureza
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário.
e) O ato de sustar a execução de contrato ilegal não é de
competência do Tribunal de Contas da União porque deve ser adotado
diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao
Poder Executivo as medidas cabíveis.
2) (2008/Esaf - CGU - AFC Controle Interno) Quanto à
aplicação de princípios constitucionais em processos
administrativos, é entendimento pacificado no Supremo
Tribunal Federal, constituindo súmula vinculante para toda a
administração e tribunais inferiores, que, nos processos
perante o Tribunal de Contas da União, asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa:
a) mesmo quando da decisão não resultar anulação ou revogação de
ato administrativo que beneficie o interessado, inclusive a apreciação
da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.
b) quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, sem exceção.

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c) quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.
d) quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, inclusive na apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.
e) quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, inclusive a apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, exceto
reforma e pensão.
3) (2008/Esaf - CGU - Técnico de Finanças e
Controle/2008) A respeito da fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial da União, é correto
afirmar que:
a) no caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente
pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder
Executivo as medidas cabíveis.
b) prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública, exceto
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
c) quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida diretamente pelo
Tribunal de Contas da União, mediante controle externo, e pelo
sistema de controle interno de cada poder.
d) as decisões do Tribunal de Contas da União de que resulte
imputação de débito ou multa não terão eficácia de título executivo.
e) o Tribunal de Contas da União encaminhará ao Congresso
Nacional, bimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
4) (2008/ESAF – CGU – Correição) A respeito do controle
externo da administração pública, a cargo do Congresso
Nacional, e exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
União, é correto afirmar que:
a) constitui finalidade do controle externo avaliar o cumprimento das
metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e a execução dos orçamentos da União.
b) compete ao Tribunal de Contas da União julgar os processos de
Tomada de Contas Especial, exceto quando envolver agentes do
controle interno, que serão julgados pela Controladoria-Geral da
União.

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c) o Tribunal de Contas da União pode determinar a responsabilidade
solidária dos responsáveis pelo controle interno, que não
cientificarem o tribunal quanto a irregularidades e ilegalidades, que
tomarem ciência em razão de suas ações de controle.
d) compete ao Tribunal de Contas da União aplicar as penalidades de
demissão relativas aos servidores da Controladoria-Geral da União
mediante parecer prévio do Ministro de Estado do Controle e da
Transparência.
e) o Tribunal de Contas da União não julga as contas do Presidente
da República e dos Ministros de Estado, todavia as aprecia mediante
parecer prévio.
5) (2009/Esaf – ATRFB/Analista) O controle externo da
Administração Pública, no que está afeto ao Tribunal de
Contas da União (TCU), compreende:
a) o julgamento das contas prestadas anualmente pelo Presidente da
República.
b) a fiscalização da aplicação dos recursos financeiros repassados
pela União para os Estados, mediante convênio.
c) o julgamento das contas relativas à aplicação das cotas dos Fundos
de Participação transferidas para os Estados e Municípios.
d) o registro prévio das licitações e respectivos contratos, para
compras, obras e serviços.
e) o registro prévio dos atos de admissão dos servidores públicos
federais, bem como o das concessões de aposentadorias, reformas e
pensões.
6) (2009/Esaf – AFRFB – Auditor) Não se inclui na
competência do Tribunal de Contas da União, determinada
pela Constituição Federal, enquanto órgão auxiliar do
Congresso Nacional na realização do controle externo da
administração pública federal:
a) revogar os atos administrativos em que se constate ilegalidade de
que resulte prejuízo ao erário, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal.
b) julgar as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público.
c) fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município.
d) julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por
dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta.

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e) aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou
irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
causado ao erário.
7) (2009/Esaf - MPOG - Espec. em Políticas Públicas e
Gestão Governamental) Nos termos da Constituição, compete
ao Tribunal de Contas da União - TCU julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas
as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder
Público Federal, e as contas daqueles que derem causa a
perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo
ao erário público. Quando o constituinte utiliza a expressão
“julgar as contas”, ele quer dizer que a natureza das decisões
proferidas pelo TCU são:
a) jurisdicionais, porque de suas decisões não cabem recursos a outra
instância.
b) adjudicatórias, vez que apenas confere ao destinatário da
prestação jurisdicional o que lhe é de direito.
c) homologatórias, tendo em vista que o Tribunal ratifica ou não as
situações que lhes são apresentadas pelos jurisdicionados,
informando com quem se encontra o direito.
d) políticas, em razão de o acesso ao cargo ocorrer de forma política.
e) administrativas, porque o TCU é um órgão técnico que não exerce
a jurisdição no sentido próprio da palavra, na medida em que inexiste
definitividade jurisdicional em suas decisões.
8) (2010/Esaf – MPOG/APO) Os sistemas de controle
interno e de controle externo da administração pública federal
se caracterizam por:
a) constituírem um mecanismo de retroalimentação de uso
obrigatório pelos sistemas de Planejamento e Orçamento.
b) no caso do controle interno, integrar o Poder Executivo; no caso
do controle externo, integrar o Poder Judiciário.
c) serem instâncias julgadoras das contas prestadas por gestores e
demais responsáveis pelo uso de recursos públicos.
d) não poderem atuar ou se manifestar no caso de transferências
voluntárias da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios.
e) serem autônomos entre si, não havendo subordinação hierárquica
entre um e outro.

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9) (2010/Esaf – MTE – AFT) O estudo do tema ‘controle da
administração pública’ nos revela que:
a) submetem-se a julgamento todas as contas prestadas por
responsáveis por bens ou valores públicos, aí incluído o Presidente da
República.
b) no exercício do poder de autotutela, a administração pública pode
rever seus atos, mas não pode declará-los nulos.
c) em respeito ao princípio da separação dos poderes, é vedado o
controle transversal de um Poder sobre os outros.
d) o controle interno é exercido pelo Congresso Nacional, com o
auxílio do Tribunal de Contas da União.
e) o Poder Judiciário exerce apenas controle jurisdicional sobre seus
atos administrativos.
10) (2010/Esaf – MTE – AFT) Quanto ao controle da
Administração Pública, em especial, quanto ao momento em
que ele se efetiva, assinale:
(1) para controle prévio;
(2) para controle sucessivo ou concomitante;
(3) para controle corretivo ou posterior.
E escolha a opção que represente a sequência correta.
(1) Aprovação, pelo Senado Federal, de operação financeira externa
de interesse da União.
(2) Auditorias realizadas pelo TCU em obras públicas federais.
(1) Aprovação, pelo Senado Federal, dos Ministros do TCU indicados
pelo Presidente da República.
(3) Julgamento das contas dos gestores públicos pelo TCU.
(3) Registro, pelo TCU, das admissões, aposentadorias e pensões no
âmbito das pessoas jurídicas de direito público da Administração
Pública Federal.
a) 3 / 1 / 2 / 1 / 3
b) 2 / 2 / 1 / 3 / 3
c) 2 / 3 / 3 / 1 / 2
d) 1 / 1 / 3 / 3 / 2
e) 1 / 2 / 1 / 3 / 3
11) (2010/Esaf – MTE – AFT) É sabido, nos termos do art. 50,
inciso LXIX, da Constituição da República Federativa do Brasil,
que o mandado de segurança é ação constitucional por
intermédio da qual se dá ensejo ao controle jurisdicional dos

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atos da Administração Pública. São considerados requisitos
necessários ao cabimento do mandado de segurança, exceto:
a) tratar-se de ato de autoridade pública, ou de particular, no
exercício de funções públicas.
b) tratar-se de ato que caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução.
c) o ato importar lesão ou ameaça de lesão a direito subjetivo.
d) o ato importar ilegalidade ou abuso de poder.
e) o ato violar direito líquido e certo não amparado por habeas corpus
ou habeas data.
12) (2010/Esaf – SUSEP/Analista Técnico) As atribuições do
Tribunal de Contas da União têm assento constitucional e é
possível constatar alguns tipos de fiscalização a serem
desempenhadas por aquela Corte de Contas. É correto afirmar
que não é tipo de fiscalização:
a) o controle da legitimidade.
b) o controle da legalidade.
c) o controle de conveniência política e oportunidade administrativa.
d) o controle de resultados, de cumprimento de programa de trabalho
e de metas.
e) o controle de fidelidade funcional dos agentes da Administração
responsável por bens e valores públicos.
13) (2010/Esaf – SUSEP/Analista Técnico) Na esfera federal,
o julgamento das contas dos administradores e demais
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos:
a) compete exclusivamente ao Poder Judiciário, tendo em vista que,
nos termos da Constituição Federal, o órgão de controle externo não
tem o poder de julgar, propriamente, mas apenas de apreciar tais
contas.
b) é de competência própria do Poder Legislativo (Congresso
Nacional), titular do controle externo, com o auxílio do Tribunal de
Contas da União – TCU, que sobre elas emitirá parecer.
c) é de competência privativa do TCU.
d) é de competência própria do TCU, com possibilidade de reforma
pelo Congresso Nacional.
e) é de competência própria do TCU, que sobre elas emitirá parecer.
14) (2010/Esaf – Susep – Administração e Finanças)
Segundo a Constituição Federal, tem competência para

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realizar a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial da União no que se refere à
legalidade, legitimidade e economicidade:
a) a Comissão Mista de Orçamento e Planos e o Tribunal de Contas da
União.
b) o Congresso Nacional e o sistema de controle interno de cada
Poder.
c) o Congresso Nacional e as entidades representativas da sociedade
organizada.
d) o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e as Comissões do
Congresso Nacional.
e) a Câmara dos Deputados, por intermédio de suas comissões
permanentes e o Tribunal de Contas da União.
15) (2010/Esaf – Susep – Administração e Finanças) Quanto
à prestação de contas de pessoas jurídicas de direito privado,
é correto afirmar:
a) estão obrigadas a prestar contas quando utilizar, arrecadar,
guardar, gerenciar ou administrar dinheiros, bens e valores públicos.
b) prestam contas sempre que receber recursos provenientes da
União, sejam eles em dinheiro ou bens.
c) estão desobrigadas de prestar contas em razão de a natureza
jurídica ser de direito privado.
d) prestam contas, desde que gerenciem ou apliquem recursos
arrecadados por elas mesmas sem que tenha havido delegação para
tal.
e) a apresentação de prestação de contas diretamente ao Tribunal de
Contas da União é condição essencial ao cumprimento da
Constituição Federal.
16) (2010/Esaf – Susep – Administração e Finanças)
Assinale a opção que, segundo a Constituição Federal, indica
uma exceção às atribuições do Tribunal de Contas da União.
a) Sustar, se não atendido, a execução de ato impugnado.
b) Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo
capital social a União participe direta ou indiretamente.
c) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
República.
d) Representar ao Poder competente sobre irregularidades e abusos.
e) Fiscalizar a aplicação de recursos transferidos a qualquer título aos
Estados, Distrito Federal e Municípios.

