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Estado
Delinquente Vítima
O Direito Internacional Penal diz respeito a crimes internacionais, por exemplo: a vitima tem
outra nacionalidade ou o crime foi cometido noutro lugar que não o seu país.
Em Direito Penal, a CRP tem um papel muito importante porque a forma de reação é uma que
esta relacionada com a liberdade e também ela tem de estar prevista na CRP. Pode haver uma
lei ordinária que faça recorrer ao Código Penal ou a Legislação avulsa.
A limitação jurídica ao Direito Penal está na CRP (por exemplo: art. 24º/2). De qualquer forma
seria inconstitucional mas, o legislador estabelece essa restrição. Também o artigo 30º/1 proíbe
o estabelecimento de penas perpétuas. Mas também para impedir penas de prisão de carater
perpétuo (por exemplo: 105 anos). Ao estabelecer estas proibições implica que exista na lei
ordinária um limite para as penas (25 anos), pois não fazia sentido ser maior, já que seria difícil
a ressocialização. Assim, estabelece-se o limite para que a ressocialização ainda seja possível.
Admitir prisão perpétua é admitir que existe indivíduos que não são ressocializáveis. À partida
são todos mas há exceções.
O artigo 24º estabelece o Principio da Humanidade das Penas: deve-se ter em atenção as
penas, pois há um núcleo essencial humano que deve ser respeitado. Pode existir pessoas que já
saíram da prisão mas sofreram de penas estigmatizadas, por exemplo: os pedófilos que se
encontram num bairro, a comunidade de onde vive pode ter conhecimento sobre o seu cadastro,
ele tem um estigma.
O artigo 30º/2 trata as penas perpétuas – as medidas de segurança tem um limite de
durabilidade, se entretanto, a pessoa com anomalia psíquica estiver controlada pode sair, como
também se passar o limite máximo ele pode se manter ou até ficar perpetuamente se a anomalia
não for controlável. Ainda o artigo 30º/3 estabelece a proibição da transitabilidade das penas,
não se pode vender/doar as penas, nem aplicar o mortis causa (filhos acabam por cumprir a pena
dos pais após as suas mortes). É o princípio da intransmitibilidade das penas. O artigo 29º já
estabelece o princípio da legalidade, é um princípio muito importante e corresponde à
legalidade penal.
Perspetivas dominantes:
Genética: CESARE LOMBROSO
Psicologia: GAROFALO
Sociológica: FERRI – dá origem à Escola Sociológica do crime, destacam-se autores como:
LACASSAGNE e DURKHEIM.
No século XIX havia uma visão positivista do direito. As causas do crime eram estudadas por
ciências que não eram relevantes para o Direito. Os juristas como eram defensores de Direito
não ligavam para as ciências.
O Direito Penal combate o crime, mas como? Bem, o modo de combate não está definido, mas
para o combater tem de se ter em conta as ciências (psicologia e sociologia) para se definir as
regras. As ciências estudavam os crimes mas também os indivíduos, isto é, os comportamentos
dos indivíduos. São ciências diferentes mas conexas, já que ambas acabam por estudar o crime.
Van Liszt estudou todas as ciências e formou uma nova “criminologia” que trata todas as
ciências criminais. Através da criminologia estuda-se a politica criminal, o que leva ao Direito
Penal (ciência que estuda a execução e consequências das penas) e por consequência leva à
Psicologia, pois as penas são aplicadas aos indivíduos criminosos.
A ideia da criminologia influenciar o Direito Penal não teve muito sucesso, apenas mais tarde
no século XX, quando começaram a abrir a mente a outras ciências é que tal foi possível.
Cesare Lombroso entendia que através da genética podia-se identificar criminosos, ou seja,
através da feitura do rosto e queixo distinguia-se os criminosos das pessoas “normais”.
O Garofalo descobria criminosos através da psicologia. Ele defendia que os criminosos têm
anomalias psíquicas de acordo com o psicológico de cada um. A causa do crime estava no
individuo. Já Ferri defendia que as causas do crime estavam na sociedade, isto é, nos problemas
sociais, nomeadamente a pobreza. A perspetiva de Ferri deu origem a uma Escola Sociológica
com várias ideologias: Lacassagne defende que o criminoso é assim de acordo com a sua
sociedade “cada sociedade tem os criminosos que merece”. Durkheim defendia a teoria da
anomia: se a sociedade for estruturalmente perfeita não existe crime. Só que a sociedade não é
perfeita e ainda levam ao isolamento do individuo. Este isolamento leva à anomia (pessoa sente-
se excluída da sociedade, tornando-se anti social e ainda se desintegra mais da sociedade, o que
leva a cometer crimes.
Também há a teoria da imitação das pessoas que tem sucesso. As pessoas ao ver outras a ter
sucesso começam a cometer crimes, de modo, a obter os mesmos bens materiais. Esta teoria é
defendida por Gabriel Tarde.
