Você está na página 1de 2

O autor destaca que os militares sempre tiveram participação nas crises

políticas do país, porém a atuação deles é diferente no pré-64 e no pós-64.


No pré-64 os militares tinham a função arbitral-tutelar: eles intervinham na
política, restabeleciam a ordem e depois devolviam o poder aos civis. Já no
pós-64, os militares se colocaram na condição de dirigentes do país,
sustentados em uma ideologia, a doutrina de segurança nacional (doutrina esta
que chega ao Brasil pelo contato com o governo estadunidense).

A difusora da DSN1 foi a ESG (Escola Superior de Guerra), que ministrou aulas
para militares num primeiro momento e estendendo-se aos civis
posteriormente.

A DSN foi a ideologia de base utilizada pelo regime militar que se instaurou em
1964. A doutrina preocupava-se com a segurança interna e externa do país,
visto que em decorrência da guerra fria havia a ideia de uma guerra total e
permanente contra os comunistas, assim pode-se afirmar que ela (a DSN) era
uma ideologia com base no anticomunismo. Para a doutrina e seus seguidores
todos eram suspeitos de serem comunistas.

Essa doutrina passava por todos os âmbitos da vida das pessoas: econômico,
social, político e cultural. A partir dessa doutrina buscou-se legitimar ações
repressivas, violentas e autoritárias. Para tal era necessário justificar a atuação
repressiva do regime, assim, o combate ao inimigo (comunistas) era
fundamental para legitimar tais ações repressoras. Além disso, é necessário
destacar que os Atos Institucionais baixados pelo governo militar, tem base na
DSN.

Para os militares aderentes dessa doutrina, a segurança e o desenvolvimento


do país só poderia ocorrer com base na DSN. Assim, para a doutrina existe um
inimigo, uma conspiração internacional comunista que deve ser combatida,
para só assim o país poder se desenvolver.

A geopolítica vai lidar com a questão geográfica do político, mas não apenas
no que diz respeito a espaços territoriais, mas sim (sendo esse ponto a
principal relação com a Doutrina de Segurança Nacional) também com as

1
Doutrina de Segurança Nacional.
fronteiras ideológicas, estas que em meio ao contexto de guerra fria se
resumem em comunismo e capitalismo. Assim, com a doutrina e sua relação
com a geopolítica (que é uma teoria que se aplica mais comumente em
ditaduras, sendo uma teoria do estado autoritário) tem-se o princípio da
segurança externa e da segurança interna, esta última em especial que pensa
a divisão do povo no interior da própria nação.

Outro ponto importante a se destacar é com relação à atuação do SNI (Serviço


Nacional de Informações) junto à DSN. O SNI estende seus órgãos e serviços
de informações em várias instâncias, federal, estadual e municipal. Esse órgão
de informações (o SNI) contou por diversas vezes com a ajuda de parte da
população brasileira para obter informações, adquiridas muitas vezes através
de delações, tendo-se grande importância a figura do delator, diante do
contexto de guerra permanente, da suspeição contra todos.

Era o sistema de informações que dizia quem era o inimigo interno (o governo
apontava quem era o inimigo e através do sistema de segurança nacional
repreendia brutalmente os considerados “subversivos”).

Com isso é de fundamental importância a atuação do SNI para com a ideologia


da DSN, já que para eliminar o inimigo, o “subversivo”, o “comunista”, era
necessário localizá-lo para depois eliminá-lo.

Você também pode gostar