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17) (2010/Esaf – Susep – Administração e Finanças) O
sistema de controle interno de que trata o art. 74 da
Constituição Federal tem como finalidade, exceto:
a) avaliar os resultados, quanto à eficácia, da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial nos órgãos e entidades.
b) apoiar o controle externo na sua missão institucional.
c) exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias,
bem como dos direitos e haveres da União.
d) apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão
de pessoal e remetê-los ao Tribunal de Contas da União.
e) avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a
execução dos programas de governo e dos orçamentos da União.

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Questões Comentadas

1) (2008/Esaf - CGU - AFC Controle Interno) Assinale a


única opção incorreta relativa à fiscalização contábil,
financeira e orçamentária.
a) Deve prestar contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
b) Comprovar a legalidade e avaliar os resultados quanto à eficácia e
eficiência da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos
e entidades da administração federal, bem como da aplicação de
recursos públicos por entidades de direito privado, são finalidades do
sistema de controle interno que devem ser mantidos de forma
integrada pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
c) O Tribunal de Contas da União possui competência para aplicar aos
responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de
contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário.
d) O Tribunal de Contas da União não possui competência para
realizar, por iniciativa própria, inspeções e auditorias de natureza
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário.
e) O ato de sustar a execução de contrato ilegal não é de
competência do Tribunal de Contas da União porque deve ser adotado
diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao
Poder Executivo as medidas cabíveis.
Comentários:
O enunciado contraria o artigo 71, inciso IV da Constituição
Federal.
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de
inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
Gabarito: Alternativa D

2) (2008/Esaf - CGU - AFC Controle Interno) Quanto à


aplicação de princípios constitucionais em processos
administrativos, é entendimento pacificado no Supremo
Tribunal Federal, constituindo súmula vinculante para toda a

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administração e tribunais inferiores, que, nos processos
perante o Tribunal de Contas da União, asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa:
a) mesmo quando da decisão não resultar anulação ou revogação de
ato administrativo que beneficie o interessado, inclusive a apreciação
da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.
b) quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, sem exceção.
c) quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.
d) quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, inclusive na apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.
e) quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, inclusive a apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, exceto
reforma e pensão.
Comentários:
A questão brinca como o conteúdo literal da súmula vinculante nº 3
do STF. “Nos processos perante o Tribunal de Contas da União
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão
puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão”.
Gabarito: Alternativa C

3) (2008/Esaf - CGU - Técnico de Finanças e


Controle/2008) A respeito da fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial da União, é correto
afirmar que:
a) no caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente
pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder
Executivo as medidas cabíveis.
b) prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública, exceto
privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

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c) quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida diretamente pelo
Tribunal de Contas da União, mediante controle externo, e pelo
sistema de controle interno de cada poder.
d) as decisões do Tribunal de Contas da União de que resulte
imputação de débito ou multa não terão eficácia de título executivo.
e) o Tribunal de Contas da União encaminhará ao Congresso
Nacional, bimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
Comentários:
Alternativa A – Correta. Conteúdo literal do parágrafo 1º do artigo 71
da CF/88.
Alternativa B – Incorreta. O parágrafo único do artigo 70 da CF traz
expressamente que inclusive pessoas privadas prestaram contas.
Alternativa C – Incorreta. O controle não será exercido diretamente
pelo TCU. O artigo 71 da CF/88 diz que o controle está a cargo do
Congresso Nacional e será exercido com auxílio do Tribunal de
Contas.
Alternativa D – Incorreta. O artigo 71 da CF/88, em seu parágrafo 3º
é expresso quando diz que as decisões do Tribunal de que resulte
imputação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo.
Alternativa E – Incorreta. O parágrafo 4º do artigo 71 da CF/88 diz
que o tribunal encaminhará o relatório trimestralmente e
anualmente.
Gabarito: Alternativa A

4) (2008/ESAF – CGU – Correição) A respeito do controle


externo da administração pública, a cargo do Congresso
Nacional, e exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
União, é correto afirmar que:
a) constitui finalidade do controle externo avaliar o cumprimento das
metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e a execução dos orçamentos da União.
b) compete ao Tribunal de Contas da União julgar os processos de
Tomada de Contas Especial, exceto quando envolver agentes do
controle interno, que serão julgados pela Controladoria-Geral da
União.
c) o Tribunal de Contas da União pode determinar a responsabilidade
solidária dos responsáveis pelo controle interno, que não
cientificarem o tribunal quanto a irregularidades e ilegalidades, que
tomarem ciência em razão de suas ações de controle.

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d) compete ao Tribunal de Contas da União aplicar as penalidades de
demissão relativas aos servidores da Controladoria-Geral da União
mediante parecer prévio do Ministro de Estado do Controle e da
Transparência.
e) o Tribunal de Contas da União não julga as contas do Presidente
da República e dos Ministros de Estado, todavia as aprecia mediante
parecer prévio.
Comentários:
Alternativa A – Incorreto. Essa finalidade é elencada no rol de
competências do controle interno.
Alternativa B – Incorreto. Eita! CGU julgar?! Amigos, apesar do
importante papel constitucional e legal desempenhado pela
Controladoria, não lhe cabe o julgamento das contas dos
responsáveis, sendo esta função privativa do TCU.
Alternativa C – Correto. O §1º do artigo 74 da CF/88 é expresso
quanto à previsão.
Alternativa D – Incorreto. O poder disciplinar é interno à
Administração Pública, ou seja, não cabe ao Tribunal demitir
um servidor. Aqui, no Tribunal, há precedentes que sinalizam que
não é possível sequer determinação para instauração de processo
administrativo tendente à demissão.
Alternativa E – Incorreto. O TCU não julga as contas do
Presidente da República, mas julga as contas dos Ministros de
Estado.
Gabarito: Alternativa C

5) (2009/Esaf – ATRFB/Analista) O controle externo da


Administração Pública, no que está afeto ao Tribunal de
Contas da União (TCU), compreende:
a) o julgamento das contas prestadas anualmente pelo Presidente da
República.
b) a fiscalização da aplicação dos recursos financeiros repassados
pela União para os Estados, mediante convênio.
c) o julgamento das contas relativas à aplicação das cotas dos Fundos
de Participação transferidas para os Estados e Municípios.
d) o registro prévio das licitações e respectivos contratos, para
compras, obras e serviços.
e) o registro prévio dos atos de admissão dos servidores públicos
federais, bem como o das concessões de aposentadorias, reformas e
pensões.
Comentários:

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Alternativa A – Incorreta. A competência do Tribunal não
compreende o julgamento das contas do Presidente.
Alternativa C – Incorreta. A competência não inclui o julgamento
da aplicação de recursos do FUNDEB. Inclui apenas auditoria
sobre o repasse dos recursos.
Alternativa D – Incorreta. O registro não deverá ser prévio. Há
recente entendimento do STF que sustenta a inconstitucionalidade do
registro prévio, pois inexistente na CF/1988.
Alternativa E – Incorreta. O registro não será prévio, é depois de
concedida a aposentação.
Gabarito: Alternativa B.

6) (2009/Esaf – AFRFB – Auditor) Não se inclui na


competência do Tribunal de Contas da União, determinada
pela Constituição Federal, enquanto órgão auxiliar do
Congresso Nacional na realização do controle externo da
administração pública federal:
a) revogar os atos administrativos em que se constate ilegalidade de
que resulte prejuízo ao erário, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal.
b) julgar as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público.
c) fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município.
d) julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por
dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta.
e) aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou
irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
causado ao erário.
Comentários: A alternativa A fala em “revogação” de ato ilegal, já
aprendemos que atos ilegais devem ser anulados e não
revogados. Não cabe ao TCU REVOGAR atos. Na verdade, só o Poder
que produziu o ato é que pode revogar! Itens B a E - Ver figura na
questão 8.
Gabarito: Alternativa A.

7) (2009/Esaf - MPOG - Espec. em Políticas Públicas e


Gestão Governamental) Nos termos da Constituição, compete
ao Tribunal de Contas da União - TCU julgar as contas dos

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administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas
as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder
Público Federal, e as contas daqueles que derem causa a
perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo
ao erário público. Quando o constituinte utiliza a expressão
“julgar as contas”, ele quer dizer que a natureza das decisões
proferidas pelo TCU são:
a) jurisdicionais, porque de suas decisões não cabem recursos a outra
instância.
b) adjudicatórias, vez que apenas confere ao destinatário da
prestação jurisdicional o que lhe é de direito.
c) homologatórias, tendo em vista que o Tribunal ratifica ou não as
situações que lhes são apresentadas pelos jurisdicionados,
informando com quem se encontra o direito.
d) políticas, em razão de o acesso ao cargo ocorrer de forma política.
e) administrativas, porque o TCU é um órgão técnico que não exerce
a jurisdição no sentido próprio da palavra, na medida em que inexiste
definitividade jurisdicional em suas decisões.
Comentários:
Apesar de o texto constitucional dizer que o TCU tem jurisdição
em todo o território nacional, devemos ter em mente que o texto
constitucional quis dizer que o TCU atua em todo o território
nacional. Entretanto, todas as decisões são administrativas, não
tendo conteúdo definitivo, por não vigorar o contencioso
administrativo no Brasil, a exemplo do sistema francês.
Gabarito: Alternativa E.