O que permite que o Estado possa restringir direitos fundamentais como o faz? Pela
legitimidade formal, a resposta está no art. 18º que diz que pode restringir respeitando o
princípio da proporcionalidade, ou seja, para salvaguardar outros direitos. Através da
legitimidade material, a ideia é a de que o direito penal está ligado a Deus (não mates, não
roubes) só que no seculo XVIII entendeu-se que Deus não se devia intrometer na Justiça
Terrena (“o que é de Deus pertence a Deus, o que é de César pertence a César”), por isso passa a
falar-se em contrato social, a legitimidade provém do povo, nós cidadão preferem viver em
segurança e a sua liberdade restringida. Estas ideias de contrato social fazem com que tenhamos
um direito pragmático e não tanto de retribuição. A teoria da retribuição é uma teoria absoluta, e
tem a ideia de utilizar um castigo porque esse castigo é merecido, não querem saber se esse
castigo é para prevenir algo ou não. Surgem duas perspetivas: a do antigo testamento (Talião) –
“olho por olho, dente por dente” devemos fazer aos outros o que nos fazem a nós, não querem
saber quem fez ou as razoes que levaram a fazer, atualmente esta ideia não é aceite pela religião
cristã, inclusive há quem a critique e diz que se seguirmos a ideia de Talião teremos um mundo
de cegos e desdentados. A outra perspetiva é a da retribuição da culpa que defende que para que
alguém seja sancionado por um crime é necessário a consciência de culpa e o infrator se
responsabilize por isso, existe então a proporcionalidade, ou seja, a sanção que tem que ser
proporcional à culpa.
As grandes críticas que são feitas a estas teorias (Beccaria) é a de que a pena não é útil para a
sociedade, na teoria da retribuição de facto coloca de fora os imputáveis (crianças, pessoas com
anomalia), a outra critica é a de que estas penas pode levar a dessocialização porque as penas
demasiado cruéis pode levar a que o agente se revolte contra a sociedade e mesmo depois de
cumprir a pena poderá ser estigmatizado por assassinos pelos outros e terá fortes probabilidades
de ser marginalizado socialmente, logo tem fortes probabilidades de voltar a cometer crimes.
- Negativa: Beccaria
Feverbach
Teorias Relativas _____________ Prevenção __________ Geral
-Positiva: Jakobs
Roxin
__________ Especial
Críticas Negativas:
1. Ofende dignidade da pessoa humana (Kant)
2. Tendência para a gravação excessiva das penas
3. Ineficaz
Críticas Positivas:
1. Só opera sobre cidadãos ordeiros.
As teorias relativas contrapõem-se às teorias absolutas (não há preocupação com as penas,
apenas com o castigo/ vingança). Nas relativas surge uma preocupação não de castigar mas de
combater o crime. Isto pode ser tanto pela via geral como especial. Pretende-se que a pena tenha
como efeito o combate à criminalidade, se a mensagem chegar à sociedade está-se a tomar
medidas para uma prevenção geral (a todas as pessoas) ou prevenção especial (dirigida apenas
ao delinquente).
Quando se pensa numa pena, pensa-se que deve transmitir uma mensagem às pessoas gerais,
para lhes mostrar o que acontece se cometer crimes. É portanto, uma medida coerciva, suscita o
medo nas pessoas, já que se sentem ameaçados.
Beccaria (1763) baseia-se na ideia de contrato social, a pena deve dissuadir as pessoas para
garantir a segurança e essa pena deve ser mínima e necessária. Já Feverbach (1804) através da
teoria da coação psicológica defende que o prazer de cometer o crime tem de ser inferior ao
desprazer, nem que seja ligeiramente, esse desprazer é provocado pela pena.
Estas teorias visam limitar a criminalidade, mas por vezes a pena não provoca o medo que
queriam e por isso, acabam por agravar penas, o que leva a determinadas criticas. Todo o direito
penal são ameaças ao cidadão em geral, por exemplo: aumentam os acidentes rodoviários,
agravam as penas no código da estrada. Portanto, a pena geral negativa acaba por ser ineficaz,
pois as penas violentas geram comportamentos violentos na sociedade. Acaba por ser um
reflexo, pelo que não se comprava que as pessoas são dissuadidas através da ameaça. Uma outra
crítica é a de Kant, em que a dignidade da pessoa humana é ofendida quando ameaçada. A
tendência da duracidade das penas acaba por atribuir sanções severas para o crime cometido/
penas superiores à sua culpa. Quanto à prevenção geral positiva, é a pessoa que não mata por
respeito a valores. Reconhece os valores jurídicos essenciais mais importantes. Esta teoria é a
prioritária. Quando se comete um crime contra os valores, esse valor desce no grau de respeito,
pelo que torna-se tendência cometer crimes contra esses valores se virem que as pessoas não são
punidas por os cometer. A missão da pena é mostrar aos cidadãos que o valor prevalece quando
a pena é estabelecida. Ela tem um efeito psicológico de reafirmação do valor. Portanto, a ideia é
a de que a pena deve ser o suficiente para a reafirmação do valor na consciência da pessoa.
