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Matéria: DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

Professor: RODRIGO GONÇALVES


Teoria e Questões comentadas
Prof. Rodrigo Gonçalves

APRESENTAÇÃO

Olá, amigos!

É com grande prazer que faço parte dessa equipe inovadora e competente
do Curso Exponencial!
Estava na posição de vocês, estudando alucinadamente todos os bons
materiais que via pela frente, “dando o sangue” para alcançar o objetivo de ser
aprovado no concurso para Força Aérea Brasileira. Primeiro ingressei na
Aeronáutica por meio de concurso para o quadro temporário, e servir às Forças
Armadas foi a minha vocação, motivo pelo qual me dediquei para ser aprovado
no concurso para ser militar de carreira.
A vontade de ser aprovado no concurso aumentou depois de ter
ingressado na Força Aérea e ter sentido a vocação de cumprir com o dever de
exercer uma atividade muito específica. Como o tempo passava e a
permanência no serviço ativo era reduzido, a dedicação aos estudos foi total.
Foram dias incansáveis de estudo até ser aprovado e matriculado no Curso de
Formação de Sargentos.
Minha trajetória, posso resumir, foram 4 meses de estudo para o primeiro
concurso, e depois, mais 8 meses para ser aprovado no segundo concurso.
Após concluir o curso de formação, ingressei no curso de direito na
UNISAL. Ao ser graduado bacharel em direito fui designado para atuar na
Assessoria Jurídica da Organização Militar. Na sequência, realizei Curso de
Polícia Judiciária Militar e o Curso de Direito Internacional dos Conflitos Armados
e Direitos Humanos no Centro de Instrução e Especialização da Aeronáutica, no
Rio de Janeiro. E a especialização militar em Polícia Judiciária Militar na
Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo, além de outros cursos
militares, por exemplo, Direito Processual Penal Militar na Escola Judiciária
Militar do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo.
Academicamente, somado aos cursos militares, sou especialista em
Direito Público pela UNISAL e em Direito Penal e Processo Penal pela USCS, bem
como pós-graduando em Planejamento, Gestão e Implementação de Educação
a Distância pela UFF.
Servi na Escola de Especialistas de Aeronáutica onde exerço atividades
na área jurídica e a função de instrutor (professor) nesta escola militar.
Atualmente foi cedido para exercer atividades de apoio processual na
Procuradoria Seccional da União de São José dos Campos-SP.
Nossa missão é oferecer um material completo com a máxima
objetividade.

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No curso de Direito Processual Penal Militar para a PM-GO


estudaremos os princípios desta área específica, com ênfase nos pontos que o
diferencia em relação ao direito processual penal militar.
Nos momentos oportunos, serão apresentados exercícios para
complementar as teorias, bem como tabelas e esquemas com o objetivo de
facilitar a resolução das questões e suas respectivas pegadinhas na hora da
prova.
Haverá dinamismo nas nossas aulas, de modo que determinados
assuntos iremos interagir com perguntas e respostas que, apesar de não ser
questão de prova, ajudará a resolver os assuntos cobrados no concurso.
Nesta primeira aula abordaremos aspectos gerais do Direito Processual
Penal Militar que é necessário para compreende os demais assuntos no decorrer
do curso.
Desde o início iremos detalhar conceitos típicos da atividade militar,
incluindo doutrina e legislação castrense. Não se preocupe, sempre que
necessário, voltaremos às definições julgadas importantes para o nosso estudo.
Logo você estará familiarizado com os termos específicos da nossa disciplina.
Mas, em caso de dúvidas, vamos interagir: estarei à disposição no fórum (nossa
sala de aula) para esclarecer qualquer ponto que não tenha ficado muito claro.
Percorreremos três passos em nosso estudo:

Conhecimento Assimilação Domínio

Contem comigo nesse estudo! Estarei à disposição sempre! Acesse o


Fórum! Tire suas dúvidas.

Histórico e análise das provas


Direito Processual Penal Militar

O Direito Processual Penal Militar é uma área pouco explorada nos bancos
acadêmicos. Concordo com vocês que se assuntam com o edital do concurso
quando encontram, dentre as matérias exigidas no certame, as disciplinas de
direito militar.
Não somente no concurso para o PM-GO nossa matéria é exigida.
Por isso, vamos em cada aula trazer questões de Direito Processual
Penal Militar.

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Vamos estipular uma meta neste nosso curso? Em cada aula resolva a
questão comentada, e quando for para as demais questões, após assinalar a
resposta, faça um comentário, e quando conferir o resultado, nossa meta será
acertar 75%. É muito? Não! É dedicação!
As questões da banca AOCP são bem elaboradas, e com a sua dedicação,
tenho certeza que compreenderá o conteúdo da nossa aula e atingirá nossa
meta.
Na tabela abaixo fizemos um RAIO-X da última prova para PMGO com o
objetivo de ajudar na orientação de seu estudo. O último concurso foi realizado
pela banca FUNRIO.

