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1) - Qual o seu completo e artístico?

2) - Qual a sua idade e cidade natal?


3) - Qual o nome e profissão dos seus pais?
4) - Possui irmãos?
5) - Fale um pouco de suas memórias de infância
6) _ Quando a arte surgiu em sua vida?
7) _ Quais foram os seus primeiros trabalhos?
8) _ Quais são suas referências e inspirações?
9) _ Como você define a sua arte? Possui alguma característica marcante?
10) _ Quais técnicas utiliza?
11) _ O que a arte representa em sua vida?
12) _ Já participou de exposições ou teve premiações que gostaria de citar?
13) _Algum momento especial da sua vida marcou o seu trabalho?
14) _ Como você analisa o mercado artístico mineiro?
15) - Possui site ou páginas nas redes sociais?
16) - Teria alguma crítica sobre o seu trabalho para me encaminhar?
17) - Fique à vontade para acrescentar informações.

1) Completo: Michelle Evangelina Fonseca de Campos; Artítico: Michelle Campos


2) 41 anos, Divinópolis.
3) Nelson Pereira de Campos, advogado e fiscal do Estado aposentado, e Maria
d’Ajuda Fonseca de Campos, dona de casa.
4) Uma irmã e três irmãos.

5) Eu sou a filha mais nova, 11 anos mais nova que o meu irmão mais novo.
Então, quando comecei minha vida escolar, meus irmãos estavam ingressando
na faculdade, minha família havia mudado para Belo Horizonte e alguns
amigos do meu irmão mais velho vieram morar conosco. Em minhas memórias
mais antigas, minha casa afigura-se como um misto de república de estudantes
de medicina, enfermagem e serviço militar. Esses fatos se deram em contexto
de ditadura militar no Brasil e, como estudei em um colégio de freiras em BH,
por 13 anos, as disciplinas religiosa e militar marcaram fortemente minha
percepção sobre o mundo.

6) A respeito do surgimento da arte em minha vida, atribuo à grande


identificação afetiva com meu pai. Meu pai sempre guardou os desenhos que
fez enquanto solteiro, retratos lindos de atores hollywoodianos de cinema da
década de 30 e 40, bem como algumas cenas da guerra do Paraguai, e
jogadores do Flamengo. Meu pai sabia escrita gótica, à mão livre, até bem
pouco tempo atrás, e isso sempre me impressionou muito, dividimos muitas
horas em silêncio ouvindo músicas clássicas e vendo livros de História da Arte.
Comecei a fazer aulas de pintura a óleo sobre tela aos 11 anos, desde então,
meu pai sempre foi um incentivador e entusiasta da minha produção. Minha
mãe é uma pessoa muito cênica, deste modo sua influência e incentivo
ocorreu de uma maneira diferente, impelindo-me em uma direção mais
moderna, contribuindo decisivamente para a vertente performática das
minhas produções. Pintei regularmente até os 21 anos, quando abandonei o
curso de Comunicação Social e iniciei Artes Plásticas, na Escola Guignard.

7) Os meus primeiros trabalhos, que considero como um embrião do que ainda


pesquiso, surgiram ainda no curso de Publicidade e Propaganda- Comunicação
Social. Interessei-me pelas relações entre imagem e política da propaganda
Nazista, fiquei curiosa pelas implicações políticas resultantes do arranjo
específico que se deu entre palavras, imagens e imaginário naquele contexto.
Sendo assim, no primeiro ano de Escola Guignard, fui selecionada para a
exposição da Mostra Interna com um ensaio fotográfico em preto e branco
que apresenta uma versão feminina de Adolf Hilter. Por ocasião da exposição,
esse trabalho foi publicado e resenhado com enorme destaque em um grande
jornal da cidade (Estado de Minas), o que foi uma surpresa para mim tanto
pelo reconhecimento, entendimento e atenção a ele atribuídos pelo jornalista
Márcio Sampaio. Nessa época, por volta dos anos 2000, meus trabalhos
refletiam também a minha preocupação com a condição das mulheres no
contexto dos sistemas ditatoriais e isso se apresentou em instaçaões como a
da Grande Mãe, um trabalho plástico suscitado pelas minhas inquietações
supracitadas e as referências literárias do George Orwell, com o Grande Irmão,
do romance 1984 e o mito pré-histórico da Grande Mãe Terrível citado no livro
Personas Sexuais de Camille Paglia. Esses trabalhos resumem a primeira fase
dos trabalhos artísticos que considero como os primeiros de uma pesquisa que
se desenvolve até hoje.

