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UNIVERSIDADE FEDERAL

MATERNIDADE-ESCOLA DA UFRJ
DO RIO DE JANEIRO Divisão de Enfermagem

PROCEDIMENTO OPERACIONAL POP N° 92


PADRÃO
Título: Verificação da Temperatura Axilar do Área de Aplicação: Neonatologia
Recém-Nascido Setor: Unidade Neonatal
Responsável pela prescrição do POP Equipe Médica
Responsável pela execução do POP Equipe de Enfermagem e Médica

1. Definição

 Técnica empregada para mensurar a temperatura corporal através do termômetro digital.


Na medida em que é aquecido pelo calor da axila, o equipamento possui uma escala
numérica em graus Celsius que permite a mensuração da temperatura.

2. Finalidade

 Determinar os estados febris, hipotermia, infecções e problemas termorreguladores.


 Auxiliar no diagnóstico e avaliar a resposta no tratamento médico e cuidados de
enfermagem.

3. Indicações e Contraindicações

INDICAÇÕES:
 A medida da temperatura corporal deve ser realizada em toda avaliação de saúde.

CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS:
 Processos inflamatórios ou infecciosos e lesões no local da axila (relativa).
 Pacientes com comprometimento circulatório do membro superior (relativa).

4. Materiais e Equipamentos Necessários

 Termômetro digital.
 Algodão.
 Álcool à 70%.
 Caneta.
 Impresso próprio para registro da temperatura (balanço hídrico – figura 1).

5. Descrição do Procedimento
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 Explicar o procedimento ao acompanhante do RN, se for o caso.


 Realizar a higienização das mãos (ver POP Higienização das Mãos).
 Proceder à limpeza do termômetro antes e depois de cada aferição utilizando algodão
embebido em álcool a 70%, com três fricções.
 Posicionar o termômetro na região axilar e manter o membro superior do paciente junto ao
tórax.
 Aguardar o tempo de espera que será indicado pelo alarme sonoro do próprio termômetro.
 Efetuar a leitura da temperatura no visor.
 Desligar o termômetro.
 Realizar a higienização do termômetro digital utilizando algodão e álcool a 70%, com três
fricções.
 Guardar o termômetro em local próprio.
 Realizar higienização das Mãos (ver POP Higienização das Mãos).
 Realizar anotação dos valores encontrados em impresso próprio.
 Interpretar os resultados encontrados (Quadro 1).

OBSERVAÇÕES:

 Na Unidade Neonatal o termômetro digital é de uso individual e encontra-se no kit do


recém-nascido.
 Cada unidade de internação deve ter um check-list para a conferência dos termômetros
digitais a cada turno de 24 h.
 Caso o termômetro seja do kit do recém-nascido não é necessário a higienização do
termômetro, exceto quando houver sujidade.
 Em caso de hipotermia (temperatura menor que 36,5ºC), verifique e corrija os motivos da
perda de calor (Figura 2). Aumente a temperatura da incubadora e verifique novamente a
temperatura a cada 30 minutos, até normalização da temperatura. Caso o RN se encontre em
berço comum, verifique se o bebê está com roupas adequadas, troque a fralda e cubra mais o
RN. Verifique a temperatura corporal a cada 30 minutos. Dê preferência em mantê-lo em
posição canguru, se possível. Se não for possível manter a temperatura do RN em berço
comum e/ou posição canguru, discuta com a equipe a possibilidade de colocá-lo em
incubadora aquecida.
 Em caso de hipertermia, não desligue a incubadora. Diminua a temperatura da incubadora e
verifique a temperatura a cada 30 minutos até a normalização da temperatura corporal. Se o
RN estiver em berço, verifique se as roupas estão adequadas à temperatura ambiental.
 Sempre em presença de variação de temperatura corporal do RN, pense primeiro em regular
a temperatura do ambiente e incubadora e verificar os motivos da variação. No entanto,
nunca descarte a possibilidade de intercorrências clínicas com o RN, como infecções.
Comunique as variações de temperatura ao enfermeiro e médico da unidade.

