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COOPERATIVA DOS GARIMPEIROS DO RIO MADEIRA


COOGARIMA

Relatório de Atividades e Governança


Período 2008 a 2018

Porto Velho-RO
Junho de 2019

Porque nos constituímos em cooperativa: por saber que...


“Sonho é o que se sonha só; sonho que se sonha junto é realidade”.
Raul Seixas (Canção “Prelúdio”); Miguel de Cervantes (Dom Quixote).

Figura 1: Créditos - Hervé Théry 1974


Figura 2: Foto reprodução internet.
Figura 3: NewGreenfil, 2019
Figura 4: NewGreenfil, 2019
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Identificação Institucional:

Cooperativa dos Garimpeiros do Rio Madeira – COOGARIMA.

- Estatuto arquivado na Junta Comercial do Estado de Rondônia – JUCER sob o no. 11400003553.

- CNPJ 05.972.820/0001-69.

- Sede Social: Rua Brasília, no. 1575, B. Santa Bárbara, em Porto Velho-RO. CEP 76.804-206.

- Contatos:
E-mail: coogarima@hotmail.com.
Telefones (69) 3213-4955 e (69) 99956-3076.

Diretoria eleita em 30 de março de 2019:

Conselho de Administração:
- JOSÉ AIRTON AGUIAR CASTRO – Diretor Presidente.
- ARI OSMAR WEIS – Diretor Vice-Presidente
- LUIZ FRANCISCO MODESTI – Secretário Geral.
- JOÃO ANTONIO ABATI – 1º. Tesoureiro
- LUISINHO ANTONIO ABATI – 2º. Tesoureiro

Conselho Fiscal e suplentes:


- FAGNO BRITO BERNARDES – Conselheiro
- JOÃO VIEIRA MAIA – Conselheiro
- ADEMIR RODRIGUES VELOSO – Conselheiro
- JOÃO CARLOS DARONCO – Suplente do Conselho Fiscal
- ALAOR DARCILO FIORI – Suplente do Conselho Fiscal
- ALBERICO MIGUEL DA SILVA FILHO – Suplente do Conselho Fiscal

Responsável Técnico da empresa


- Expedito Moura de Carvalho Dantas - Engº. de Minas, CREA nº. 6.781-D/PA

Equipe Técnica da Elaboração do presente Estudos e Relatório:

Coordenadora - Dulce Michels – Consultora Sênior. Formada em Ciências Econômicas pela Universidade
Estadual do Paraná; Técnica em Contabilidade; Especialista em Elaboração e Análise de Projetos de
aproveitamento econômico, Especialização em Contabilidade: Análise e Controladoria; Especialização em
Orçamento Público; Especialização em Inovação e Difusão Tecnológica. Mestre em Administração Bancária
e Finanças. Experiência com Assessoria Técnica de Presidência de Banco de médio porte; experiência com
Arranjos Produtivos Locais – APLs e Desenvolvimento de Políticas Públicas de Desenvolvimentos Locais e
Regionais. Ex-Consultora do SEBRAE na área de treinamento empresarial e na área de Inovação e Difusão
Tecnológica. Professora e pesquisadora da Faculdade Porto Velho 2002-(), Faro (2002-2004) e FATEC
(2005-2009) e coordenadora do Curso de Ciências Econômicas da FATEC (2006-2009); Consultora do PNUD
de 2009/2010; Técnica em Pesquisas Educacionais do INEP de 2013-2018.

Analistas:
- Ioshua Johanna Schmitz Michels Dantas – Analista Sênior. Formada em Comércio Exterior e
Ciências Políticas – Relações Internacionais.
- Bruno Henrique da Silva – Analista Sênior. Formado em Construção Naval com especialização em
Mestre Fluvial

Porto Velho-RO
Junho de 2019
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RESUMO E APRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS ACHADOS

Na primeira parte da apresentação gráfica do trabalho é feito toda uma


contextualização, do global para o local, descrevendo as características únicas das demandas
pelo minério do ouro, o que elas significam em termos de economia e governança, os
principais fatores que influenciam sua demanda e preço, os principais países produtores no
planeta, os países com maiores reservas de ouro em seus respectivos tesouros nacionais e
porque o fazem; prova que os maiores detentores de reservas coincidentemente são as
maiores economias planetárias e quem ainda que alguns neguem, quem quer se destacar
investe neste tipo de riqueza e poder. Comprova ainda que produzir geograficamente não é
sinônimo de ser proprietário, e nem que produzir signifique melhorar a vida da população do
país onde essa riqueza é explorada.
Ainda nesta primeira parte é abordada a estigmatização da figura do garimpo e do
garimpeiro, comprovando ser uma falácia a alegação de que o garimpeiro não desenvolve
tecnologia nem se preocupa com o meio ambiente. Também demonstra a importância do
sistema cooperativo para vencer os desafios da hipossuficiência de capital

Na segunda parte dedicou-se a estudar em profundidade a Cooperativa de


Garimpeiros do Rio Madeira – COOGARIMA, e os mistérios que motivam os fatos de que ela
se constitua em liderança inconteste na produção local de ouro e outros minerais, que ela seja
um exemplo de sobriedade e responsabilidade junto aos seus cooperados, sua comunidade,
seus parceiros, seus governantes municipais e estaduais, seus números de performance
operativa que enchem os olhos quando analisados, como se processa a produção de mais de
5,5 toneladas de minério, como se impacta a economia local e regional em mais de R$ 1
bilhão em pouco mais de 10 anos de atividade, como fazer para recolher tantos tributos e
taxas, como fazer para minimizar os riscos ambientais, como produzir ouro o ano todo num
rio como o Rio Madeira. Todas essas abordagens estão fartamente ilustradas e
fundamentadas com ciência e tecnologia, com dados estatísticos e amplamente
comprovados. Analisa a participação da Coogarima nos resultados apresentados pelo Anuário
Mineral 2018 Rondônia-Acre, onde em dois volumes são disponibilizados os dados
estatísticos e os rankings das maiores empresas de mineração nesses Estados no período
de 2010 a 2017, com a COOGARIMA ocupando posição de destaque em todos os anos
considerados.
Também nesta segunda parte estão os estudos econômicos de impacto das receitas
da cooperativa utilizando-se por metodologia os números calculados a partir das Matrizes
D.Bn e de Leontief, contento o relatório completo as devidas tabelas de cálculo comentadas,
além de se demonstrar o Fator Multiplicador de Mão-de-obra Direta e Indireta e respectiva
memória de cálculo.
Na terceira parte, tratamos dos paradoxos da mineração de ouro no Brasil, seus
desafios e incongruências, a preocupação com a melhora de processos e a comprovação que
nem tudo é o que parece ser. Tudo pode ser muito bom ou muito nocivo e depende da intenção
e abordagem nas atitudes, e no compromisso com a melhoria contínua. Descreve algumas
das pesquisas desenvolvidas pela área técnica da cooperativa, com as argumentações do
que é viável e do que não é viável como solução a ser implementada, respeitando-se na
análise as condições de operacionalidade e o ambiente onde estariam sido implementadas.
4

ÍNDICE

1 CONTEXTO ONDE ESTAMOS INSERIDOS ......................................... 5


1.1 Produção de OURO no mundo 6
1.2 Produção de OURO: como está o Brasil neste segmento 11
1.3 O estigma do “garimpo” e “garimpeiro” e a reversão do conceito 12
2 QUEM SOMOS E COMO ESTAMOS NO CONTEXTO 18
2.1 Performance e resultados das atividades de seu objetivo social 20
2.2 A COOGARIMA no ranking oficial dos produtores minerais 23
2.3 Diferencial da Cooperativa dos Garimpeiros do Rio Madeira - COOGARIMA 30
2.4 Inovação e desenvolvimento de soluções com desenvolvimento local 32
2.5 Limitações legais na compra da produção de ouro no Brasil 33
2.6 Impacto das atividades da COOGARIMA na economia de Porto Velho 34
2.6.1 Impactos a partir das Matrizes D.Bn e de Leontief 35
2.6.2 Fator Multiplicador de Mão-de-Obra Direta e Indireta 37
2.7 Testemunhos de fornecedores 38
3 OS PARADOXOS DA MINERAÇÃO DE OURO NO BRASIL 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS 41
APÊNDICE A - Testemunhos 43

Figura 1: Localização das principais reservas minerais brasileiras de alumínio, cobre, cromo, 5
estanho, ferro, manganês, nióbio, níquel, ouro, vanádio e zinco. (ANM 2018, p.3)
Figura 2: Sistema fechado idêntico ao utilizado para o aquecimento da amálgama e posterior 31
separação do mercúrio do ouro. Vista frontal (A) e superior (B).
Figura 3: Processo de reciclagem de material para fabricar máquinas e equipamentos 32

Quadro 1: Produção Global de Minério de Ouro de 2010 a 2018. 6


Quadro 2: Fatores que influenciam o preço do ouro. 8
Quadro 3: Países produtores de ouro - 2018 9
Quadro 4: Países com as maiores reservas em ouro 10
Quadro 5: Os 10 maiores produtores de Ouro no Brasil em 2016 12
Quadro 6a: Evolução dos Direitos Minerários - 1991 – 2018 parte 1/3 período 1991 a 2000 14
Quadro 6b: Evolução dos Direitos Minerários - 1991 – 2018 parte 2/3 período 2001 a 2008 14
Quadro 6c: Evolução dos Direitos Minerários - 1991 – 2018 parte 3/3 período 2009-2018 14
Quadro 7: Produção brasileira de ouro no BRASIL em 2016 (após beneficiado) 17
Quadro 8: CONTROLE DA PRODUÇÃO DE OURO – COOGARIMA, de 2014-2018 (em g) 19
Quadro 9: Produção de ouro (em g) e receitas de vendas (em R$) de 2008 a 2018 20
Quadro 10: Produção (em g) e receitas em R$ a preços de 14/06/2018. 22
Quadro 11: Comparativo Produção (em g) Receitas (em R$) CFEM (1% das receitas) e 29
Valores no Anuário Mineral

Gráfico 1: Produção mundial de ouro (2010 a 2018) – soma dos países com produção 7
registrada
Gráfico 2: Produção Mundial de Ouro e preços internacionais praticados 8
Gráfico 3: Visualização da produção dos 11 maiores produtores de ouro em 2018. 9
Gráfico 4: Cotação do Ouro – Histórico dos últimos 40 anos em Reais/Oz 11
Gráfico 5: Relação entre pedidos protocolizados e PLGs outorgadas entre 1991 e 2018 15
Gráfico 6: Relação entre Alvarás de Pesquisas e outorgas de PLGs entre 1991 e 2018 15
Gráfico 7: Visualização das variações nas outorgas de PLGs entre 1991 e 2018. 16
Gráfico 8: Variação da quantidade de outorgas nos regimes de aproveitamento de substâncias 16
minerais no 1º/2014 em relação ao 1º/2013.
Gráfico 9: Performance de desempenho mensal de acordo com a sazonalidade 20
Gráfico 10: Performance da COOGARIMA em gramas de ouro – 2008 a 2018. 21
Gráfico 11: Receitas de vendas anuais no período 2008 a 2018 (em RS) 22
Gráfico 12: Impacto Intersetorial das atividades da Coogarima, no período de 2008 a 2018 35
Gráfico 13: Mensuração do Impacto Intersetorial das atividades da Coogarima, no período de 36
2008 a 2018
5

1 CONTEXTO ONDE ESTAMOS INSERIDOS

O Brasil é um país com muitos recursos naturais e com vocação para o setor
minerário. A mineração constitui uma indústria de base, fornecendo matérias-primas para a
indústria de transformação produzir bens essenciais para o conforto, saúde, higiene e
segurança dos cidadãos, e toda a sociedade se beneficia com o resultado desse setor.
Tradicionalmente, a atividade da extração mineral é muito importante para o Brasil, cujas
riquezas naturais são lendárias e notórias.

Figura 1: Localização das principais reservas minerais brasileiras de alumínio, cobre, cromo, estanho,
ferro, manganês, nióbio, níquel, ouro, vanádio e zinco. (ANM 2018, p.31)

No caso do Ouro, este mineral além de insumo industrial também se configura como
ativo financeiro, e portanto, sujeito às regras dessa área com todas as suas nuances e
especificidades e influências, exemplo disso é que o preço do ouro disparou no último
trimestre de 2018 e os bancos centrais – de vários países foram responsáveis (Infomoney,
20182).
1
BRASIL,ANM. Anuário Mineral Brasileiro 2018. Disponível em http://www.anm.gov.br/dnpm/banner-rotativo/anuario-mineral-brasileiro-2018-
principais-substancias-metalicas/view
2 INFOMONEY. Demanda por ouro dispara no último trimestre de 2018 - e os bancos centrais são os responsáveis – InfoMoney. Disponível

em: https://www.infomoney.com.br/blogs/investimentos/investimentos-internacionais/post/7913634/demanda-por-ouro-dispara-no-ultimo-trimestre-
de-2018---e-os-bancos-centrais-sao-os-responsaveis
6

1.1 Produção de OURO no mundo

É preciso conhecer o setor minerário e o mercado do ouro para situar adequadamente


um empreendimento. O ouro tem ocorrência em várias partes do mundo, em rochas ígneas e
metamórficas ou em aluviões (depósitos formados pelo desgaste, transporte e deposição de
sedimentos pela ação das águas superficiais) ou em associação a quartzo e piritas.

Global Mine Production (tonnes)


2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
North America
United States 231,3 233,9 234,6 230,1 210,0 216,7 229,1 236,5 221,7
Canada 102,1 102,0 106,4 131,4 151,2 157,7 163,1 171,2 189,0
Mexico 78,8 94,4 107,5 105,8 113,4 131,6 127,8 119,4 115,4
Sub-total 412,2 430,3 448,5 467,4 474,6 506,0 520,1 527,2 526,1

Central & South America


Peru 184,8 183,8 189,8 182,4 171,1 170,5 166,0 166,6 158,4
Brazil 71,5 77,7 80,2 89,3 90,4 95,4 95,9 95,8 97,1
Argentina 63,9 59,0 54,2 51,1 59,7 63,9 58,7 62,9 60,0
Colombia 43,6 45,9 56,2 45,7 47,0 49,2 51,8 44,1 43,0
Chile 39,5 45,1 49,9 51,3 46,0 42,5 40,7 35,8 36,5
Suriname 20,4 20,1 20,0 18,5 18,4 17,4 21,2 34,1 34,3
Dominican Republic 0,1 0,5 4,2 26,6 36,1 31,1 38,0 35,3 31,6
Guyana 11,9 13,9 15,6 18,4 17,3 18,2 24,2 24,5 25,6
Bolivia 4,1 3,6 3,8 3,9 8,4 10,3 14,4 18,2 24,1
Venezuela 24,9 25,5 21,0 22,8 22,7 22,6 23,0 23,0 23,0
Ecuador 15,2 15,6 16,0 15,9 15,3 14,2 12,2 11,5 11,5
Others 22,3 26,5 22,1 22,9 21,6 20,3 18,1 14,2 13,0
Sub-total 502,3 517,5 533,0 548,7 554,1 555,6 564,1 566,0 558,0

Europe
Finland 5,8 6,6 9,1 8,5 7,6 8,2 8,6 8,8 8,3
Sweden 6,2 5,9 6,1 6,4 6,5 6,3 6,5 7,8 7,9
Bulgaria 2,5 3,4 4,3 4,5 5,5 5,4 5,7 6,6 6,8
Others 2,2 2,1 3,5 4,4 3,9 3,6 2,8 3,6 4,9
Sub-total 16,7 18,0 22,9 23,9 23,5 23,5 23,6 26,9 27,9

Africa
Ghana 94,3 96,8 106,0 105,8 106,3 95,4 131,5 130,2 130,5
South Africa 210,0 205,3 179,8 179,5 168,6 162,0 162,6 154,0 129,8
Sudan 29,3 32,6 33,9 57,6 60,9 67,8 77,5 88,0 76,6
Mali 42,7 42,6 47,6 47,4 47,4 49,4 50,1 50,4 61,2
Burkina Faso 26,9 36,7 34,9 38,6 42,2 41,6 44,9 52,6 59,3
Tanzania 47,5 54,4 56,3 52,0 51,8 53,2 55,3 54,6 47,7
DR Congo 18,0 21,0 24,8 25,3 35,9 39,7 35,7 36,6 44,9
Zimbabwe 17,1 19,0 22,7 23,0 24,3 26,5 30,8 33,3 42,2
Ivory Coast 7,8 13,2 13,0 14,5 23,4 28,2 32,6 36,7 40,9
Guinea 25,8 25,7 24,3 21,9 26,1 26,0 26,6 30,3 27,3
Senegal 5,4 4,8 7,4 8,2 8,6 8,7 10,2 12,3 17,5
Egypt 4,7 6,3 8,2 11,1 11,7 13,7 17,1 16,9 14,7
Nigeria 5,0 6,0 8,0 8,0 8,0 8,0 10,0 12,0 14,0
Gabon 0,3 0,3 0,9 1,4 5,0 7,3 9,3 11,3 11,3
Ethiopia 8,1 10,2 11,3 11,4 12,0 12,6 11,2 11,0 11,0
Others 39,1 50,2 49,9 50,1 50,2 58,3 74,5 82,4 92,2
Sub-total 581,9 625,2 629,0 655,8 682,4 698,5 779,9 812,6 821,0