8) (2010/Esaf – MPOG/APO) Os sistemas de controle


interno e de controle externo da administração pública federal
se caracterizam por:
a) constituírem um mecanismo de retroalimentação de uso
obrigatório pelos sistemas de Planejamento e Orçamento.
b) no caso do controle interno, integrar o Poder Executivo; no caso
do controle externo, integrar o Poder Judiciário.
c) serem instâncias julgadoras das contas prestadas por gestores e
demais responsáveis pelo uso de recursos públicos.

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d) não poderem atuar ou se manifestar no caso de transferências
voluntárias da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios.
e) serem autônomos entre si, não havendo subordinação hierárquica
entre um e outro.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta. O uso de do controle externo não é
retroalimentação para os sistemas de Planejamento e Orçamento.
Alternativa B – Incorreta. Todos os poderes apresentam controle
interno, portanto a questão erra quando afirma que o controle
interno está apenas no poder executivo. O controle externo é
exercido pelos tribunais de contas que não integram sequer o
poder legislativo.
Alternativa C – Incorreta. Controle interno não julga ninguém!
Alternativa D – Incorreta. O controle não pode atuar quando se
trata de transferência legal, ele atua justamente quando se trata
de transferência voluntária.
Alternativa E – Correta.
Gabarito: Alternativa E

9) (2010/Esaf – MTE – AFT) O estudo do tema ‘controle da


administração pública’ nos revela que:
a) submetem-se a julgamento todas as contas prestadas por
responsáveis por bens ou valores públicos, aí incluído o Presidente da
República.
b) no exercício do poder de autotutela, a administração pública pode
rever seus atos, mas não pode declará-los nulos.
c) em respeito ao princípio da separação dos poderes, é vedado o
controle transversal de um Poder sobre os outros.
d) o controle interno é exercido pelo Congresso Nacional, com o
auxílio do Tribunal de Contas da União.
e) o Poder Judiciário exerce apenas controle jurisdicional sobre seus
atos administrativos.
Comentários: quando a questão fala em “controle DA
administração” ela está falando em controle AMPLO, inclusive o
Controle Jurisdicional e o Parlamentar. Assim, está correto dizer
que o controle DA administração, por incluir o controle parlamentar,
julga inclusive as contas do Presidente da República.

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Alternativa B – Incorreta. A administração pode anular ou revogar
os próprios atos.
Alternativa C – Incorreta. Negativo, o controle transversal é o
controle externo.
Alternativa D – Incorreta. O controle externo é exercido pelo
Congresso Nacional.
Alternativa E – Incorreta. O Poder Judiciário controla atos dos
outros poderes através de anulação de atos administrativos,
mandados de segurança, ação civil pública, habeas data,
ADIN, entre outros remédios constitucionais.
Gabarito: Alternativa A

10) (2010/Esaf – MTE – AFT) Quanto ao controle da


Administração Pública, em especial, quanto ao momento em
que ele se efetiva, assinale:
(1) para controle prévio;
(2) para controle sucessivo ou concomitante;
(3) para controle corretivo ou posterior.
E escolha a opção que represente a sequência correta.
(1) Aprovação, pelo Senado Federal, de operação financeira externa
de interesse da União.
(2) Auditorias realizadas pelo TCU em obras públicas federais.
(1) Aprovação, pelo Senado Federal, dos Ministros do TCU indicados
pelo Presidente da República.
(3) Julgamento das contas dos gestores públicos pelo TCU.
(3) Registro, pelo TCU, das admissões, aposentadorias e pensões no
âmbito das pessoas jurídicas de direito público da Administração
Pública Federal.
a) 3 / 1 / 2 / 1 / 3
b) 2 / 2 / 1 / 3 / 3
c) 2 / 3 / 3 / 1 / 2
d) 1 / 1 / 3 / 3 / 2
e) 1 / 2 / 1 / 3 / 3
Comentários:
Quando o Senado Federal aprova indicações do Presidente da
República, ou operação financeira que será realizada após o ato de
aprovação, ele está fazendo o controle prévio do ato. Quando o TCU

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realiza auditoria em obra que ainda está sendo executada, ou
seja, durante a obra, o controle é concomitante. Julgar contas e
registrar aposentadorias são atos posteriores, pois o ato já foi
realizado pelo responsável.
Gabarito: Alternativa E.

11) (2010/Esaf – MTE – AFT) É sabido, nos termos do art. 50,


inciso LXIX, da Constituição da República Federativa do Brasil,
que o mandado de segurança é ação constitucional por
intermédio da qual se dá ensejo ao controle jurisdicional dos
atos da Administração Pública. São considerados requisitos
necessários ao cabimento do mandado de segurança, exceto:
a) tratar-se de ato de autoridade pública, ou de particular, no
exercício de funções públicas.
b) tratar-se de ato que caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução.
c) o ato importar lesão ou ameaça de lesão a direito subjetivo.
d) o ato importar ilegalidade ou abuso de poder.
e) o ato violar direito líquido e certo não amparado por habeas corpus
ou habeas data.
Comentários:
Não custa nada dar uma olhada na lei que disciplina o mandado de
segurança, assim saberemos o que justifica a interposição do
mandado de segurança, é rapidinho:
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com
abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer
violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as
funções que exerça.
§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei,
os representantes ou órgãos de partidos políticos e os
administradores de entidades autárquicas, bem como os
dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no
exercício de atribuições do poder público, somente no que
disser respeito a essas atribuições.
§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão
comercial praticados pelos administradores de empresas

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públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias
de serviço público.
§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias
pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de
segurança.
Art. 2o Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as
consequências de ordem patrimonial do ato contra o qual se
requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou
entidade por ela controlada.
Art. 3o O titular de direito líquido e certo decorrente de
direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar
mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu
titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando
notificado judicialmente.
A lei 12.016/09 diz em seu Art. 5o:
Não se concederá mandado de segurança quando se
tratar:
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
suspensivo;
III - de decisão judicial transitada em julgado.
Gabarito: Alternativa B

12) (2010/Esaf – SUSEP/Analista Técnico) As atribuições do


Tribunal de Contas da União têm assento constitucional e é
possível constatar alguns tipos de fiscalização a serem
desempenhadas por aquela Corte de Contas. É correto afirmar
que não é tipo de fiscalização:
a) o controle da legitimidade.
b) o controle da legalidade.
c) o controle de conveniência política e oportunidade administrativa.
d) o controle de resultados, de cumprimento de programa de trabalho
e de metas.
e) o controle de fidelidade funcional dos agentes da Administração
responsável por bens e valores públicos.
Comentários:
A fiscalização se limita à legalidade, legitimidade,
economicidade. Não atinge a conveniência política.
Gabarito: Alternativa C.

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13) (2010/Esaf – SUSEP/Analista Técnico) Na esfera federal,
o julgamento das contas dos administradores e demais
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos:
a) compete exclusivamente ao Poder Judiciário, tendo em vista que,
nos termos da Constituição Federal, o órgão de controle externo não
tem o poder de julgar, propriamente, mas apenas de apreciar tais
contas.
b) é de competência própria do Poder Legislativo (Congresso
Nacional), titular do controle externo, com o auxílio do Tribunal de
Contas da União – TCU, que sobre elas emitirá parecer.
c) é de competência privativa do TCU.
d) é de competência própria do TCU, com possibilidade de reforma
pelo Congresso Nacional.
e) é de competência própria do TCU, que sobre elas emitirá parecer.
Comentários:
Alternativa A – Ao Poder Judiciário não compete exclusivamente a
competência para julgar tais contas. Essa competência é privativa
dos TCs, apesar de não haver decisão definitiva neste
julgamento. Ver figura na questão 8.
Alternativa B – Excelente! O Congresso Nacional, apesar de exercer
o controle externo, não pode exercer atribuições que são
típicas (ou exclusivas) do Tribunal.
Alternativa D – Não cabe recurso das decisões do TCU!
Alternativa E – O TCU não só emite parecer, efetuará o
JULGAMENTO!
A competência do Tribunal de Contas da União encontra-se lista
no artigo 71 da CF/88.
Gabarito: Alternativa C.

14) (2010/Esaf – Susep – Administração e Finanças)


Segundo a Constituição Federal, tem competência para
realizar a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial da União no que se refere à
legalidade, legitimidade e economicidade:
a) a Comissão Mista de Orçamento e Planos e o Tribunal de Contas da
União.
b) o Congresso Nacional e o sistema de controle interno de cada
Poder.
c) o Congresso Nacional e as entidades representativas da sociedade
organizada.