PROVA PMGO
ASSUNTO (Quantidade de questões por
assunto)
2017 Total
Processo penal militar e sua
1 1
aplicação

Ação penal 1 1

Competência 1 1

Das medidas assecuratórias 1 1

No quadro abaixo segue o programa do nosso curso. Os temas são


apresentados conforme o edital do deste concurso.
Aula Conteúdo
00 Decreto Lei nº 1002/1969; Da Lei processual penal militar e sua
aplicação
01 Da polícia judiciária militar; Da ação penal militar
02 Do juiz, auxiliares e partes no processo; Da denúncia; Do foro militar;
Da competência
03 Das comunicações processuais; Das provas
04 Dos processos

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05 Das nulidades e dos recursos


06 Da execução
07 Da justiça militar em tempo de Guerra
*Confira o cronograma de liberação das aulas no site do Exponencial,
na página do curso.
Finalmente, hora de iniciar nossos estudos! Tenha uma boa aula!

Aula 00 – Direito Processual Penal Militar

Sumário

1- Decreto Lei nº 1002/1969 ............................................................... 5

2- Processo Penal Militar e sua aplicação .......................................... 11

2- Questões Comentadas ................................................................... 16

3- Questões da aula (sem comentários) ............................................ 22

4- Gabarito 25

5 Referencial Bibliográfico ................................................................. 25

1- Decreto Lei nº 1002/1969

O Código de Processo Penal Militar (CPPM), Decreto-lei nº 1.002, de 21


de outubro de 1969, revogou o Código de Justiça Militar que além da matéria
processual englobava a organização judiciária militar.
O atual CPPM abrange toda a matéria relativa ao processo penal militar,
socorrendo-se, em casos de lacunas insuperáveis, da legislação processual
comum.
Resguarda os princípios constitucionais da hierarquia e da disciplina que
regem as Forças Armadas e Forças Auxiliares.
Cabe a lei específica tratar da organização judiciária militar no âmbito da União
e legislação própria para os estados.
Basicamente, a definição de crime está no Código Penal Militar, a
legislação processual é o Código de Processo Penal Militar e a organização
judiciária militar da União está contida na Lei nº 8.457, de 4 de setembro de
1992.

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CÓDIGO
CÓDIGO DE
PENAL PROCESSO
MILITAR PENAL
MILITAR

LEI Nº
8.457/19
92

O processo penal militar está dividido em cinco livros, sendo que o último
deles se refere a normas concernentes à Justiça Militar em tempo de guerra.
LIVRO 1 APLICAÇÃO
POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR
INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
AÇÃO PENAL MILITAR
PROCESSO PENAL MILITAR EM GERAL
JUIZ, AUXILIARES E PARTES DO PROCESSO
DENÚNCIA
FORO MILITAR
COMPETÊNCIA
CONFLITOS DE COMPETÊNCIA
QUESTÕES PREJUDICIAIS
INCIDENTES
MEDIDAS PREVENTIVAS E ASSECURATÓRIAS
CITAÇÃO, INTIMAÇÃO E NOTIFICAÇÃO
ATOS PROBATÓRIOS
LIVRO 2 PROCESSO EM ESPÉCIES
LIVRO 3 DAS NULIDADES E RECURSOS EM GERAL
LIVRO 4 DA EXECUÇÃO
LIVRO 5 DA JUSTIÇA MILITAR EM TEMPO DE GUERRA

Adota-se uma sequência lógica, desde a investigação policial até a


instrução criminal, às quais antecedem as normas de regência do processo penal

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militar e as de interpretação, suprimento e aplicação territorial, em tempo de


paz e de guerra.
Refere-se, ainda, sobre a polícia judiciária militar, à sua competência e
às autoridades militares que a exercem, na respectiva escala hierárquica.
Possui competência federal ou estadual dependendo da razão da matéria,
Forças Armadas ou Forças Auxiliares.
Quanto ao inquérito policial militar, o CPPM dispõe de modo cuidadoso as
normas de hierarquia entre indiciado, se militar, e encarregado, a autoridade
que recai as atribuições de autoridade de policial judiciária militar.
Por óbvio, abarca a respeito da ação penal militar, que cabe a sua
promoção somente por denúncia do Ministério Público, que não poderá desistir
após o oferecimento.
A denúncia deve seguir os requisitos legais, bem como a fixação de prazos
diferentes para situações de indiciado preso ou solto.
Trata também das pessoas que tomam parte no processo: juiz e seus
auxiliares e as partes, acusador, assistente e acusado.
Regulamenta os impedimentos processuais e as suspeições dos juízes e
seus auxiliares e dos representantes do Ministério Público.
Prescreve também que nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido,
seja processado ou julgado sem defensor. Neste sentido, garante a nomeação
de curador ao acusado incapaz, assim como o aditamento do processo, na falta
de comparecimento do defensor, desde que indispensável a sua presença.
O código apresenta a competência do foro militar, atendendo às
peculiaridades da sua Justiça, bem como a situação profissional dos militares e
suas prerrogativas.
Regula a matéria de modo diferente do adotado na legislação processual
comum, embora mantendo a primazia da competência pelo lugar da infração.
Para o militar em situação de atividade, a competência do foro, quando
não se puder determinar o lugar da infração, será o da unidade, navio, força ou
órgão onde estiver servindo.
É estabelecida a competência dentro de cada Circunscrição Judiciária,
obedecendo, ordenadamente, à especialização das Auditorias, que atualmente,
nos casos de competência da justiça militar estadual, há auditoria competente
para processa e julgar a matéria civil, ou seja, assuntos não relacionados ao
crime, como, por exemplo, ações alusivas a infrações disciplinares em sede de
mandado de segurança.
Vejamos a divisão territorial das Circunscrições Judiciárias da Justiça
Militar da União.