Commonwealth of Independent
States
Russian Federation 203,1 211,6 233,4 248,5 252,7 255,3 262,4 280,7 297,3
Uzbekistan 71,0 70,6 80,0 81,0 83,5 85,5 86,7 89,0 92,5
Kazakhstan 30,3 36,8 40,0 42,4 46,2 51,0 52,6 56,0 68,4
Kyrgyzstan 19,0 19,7 11,3 20,2 19,2 18,1 19,8 22,0 22,1
Others 9,6 9,0 8,2 8,7 9,1 11,9 12,6 18,7 18,2
7

Continuação...
Sub-total 332,9 347,8 373,0 400,8 410,7 421,8 434,1 466,4 498,5

Asia
China 351,1 371,2 413,3 438,4 462,0 460,3 463,7 429,4 404,1
Indonesia 134,6 108,5 82,6 91,0 93,5 113,2 108,8 114,1 136,9
Philippines 40,8 38,1 38,8 39,7 40,4 40,6 40,2 38,7 36,8
Turkey 16,6 24,1 29,5 33,6 31,4 28,4 24,6 23,2 24,9
Mongolia 14,0 13,3 14,0 19,7 32,0 32,8 21,3 19,8 22,6
Iran 5,0 6,0 6,0 7,0 10,0 11,0 11,0 11,0 11,0
Others 45,1 43,5 46,0 45,4 43,1 44,5 43,7 39,0 39,9
Sub-total 607,2 604,8 630,2 674,9 712,4 730,8 713,3 675,3 676,1

Oceania
Australia 256,7 258,7 250,4 267,1 274,0 279,2 287,7 292,5 314,9
Papua New Guinea 69,7 63,8 59,0 64,6 58,4 60,9 63,4 64,3 69,1
New Zealand 12,1 11,2 9,7 11,8 10,8 11,7 9,6 9,0 9,3
Others 2,0 3,4 3,6 3,1 2,0 1,6 1,6 1,6 1,6
Sub-total 340,4 337,2 322,7 346,6 345,2 353,3 362,2 367,5 394,8

Global Total 2.793,6 2.880,8 2.959,1 3.118,1 3.202,9 3.289,5 3.397,3 3.441,9 3.502,6
Source: Metals Focus
Quadro 1: Produção Global de Minério de Ouro de 2010 a 2018.
Fonte: WGC, The Economist Intelligence Unit (2019).

Ainda que haja um esforço permanente no sentido de aumentar a produção, o volume


produzido não tem sido suficiente para atender à demanda. Todavia, percebe-se a
manutenção de certo equilíbrio com discreto crescimento ao longo do período apurado.

Produção mundial de Ouro - Au (em ton.)


4.000,0

3.500,0

3.000,0

2.500,0

2.000,0

1.500,0

1.000,0

500,0

0,0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Gráfico 1: Produção mundial de ouro (2010 a 2018) – soma dos países com produção registrada
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da Source: Metals Focus (2019)

Já os preços praticados no mercado mundial deste metal precioso variam bastante em


função de diversos fatores, tais como: Moedas; Inflação/Deflação; Taxas de juros; Propensão
para o Consumo e Crescimento Interno; Risco Sistêmico; Investimento de Corto Prazo;
Fatores de Oferta. O Quadro 2 a seguir resume esses fatores.
8

Quadro 2: Fatores que influenciam o preço do ouro.


Fonte: World Gold Council (20193)

O Gráfico a seguir traz uma visualização da produção de ouro, por principais


continentes, e demonstra as variações de preço e comportamento de mercado entre os anos
2003 e 2019.

Gráfico 2: Produção Mundial de Ouro e preços internacionais praticados


Fonte: WGC, The Economist Intelligence Unit (2019)

Os maiores produtores de ouro a nível global não representam necessariamente os


detentores das maiores reservas de ouro em seus respectivos tesouros federais. Inclusive,
alguns, infelizmente, sequer usufruem da extração de suas riquezas naturais, visto que seus
recursos minerários são explorados por empresas multinacionais, que levam para longe os
resultados e benefícios de sua exploração, restando ao povo as sequelas e passivos
ambientais. O Quadro 3, a seguir, apresenta os países campeões mundiais de produção
desse metal precioso em 2018.
3
NEWGREENFIL. Sete fatores que influenciam o preço do ouro. Disponível em https://www.newgreenfil.com/pages/qual-o-preco-do-ouro
9

PAÍSES Produção anual em ton


1 China 404.1
2 Australia 314.9
3 Russian Federation 297.3
4 United States 221.7
5 Canada 189.0
6 Peru 158.4
7 Indonesia 136.9
8 Ghana 130.5
9 South Africa 129.8
10 Mexico 115.4
11 Brazil 97.1
Quadro 3: Países produtores de ouro - 20184
Fonte: Extraído da tabela da WGC.

Como pode ser observado, o Brasil ocupa a posição de 11º Produtor de ouro em 2018.
O Gráfico 3, a seguir, mostra a participação de cada país em relação à somatória da
produção deste grupo.

Gráfico 3: Visualização da produção dos 11 maiores produtores de ouro em 2018.


Fonte: Elaborado pelos autores.

No último trimestre de 2018, houve uma corrida dos Bancos Centrais de muitos países
para aumentar suas reservas de Ouro. O agravamento de incertezas econômicas e
geopolíticas decorrente, por exemplo, da disputa comercial entre China e Estados Unidos
junto à volatilidade dos mercados financeiros, motivou as nações a buscar refúgio no ouro,
com os bancos centrais a diversificando suas reservas e reorientando a atenção para o
objetivo principal de investir em ativos seguros e líquidos. Notícias dão conta que os bancos
centrais agregaram 651,5 toneladas às reservas oficiais de ouro em 2018, representando
acréscimo de 22% em relação ao ano anterior, o mais alto desde 2015.
De acordo com Alistair Hewitt, diretor de análise de mercado do WGC, só a Rússia,
reconhecida como o quinto maior possuidor de ouro do planeta, comprou mais de 42% de
todo o metal vendido durante 2018. Muitos bancos centrais de mercados emergentes têm sido
expostos à dependência do dólar e precisam cobrir o risco inerente comprando ouro; o
especialista explica ainda que a Turquia foi o segundo maior comprador de ouro e incrementou
assim, em 2018, suas reservas em 51,5 toneladas; o Banco Popular da China aumentou as
reservas de ouro em até 1.853 toneladas e as Filipinas turbinaram suas reservas em torno de
20% desde 2010 até 2018. De acordo com a WGC, a demanda de ouro em 2018 atingiu 4.345
ton., acima das quase 4.200 toneladas em 2017. Isso marca um incremento de 4% em termos
interanuais, e se coaduna com a média da demanda dos últimos quatro anos que se localiza

4
WORLD GOLD COUNCIL. Gold mine production. . Disponível em https://www.gold.org/goldhub/data/historical-mine-production
10

em 4.347 ton. (PRENSA LATINA, 20195). O Quadro 4, a seguir, traz os países detentores das
maiores reservas em ouro, bem como sete outros casos de significância, alguns por ter
apresentado atipicidades no período estudado.

Intervalo de Unid
Classif
País Jun/2019 Anterior
tolerância Medida
1 Estados Unidos 8133,5 8134 8149 : 8133 ton.
2 Alemanha 3367,9 3370 3469 : 3368 ton.
3 Itália 2451,8 2452 2452 : 2452 ton.
4 França 2436,0 2436 3025 : 2435 ton.
5 Rússia 2119,2 2113 2119 : 343 ton.
6 China 1864,3 1852 1864 : 395 ton.
7 Suíça 1040,0 1040 2590 : 1040 ton.
8 Japão 765,2 765 765 : 754 ton.
9 Holanda 612,5 612 912 : 612 ton.
10 Índia 607,0 599 607 : 358 ton.
11 Zona Euro 504,8 505 767 : 501 ton.
13 Portugal 382,5 382 607 : 382 ton.
17 Reino Unido 310,3 310 588 : 310 ton.
21 Turquia 261,1 254 261 : 116 ton.
25 Venezuela 161,2 161 373 : 150 ton.
30 África Do Sul 125.30 125 184 : 123 ton.
41 Brasil 67.40 67.4 119 : 31.99 ton.
Quadro 4: Países com as maiores reservas em ouro
Data de referência: Mês JUN/20196

Note-se que os países usam o ouro para blindagem de suas respectivas economias.
Ainda que, por conveniência burra, o mundo tenha acabado com o padrão ouro (paridade de
lastro das moedas com o equivalente em ouro em seus cofres) em Bretton Woods7 em 1944,
no inconsciente coletivo permaneceu, indelével, a importância do ouro lastreando o valor das
moedas dos países.
Outros fatores dignos de nota é que a Zona do Euro não está dentro do ranking dos
10 países com maiores reservas em ouro, ocupando a 11ª. posição; surpreendentemente,
Portugal ocupa a 13ª. o que significa que não entregaram todo o ouro extraído do Brasil aos
ingleses. Outra surpresa – nem tão boa – está nas reservas do Reino Unido, que aparece na
17ª. posição, principalmente por vivenciar o pós-Brexit, quando o Reino Unido optou por sair
da União Europeia e precisa, mais do que nunca, lastrear sua moeda para manter sua
credibilidade e estabilidade econômica. Não faz jus à sua herança da Império Britânico.
Outra informação relevante é a classificação da Turquia, ocupando o 21º. Lugar e com
tendência a subir de posição, pois está investindo muito no fortalecimento de seu status na
comunidade internacional através do aumento de suas reservas. Na América do Sul, a maior
reserva em ouro pertence à Venezuela, que repatriou há alguns anos o volume físico de sua
reserva em ouro. Como não poderia ser, este volume tem decrescido em virtude da crise
interna e seu patamar se encontra próximo ao limite inferior de sua série histórica, mas ainda
assim detém a 25ª. posição do ranking. O outro caso exemplifica que nem sempre um grande
produtor mantém para si uma margem equivalente do volume da sua posição, que é o caso
da África do Sul, que mesmo estando entre os 10 maiores produtores, ocupa a 30ª. posição
em reservas em ouro.

5 PRENSA LATINA. Incerteza em mercados financeiros impulsiona demanda mundial de ouro. Disponível em
https://www.prensalatina.com.br/index.php?o=rn&id=21985&SEO=incerteza-em-mercados-financeiros-impulsiona-demanda-mundial-
de-ouro
6
Trading Economic. RESERVAS DE OURO - LISTA DE PAÍSES. Disponível em <https://pt.tradingeconomics.com/country-list/gold-
reserves>
7
Bretton Woods foi o nome dado a um acordo de 1944 no qual estiveram presentes 45 países aliados e que tinha como objetivo reger a política
económica mundial. Segundo este acordo as moedas dos países membros passariam a estar ligadas ao dólar variando numa estreita banda de
+/- 1%, e a moeda norte-americana estaria ligada ao ouro a 35 dólares. Para que tudo funcionasse sem grandes sobressaltos foram criadas com
o acordo Bretton Woods duas entidades de supervisão, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial. Assim, com o referido acordo,
o dólar passou a ser a moeda forte do sistema financeiro mundial e os países membros utilizavam-na para financiar os seus desequilíbrios
comerciais, minimizando custos de detenção de diversas moedas estrangeiras.
11

E finalmente encontramos o Brasil, que já foi tão rico na produção desse minério
ocupando o primeiro lugar dentre os maiores produtores em séculos passados e hoje mantém
como reserva em seu tesouro apenas 67,4 toneladas, o que lhe garante o 41º. Lugar deste
ranking, mas que já melhorou algumas posições, já que em 2015 ocupava a 47ª. posição.
(EXAME, 20198).

1.2 Produção de OURO: como está o Brasil neste segmento

O Brasil, de acordo com o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), já


ocupou a posição de maior produtor mundial ao longo do Século XVIII, declinando nos séculos
seguintes em função do esgotamento dos depósitos aluvionares e problemas técnicos na
exploração de jazidas subterrâneas. Note-se que ainda existe muito potencial para o
crescimento da produção, em especial na Amazônia, quando superados os desafios de ordem
social e ambiental para as novas lavras e as questões de conflito com a proteção ambiental e
populações tradicionais.

Gráfico 4: Cotação do Ouro – Histórico dos últimos 40 anos em Reais/Oz


Fonte: Cotação do ouro.com

Percebe-se que, a partir de 2005, começa a haver ocorrências de picos de preços cada
vez mais elevados, sendo que a cotação do dia 16 de junho de 2019 o preço do grama atingiu
R$ 168,76, o que multiplicando pelo peso da onça (oz) que é de 28,35g, equivale a R$
4.784,35 o valor de cada onça.
Na década de 1990, do total do ouro produzidos no país, 57% era retirado por grandes
empresas, em processos industriais. Os outros 43% ficavam com os garimpos (considerando
apenas os legalmente autorizados). Atualmente, estima-se que 87% da produção ficam com
as indústrias, enquanto o garimpo encolheu sua participação para 13%. O quadro 5 a seguir
mostra os 10 maiores produtores do Brasil em 2016 cuja publicação só saiu em 2018:

Quadro 5: Os 10 maiores produtores de Ouro no Brasil em 2016


Fonte: BRASIL.ANM, 20189

8 Revista Exame. As 10 maiores reservas de ouro do mundo. Disponível em <https://exame.abril.com.br/economia/as-10-maiores-reservas-de-ouro-do-


mundo/>
9
Anuário Mineral Brasileiro – Principais Substâncias Metálicas – 2016 Brazilian Mineral Yearbook – Main Metallic Commodities – 2016, Publicado
em 2018. Disponível em <http://www.anm.gov.br/dnpm/publicacoes/serie-estatisticas-e-economia-mineral/anuario-mineral/anuario-mineral-
brasileiro/amb_metalicos2017>
12

Porém, o que mais chama atenção são as empresas por trás desta nova fronteira
industrial: os cinco maiores produtores de ouro no país, donos de praticamente 85% do que
é retirado do solo, e a maioria são empresas multinacionais com sedes no exterior. Ou seja,
as três minas de ouro mais produtivas do Brasil (Paracatu, Cuiabá e Serra Grande) são
exploradas por companhias estrangeiras. Do Canadá, estão presentes quatro grandes
empresas: Kinross, Yamana, Jaguar Mining e Aura Gold. A AngloGold Ashanti, da África do
Sul, completa o topo da lista. Consequentemente, a maior parte do ouro produzido no Brasil
tem como destino o mercado internacional. E como o Brasil é um dos pouquíssimos países
que não cobra imposto sobre fortunas e nem tributa a distribuição de lucros e dividendos,
o que sobra são as misérias e consequências de desastres criminosos como os casos de
Mariana e Brumadinho; ou seja, continua imperando o colonialismo na relação dos brasileiros
com a propriedade da riqueza e tesouros produzidos no país. Resta ao país o que é explorado
via garimpeiros, por isso devemos começar a desconstruir a ideia pejorativa que alimentamos
sobre eles.