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d) o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e as Comissões do
Congresso Nacional.
e) a Câmara dos Deputados, por intermédio de suas comissões
permanentes e o Tribunal de Contas da União.
Comentários: A constituição é expressa no seu artigo 71. Cabe ao
Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas da
União.
Gabarito: Alternativa B
15) (2010/Esaf – Susep – Administração e Finanças) Quanto
à prestação de contas de pessoas jurídicas de direito privado,
é correto afirmar:
a) estão obrigadas a prestar contas quando utilizar, arrecadar,
guardar, gerenciar ou administrar dinheiros, bens e valores públicos.
b) prestam contas sempre que receber recursos provenientes da
União, sejam eles em dinheiro ou bens.
c) estão desobrigadas de prestar contas em razão de a natureza
jurídica ser de direito privado.
d) prestam contas, desde que gerenciem ou apliquem recursos
arrecadados por elas mesmas sem que tenha havido delegação para
tal.
e) a apresentação de prestação de contas diretamente ao Tribunal de
Contas da União é condição essencial ao cumprimento da
Constituição Federal.
Comentários:
Mais uma questão literal. Todo aquele que arrecadar,
gerenciar, administrar dinheiros públicos tem o dever de
prestação de contas, daí a correção do item “A”. Vamos, agora,
identificar os erros dos demais quesitos.
Alternativa B – O parágrafo único do art. 70 é claro! Para que exista o
dever de prestar contas, há necessidade de UTILIZAR,
ARRECADAR, GUARDAR, GERENCIAR OU ADMINISTRAR os
dinheiros, os bens e valores públicos, enfim, não é suficiente o
simples recebimento para que surja o dever de prestar contas.
Alternativa C – As pessoas físicas ou jurídicas, sejam de direito
público, sejam de DIREITO PRIVADO, submetem-se ao dever de
prestar contas, para tanto, faz-se necessário serem gestoras dos
dinheiros.
Alternativa D – Os dinheiros arrecadados pelas pessoas de direito
privado são dinheiros privados, enfim, a elas pertence, de tal sorte
que não será atraída a competência do Tribunal.

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Alternativa E – Opa! Quando uma Organização Social recebe
dinheiros da União, em face da celebração de contrato de gestão, a
prestação de contas é apresentada diretamente ao órgão
repassador, no caso, Ministério Supervisor e não diretamente
ao Tribunal de Contas.
Gabarito: Alternativa A.

16) (2010/Esaf – Susep – Administração e Finanças)


Assinale a opção que, segundo a Constituição Federal, indica
uma exceção às atribuições do Tribunal de Contas da União.
a) Sustar, se não atendido, a execução de ato impugnado.
b) Fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo
capital social a União participe direta ou indiretamente.
c) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
República.
d) Representar ao Poder competente sobre irregularidades e abusos.
e) Fiscalizar a aplicação de recursos transferidos a qualquer título aos
Estados, Distrito Federal e Municípios.
Comentários:
A aplicação dos recursos transferidos a qualquer título abrange
transferências legais e voluntárias. As transferências legais não
dispensam a fiscalização do TCU. As transferências legais são
aquelas que são feitas mediante a imposição de alguma lei. Nesse
caso o TCU fiscaliza apenas para garantir que houve a transferência
do recurso, mas não a aplicação desse.
Gabarito: Alternativa E.

17) (2010/Esaf – Susep – Administração e Finanças) O


sistema de controle interno de que trata o art. 74 da
Constituição Federal tem como finalidade, exceto:
a) avaliar os resultados, quanto à eficácia, da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial nos órgãos e entidades.
b) apoiar o controle externo na sua missão institucional.
c) exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias,
bem como dos direitos e haveres da União.
d) apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão
de pessoal e remetê-los ao Tribunal de Contas da União.
e) avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a
execução dos programas de governo e dos orçamentos da União.
Comentários: A competência listada na alternativa D é do controle
externo.

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Gabarito: Alternativa D.
Isso aí pessoal.
Abraço a todos,
Cyonil Borges.

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NOVAS QUESTÕES DE ESAF

Questão 1: ESAF - AFC (CGU)/CGU/Auditoria e


Fiscalização/Geral/2012
Determinado cidadão ostenta a condição de anistiado político, vez
que fora beneficiado por ato administrativo, praticado em
05/10/2005, que lhe atribuiu tal condição, bem como determinou a
reparação econômica dela decorrente.

Mediante acompanhamento das atividades da Administração Pública e


usufruindo da transparência imposta pela Lei do Acesso à
Informação, o cidadão descobre, em consulta ao sítio eletrônico do
Ministério da Justiça, que havia sido formado grupo de trabalho para
a realização de estudos preliminares acerca das anistias políticas até
então concedidas.

Irresignado e temeroso de que as futuras decisões do referido grupo


de trabalho viessem a afetar sua esfera patrimonial, o cidadão
impetra mandado de segurança preventivo para desconstituir o ato
que instaurou o grupo de trabalho.

Acerca do caso concreto acima narrado, assinale a opção incorreta,


considerando a jurisprudência dos Tribunais Superiores sobre a
questão.

a) A criação do mencionado grupo de trabalho insere-se no poder de


autotutela administrativa.
b) Por força do art. 54 da Lei n. 9.784/99, há prazo decadencial para
que a Administração revise seus atos.
c) Caso o grupo de trabalho encontre ilegalidades na concessão da
anistia, será preciso ouvir o cidadão por ela beneficiado, garantindo-
lhe o contraditório e a ampla defesa.
d) Não houve ato ilegal ou abusivo da Administração passível de
correção pela via do mandado de segurança.
e) A Administração conduzirá os processos submetidos ao grupo de
trabalho baseada no princípio da oficialidade.

Questão 2: ESAF - AnaTA MF/MF/2013


Quanto ao controle da administração pública, é correto afirmar:
a) o controle da esfera federal é denominado de tutela, o qual
somente pode ser exercido nos limites estabelecidos em lei.
b) o controle político abrange aspectos ligados somente ao mérito do
ato administrativo e não a aspectos de legalidade.
c) o controle financeiro previsto na constituição federal compreende
também o controle da legitimidade.
d) não é possível a apreciação judicial dos atos discricionários
praticados pela Administração Pública por se tratar de "mérito",

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principalmente quanto à "motivação", visto que abrangido pela
oportunidade e conveniência do administrador público.
e) o recurso administrativo próprio é dirigido a órgão ou autoridade
estranha à hierarquia da que expediu o ato recorrido e por esse órgão
ou autoridade julgado.

Questão 3: ESAF - ACE/MDIC/Grupo 1/2012


Fundamentada no seu poder de autotutela administrativa, a
Administração pública Federal procedeu à revisão nas vantagens
concedidas a servidor público que repercutiu diretamente na sua
esfera patrimonial, ocasionando-lhe diminuição remuneratória.

A partir do caso concreto acima narrado, assinale a opção que


exprime a posição do Supremo Tribunal Federal − STF acerca do
tema.

a) A autotutela administrativa, per si, afasta a necessidade de


abertura de procedimento administrativo garantidor do contraditório.
b) O devido processo legal administrativo é exigível tanto nos casos
de anulação quanto de revogação do ato administrativo.
c) O acesso ao Poder Judiciário já representa a garantia do
contraditório e da ampla defesa, estando a Administração
desincumbida de fazê-lo.
d) Somente nos casos de revogação do ato administrativo a
Administração deve garantir o contraditório e a ampla defesa.
e) Considerando-se que o ato da administração retirava do servidor
pagamento indevido, a executoriedade autorizava-lhe a suspender o
referido pagamento sem o devido processo legal.

Questão 4: ESAF - EPPGG/MPOG/2013


É por meio da Administração Pública que o Estado dispõe dos
elementos necessários para implementar as prioridades do Governo.
Assim, é de extrema relevância o estudo acerca das ações
empreendidas pelo gestor da coisa pública, destacando especial
atenção ao grau de aderência ao interesse público. O objetivo
principal do controle interno é o de possuir ação preventiva antes que
ações ilícitas, incorretas ou impróprias possam atentar contra os
princípios expostos pela Constituição da República Federativa do
Brasil. O controle interno se funda em razões de ordem
administrativa, jurídica e mesmo política. Sem controle não há nem
poderia haver, em termos realistas, responsabilidade pública. A
responsabilidade pública depende de uma fiscalização efi caz dos atos
do Estado. Neste contexto, o controle interno opera na organização
compreendendo o planejamento e a orçamentação dos meios, a
execução das atividades planejadas e a avaliação periódica da
atuação. O controle é instrumento eficaz de gestão e não é novidade
do ordenamento jurídico brasileiro.
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Assinale, entre as opções abaixo, a opção incorreta acerca do


controle público.
a) O Artigo 70 da Constituição Federal afirma que a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União
e das entidades da administração direta, indireta, quanto à
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação de subvenções e
renúncia de receitas, será exercida pelo Poder Judiciário, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada poder.
b) O Artigo 71 da Constituição Federal afirma que o controle externo,
a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, instrumento do Poder Legislativo.
c) O Artigo 74 da Constituição Federal afirma que os Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada,
sistema de controle interno.
d) O Artigo 76 da Lei n. 4.320/64 estabelece que o Poder Executivo
exercerá os três tipos de controle da execução orçamentária: 1)
legalidade dos atos que resultem arrecadação da receita ou a
realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e
obrigações; 2) a fidelidade funcional dos agentes da administração
responsáveis por bens e valores públicos; 3) o cumprimento do
programa de trabalho expresso em termos monetários e em termos
de realização de obras e prestação de serviços.
e) A Lei n. 4.320/64 inovou ao consagrar os princípios de
planejamento, do orçamento e do controle, estabelecendo novas
técnicas orçamentárias para a eficácia dos gastos públicos.

Questão 5: ESAF - AFRFB/SRFB/2012


Ex-presidente de uma autarquia sofre tomada de contas especial
determinada pelo Tribunal de Contas da União – TCU em razão de
apuração de denúncia recebida naquele Tribunal.

A autarquia instaurou a tomada de contas especial com a finalidade


de quantificar o montante de recursos gastos com o fretamento de
aeronaves (taxi aéreo) pelo seu ex-presidente.

Tal procedimento resultou na apuração de despesas relativas a 59


(cinquenta e nove) voos no período de sua gestão desde sua posse
até a data em que foi afastado do cargo.

