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Discursivas – MPE-RS/2021

Professora Júnia Andrade Viana


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PR`R

CGU/AFFC

Discursivas - 2022
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Discursivas – 2022
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1. QUESTÕES DISCURSIVAS DA FGV

Vamos seguir de forma objetiva: vocês terão acesso a exemplos e vamos comentar, em áudio, a estrutura a
ser seguida para compor cada modelo de questão que a banca costuma empregar ou poderá empregar no
nosso concurso.

Primeiramente, vale recuperar aspectos essenciais da discursiva:

1. Apresentação
2. Precisão temática
3. Objetividade e senso de concisão.
4. Fundamentação.
5. Progressão (fluidez textual)
6. Correção gramatical
2. NEXOS DE FLUÊNCIA

 Nexos continuativos: Nesse sentido,.../Desse modo,.../Dessa maneira,.../Nessa seara,...

 Nexos aditivos: Além disso,.../Ademais,.../Também...


 Nexos explicativos: ..., pois.../...,visto que.../..., uma vez que.../..., já que.../..., porque...
 Nexos conclusivos: Portanto,.../Por isso,.../Assim,.../Por conseguinte,...
 Nexos catafóricos: ...estes:.../...os seguintes:...(fem.)
 Nexos de oposição: ..., no entanto,.../...,todavia,.../...,contudo,.../..., entretanto,...

3. ELEMENTOS DE FLUIDEZ DISSERTATIVA


A. Verbos da dissertação: convém, cabe, compete, insta (esclarecer, analisar, salientar, elucidar, apresentar,
informar, lembrar etc.)
B. Expressões argumentativas: importa, é importante, é necessário, é preciso (esclarecer, analisar, salientar,
elucidar, apresentar, informar, lembrar, acrescentar, denunciar, combater, prevenir etc.)
C. Circunstanciadores: atualmente, nos tempos atuais, neste século, no presente, na vigência de..., de forma
preliminar, de início, inicialmente, preliminarmente, urgentemente, em segundo lugar, em terceiro lugar, por
fim, finalmente, nestes termos, em síntese, de modo geral, de maneira geral, normalmente, de modo específico,
especialmente, preferencialmente, no Brasil, nos estados, no plano internacional, nas comunidades etc.
D. Fundamentadores: É sabido que/Sabe-se que/É de conhecimento geral que/Não se duvida de que/É notório/
Muitos defendem/ Alguns criticam/Boa parte das pessoas acredita/ ...,por exemplo,.../como/Conforme...,/
Consoante...,/ De acordo com...,/ Com base em...,/ Segundo...,/Com fulcro em...,/
E. Conectores: continuidade (Nesse sentido,/Desse modo,/Dessa maneira,/Nessa seara,/Nesse âmbito,/Nessa
esteira,/Nesse processo,), soma (Além disso,/Ademais,/Outrossim/Outro/Ainda/Acrescenta-se/Acrescentam-
se/Inclui-se/Incluem-se/Soma-se a isso/Somam-se a isso etc.), conclusão (Assim,/Portanto,/Por isso,/Por
conseguinte,/Logo,) oposição (..., no entanto,.../..., contudo,.../...,entretanto,.../..., porém,.../Por outro lado,.../
De outra parte,...).

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F. Este/Esse
Exemplos:
a. A Constituição estabelece vários princípios que norteiam a gestão pública. Estes princípios devem ser
observados na tomada de decisões por parte das autoridades administrativas.
b. A Constituição estabelece vários princípios que norteiam a gestão pública. Isso deve ser observado na
tomada de decisões por parte das autoridades administrativas.
c. A Constituição estabelece vários princípios que norteiam a gestão pública. Essas normativas devem ser
observadas na tomada de decisões por parte das autoridades administrativas.