8) Como realizo trabalhos sobre vários suportes, porque mais a apresentação de


uma idéia, do que uma pesquisa técnica, embora considere esta última
imprescindível ao meu fazer como exercício por manter-me ligada ao e
fundamento visual do meu trabalho tanto como ponto de partida prática e
teórica, lugar de reflexão e rememoração constate a respeito do que de
incontrolável na obras de arte. Sendo assim, escolho citar o pintor e instalador
francês Christian Boltanski; o cineasta Haroun Farocki; a escultora Rachel
Whiteread; käthe kollvitz pintora, gravurista e escultora alemã; a série de
pinturas de Fernando Bottero sobre Abu Ghraib, bem como a obra do pintor
espanhol Francisco de Goya.
9) Encaro minha arte como um trabalho de pesquisa que se desenvolve
simultaneamente nas seguintes plataformas: desenhos, pinturas, leituras e
anotações e reflexões, gerando assim, frutos/ produtos/resquícios em cada
desses “meios” a partir dos quais ele se constitui. A característica marcante é a
presença do preto e branco, sobretudo esta última cor. Pela origem, ou
familiaridade com as questões políticas e históricas, penso que a característica
formal do preto e branco, talvez pelas letras pretas em papéis brancos dos
documentos escritos, das fotografias jornalísticas, de guerra mais antigas, não
tenho certeza. Sempre gosto mais do resultado dos meus trabalhos em preto e
branco.

10) Desenho, pintura, instalações,performance, fotografia e vídeo. Não me atenho


a uma linguagem como resultado final das fases da minha pesquisa porque ,
em cada época, uma linguagem se resolve melhor o que quero apresentar.
Porém, o desenho e a pintura são constantes como parte do processo da
pesquisa, ainda que não apareçam como o resultado de cada etapa.

11) Para mim, a Arte é um mecanismo de sobrevivência, o meio pelo qual consigo
melhor me colocar em relação com o mundo, com o outro.

12) A minha primeira exposição foi muito importante porque foi a primeira vez em
que assumi publicamente um posicionamento estético e político e o destaque
na matéria do jornal, ampliou o alcance desse ato. A exposição na Galeria
Celma Albuquerque também pela área ocupada pelo me trabalho, o volume de
pessoas que viram e o retorno, sob a forma de comentários, de pessoas que
não me conheciam e me procuraram para falar sobre o impacto da obra sobre
elas.

13) Sim. Os 13 anos de estudo em colégio de freiras e a proximidade com o


ambiente e regime militar por causa do meu irmão que serviu o exército, e a
maneira como meus pais lidavam com este último são fundamentais para a
formação do meu objeto de pesquisa e trabalho.

14) Acredito que a aproximação entre compradores e artistas beneficiaria muito o


contexto simbólico e financeiro de Minas. Há um potencial econômico pouco
explorado na aproximação entre artistas e compradores. Poderemos ter um
Estado mais belo, inteligente e imbuído de significado. Vigora no Brasil, de um
modo geral, a idéia que o que é público não é de ninguém, ao invés da
consciência de que é de todos os que pagam por ela. Essa mentalidade gera
falta de iniciativa, de cobrança e descaso no que diz respeito ao espaço público
e pobreza cultural na população como um todo. Uma cidade cuidada
esteticamente também beneficiaria o turismo, além de tornar respeitosa,
consciente e politizada a relação dos cidadãos para com o espaço onde vivem.

15) https://www.instagram.com/michelleevangelinafonse/;
16) Sobre uma obra plástica: Tenho a capa e o Jornal da matéria do dia
06/11/2000, não tenho o texto digitalizado e não o consegui na página do
Jornal Estado de Minas.

Sobre o livro: https://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?


codigo=3575&titulo=Michelle_Campos_e_a_poesia_dentro_do_oco

17) Mestrado em literatura - Poéticas da Modernidade pela FALE_UFMG;


Graduação em Artes Plásticas e pós Lato Sensu em Arte Plásticas e
Contenporaneidade ambas pela Escola Guignard- UEMG; foi professora de
desenho e teorias para Arte Contemporânea , por 4 anos, na Fundação de Arte
de Ouro Preto-FAOP; ministrou oficinas nos Festivais de Inverno de Ouro
Preto; por 3 anos foi membro da CTAP- comissão técnica de análise de
projetos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura;trabalhou por 3 anos nos
deptos. De Artes Visuais e Extensão do Palácio das Artes; publicou um livro de
poemas pela Ed. Scriptum chamado O Oco da Porcelana, atualmente atua
como artista e professora em seu ateliê e na Maison Escola de Arte.

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