 A temperatura da incubadora é autocontrolada de duas formas (Modelo Vision ®):


o AR: pela temperatura do ar, mantendo o ambiente térmico estável. Para ajuste da
temperatura do ar, considere inicialmente os valores estabelecidos no Quadro 2, após
ajuste de acordo com a resposta de cada RN. Nessa modalidade a temperatura da
incubadora estabelecida pelo usuário pode variar de 20º a 39º. Para ativar essa
modalidade é necessário ajustar o modo ar no painel de controle da incubadora.
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o PELE: Por sensor de temperatura cutânea abdominal, que permite o ajuste automático
do calor gerado pela incubadora para manter constante a temperatura do RN. Nessa
modalidade, a temperatura do RN pode ser ajustada entre 34 e 38ºC. Para ativar essa
modalidade é necessário ajustar o modo pele no painel de controle da incubadora.
ATENÇÃO: o sensor de pele deve estar adequadamente fixado diretamente na pele do
RN e não deve ser colocado sob o RN. Falhas em manter o sensor em contato direto
com a pele do RN pode ocasionar superaquecimento e possíveis queimaduras.
 A incubadora de parece dupla propicia melhor estabilidade térmica para neonatos de muito
baixo peso ao nascer. Além disso, é recomendado o uso de incubadora umidificada para
neonatos menores de 1000g ou 30 semanas de idade gestacional (Ver Quadro 3). No modo
de umidade de ar, a incubadora deve ser ativada no painel de controle. A variação é de 30 a
95% na umidade relativa (UR) do ar. O reservatório do umidificador está localizado na parte
de trás da incubadora e deve ser preenchido sempre com água destilada e esterilizada. O
reservatório deve ser identificado com etiqueta própria disponível na unidade (Ver figura 3)
e a troca do reservatório deve ocorrer a cada 48 horas.

6. Documentos de Referência

 POP de Higienização das Mãos.

7. Leitura Sugerida

- IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO. Verificação da


Frequência Respiratória. Disponível em:
<http://www.santacasasp.org.br/sisc/Arquivos/Documentos. Qualidade/IT.010090200.53.pdf>.
Acesso em: 23 mar. 2012.

- KENNER, C. Enfermagem neonatal – Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2006.

- LOPES, M. Semiologia Médica. 5ed. Rio de Janeiro: Editora Revinter, 2004.

- PORTO, C. C. Exame Clínico. 5ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.


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- SMELTZER, S. C.; BARE, B. G.; HINKLE J. L.; CHEEVER K.H. Brunner &Suddarth -
Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 12ºed,
2012.

- SWARTZ, M.H. Tratado de Semiologia Médica. 5ed. Cidade Monções: Editora Elsevier,
2006.

- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações


Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais
de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. 2. ed. atual. -Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 4 v.: il.
Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_recem_nascido_profissionais_v4.pd
f

- AMERICAN ASSOCIATION OF PEDIATRICS AND AMERICAN COLLEGE OF


OBGYN. Guidelines for Perinatal Care. 2 ed, 1988.

- MAGLUTA, C.; ZIN, A.; CHAO, M. L, ; MIRANDA, D.; CHAO, R.S; WEN, C.L.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Curso atenção à saúde do recém-nascido de risco (material
digital). 2014. Disponível em: http://telemedicina.fm.usp.br/portal/wp-
content/uploads/2014/12/poster_CursodeAtencaoaSaudedoRecemNascidoRiscoSuperandoPon
tosCriticos.pdf

8. Figuras e Anexos

Quadro 1 - Avaliação da temperatura corporal do recém-nascido:

Faixa de normalidade 36,5ºC a 37ºC

Hipertermia Acima de 37,5ºC

Hipotermia leve Entre 36ºC e 36,4ºC

Hipotermia moderada Entre 32ºC a 35,9ºC

Hipotermia grave Abaixo de 32ºC

Fonte: Ministério da Saúde, 2011.