4. QUESTÕES COMENTADAS DA FGV

Questão 1 – PCRN/2021
Redija um texto dissertativo a respeito do tema:
Direitos fundamentais da mulher presa
Ao elaborar o texto, responda, necessariamente, aos seguintes questionamentos:

a) A mulher presa em flagrante delito pode ser mantida na mesma cela que presos do sexo masculino?
b) A mulher que cumpre pena tem o direito de permanecer com seus filhos durante o período de
amamentação?
c) O Estado pode se negar a observar os direitos da mulher presa sob o argumento de dificuldade
logística?
Valor: 10 pontos
Máximo de 15 linhas

A mulher presa deve ser tratada como todos os cidadãos e deve, por isso, ter seus direitos e garantias
fundamentais, previstos no art. 5º da Constituição Federal de 1988 (CF/88), respeitados. Assim, ela tem direito
a tratamento digno, tem direito à saúde e não deve ser exposta a quaisquer formas de discriminação e de
violência física ou moral.
Nesse sentido, não se pode manter mulher presa em flagrante delito na mesma cela em que estejam
presos do sexo masculino, mesmo de forma provisória. Esse impedimento está previsto no inciso XLVIII, do art.
5º, da CF/88, que determina que a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a
natureza do delito, da ideia e do sexo do apenado. Além disso, a CF/88 determina que é assegurado a quaisquer
presos o respeito à integridade física e moral.
Ademais, a mulher que cumpre pena tem o direito a permanecer com seus filhos durante o período de
amamentação. Este direito está disposto no inciso L, do art. 5º, da CF/88, que assegura às presidiárias
condições para permanecer com seus filhos neste período. Acrescenta-se que, segundo o art. 82, §2º, da Lei de
Execução Penal, a mulher que cumpre pena tem o direito de permanecer com seus filhos, no mínimo, por seis
meses de idade, durante o período de amamentação.
Por fim, Estado jamais pode se negar a observar os direitos da mulher presa sob o argumento de
dificuldade logística. Isso decorre do fato de que a dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos, nos
termos do art. 1º da CF/88, sobre os quais se constitui o Estado Democrático de Direito.

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Questão 2 – PC-RN/2021
Em Direito Administrativo, o exercício do poder de polícia viabiliza o atendimento ao princípio da supremacia
do interesse público sobre o privado, de maneira que as necessidades coletivas devem prevalecer diante das
específicas dos indivíduos isoladamente.
Nesse contexto, redija um texto dissertativo sobre o tema "Polícia administrativa X Polícia judiciária",
abordando os seguintes aspectos:
a) o conceito e a distinção entre polícia administrativa e polícia judiciária;
b) a quem incumbe o exercício da polícia administrativa e da polícia judiciária;
c) um exemplo de aplicação do poder administrativo de polícia.

A polícia administrativa se distingue da polícia judiciária pelo fato de aquela incidir sobre bens e direitos
para proteger a coletividade. Além disso, cabe considerar que a polícia administrativa é uma atividade de
restrição do exercício de liberdades individuais. Já polícia judiciária distingue-se da primeira por incidir sobre
pessoas e se dedicar à apuração de infrações penais e ao aulíxio ao poder judiciário no cumprimento de
diligências na seara criminal.
Acrescenta-se que o execício da polícia administrativa incumbe à Administração Pública, por meio de
agentes públicos, em especial do poder executivo. Já a polícia judiciária incumbe, nos estados, à polícia civil,
com ressalva à competência da União.
A aplicação do poder administrativo de polícia ocorre, por exemplo, em ações de fiscalização no
comércio voltadas para o combate à comercialização de produtos impróprios para o consumo, ou seja, previne-
se que uma atividade individual possa prejudicar a coletividade.

Questão 3 – TCE-AM/2021/auditor

O orçamento-programa consiste em um modelo resultante da evolução das práticas e experiências


