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1.

Este documento relata acontecimento que ocorreram na guerra do ultramar, ou seja, o ato
colonial já tinha sido revogado e as colónias passaram a ser territórios ultramarinos, ainda assim os
soldados eram transportados para combater por uma companhia colonial, ou seja, mesmo já não
“existindo” as companhias coloniais ainda utilizavam o nome desatualizado.

2. Esta afirmação enquadra-se nos ideais do Ato Colonial, Portugal enfatizava a ideia de um
Estado Pluricontinental e plurirracial, de um Portugal “Uno e indivisível, do Minho a Timor” na
tentativa de propagar o ideal de preservação das possessões africanas que estavam neste momento
ameaçada.

3. Por existirem referências a armas de origem Russa, PPSH e kalashnikov, podemos afirmar
que a URSS apoia os movimentos de libertação.

4. A enfermeira Maria Ivone Reis relata como transportou e tratou um ferido, posteriormente
enviado para o hospital com pouquíssima probabilidade de sobreviver, embora no final tenha vivido
para contar a história. Uma dada altura a enfermeira refere que levou o ferido num unimog que tinha
uma cruz da convenção de Genebra e refere que “não lhe valia de nada”, a convenção de Genebra
foi criada com o intuito de proteger as vitimas de guerra, convenção essa não era respeitada pelos
guerrilheiros, visto que não faziam parte de uma organização formal, então o perigo e a violência
para com os civis apanhados no fogo cruzado.

5. A guerra colonial Portuguesa ou guerra do ultramar português ocorreu por diversos fatores
internos e externos que culminaram numa guerra sem precedentes.
Mas que contexto começaram as hostilidades? Bem para isso temos que olhar para a década
de 1960, década da segunda vaga descolonizadora, foi inclusive no ano de 1960 que a ONU
aprovou a resolução 1514, onde defendia e consagrava a autodeterminação dos territórios sob
domínio estrangeiros e dos povos que ali viviam, foi nessa altura que muitos países da África
subsariana e central além de países do sudoeste Asiático. Ao mesmo tempo que a ONU reconhecia a
autodeterminação dos povos, Portugal tentava lavar as mãos depois de ter sido condenado pela a
mesma, abolindo o Ato Colonial de 1931, alterando a posição e o nome das colónias do império
português para as províncias ultramarinas, substituindo a ideia da mística do império pelo ideal do
lusotropicalismo e da singularidade da colonização portuguesa, dando ao povo português uma
imagem de um povo amigo dos povos nativos e habituados ao clima tropical. Óbvio que a ONU
nem a comunidade internacional caiu nesse discurso, visto que quase não houveram alternações na
presença portuguesa em África, que fez com que Portugal recebesse ainda mais criticas, que levou a
um consequente isolamento social, criador da icónica frase “combatemos sem espetáculo e sem
alianças, orgulhosamente sós.”
Assim a Guerra Colonial começa em 1961 em Angola, que mais tarde se entendeu para mais
duas frentes, Guiné-Bissau em 1963 e Moçambique em 1964, e os conflitos tinham por si próprios
várias frentes, em Angola a MPLA e a NFLA/UNITA lutavam pela independência de Angola sob
ideologias diferentes, PAIGC na Guiné e Frelimo em Moçambique. Os combatentes não vinham
apenas de Portugal metrópole, muitas dos soldados provinham também das províncias,
recentemente até esteve nas noticias sobre Marcelino da Mata, nascido na Guiné mas que lutou pelo
exercito português e tem gerado polémica.
A nível externo, os movimentos de libertação eram apoiados por outras nações incluído das
potências num contexto de guerra fria, praticamente todos os países do 3º mundo apoiaram os
movimento de libertação além de outros países como Cuba, China, Estados Unidos e URSS, com
grande apoio da URSS que inclusive enviaram armas para os Grupos de libertação.
A guerra foi longa e sofrida, 13 anos de combate e muitas vidas perdida, os combates
baseavam-se em táticas de guerrilha, onde os soldados da libertação, considerados terroristas pelo
exército português, e o exercito português obrigado a entrar no mato, vulnerável a armadilhas e
minas colocadas pelo guerrilheiros, tratar de feridos era muito difícil, se algum soldado
sobrevivesse a um ferimento, ele provavelmente morreria horas depois sem o devido cuidado,
enviar-los para o hospital era quase impossível, visto que mesmo que fosse transportado por um
unimog com a cruz da convenção de Genebra, os guerrilheiros iam mesmo assim abrir fogo. Do
lado dos guerrilheiros também houveram imensas baixas, por vezes civis que eram desconfiados de
espionagem, ou neste caso, terrorismo eram muitas vezes torturados e mortos, casas em capim eram
queimadas para fazer as famílias saírem de lá. Guerra nunca é limpa, e a Guerra do Ultramar foi
longa e dolorosa, apenas podemos aprender agora com os seus exemplos.

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