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Fig. 1: divisão territorial das Circunscrições Judiciárias da Justiça Militar da União (fonte: Cartilha
do STM – 2013)

Eventual arguição de nulidade por questão de incompetência, não há


previsão legal de que os atos sejam refeitos pelo juízo competente, tanto para
incompetência em razão do local quanto em razão da pessoa. Mas, isso será
estudado com mais detalhes em aula específica.
Voltamos para o Código de Processo Penal Militar (CPPM) para continuar
a conhece-lo, visto que trata também sobre a busca e apreensão, estabelecendo
com minudência os requisitos para a sua execução e as cautelas a que devem
ficar adstritas. Tem as disposições específicas sobre sequestro, hipoteca legal e
arresto de bens do acusado.
Quanto à prisão provisória (a prisão em flagrante ou a prisão preventiva),
o CPPM contém um capítulo especial sobre as disposições que a regem, inclusive
a respeito do tratamento que deve receber o indiciado ou acusado sob custódia,
e as pessoas que, pela sua qualidade, têm direito a recolhimento em quartel ou
prisão especial.
As regras adotadas para a prisão em flagrante são semelhantes com as
da legislação processual comum, exceto nas peculiaridades ao âmbito militar.

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL CÓDIGO DE PROCESSO PENAL


MILITAR

Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os Art. 301. Qualquer do povo poderá
militares deverão prender quem for e as autoridades policiais e seus
insubmisso ou desertor, ou seja, agentes deverão prender quem quer
encontrado em flagrante delito. que seja encontrado em flagrante
delito.

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A prisão preventiva ficou admitida com os requisitos da prova do fato


delituoso ou indícios suficientes de autoria. Além desses requisitos, deve
fundar-se em um dos casos de garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal, periculosidade do indiciado ou acusado, segurança da
aplicação da lei penal militar, exigência da manutenção das normas ou princípios
de hierarquia e disciplina militares, quando ficarem ameaçados com a liberdade
do indiciado ou acusado.
Há somente no direito penal militar a mensagem, que é de tradição no
processo penal militar, é o benefício concedido a militares e civis sujeitos à
jurisdição militar e ainda não condenados, os quais assumem o compromisso de
permanecer no local indicado pela autoridade competente. É cumprida em uma
cidade, quartel, ou mesmo na própria habitação, sem rigor carcerário.
Concernente aos atos probatórios, o CPPM trata da qualificação e
interrogatório do acusado, confissão, perguntas ao ofendido, perícias e exames,
testemunhas, acareação, reconhecimento de pessoa e de coisa, documentos e
indícios.
É claro que serão observadas no inquérito as disposições referentes às
testemunhas e sua acareação, ao reconhecimento de pessoas e coisas, aos atos
periciais e a documentos, bem como quaisquer outros atos que tenham
pertinência com a investigação do fato delituoso e sua autoria.
No que tange aos processos em espécie, com dois títulos, relativos,
respectivamente, ao processo ordinário e aos processos especiais. A instrução
criminal bem como o julgamento dos processos na Justiça Militar, são feitos
perante Conselhos de Justiça:

Conselho Especial de Justiça Conselho Permanente de Justiça

Composto por 1 Juiz – Auditor e 4 Composto por 1 Juiz – Auditor e 4


Juízes Militares com precedência Juízes Militares sorteados para
hierárquica superior à do acusado. atuarem por trimestre, processa e
Sorteados para processar e julgar julga militares praças e civis.
quando os acusados são oficiais até o
posto de Coronel.

Os civis figuram como acusados apenas nos casos em que a


competência para processar e julgar seja da Justiça Militar da União.
De acordo com a competência constitucional da justiça militar, a
justiça militar estadual não tem competência para processar e julgar
civis.
Caso há conduta típica praticada por civil nas circunstâncias descritas
no Código Penal Militar, que caracterize crime de natureza militar,

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serão os autos do inquérito, ou outro procedimento, serão remetidos


à justiça comum.

Há também os ritos processuais próprios para os casos de crime de


insubmissão e de deserção.

o crime de deserção é configurado


quando o militar fica ausente sem
Deserção
justificativa da Organização Militar
em que serve por mais de oito dias
Ritos
Processuais O crime de insubmissão é praticado
por civil, o cidadão convocado para
o serviço militar obrigatório que
Insubmissão
não comparece para o ato de
incorporação. Este crime só pode ser
praticado contra as Forças Armadas

Compreende os processos especiais, além dos referentes à deserção e


insubmissão, o habeas corpus e restauração de autos, os da competência
originária do Superior Tribunal Militar e o de correição parcial.
O habeas corpus obedece às preceituações que são usuais na legislação
penal brasileira, excetuados, entretanto, os casos em que a ameaça ou coação
resultar:
a) de punições disciplinares aplicadas de acordo com os regulamentos
disciplinares das Forças Armadas; e
b) de punição aplicada aos oficiais e praças das Polícias e Corpos de
Bombeiros, Militares, de acordo com os respectivos regulamentos.