Existe uma crítica, esta teoria só ópera sobre cidadãos ordeiros (acreditem nos valores), o que
até é verdade. Se esta teoria prevalecer estará a acabar com a tendência de agravação das penas.
Críticas Positivas:
1. Não respeita autonomia ética (liberdade) individual.
As teorias da prevenção especial têm como génese a defesa da sociedade. Significa a prevenção
da incidência, pretende proteger a sociedade do criminoso. O problema é que a defesa da
sociedade leva à crítica da segregação, na medida em que pretende-se afastar os indivíduos da
vida em sociedade e isso só se consegue através de duas penas: a pena de morte e a prisão
perpétua, pois o individuo não volta à vida em sociedade, ele é segregado.
No entanto, esta ideia é complementada com a ideia de atemorização (o individuo quando
libertado tem medo de voltar a passar pelo mesmo). Daqui surgem críticas, a primeira, embora
seja verdade, tinha o medo como principal fator para impedir a prática de crimes. A segunda
não respeita os direitos fundamentais como o direito à liberdade e acima de tudo o direito à
liberdade das penas.
Quanto à prevenção especial positiva, pretende-se corrigir o delinquente. Van Liszt defendia 3
categorias: os corrigíveis, os dificilmente corrigíveis e os não corrigíveis. Tinham métodos
muito austeros, tinham uma ideia de isolamento, o que também não respeita os direitos
fundamentais. O Estado pensa que tem de corrigir uma pessoa mas ele não tem esse poder, pelo
que é incorreto pratica-lo. Ele pensa que à força consegue mudar uma pessoa, coisa que não é
possível, e coloca em causa o direito à diferença, o direito à liberdade individual. Mesmo que
esta prática fosse legitima não era eficaz, mas pode, eventualmente, funcionar como medida de
segurança.
A prevenção especial de socialização é uma teoria tributária, defende que o Estado deve prestar
condições ao recluso para a socialização, tais como: bibliotecas. Distingue-se da correção na
medida que esta defende trabalhos forçados (independentemente da sua vontade), já na
socialização é como se tivesse um trabalho, recebem um ordenado e é respeitada a carga
horária. Na socialização há uma certa descrença, pois mesmo com estas medidas as pessoas tem
dificuldades a reintegrar na sociedade. A tendência seria aumentar mas a diferença para cm
outras prisões sem estas medidas não é muito grande.
Assim:
Quanto à finalidade das sanções criminais, destacamos a:
1. Teoria da retribuição: a pena consiste num mal que, por imperativos morais,
lógicos, dialéticos, estéticos, religiosos ou sociais, se aplica ao criminoso como
correspondente ao mal praticado. Quem procede mal deve “pagar” esse mal.
2. Teoria da prevenção: a pena visa dissuadir os membros da sociedade da prática de
atos criminosos (prevenção geral) e o próprio agente de violações futuras (prevenção
especial).
As medidas de segurança aplicam-se aos inimputáveis. Ela deriva de razões não jurídicas e tem
a ver com a personalidade das pessoas (art. 19º: idade da maturidade) – o direito não tem
responsabilidade para aplicar penas, uma vez que não têm noção do que fazem.
O artigo 20º estabelece um regime mais complexo: o da anomalia psíquica. O legislador
estabelece que as pessoas vítimas de anomalia psíquica podem sofrer de agravamentos. Assim,
entende-se que há dois tipos de inimputabilidade: anomalia psíquica e quem for incapaz no
momento da prática do facto. Por anomalia psíquica entende-se uma pessoa que comete atos que
não entende. Como assim? A pessoa não tem noção que determinado ato é crime. Distingue-se a
licitude formal (pessoa não tem conhecimento do código penal e por isso, não sabe o que é
crime) e a licitude material (as pessoas compreendem que matar/ roubar é crime mas não valora
a razão de ser dessa criminalização).
Uma pessoa inimputável é uma pessoa que faz determinado ato criminal e considera que a
gravidade desse mesmo ato é igual ou idêntica à de um ato normal. Ele não valora o bem nem o
mal, ou seja, “não distingue o bem do mal”. Há uma diferença entre não distinguir o bem e o
mal e não resistir, pois a pessoa tem noção do mal cometido.