orçamentárias de diversos países. A ONU conceituou o orçamento-programa como “um sistema em que se
presta particular atenção às coisas que um governo realiza mais do que às coisas que adquire”. Esse modelo
está inserido na concepção moderna de orçamento, em que este, além de instrumento de controle, é
também um instrumento de gestão. Porém, a implementação efetiva do orçamento-programa requer a
consideração de elementos básicos e também de limitações e desafios.
Considerando as informações dadas e a trajetória da adoção do orçamento-programa no Brasil, elabore um
texto crítico-dissertativo, abordando os seguintes itens:
a) três características inovadoras do orçamento-programa em relação às práticas tradicionais;
b) os elementos essenciais do orçamento-programa;
c) quatro limitações ou críticas à efetiva adoção do orçamento-programa como instrumento de gestão;
d) exemplifique em termos qualitativos a classificação completa (institucional, funcional, programática e
segundo a natureza – categoria econômica, grupo e modalidade de aplicação) de uma programação de
despesa cujo objeto principal é a construção de um trecho de 50 km de uma rodovia estadual na região norte
de um estado da Federação, com recursos próprios do ente.

O orçamento público talvez seja o instrumento de maior relevância para a Administração


Pública, porque, por meio dele, os governos organizam seus recursos financeiros para promover o bem-estar
da sociedade. O modelo orçamentário que vigora no Brasil é orçamento-programa, preconizado na
Constituição Federal de 1988 na forma de três instrumentos: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes
Orçamentárias
Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).
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Em relação às práticas orçamentárias tradicionais, convém destacar do orçamento-programa as


seguintes características inovadoras: integração entre planejamento e execução orçamentária; ênfase na
realização institucional, e não nos gastos; mais precisão e transparência na elaboração dos orçamentos e na
determinação de responsabilidades.
Insta acrescentar que o orçamento-programa possui os seguintes elementos essenciais, preconizados
por Giacomani: os objetivos perseguidos pela instituição e em cuja consecução são utilizados os recursos
orçamentários; os programas como instrumentos de integração dos esforços governamentais para a
concretização desses objetivos; os custos dos programas, medidos por meio de identificação dos meios e
insumos necessários para obtenção dos resultados; e as medidas de desempenho, das realizações e dos
esforços despendidos na execução dos programas.
Ocorre, no entanto, que, em termos de gestão, o orçamento-programa possui algumas limitações para
ser adotado. Entre tais limitações estão as seguintes: rigidez provocada pelo alto volume de receitas vinculadas,
visto que estas estão restritas ao financiamento de despesas para as quais foram criadas; crescimento contínuo
das despesas de execução obrigatórias (previdência e encargos sociais), o que inviabilizada a flexibilidade da
política fiscal; exigências variadas de mensuração de eficácia em razão a complexidade de projetos, de
programas e de atividades; e dificuldade de mensuração de resultados decorrentes de atividades intangíveis.
Todos esses fatores tornam difícil a identificação de produtos finais decorrentes das atividades desenvolvidas
pelos governos bem como exigem um grande esforço para tornar os conhecimentos e as boas práticas
orçamentárias disponíveis para todas as autoridades, os gestores, os órgãos e os técnicos executores.
Para exemplificar uma programação de despesa, em termos qualitativos, cujo objeto é a construção de
um trecho de 50 km de uma rodovia estadual na região norte de um estado da Federação, com recursos
próprios do ente, haverá o seguinte: classificação institucional (órgão: Secretaria de Estado de Infraestrutura/
unidade orçamentária: Departamento de Infraestrutura), classificação funcional (função:
transporte/subfunção: transporte rodoviário), estrutura programática (programa: transporte terrestre/ação:
construção de trecho rodoviário), natureza da despesa (categoria econômica: despesas de capital/grupo de
natureza: investimentos/modalidade de aplicação: aplicação direta).

