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DIREITO PENAL MILITAR

Princípios do Direito Penal Militar


Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL MILITAR

Bibliografia sugerida

1 – Direito Penal Militar – Teoria Crítica e Prática


Autores: Adriano Alves-Marreiros; Guilherme Rocha; Ricardo Freitas
Editora: Gen Método
2 – Código Penal Militar Comentado – Artigo por artigo
Autor: Paulo Tadeu Rodrigues Rosa
Editora: Líder – 3ª edição
3 – Elementos de Direito Penal Militar
Autores: Ione de Souza Cruz e Claudio Amin Miguel
Editora: Lumen Juris – 2ª edição

Conteúdo Programático

1 – Aplicação da Lei Penal Militar


2 – Crime
3 – Concurso de Agentes artigo 53 parágrafo 1º do Código Penal Militar
4 – Das Penas Principais
5 – Das Penas Acessórias
6 – Ação Penal
7 – Extinção da Punibilidade
8 – Dos crimes militares em tempo de paz
9 – Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar
10 – Dos crimes contra o serviço e o dever militar
11– Dos crimes contra a Administração Militar

Princípios do Direito Penal Militar

O Direito Pela Militar (DPM) é um ramo especializado do Direito Penal comum,


cuja finalidade é tutelar e proteger a regularidade das instituições militares e a
sua destinação constitucional. Vários especialistas consideram o DPM um ramo
especial do Direito Penal comum por, antes de tudo, preservar a vida.
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O DPM, no artigo 205 do Código Penal Militar, também dá importância à vida,


mas, antes disso, trata dos bens jurídicos, tutela; e protege a segurança externa
do país, a hierarquia, a disciplina, o serviço militar e os deveres militares.

Art. 205. Matar alguém:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Princípios do Direito Penal Militar

1 – LEGALIDADE (Reserva Legal)

A Legalidade ou a Reserva Legal está prevista no artigo 5º, inciso XXXIX, da


Constituição Federal e no artigo 1º do Código Penal Militar.

CF

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin-
do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia comina-
ção legal;

CPM

Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.

Há divergências acadêmicas relacionadas a essas nomenclaturas, mas é


preferível a utilização do termo Reserva Legal porque assim o âmbito é mais
restrito no que se refere às leis ordinárias e complementares que a regem.

Atenção!
Uma Medida Provisória pode estabelecer matéria penal militar desde que seja
para beneficiar um determinado indivíduo, uma situação genérica ou alguém
que esteja sob execução penal.
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Por exemplo, a Medida Provisória, que definiu o estatuto do desarmamento,


aumentou o prazo para a devolução das armas de fogo, concedendo, assim,
uma benesse.

Uma Medida Provisória não pode estabelecer crimes nem culminar em penas
militares.

2 – INTERVENÇÃO MÍNIMA (ULTIMA RATIO OU SUBSIDIARIEDADE)

O DPM é o último ramo do Direito a ser empregado porque só é utilizado


quando todos os outros se mostrarem insuficientes ou ineficazes. A razão lógica
para isso é que o DPM estabelece a maior consequência gravosa na vida de um
determinado indivíduo, podendo até condenar à morte um cidadão civil em caso
de guerra declarada, pena essa que, de acordo com o artigo 56 do Código Penal
Militar, acontece por fuzilamento.

Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.

O DPM é sempre interpretado subsidiariamente.


Por exemplo: um policial militar que comete uma transgressão disciplinar é
primeiro analisado pelo Direito Administrativo ou sancionador e se estes resol-
verem o assunto a contento o policial militar não é submetido a uma disciplina
gravosa do DPM.

3 – LESIVIDADE (Ofensividade)

O DPM incide e atua sobre situações de gravíssimas condutas que afetem,


ofendam ou violem os bens jurídicos de terceiros. Ele não incide sobre atitudes
internas que não excedam o âmbito do próprio autor, sobre estados existenciais,
condutas apenas moralmente reprovadas.
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4 – ADEQUAÇÃO SOCIAL

Este é um princípio interpretativo do DPM e, de acordo com a doutrina, é des-


tinado ao legislador.

Atenção!
O artigo 204 do Código Penal Militar faz referência ao crime de exercício do
comércio por parte de um oficial. Há uma discussão doutrinária que questiona
a constitucionalidade do artigo e se a reprovação deveria ser apenas disciplinar
e não do ponto de vista do DPM.
É constitucional, não foi revogado e continua a ser tratado como conduta
criminosa.

Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na administração ou gerência


de sociedade comercial, ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou
cotista em sociedade anônima, ou por cotas de responsabilidade limitada:
Pena – suspensão do exercício do posto, de seis meses a dois anos, ou reforma.

5 – FRAGMENTARIEDADE

O Princípio da fragmentariedade é aplicado tanto no Direito Penal quanto no


DPM e se preocupa com fragmentos do ordenamento jurídico, constituído por
um globo de bens jurídicos protegidos como Direito Civil, Direito Tributário, Direi-
tos do Trabalho, empresárias e outros. O DPM trata apenas das condutas mais
graves, com aqueles fragmentos do direito que violam importantes bens jurídicos.

6 – INSIGNIFICÂNCIA (Bagatela)

O crime, de acordo com várias doutrinas, é constituído por três substratos:


• Fato típico
• Fato ilícito
• Fato culpável
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Fato típico

É o primeiro substrato do crime e possui os seguintes elementos:


• Conduta
• Resultado
• Nexo casual
• Tipicidade

Tipicidade

Há duas formas de tipicidade:


• Tipicidade formal
• Tipicidade conglobante: dividida em antinormatividade e tipicidade mate-
rial (princípio da insignificância).

No Princípio da insignificância ou Bagatela, o DPM só trata de condutas


que violem gravemente os bens jurídicos.
Exemplo: um indivíduo, dando marcha ré em seu carro, esbarra no para-cho-
que e na perna de um cidadão descuidado que por ali passava, causando uma
lesão de 2 cm. A lesão de 2 cm não é uma violação grave, é uma lesão insigni-
ficante. Não há tipicidade material, não há tipicidade conglobante e, conse-
quentemente, não há tipicidade. Sem tipicidade não existe o fato típico e sem
fato típico não há crime.
O artigo 290 do Código Penal Militar pune o uso, posse e tráfico de substân-
cia entorpecente.

Art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ter
em depósito, transportar, trazer consigo, ainda que para uso próprio, guardar, mi-
nistrar ou entregar de qualquer forma a consumo substância entorpecente, ou que
determine dependência física ou psíquica, em lugar sujeito à administração militar,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, até cinco anos.
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Exemplo: um soldado do Distrito Federal é flagrado no quartel utilizando ou


entregando a alguém um cigarro de maconha feito com uma pequena quanti-
dade dessa substância (proibida pelo ordenamento jurídico). Não cabe, nesse
caso, o princípio da insignificância pela quantidade mínima utilizada, já que o sol-
dado, no exercício das suas funções, utiliza armas de fogo que, se manuseadas
sob um estado de entorpecimento, pode causar danos a terceiros.
Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Militar ratificado pelo Supremo
Tribunal Federal, pois o Código Penal Militar defende a saúde pública mas, acima
disso, a regularidade do funcionamento das instituições militares.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor João Paulo Ladeira.
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