1.3 O estigma do “garimpo” e “garimpeiro” e a reversão do conceito

O termo garimpo/garimpeiro, etimologicamente falando, advém do termo pejorativo


“grimpeiro” que consistia em caracterizar os escravos que extraiam o ouro e o diamante, de
forma clandestina, durante a noite no período colonial. A existência da atividade garimpeira
no Brasil é muito antiga, sendo que a maioria das grandes minas no país se originou de
atividades garimpeiras nas suas descobertas. Porém, a figura do garimpeiro trabalhando
sozinho com a sua bateia praticamente não existe mais; hoje a atividade envolve um
contingente de pessoas que vai desde o garimpeiro aos donos do garimpo, composto de
cozinheiros, operadores de balsas e dragas, pilotos de aviões, comerciantes de ouro, famílias
de garimpeiros, silvícolas da região e pequenos produtores rurais e pessoas que vivem nas
“currutelas” e cidades próximas que servem como “cidades de apoio” para essa atividade.
Ainda assim, estudo denuncia que a Amazônia brasileira abriga 453 garimpos ilegais10
Analisando-se dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), mostra
que devido aos altos investimentos para a produção de ouro, a figura do garimpeiro como
uma pessoa que busca ouro de uma forma rudimentar foi substituída rapidamente por outras
formas onde o trabalho mecanizado que requerem altos níveis de investimentos. Na literatura
do setor minerário, porém, ainda é comum encontrar menção de certa forma desairosa quando
se trata do assunto, mais parecendo fruto do imaginário popular do que da realidade da
dignidade do trabalho e da profissão, deixando transparecer a notável distinção existente
entre as benesses com que são tratados empreendimentos minerários de grandes empresas
e o desprezo destinados ao garimpo11.
No imaginário - notadamente dos estrangeiros, o preconceito prevalece; exemplo disso
foi a fala do representante da empresa mineradora Ouro Roxo Participações, do grupo de
mineração canadense Albrook Gold Corporation, na região de Paxiúba, no sul do Estado do
Pará: "Os garimpeiros não evoluem. Eles estão presos na cultura da pobreza, da prostituição
e das drogas"12. Mas a realidade é que muitos falam e poucos conhecem a realidade
garimpeira e a situação dos garimpos no Brasil. Na verdade, é uma propaganda exagerada e
enganosa, visando denegrir o garimpeiro, tentando justificar a sua supressão forçada e
10
FOLHA.UOL. Amazônia brasileira abriga 453 garimpos ilegais <https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2018/12/amazonia-brasileira-abriga-453-
garimpos-ilegais-mostra-estudo.shtml>
11
Exemplos:
- “Para quem nunca se interessou em conhecer como se dão os processos de trabalho, as relações de trabalho e as condições de vida em um
garimpo de ouro, a imagem que se tem de um garimpeiro é a de um sujeito que, trabalhando com uma simples bateia, parte em busca de aventuras
e dinheiro através da selva amazônica. Porém, para aqueles que pelo menos se interessam pelas denúncias vinculadas através da imprensa, de
casos de agressões à natureza que vem ocorrendo com frequência nos últimos anos, a imagem do garimpeiro se tornou a de um predador do meio
ambiente, que deve ser expulso da Amazônia”.
- “O garimpo é uma forma de exploração de minérios valiosos através de meios mecânicos ou manuais, que pode ser realizada a céu aberto ou
em minas escavadas nas rochas. Entretanto, o garimpo é considerado uma forma predatória ao meio ambiente”.
- “O processo é, em geral, muito rudimentar e causa grandes perdas de mercúrio que é transportado pelas águas para os rejeitos [..] Este processo
torna-se como a maior fonte de contaminação dos garimpeiros, pois o amálgama separado é queimado, geralmente a céu aberto, liberando grandes
quantidades de mercúrio para a atmosfera”.
- “Durante o processo, quantidades variáveis de mercúrio são perdidas na forma metálica para rios e solos, e rejeitos contaminados são deixados
a céu aberto na maioria dos sítios de garimpo”.
- “Alguns garimpeiros também faziam o uso do maçarico para vaporizar o mercúrio deixando somente o ouro na sua forma sólida. Neste processo,
os vapores de mercúrio, pela inexistência de equipamentos de proteção, máscaras e capelas, eram inalados diretamente pelos garimpeiros.
12
BRADFORD, Sue. Disputa com mineradora em vilarejo na Amazônia testa direitos de garimpeiros. São José, no Pará, para a BBC News.
Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/01/140106_ouro_saojose_fl>.
13

institucional através de uma reforma no Marco da Mineração, beneficiando apenas os grandes


extrativistas do Brasil que são também os maiores financiadores de campanhas políticas. Está
provado que maior prejuízo ambiental vem de fazendeiros e latifundiários.
Em 1989, alterou-se o Código de Mineração com a criação do Regime de Permissão
de Lavra Garimpeira através da Lei no. 7805/89, o garimpeiro individual foi obrigado a se reunir
em cooperativa e muitos criticam esse dispositivo legal, por acreditarem que perpetuou alguns
problemas antigos e promoveram novos. Mas o real ícone denominado garimpeiro é parte
importante da população dos estados com vocação de produção mineral, como Minas Gerais,
Goiás, Pará, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas, dentre outros.
O perfil pessoal dos garimpeiros, em sua maioria, são cidadãos oriundos da zona rural,
trabalham duro e levam vida dificílima, enfrentando riscos inerentes às atividades, dentro das
florestas (com animais ferozes, peçonhentos, parasitas e etc.), e às vezes enfrentam
confrontos quando o assunto é a defesa de seus bens e direitos, e outras ainda defendendo
suas vidas e as de suas famílias e colaboradores. Se associam em cooperativas de garimpo
de forma a viabilizarem seus sonhos profissionais, e sempre tem por objetivos - além do
econômico – a ajuda mútua com o esclarecimento legal da atividade garimpeira e auxilio na
luta para a regularização e regulamentação das mesmas. São pessoas normalmente pouco
dependentes de assistencialismo governamental e promovem o desenvolvimento econômico
das regiões de garimpo e das cidades onde firmam residência e família, fortalecendo o
comércio e a arrecadação de impostos, como será amplamente comprovado na análise das
atividades da Coogarima no próximo item deste estudo. Nossas instituições públicas deveriam
atentar para a situação desses prospectores de riquezas que não são reconhecidos pela sua
importância e frequentemente explorados e depreciados a priori (CAMARGO, 201913).
Quando se ouve o garimpeiro, fica visível a angústia e sentimento de impotência diante
do poder estabelecido: “O principal problema dos garimpeiros é o futuro incerto da mina (pois
ninguém tem bola de cristal que mostre exatamente onde está o ouro) - e o poder das grandes
mineradoras: Essas empresas chegam e todas as portas se abrem”. Esta não é uma
percepção isolada e podem ser verificadas em quaisquer situações onde haja conflitos de
interesses entre garimpeiros e empresas de grande porte: "Eles conseguem regularizar a
situação do dia para noite. Parece que há uma lei para as grandes mineradoras e outra para
nós". Seria mera impressão de pessoas simples e humildes, ou teria algum fundo de verdade?
Dados oficiais mostram não se tratar de mera “impressão”; tem fundamentos concretos.
Uma análise dos dados divulgados pela Agência Nacional de Mineração – ANM que
trata das estatísticas sobre a evolução dos títulos minerários no Brasil no período de 1988 a
2017, dele se extraíram apenas as informações entre os anos de 1991 a 2017, tendo em vista
que o dispositivo legal que cria o regime de PERMISSÃO DE LAVRA GARIMPEIRA14 – a Lei
no. 7805, ainda que seja de 18 de julho de 1989, teve as primeiras PLGs outorgadas comente
dois anos depois, em 1991; o Estatuto dos Garimpeiros15 saiu somente em 2008, com a Lei
no. 11685, de 2 de junho de 2008.
Devido à enorme quantidade de colunas de dados, a planilha foi dividida em três
quadros para melhor visualização. O Quadro 6, a seguir, em suas partes 1/3, 2/3 e 3/3.
TÍTULOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Requerimentos Protocolizados* 11.046 14.675 28.020 25.846 37.898 39.635 39.042 11.296 12.909 12.550
Alvarás de Pesquisa Publicados 3.590 4.318 3.886 3.525 3.264 6.002 4.345 12.000 7.598 21.237
Relatórios de Pesquisa Aprovados 348 348 316 228 179 439 327 622 508 890
Concessões de Lavra Outorgadas 53 81 98 133 126 90 121 142 240 300
Licenciamentos Outorgados 352 211 445 441 161 573 610 541 1.449 1385
Perm Lavra Garimpeira Outorgadas 91 95 35 481 98 245 385 660 91 37
Registros de Extração 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Cessões de Direitos Aprovadas 535 665 528 378 413 584 1243 1039 1324 3014
Quadro 6a: Evolução dos Direitos Minerários - 1991 – 2018 parte 1/3 período 1991 a 2000
(*) Req.Protocolizados= Req. de Pesquisa + Req. de Licenciamento + Req. de Lavra Garimpeira + Req. de Reg. de Extração.

13
CAMARGO, Moacir. O OURO, OS GARIMPEIROS E O BRASIL. Postado pela Parmetal DTVM. Disponível em https://www.parmetal.com.br/o-
ouro-os-garimpeiros-e-o-brasil/
14
BRASIL. Lei no. 7805 de 18 de julho de 1989. Cria a Permissão de Lavra Garimpeira PLG. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7805.htm.
15
BRASIL. Lei no. 11685, de 2 de junho de 2008. Estatuto do Garimpeiro. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2008/Lei/L11685.htm.
14

TÍTULOS 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008


Requerimentos Protocolizados* 13.664 14.245 16.235 16.633 19.360 20.238 26.663 29.888
Alvarás de Pesquisa Publicados 11241 9.309 11.066 10.925 14.451 12.871 13.901 18.269
Relatórios de Pesquisa Aprovados 1.275 1.271 1.282 976 1.369 1.001 1.428 1.099
Concessões de Lavra Outorgadas 309 323 303 335 389 437 324 268
Licenciamentos Outorgados 1489 1273 1383 1312 1727 1534 1496 1220
Perm Lavra Garimpeira Outorgadas 8 338 52 99 73 89 46 106
Registros de Extração 44 90 70 86 88 179 134 146
Cessões de Direitos Aprovadas 2324 2035 1740 3234 3950 2852 3740 2724
Quadro 6b: Evolução dos Direitos Minerários - 1991 – 2018 parte 2/3 período 2001 a 2008
(*) Req.Protocolizados = Req. de Pesquisa + Req. de Licenciamento + Req. de Lavra Garimpeira + Req. de Reg. de
Extração. Por Paulo Ribeiro de Santana
Fonte: BRASIL. ANM (201816)

TÍTULOS 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Requerimentos Protocolizados* 19.702 23.639 30.409 24.908 24.717 20.603 19.423 18.505 15.850 13952
Alvarás de Pesquisa Publicados 15.123 18.309 19.582 8.860 13.562 12.215 17.525 13.615 9.569 9.295
Relatórios de Pesquisa Aprovados 1.493 1.360 1.537 1.522 1.613 1.477 1.732 1.660 1.463 1786
Concessões de Lavra Outorgadas 404 204 195 331 177 261 491 456 206 336
Licenciamentos Outorgados 1132 1548 1630 1645 1767 1802 1802 1627 1515 1013
Perm Lavra Garimpeira Outorgadas 122 368 251 316 212 162 175 146 282 216
Registros de Extração 202 185 186 136 131 195 226 196 418 383
Cessões de Direitos Aprovadas 3449 3842 4350 3060 3199 3027 2794 2481 2367 2025
Quadro 6c: Evolução dos Direitos Minerários - 1991 – 2018 parte 3/3 período 2009-2018
(*) Req.Protocolizados = Req. de Pesquisa + Req. de Licenciamento + Req. de Lavra Garimpeira + Req. de Reg. de Extração.
Por Paulo Ribeiro de Santana. Fonte: BRASIL. ANM (201817)

Ao simples observar desses quadros, nota-se imediatamente a discrepâncias entre a


outorga de Permissão de Lavra Garimpeira e os demais itens listados. Os gráficos, a seguir,
dão uma melhor visualização da amplitude dessas discrepâncias.

Relação entre pedidos protocolizados no geral e


PLGs outorgadas entre 1991 a 2018
50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

0
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018

Requerimentos Protocolizados* Perm Lavra Garimpeira Outorgadas

Gráfico 5: Relação entre pedidos protocolizados e PLGs outorgadas entre 1991 e 2018.
Fonte: Elaborados pelos autores.

Como se pode observar, o número de PLGs outorgadas, mesmo nos melhores


anos de obtenção de permissões, é ínfimo em relação às solicitações protocolizadas.
O Gráfico 6, a seguir, reduz um pouco a amplitude do intervalo dos números e
traz a comparação entre os Alvarás de Pesquisas publicados e as PLGs outorgadas.
Mesmo com esses valores estarem mais próximos para efeito de análise, o efeito
visual comprova que ainda é muito grande a diferença entre os dois regimes de
licenças.

16BRASIL. ANM. Evolução dos Direitos Minerários 1988 – 2018. Disponível em http://www.anm.gov.br/dnpm/planilhas/estatisticas/titulos-
minerarios/evolucao-dos-titulos-minerarios-no-brasil-1988-a-2017/view
17
Ibidem.
15

Relação entre Alvarás de Pesquisas publicado e


outorga de PLGs entre 1991 a 2018
25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
Alvarás de Pesquisa Publicados Perm Lavra Garimpeira Outorgadas
% PLG de alvarás publicados

Gráfico 6: Relação entre Alvarás de Pesquisas e outorgas de PLGs entre 1991 e 2018
Fonte: Desenvolvido pelos autores a partir dos dados estatísticos da ANM (2018)

Devido a linha de outorgas de PLGs no gráfico anterior, ser tão aparentemente


zerado quando comparados com números tão altos como os das protocolizações,
achou-se por bem destacar um gráfico específico para a trajetória das outorgas de
PLGs (gráfico 6) de modo a poder analisar essa trajetória:

Perm Lavra Garimpeira Outorgadas


700
600
500
400
300
200
100
0
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018

Gráfico 7: Visualização das variações nas outorgas de PLGs entre 1991 e 2018.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir da estatística da ANM (2018)

Trabalhando com a amplitude dos números somente deste quesito, é possível avaliar
a trajetória das outorgas das PLGs no período estudado. Como já comentado, apesar das
PLGs terem sido criadas em 1989, as primeiras outorgas só ocorreram em 1991 e o primeiro
volume significativo dessas outorgas ocorreu em 1994, com uma queda significativa em 1995,
com leve reação em 1996 e fortes demandas em 1997 e 1998. Em 1999 houve um aparente
desencanto, com queda significativa e mantendo-se a tendência até 2001, ano em que se
registrou o menor nível da série histórica. Tanto em 2002 quanto 2010 apresenta-se um
crescimento significativo quando, coincidências ou não, foram anos de início de gestão de
novos governantes.
Encontrou-se um texto de análise bastante ilustrativo da questão, feito pelos próprios
técnicos do DNPM, de dados apresentados referentes ao ano de 2013, “[...] Ao comparar a
quantidade de requerimentos solicitados no DNPM no primeiro semestre de 2014 em relação
ao mesmo período do ano anterior, percebe-se uma redução expressiva no valor total (-
20,2%). A maior retração incidiu nos requerimentos de Permissão de Lavra Garimpeira
(-42,4%), [...]” (grifo nosso). Prosseguindo-se a leitura da análise daquele órgão oficial “[...].
16

Comparando-se o total de títulos outorgados no primeiro semestre de 2014 com o


mesmo período do ano de 2013, é possível identificar um aumento de 0,21%. Ao analisar
cada regime de aproveitamento mineral, esta mesma comparação indica um aumento de
1,98% nas outorgas de autorização de pesquisa e de 60,00% nas de registro de extração.
Entretanto, para os regimes de concessão de lavra, registro de licença e permissão de lavra
garimpeira, foram registradas, respectivamente, reduções de 7,59%, 7,36% e 52,34% no
número de títulos outorgados em relação ao primeiro semestre de 2013 (Figura 27) [...]”

Gráfico 8: Variação da quantidade de outorgas nos regimes de aproveitamento de substâncias minerais no


1º/2014 em relação ao 1º/2013.
Fonte: DNPM/DGTMm 201418.