Questão 4 – TCE-AM/2021/auditor

João, servidor público ocupante de cargo efetivo da Controladoria Geral do Estado Alfa, no exercício de suas
funções como responsável pelo controle interno, tomou conhecimento de ilegalidade consistente em
superfaturamento de contrato emergencial firmado entre a sociedade empresária Delta e o Estado Alfa, para
aquisição de aparelhos respiradores a serem utilizados no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.
Tendo em vista sua relação de amizade com Antônio, agente público responsável pela contratação ilegal,
João quedou-se omisso e não deu ciência do ocorrido a qualquer órgão de controle externo. Apesar de ter
agido negligentemente na conservação do patrimônio público e de ter, com inegável dolo, deixado de
praticar, indevidamente, ato de ofício, fato é que João não auferiu pessoalmente qualquer vantagem
econômica, direta ou indiretamente. No ano seguinte, o Tribunal de Contas do Estado Alfa, ao analisar a
legalidade do contrato emergencial em tela, obteve provas irrefutáveis de todo o ocorrido, adotando todas
as medidas cabíveis no âmbito de sua competência.
Considerando a hipótese narrada, responda de forma objetivamente fundamentada aos itens abaixo:
1. João está sujeito à responsabilidade civil, mesmo não tendo auferido pessoalmente vantagem econômica?
2. O Ministério Público de Contas, junto ao TCE, pode ajuizar ação civil pública por ato de improbidade
administrativa em face de João?

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3. Configura bis in idem a coexistência de título executivo extrajudicial (acórdão do TCE) e de sentença
condenatória em ação civil pública por ato de improbidade administrativa que determinam o ressarcimento
ao erário e se referem ao mesmo fato?
4. Exemplifique três sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa a que João está sujeito, em
razão dos fatos narrados.

Trata-se de estudo de caso relativo à responsabilidade civil decorrente de improbidade administrativa


praticada por servidor público (João) que, sendo responsável pelo controle interno, tomou conhecimento de
ilegalidade mas não deu ciência ao controle externo.
No caso em comento, João está sujeito à responsabilidade civil, mesmo não tendo auferido
pessoalmente vantagem econômica. Essa sujeição decorre da seguinte previsão contida no art. 74 da
Constituição Federal de 1988 (CF/88): “os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de
qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
responsabilidade solidária”. Portanto, em face do princípio da simetria das normas jurídicas da CF/88, João, ao
não cientificar o Tribunal de Contas do Estado sobre a ilegalidade da qual tinha conhecimento, responderá de
forma solidária para o ressarcimento ao erário.
Convém esclarecer que o Ministério Público de Contas, junto ao TCE, não pode ajuizar ação civil pública
por ato de improbidade administrativa em face de João. A ação civil pública é instituto legal, previsto no art.
129 da CF/88, de atribuição do Ministério Público. No caso em análise, caberia ao TCE remeter cópia do
processo ao Ministério Público Estadual para que o “parquet” ajuizasse contra João ação civil pública pela ato
de improbidade.
Acrescenta-se que a coexistência de título executivo extrajudicial (acórdão do TCE) e de sentença
condenatória em ação civil pública por ato de improbidade administrativa que determinam o ressarcimento ao
erário e se referem ao mesmo fato não configura “bis in idem”. Consoante o art. 21, inciso II, da Lei nº 8.429,
a aplicação das sanções previstas para os casos de improbidade administrativa independe da aprovação ou da
rejeição das contas do administrador pelo Tribunal de Contas. Assim, conforme jurisprudência do STF, as
instâncias administrativa e judicial não se confundem e, por isso, é possível a formação de dois títulos
executivos, devendo ser observada a devida dedução do valor da obrigação que primeiramente foi executada
no momento da execução do título remanescente.
Logo, em razão dos atos praticados, João poderá ser responsabilizado por Improbidade Administrativa,
o que, na Lei nº 8.429, poderá implicar sanções como estas: perda da função pública, suspensão de direitos
políticos por um período de 5 a 8 anos e pagamento de multa civil de até 100 vezes o valor da remuneração
percebida pelo agente.