É de competência privativa do Superior Tribunal Militar para o


julgamento do habeas corpus, determinando que, antes do julgamento, se
dê vista do processo ao Procurador-Geral.
O CPPM trata também, da execução da sentença, incidentes da execução,
indulto, comutação da pena, anistia, reabilitação e execução das medidas de
segurança.
As normas a respeito da Justiça Militar em tempo de guerra estão tratadas
no Livro V, a Lei de Organização Judiciária Militar consta os órgãos a que
compete o julgamento dos crimes praticados em zonas de operações ou
território estrangeiro militarmente ocupado por forças brasileiras, tendo-se em
atenção os tratados e convenções internacionais.

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2- Processo Penal Militar e sua aplicação

O processo é caracterizado pela sua rapidez, reduzindo-se os prazos, quer


de acusação quer de defesa, e suprimindo-se certos termos admissíveis nos
processos em tempo de paz.
A instrução criminal e o julgamento são feitos perante os órgãos de
Justiça, que acompanham a tropa.
Há preceitos especiais quanto aos crimes de responsabilidade e de
deserção.
São previstos, além da apelação voluntária de sentença de primeira
instância, os recursos de ofício, de sentença que impuser pena restritiva da
liberdade superior a oito anos e quando se tratar de crime a que é cominada
pena de morte, e a sentença for absolutória ou não aplicar a pena máxima.
Apesar de muito contestado, não haverá habeas corpus nem revisão.
As fontes do direito processual penal militar podem ser materiais ou
formais:

Fontes do Direito Processual


Penal Militar

Fonte Fonte
Material Formal

é o Estado, em razão da é o próprio Código de Processo


competência provativa da União Penal Militar (CPPM), cuja
em legislar sobre a matéria aplicação se dará em tempo de
processual, art. 22, I, CF. paz ou em tempo de guerra

O processo penal militar é regido pelas normas contidas no CPPM, salvo


legislação especial que lhe for estritamente aplicável. Nos casos concretos, se
houver divergência entre as normas do CPPM e as de convenção ou tratado de
que o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas.
Importante destacar que se aplicam, subsidiariamente, as normas do
CPPM aos processos regulados em leis especiais.
Dentre os princípios do processo penal, o processo penal militar
acompanha os seguintes:
• Devido Processo Legal (CF, art. 5º, LIV), não há privação de liberdade ou
perda de bens sem o devido processo legal.

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• Do Juiz Natural (CF, art. 5º, XXXVII), não haverá juízo ou tribunal de
exceção.
• Estado de Inocência (CF, art. 5º, LVII), ninguém será declarado culpado, e
não, que todos presumem-se inocentes antes do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória.
• Contraditório e Ampla Defesa (CF, art. 5º, V), supõe conhecimento dos atos
processuais pelo acusado e seu direito de resposta e de reação.
• Oralidade, não admitido como regra, pois há a necessidade de concentração
e obrigação de o juiz ficar em contato com as partes.
• Verdade Real, é a investigação dos fatos como se passaram na realidade, e
não a verdade formal trazida pelas partes.
• Publicidade (CF, art. 5º, LX; art. 93, IX), poder ser geral ou especial, ou seja,
para todo ou para as partes de um determinado processo.
• Oficialidade (CF, art. 129, I), o Ministério Púbico Militar é o exclusivo dono da
ação penal militar, que é sempre pública incondicionada, ressalvada a
possibilidade da ação privada subsidiária da pública (CF, art. 5º, LIX).
• Iniciativa das Partes e o Impulso Oficial (CPP, art. 251; CPPM, art. 36), o juiz
não pode dar início ao processo sem a provocação da parte legítima.
• Inadmissibilidade das Provas Ilícitas (CF, art. 5º, LVI), são inadmissíveis as
provas obtidas mediante prática de algum ilícito penal, civil ou administrativo.
• Razoável Duração do Processo e Garantia da Celeridade Processual (EC nº
45), objetivo a ser alcançado.

Além da aplicação dos princípios processuais, a lei de processo penal


militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões. Os termos
técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se
evidentemente empregados com outra significação.
Admite-se a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando
for manifesto, no primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no
segundo, que é mais ampla, do que sua intenção.
Porém, não é admissível qualquer dessas interpretações, quando:

a) cercear a defesa pessoal do acusado;

b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar


a natureza;

c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram


origem ao processo.

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Os casos omissos do Código de Processo Penal Militar serão supridos:

a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso


concreto e sem prejuízo da índole do processo penal militar;

b) pela jurisprudência;

c) pelos usos e costumes militares;

d) pelos princípios gerais de Direito;

e) pela analogia.

Como já citada, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito


internacional, aplicam-se as normas do Código de Processo Penal Militar em
tempo de paz e em tempo de guerra.
O CPPM é o instrumento de aplicação do Código Penal Militar, e tem como
regra, a extraterritorialidade da lei penal militar.