Pode-se também aventar a hipótese de demora nas concessões dessas outorgas, num
intervalo de tempo de dois anos em média até sair a publicação. O que vem corroborar a
“impressão” da maioria dos demandantes, já que deveria ser um processo simplificado.
Ademais, por serem pessoas mais humildes e descapitalizadas, não possuem o mesmo poder
de pressão das grandes mineradoras. O que remete novamente a importância da união
desses postulantes em cooperativas, pois a soma de muitos cooperados torna forte cada um
dos participantes, e à medida que a cooperativa cresce e se fortalece, também se ampliam as
oportunidades e resultados de seus cooperados.
De onde se pode concluir que, apesar da legislação brasileira reconhecer a
importância e proteger o empreendedor garimpeiro que mantém sua atividade legalizada
(notadamente se participante de forma organizada como cooperativas), de acordo com os
dados oficiais e observação objetiva dos documentos citados, bem como da vivência do dia-
a-dia: existe uma mudança real, substancial e explícita nas políticas públicas no sentido de
coibir ou limitar novas permissões de lavras garimpeiras. No andar da carruagem, se não
houver um processo de conscientização da gestão governamental, junto com uma resistência
pacífica e organizada por parte dos brasileiros, mesmo os 10% a 13% não pertencentes às
grandes mineradoras multinacionais tendem a ter sua exploração, de imediato, restringida; e
em seguida proibida através da não concessão de novas permissões.
Considerando-se que a nacionalidade dos demandantes de PLGs são de brasileiros,
e que a maioria das grandes mineradoras são ou pertencem a importantes grupos
multinacionais, seria de bom alvitre começar a valorizar aqueles que aqui produzem e cujos
lucros ficam 100% no Brasil. É dessa forma que se começará a desenvolver a cultura de
investimento com capital brasileiro, para resultados e desenvolvimentos de brasileiros.
Primeiro se deve oportunizar condições às pessoas cidadãs desta nação. Verdade que é difícil
obter financiamentos no começo de uma atividade garimpeira e é aí que entra a importância
de uma cooperativa séria, onde se fortalecem os empreendedores e se diluem os riscos. Por
outro lado, o Brasil tem batido recordes de produção, mas de acordo com dados do
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), só tem se considerado o montante de
ouro extraídas legalmente19. O quadro 7, a seguir, traz a produção brasileira do metal,
separada por Unidades da Federação (UF):

18
DNPM/DGTM. Informe Mineral 01/2014, p. 09 à 11, publicação do DNPM. Disponível em
<http://www.dnpm.gov.br/mostra_arquivo.asp?IDBancoArquivoArquivo=9328>.
19
Os dados referentes à produção de ouro no Brasil não podem ser avaliados através de dados oficiais. Segundo Félix (1987), os dados da
produção oficial brasileira são oriundos dos valores obtidos pela Secretaria da Receita Federal, a partir do recolhimento de impostos, e não refletiria
a realidade.
17

Quadro 7: Produção brasileira de ouro no BRASIL em 2016 (após beneficiado)


Fonte: BRASIL. ANM (201820)

Neste mesmo ano, a Coogarima foi responsável pela extração e processamento de


729,37kg de ouro no Estado de Rondônia, equivalente a 48,463% da produção registrada no
Estado dentro do período.
Como dito antes, a produção divide-se entre a indústria extrativa e a produção
artesanal, esta última levada adiante por garimpeiros. No primeiro caso, as empresas
operariam teoricamente com tecnologias modernas, concessão de lavras e controle do
Estado; no segundo caso, a produção garimpeira operaria com tecnologias teoricamente mais
simples, com permissão de lavra e em regra com índices mais baixos de produtividade e de
segurança. Estão muito equivocados os que acreditam que a extração de Ouro no Rio Madeira
não envolve altíssimo expertise e complexo conjunto de tecnologia, e tudo de forma
customizada.
Aliás, a Coogarima está sempre à frente testando soluções tecnológicas, infelizmente,
algumas não são compatíveis com as condições e realidade de mineração na calha de um rio
em que se trabalha níveis extremos de lâmina de água, vivenciando cheias de quase 20
metros e secas a jusante das usinas em que quase nem se pode navegar. São as tipicidades
locais que determinam o que é alta tecnologia.

2 QUEM SOMOS E COMO ESTAMOS NO CONTEXTO

Quem quiser entender as nuances de uma trajetória é fundamental conhecer e lembrar


da sua história, pois ela é que vai servir de base para projetar o futuro.
A Cooperativa dos Garimpeiros do Rio Madeira – COOGARIMA, é uma forma
associativa (cooperativa) que, através de seus associados, exerce a atividade de extração de
ouro através de equipamentos tipo embarcação, denominados DRAGA, de propriedade dos
associados, em áreas autorizadas pelos órgãos competentes, através de processos
formalizados junto aos órgãos competentes, para extração do ouro ao longo do leito do Rio
Madeira, no trecho que compreende de Porto Velho até Guajará-Mirim.
A COOGARIMA conta hoje com 705 cooperados, sendo que deste total 63 são sócios
investidores proprietários de dragas e todos trabalham dentro das áreas legalizadas pela
cooperativa. Estes números são dinâmicos, inclusive com recente exclusão de todos os
cooperados que não estavam mais atuando, e aberta a novas afiliações.
Dados divulgados por entidades ligadas ao setor apontam que o garimpo responde
por mais de 15 mil (15.000) empregos diretos e indiretos em Porto Velho. Integram essa legião
de trabalhadores, pais e mães de famílias que vivem, exclusivamente, do ouro retirado das
águas turvas do Rio Madeira. A Coogarima é a maior cooperativa deste segmento operando
na calha do Rio Madeira, dentro do Estado de Rondônia.
Em entrevista com o Sr. José Airton Aguiar Castro, presidente reeleito no último dia 30
de março de 2019, ele fala emocionado sobre a história, as lutas e desafios vencidos nessa
trajetória bonita da Cooperativa dos Garimpeiros do Rio Madeira – COOGARIMA:

20
BRASIL. ANM. Anuário Mineral Brasileiro – principais substâncias metálicas – 2016. Brazilian Mineral Yearbook – main metallic commodities
– 2016. Publicado em 2018.
18

Espírito de luta e determinação não faltam aos 705 associados à Cooperativa


dos Garimpeiros do Rio Madeira (Coogarima). Desde sua Assembleia de Fundação,
ocorrida em 04 de outubro de 2003, enfrentar dificuldades virou quase sinônimo do
que é a Coogarima. Primeiro, foi a longa batalha pela legalização junto aos diversos
órgãos do governo, econômicos e ambientais, para ter reconhecida e respeitada sua
atividade de extração de ouro do leito do Madeira (oficialmente qualificada de
“extração de minério de metais preciosos”).
A partir de 2008, com a construção das barragens das usinas hidrelétricas de
Jirau (concluída em 2008) e Santo Antônio (concluída em 2012) houve a perda de
muitas áreas de garimpo, cobertas pelos dois grandes lagos, e começa a batalha pela
obtenção, junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), de 30 novas
Permissões de Lavra Garimpeira (PLGs) ao longo de todo o rio, sem afetar a
navegação e Áreas de Proteção Ambiental (APAs). Mesmo para continuar
trabalhando em áreas alagadas, em águas mais profundas, muitas das 65 dragas
então operadas pela cooperativa tiveram de ser modernizadas e adaptadas,
aumentando significativamente custos.
O município se beneficia da maior parte dos impostos pagos pela cooperativa,
dos empregos gerados no comércio de minerais e de algumas atividades ligadas à
logística da Coogarima, incluindo manutenção técnica de dragas e rebocadores. Os
custos operacionais e os impostos (65% para o município, 23% para o Estado e 12%
para a União) absorvem 90% do faturamento.

José Airton conta que nas décadas 1980/1990, milhares de pessoas garimparam no
Madeira, a maioria aventureiros que desistiu da atividade por operar sem infraestrutura e pelo
fato de o garimpo, sem os licenciamentos exigidos pelo governo, ser considerado ilegal na
época. E segue descrevendo:

A Coogarima nasceu da preocupação de 35 garimpeiros com as mudanças


que a construção das hidrelétricas demandaria. Em pouco tempo, chegou a ter 80
cooperados. No entanto, o impasse em torno da legalização da atividade - o processo
de requisição da primeira PLG permaneceu anos parado no DNPM – e isto jogou um
balde de água fria na cooperativa e muitos desistiram. Sobraram apenas 15, que
conseguiram manter a instituição com uma estrutura administrativa mínima.
Para piorar a situação, em outubro de 2007 a Polícia Federal executou a
Operação Lava, com o objetivo de conter a exploração ilegal de ouro no Madeira.
Apreendeu dragas e fez prisões em flagrante. Mesmo assim, a Coogarima resistiu,
provando que seus cooperados recolhiam impostos e aguardavam sua 1ª permissão
de lavra. Meses depois, em fevereiro de 2008, a cooperativa recebeu as primeiras
quatro PLGs, que saltaram para 26 em 2014 e para 41 em 2018.

A cooperativa, atualmente com 15 funcionários na sede e presidida por Jose Airton


Aguiar de Castro, assume a função e responsabilidade pelas relações externas (com o
governo em todas as suas esferas, órgãos e instituições), pelas operações comerciais – a ela
cabendo centralizar toda a produção, cuidar da qualidade dessa produção e proceder à venda
dessa produção e cuidar para que a legislação seja cumprida, principalmente conferindo e
zelando pelos tributos devidos e previstos na legislação; também é encarregada pelos
trâmites e gestão do processos para a obtenção das licenças ambientais e PLGs.
Uma vez que o ouro produzido pelos cooperados, seja conferido e entregue à
cooperativa para juntar e consolidar toda a produção, implica que a mesma passe a ter total
controle da quantidade produzida e comercializada, bem como acompanhar o devido
pagamento dos tributos e taxas incidentes sobre essa operação, sendo que o CFEM deve ser
recolhido pelo comprador do ouro já no ato da compra da produção, haver a transmissão da
posse do ouro produzido para o primeiro adquirente no mercado de metais preciosos.
Não tem sido uma tarefa fácil sobreviver no dia-a-dia, mantendo as dragas trabalhando
o ano todo, porque as condições mudam muito no decorrer de um ano de operação e para
trabalhar é preciso estar preparado com equipamentos prontos para atuação nos dois
extremos. Para efeito ilustrativo, o Quadro 8 gera o Gráfico 9 a seguir serve para demonstrar
a aqueles que não tem intimidade com o modus operandi do Rio Madeira, de que forma, no
último quinquênio (e em todos os anos anteriores, pois se trata de condições físico-temporais-
espaciais da produção) existem os impactos decorrentes das condições de sazonalidade e
que estas sensibilizam os resultados operacionais mensais, de acordo com as condições de
trabalho vivenciadas no momento da operação de mineração.
19

ANOS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL

2014 39.971,80 45.229,70 51.141,60 49.299,60 53.911,20 48.707,60 65.018,10 51.938,90 55.006,40 79.748,40 83.234,90 62.222,30 645.458,70

2015 39.828,90 47.776,60 51.443,00 63.815,00 50.183,00 50.169,00 59.237,00 100.943,00 117.665,00 101.184,00 74.818,00 79.453,00 796.686,60

2016 58.579,00 66.073,00 57.741,00 60.847,00 78.204,00 71.312,00 79.505,00 77.038,00 67.698,00 45.846,00 64.263,00 60.840,00 729.367,00

2017 36.051,00 27.101,00 32.652,00 35.907,00 59.950,33 49.381,60 43.873,70 48.451,90 53.783,80 59.492,60 70.578,80 59.409,90 540.582,63

2018 34.590,80 46.979,70 61.158,80 61.073,20 73.704,20 73.867,90 66.012,10 61.358,60 66.848,50 66.368,60 50.934,80 73.094,50 701.400,90
3.413.495,83

Quadro 8: CONTROLE DA PRODUÇÃO DE OURO – COOGARIMA, de 2014-2018 (em g)


Fonte: Elaborado pelos autores, a partir da consolidação dos dados mensais da produção.

Na Região Norte do Brasil, as quatro estações não são bem definidas como o são na
Região Sul; aqui se resumem em apenas duas estações e não tem consonância com o quente
e o frio – porque normalmente é quente o ano todo. Tem conexão com as chuvas e o
comportamento das águas. Assim, o desempenho operacional mensal resulta num gráfico
que demonstra certa previsibilidade da produção (maior ou menor produção) de acordo com
o comportamento e manutenção de períodos produtivos, em função do período chuvoso (e de
cheia, no inverno amazônico) ou estiagem (e seca, do verão amazônico). O desafio da
Cooperativa é manter um nível tecnológico tal que a produção não desapareça nos meses de
cheia, pois é o que acontece nos casos de donos de balsas pequenas, sem condições
tecnológicas de trabalhar nos períodos de cheias do Rio Madeira.

Sazonalidade e impacto na produção mensal do


minério de ouro
400.000,00
350.000,00
300.000,00
250.000,00
200.000,00
150.000,00
100.000,00
50.000,00
0,00
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

2014 2015 2016 2017 2018

Gráfico 9: Performance de desempenho mensal de acordo com a sazonalidade


Fonte: Elaborado pelos autores.

Vê-se nitidamente que o ano começa com dificuldades na produção, já que os meses
de janeiro, fevereiro e parte do mês de março habitualmente são os meses em que o nível
das águas estão no auge. Em abril começa a baixar e em maio entra no período de ótima
produtividade, que dura até setembro/parte de outubro, que é quando as chuvas retornam e
o rio recomeça a encher.
Este é um gráfico para ser apenas ilustrativo, visando evidenciar que as produções
das dragas variam de acordo com o nível das águas, o que foi agravado sobremaneira depois
da construção das usinas, resultando em necessidade de investimento significativo para
adaptação dos equipamentos, principalmente as lanças precisaram ser mais compridas para
alcançarem o leito do rio, bem como os motores, que hoje necessitam maior potência para
fazerem funcionar bombas que também demandam maior potência, e equilibrar o peso desses
equipamentos; isso comprova o equívoco daqueles que tentam vender ao governo a ideia de
que garimpeiros não usam tecnologia. Sem falar que para vencer os desafios abrem mão de
parcela significativa de seus ganhos, pois motores mais potentes demandam mais
combustíveis, equipamentos mais pesados exigem mais segurança e manutenção e a soma
disso tudo em contabilidade significa AUMENTO DOS CUSTOS OPERACIONAIS, logo,
REDUÇÃO DA RENTABILIDADE, e MENOR LUCRO.
Reforçando ainda o assunto do uso da tecnologia, uma planta estática, em terra,
dificilmente tem que ser mexida depois de calibrada. Já a configuração das dragas que
garimpam no período das cheias do rio demanda força e confiabilidade e requerem
investimentos no projeto e execução da construção dessas estruturas de produção. Manter
20

tudo isso em equilíbrio e funcionando requer tecnologia e adaptabilidade e não é coisa de


amadores. É preciso experiência, otimização do tempo de respostas a desafios que,
normalmente, não ocorrem em minas a céu aberto e mesmo em minas subterrâneas (que
costumam ser mais estáveis e menos desafiadoras do que uma embarcação em rio barrento
em dia de tempestade).

2.1 Performance e resultados das atividades de seu objetivo social

Os dados dos registros contábeis com os valores praticados no período resultam no


Quadro 9 e Gráfico 10 a seguir, pois tratam da produção, comercialização e recolhimento de
tributos e taxas no decorrer de 2008 a 2018.

Anos Produção (em g) Receitas de vendas de ouro


2008* 181.624,80 8.613.785,66
2009 325.677,50 18.406.342,28
2010 334.426,84 23.080.608,69
2011 362.913,23 28.214.594,59
2012 415.846,69 39.626.856,58
2013 501.939,59 44.559.371,31
2014 645.458,70 60.047.306,78
2015 796.686,60 96.652.388,76
2016 729.367,00 100.061.601,89
2017 540.582,63 68.572.309,38
2018 701.400,90 99.793.284,17
TOTAL 5.535.924,48 587.628.450,09
Quadro 9: Produção de ouro (em g) e receitas de vendas (em R$) de 2008 a 2018
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos registros de controle da produção de ouro e os demonstrativos contábeis.
* A produção de 2008 começou no mês de maio.

Produção anual de ouro (em g) de 2008 a 2018


900.000,00

800.000,00

700.000,00

600.000,00

500.000,00

400.000,00

300.000,00

200.000,00

100.000,00

0,00
Produção em gramas

2008* 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Gráfico 10: Performance da COOGARIMA em gramas de ouro – 2008 a 2018.


* A produção de 2008 começou no mês de maio.
Fonte: Elaborado pelos autores.

O resultado apresentado ao longo do período mostra produção crescente até 2015 e


depois declina um pouco nos anos de 2016 e 2017 (coincidente com uma grande cheia que
afetou a produção nos meses finais de 2016 e perdura nos primeiros meses de 2017,
mostrando boa recuperação ao longo de todo o ano de 2018, corroborando com resultados
positivos a adoção da política de melhoria contínua.
21

O ano de maior produção física nesta série foi o de 2015, com incremento na produção
muito acima da média nos meses de agosto-setembro-outubro daquele ano. Ao todo, o
empreendimento produziu no decorrer do período relatado, o total geral de 5.535,92kg (cinco
mil, quinhentos e trinta e cinco quilos e novecentos e vinte gramas) de ouro; mas em referência
ao nível de receita, o melhor desempenho ocorreu em 2016, em função da demanda do
minério e bom preço praticado neste ano específico, o que resultou na seguinte visualização
das receitas. A quantidade não variou ao longo do tempo, mas o preço variou muito de acordo
com as cotações da época da venda da produção e cujas variações se dão em função da
demanda, da inflação, da paridade ouro-dólar, e etc.

Receitas de vendas de ouro


120.000.000,00

100.000.000,00

80.000.000,00

60.000.000,00

40.000.000,00

20.000.000,00

0,00

Gráfico 11: Receitas de vendas anuais no período 2008 a 2018 (em RS)
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos demonstrativos contábeis da cooperativa.
* A produção de 2008 começou no mês de maio.