Questão 5 – TCE-AM/2021/auditor
O Chefe do Poder Executivo do Município Alfa encaminhou o projeto de lei orçamentária anual à Câmara
Municipal. Nesse projeto, era estimada a receita para o próximo exercício financeiro levando-se em
consideração operação de crédito a ser realizada, sendo almejada a autorização para a sua contratação. O
Poder Executivo ainda era autorizado a abrir crédito adicional, com os recursos a serem obtidos na referida
operação, para o reforço das dotações orçamentárias indicadas. Na justificativa que acompanhava o projeto,
a operação de crédito era justificada pela necessidade, em primeiro lugar, de ser mantido o pagamento pelo
fornecimento
fornecimentode
dediversos
diversosmateriais
materiaisde
deescritório
escritóriodedeuso
uso contínuo.
contínuo.Afinal,
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Em segundo cerca de 60% de
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obras que estavam paralisadas em razão da sensível diminuição da arrecadação tributária, o que ensejava o risco
conclusão de obras que estavam paralisadas em razão da sensível diminuição da arrecadação tributária, o
de deterioração. Portanto, foram perfeitamente indicadas as duas espécies de despesas ... continua...
que ensejava o risco de deterioração.www.turmaderedacaoconcursos.com.br
Portanto, foram perfeitamente indicadas as duas espécies de despesas
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que seriam satisfeitas com as receitas a serem obtidas com a operação de crédito. O projeto veio a ser
aprovado pelo voto da maioria simples dos vereadores, sendo convertido em lei. Com isso, foi realizada a
operação de crédito e, por decreto do Prefeito Municipal, as respectivas receitas foram direcionadas à
realização das despesas indicadas. Analise a compatibilidade com a ordem constitucional, sob a perspectiva
formal e material, da parte da lei orçamentária descrita na narrativa, que embasou a atuação do Prefeito
Municipal.

Trata-se de análise de compatibilidade entre a atuação do Prefeito Municipal com a ordem


constitucional, quanto à execução orçamentária.
Preliminarmente, compete esclarecer que, com fulcro na Constituição Federal de 1988 (CF/88), cabe ao
Presidente da República encaminhar projeto de lei orçamentária anual ao Congresso Nacional. Desse modo,
em razão do princípio da simetria das normas constitucionais, o Prefeito Municipal tem o poder de iniciativa
privativa para encaminhar o projeto de lei orçamentária anual à Câmara Municipal.
Em segundo lugar, a CF/88 permite que a lei orçamentária anual autorize abertura de créditos
suplementares e a contratação de operações de crédito, nos termos da lei. Portanto, há constitucionalidade
no fato de a lei orçamentária anual do caso em comento conter autorização para a abertura de créditos
especiais suplementares e para a contratação de operação de crédito.
Por outro lado, há inconstitucionalidade na indicação de que parte dos recursos derivados de operação
de crédito seria destinada à cobertura de despesas de custeio e na aprovação de créditos teria ocorrido por
maioria simples na Câmara Municipal. Na CF/88, há vedação expressa à realização de operações de créditos
que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares
ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta. No caso em estudo,
parte dos recursos vindos de operação de crédito foi direcionada às despesas de capital (conclusão de obras
paralisadas) mas parte foi destinada às despesas de custeio (o pagamento pelo fornecimento de diversos
materiais de escritório de uso contínuo). Além disso, a abertura de créditos foi aprovada por maioria simples,
o que foge à ressalva constitucional.

Questão 6 – Sefaz-ES/2021/auditor

A sociedade empresária Sapatos e Bolsas Comércio Ltda., com sede em Vitória (ES), atuante no setor
de vendas a varejo de calçados e bolsas, declarou a menor, pagando também a menor, o ICMS devido em
certo período de apuração. Em razão disso, o Fisco Estadual autuou a sociedade empresária, realizando um
lançamento suplementar de ofício com multa quanto à parcela de ICMS que não havia sido nem declarada
nem paga. A sociedade empresária então adere a um programa estadual de parcelamento em 10 vezes para
pagar a dívida objeto da autuação e inicia o pagamento das parcelas. Contudo, após o pagamento da 5ª
parcela, é avisada por seu advogado de que, no momento do lançamento, já teria se consumado a
decadência dos créditos presentes na autuação.
Diante desse cenário, responda aos itens a seguir.
A) Conceitue decadência tributária e indique como se conta o prazo decadencial, na hipótese do
enunciado. (Valor: 15 pontos)
B) Em razão da adesão livre e espontânea ao parcelamento da dívida, avalie os efeitos de confissão
de dívida e de não restituição das parcelas já pagas, decorrentes de tal adesão. (Valor: 15 pontos)
Observação: cada um dos itens deve ser respondido em espaço específico, com no máximo 20 linhas.