A comissão condutora da tomada de contas especial, não obstante as


considerações do interessado, concluiu pela ausência de motivação
para a contratação dos voos realizados.

A referida comissão ressaltou também que encontrou reportagens de


jornais da época do fato, todas juntadas aos autos, noticiando que o
então presidente da autarquia, por ter pretensão de ocupar cargo
político, acompanhava o governante do Estado onde a autarquia era
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sediada em viagens e auxiliava outros governantes em suas
respectivas plataformas políticas, com a utilização da autarquia que
presidia como "trampolim político".

Endossando o entendimento da comissão de tomada de contas


especial, o TCU considerou que o ex-presidente da referida autarquia
praticou ato antieconômico e julgou pela irregularidade de suas
contas, aplicando-lhe multa.

Considerando o caso concreto acima narrado e a jurisprudência do


TCU acerca do seu papel no exercício do controle da administração
pública, avalie as questões a seguir, assinalando falso (F) ou
verdadeiro (V) para cada uma delas, em seguida, marque a opção
que apresenta a sequência correta.

( ) A motivação para a instauração da tomada de contas especial foi


indevida, porquanto invadiu o mérito administrativo, na medida em
que compete ao administrador a escolha do meio de transporte que
melhor lhe aprouver.

( ) Quando se examina o interesse público sob a ótica da


economicidade, a partir de parâmetros e metas de eficiência, eficácia
e efetividade e tendo presente o princípio da razoabilidade, devem
ser identificadas as situações em que os administradores públicos
tenham adotado soluções absurdamente antieconômicas. Caso seja
possível identificar, a partir da razoabilidade essas soluções, a
conclusão é a de que elas são ilegítimas.

( ) Não é da competência do TCU, invocando os princípios da


razoabilidade e da proporcionalidade, manifestar-se sobre o mérito
administrativo, posto que teria sido tomado na órbita da
discricionariedade a que a lei reserva ao administrador público.

( ) A análise da discricionariedade administrativa mostra-se viável


para a verificação da sua regularidade em relação às causas, aos
motivos e à finalidade que ensejam os dispêndios de recursos
públicos, devendo o gestor público observar os critérios da
proporcionalidade e da razoabilidade no exercício de suas funções
administrativas.

( ) O controle da economicidade envolve questão de mérito para


verificar se o órgão procedeu, na aplicação da despesa pública, de
modo mais econômico, atendendo, por exemplo, a uma adequada
relação custo-benefício.
a) F, V, V, V, F
b) F, V, F, V, F
c) F, V, F, V, V
d) V, F, F, V, F
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e) F, F, F, V, V

Questão 6: ESAF - EPPGG/MPOG/2013


As competências e as atribuições dos Tribunais de Contas foram
ampliadas consideravelmente no que tange à abrangência e ao
alcance dos poderes até então conferidos a tais instituições e estão
definidas, em linhas gerais, no caso do Tribunal de Contas da União,
nos Artigos 70 e 71 da Constituição Federal de 1988, cujas
disposições se aplicam, também, no que couber aos Tribunais de
Contas dos Estados, do Distrito Federal e aos Conselhos de Contas
dos Municípios. Da análise dos referidos artigos, conclui-se que o
exercício das atribuições e competências do Controle Externo Técnico
visa garantir o estrito respeito aos princípios fundamentais da
administração pública, quais sejam: legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência, princípios esses traçados no
Artigo 37 da mesma Constituição Federal. Os Tribunais de Contas,
amparados por suas competências constitucionais, desempenham,
entre outras, as seguintes atividades principais, assinale a opção
correta.
a) Auxiliam o Poder Judiciário em suas atribuições de efetuar o
julgamento do agente titular de cada poder, emitindo parecer prévio
recomendando a aprovação ou rejeição de suas contas.
b) Julgam, por intermédio de analistas de orçamento e finanças do
Poder Executivo, as contas dos ordenadores de despesa e demais
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração
direta e indireta, e as contas daqueles que derem causa à perda,
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário.
Assim o fazem emitindo decisão reprovando ou aprovando, com ou
sem ressalvas, as contas prestadas ou tomadas de tais responsáveis.
c) Procedem, por iniciativa própria ou por solicitação do Poder
Judiciário, à fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial dos poderes das respectivas esferas de
governo e das demais entidades.
d) Apreciam, para fins de registro, mediante a emissão de acórdão, a
legalidade dos atos de admissão de pessoal, na administração direta
e indireta, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas
e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório.
e) Da atribuição de julgador conferido aos Tribunais de Contas pelas
atribuições do Poder Judiciário previstas no texto
constitucional, resulta, em consequência, a competência
sancionadora de imputar débito ou multa a cuja decisão a
Constituição Federal em seu art. 71, § 3o, conferiu a eficácia de título
executivo, que é aquele que goza de liquidez e certeza da decisão
judicial.

Questão 7: ESAF - ATPS (MPOG)/MPOG/Assistência Social/2012

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Segundo a Controladoria Geral da União (CGU) o Controle Social tem
a finalidade de verificar se o dinheiro público está sendo usado de
maneira adequada ou se está sendo desviado para outras finalidades.
Isso significa que o Controle Social permite:
a) substituir os controles realizados pelos órgãos que fiscalizam os
recursos públicos.
b) substituir as ações de controle interno dos órgãos públicos pelo
Controle Social.
c) complementar os controles realizados pelos órgãos que fiscalizam
os recursos públicos (que geralmente não dispõem de quantidade
suficiente de fiscais e auditores para monitorar e verificar cada
despesa realizada).
d) que os cidadãos orientem a administração na gestão dos recursos
públicos, mas sem exigir que o gestor público preste contas de sua
atuação.
e) substituir, mediante convênio entre entidades do Terceiro Setor e
a administração pública, os órgãos de controle interno.

Questão 8: ESAF - AFC (CGU)/CGU/Correição/2012


A respeito dos instrumentos para o exercício do controle externo da
Administração Pública Federal, à disposição do Ministério Público da
União e do Tribunal de Contas da União, assinale a opção correta.

a) O inquérito civil público e a ação civil pública caracterizam-se como


instrumentos à disposição do Ministério Público Federal.
b) A Prestação de Contas, a Tomada de Contas Especial, a auditoria e
a interpelação judicial caracterizam-se como instrumentos à
disposição do Tribunal de Contas da União.
c) A Recomendação e o Termo de Ajustamento de Conduta
caracterizam-se como instrumentos à disposição do Tribunal de
Contas da União.
d) O inquérito policial federal, o inquérito civil público e a auditoria
caracterizam-se como instrumento à disposição do Ministério Público
da União.
e) A Tomada de Contas Especial e a Ação Civil Pública caracterizam-
se como instrumentos à disposição do Tribunal de Contas da União.

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QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1: ESAF - AFC (CGU)/CGU/Auditoria e


Fiscalização/Geral/2012
Determinado cidadão ostenta a condição de anistiado político, vez
que fora beneficiado por ato administrativo, praticado em
05/10/2005, que lhe atribuiu tal condição, bem como determinou a
reparação econômica dela decorrente.

Mediante acompanhamento das atividades da Administração Pública e


usufruindo da transparência imposta pela Lei do Acesso à
Informação, o cidadão descobre, em consulta ao sítio eletrônico do
Ministério da Justiça, que havia sido formado grupo de trabalho para
a realização de estudos preliminares acerca das anistias políticas até
então concedidas.

Irresignado e temeroso de que as futuras decisões do referido grupo


de trabalho viessem a afetar sua esfera patrimonial, o cidadão
impetra mandado de segurança preventivo para desconstituir o ato
que instaurou o grupo de trabalho.

Acerca do caso concreto acima narrado, assinale a opção incorreta,


considerando a jurisprudência dos Tribunais Superiores sobre a
questão.

a) A criação do mencionado grupo de trabalho insere-se no poder de


autotutela administrativa.
b) Por força do art. 54 da Lei n. 9.784/99, há prazo decadencial para
que a Administração revise seus atos.
c) Caso o grupo de trabalho encontre ilegalidades na concessão da
anistia, será preciso ouvir o cidadão por ela beneficiado, garantindo-
lhe o contraditório e a ampla defesa.
d) Não houve ato ilegal ou abusivo da Administração passível de
correção pela via do mandado de segurança.
e) A Administração conduzirá os processos submetidos ao grupo de
trabalho baseada no princípio da oficialidade.

Comentários:

- Letra A: CORRETA. Pela autotutela, consagrada na Súmula 473, a


Administração Pública pode anular um ato, no caso de ilegalidade, ou
revogá-lo, no caso de inconveniência ou inoportunidade. A
Administração deve, portanto, zelar pelo seu correto funcionamento.
Bem por isso, a criação do grupo de trabalho vem a atender a tal
princípio.

- Letra B: INCORRETA. De fato, há prazo decadencial na Lei

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9.784/1999 (ART. 54). Entretanto, isso não se aplica à revisão. Veja
o artigo da norma de referência:
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções
poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício,
quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis
de justificar a inadequação da sanção aplicada.
Como a revisão se faz por fato novo, não há que se cogitar de
decadência, em tal circunstância. Importante anotar, ainda, que a
revisão administrativa não pode levar ao agravamento da situação
inicial do sujeito que a pleiteia, ainda conforme com a Lei 9.784 (art.
65, parágrafo único).

- Letra C: CORRETA. A bem do cumprimento da CF (inc. LV do art.


5º), que garante o direito ao contraditório em todas as situações em
que houver litígio, ainda que potencial, é preciso, no caso descrito no
comando da questão, que se garanta tal direito.