As pessoas expressam a sua personalidade em todos os seus comportamentos. Os inimputáveis
não o fazem, uma vez que, a anomalia esconde a sua personalidade, logo os atos cometidos não
são um reflexo da sua personalidade. Também não podem ser considerados culpados pois não
têm perceção dos atos cometidos (só poderia ser responsabilizado se tivesse liberdade de
decisão). Ainda no artigo 20º, nº2 refere que o Tribunal pode declarar alguém inimputável por
não fazer sentido aplicar uma pena. Já no nº3 fala na diminuição da realidade não em relação ao
crime mas em relação à pena, na medida que, a pessoa com a incapacidade não compreende a
mensagem da pena que, pode nem existir ou estar diminuída por causa da anomalia.
Pode haver inimputabilidade em relação a determinados comportamentos, por exemplo: excesso
de álcool (pessoa que já tinha intenção de matar alguém, para ganhar coragem bebeu – esta
pessoa não está protegida pela inimputabilidade, pois teve liberdade para decidir e colocar-se
propositadamente nesta situação).
Posto isto, como tratar os inimputáveis? Há uma Escola de Defesa Social que tem a ideia de
proteger a sociedade (direito à segurança – 27º CRP) de pessoas perigosas (pessoas que com
toda a probabilidade irão voltar a cometer crimes). O que isto significa para o inimputável?
Significa que só se pode aplicar penas de segurança para quem seja perigoso, para quem possa
voltar a cometer crimes. Todo o regime da inimputabilidade assenta na ideia da perigosidade e
na ideia de que ela se mantem.
Monistas
Sistemas Portugal “sistema tendencionalmente monista”
Dualistas
Em primeiro lugar, os pressupostos são muito importantes e estão previstos no art. 91º do
Código Penal. A perigosidade é um pressuposto essencial, tal como a culpa está para a pena, a
perigosidade está para a medida de segurança.
Desde logo, tem-se de ter uma ação, uma prática que, por sua vez, tem de ser típica – Princípio
da Tipicidade (qualquer comportamento com dolo ou negligencia deve ser penalizado mas em
direito penal não é assim, para que seja penalizado é preciso que o crime seja tipificado). O
facto também tem de ser ilícito, isto é, não pode ser justificado e tem de ser um facto humano
(ação). Se houver fundado receio de que venha a cometer novamente factos da mesma natureza
é igual a dizer que há perigosidade. Isto é que legitima as medidas de segurança. Aplicada a
medida de segurança são aplicados critérios e regras especiais.
O art. 92º/1 é uma regra geral e assenta no internamento que não é um limite mínimo, uma vez
que, assim que cessa a perigosidade, cessa o internamento. No fundo, este artigo não é uma
pena penal. A regra especial do limite mínimo defende que o legislador pode prolongar a pena
para que a pessoa não prejudique a paz social da comunidade.
Numa pena de duração máxima, se o individuo for condenado a uma pena de 3 a 10 anos e
nesse tempo estiver internado, o internamento cessa no final dos 10 anos (art. 92º/2). A regra
especial doo limite máximo refere que pode ultrapassar o limite máximo se ainda se verificar
perigosidade.
O conceito material de crime significa saber o que é o crime ou o que é considerado crime sem
olhar para o código penal. Existem algumas perspetivas: a positivista, que não é aceite porque o
sistema jurídico vê uma forma de elaboração das leis, e os positivistas preveem que se o
procedimento previsto for cumprido as leis tornam-se inquestionáveis, pelo que será uma lei
justa, mas isto levaria a uma imobilização das leis.
A sociológica defendia que tudo o que fosse danoso para a sociedade é considerado crime, ou
seja, qualquer comportamento nocivo ou danoso. Tais comportamentos podem ser uma falta de
educação, mentir, faltar ao respeito. Mas como todos nós já adotamos comportamentos desse
tipo, afastou-se a ideia e agora apenas abrange crimes graves.
Na idade Moderna surgiu a perspetiva moral – social, utilizando-se um conceito “mínimo ético
– Jellinek”: deve ter em conta a moralidade da sociedade e deve garantir e penalizar os crimes
através das suas idealizações. O problema era que, na pós modernidade, começou a entender-se
que não se devia impor uma moralidade maioritária mas sim, uma mínima e era essa que devia
respeitar-se. Posto isto, avançou-se para um conceito racional que adotou um conceito de bem
jurídico, só que moralista, em 1834. É um conceito que apesar dessa natureza deve ter sempre
como base os direitos fundamentais e deve ter uma referência individual, daí a sua referência
axiológica jurídico- constitucional, deve ter em conta os principais direitos individuais. Mas,
também começou a tutelar comportamentos económicos/ ambientais, isto porque, são
comportamentos que indiretamente atinge as pessoas, os indivíduos e por sua vez, os seus
direitos.
Para não se confundir estes bens jurídicos com valores, chamam-se a estes bens jurídicos supra
individuais. O que garante um critério liberal que protege as pessoas é ao lado dos bens
jurídicos individuais estar os bens jurídicos supra individuais.