Direito Penal Militar Direito Penal

Regra: extraterritorialidade Regra: territorialidade

Pelo princípio da territorialidade, é importante lembrar que em nível


federal, o território nacional está dividido em 12 circunscrições e em nível
estadual, cada Unidade da Federação possui uma Justiça Militar.
Quando houver referência aos crimes contra a segurança nacional, deve-
se compreender que atualmente são processados e julgados pela justiça federal,
conforme constitucionalmente defino no art. 109, IV.
As normas do CPPM se aplicarão a partir da sua vigência, inclusive nos
processos pendentes, sem prejuízo dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior, ressalvados os seguintes casos previstos no art. 711:

Art. 711, do CPPM

a) aplicar-se-ão à prisão provisória as disposições que forem mais


favoráveis ao indiciado ou acusado;

b) o prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de


recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não estatuir prazo
menor do que o fixado no CPPM;

c) se a produção da prova testemunhal tiver sido iniciada, o


interrogatório do acusado far-se-á de acordo com as normas da lei
anterior;

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d) as perícias já iniciadas, bem como os recursos já interpostos,


continuarão a reger-se pela lei anterior.

Destaca-se que obedecerão às normas processuais previstas no CPPM, no


que forem aplicáveis, salvo quanto à organização de Justiça, aos recursos e à
execução de sentença, os processos da Justiça Militar Estadual, nos crimes
previstos na Lei Penal Militar a que responderem os oficiais e praças das Polícias
e dos Corpos de Bombeiros Militares.
Lembra-se que a maioria dos estados não possuem Tribunais de Justiça
Militar, sendo o duplo grau de jurisdição complementado pelo Tribunal de
Justiça.

Tribunal de Justiça Militar de São Paulo

Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais

Tribunal de Justiça Militar do Rio Grande do Sul

O Estado, em razão de sua soberania, possui uma série de poderes,


dentre eles encontra-se o poder de punir (jus puniendi), e esse poder não é
auto executável, necessitando efetivar a persecução penal.
A Persecução penal divide-se em três fases:
a) Fase Investigatória;
b) Fase Processual; e
c) Execução Penal.

A primeira fase visa apurar a infração por meio de um procedimento


administrativo, que não se sujeita às mesmas fórmulas do processo judicial,
denominado Inquérito Policial Militar. O Código de Processo Penal Militar
determina que, ocorrendo fato tipificado como crime de natureza militar, a
apuração deve ser realizada pela autoridade detentora do poder de polícia
judiciária, ou seja, Ministro de Estado da Defesa, os Comandantes da Marinha,
do Exército e da Aeronáutica; os Chefes do Estado-Maior e o Secretário-Geral
da Marinha, os Comandantes do Exército e o Comandante-Chefe da Esquadra,
os Comandantes de Região Militar, de Distrito Naval ou de Comando Aéreo
Regional; os Diretores, Chefes e Comandantes de repartições, estabelecimentos
ou unidades, navios ou forças.
No entanto, previu ainda o legislador a possibilidade de delegação do
exercício deste poder, desde que observados alguns princípios e requisitos
indicados pela lei.

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Na fase processual, cabe ao juiz da instrução criminal dirigir o processo


que visa a comprovação judicial sobre uma acusação ou arquivamento do
inquérito de modo a melhor proteger os interesses das partes de um processo
penal.
Findo o processo, sendo a decisão condenatória, passa-se a última fase,
o cumprimento da sentença.

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2- Questões Comentadas

1- (PM-GO - Cadete - FUNRIO - 2017) Considerando o disposto pelo


Código de Processo Penal Militar acerca da lei processual penal militar e sua
aplicação, assinale a alternativa CORRETA.
a) Suas normas são aplicáveis, em tempos de paz, em todo o território nacional
e em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de força militar
brasileira.
b) Suas normas não são aplicáveis fora do território nacional.
c) Suas normas serão aplicadas a partir da sua vigência, inclusive nos processos
pendentes, ressalvados os casos previstos no art. 711, considerando-se
inválidos os atos realizados sob a vigência da lei anterior.
d) Os processos da Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos pela Lei Penal
Militar a que responderem os oficiais e praças das Polícias Militares e dos Corpos
de Bombeiros Militares, obedecerão às suas normas, no que forem aplicáveis,
salvo quanto à organização de Justiça, aos recursos e à execução de sentença.
e) A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido teleológico
de suas expressões.
Resolução:
a) Errada: com a Lei nº 13.491/2017, ampliaram as hipóteses de aplicação da
lei processual penal militar, porém não se pode dizer de modo genérico
“operações de força militar”, deve estar contida nas hipóteses legais.
b) Errada: as normas de direito processual penal militar são aplicadas no
território nacional e fora deste, exemplo que podemos destacar, missões de paz,
bem como em caso de guerra.
c) Errada: os atos realizados na vigência da lei processual penal militar anterior
a vigência da nova lei são válidos, isto significa que não serão anulados ou
refeitos
d) Certa: os processos na Justiça Militar Estadual obedecem as normas previstas
no Código de Processo Penal Militar, porém, observa-se, que os recursos serão
julgados pelo Superior Tribunal Militar, nos casos de processos em face de
militares das Forças Armadas ou civis, Tribunais de Justiça Militar em São Paulo,
Minas Gerais e Rio Grande do Sul, nos casos de Policiais Militares e Bombeiros
Militares, e Tribunais de Justiça nos demais Estados, além das diferenças na
forma de execução das penas.
e) Errada: a lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal
de suas expressões. Os termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção
especial, salvo se evidentemente empregados com outra significação.
Gabarito 1: D

2- (MPM – Promotor de Justiça Militar - MPM - 2013) No tocante à


interpretação da norma processual penal, podemos afirmar que:
a) interpretação literal importa na conformidade com o significado das palavras
segundo a intenção do legislador.