A receita total das vendas da produção ao longo do período soma R$ 587.628.450,09


(quinhentos e oitenta e sete milhões, seiscentos e vinte e oito mil, quatrocentos e cinquenta
reais e nove centavos). Mas o que isso quer dizer em valores de hoje?
Como este tem por objetivo uma referência da performance de produção e resultados
das atividades da Coogarima no período de 2008 (no retorno das atividades após a construção
da Usina de Jirau e início da construção da Usina de Santo Antônio), para facilitar a
compreensão dessa performance e dos impactos, o que significaria seu esforço produtivo e
desempenho se eles estivessem ocorrendo concentrados no dia de hoje, decidiu-se
trazer essa produção a preços atuais. Para tanto, usamos nos cálculos a cotação do ouro a
preço do grama praticado em 14 de junho de 2019.

Ano Produção em gramas Produção em R$ Δ%


2008* 181.624,80 30.651.001,25 BASE ANO 0
2009 325.677,50 54.961.334,90 79,31
2010 334.426,84 56.437.873,52 2,69
2011 362.913,23 61.245.236,69 8,52
2012 415.846,69 70.178.287,40 14,59
2013 501.939,59 84.707.325,21 20,70
2014 645.458,70 108.927.610,21 28,59
2015 796.686,60 134.448.830,62 23,43
2016 729.367,00 123.087.974,92 -8,45
2017 540.582,63 91.228.724,64 -25,88
2018 701.400,90 118.368.415,88 29,75
TOTAL 5.535.924,48 934.242.615,24
Quadro 10: Produção (em g) e receitas em R$ a preços de 14/06/2018.
Fonte: Elaborado pelos autores para visualização de resultados a preços atualizados.
* A produção de 2008 começou no mês de maio.
** Em cooperativas, o pagamento do CFEM é feito pelo comprador, na primeira compra do ouro junto ao produtor.
22

Como já visto anteriormente, o empreendimento produziu no decorrer do período


relatado, o total geral de 5.535,92kg (cinco mil, quinhentos e trinta e cinco quilos e novecentos
e vinte gramas) de ouro ou pouco mais de 5,5 toneladas (uma produção muito respeitável) no
período estudado, o que valeria, se vendidos a preços de 14 de junho de 2019, o valor total
de R$ 934.242.615,24 (Novecentos e trinta e quatro milhões, duzentos e quarenta e dois mil,
seiscentos e quinze reais e vinte e quatro centavos) – cuja cotação foi de R$ 168,76 o grama.
E se a produtividade cresceu, teve por consequência maior retorno financeiro.

2.2 A COOGARIMA no ranking oficial dos produtores minerais

Em 2018, a Agência Nacional de Mineração - ANM (antigo DNPM) publicou os estudos


dos desempenhos locais dos Estados de Rondônia e Acre, em dois volumes: o primeiro no
ANUÁRIO MINERAL ESTADUAL ACRE e RONDÔNIA 2018 ANOS BASE 2010 a 2013, e o
segundo, ANUÁRIO MINERAL ESTADUAL ACRE e RONDÔNIA 2018 ANOS BASE 2014 a
2017. Poderia até se chamar Anuário de Rondônia (como parapraxia registrada ao final do
primeiro volume) em função de que o Estado do Acre registra a produção apenas de areia,
argila e água mineral (que aliás, é ótima água)
Ao estudar essa publicação, no que diz respeito à produção de Ouro, trouxe grata
surpresa e orgulho para a Cooperativa dos Garimpeiros do Rio Madeira – COOGARIMA, por
se tratar de publicações oficiais. Analisemos o papel da cooperativa nesses anuários.

A tabela 1.2, na página 35 do primeiro volume, trata da produção mineral de todo o


Estado de Rondônia, e nela está registrado que a produção de ouro em 2010 foi de 613kg. A
Coogarima produziu em 2010 um total de 334,426 kg de ouro, o que dá a ela o percentual de
54,56% do total de ouro produzido no Estado de Rondônia naquele ano.

A página 40 informa que o Estado de Rondônia tinha na época apenas micro


produtores de ouro e em número de 20. Na página 42, estão registrados todos os mineradores
de todas as substâncias no estado e a Coogarima está lá listada ocupando o 20. Lugar geral
23

e o 1º. Lugar em mineração de ouro, sendo que sua produção representa 11,77% de toda a
produção mineral do estado no período.

Em 2011, na página 47 do primeiro livro, traz uma produção de ouro de 489kg. Como
a Coogarima produziu em 2011 o montante de 362,913kg de ouro, foi responsável pela
produção de 74,22% de todo o ouro produzido no Estado de Rondônia no ano considerado.
O número de produtores caiu para 13. O ranking de produção mineral (p.54) registra que a
Coogarima ocupa o 3º. Lugar dentre todos os produtores minerais, com 7,44% de toda a
produção mineral comercializada e segue invicta em 1º. Lugar dentre os produtores de Ouro.

No ano de 2012, o anuário mostra que foram produzidos e comercializados 665kg de


ouro (p.59). A Coogarima produziu 415,847kg do minério, ou seja, 62,53% de todo o ouro
produzido em Rondônia naquele ano. O número de produtores baixou para 12 (p.64) e o
ranking dos produtores minerários apresenta a seguinte classificação (p.66): a Coogarima
reassume a 2ª. classificação geral, participando com 8,93% de toda a comercialização do
setor mineral do estado e 1º. Lugar inconteste dentre os produtores de ouro.
No ano de 2013, a página 71 do primeiro livro mostra que o Estado de Rondônia
produziu 633kg de ouro, e deste montante a Coogarima produziu 502kg, equivalente a 79,3%
de todo o ouro produzido no Estado de Rondônia. O número de produtores baixou para 11 e
a cooperativa segue como líder absoluta no segmento de ouro e responsável por 10,51% de
toda comercialização de produtos de mineração no ano (p.78), ocupando por isso o 2º. lugar
na classificação geral.
24

O período 2014 a 2017 fazem parte do segundo volume da publicação, cuja razão para
o desmembramento e dois volumes ainda não foi descoberta.

Rondônia produziu, em 2014, o montante de 784kg de ouro (p.39, V.2), e a cooperativa


produziu no período 645,46kg desse metal precioso, equivalente a 82,33% da produção total.
25

O número de produtores este ano subiu para 15, a COOGARIMA, já invicta em primeiro
lugar dentre os produtores de ouro, segue em segundo na produção geral mineral, detendo o
percentual de 13% de toda a produção mineral do Estado (p.46,v.2).

Em 2015, a produção de ouro informada (p.52,v.2) pelo referido Anuário Mineral, foi
de 1142kg, sendo que desses, 796,69kg foram produzidos pela Coogarima, representando
69,76% da produção total de ouro de Rondônia.

Neste ano se manteve o mesmo número de produtores do ano anterior (15), e a


cooperativa, além de se consagrar em primeiro lugar na produção de ouro, também conquista
o primeiro lugar GERAL na produção mineral, sendo responsável por 17,94% de todo o
mercado de produção mineral de Rondônia, deixando para trás ícones como a Cooperativa
de Garimpeiros de Santa Cruz, Cooperativa de Garimpeiros de Campo Novo de Rondônia e
Cooperativa Mineradora dos Garimpeiros de Ariquemes, todas referências nacionais na
produção de cassiterita, e o 2º. lugar na produção de ouro: a Cooperativa dos Garimpeiros,
Mineração e Agroflorestal que vem crescendo e começa a aparecer no mercado (p.58,v.2).
26

No ano de 2016, a produção total de ouro no Estado de Rondônia foi de 1147kg


(p.63,v.2) e a cooperativa produziu 63,59% desse volume (com 729,37kg). Mas ainda segue
em primeiro lugar nos dois quesitos de avaliação, tanto no de produção de ouro quanto na
produção total mineral, responsável por 15,76% do mercado (p.70,v.2).

Em 2017 a produção de ouro no Estado de Rondônia sofre uma leve retração, com a
produção estadual registrando 1065kg, sendo que deste total 540,58kg (50,76% do total
produzido) foram ofertados ao mercado pela Coogarima. Não foi um ano fácil, como relatado
anteriormente, devido à queda significativa na produção nos meses de janeiro, fevereiro,
março e abril, em função da cheia do Rio Madeira.
27

Também subiu para 20 o número de produtores de ouro no ano de 2017, atraídos que
foram pela boa média de preços nas cotações de 2016.

Apesar de todos esses fatores, a cooperativa ainda se mantém em primeiro lugar entre
os produtores de ouro mas fica em 2º. entre os produtores gerais do setor minerário de
Rondônia (p.82,v.2).
A tabela 3.1 do citado anuário (p.85,v.2) traz a tabela de recolhimento do CFEM:
28

Analisando a Tabela 3.1 e cotejando com os recolhimentos devidos pelas operações


originadas na Coogarima, não foi possível se chegar a um consenso quanto aos valores, em
função de que nas PLGs o imposto é pago pelo primeiro adquirente do ouro.
Anos Produção (em g) Receitas (em R$) CFEM no AM de AC-RO
2013 501.939,59 44.559.371,31 128.277
2014 645.458,70 60.047.306,78 180.152
2015 796.686,60 96.652.388,76 251.899
2016 729.367,00 100.061.601,89 687.834
2017 540.582,63 68.572.309,38 345.893
3.214.034,52 369.892.978,12 1.594.055
2018 701.400,90 99.793.284,17
TOTAL 3.915.435,42 469.686.262,29
Quadro 11: Comparativo Produção (em g) Receitas (em R$) e Valores no Anuário Mineral
Fonte: Registros contábeis e Anuário Mineral 2018 v.2, p.85.

Ora, no período de 2013 a 2017 a Coogarima produziu 3,214.034,52g de minério de


ouro e os vendeu por R$ 369.892.978,12 (trezentos e sessenta e nove milhões, oitocentos e
noventa e dois mil, novecentos e setenta e oito reais e setenta e oito centavos). Sobre este
montante, presume-se que o adquirente tenha pago o imposto devido, nos respectivos
períodos. E o fato fica estranho quando se examinam as páginas 89 e 90 do referido Anuário
Mineral 2018 v.2, onde deveria constar o nome da cooperativa como ponto de origem de
cálculo do recolhimento da CFEM se constata que ela simplesmente não faz parte da relação.
Disso se pode levantar hipóteses, tal como a empresa compradora do minério de ouro
não tem sede em Rondônia e este imposto está sendo indevidamente beneficiando outro
município. De qualquer forma Porto Velho não aparece como beneficiário para este montante.
Há que se apurar e corrigir, e informar a Prefeitura Municipal de Porto Velho, aparentemente
prejudicada neste caso, já que a CFEM é devida ao município de onde a substância é
extraída e não da sede do comprador.
A cooperativa pretende envidar os esforços necessários para esclarecer essa
informação e, em caso de destinação legal, mas indevida, trabalhar junto aos legisladores a
correção deste tipo de distorção que, temos certeza, não afeta só o município de Porto Velho.
29

Recomenda-se imediata providência no sentido de se esclarecer o ocorrido21 e tomar


as providências necessárias para beneficiar a quem de direito.
A tabela 3.2 mostra o valor da somatória do CFEM de todos os produtores do
município.

21
O Apêndice 5 do Anuário Mineral 2018 livro 2 que contém o período de 2013 a 2017 esclarece os critérios a respeito do CFEM:
APÊNDICE A5 – Royalties (Royalties) Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais - CFEM A CFEM, estabelecida pela
Constituição de 1988, em seu Art. 20, § 1o, é devida aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e aos órgãos da administração da União,
como contraprestação pela utilização econômica dos recursos minerais em seus respectivos territórios. Ao DNPM compete baixar normas e exercer
fiscalização sobre a arrecadação da CFEM (Lei Nº 8.876/1994, art. 3º inciso IX / Lei Nº 13.575/2017, art. 2º inciso XII). A Compensação Financeira
é devida por toda e qualquer pessoa física ou jurídica habilitada a extrair substâncias minerais, para fins de aproveitamento econômico, e o
pagamento deve ser realizado mensamente até o último dia útil do segundo mês subsequente ao fato gerador. A CFEM é calculada sobre o valor
do faturamento líquido, quando o produto mineral for vendido. Entende-se por faturamento líquido o valor de venda do produto mineral, deduzindo-
se os tributos, as despesas com transporte e seguro que incidem no ato da comercialização. Quando não ocorre a venda porque o produto foi
consumido, transformado ou utilizado pelo próprio minerador, o valor da CFEM é baseado na soma das despesas diretas e indiretas ocorridas até
o momento da utilização do produto mineral. Os dados de arrecadação da CFEM apresentados neste anuário estão consolidados por substâncias
e por titular de direitos minerários.
30

2.3 Diferencial da Cooperativa dos Garimpeiros do Rio Madeira - COOGARIMA

É inegável que, assim como em todas as atividades e profissões, existem os


especuladores, os predadores e os que descumprem a lei e suas obrigações. Por outro lado,
existem aqueles que se unem em cooperação, buscando a redução de custos, viabilidade da
implementação de ideias e soluções inovadoras, em busca do empreendimento justo e
sustentável. A COOGARIMA, como um conjunto de pessoas cooperativas, extremamente
atuantes, responsáveis e conscientes, faz parte integrante do segundo tipo de profissionais,
daqueles que se organizaram e buscaram a resolução efetiva dos conflitos em suas raízes,
que investiram em conhecimentos e tecnologias e em desenvolveram novas soluções.
O grande divisor de águas se deu principalmente na reunião do dia 27 de janeiro de
2007, que reuniu o Sindicato dos Garimpeiros de Rondônia – SINGRO, com diretores da
Metalmig (detentora dos direitos minerários da Mina de Cachoeirinha) e liderança da classe
garimpeira na pessoa do Sr. Joaquim, onde se decidiu suspender as atividades garimpeiras
pelo prazo necessário aos procedimentos técnicos e legais para emissão da licença ambiental
e autorizações legais através das PLG – Permissão de Lavra Garimpeira. O que foi realizado
de forma harmônica e ordeira, buscando sintonia com a sustentabilidade e priorizando os
interesses sociais envolvidos.
Em maio de 2008 a COOGARIMA retorna às atividades como uma cooperativa
completamente estruturada e organizada. Desde então, buscaram e continuam buscando
incansavelmente as melhores alternativas, atuando sempre de modo ético, modelando
soluções em ações que privilegiem atitudes transparentes e politicamente corretas, investindo
em economia e reciclagem de materiais, em aumento de produtividade, em desenvolvimento
social e local, em sustentabilidade.
Para tanto, adotou por filosofia empresarial uma série de princípios que têm colocado
diligentemente em prática, traçando objetivos e metas, e implementando por etapas. A partir
de cada um desses passos e dessas etapas, vai se discutindo e aprimorando as formas de
superação de cada um dos obstáculos, transformando situações desesperadoras em
oportunidades efetivas.
Como primeiro passo, entendeu a necessidade de traçar uma linha de planejamento e
atuação, que abrange desde o conhecimento do negócio com o levantamento do mercado,
dos problemas e oportunidades específicos da atividade, as fraquezas e os pontos fortes,
resultando na montagem da Matriz de Análise SWOT do empreendimento como um todo.
Como segundo passo, observou que quem não tem, contrata. E procedeu à
contratação de técnicos para elaboração do mapeamento do processo e investigação do que
há de mais moderno e seguro no segmento através de Benchmarking tanto a nível local
quanto externo, abrangendo análise de práticas inclusive de outros países como o Chile e
China (acrescente-se que no quesito compromisso ambiental com a preservação e
sustentabilidade, o Brasil está muito à frente dos países “lideres” na mineração do ouro).
Como terceiro passo, parou para refletir e aprender, e promoveu encontros e
seminários visando o detalhamento e testes das possíveis alternativas. Continuam a investir
em capacitação e aprimoramento de processos até os dias de hoje, conforme comprovam
notícias veiculadas na mídia local.
Como quarto passo, a implementação das soluções, primeiramente as corretivas e
emergenciais para atendimento a dispositivos e exigências legais. Na fase atual, tem investido
com especial ênfase nas medidas preventivas, com a disseminação da ideia e compromisso
com a melhoria contínua e pro-atividade.
Como amálgama que dá consistência e uniformidade a todo o processo, investiu em
controle e gestão, através de aquisição de softwares de automação de gestão da produção e
controle rigoroso dentro dos parâmetros previstos na legislação vigente no país e utilizado em
cada uma das suas unidades; tomada de decisão de investimentos somente dentro da visão
multidisciplinar e considerando-se os aspectos técnicos; finanças sólidas, com compromissos
honrados pontualmente; prestação de contas enquanto gestores, enquanto cooperativa e
enquanto instituição autorizada para compra de ouro, com recolhimento de todos os impostos
devidos; accountability de gestão com transparência e efetiva atribuição de responsabilidade;
resultados claros e indiscutíveis.
Esta visão, esta postura e engajamento por parte de TODOS OS COOPERADOS, por
31