Príncipio da Legalidade
Na base do direito penal está o princípio da legalidade que tem por conteúdo os
seguintes preceitos:
1. Nullum crimen sine lege previa: não há crime se, antes de ser cometido, não tiver
sido definido por lei com suficiente precisão. Por efeito deste preceito, que constitui um
princípio básico da segurança jurídica, é permitido praticar todos os atos não
considerados legalmente criminosos. Entende-se que a lei incerta é inconstitucional e
proíbe-se a aplicação analógica das leis penas incriminadoras.
2. Nulla poena sine lege previa: não podem ser aplicadas penas ou medidas de
segurança que não estejam expressamente previstas em lei anterior.
3. Nulla poena sine culpa: só é punível o facto praticado com culpa (na forma de dolo
ou, nos casos especialmente previstos na lei, de negligencia). Embora este princípio não
conste expressamente da Constituição, não deixa de estar na base de várias disposições
constitucionais e constitui um pressuposto essencial da punição consagrado no Código
Penal.
4. Nulla poena sine indicio: a pena só pode ser aplicada num processo devidamente
estruturado (como o processo penal) que garanta a defesa do arguido.
Em regra, não se aplica uma nova lei a um crime, anteriormente, celebrado. Há uma exceção:
quando a lei é mais favorável ao individuo (art. 3º CP e art. 29º CRP). Em primeiro lugar, a
sucessão das leis só acontece num caso concreto e não em abstrato e em segundo, é preciso
saber qual a lei existente no momento do facto e qual a lei posterior e assim, verifica-se qual a
lei mais favorável que será retroativamente aplicada.
Perante um crime continuado, qual seria a lei aplicada? Para Figueiredo Dias seria a lei
existente até ao momento da cessação do crime. Por exemplo: uma pessoa dá um tiro a outra e
esta morre passados 5 dias, ao mesmo tempo que, uma nova lei entra em vigor. A lei aplicada
seria a que estava em vigor no momento do tiro, porque segundo o artigo 3º, releva a conduta e
não o resultado.
Quando há uma sucessão de leis só pode existir duas situações: ou revoga a lei mais favorável
ou a menos favorável. Taipa de Carvalho contestava a posição de Figueiredo Dias, uma vez que,
para ele, aplica-se sempre a lei mais favorável ao individuo. Se a primeira lei é menos favorável
aplica-se o art. 29º/4 e a segunda a mais favorável aplica-se o art. 29º/1. No caso de a primeira
lei ser a mais favorável aplica-se o art. 29º/1, mas agora surge um problema: quando a segunda
lei é a menos favorável, não se aplica retroativamente por ser proibido pela Constituição. Mas a
primeira lei (mais favorável) pode ser aplicada à lei posterior (menos favorável) por beneficiar o
individuo, a não ser que durante a vigência da lei menos favorável, as condições dessa mesma
lei estejam verificadas.
Fala-se num príncipio, o art.29º nº4 é uma exceção ao nº1 do 29º, o normal é aplicar-se a lei em
vigor no momento da prática do ato, no entanto, a exceção é a aplicação retroativa da lei mais
favorável.
Temos que saber quais as situações onde se aplica a exceção da retroatividade, é os casos do
art.2º\2 e 2º\4, que são exceções ao art.2º\1.
A descriminalização não deixa de implicar uma despenalização, o crime é crime mas não há
lugar á pena. Na descriminalização o crime continua a ser crime mas torna-se lícito. Quer numa
quer noutra situação aplica-se retroativamente a lei mais favorável. Se uma pessoa estiver a
cumprir a pena pode ser imediatamente libertado se houver a descriminalização, isto é, se o
facto deixa de ser crime.
O art.371º do CPP, permite a reabertura da audiência para que seja aplicada ao arguido a lei
mais favorável. Mas isso não viola o príncipio “non bis in idem” (ninguém pode ser julgado
duas vezes pelo mesmo ato)? É o problema que se coloca, há grande controvérsia, há quem
considere que viola, nomeadamente a jurisprudência, mas a doutrina considera que não há
violação pois a reabertura da audiência é uma garantia do arguido. O conteúdo material do
princípio é que a pessoa não deve ser duplamente condenada pelo mesmo facto.
E nos casos do art.2º\4, por exemplo, a lei X condena de 2 a 8 anos o individuo é julgado, já
tinha cumprido 4 anos, sai a lei Y que condena de 1 a 5 anos, segundo este artigo se o indivíduo
já tenha cumprido o limite máximo não se reabre a audiência, o indivíduo deve ser libertado
imediatamente. Se não tivesse cumprido o limite máximo dava-se a reabertura da audiência.
O art.2º\2 prevê também as situações em que um facto é considerado crime mas passa a
contraordenação, nestes casos prevê que o indivíduo já não pode ser julgado pela lei que previa
o facto como crime. Seria condenado por contraordenação? Segundo o decreto-lei 433\82 no
art.2º diz-nos que as contraordenações não são aplicadas retroativamente, o que nos leva a um
vazio jurídico pois o individuo também não pode ser punido por contraordenação.