- Letra D: CORRETA. Para a concessão do mandado de segurança, é


necessário que haja liquidez e certeza no direito discutido. Ou seja,
seria necessária "provas pré-constituídas" (indiscutíveis, por assim
dizer), para que se concedesse o MS. Não é o caso. O grupo de
trabalho mal fora constituído. Não houve qualquer tipo de decisão
prejudicial ao cidadão interessado. E mesmo que houvesse, a via do
MS não seria, pelos fatos descritos no item, a mais adequada para a
discussão. Não há, portanto, situação que permita o uso do MS.

- Letra E: CORRETA. Cumpre à Administração, de modo geral, a


condução de ofício de seus processos administrativos. Noutras
palavras: na via administrativa, o Poder Público não precisa ser
demandado, para que possa instaurar, e conduzir, seus processos
administrativos.

Questão 2: ESAF - AnaTA MF/MF/2013


Quanto ao controle da administração pública, é correto afirmar:
a) o controle da esfera federal é denominado de tutela, o qual
somente pode ser exercido nos limites estabelecidos em lei.
b) o controle político abrange aspectos ligados somente ao mérito do
ato administrativo e não a aspectos de legalidade.
c) o controle financeiro previsto na constituição federal compreende
também o controle da legitimidade.
d) não é possível a apreciação judicial dos atos discricionários
praticados pela Administração Pública por se tratar de "mérito",
principalmente quanto à "motivação", visto que abrangido pela
oportunidade e conveniência do administrador público.
e) o recurso administrativo próprio é dirigido a órgão ou autoridade
estranha à hierarquia da que expediu o ato recorrido e por esse órgão
ou autoridade julgado.
Comentários:
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A resposta é letra C.

Prevê o art. 70 da CF:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,


operacional e patrimonial da União e das entidades da administração
direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
controle interno de cada Poder.

Perceba que a CF é expressa quanto ao controle financeiro quanto ao


aspecto da legitimidade.

Os demais itens estão incorretos. Vejamos:

Na letra A, a tutela administração não se confunde com a autotutela.


Na autotutela, o controle incide sobre o próprio ato, estando
previsto, atualmente, na Súmula 473 do STF. Já a tutela
administrativa refere-se, basicamente, ao controle da Administração
Direta sobre a Indireta, e, nesse caso, é exercida nos limites
estabelecidos em lei. Enfim, na Administração Federal, não é possível
afirmarmos que o controle ocorre por tutela, pois, ao lado desta, há a
autotutela.

Na letra B, o controle político, na esfera federal, é realizado, por


exemplo, pelo Congresso Nacional. Nos termos do inc. V do art. 49 da
CF pode o Congresso, por exemplo, sustar os atos normativos do
Executivo que ultrapassem o limite da simples regulamentação. Está-
se diante de controle de legalidade. Não se afasta, evidentemente,
que o Congresso realize o controle de mérito dos atos da
Administração. Para Maria Sylvia, o exame da economicidade, por
exemplo, revela a ingerência do Congresso em aspectos de mérito.

Na letra D, o Poder Judiciário não pode controlar o mérito dos atos


discricionários, o que não acontece, obviamente, com o ato
discricionário propriamente dito. Um ato discricionário pode ser
praticado por agente incompetente, pode ter motivo inadequado,
finalidade não pública, e, nesses casos, o exame do Judiciário incide
sobre a legalidade.

Na letra E, os recursos podem ser próprios ou impróprios. O próprio


é o inerente à estrutura hierarquizada, em que o superior hierárquico
tem o papel de rever os atos dos subalternos. O impróprio, por sua
vez, é o dirigido a órgão ou autoridade estranha à hierarquia da que
expediu o ato recorrido e por esse órgão ou autoridade julgado, como

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o recurso do ato da Administração Indireta para a Administração
Direta.

Perceba que a banca só fez inverter os conceitos.

Questão 3: ESAF - ACE/MDIC/Grupo 1/2012


Fundamentada no seu poder de autotutela administrativa, a
Administração pública Federal procedeu à revisão nas vantagens
concedidas a servidor público que repercutiu diretamente na sua
esfera patrimonial, ocasionando-lhe diminuição remuneratória.

A partir do caso concreto acima narrado, assinale a opção que


exprime a posição do Supremo Tribunal Federal − STF acerca do
tema.

a) A autotutela administrativa, per si, afasta a necessidade de


abertura de procedimento administrativo garantidor do contraditório.
b) O devido processo legal administrativo é exigível tanto nos casos
de anulação quanto de revogação do ato administrativo.
c) O acesso ao Poder Judiciário já representa a garantia do
contraditório e da ampla defesa, estando a Administração
desincumbida de fazê-lo.
d) Somente nos casos de revogação do ato administrativo a
Administração deve garantir o contraditório e a ampla defesa.
e) Considerando-se que o ato da administração retirava do servidor
pagamento indevido, a executoriedade autorizava-lhe a suspender o
referido pagamento sem o devido processo legal.

Comentários:

Questão bastante interessante.

A súmula 473 do STF veicula o princípio da autotutela, o qual permite


à Administração o controle de seus próprios atos. Vejamos:

A Administração pode anular seus próprios atos, quando


eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial.

No entanto, para o STF, quando forem afetados interesses


individuais, o desfazimento do ato administrativo (por revogação ou
por anulação) não dispensa a aplicação do contraditório, enfim, da
abertura de processo administrativo, no qual os eventuais
prejudicados possam ser ouvidos.

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Abaixo, vejamos o posicionamento do STF, no RE 292586/CE:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
CUMULAÇÃO DE CARGOS. BLOQUEIO DE VENCIMENTOS. DEFESA
PRÉVIA. OBRIGATORIEDADE. 1. Ato do Secretário de Saúde do
Estado do Ceará que determinou o bloqueio dos vencimentos da
recorrida, por entender que ela acumulava ilegalmente dois cargos
públicos. 2. A jurisprudência desta Corte sempre reconheceu o poder
da Administração rever seus atos para, observada alguma
irregularidade, anulá-los (Súmulas STF nº 346 e 473). Essa
capacidade, todavia, não pode ser exercida de forma arbitrária,
devendo respeitar os ditames constitucionais e garantir aos
atingidos a devida defesa. 3. Recurso extraordinário conhecido e
improvido.

Esse entendimento do STF é compartilhado (e não poderia ser


diferente) pelo STJ. Vejamos (RMS 141195):

RECURSO ORDINÁRIO - MANDADO DE SEGURANÇA -


SERVIDOR PÚBLICO - INVALIDAÇÃO DE ATOS DE
TRANSPOSIÇÃO PARA CARGOS DIVERSOS - INOBSERVÂNCIA
DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA - INVALIDADE DO
PROCEDIMENTO DE ANULAÇÃO - RECURSO PROVIDO. 1. Se
ilegal os atos de transposição dos Recorrentes, por se tratar de
ato administrativo ampliativo, sua invalidação, repercutindo
de forma negativa na esfera patrimonial do servidor,
depende da instauração do devido processo administrativo. 2. É
imprescindível a instauração do contraditório e observância do
direito de ampla defesa para se subtrair direitos concedidos aos
servidores públicos. 3. O exercício do poder de autotutela,
sedimentado na Súmula 473 do STF, urge se dar de forma
consentânea à garantia prevista art. 5º, inciso LV, da
Constituição da República de 88, sob pena de nulidade.
Precedentes. 4. Recurso provido.

Assim, embora a Administração Pública possa anular seus próprios


atos, deve sempre se orientar nos princípios constitucionais do devido
processo legal, do contraditório e da ampla defesa, especialmente
quando seus atos afetam situações jurídicas já consolidadas, como é
o caso das vantagens remuneratórias concedidas aos servidores.

Daí a correção da letra B.

Questão 4: ESAF - EPPGG/MPOG/2013


É por meio da Administração Pública que o Estado dispõe dos
elementos necessários para implementar as prioridades do Governo.
Assim, é de extrema relevância o estudo acerca das ações
empreendidas pelo gestor da coisa pública, destacando especial
atenção ao grau de aderência ao interesse público. O objetivo
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principal do controle interno é o de possuir ação preventiva antes que
ações ilícitas, incorretas ou impróprias possam atentar contra os
princípios expostos pela Constituição da República Federativa do
Brasil. O controle interno se funda em razões de ordem
administrativa, jurídica e mesmo política. Sem controle não há nem
poderia haver, em termos realistas, responsabilidade pública. A
responsabilidade pública depende de uma fiscalização efi caz dos atos
do Estado. Neste contexto, o controle interno opera na organização
compreendendo o planejamento e a orçamentação dos meios, a
execução das atividades planejadas e a avaliação periódica da
atuação. O controle é instrumento eficaz de gestão e não é novidade
do ordenamento jurídico brasileiro.

Assinale, entre as opções abaixo, a opção incorreta acerca do


controle público.
a) O Artigo 70 da Constituição Federal afirma que a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União
e das entidades da administração direta, indireta, quanto à
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação de subvenções e
renúncia de receitas, será exercida pelo Poder Judiciário, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada poder.
b) O Artigo 71 da Constituição Federal afirma que o controle externo,
a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, instrumento do Poder Legislativo.
c) O Artigo 74 da Constituição Federal afirma que os Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada,
sistema de controle interno.
d) O Artigo 76 da Lei n. 4.320/64 estabelece que o Poder Executivo
exercerá os três tipos de controle da execução orçamentária: 1)
legalidade dos atos que resultem arrecadação da receita ou a
realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e
obrigações; 2) a fidelidade funcional dos agentes da administração
responsáveis por bens e valores públicos; 3) o cumprimento do
programa de trabalho expresso em termos monetários e em termos
de realização de obras e prestação de serviços.
e) A Lei n. 4.320/64 inovou ao consagrar os princípios de
planejamento, do orçamento e do controle, estabelecendo novas
técnicas orçamentárias para a eficácia dos gastos públicos.
Comentários:

A resposta é letra A.