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b) A interpretação extensiva ocorre quando manifesto que a expressão da lei é


mais ampla que sua intenção: vg. ao dizer acusado abrange homens e mulheres.
c) Os termos técnicos são entendidos exclusivamente em sua acepção especial,
não se admitindo sejam empregados com outra significação, salvo disposto em
lei.
d) Não se admite as interpretações extensiva ou restritiva quando desfigurar de
plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo
Resolução:
a) Errada: Art. 2º, do CPPM: A lei de processo penal militar deve ser
interpretada no sentido literal de suas expressões.
b) Errada: Art. 2º, §1º, do CPPM: A interpretação extensiva (...) quando for
manifesto, no primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita.
c) Errada: Art. 2º, segunda parte, CPPM. Os termos técnicos hão de ser
entendidos em sua acepção especial, salvo se evidentemente empregados
com outra significação.
d) Certa: Art. 2º, do CPPM: A lei de processo penal militar deve ser interpretada
no sentido literal de suas expressões. Os termos técnicos hão de ser entendidos
em sua acepção especial, salvo se evidentemente empregados com outra
significação. No § 2º: Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações,
quando: a) cercear a defesa pessoal do acusado; b) prejudicar ou alterar o curso
normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza; c) desfigurar de plano os
fundamentos da acusação que deram origem ao processo.
Gabarito 2: D

3- (MPM – Promotor de Justiça Militar - MPM - 2013) De acordo com o


CPPM, os casos nele omissos poderão ser supridos:
a) Pelas normas do Código de Processo Penal comum, sem adoção de leis
extravagantes, em face do princípio da especialidade.
b) Pelos princípios gerais de direito e pela analogia.
c) Pela analogia e pelos usos e costumes militares estabelecidos pelos
respectivos regulamentos.
d) Em tempo de guerra ou de conflito armado pelas normas do Estatuto de
Roma e pelas Convenções de Genebra.
Resolução:
a) Errada: Art. 3º, do CPPM: Os casos omissos neste Código serão supridos: a)
pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e
sem prejuízo da índole do processo penal militar.
b) Certa: Art. 3º, do CPPM: Os casos omissos neste Código serão supridos: d)
pelos princípios gerais de Direito; e) pela analogia.
c) Errada: Art. 3º, do CPPM: Os casos omissos neste Código serão supridos: c)
pelos usos e costumes militares; e) pela analogia.
d) Errada: Art. 3º, do CPPM: Os casos omissos neste Código serão supridos: a)
pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e
sem prejuízo da índole do processo penal militar; b) pela jurisprudência; c) pelos
usos e costumes militares; d) pelos princípios gerais de Direito; e) pela analogia.

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Gabarito 3: B

4- (MPM – Promotor de Justiça Militar - MPM - 2013) Quanto à


aplicação da lei processual penal militar.
a) Tem aplicação intertemporal apenas nos crimes militares em tempo de
guerra.
b) Não tem aplicação a militares estaduais no que tange aos recursos e à
execução de sentença.
c) Tem aplicação em tempo de paz exclusivamente no território nacional.
d) A bordo de aeronaves ou navios estrangeiros em qualquer lugar se a infração
atenta contra as instituições militares ou a segurança nacional.
Resolução:
a) Errada: Art. 5º, do CPPM: As normas deste Código aplicar-se-ão a partir da
sua vigência, inclusive nos processos pendentes, ressalvados os casos previstos
no art. 711, e sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior.
b) Certa: Art. 6º, do CPPM: Obedecerão às normas processuais previstas neste
Código, no que forem aplicáveis, salvo quanto à organização de Justiça, aos
recursos e à execução de sentença, os processos da Justiça Militar Estadual, nos
crimes previstos na Lei Penal Militar a que responderem os oficiais e praças das
Polícias e dos Corpos de Bombeiros, Militares.
c) Errada: Art. 4º, do CPPM: Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional, aplicam-se as normas deste Código: I - em tempo de paz:
a) em todo o território nacional; b) fora do território nacional ou em lugar de
extraterritorialidade brasileira, quando se tratar de crime que atente contra as
instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o agente
processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira; c) fora do território
nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da força militar
brasileira, ou em ligação com esta, de força militar estrangeira no cumprimento
de missão de caráter internacional ou extraterritorial; d) a bordo de navios, ou
quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer que se encontrem,
ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou
militarmente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar
competente; e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar
sujeito à administração militar, e a infração atente contra as instituições
militares ou a segurança nacional.
d) Errada: Art. 4º, do CPPM: Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional, aplicam-se as normas deste Código: I - em tempo de
paz: e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito
à administração militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a
segurança nacional.
Gabarito 4: B

5- (MPE-ES – Promotor de Justiça – CESPE - 2010) Com base no direito


processual penal militar, assinale a opção correta.