A grande questão que se coloca é saber o que fazer com pessoas que são detidas em Portugal
mas que cometeram crimes fora do território português. Será que podemos ou não aplicar a lei
penal portuguesa? Para a resolução de um caso prático devemos primeiramente situar
cronologicamente os factos que nos são referidos no caso prático em concreto.
Os passos que devemos seguir são os seguintes:
1. Identificar a base legal, ou seja, o crime e o respetivo artigo.
2. Determinar o local da prática do facto art.7º
Lugar onde o agente praticou o crime
Lugar no qual se verificou o resultado do crime
3. Devemos questionar-nos: Será que a lei penal portuguesa pode intervir? Aqui vamos ao
art.5º fala-nos nos factos praticados fora do território português, se o caso se subsumir
numa das alíneas do art.5º\1 Portugal pode intervir, caso não se subsuma a lei
portuguesa não pode ser aplicada
4. Depois devemos verificar se há alguma restrição á aplicação da lei penal, vamos ao
art.6º, que nos refere as restrições á aplicação da lei portuguesa, a lei portuguesa só se
aplica se não tiver sido julgado no país da prática do facto (art.6º\1), não se verifica
esta restrição, vamos para a restrição seguinte, que é se a lei penal do país da prática do
facto for mais favorável é essa que se deve aplicar (art.6º\2)
Parte Prática
Caso Prático 1:
António vai em excesso de velocidade e despista-se no muro que é de Carlos e parte-lhe a
perna. Carlos intenta uma acção contra António. Quid Iuris?
Atividade suscetivel de causar perigo às outras pessoas e aos seus patrimónios. Qualquer
violação de regras de conduta leva ao legislador a tomar medidas. O facto de preterir as regras
que têm de ser respeitadas leva a um crime. Só cometer o ato, mesmo sem consequências é o
necessário para ser crime. A responsabilidade pelo dano do muro (art. 212º - coima) é diferente
do dano na perna (art. 143º). É necessário verificar se há uma norma criminal – Principio da
Legalidade.
Aparentemente isto seria crime, só que, se olharmos para o homicídio, roubo, iremos pensar que
comparado com estes, não é nada. Tem-se que enquadrar o dano do muro com o dano da perna.
António destruiu o muro por querer ou sem querer? Sem querer, só destruiu porque cometeu um
erro ao violar uma lei (excesso de velocidade) – art. 13º CP.
Segundo o art. 3º é crime se for cometido por dolo nos casos previstos, não foi com dolo, mas
mesmo assim é crime pelo art. 148º. A destruição do muro (212º) como não foi negligenciada
não terá responsabilidade criminal, mas há civil (art. 483º). Segundo o art. 13º António pelo
dano na perna podia apanhar uma pena até 3 anos.
Caso Prático 2:
André quer destruir um vaso que é proprietário de Daniel. André atira uma pedra contra
o vaso e falha. Daniel apresenta uma queixa-crime contra André. Quid Iuris?
Este comportamento é suscetivel de ter relevância jurídica penal? Principio da legalidade diz
que é suscetivel se estiver escrito numa norma que diga que é crime e lhe atribua uma sanção
(art. 2º/1 CP e 29º/1 CRP).
O vaso é uma coisa móvel, é o objeto mediato na relação jurídica, o objeto imediato é o direito
de propriedade que pertence a Daniel. Qual crime? Chama-se de dano (art. 212º CP) “quem
destruir coisa alheia – mas prevê para quando já há resultado, ou seja, prevê os crimes na sua
forma consumada (art. 212º/1), aqui André tentou destruir o vaso mas não conseguiu, houve
tentativa. O homicídio (art. 131º) e o dano (212º/1) prevê sanções para crimes consumados.
Segundo o art. 13º os crimes são puníveis na forma dolosa, só é negligente se houver uma
norma que o diga. Na parte geral do Código Penal, o art. 22º fala na tentativa de André destruir
mas não conseguiu (art. 212º/1 e 22º), o mesmo acontece com o homicídio. André praticou atos
de execução idóneos iguais ao dano mas não conseguiu.
Depois, no art. 23º/1 a tentativa (que não houve) para levar à responsabilidade criminal é
preciso que o crime consumado tenha uma pena superior a 3 anos, o dano não tem (art. 212º/1)
pena de prisão superior a 3 anos, mas então não é punido? Não, é punido devido ao art. 23º que
diz que, salvo disposição em contrário, e neste caso há (art. 212º/2), senão existisse este artigo, a
tentativa do dano não seria crime mas neste caso é.
Caso Prático 3:
Numa aldeia alentejana, à 7 anos atrás, Alberto, lisboeta, burlou Manuel, alentejano,
provocando um prejuízo de valor consideravelmente elevado. Alberto foi julgado e
condenado nessa altura à pena máxima (8 anos) prevista no art. 218º/2.