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Quadro 2: Faixa de temperatura do ambiente térmico neutro de acordo com o


peso e a idade gestacional do recém-nascido.
Idade e peso Temperatura Gama de temperatura
inicial (ºC)
(ºC)
0-6 horas
Menos de 1200g 35 34,0 – 35,4
1200 – 1500g 34,1 33,9 – 34,4
1501 – 2500g 33,4 32,8 – 33,8
Mais de 2500g (e>26 semanas)

6-12 horas
Menos de 1200g 35 34,0 - 35,4
1200 – 1500g 34 33,5 – 34,4
1501 – 2500g 33,1 32,2 – 33,8
Mais de 2500g (e>26 semanas) 32,8 31,4 – 33,8

12 – 24 horas
Menos de 1200g 34 34 – 35,4
1200 – 1500g 33,8 33,3 – 34,3
1501 – 2500g 32,8 31,8 – 33,8
Mais de 2500g (e>26 semanas) 32,4 31,0 – 33,7

24 – 36 horas
Menos de 1200g 34 34,0 – 35,0
1200 – 1500g 33,6 33,1 – 34,2
1501 – 2500g 32,6 32,6 – 33,6
Mais de 2500g (e>26 semanas) 32,1 30,7 – 33,5

36- 48 horas
Menos de 1200g 34 34,0 – 35,0
1200 – 1500g 33,5 33,0 – 34,1
1501 – 2500g 32,5 31,4 – 33,5
Mais de 2500g (e>26 semanas) 31,9 30,5 – 33,3

48- 72 horas
Menos de 1200g 34 34,0 – 35,0
1200 – 1500g 33,5 33,0 – 34,0
1501 – 2500g 32,5 31,2 – 33,4
Mais de 2500g (e>26 semanas) 31,7 30,1 – 33,2

72-96 horas
Menos de 1200g 34 34,0 – 35,0
1200 – 1500g 33,5 33,0 – 34,0
1501 – 2500g 32,2 31,1 – 32,2
Mais de 2500g (e>26 semanas) 31,3 29,8 – 32,8
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4-12 dias
Menos de 1500g 33,5 33,0 – 34,0
1501 – 2500g 32,1 31,0 – 32,3
Mais de 2500g (e>26 semanas)
4 -5 dias 31 29,5 – 32,3
5-6 dias 30,9 29,4 – 32,3
6-8 dias 30,6 29,0- 32,2
8-10 dias 30,3 29,0 – 31,8
10-12 dias 30,1 29,0 – 31,4

12-14 dias
Menos de 1500g 33,5 32,6-34
1501 – 2500g 32,1 31,0-33,2
Mais de 2500g (e>26 semanas) 29,8 29,0- 30,8

2- 3 semanas
Menos de 1500g 33,1 32,2-34,0
1501 – 2500g 31,7 30,5-33,0

3-4 semanas
Menos de 1500g 32,6 31,6-33,6
1501 – 2500g 31,4 30,0-32,7

4-5 semanas
Menos de 1500g 32,0 31,2-33
1501 – 2500g 30,9 29,5-32,2

5-6 semanas
Menos de 1500g 31,4 30,6-32,3
1501 – 2500g 30,4 29,0 -31,8
Fonte: American Association of Pediatrics and American College of OBGYN. Guidelines for Perinatal Care, 2 ed,
1988.
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Quadro 3: Controle da umidade relativa do ar da incubadora aquecida.

Umidade relativa Dias de vida

90% Até 3º dia de vida

80% 4º e 5ºdias

70% 6º e 7º dias

Desligar 8º dia ou de acordo com avaliação individual

Fonte: Maternidade Escola da UFRJ, 2013.


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Figura 1: Balanço Hídrico – Serviço Diurno.


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Figura 1: Balanço hídrico – Serviço Noturno.


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Figura 2 - Mecanismos de perda de calor pelo recém-nascido.

Convecção: perda de calor da pele Evaporação: perda insensível de


do RN para o ar ao seu redor água pela pele

Radiação: perda de calor do RN para Condução: perda de calor do


objetos ou superfícies mais frias que RN para a superfície fria em
não estão em contato com ele contato com ele

Fonte: Curso atenção à saúde do recém-nascido de risco, 2014 (material digital).

Figura 3: Etiqueta para troca de reservatório do umidificador da incubadora


aquecida.

Fonte: Maternidade Escola da UFRJ, 2014

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