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a) Segundo a lei processual penal militar, o princípio da imediatidade é aplicado


aos processos cuja tramitação esteja em curso, ressalvados os atos praticados
na forma da lei processual anterior. Caso a norma processual penal militar
posterior seja, de qualquer forma, mais favorável ao réu, deverá retroagir, ainda
que a sentença penal condenatória tenha transitado em julgado.
b) O CPPM dispõe expressamente a aplicação de suas normas, em casos
específicos, fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade
brasileira. Nesse ponto, o CPPM difere do CPP.
c) O sistema processual penal castrense veda, em qualquer hipótese, o emprego
da interpretação extensiva e da interpretação não literal.
d) Se, na aplicação da lei processual penal militar a caso concreto, houver
divergência entre essa norma e os dispositivos constantes em convenção ou
tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerá a regra especial da primeira,
salvo em matéria de direitos humanos.
e) Os casos omissos na lei processual penal militar serão supridos pelo direito
processual penal comum, sem prejuízo da peculiaridade do processo penal
castrense. Nesses casos, o CPPM impõe que haja a declaração expressa de
omissão pela corte militar competente, com quorum qualificado.
Resolução:
a) Errada: Com base no art. 2º e art. 5º, do CPPM, compreendemos que a lei
processual penal será aplicada desde logo, sem prejuízo da validade dos atos
realizados sob a vigência da lei anterior. As normas do CPPM serão aplicadas a
partir da sua vigência, inclusive nos processos pendentes, ressalvados os casos
previstos no art. 711, e sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a
vigência da lei anterior.
b) Certa: Conforme disposto no art. 4º, I, b, do CPPM, sem prejuízo de
convenções, tratados e regras de direito internacional, aplicam-se as normas do
CPPM em tempo de paz fora do território nacional ou em lugar de
extraterritorialidade brasileira, quando se tratar de crime que atente contra as
instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o agente
processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
c) Errada: De acordo com o Art. 2º §§ 1º 2 º, do CPPM, a lei de processo penal
militar deve ser interpretada no sentido literal de suas expressões. Os termos
técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se
evidentemente empregados com outra significação. Será admitida a
interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando for manifesto, no
primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais
ampla, do que sua intenção. Não é, porém, admissível qualquer dessas
interpretações, quando: a) cercear a defesa pessoal do acusado; b) prejudicar
ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza; c)
desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao
processo.
d) Errada: Conforme disposto no art. 1º, § 1º, o processo penal militar reger-
se-á pelas normas contidas neste Código, assim em tempo de paz como em
tempo de guerra, salvo legislação especial que lhe for estritamente aplicável.

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Nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de


convenção ou tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas.
e) Errada: Conforme art. 3º, a, do CPPM, os casos omissos neste Código serão
supridos pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso
concreto e sem prejuízo da índole do processo penal militar.
Gabarito 5: B

6- (Inédita) Os casos omissos do Código de Processo Penal Militar serão


supridos pelos usos e costumes militares.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
O art. 3º, c, do CPPM diz que os casos omissos deste código serão supridos,
dentre as hipóteses apresentadas, pelos usos e costumes militares.
Gabarito 6: C

7- (Inédita) O Estado, em razão de sua soberania, possui uma série de


poderes, dentre eles encontra-se o poder de punir (jus puniendi), e esse poder
não é auto executável, necessitando efetivar a persecução penal por meio das
fase de instrução e de processo.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
O poder de punir do Estado está na persecução penal, que se divide em três
fases, a saber: investigatória, processual e de execução.
Gabarito 7: E

8- (Inédita) Apesar de o Código de Processo Penal Militar ser semelhante


ao Código de Processo Penal, o CPPM não trata da execução penal, remetendo
esse tema para a Lei de Execução Penal.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
Dentro da estrutura do CPPM, observa-se que este código trata da execução
penal abordando a execução da sentença, os incidentes da execução, o indulto,
a comutação da pena, a anistia, a reabilitação e a execução das medidas de
segurança.
Gabarito 8: E

9- (Inédita) O direito processual penal militar admite interpretação


extensiva e restritiva, mesmo que cerceie a defesa pessoal do acusado.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
É certo que o direito processual penal militar admite interpretação extensiva ou
a interpretação restritiva, no primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita
e, no segundo, que é mais ampla. Todavia, não é admissível qualquer
interpretação de cerceie a defesa pessoal do acusado.
Gabarito 9: E

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10- (Inédita) As normas a respeito da Justiça Militar em tempo de guerra


estão tratadas no Código de Processo Penal Militar, porém, a Lei de Organização
Judiciária Militar trata dos órgãos a que compete o julgamento dos crimes
praticados em zonas de operações ou território estrangeiro militarmente
ocupado por forças brasileiras.
( ) Certo ( ) Errado
Resolução:
Na estrutura do Código de Processo Penal Militar, no Livro V, encontramos as
normas referentes a Justiça Militar em Tempo de Guerra. Devemos ter atenção
no sentido de que o atual código processual não trata da organização da justiça
militar, deixando para a Lei de Organização Judiciária Militar tratar dos órgãos
competentes em tempo de paz e em tempo de guerra.
Gabarito 10: C

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3- Questões da aula (sem comentários)

1- (PM-GO - Cadete - FUNRIO - 2017) Considerando o disposto pelo


Código de Processo Penal Militar acerca da lei processual penal militar e sua
aplicação, assinale a alternativa CORRETA.
a) Suas normas são aplicáveis, em tempos de paz, em todo o território nacional
e em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de força militar
brasileira.
b) Suas normas não são aplicáveis fora do território nacional.
c) Suas normas serão aplicadas a partir da sua vigência, inclusive nos processos
pendentes, ressalvados os casos previstos no art. 711, considerando-se
inválidos os atos realizados sob a vigência da lei anterior.
d) Os processos da Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos pela Lei Penal
Militar a que responderem os oficiais e praças das Polícias Militares e dos Corpos
de Bombeiros Militares, obedecerão às suas normas, no que forem aplicáveis,
salvo quanto à organização de Justiça, aos recursos e à execução de sentença.
e) A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido teleológico
de suas expressões.