Imagine que, entretanto, entrou em vigor a lei X e reduziu a pena máxima aplicável para 6
anos. Na data de entrada em vigor dessa lei, suponha que Alberto numa primeira hipótese
já tinha cumprido 5 anos de pena e numa segunda tinha cumprido 6.
Em primeiro lugar, tem-se o Alberto que cometeu um facto descrito no art. 218º que terá uma
pena de 2 a 8 anos. O art. 1º do Código Penal consagra o Princípio da Legalidade “só pode ser
punido criminalmente o facto descrito e declarado passível de pena por lei anterior ao momento
da sua prática”. Os pressupostos da responsabilidade criminal são os previstos na medida da sua
prática (art. 2º CP) e foram esses pressupostos que levaram a uma pena de 8 anos. Foi pena
máxima, pois o juiz através de um caso médio tirou a conclusão de que a burla de Alberto a
Manuel era grave.
Se entretanto, entrar em vigor uma nova lei, teoricamente, esta não teria eficácia retroativa mas
em direito penal não é bem assim. Alberto encontra-se agora na fase da execução da pena e
entrou em vigor a lei X. Quando existe conflitos entre as leis tem-se três critérios que os resolve,
nomeadamente: o critério da posterioridade, da especialidade e o da superioridade. O que se
pretende saber é se a nova lei é suscetivel de ser aplicada à nova realidade, realidade que é
consolidada a uma situação de trânsito em julgado.
Partindo da ideia de que a responsabilidade criminal de Alberto foi estabelecida, a única coisa
que poderia acontecer era que os 8 anos passem a 6. Assim, na primeira hipótese, Alberto só
cumpriria mais um ano de pena e na segunda hipótese, Alberto saía em liberdade. No fundo, o
que se pretende saber é se haverá ou não eficácia retroativa. A norma prevista no art. 29º/4 da
CRP refere que as leis penais são suscetiveis de eficácia retroativa desde que sejam mais
benéficas ao individuo. Essa situação também está prevista no art. 2º/4 do Código Penal.
O facto continua a ser crime mas como já se tem uma decisão transitada em julgado, o Código
Penal permite que se aplique a nova lei desde que se aplique em abstrato. A nova lei relativa à
pena em concreto é inferior, pelo que, para este caso e na primeira hipótese Alberto teria que
cumprir mais um ano e na segunda hipótese, como a pena máxima passava para 6 anos, Alberto
seria libertado. Assim, aplica-se a nova lei, nos termos do art. 2º/4 do Código Penal.
Caso Prático 4:
Alcino, após violenta discussão mata Bento, seu colega de trabalho. Dez dias depois assalta
uma dependência bancária, onde subtraiu 5000€.
Atendendo em que, em julgamento Alcino foi considerado imputável no crime de
homicídio (art. 131º) mas, inimputável em razão de distúrbio psíquico patológico grave em
questão de roubo (art. 210º/2/a). Qual o regime jurídico sancionatório aplicável?
A questão aqui presente é de inimputabilidade. Estão aqui presentes dois crimes, dois atos
ilícitos diferentes, pelo que, pode-se aplicar uma pena ou uma medida de segurança. Portanto,
vai-se aferir responsabilidade criminal, só que há pessoas não suscetiveis de culpa: os
inimputáveis ou os que têm anomalia psíquica (art. 20º). Aos imputáveis atribui-se culpa e se
aplica uma pena de prisão ou uma pena de permuta. Aos inimputáveis atribui-se um estado de
perigosidade que pode justificar a aplicação de uma medida de segurança no sentido do artigo
40º. Se Alcino cometeu um homicídio e é imputável será aplicado uma pena de prisão entre 8 a
16 anos, dada a gravidade, como refere o artigo 131º.
Então o Alcino vai ser julgado e vai-lhe ser aplicada uma pena. Quanto ao roubo vai-lhe ser
aplicado não uma pena mas uma medida de segurança de internamento (regime dos art. 91º e
seguintes). Como foi considerado inimputável, ele não será considerado culposo.
Supondo que ele é internado e também lhe é aplicada uma pena, será possível aplicar as duas
consequências simultaneamente? Sim, de acordo com o artigo 99º. Qual será a primeira
consequência a ser aplicada? A medida de segurança para cura/ tratamento/ segurança.
Para todos os efeitos, a medida de segurança é uma pena privativa da liberdade, assim, e como é
para cura, será evidentemente a primeira consequência aplicada. Assim, Alcino começa por
cumprir uma pena detentiva e depois a pena de prisão. Portanto, à pena de prisão é descontado o
tempo de internamento.
Caso prático 5:
António, português, emigrante em França, envolveu-se numa luta com Richard, cidadão
norte-americano.