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Assim, para se garantir o direito líquido e certo dos filhos dos moradores do bairro Alfa, deve-se impetrar o
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mandado de segurança coletivo., nos termos do art. 5º da CF/88, pode ser impetrado por organização sindical,
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entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa
dos interesses de seus membros ou associados.
A decadência tributária, prevista no art. 173 do CTN, é a extinção ou perda do direito de a Fazenda
Pública constituir pelo lançamento o crédito tributário. Acrescenta-se que o prazo decadencial dos tributos
sujeitos a lançamento por homologação, tal como o ICMS, na hipótese de declaração parcial com pagamento
parcial, é de cinco anos contados a partir da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Decorrido esse
prazo, ocorre a homologação tácita do lançamento.
No caso em tela, a adesão livre e espontânea ao parcelamento da dívida não faz renascer crédito que
fora alcançado pela decadência. Assim, tal ato da Sociedade empresária em comento não é considerado
confissão de dívida, porque, com a decadência, a dívida já não existe. Com efeito, qualquer pagamento feito
ao Fisco, após a consumação da decadência, é indevido e enseja a restituição ou repetição do indébito
tributário (parágrafo único, art. 138 do CTN).

Questão 7 – PMRJ/Oficial 2021

Diversos moradores do Bairro Alfa requereram a matrícula dos seus filhos, todos com idade inferior
a 11 anos, na educação básica da escola municipal XX, situada no Bairro Beta, sendo apresentado o histórico
escolar e os demais documentos exigidos. Os requerimentos, no entanto, foram indeferidos pelo Diretor da
escola municipal XX, por escrito, sob o argumento de que a preferência nas matrículas era dos filhos dos
moradores do Bairro Beta. A decisão foi proferida apesar de existirem vagas disponíveis.
Insatisfeitos, os moradores procuraram o apoio da Associação de Moradores do Bairro Alfa, da qual
eram associados e que tinha, entre os seus objetivos estatutários, o de zelar pela educação dos associados e
de seus dependentes. A associação fora constituída em estrita harmonia com a ordem jurídica e vinha
funcionando de modo ininterrupto há uma década.
Ao tomar conhecimento dos fatos, a associação decidiu ajuizar a ação constitucional cabível para
compelir o Diretor a realizar a matrícula dos filhos dos associados.
À luz da narrativa acima, responda, conforme a sistemática constitucional, aos itens a seguir.
a) Os filhos dos associados da Associação de Moradores do Bairro Alfa deveriam ser matriculados na
escola municipal XX? Justifique.
b) O Diretor da escola municipal XX pode dar preferência aos filhos dos moradores do Bairro Beta em
detrimento dos moradores do Bairro Alfa? Justifique.
c) Indique a ação constitucional que deve ser ajuizada pela Associação de Moradores do Bairro Alfa.
Justifique.

À luz da Constituição Federal de 1988 (CF/88), é importante esclarecer que os filhos dos associados da
Associação de Moradores do Bairro Alta deveriam ser matriculados na escola municipal XX, situada no bairro
Beta. Isso ocorre porque as crianças e os adolescentes têm o direito de público subjetivo à matrícula na
educação básica da escola municipal, visto que o direito à educação é um direito social cujo fundamento é a
manutenção da dignidade da pessoa humana. Como a dignidade é um dos fundamentos do Estado
Democrático de Direito, deve ser garantido a todos o acesso à educação (CF/88, art. 1º, III).
Nesse sentido, ao dar preferência de matrícula para os filhos do bairro onde está situada a escola (bairro
Beta), o direitor da escola afronta o princípio da igualdade, consagrado no art. 5º da CF/88. Nos termos deste
artigo, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
Assim, para se garantir
Assim, para seo direito
garantirlíquido e certo
o direito dos filhos
líquido dos moradores
e certo dos filhos do
dosbairro Alfa, deve-se
moradores impetrar
do bairro Alfa,o mandado
deve-se de
segurança
impetrar coletivo.,
o mandadonos termos do art. 5ºcoletivo.,
de segurança da CF/88,nos
podetermos
ser impetrado
do art. por
5º organização sindical,
da CF/88, pode serentidade
impetradode classe
por ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses
organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo de seus
membros ou associados.
menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.
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Questão 8 – PMRJ/Oficial 2021