si só, derruba todas as teorias nefastas e contundentes que se insculpe e atribui à imagem do
garimpeiro. Se legalmente se enquadra na descrição e atribuição de garimpo e garimpeiro, se
este núcleo de pessoas está organizado como cooperativa de garimpeiros e vem cumprindo
religiosamente com todos os seus compromissos socioeconômicos, ambientais e legais.
Então é fato que ser garimpeiro é uma profissão digna, extremamente séria e verdadeiramente
útil e compromissada com o desenvolvimento do país; sendo que, como profissão, não fica a
dever nada a nenhuma outra, por mais pomposa que seja, em nível de importância e
resultados.
A seguir, busca-se demonstrar os principais resultados concretos da filosofia
empresarial da COOGARIMA e sua cultura interna:
A primeira realização: conhecer profundamente o negócio, mapear o processo, padronizar
dentro dos parâmetros definidos, eliminar vícios e desperdícios, reduzir significativamente os
riscos, multiplicar e replicar os resultados positivos. Com o apoio do conhecimento teórico
(FRANCISCO Jr.; YAMASHITA; MARTINES, 201322) juntamente com trabalhadores de uma
draga de garimpo, foi mapeado e analisado cada uma das fases do processo, com visitas
presenciais para a coleta de dados e registro dos achados, visando apreender os
procedimentos empregados e demais aspectos relacionados. A partir do material coletado e
do conhecimento acerca do processo de extração de ouro, foi produzido um material com o
objetivo de inter-relacionar os saberes popular e científico. Neste relatório, que representa um
adensamento de aspectos teóricos do material coletado, será apresentado um breve contexto
histórico-social da exploração aurífera no Rio Madeira, as etapas que constituem o processo
de garimpo, bem como propostas de interação alguns conhecimentos científicos com a base
nos saberes relacionados a este tipo de extração mineral.
Diferentemente de outras regiões onde o ouro se encontra geralmente associado a
alguns minerais ou mesmo no formato de pepitas, no Rio Madeira, a disponibilidade do metal
é na forma de pequenas fagulhas, fato que exige tecnologias diferenciadas para o garimpo,
inclusive a necessidade de uso do mercúrio. Foi a necessidade de explorar o ouro no formato
de pequenas fagulhas que impulsionou a utilização das dragas para o garimpo, a partir de
equipamentos originários do saber científico-tecnológico e da experiência dos sujeitos em
modificá-los conforme suas necessidades. Logo, no que se refere aos termos operacionais,
os saberes envolvidos no garimpo são empíricos, basicamente fruto da observação da
experiência, construídos na relação com o outro no mundo e sendo apropriados conforme a
necessidade prática.
Atualmente, com as modificações na tecnologia empregada, especialmente nas
dragas, houve aumento significativo da segurança da atividade, com a redução do uso do
mercúrio diminuiu em mais de 90% a contaminação dos garimpeiros e do ambiente.
A Figura 2 a seguir ilustra uma retorta idêntica às empregadas pelos garimpeiros, na
qual o vapor atravessa um tubo metálico, espécie de condensador, sendo recolhido
novamente no estado líquido em um recipiente contendo água, que não permite a volatilização
do metal. Todo o sistema é fechado o que diminui drasticamente a contaminação com
mercúrio dos garimpeiros e do ambiente.

Figura 2: Sistema fechado idêntico ao utilizado para o aquecimento da amálgama e posterior separação do
mercúrio do ouro. Vista frontal (A) e superior (B).
Fonte: Catálogo do produto.

Atualmente, a questão do uso do mercúrio no processo de extração do ouro é


controversa, sobretudo devido à sua toxicidade. A rigor, o uso de mercúrio é proibido na

22
FRANCISCO JR., W.E.; YAMASHITA, M.; MARTINES, E.A.L.M. Saberes regionais amazônicos: do garimpo de outro no rio Madeira (RO)
às possibilidades de inter-relação em aulas de química/ciências. Química Nova na Escola, v. 35, n. 4, p. 228-236, 2013.
32

extração de ouro, salvo em casos nos quais a atividade é autorizada pelo órgão ambiental
competente. Não obstante a redução do uso de mercúrio no garimpo, sua autorização para
uso é de difícil concessão, o que faz com que muitas dragas operem irregularmente no Rio
Madeira. Isso traz uma incoerência sob a lógica legal, pois o processo de extração pode ser
liberado, mas não o é em muitos casos. No caso específico da COOGARIMA, todas as normas
e recomendações legais são rigorosamente obedecidas e dentro dos protocolos de utilização
exigidos pela legislação em vigor.
Vale aqui um adendo. Por um longo tempo, creditava-se ao garimpo o alto teor de
mercúrio da região amazônica, em especial a região do Madeira. No entanto, estudos sobre
a geologia da região demonstram que o teor de mercúrio no solo e sedimento é considerável.
Nesse caso, os fatores antropogênicos como o desmatamento, as queimadas, a inundação
de grandes áreas para reservatórios que abastecem as usinas hidrelétricas se configuram de
importante papel na biodisponibilização do mercúrio para metilação e entrada na cadeia
alimentar dos peixes, o que pode levar a resultados imprevisíveis de contaminação.
A erosão, a lixiviação do mercúrio presente nos solos e a sua consequente re-emissão
para a atmosfera mantêm a alta concentração do elemento no ecossistema, mesmo após a
diminuição do garimpo de ouro (LACERDA; MALM, 200823). Segundo Lacerda e Malm (2008),
o desmatamento com o intuito de expandir a área agropecuária poderia ser responsável pela
manutenção das elevadas concentrações de mercúrio ainda verificadas. Assim, é preciso um
olhar mais crítico para o garimpo e outros processos histórico-sociais que afetaram, afetam e
afetarão a região.
No presente, é possível recuperar o mercúrio utilizado, fato que praticamente
extingue a contaminação. Com isso, não seria mais adequado incentivar a exploração
legal, fiscalizando seu uso ao invés de proibi-lo?

2.4 Inovação e desenvolvimento de soluções com desenvolvimento local

Um dos mais altos elementos de custos na mineração está na aquisição de máquinas,


equipamentos e implementos. Com a localização de Porto Velho ainda resulta como um
agravante no que diz respeito ao transporte desses itens. Constatado este fato, a
COOGARIMA desenvolveu com parceiros locais um sistema sustentável de reciclagem,
utilizando sucatas/materiais inservíveis como insumo na usinagem de novas peças. O
mosaico de fotos a seguir, analisado da esquerda para a direita, detalha cada uma das etapas
e os resultados desta iniciativa.

Figura 3: Processo de reciclagem de material para fabricar máquinas e equipamentos


Fonte: Visita às instalações locais

23
LACERDA, L. D.; MALM, O. Contaminação por mercúrio em ecossistemas aquáticos: uma análise das áreas críticas. Estudos
Avançados, v. 22, n. 63, p. 173-190, 2008.
33

É necessário romper alguns paradigmas, tal qual o paradigma inconcusso de que o


garimpo trouxe exclusivamente problemas ambientais. Tal visão é, no mínimo, unilateral e
bastante limitada sobre o que é/foi ou representa/representou o garimpo para a região e para
os homens que dele vivem. Esses aspectos necessitam de um novo olhar a fim de
proporcionar uma reflexão mais acurada que busque se aproximar da realidade amazônica.

2.5 Limitações legais na compra da produção de ouro no Brasil

Em tempos de crise, o ouro é porto seguro, mas deve-se levar em conta que, da
mesma forma que no mercado de ações, o de ouro também é um mercado de risco, pois além
de variáveis externas, a cotação do ouro também varia de acordo com a oferta e a procura.
Por variáveis externas que influenciam na cotação do ouro entendam-se as guerras, as crises
mundiais, altas repentinas do preço do petróleo, etc. Nos tempos de situação difícil, é comum
os investidores buscarem refugio (hedge) no ouro. Sua função de hedge fica bem evidenciada
quando se verifica que o ouro é uma reserva de valor em momentos de incerteza econômica,
financeira ou política em nível mundial.
Tem como Marco Legal – O Art. 1º do Decreto-Lei no. 227 (Código de Mineração), de
28 de fevereiro de 1967 estabelece que: “Compete à União administrar os recursos minerais,
a indústria de produção mineral e a distribuição, o comércio e o consumo de produtos
minerais”. Depois deste, vários dispositivos legais trataram da exclusividade da aquisição do
ouro pela Caixa Econômica Federal nas regiões de Serra Pelada e Cumaru, bem como a
comercialização somente através de instituições financeiras credenciadas pelo Banco Central
– BANCEN, para realizar este tipo de transação.
A Constituição Federal de 1988, em seu Art. 153, § 5º. Estabelece que: “O ouro,
quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se
exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo, devido
na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência
do montante da arrecadação nos seguintes termos: (Vide EC nº 3, de 1993)
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;
II - setenta por cento para o Município de origem”.
Por sua vez, a Lei no. 7.766, de 11 de maio de 1989, dispõe sobre o ouro, ativo
financeiro, e sobre seu tratamento tributário:
“Art. 1º - O ouro em qualquer estado de pureza, em bruto ou refinado, quando destinado ao
mercado financeiro ou à execução da política cambial do País, em operações realizadas com
a interveniência de instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, na forma e
condições autorizadas pelo Banco Central do Brasil, será desde a extração, inclusive,
considerado ativo financeiro ou instrumento cambial”.
O § 1º do mesmo artigo complementa “Enquadra-se na definição deste artigo:
“I - o ouro envolvido em operações de tratamento, refino, transporte, depósito ou custódia,
desde que formalizado compromisso de destiná-lo ao Banco Central do Brasil ou à instituição
por ele autorizada. II - as operações praticadas nas regiões de garimpo onde o ouro é extraído,
desde que o ouro na saída do Município tenha o mesmo destino a que se refere o inciso I
deste parágrafo”.
Esclarecendo ainda no seu § 2º que: “As negociações com o ouro, ativo financeiro, de
que trata este artigo, efetuada nos pregões das bolsas de valores, de mercadorias, de futuros
ou assemelhadas, ou no mercado de balcão com a interveniência de instituição financeira
autorizada, serão consideradas operações financeiras”.
É o Art. 2º da mesma norma legal que faculta às cooperativas ou associações de
garimpeiros, desde que regularmente constituídas e autorizadas pelo Banco Central do Brasil
a operarem com ouro, restringindo-se, porém e exclusivamente, à sua compra na origem e à
venda ao Banco Central do Brasil, ou à instituição por ele autorizada, e serão comprovadas
mediante as notas fiscais ou documentos que possam identificar plena e legalmente essas
operações.
A COOGARIMA cumpriu as exigências e têm esse credenciamento, essa autorização.
O § 2º do Art. 3º ainda prevê que “O ouro acompanhado por documentação fiscal
irregular será objeto de apreensão pela Secretaria da Receita Federal”.
34

Como se pode observar, os agentes envolvidos e credenciados/autorizados são


rigorosamente investigados na concessão da licença de comercialização e amplamente
fiscalizados; toda e qualquer operação que envolva este metal precioso é rotineiramente
acompanhado de perto pelo governo, que exerce soberanamente o seu poder de polícia.
Não seria mais inteligente e lucrativo para o país aparelhar com equipamentos,
tecnologia e capacitação do garimpeiro do que continuar a ser espoliado em nossas riquezas
minerais a troco de apenas 1% do CFEM?

2.6 O impacto das atividades da Coogarima na economia de Porto Velho

Como já visto nas informações de produção de ouro da cooperativa demonstrado no


Quadro 9 do presente estudo, bem como as informações pertinentes registradas No Anuário
Mineral de 2018 de Rondônia e Acre, a Cooperativa dos Garimpeiros do Rio Madeira é uma
empresa consistente e sólida, líder de produção de ouro no Estado de Rondônia e destaque
na produção mineral total tanto local quanto regional.
Suas atividades desenvolvidas impactam fortemente a economia local de formas
variadas, algumas das quais passaremos a elencar.
a) No período analisado, compreendido entre 2008 e 2018. O empreendimento produziu
um montante de 5.536kg (cinco mil, quinhentos e trinta e seis quilogramas) – ou seja,
5,54 toneladas de ouro e gerou uma receita de comercialização dessa produção no
total de R$ 587.628.450,09 (quinhentos e oitenta e sete milhões seiscentos e vinte e
oito mil, quatrocentos e cinquenta reais e nove centavos), ou seja, bem mais de meio
bilhão de reais; que, após as retenções de impostos previstos na legislação, foram
repassados aos cooperados.
b) Os insumos consumidos no garimpo, tais como combustíveis (gasolina, óleo diesel e
lubrificantes), alimentação, peças de reposição, compra de maquinários e
equipamentos e etc., são todos adquiridos no comércio local. São mais de R$
8.300.000,00 (oito milhões e trezentos mil reais) injetados mensalmente no comércio
local, lembrando que só o óleo diesel representa 15.600.000 litros x R$ 3,55 = R$
55.380.000,00 x 25% ICMS = R$ 13.845.000,00 recolhidos para a SEFIN, isso fora o
óleo hidráulico, lubrificantes e outros insumos necessários ao processo produtivo, o
que faz com que o garimpo se destaque como uma das principais atividades
econômicas do Município de Porto Velho.
c) São várias as empresas e de vários segmentos socioeconômicos que tem suas
atividades voltadas quase que exclusivamente para o fornecimento e mercadorias e
produtos para o garimpo; e devido à proibição do garimpo no Rio Madeira, no trecho
que compreende do Belmont até a divisa com o Estado do Amazonas, determinada
pelo Decreto 5.197/91 assinado pelo então Governador Osvaldo Piana, essas
empresas vem sentindo o impacto em suas receitas conforme declarações constantes
no APÊNDICE A.
d) Devido a essa proibição – desnecessária e injustificada, muitos garimpeiros acabam
por assumir riscos e trabalhar na ilegalidade, o que acaba trazendo prejuízos ao
produtor, ao Município, ao Estado e à Federação - seja pelo não pagamento dos
tributos, seja pelo desvio do ouro a mercados clandestinos; e insegurança para as
famílias que dependem destas atividades para sobreviverem;
e) Portanto, se faz necessário que esta gestão governamental entenda a importância
desta atividade para a economia da Capital do Estado de Rondônia. Por isso, é
necessário – dentre outras coisas - não somente revogar o Decreto no. 5.197/91 retro
mencionado, que atrapalha a atividade garimpeira em áreas de muita potencialidade
do Rio Madeira, como também regulamentar o exercício desse labor, à semelhança
do que já ocorre em outras unidades da federação tais como os Estados do Pará e
Minas Gerais, para que essas pessoas possam trabalhar e sustentar suas famílias,
ratificando assim um de seus compromissos de campanha;
f) Não se pretende, contudo, defender a exploração do ouro em áreas ilegais, mas a
imperiosa necessidade de se garantir o direito constitucional ao trabalho, à uma vida
digna ainda que plena de simplicidade; que se constitua numa forma segura de
sobrevivência para si e seus familiares.
35

2.6.1 Impactos a partir das Matrizes D.Bn e de Leontief

O cálculo dos impactos a partir da Matriz de Coeficientes Técnicos Intersetoriais por


definição, discrimina os principais setores supridores de bens e serviços para a Mineração.
Em termos gerais, representa o perfil distributivo do consumo intermediário da mineração e a
partir da Matriz D.Bn, e constata-se que para cada R$ 1 de produção da mineração são
demandados itens que são disponibilizados pelos diversos setores e que compõem a planilha
de custos da atividade do setor de mineração.
No que diz respeito ao Efeito Multiplicador - Matriz de Leontief, ela é derivada da Matriz
D.Bn e retrata o efeito multiplicador – impacto econômico – emanado por uma atividade
econômica como resultado do aumento de uma unidade monetária na demanda final por seus
produtos. A tabela a seguir discrimina os principais multiplicadores que consubstancial o
impacto econômico da atividade Mineração.