Nessa luta, António matou Richard, de imediato colocou-se em fuga, Anthony, texano, que
vivia com o seu irmão Richard perseguiu António que entretanto se refugiou em Portugal.
Anthony chegou a Portugal via Espanha e em Sevilha assaltou uma dependência bancária
do banco 2 com sede em Portugal.
Em França, Anthony matou Carlos, irmão de António, após torturar para saber o
paradeiro de António. O estado do Texas pune o homicídio com pena de morte, a lei
espanhola é mais favorável que a Portuguesa quanto ao crime de roubo.
A 20 de Fevereiro entrou em vigor a lei Y que aumentou em 1\3 o limite mínimo e máximo
do crime de homicídio (art.131º para homicídio e 210º para o roubo).
A grande questão que se coloca é saber o que fazer com pessoas que são detidas em Portugal
mas que cometeram crimes fora do território português. Será que podemos ou não aplicar a lei
penal portuguesa?
Primeiro, temos que situar cronologicamente os factos:
1ºfacto – António mata Richard
O crime aqui presente é o do homicídio previsto no art.131º.
Para determinar o lugar da prática do facto utilizamos sempre o art.7º\1 do CP, que nos diz que
o facto considera-se praticado quer no lugar onde o agente o praticou (António mata Richard em
França) como no lugar no qual se verificou o resultado do crime (o resultado do homicídio é a
morte e Richard morreu em França).
Chegamos juridicamente a duas conclusões: o facto foi praticado em França, aqui não há
nenhuma conexão com o território português, pois o agente mata em França e Richard morre em
França, logo o facto é praticado fora do território português. Será que a lei penal portuguesa
pode intervir?
Para saber isso vamos ao art.5º do CP, que fala-nos nos factos praticados fora do território
português), se o caso se subsumir numa das alíneas do art.5º\1 Portugal pode intervir, caso não
se subsuma a lei portuguesa não pode ser aplicada. Neste caso aplica-se a alínea e) “caso
praticado por português (António é português) ”, mas só se aplica esta alínea se ocorrer a
verificação de três requisitos cumulativamente:
o O agente ser encontrado em Portugal, o que se verifica, António foi detido em Portugal
o O facto tem que ser considerado crime no local que foi cometido, verifica-se pois em
França o homicídio é considerado crime
o Tem que ser um crime que admita extradição e a extradição não pode ser concedida
(quanto a isto vamos dizer que se aplica sempre, mas não extraditamos nacionais, não
extraditamos por motivos políticos, não extraditamos ninguém se ao crime for aplicado
pena de morte ou pena perpétua noutro país).
Todos os requisitos estão preenchidos, pelo que através do art.5º alínea e) a lei portuguesa pode
em príncipio ser aplicada.
Depois vamos ao art.6º, que nos refere as restrições á aplicação da lei portuguesa, a lei
portuguesa só se aplica se não tiver sido julgado no país da prática do facto (art.6º\1), não se
verifica esta restrição, vamos para a restrição seguinte, que é se a lei penal do país da prática do
facto for mais favorável é essa que se deve aplicar (art.6º\2), no enunciado não diz nada em
relação a isso, por isso não há nenhuma restrição, logo a lei penal portuguesa pode ser aplicada,
o juíz vai então julgar António pelo crime de homicídio segundo a lei portuguesa.
2ºfacto – Anthony mata Carlos
Para a resolução desta hipótese temos que seguir todos os passos que utilizamos no facto
anterior, é tudo igual, exceto que a situação é subsumida na alínea e) mas é por estrangeiro
contra português.
3ºfacto- A lei penal alterou a sanção para o crime de homicídio
Aqui temos que fazer a aplicação da lei penal no tempo, art.1º\1, art.2º\1 e art.29º da CRP. No
momento do facto vigorava a lei 1 que depois foi substituída pela lei Y que é a que estava em
vigor no momento em que o juíz vai julgar. A lei Y tem conteúdo menos favorável (art.29º\4 e
2º\4), logo continua a aplicar-se a lei 1 pois a lei Y é menos favorável, logo não se aplica
retroativamente, irá aplicar-se a lei vigente no momento da prática do facto.
4ºfacto- Anthony assalta o banco 2
Verificamos o art.7º, o crime de roubo foi praticado em Espanha, e o resultado do crime
verificou-se em Espanha. Logo é um facto praticado fora do território português.
De seguida, art.5º, saber se o facto é susceptivel de se subsumir nas alíneas do art.5º, neste caso
insere-se na alínea g, pois foi contra pessoa coletiva (banco) que tinha sede em território
português.
Vamos ver se há restrição do art.6º\1 e 2, verifica-se que não há a restrição do nº1, mas verifica-
se a restrição do nº2, pois a lei espanhola é mais favorável que a portuguesa, logo o juiz
português podia julgar mas teria que aplicar a lei espanhola, devido á restrição do art.6º nº2.