Gabriel e Jorge, policiais militares em serviço, estavam em patrulhamento em determinada
comunidade do Rio de Janeiro, quando receberam, do setor de inteligência da Polícia Militar, detalhes de
uma denúncia anônima que informava que Paulo estaria armazenando drogas para distribuição para aqueles
que seriam responsáveis pela venda direta do material ilícito para usuários.
Informados sobre o endereço dos fatos e sobre a suposta prática de delito de natureza permanente,
os policiais ingressaram no imóvel imediatamente, sem contato com o morador, e, de fato, lá encontraram
Paulo e apreenderam materiais assemelhados a entorpecentes. Diante da grande quantidade de drogas
apreendida, os policiais optaram por realizar diligência no imóvel vizinho ao de Paulo. Ao baterem na porta,
teriam sido atendidos por Carlos. Em diligência nesta residência, apreenderam uma arma de fogo,
devidamente municiada, com numeração suprimida.
Paulo e Carlos foram encaminhados à delegacia. Os policiais militares ouvidos no procedimento
reiteraram a informação recebida pelo setor reservado da Polícia Militar em relação a Paulo, bem como
alegaram que Carlos autorizara o ingresso em seu imóvel, não apresentando qualquer documentação neste
sentido.
Foi acostado laudo de exame de material entorpecente confirmando a apreensão de 2kg de maconha
e 1kg de cocaína na casa de Paulo e laudo pericial confirmando o potencial lesivo da arma de fogo que estava
na posse de Carlos. Carlos e Paulo permaneceram em silêncio.
Considerando os fatos narrados, discorra sobre a validade das apreensões realizadas pelos policiais
nas residências de Pablo e Carlos, em especial analisando a mais recente jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça sobre o tema da inviolabilidade de domicílio. Obs.: suas respostas devem ser devidamente
justificadas.
Trata-se de análise jurídica da validade das apreensões realizadas por policiais nas residências de Pablo
e Carlos.
Preliminarmente, convém esclarecer que o direito à inviolabilidade de domicílio é garantido pelo artigo
5º, inciso XI, da Constituição Federal de 1988 (CF/88), que determina ser a casa asilo inviolável do indivíduo,
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador. As únicas ressalvas, previstas na CF/88, para
invalidar este direito são as seguintes: haver flagrante delito, haver situação de desastre, prestar socorro, ou,
durante o dia, estar o ingressante munido de determinação judicial.
Em segundo lugar, é importante considerar que a droga apreendida na casa da Paulo, em tese, configura
crime de tráfico de drogas, previsto no art. 33 da Lei 11.343/2006. De forma similar, também é crime, nos
termos da Lei 10.826/2003, a arma de fogo na condição encontrada na casa de Carlos. Considerando que ambos
são crimes de natureza permanente e que está em flagrante quem o pratica em sua residência, em tese, a
situação de flagrância justificaria a entrada de policiais para fazer cessar a prática do delito,
independentemente de mandado judicial. Mas tal ingresso excepcional exige que existam elementos
suficientes de probabilidade delitiva.
Nesse sentido, cabe defender que o ingresso dos agentes na casa de pablo, sem que este autorizasse a
entrada dos policiais, ocorrida a partir de uma denúncia anônima, é ilícito, pois faltam fundadas razões no
contexto fático anterior ao ingresso para tornar legal a ação dos policiais.
Quanto ao ingresso na casa de Carlos, este, em regra, deveria ser considerado válido, porque, segundo
os policiais, o morador autorizou o feito. Porém, sem provas do consentimento de Carlos, essa diligência, na
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é ilegal. Nos termos jurisprudenciais, os agentes policiais, sem
mandado judicial, só devem ingressar em residência, sem prejuízo de outras exceções legais, com autorização
registrada em áudio e em vídeo do consentimento do morador.
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