Simples reprodução do art. 70 da CF. Abaixo:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,


operacional e patrimonial da União e das entidades da
administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e

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renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno
de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou
pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.

O controle externo parlamentar federal fica a cargo do Congresso


Nacional, órgão do Poder Legislativo.

Os demais itens estão corretos. Abaixo:

Na letra B, o controle parlamentar pode ser político ou técnico. O


político é também chamado de direto, e é realizado pela Casa
Legislativa. O técnico, ou indireto, dá-se com o auxílio dos Tribunais
de Contas. Na esfera federal, o TCU é o instrumento técnico de
auxílio do Congresso Nacional.

Na letra C, prevê o "caput" do art. 74 da Constituição Federal:

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de


forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

Enfim, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de


forma integrada, sistema de controle interno.

Na letra D, o artigo 76 da Lei Financeira Federal 4.320/64 estabelece


que o Poder Executivo exercerá os três tipos de controle da execução
orçamentária:

1) legalidade dos atos que resultem arrecadação da receita ou a


realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e
obrigações;

2) a fidelidade funcional dos agentes da administração responsáveis


por bens e valores públicos;

3) o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos


monetários e em termos de realização de obras e prestação de
serviços.

Na letra E, a Lei 4.320/64 estabeleceu o orçamento programa,


consagrando princípios de planejamento, do orçamento e do controle,
bem como, novas técnicas orçamentárias para a eficácia dos gastos
públicos.

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Questão 5: ESAF - AFRFB/SRFB/2012


Ex-presidente de uma autarquia sofre tomada de contas especial
determinada pelo Tribunal de Contas da União – TCU em razão de
apuração de denúncia recebida naquele Tribunal.

A autarquia instaurou a tomada de contas especial com a finalidade


de quantificar o montante de recursos gastos com o fretamento de
aeronaves (taxi aéreo) pelo seu ex-presidente.

Tal procedimento resultou na apuração de despesas relativas a 59


(cinquenta e nove) voos no período de sua gestão desde sua posse
até a data em que foi afastado do cargo.

A comissão condutora da tomada de contas especial, não obstante as


considerações do interessado, concluiu pela ausência de motivação
para a contratação dos voos realizados.

A referida comissão ressaltou também que encontrou reportagens de


jornais da época do fato, todas juntadas aos autos, noticiando que o
então presidente da autarquia, por ter pretensão de ocupar cargo
político, acompanhava o governante do Estado onde a autarquia era
sediada em viagens e auxiliava outros governantes em suas
respectivas plataformas políticas, com a utilização da autarquia que
presidia como "trampolim político".

Endossando o entendimento da comissão de tomada de contas


especial, o TCU considerou que o ex-presidente da referida autarquia
praticou ato antieconômico e julgou pela irregularidade de suas
contas, aplicando-lhe multa.

Considerando o caso concreto acima narrado e a jurisprudência do


TCU acerca do seu papel no exercício do controle da administração
pública, avalie as questões a seguir, assinalando falso (F) ou
verdadeiro (V) para cada uma delas, em seguida, marque a opção
que apresenta a sequência correta.

( ) A motivação para a instauração da tomada de contas especial foi


indevida, porquanto invadiu o mérito administrativo, na medida em
que compete ao administrador a escolha do meio de transporte que
melhor lhe aprouver.

( ) Quando se examina o interesse público sob a ótica da


economicidade, a partir de parâmetros e metas de eficiência, eficácia
e efetividade e tendo presente o princípio da razoabilidade, devem
ser identificadas as situações em que os administradores públicos
tenham adotado soluções absurdamente antieconômicas. Caso seja

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possível identificar, a partir da razoabilidade essas soluções, a
conclusão é a de que elas são ilegítimas.

( ) Não é da competência do TCU, invocando os princípios da


razoabilidade e da proporcionalidade, manifestar-se sobre o mérito
administrativo, posto que teria sido tomado na órbita da
discricionariedade a que a lei reserva ao administrador público.

( ) A análise da discricionariedade administrativa mostra-se viável


para a verificação da sua regularidade em relação às causas, aos
motivos e à finalidade que ensejam os dispêndios de recursos
públicos, devendo o gestor público observar os critérios da
proporcionalidade e da razoabilidade no exercício de suas funções
administrativas.

( ) O controle da economicidade envolve questão de mérito para


verificar se o órgão procedeu, na aplicação da despesa pública, de
modo mais econômico, atendendo, por exemplo, a uma adequada
relação custo-benefício.
a) F, V, V, V, F
b) F, V, F, V, F
c) F, V, F, V, V
d) V, F, F, V, F
e) F, F, F, V, V

Comentários:

A questão trata do controle da Administração levado a efeito pelo


TCU, órgão técnico de controle externo, conforme previsto na
CF/1988. Para que você fixe o conteúdo, veja o que diz o dispositivo
que trata mais especificamente do assunto:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,


será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao
qual compete:

Note bem que a TITULARIDADE da atividade de controle externo da


Administração, em conformidade com o que diz o texto da CF, é do
CONGRESSO (CN). O TCU presta auxílio no desempenho da tarefa, o
que não significa ser escravo do Congresso. Na realidade, o Tribunal,
como dito, é órgão TÉCNICO (não político) que ‘dá uma mão’ ao CN
no desempenho da missão de controlar a Administração.
Além disso, o art. 70 cuida do que o CN (com o auxílio do TCU, não
esqueça) deve verificar, no desempenho da tarefa de controle da
Administração:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,


operacional e patrimonial da União e das entidades da

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administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de
receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle
externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Caso você queira ‘guardar’ o que deve ser verificado, então, na


atividade de controle, lembre-se de LELECO (LEgalidade,
Legitimidade, ECOnomicidade) COFOP (Contábil, Orçamentária,
Financeira, Operacional e Patrimonial) + aplicação de subvenções +
renúncia de receitas.

Muito bem. Superada a introdução, vamos aos itens.

- ITEM I - A motivação para a instauração da tomada de contas


especial foi indevida, porquanto invadiu o mérito administrativo, na
medida em que compete ao administrador a escolha do meio de
transporte que melhor lhe aprouver. ERRADA. Duas coisas erradas
nesse item – 1º A motivação da TCE não foi indevida. Há um prejuízo
materializado, conforme se vê das informações contidas no comando.
O presidente da autarquia utilizou-se de recursos públicos, para fazer
sua campanha política. Isso é inadmissível, claro. 2º O administrador
não pode simplesmente escolher o meio de transporte que melhor lhe
aprouver (que bem entender). Não é assim que a coisa funciona, com
dinheiro público. Há que se agir com zelo, com diligência, já que os
recursos públicos são escassos e as necessidades coletivas ilimitadas.

- ITEM II - Quando se examina o interesse público sob a ótica da


economicidade, a partir de parâmetros e metas de eficiência, eficácia
e efetividade e tendo presente o princípio da razoabilidade, devem
ser identificadas as situações em que os administradores públicos
tenham adotado soluções absurdamente antieconômicas. Caso seja
possível identificar, a partir da razoabilidade essas soluções, a
conclusão é a de que elas são ilegítimas. CERTA. Basta ver os
comentários ao item anterior, para concluir que este está correto.
Chama-se atenção para o fato de que o examinador menciona, ainda,
a necessidade da aferição da eficácia e da efetividade, além da
eficiência e economicidade (os dois últimos, mencionados
expressamente pela CF/1988). Por eficácia, deve-se entender a
realização do pretendido. Por efetividade, se os objetivos relativos
aos interesses públicos foram, de fato, atingidos. Exemplo – quando
uma ponte é construída, simplesmente por isso, pode-se entender
como atendida a eficácia (a ponte foi construída). Agora, se ela liga
‘nada a lugar nenhum’, não é efetiva, afinal não cumpriu com os
interesses públicos. E se algo feito pela Administração não atende a
todos esses requisitos (eficácia, efetividade, eficiência e
economicidade), sob a ótica do ‘razoável’, a decisão será entendida
como ilegítima.

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- ITEM III - Não é da competência do TCU, invocando os princípios da


razoabilidade e da proporcionalidade, manifestar-se sobre o mérito
administrativo, posto que teria sido tomado na órbita da
discricionariedade a que a lei reserva ao administrador público.
ERRADA. Muito bom esse item! É fato comum afirmar-se, na
doutrina, que não cabe AO JUDICIÁRIO o controle de mérito das
decisões (atos) administrativas. Entretanto, isso não se aplica ao
controle LEGISLATIVO, sobretudo levado efeito pelo TCU. Mais atrás,
você viu que o Tribunal pode analisar a LEGITIMIDADE das ações
da Administração. Além disso, o TCU desenvolve, ainda, o controle
OPERACIONAL e de ECONOMICIDADE de tais ações. Ora, como fazer
isso (controle da legitimidade/operacionalidade) sem se adentrar no
mérito administrativo? Agora, isso é assim, pois o TCU informará o
CONGRESSO acerca do andamento das políticas públicas. Para isso,
deve a Corte de Contas analisar o mérito administrativo, sim. De
mais a mais, ainda há outro problema na formulação da assertiva –
não há, estrito senso, discricionariedade administrativa, no caso
examinado. Há controle de LEGALIDADE, já que as despesas
apresentam-se como antieconômicas.

- ITEM IV - A análise da discricionariedade administrativa mostra-se


viável para a verificação da sua regularidade em relação às causas,
aos motivos e à finalidade que ensejam os dispêndios de recursos
públicos, devendo o gestor público observar os critérios da
proporcionalidade e da razoabilidade no exercício de suas funções
administrativas. CERTA. Apenas para esclarecer um tanto mais – a
despesa efetuada deve estar em conformidade com diversos
princípios e preceitos que a orientam, tal qual a economicidade.
Assim, caso a Administração ultrapasse os limites da liberdade que
possui (juízo de discricionariedade/proporcionalidade/razoabilidade),
incorrerá em ilegalidade.