Cálculo dos valores distributivos setoriais no período 2008 a 2018 Receita R$587.628.450,09

Setor beneficiado Coeficiente Benefícios monetários


Mineração 0,08764 51.499.757,37
Fabricação & Manutenção de Máquinas e Tratores 0,06518 38.301.622,38
Refino de Petróleo & Indústria Petroquímica 0,05644 33.165.749,72
Transportes 0,05276 31.003.277,03
Serviços Prestados às Empresas 0,04217 24.780.291,74
Serviços Industriais de Utilidade Pública 0,03967 23.311.220,62
Fabricação de Outros Produtos Metalúrgicos 0,03828 22.494.417,07
Instituições Financeiras 0,03756 22.071.324,59
Comércio 0,03557 20.901.943,97
Fabricação de Produtos Químicos Diversos 0,0281 16.512.359,45
Fabricação de Minerais Não-Metálicos 0,01464 8.602.880,51

Total Selecionado 0,499 R$293.226.596,59


Total da Matriz D.Bn 0,576 R$338.473.987,25
Total do Consumo Intermediário 0,608 R$357.278.097,65
Tabela 1: Coeficientes Técnicos de Consumo com impactos no período de 2008 a 2018
Fonte: Contabilidade da Coogarima e indicadores do IBGE.

O que gera o Gráfico 12 a seguir, que dá essa percepção visual da dimensão do


impacto intersetorial, com caráter distributivo de impacto de receita da Cooperativa em
empresas parceiras e suas fornecedoras no mercado.

Impacto Intersetorial das atividades da


Coogarima
R$60.000.000,00
R$50.000.000,00
R$40.000.000,00
R$30.000.000,00
R$20.000.000,00
R$10.000.000,00
R$0,00

Gráfico 12: Impacto Intersetorial das atividades da Coogarima, no período de 2008 a 2018
Fonte: Contabilidade da Coogarima e indicadores do IBGE.

Em termos de efeito direto tem-se o multiplicador de 1,09986, ou seja, para cada R$ 1


de aumento na demanda final por bens da atividade Mineração é gerado um montante
36

adicional de R$ 0,09986 dentro da própria atividade. No que diz respeito aos efeitos indiretos,
em nível do aumento na demanda junto aos setores fornecedores, estão discriminados os
multiplicadores relativos aos segmentos de maior representatividade.
Pode-se perceber que o maior impacto se dá no setor de mineração, responsável por
fornecer os insumos para a produção industrial, que fabrica as máquinas e equipamentos que
vão atender à demanda crescente por bens de produção. O gráfico, a seguir, auxilia na
visualização dos efeitos distributivos das atividades desenvolvidas pela COOGARIMA de
acordo com a Matriz D.Bn.

R$16.512.359,45 R$8.602.880,51
R$20.901.943,97 R$51.499.757,37
R$22.071.324,59
R$38.301.622,38
R$22.494.417,07

R$23.311.220,62
R$33.165.749,72
R$24.780.291,74 R$31.003.277,03

Mineração
Fabricação & Manutenção de Máquinas e Tratores
Refino de Petróleo & Indústria Petroquímica
Transportes
Serviços Prestados às Empresas
Serviços Industriais de Utilidade Pública
Fabricação de Outros Produtos Metalúrgicos

Gráfico 13: Mensuração do Impacto Intersetorial das atividades da Coogarima, no período de 2008 a 2018
Fonte: Contabilidade da Coogarima e indicadores do IBGE.

O impacto mais significativo continua sendo na própria área de mineração. Os demais


impactos se dão na indústria de produção de máquinas e equipamentos pesados, no refino
de petróleo e indústria petroquímica e vai decrescendo contemplando os transportes e
serviços – desde os prestados às empresas, passando por instituições financeiras e comércio.
Ao se analisar a Matriz de Custeio da empresa, são exatamente esses os quesitos de
maior peso no orçamento.

Ao se considerar a receita total ao longo dos anos de 2008-2018, os efeitos setoriais


na economia é extremamente significativo, sendo:
Total Selecionado 0,499 R$293.226.596,59
Total da Matriz D.Bn 0,576 R$338.473.987,25
Total do Consumo Intermediário 0,608 R$357.278.097,65

Cálculo dos Multiplicadores sobre a renda do período 2008 a 2018 Receita R$587.628.450,09

Setor impactado Multiplicadores Impacto monetário


Mineração 1,09986 646.309.027,12
Refino de Petróleo & Indústria Petroquímica 0,12032 70.703.455,11
Fabricação & Manutenção de Máquinas e Tratores 0,08527 50.107.077,94
Transportes 0,08025 47.157.183,12
Serviços Industriais de Utilidade Pública 0,07379 43.361.103,33
Serviços Prestados às Empresas 0,06774 39.805.951,21
Fabricação de Outros Produtos Metalúrgicos 0,06267 36.826.674,97
Comércio 0,06112 35.915.850,87
Instituições Financeiras 0,05695 33.465.440,23
Fabricação de Produtos Químicos Diversos 0,04325 25.414.930,47
Siderurgia 0,03845 22.594.313,91
Fabricação de Minerais Não-Metálicos 0,02455 14.426.278,45
Indústria de Papel & Gráfica 0,02235 13.133.495,86
Serviços Prestados às Famílias 0,02216 13.021.846,45
Administração Pública 0,0172 10.107.209,34
Aluguel de Imóveis 0,01718 10.095.456,77
Extração Combustíveis Minerais 0,01655 9.725.250,85
Agropecuária 0,01412 8.297.313,72
Indústria da Borracha 0,01277 7.504.015,31
Fabricação de Elementos Químicos não Petroquímicos 0,01255 7.374.737,05

Total Selecionado 1,9491 1.145.346.612,07


Total da Matriz Leontief 2,04177 1.199.802.140,54

No Cômputo geral, o impacto econômico da Mineração, em nível dos seus efeitos


37

diretos e indiretos, é caracterizado pelo multiplicador total de R$ 2,04177 para cada R$ 1 de


aumento da demanda final por seus bens. Sob outro enfoque, esse indicador pode ser definido
como o valor total da produção requerida de todos os setores para proporcionar o aumento
de R$ 1 na produção do setor Mineração. Ao longo dos anos de 2008 a 2018 o efeito
multiplicador das atividades da COOGARIMA, de acordo com a Matriz Leontief foi de R$
1.199.802.140,54

2.6.2 Fator Multiplicador de Mão-de-Obra Direta e Indireta

A composição do quadro de cooperados, seus beneficiários diretos e indiretos estão


demonstrados na tabela a seguir (Tabela...)
BENEFICIÁRIOS DIRETOS24
1 - PROPRIETÁRIOS - PARCEIRO INVESTIDOR001
Número Médio de Proprietários por Equipamento Considerado 1,12
Equipamento Subaquático DRAGAS BALSAS ESCARIFUÇAS TOTAL
UNIDADES 73 10 0 83
BENEFICIÁRIOS DIRETOS 82 11 0 93
1.1 – DEPENDENTES002
Número Médio de Familiares por Proprietário Considerado 5
Equipamento Subaquático DRAGAS BALSAS ESCARIFUÇAS TOTAL
BENEFICIÁRIOS DIRETOS 365 50 0 415
2 - OPERADORES/LOGÍSTICA003
Número Médio de Operadores e Pessoal de Apoio Logístico Considerado 7
Equipamento Subaquático DRAGAS BALSAS ESCARIFUÇAS TOTAL
UNIDADES 73 10 0 83
BENEFICIÁRIOS DIRETOS 511 70 0 581
2 .1 DEPENDENTES004
Número Médio de Familiares por Operadores e Pessoal de Logística Considerado 5
Equipamento Subaquático DRAGAS BALSAS ESCARIFUÇAS TOTAL
BENEFICIÁRIOS DIRETOS (2.1) 2.555 350 0 2905 3.901

BENEFICIÁRIOS INDIRETOS:005
Número Médio de Funcionários por Atividade de Apoio ao Garimpo Considerado 5
DISTRIBUIDORES DE
LOJAS SERVIÇOS
Equipamento Subaquático OFICINAS ÓLEO E TOTAL
COMERCIAIS AUTONOMOS
LUBRIFICANTE
UNIDADES 47 23 7 26 103
BENEFICIÁRIOS INDIRETOS 235 115 35 130 515
3.1 DEPENDENTES 006
Número Médio de Familiares por Funcionários por Atividade de Apoio ao Garimpo Considerado 5
DISTRIBUIDORES DE
LOJAS SERVIÇOS
EMPRESAS OFICINAS ÓLEO E TOTAL
COMERCIAIS AUTONOMOS
LUBRIFICANTE
007
BENEFICIÁRIOS INDIRETOS 1.175 575 175 650 2.575

Total dos Beneficiários Diretos e Indiretos 6.476


Tabela 2: Demonstrativo de Mão-de-Obra utilizada direta e indireta.

Outros estudos feitos pela Secretaria Nacional de Geologia e Transformação Mineral,


do Ministério de Minas e Energia é ainda mais otimista e mostram que o efeito multiplicador
de empregos é de 1:13 no setor mineral, ou seja, para cada posto de trabalho na mineração,
são criadas 13 outras vagas (empregos diretos) ao longo da cadeia produtiva.
Os postos de trabalho disponibilizados pela Coogarima somam:

24 Critérios utilizados nas estimativas e cálculos:


001 – Beneficiários Diretos: composto por proprietários e parceiros investidores: Em termos gerais, cada equipamento, draga ou balsa tem um
único proprietário. No caso específico da COOGARIMA, apenas 12% (doze por cento) dos conjuntos de draga/balsa possui 2 (dois) proprietários.
002 – Dependentes: Para definição dos dependentes (mulher, filhos, mãe, irmãos/irmãs, cunhados e parentes próximos envolvidos no processo)
se considerou o número de 5 (cinco) pessoas por beneficiados diretos.
003 – Operadores e apoio logístico: Em média, foi considerado o número de 7 (sete) pessoas embarcadas por draga/balsas.
004 – Dependentes dos operadores e apoio logístico: Para definição dos dependentes (mulher, filhos, mãe, irmãos/irmãs, cunhados e parentes
próximos envolvidos no processo) se considerou o número de 5 (cinco) pessoas por pessoas embarcadas.
005 – Beneficiários indiretos:
 Funcionários de estabelecimentos: Considerou-se todos os segmentos que prestam serviços à atividade garimpeira. Após se definir o
número de estabelecimentos, após verificação por amostragem chegou-se à média de 5 (cinco) funcionários por estabelecimento.
 Esses funcionários possuem dependentes, à razão de 5 (cinco) dependentes para cada funcionário de empresas fornecedoras de bens e
serviços para a COOGARIMA.
38

 Proprietários 83
 Operadores e pessoal de apoio 591
 Pessoal administrativo 15
TOTAL DE POSTOS OCUPADOS.................. 689
Portanto, pode-se considerar que a cooperativa mantém a seguinte média de
trabalhadores diretos, desconsiderando as vagas geradas na fase de pesquisa, prospecção e
planejamento e a mão de obra ocupada nos garimpos:

TOTAL DE POSTOS OCUPADOS.................. 689


 Impacto do fator multiplicador 1:13
 Postos de trabalho gerados ao longo
Da cadeia produtiva............................ 8.957

2.7 Testemunhos de fornecedores

Constam no Apêndice A do presente trabalho, declarações de empresas situadas no


Município de Porto Velho, a respeito de suas relações com a Cooperativa de Garimpeiros do
Rio Madeira – COOGARIMA. São essas empresas:

1) Capital Comércio de Óleo Diesel Ltda.,


2) ROVEMA Veículos e Máquinas,
3) Fertudos Máquinas e Equipamentos,
4) Sulfer Comércio e Serviço e Aço,
5) GARIMAR,
6) Polisoldas Ltda,
7) Magalhães e Cia Ltda.,
8) Rei da Borracha,
9) Amazônia Hidráulica,
10) Edimaq,
11) Tonin Soldas,
12) Torneadora Marciel,
13) J.B. de Abreu,
14) Retisoldas,
15) Açoron,
16) Ferragista Panamara
17) Açoporto Ltda.

3 OS PARADOXOS DA MINERAÇÃO DE OURO NO BRASIL

Vamos falar de mocinhos e de vilões que envolvem esta importante atividade


econômica no país. Como muito em voga, há sempre que se questionar um e outro, pois
frequentemente as coisas não são o que aparentam ser, De acordo com Marcelo Ribeiro
Tunes, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a origem
deste oligopólio que domina o setor minerário específico da extração de ouro está no próprio
modelo de exploração que ainda predomina nos empresários brasileiros: o garimpo de
superfície, voltado para a camada inicial do solo e do leito dos rios, onde o mineral já está
desagregado, in natura. Ele afirma textualmente que “O Brasil nunca teve uma tradição de
mineração subterrânea de ouro muito forte, enquanto essas empresas internacionais têm
tradição e experiência em mineração subterrânea, por isso são elas que puxam o
desenvolvimento do setor”.
O maior obstáculo enfrentado pelos empreendedores brasileiros é a dificuldade de
obtenção de financiamento para projetos de mineração, restando ao pequeno empreendedor
escolher aquilo que seja aparentemente mais barato: é mais fácil se arriscar, se embrenhando
em garimpos pela Amazônia do que perfurar minas subterrâneas. Ainda de acordo com
39

Tunes25: “Mineração é uma atividade de capital, não de Estado. E o preço é alto. Hoje nós
não temos uma estrutura de financiamento que atenda a mineração. Essas empresas que
estão aí são de fora porque, em países como o Canadá, há apoio para esse tipo de operação.
Qualquer cidadão pode colocar seu dinheiro na bolsa para financiar esses empreendimentos”.
A maioria dos projetos internacionais em atividade no país foi atraída por
empreendedores brasileiros que não conseguiram obter financiamento para bancar as
explorações em minas. Deve-se levar em consideração que se o empreendedor não possui
um sistema de financiamento no país, é preciso buscar alternativas fora do país. Isto não é
nenhuma novidade.
Em tempos normais, sem muitas crises e oscilações na economia, cerca de 70% da
produção mundial de ouro é utilizada pela indústria de joias, 11% por empresas produtoras
(dental, eletrônica) e 13% é detido por investidores privados e instituições como os governos
e os bancários.
O primeiro item a ser desmistificado é o do garimpo e da cooperativa de garimpeiros.
Na realidade, O ESTADO (entenda-se por Estado o ENTE FEDERATIVO, o PAÍS) deveria
cada vez mais fomentar a formação e utilização de cooperativas para fomentar as atividades
que, de outra forma não seriam viáveis em virtude dos níveis de juros praticados no país, a
insegurança de assumir dívidas em moeda estrangeira em face à instabilidade e fragilidade
da moeda nacional, e a falta de disponibilidade de políticas de fomento para concretização de
projetos que demandem determinados níveis de investimentos.
Alguns especialistas já começaram a trabalhar essas ideias e o objetivo agora é
trabalhar para que se concretizem como políticas públicas, ainda que estas têm dependido
cada vez mais do estímulo e do fortalecimento ao capital social ou da organização social dos
beneficiários em determinados contextos como forma de ampliar as possibilidades de sua
efetividade.
A criação e o fortalecimento de organizações coletivas passaram a integrar as
normativas de orientação do Estado para a aplicação de recursos públicos, numa clara condução
de programas públicos e o acesso a políticas públicas para “beneficiários” que precisam estar
constituídos em cooperativas e associações. Esse é um critério estabelecido de cima para baixo.
Compromissados em acessar as políticas e os programas, os “beneficiários” se adéquam às
exigências e formalizam uma organização, mesmo sem que ela seja fruto de um processo de
mobilização e confluência de interesses. Porém, é importante questionar: qual a capacidade
articuladora e coordenadora destas organizações em prol de um grupo? Elas (as organizações
induzidas) conseguem de fato integrar e implementar políticas públicas e fazer a diferença na
vida das famílias que a recebem? As cooperativas do ramo mineral, por exemplo, tem sido uma
forma de impulsionar a legalização dos garimpos; o Estado decretou que o direito de lavra seria
concedido prioritariamente para cooperativas ou associações. Com tal determinação os
garimpos tiveram que mudar sua forma de organização para se adequarem a uma exigência
externa. E em consequência se amplia a constituição de cooperativas de garimpeiros no Brasil.
Mas esta questão ainda é tratada de forma marginal na academia e carece de estudos para
ganhar amplitude e visibilidade, inclusive nas reflexões dos formuladores de políticas públicas.