2- (MPM – Promotor de Justiça Militar - MPM - 2013) No tocante à


interpretação da norma processual penal, podemos afirmar que:
a) interpretação literal importa na conformidade com o significado das palavras
segundo a intenção do legislador.
b) A interpretação extensiva ocorre quando manifesto que a expressão da lei é
mais ampla que sua intenção: vg. ao dizer acusado abrange homens e mulheres.
c) Os termos técnicos são entendidos exclusivamente em sua acepção especial,
não se admitindo sejam empregados com outra significação, salvo disposto em
lei.
d) Não se admite as interpretações extensiva ou restritiva quando desfigurar de
plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo

3- (MPM – Promotor de Justiça Militar - MPM - 2013) De acordo com o


CPPM, os casos nele omissos poderão ser supridos:
a) Pelas normas do Código de Processo Penal comum, sem adoção de leis
extravagantes, em face do princípio da especialidade.
b) Pelos princípios gerais de direito e pela analogia.
c) Pela analogia e pelos usos e costumes militares estabelecidos pelos
respectivos regulamentos.
d) Em tempo de guerra ou de conflito armado pelas normas do Estatuto de
Roma e pelas Convenções de Genebra.

4- (MPM – Promotor de Justiça Militar - MPM - 2013) Quanto à


aplicação da lei processual penal militar.
a) Tem aplicação intertemporal apenas nos crimes militares em tempo de
guerra.

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b) Não tem aplicação a militares estaduais no que tange aos recursos e à


execução de sentença.
c) Tem aplicação em tempo de paz exclusivamente no território nacional.
d) A bordo de aeronaves ou navios estrangeiros em qualquer lugar se a infração
atenta contra as instituições militares ou a segurança nacional.

5- (MPE-ES – Promotor de Justiça – CESPE - 2010) Com base no direito


processual penal militar, assinale a opção correta.
a) Segundo a lei processual penal militar, o princípio da imediatidade é aplicado
aos processos cuja tramitação esteja em curso, ressalvados os atos praticados
na forma da lei processual anterior. Caso a norma processual penal militar
posterior seja, de qualquer forma, mais favorável ao réu, deverá retroagir, ainda
que a sentença penal condenatória tenha transitado em julgado.
b) O CPPM dispõe expressamente a aplicação de suas normas, em casos
específicos, fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade
brasileira. Nesse ponto, o CPPM difere do CPP.
c) O sistema processual penal castrense veda, em qualquer hipótese, o emprego
da interpretação extensiva e da interpretação não literal.
d) Se, na aplicação da lei processual penal militar a caso concreto, houver
divergência entre essa norma e os dispositivos constantes em convenção ou
tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerá a regra especial da primeira,
salvo em matéria de direitos humanos.
e) Os casos omissos na lei processual penal militar serão supridos pelo direito
processual penal comum, sem prejuízo da peculiaridade do processo penal
castrense. Nesses casos, o CPPM impõe que haja a declaração expressa de
omissão pela corte militar competente, com quorum qualificado.

6- (Inédita) Os casos omissos do Código de Processo Penal Militar serão


supridos pelos usos e costumes militares.
( ) Certo ( ) Errado

7- (Inédita) O Estado, em razão de sua soberania, possui uma série de


poderes, dentre eles encontra-se o poder de punir (jus puniendi), e esse poder
não é auto executável, necessitando efetivar a persecução penal por meio das
fase de instrução e de processo.
( ) Certo ( ) Errado

8- (Inédita) Apesar de o Código de Processo Penal Militar ser semelhante


ao Código de Processo Penal, o CPPM não trata da execução penal, remetendo
esse tema para a Lei de Execução Penal.
( ) Certo ( ) Errado

9- (Inédita) O direito processual penal militar admite interpretação


extensiva e restritiva, mesmo que cerceie a defesa pessoal do acusado.
( ) Certo ( ) Errado

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10- (Inédita) As normas a respeito da Justiça Militar em tempo de guerra


estão tratadas no Código de Processo Penal Militar, porém, a Lei de Organização
Judiciária Militar trata dos órgãos a que compete o julgamento dos crimes
praticados em zonas de operações ou território estrangeiro militarmente
ocupado por forças brasileiras.
( ) Certo ( ) Errado

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4- Gabarito

Gabarito 1: D Gabarito 5: B Gabarito 9: E

Gabarito 2: D Gabarito 6: C Gabarito 10: C

Gabarito 3: B Gabarito 7: E

Gabarito 4: B Gabarito 8: E

5 Referencial Bibliográfico

ASSIS, Jorge César de. Código de Processo Penal Militar Anotado - Volume I. 2.
ed. Curitiba: Juruá, 2009.
LOUREIRO NETO, José da Silva. Processo Penal Militar. 6. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
NUCCI, Guilherme de Souza. CPPM Comentado. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2014.

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