- ITEM V - O controle da economicidade envolve questão de mérito


para verificar se o órgão procedeu, na aplicação da despesa pública,
de modo mais econômico, atendendo, por exemplo, a uma adequada
relação custo-benefício. CERTA. Veja os comentários ao item III
acima. Suficientes para concluir que este item está CORRETO.

Questão 6: ESAF - EPPGG/MPOG/2013


As competências e as atribuições dos Tribunais de Contas foram
ampliadas consideravelmente no que tange à abrangência e ao
alcance dos poderes até então conferidos a tais instituições e estão
definidas, em linhas gerais, no caso do Tribunal de Contas da União,
nos Artigos 70 e 71 da Constituição Federal de 1988, cujas
disposições se aplicam, também, no que couber aos Tribunais de
Contas dos Estados, do Distrito Federal e aos Conselhos de Contas
dos Municípios. Da análise dos referidos artigos, conclui-se que o
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exercício das atribuições e competências do Controle Externo Técnico
visa garantir o estrito respeito aos princípios fundamentais da
administração pública, quais sejam: legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência, princípios esses traçados no
Artigo 37 da mesma Constituição Federal. Os Tribunais de Contas,
amparados por suas competências constitucionais, desempenham,
entre outras, as seguintes atividades principais, assinale a opção
correta.
a) Auxiliam o Poder Judiciário em suas atribuições de efetuar o
julgamento do agente titular de cada poder, emitindo parecer prévio
recomendando a aprovação ou rejeição de suas contas.
b) Julgam, por intermédio de analistas de orçamento e finanças do
Poder Executivo, as contas dos ordenadores de despesa e demais
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração
direta e indireta, e as contas daqueles que derem causa à perda,
extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário.
Assim o fazem emitindo decisão reprovando ou aprovando, com ou
sem ressalvas, as contas prestadas ou tomadas de tais responsáveis.
c) Procedem, por iniciativa própria ou por solicitação do Poder
Judiciário, à fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial dos poderes das respectivas esferas de
governo e das demais entidades.
d) Apreciam, para fins de registro, mediante a emissão de acórdão, a
legalidade dos atos de admissão de pessoal, na administração direta
e indireta, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas
e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório.
e) Da atribuição de julgador conferido aos Tribunais de Contas pelas
atribuições do Poder Judiciário previstas no texto
constitucional, resulta, em consequência, a competência
sancionadora de imputar débito ou multa a cuja decisão a
Constituição Federal em seu art. 71, § 3o, conferiu a eficácia de título
executivo, que é aquele que goza de liquidez e certeza da decisão
judicial.

Comentários:

A resposta é letra D.

Uma das funções mais tradicionais em termos de concursos públicos


é a atividade de registro a cargo dos Tribunais de Contas. Sobre o
tema, dispõe a CF:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será


exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual
compete:
(...)
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão
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de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta,
incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público,
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão,
bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
legal do ato concessório;

Os demais itens estão incorretos. Vejamos:

Na letra A, as Cortes de Contas auxiliam o Poder Legislativo em suas


atribuições de controle externo parlamentar. No caso, as Cortes
julgam as contas de todos os administradores públicos, exceto o
chefe do Executivo, cujas contas são julgadas diretamente pela Casa
Legislativa.

Na letra B, os Tribunais de Contas contam com funções exclusivas,


não dependentes de qualquer outro Poder. No caso, não precisam de
qualquer órgão do Poder Executivo. Tais organismos de contas têm
quadro próprio de pessoal. Os analistas do Poder Executivo são
importantes na tarefa de organizar o processo interno de contas,
porém a tarefa de controle externo não sofre a intromissão de
qualquer poder, competindo ao TC julgar segundo sua convicção
técnica.

Na letra C, o Poder Judiciário não é hábil para solicitar a fiscalização


contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos
poderes das respectivas esferas de governo e das demais entidades.
As Casas Legislativas e Comissões podem, conforme o caso, solicitar
aos TCs, mas não o Judiciário e Executivo.

Na letra E, o item está quase perfeito. Ocorre que o Tribunal de


Contas não é órgão do Poder Judiciário, logo o título executivo
constituído é de natureza EXTRAJUDICIAL.

Questão 7: ESAF - ATPS (MPOG)/MPOG/Assistência Social/2012


Segundo a Controladoria Geral da União (CGU) o Controle Social tem
a finalidade de verificar se o dinheiro público está sendo usado de
maneira adequada ou se está sendo desviado para outras finalidades.
Isso significa que o Controle Social permite:
a) substituir os controles realizados pelos órgãos que fiscalizam os
recursos públicos.
b) substituir as ações de controle interno dos órgãos públicos pelo
Controle Social.
c) complementar os controles realizados pelos órgãos que fiscalizam
os recursos públicos (que geralmente não dispõem de quantidade
suficiente de fiscais e auditores para monitorar e verificar cada
despesa realizada).

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d) que os cidadãos orientem a administração na gestão dos recursos
públicos, mas sem exigir que o gestor público preste contas de sua
atuação.
e) substituir, mediante convênio entre entidades do Terceiro Setor e
a administração pública, os órgãos de controle interno.

Comentários:

A resposta é letra C.

Como esclarece Maria Sylvia, a finalidade do controle é a de


assegurar que a Administração atue em consonância com os
princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, como os
da legalidade, moralidade, finalidade pública, publicidade, motivação,
impessoalidade; em determinadas circunstâncias, abrange também o
controle chamado de mérito e que diz respeito aos aspectos
discricionários da atuação administrativa.

Como sinaliza a autora, embora o controle seja atribuição estatal, o


administrado participa dele à medida que pode e deve provocar o
procedimento de controle, não apenas na defesa de seus interesses
individuais, mas também na proteção do interesse coletivo. A
Constituição outorga ao particular determinados instrumentos de
ação a serem utilizados com essa finalidade. É esse, provavelmente,
o mais eficaz meio de controle da Administração Pública: o controle
popular.

Sobre o tema, a Emenda Constitucional 19/98, por exemplo, inseriu o


§ 3º no art. 37 prevendo lei que discipline as formas de participação
do usuário na administração pública direta e indireta, regulando
especialmente: I as reclamações relativas à prestação dos serviços
públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da
qualidade dos serviços; II - o acesso dos usuários a registros
administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o
disposto no artigo 52, X e XXXIII; III -a disciplina da representação
contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou
função na administração pública.

Os demais itens estão incorretos. Vejamos:

Na letra A, apesar da importância do controle social ou popular, não


há substituição dos controles tipicamente estatais. As atividades de
controle são complementares.

Na letra B, o controle social é complementar aos controles internos,


tipicamente administrativos.

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Na letra D, um dos deveres constitucionais dos administradores é o
de prestar contas. Os cidadãos são legitimados para exigir o
cumprimento de referido dever dos gestores públicos.

Na letra E, como sobredito, o controle social tem natureza


complementar, não visa, pois, substituir os órgãos de controle
interno. O controle social é chamado de accountability vertical. A
participação de entidades ou da mídia é, igualmente, popular,
recebendo, no entanto, a denominação de accountability societal.

Questão 8: ESAF - AFC (CGU)/CGU/Correição/2012


A respeito dos instrumentos para o exercício do controle externo da
Administração Pública Federal, à disposição do Ministério Público da
União e do Tribunal de Contas da União, assinale a opção correta.

a) O inquérito civil público e a ação civil pública caracterizam-se como


instrumentos à disposição do Ministério Público Federal.
b) A Prestação de Contas, a Tomada de Contas Especial, a auditoria e
a interpelação judicial caracterizam-se como instrumentos à
disposição do Tribunal de Contas da União.
c) A Recomendação e o Termo de Ajustamento de Conduta
caracterizam-se como instrumentos à disposição do Tribunal de
Contas da União.
d) O inquérito policial federal, o inquérito civil público e a auditoria
caracterizam-se como instrumento à disposição do Ministério Público
da União.
e) A Tomada de Contas Especial e a Ação Civil Pública caracterizam-
se como instrumentos à disposição do Tribunal de Contas da União.

Comentários:
A resposta é letra A.

Entre as funções institucionais do Ministério Público, destaca a


promoção do inquérito civil e da ação civil pública, para a proteção,
por exemplo, do patrimônio público e social. Vejamos.

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


(...)
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos;

As demais alternativas estão incorretas. Vejamos.

Na letra B, apesar do nome, o Tribunal de Contas da União (TCU) não


é órgão do Poder Judiciário. Basta conferir o art. 92 da CF.

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:


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I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A - o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios.

Exatamente por isso, não lhe cabe a interpelação judicial.

Na letra C, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) é instrumento


bastante utilizado pelo Ministério Público. Já as determinações [com
caráter vinculante] e recomendações [sem caráter vinculante] são
frequentemente utilizadas pelo TCU. Nas auditorias de regularidade, o
resultado costuma ser a emissão de uma série de determinações. Nas
auditorias operacionais, por sua vez, o TCU costuma emitir
recomendações, para aperfeiçoar o modus operandi dos
órgãos/entidades do Estado.

Na letra D, o inquérito policial é presidido por autoridade competente


policial e não pelo MP. As auditorias são privativas dos órgãos de
controle interno [exemplo da CGU] e externo [p. ex., o TCU], não
cabendo ao MP, embora órgão de controle externo da atividade
policial, realizar auditorias. Quando muito, o MP pode sugerir [do
verbo, não obriga] ao TCU a realização de auditorias.

Na letra E, a Ação Civil Pública é promovida pela MP. A TCE, por sua
vez, será julgada pelo TCU, e, por vezes, pode até ser instaurada de
ofício pelo Tribunal.

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