Um segundo ponto que precisa ser entendido é que o uso do mercúrio nem sempre é
o vilão do processo de mineração do ouro. A utilização do mercúrio não se restringe apenas
à produção de ouro26. Aliás, o processo de amalgamação do ouro já era de domínio tanto dos

25
Fontes: Valor-Multinacional puxa alta na exploração de ouro no Brasil
26 Aplicações do mercúrio
Normalmente, o mercúrio é utilizado em instrumentos de medidas como termômetros, medidores de pressão sanguínea e barômetros, além de ser
também utilizado na fabricação de lâmpadas fluorescentes e como catalisador em reações químicas. Costumava ser usado por dentistas como
elemento para a obturação de dentes, porém, foi substituído por bismuto, que possui propriedades semelhantes às do mercúrio, mas é ligeiramente
menos tóxico. De todas as suas aplicações, a mais importante está na fabricação de instrumentos para laboratórios, que terão diversos fins, dentre
eles: medir o peso específico de alto, medir sua fluidez e condutividade elétrica. Na Sociedade Contemporânea, o mercúrio (Bicloreto de Mercúrio)
é utilizado nos seguintes produtos e procedimentos: amálgama dentário (cimentos dentais), baterias elétricas, bronzes, bulbos de lâmpadas
florescentes “e vapor de mercúrio”, branqueadores de pele, células eletrolíticas da produção de cloro e soda cáustica, cosméticos em geral
(preservativos), desinfetantes, detonadores, calibração de vidros e de cristais, conservação de sementes de batata, crematórios (devido às
próteses), equipamentos elétricos e eletrônicos (retificadores, relés, interruptores etc), esterilização de instrumentos controle e cirúrgicos
(termômetros, barômetros, esfingnomanômetros); espelhos (fabricação), feltro, fornos de cimento ( principalmente durante a injeção de resíduos),
fotogravuras, fotografia industrial, fungicidas (preservação de madeira, papel, plásticos etc.), garimpo (catalisadores e na extração de ouro –
“amalgamação”), galvanização (dourado, prateado e bronzeado), germicidas, geleias anticoncepcionais, incineradores (sobretudo de lixo urbano e
hospitalares), inseticidas, laboratórios químicos, leites de colônia, lâmpadas fluorescentes, litografia, minas de mercúrio produtivas, madeiras,
medicamentos anti-sardas e para psoríase, óleos lubrificantes, óxido amarelo de mercúrio, mercúrio amoniacal, pigmentos, pintura de pisos de
navios, preparações farmacêuticas, reservatórios de drogas, reagente analítico, produção de compostos de mercúrio, sabões sublimados, seda
artificial, solução para taxidermia, soluções antimofo em pintura, supositórios hemorroidários, soluções embalsamantes, soda cáustica, tanagem
(mordente), tatuagem (principalmente na cor vermelha), tecidos estampados, tecidos (pintura), termômetro, tinta anti-ferrugem, tinta de escrever,
tinta para quadros, tônicos capilares, vacinas (thimerosal), e etc.
Perigos para a saúde
Queimação na pele, mudanças de personalidade, coceiras persistentes e tremores musculares são alguns dos sintomas de envenenamento crônico
por mercúrio, ou seja, absorção frequente de pequenas quantidades do elemento. Já o caso de envenenamento agudo, que acontece por ingestão
de compostos do metal, é muito pior e se não tratado pode causar a morte em até uma semana.
40

fenícios quanto dos cartagineses há 4,7 milênios atrás. Em escrito datado de 50 d.C. (História
Natural) Caius Plinius descrevia a técnica de mineração do ouro e prata com um processo de
amalgamação bastante semelhante ao ainda hoje utilizado na mineração de ouro.
O Brasil não produz mercúrio, pois não tem reservas de cinabre (forma
comercialmente explorada de mercúrio). Por isso, o país o importa principalmente dos EUA
e da Espanha. A sua importação e comercialização são controladas pelo IBAMA por meio da
Portaria n° 32 de 12/05/95 e Decreto n° 97.634/89, que estabelece a obrigatoriedade do
cadastramento no IBAMA das pessoas físicas e jurídicas que “importem, produzam ou
comercializem a substância mercúrio metálico”. O uso do mercúrio metálico na extração do
ouro é também regulamentado. O Decreto 97.507/89 proíbe o uso de mercúrio na atividade
de extração de ouro, “exceto em atividades licenciadas pelo órgão ambiental competente”.
Por outro lado, a obrigatoriedade de recuperação das áreas degradadas pela atividade
garimpeira é igualmente regulamentada pelo Decreto 97.632/89.
Por interessante, reproduziu-se aqui parte da entrevista do professor e pesquisador
Arthur Pinto Chaves27, concedida à Oficina de Textos28, quase que na forma de um debate.
Em face dos recentes debates sobre uso de mercúrio em garimpos impulsionaram a busca
por métodos sustentáveis de mineração, o professor e pesquisador Arthur Pinto Chaves,
esclarece que:
a) A amalgamação é um dos métodos de recuperação do ouro contido nos concentrados, mas não é o único. O ouro
pode ser extraído, por exemplo, por lixiviação cianídrica. Destacamos que o mercúrio pode ser utilizado de forma segura,
para os operadores e para o meio ambiente, com a utilização de equipamentos adequados, como moinhos de amalgamação
e retortas para vaporização e recuperação completa do mercúrio. O problema mundial na utilização do mercúrio na mineração
de ouro é que sua aplicação pelos mineradores informais geralmente feita sem nenhuma técnica ambientalmente segura.
Isso acarreta perdas para o meio ambiente, riscos de ele se integrar à cadeia alimentar e mesmo de se incorporar
imediatamente ao ser humano através da respiração dos vapores durante a “queima” do amálgama. Em outras palavras, o
mercúrio pode ser utilizado em mineração desde que seja de forma segura.
b) Existem outras técnicas que permitem separar os minerais dos resíduos, como a separação densitária. A diferença
em relação às outras técnicas é que o mercúrio facilita o trabalho. Além do bateamento manual, industrialmente os minérios
são processados em jigues, espirais concentradoras, mesas vibratórias, equipamentos centrífugos e por flotação. A
cianetação é um processo hidrometalúrgico muito eficiente e usado. Todos os métodos de concentração gravimétrica ou
densitária produzem concentrados de ouro, uma mistura do metal com outros minerais de ganga (rejeitos). Assim, sempre
será necessário aplicar um processo final para a apuração do ouro, e que pode ser a lixiviação cianídrica já citada. O único
problema com os processos de separação densitária é o elevado consumo de água. Isso faz com que os concentrados e
rejeitos tenham que ser desaguados e, geralmente, a disposição dos rejeitos é feita em barragens de rejeito, que costumam
ser ambientalmente impactantes. Mas não é aplicável em mineração em leito de rio, por exemplo, como é o caso do Rio
Madeiram porque não há onde armazenar esses rejeitos e ele solto no rio acaba por ser mais destrutivo que o próprio
mercúrio.
c) A cianetação é mais eficiente na recuperação do ouro, enquanto os custos operacionais com a amalgamação são mais
baixos. A cianetação também envolve riscos, que podem ser minimizados pela boa técnica de engenharia, que precisa
ser aplicada sempre. A amalgamação também poderia ser aplicada na apuração final do ouro se boas técnicas fossem
empregadas em todos os casos, mas como ela é de fácil execução mesmo manualmente, é utilizada, no mais das vezes,
sem nenhuma tecnologia ambientalmente sustentável, chegamos ao ponto de o mercúrio estar em vias de ser banido
mundialmente da mineração de ouro, exceto nos garimpos devido à oposição dos países emergentes.
d) A escolha do método de beneficiamento depende de vários fatores independentes: tamanho das partículas de ouro e
dos outros minerais presentes nos minérios; se o ouro está livre ou associado a outros minerais (sulfetos, por exemplo);
presença de cianicidas; presença de lamas etc. Além das eventuais restrições legais ao uso do mercúrio, a utilização de um
método ou outro depende: (a) das características do minério (presença ou não de cianicidas, e grau de liberação do ouro,
por exemplo); (b) da escala de produção; (c) do estudo de viabilidade econômica do projeto. O custo de capital (investimento)
mais elevado deverá corresponder às instalações com cianetação forçada, em tanques com agitadores.

A opção pelo cooperativismo implica na mudança de escala individual de ações de


baixo alcance para a escala de ações comunitárias de alcances e complexidades
diferenciadas. As cooperativas permitem o exame dos problemas apresentados na
garimpagem a partir perspectiva do coletivo, portanto, permitindo separar pontos comuns de
pontos específicos e individuais ou mesmo das questões coletivas divergentes. Por meio das
cooperativas, a escala de ação e análise pode superar a escala geográfica local, podendo

Os principais motivos de envenenamento crônico por mercúrio são contaminações, como o descarte incorreto de telefones celulares, que podem
também comprometer o meio ambiente, uma vez que o visor desses aparelhos possui o elemento. Incineradores de lixo urbano produzem uma
fumaça rica em cádmio, chumbo e mercúrio, que se misturam ao ar e podem alcançar longas distâncias e contaminar a via nasal.
As indústrias que fazem uso dos seus processos podem deixá-lo vazar nos cursos d’água, seja acidentalmente ou até mesmo propositalmente. As
principais responsáveis por poluição e por acidentes com metais pesados são as indústrias metalúrgicas, fábricas de tinta e de plásticos,
principalmente o plástico PVC.
Referências:
1) Dra. Cecília Zavariz http://www.chem.unep.ch/mercury/2001-ngo-sub/sub14ngo.pdf; 2) Dr. Mario Julio Avila-Campos. Professor Associado do
Depto. Microbiologia - US). http://www.mundodoquimico.hpg.ig.com.br/metais_pesados_e_seus_efeitos.htm; 3) Dra. Shirley de Campos
http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias.php?noticiaid=1544&assunto=Metais%20Pesados%20/%20Transição;
https://www.estudopratico.com.br/a-quimica-do-mercurio/
27
CHAVES, Arthur Pinto; CHAVES FILHO, Rotênio Castelo. Teoria e Prática do Tratamento de Minérios – Volume 6
28
https://www.ofitexto.com.br/comunitexto/uso-de-mercurio/
41

assumir, por sua vez, visões compartilhadas de realidades ou de problemas comuns em


escala regional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer da pesquisa, chegou-se a comprovação dos seguintes fatos:


 A política estatal voltada para a mineração, em geral, adotada no Brasil privilegia os
detentores do capital, ou seja, as atividades de mineração industrial e empresarial em
detrimento dos garimpeiros descapitalizados que permanecem informais e sem apoio
governamental. As cooperativas familiares não têm sido fortes suficientes para
remover os problemas sociais e ambientais da garimpagem e reduzir as inquietações
econômicas dos garimpeiros, que teimam em insistir na possibilidade de um ganho
“fácil”, que dificilmente se concretiza. Além do mais, as cooperativas funcionam como
meio efetivo e simbólico de auxiliar ou assegurar o controle social e territorial sobre os
garimpeiros e o recurso mineral.
 Sinalizações do poder constituido mostram esforços estatais no estímulo à extração
industrial de ouro permanecem como meta para modernização do setor mineral. Em
decorrência, os garimpos estão cada vez mais enfraquecidos. Por meio das
cooperativas, os garimpeiros familiares e informais, ou mesmo os mineradores
capitalizados, tentam resistir e prolongar suas existências. Mas a pressão é grande
 As causas alegadas pela vulnerabilização dos grupos de garimpeiros descapitalizados
remetem, quase que exclusivamente, às restrições ambientais. Todavia este é apenas
o lado visível do problema, que na realidade tem outra complexidade e outros motivos,
entre outros fatores, na pouca eficiência governamental em empresariá-los, ou mesmo
em cooperativá-los; nos processos incapazes de transformá-los em extratores formais
e legais de ouro, com algum capital. Esta situação, se não evidenciada e combatida,
resulta na quase impossibilidade de inserção desses garimpeiros nos processos
capitaneados pelo grande capital minerador.
 A fase contemporânea de aprofundamento capitalista moderno da Amazônia brasileira
está em andamento. Isto ocorre com as decisões governamentais de investir em
infraestrutura de estradas, hidrovias e de usinas hidroelétricas. E ainda, de intensificar
o controle sobre a exploração de recursos naturais de áreas estrategicamente
escolhidas para produção de “novos espaços”, no oeste da Amazônia, incluindo
terrenos ricos em ouro e terras agricultáveis que se estendem até o Peru e a Bolívia.
 A Cooperativa de Garimpeiros do Rio Madeira traz à lume que é possível fazer as
coisas certas e prosperar ao mesmo tempo. Lutando com a morosidade e resistência
do sistema, vem se aprimorando, se modernizando e combatendo o preconceito com
a apresentação de resultados concretos e impactos palpáveis na economia:
a) Adaptou e modernizou suas máquinas e equipamentos para atuar o ano todo,
mesmo a uma profundidade de lança que alcança perto de 50 metros; Sua
estrutura operacional conta com 73 dragas de grande porte e 10 balsas; sua
produção tem batido recordes frequentes, chegando a produzir em três meses
o que estruturas similares produzem em vários anos, também documentado e
comprovado na presente apresentação.
b) Legalizou todas as suas atividades e de seus cooperados, tornando-se um
líder local e destaque no que tange à parceria com fornecedores e
confiabilidade;
c) Liderança absoluta na produção de ouro na calha do Rio Madeira, produzindo
no período de 2008 a 2018 mais de 5,5 toneladas de ouro, que a preços de
hoje valeria quase R$ 1 bilhão, ocupando o merecido primeiro lugar dentre os
produtores de ouro e com muita frequência assumindo também a liderança no
setor de produção mineral, tudo isso devidamente comprovado no presente
trabalho;
d) Os passos e decisões tomadas que a conduziram à performance diferenciada
apresentada, com a descrição de vários desses processos e seus resultados
práticos.
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A Coogarima tem sido pioneira na desconstrução dos estigmas e preconceitos que


pesam sobre imagem da atividade garimpeira. Há muito tempo atrás, ouvi de uma pessoa
sábia que o preconceito não existia em função de cor e sim em função de valor, e que todo
mundo fica lindo quando produz riquezas e a conta bancária serve de cartão de visitas. A luta
pelo reconhecimento de seu desempenho pesa exatamente neste fator: o quanto a
cooperativa faz bem aos cooperados, à comunidade, ao meio ambiente e ao governo em suas
três esferas de atuação, e contribui com a geração de riqueza, desenvolvimento comunitário,
respeito à legislação e bom senso.

Em função dos resultados inquestionáveis aqui demonstrados, o poder público em


suas várias esferas e instituições, deveria estimular a Coogarima a continuar o trabalho de
legalização e regularização do setor no Estado de Rondônia, notadamente no Rio Madeira,
proporcionando oportunidade para que mais PLGs sejam liberadas sob sua responsabilidade,
pois já restou provada a excelente governança praticada com as que já possui. Com novas
áreas licenciadas poder-se-ia aproveitar a expertise e multiplicar os resultados com essas
novas aquisições, transmutando-se em oportunidades para novos cooperados, multiplicando
os impactos positivos na economia local, estadual e até mesmo federal com a multiplicação
de recolhimentos de impostos e taxas, sem falar no fomento ais setores do comércio e dos
serviços - considerando-se o impacto das receitas na economia e os fatores de multiplicação
de geração de emprego e renda, já comprovados neste estudo.
A esfera governamental deveria disseminar o exemplo e valorização desse tipo de
arranjo cooperativo, que além de tudo atua como se fosse um braço de orientação para
garantir a legalidade, cuidando para que os direitos de todos sejam assegurados. A proposta
de meta para o período de um ano é dobrar o número de PLGs e acolher novos cooperados
na mesma proporção, de modo que as vocações de excelência produtiva se realizem com
magnificência.
Resta então à nossa equipe de pesquisa técnica disponibilizar nossos achados,
disseminar as ideias de governança dessa exemplar instituição que recebe o nome de
Cooperativa dos Garimpeiros do Rio Madeira – COOGARIMA, e recomendar que o trabalho
como um todo seja lido, estudado, degustado e aproveitado em sua essência por todos
aqueles que almejam alcançar seus objetivos, como um fator inspirador para vivenciar os
desafios de cada dia e lograr êxito até mesmo no difícil e no improvável, e persistir mesmo
nas dificuldades, mantendo intacta a crença que é possível lutar e concretizar um mundo
melhor e mais justo e feliz para todos.
Somos gratos pela oportunidade gratificante de se encantar, de sonhar junto e de
contribuir.

Equipe técnica:
Dulce Michels
Ioshua Johanna Schmitz Michels Dantas
Bruno Henrique da Silva
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APÊNDICE A – Testemunhos

Constam neste Apêndice A, declarações de empresas situadas no Município de Porto


Velho, a respeito de suas relações com a Cooperativa de Garimpeiros do Rio Madeira –
COOGARIMA.
São essas empresas:

1) Capital Comércio de Óleo Diesel Ltda.,


2) ROVEMA Veículos e Máquinas,
3) Fertudos Máquinas e Equipamentos,
4) Sulfer Comércio e Serviço e Aço,
5) GARIMAR,
6) Polisoldas Ltda,
7) Magalhães e Cia Ltda.,
8) Rei da Borracha,
9) Amazônia Hidráulica,
10) Edimaq,
11) Tonin Soldas,
12) Torneadora Marciel,
13) J.B. de Abreu,
14) Retisoldas,
15) Açoron,
16) Ferragista Panamara
17) Açoporto Ltda.

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