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Universidade Lusíada – Norte – Porto

Ano Letivo 2020/2021


Direito Processual Penal

Caso prático n.º 641


“Altino, empregado numa dependência do Banco X na cidade do Porto,
apercebeu-se de que Bruna, sua colega de trabalho, era titular de uma conta
bancária de valor muito elevado.
Necessitado de dinheiro para pagar muitas dívidas que contraíra, Altino,
no fim de mais um dia de trabalho, oferece boleia a Bruna que é por esta aceite.
Porém, ao invés de se dirigir para Vila Nova de Gaia, cidade onde se situava a
casa da sua colega, Altino segue na direção de Gondomar. Bruna, assustada,
exige sair imediatamente do automóvel, mas, como resposta, apenas obtém o
silêncio da indiferença.
Em Gondomar, Altino leva Bruna para uma casa vazia, amarra-a, coloca-
a perante um computador ligado à internet e ameaça-a com a prática de um
crime de violação se esta não operar uma transferência para a sua conta no
valor de €30.000.
Bruna acaba por ceder e realiza a transferência.
Após obter o dinheiro pretendido, Altino, ainda contra a vontade de
Bruna que preferia chamar um táxi, transporta-a, de automóvel, para casa. Uma
vez aí chegados, antes de a libertar, Altino pega no seu revólver, ameaçando-a
que a sua vida passará a estar em risco no momento em que relatar o sucedido a
alguém.
1. Existem indícios suficientes da matéria de facto mencionada no
presente caso. Colocado (a) no lugar do magistrado do Ministério
Público competente, qual seria o conteúdo da acusação?
2. Imagine agora que o Ministério Público deduzia acusação pelo crime
de sequestro. Colocado (a) no lugar de advogado (a) de Bruna, que
conselhos lhe daria?
3. Suponha ainda que durante a fase de instrução, o respetivo juiz
descobria que após Bruna ter realizado a transferência bancária

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Caso citado da obra de Fernando Torrão, “Casos Práticos de Direito penal e Direito Processual
Penal”, 7ª Edição, Almedina, 2020, p. 193-194.

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exigida por Altino, este concretizara a ameaça, violando-a. Quid


Juris?
4. Atendendo ao hipotizado na questão anterior, haveria lugar a alguma
conexão processual?
5. Qual (ou quais) o (s) tribunal (ou tribunais) territorial e
materialmente competente (s) para o (s) julgamento (s)?

Caso prático
No final da tarde, quando A se preparava para sair da sua habitação, viu-se
atingido na cabeça por B, com um determinado objeto (que o MP veio a apurar
no inquérito ser um pedaço de madeira) que o deixou atordoado.
Simultaneamente, B agarrou na mochila de A, que continha um computador
portátil, avaliado no valor de €1.500, e fugiu com a mesma. O MP acusou B da
prática de um crime de roubo de acordo com o artigo 210º, número 1 do CP.
Inconformado com aquela acusação, por ter sido atingido, por um ferro
metálico e não por um pedaço de madeira, A, constitui-se assistente e requereu a
abertura da instrução.
1- Esta abertura da instrução é admissível?
2- Suponha que A veio requerer a abertura da instrução mas por o valor total
subtraído por B afinal ser de €5.500. Tal requerimento é admissível?

Caso prático
Amílcar disparou um tiro que atingiu Bártolo e lhe causou a morte. O
Ministério Público reuniu indícios suficientes da prática do crime de homicídio.
Assim, o MP acusou Amílcar pela prática de um crime de homicídio simples
(artigo 131º do CP).
Contudo, na fase de julgamento, em instâncias das declarações de Amílcar
sobre o acontecimento criminoso, o tribunal coletivo descobrirá que Amílcar

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tinha atuado de forma premeditada, persistindo naquela intensão criminosa por


mais de 24 horas, e que não tinha morto Bártolo através do tiro, mas sim
esfaqueando-o. Amílcar foi condenado pela prática de um crime de homicídio
qualificado, nos termos do artigo 132º, número 2, alínea j) do CP.
Quid Juris.

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