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AULA 5

GEOPOLÍTICA(2)
Nova guerra fria começa a despontar no Ártico
A cooperação e a rivalidade coexistem em proporções
variáveis no Círculo Polar Ártico, a região que pode se tornar
a maior fonte de petróleo e gás do planeta e na qual a
Rússia tem o grosso de suas reservas de hidrocarbonetos
(exploráveis e potenciais), além de 20.000 quilômetros de
fronteira marítima.
Em 2007, o político Artur Chilingárov fincou no leito
marinho do Polo Norte uma bandeira russa feita de titânio.
Moscou ratificava assim sua reivindicação sobre uma área
submarina reclamada em 2001, a partir da Convenção
Internacional sobre o Direito do Mar da ONU (1982).
Depois da anexação da Crimeia, que representa uma
violação de tratados internacionais assinados pela Rússia,
o gesto teatral de Chilingárov ganhou novo significado, e
a desconfiança vem ganhando terreno sobre a
cooperação, cujo modelo é o Conselho do Ártico,
organização que integra os oito Estados limítrofes
(Rússia, Canadá, Dinamarca, Noruega, Suécia, Islândia,
Finlândia e Estados Unidos), cinco deles membros da
aliança militar OTAN.(...)
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/02/internacional
/1427998445_036342.html 04-04-2015
Expedição russa finca bandeira no fundo do Ártico

Membros de uma expedição russa realizaram nesta quinta-


feira um feito inédito ao alcançar, a bordo de dois
minissubmarinos, o fundo do Oceano Ártico, a 4,2 km de
profundidade.
Os exploradores fincaram no local uma bandeira russa de
titânio e depois retornaram com segurança à superfície.
O líder da missão, o parlamentar russo Artur Chilingarov,
disse à agência russa Itar-Tass que o seu minissubmarino
fez um pouso tranqüilo no chão na superfície do mar.
"O chão amarelado está ao redor de nós, não há nenhuma
criatura marinha à vista", disse Chilingarov.
A expedição foi lançada na semana passada com o objetivo de
buscar indícios geológicos que sustentem a reivindicação russa
sobre uma vasta área do Ártico.
Acredita-se que o leito tenha depósitos de petróleo, gás natural e
outras reservas minerais.
Além de estudar a geologia do Ártico, os cientistas também iriam
coletar amostras da fauna e da flora da região.
O retorno à superfície dos dois minissubmarinos, MIR-I e MIR-2,
era considerado a parte mais difícil da missão porque os pilotos
precisam voltar exatamente ao ponto de partida ou podem ficar
presos em baixo do gelo.
O Canadá – um dos países que pleiteiam parte do território do
Ártico, junto com a Rússia – criticou a expedição ao dizer que a
aventura russa não foi mais do que um show.
"Não há ameaça à soberania canadense no Ártico. Não
estamos, de forma alguma, preocupados com esta missão.
Basicamente, é só um show da Rússia", disse o Ministro das
Relações Exteriores canadense, Peter MacKay, em uma
entrevista transmitida em um canal de televisão do país.
Uma convenção internacional estabelece uma área de
exploração econômica do Ártico de até 200 milhas náuticas
(cerca de 370 km) para países que fazem fronteira com a
região, a partir do território do país.
Esse limite às vezes pode ser expandido, mas, para isso, o
país interessado precisa provar que a estrutura geológica da
plataforma oceânica é a mesma de seu território.
Moscou argumentou perante uma comissão da ONU em
2001 que uma estrutura geográfica submarina do Ártico,
chamada de Cordilheira de Lomonosov, é uma extensão
geológica do seu território continental.
http://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2007/0
8/070802_russia_articorg.shtml 02-08-2007
A geopolítica da região

A geografia: A área delimitada pelo Círculo Polar Ártico —o


paralelo de latitude 66º 33' 46— não tem extensão definida,
por não ser um continente propriamente dito. São parte dela
as regiões setentrionais extremas da Europa, da Ásia e da
América do Norte. A capa de gelo que cobre o oceano Ártico
chegou a 14,54 milhões de quilômetros quadrados, sua maior
amplitude, em 2015, no dia 25 de fevereiro. É a maior marca
desde o início do monitoramento desse dado.
Reservas energéticas: O US Geological Survey calcula que o
Ártico abrigue um quarto das reservas de petróleo e gás do
mundo ainda não descobertas.
Conselho Ártico: O organismo que coordena as políticas
regionais foi fundado em 1996 pelos oito países árticos:
Noruega, Suécia, Finlândia, Rússia, EUA (Alaska), Canadá,
Dinamarca (Groenlândia) e Islândia. Dele fazem parte
também seis países membros observadores —como a
China— e seis países observadores, que incluem a Espanha.
O Brasil tenta ser admitido como membro observador.
Regulamentação: A Organização das Nações Unidas (ONU)
criou um marco normativo em 1982 e estabeleceu que os
países lindeiros têm direitos econômicos sobre 200 milhas
náuticas (370 quilômetros) a partir de sua costa.
De acordo com estudos feitos pela US Geological
Survey, cerca de 25% das reservas mundiais de
hidrocarbonetos estão localizadas na região ártica
(KOOP, 2007). Este fato tem gerado solicitações,
por parte de alguns Estados árticos – Rússia,
Dinamarca e Noruega – de extensão dos limites da
plataforma continental perante a Comissão sobre
Limites da Plataforma Continental (CLPC).

Disputas territoriais no Ártico à luz da Convenção das Nações


Unidas sobre o Direito do Mar de 1982
José Carlos Marques Júnior
Rafael Diógenes Marques
Rússia reivindica na ONU mais de 1 milhão de km
quadrados do Ártico
A Rússia apresentou nesta terça-feira (4) ante as Nações
Unidas um pedido oficial para reivindicar sua soberania
sobre mais de um milhão de quilômetros quadrados do
Ártico, considerando que anos de pesquisas provam seu
direito aos ricos depósitos de minerais que existem sob
esse oceano.
O pedido formal apresentado ante a Comissão de Limites
da Plataforma Continental da ONU estipula que, segundo
as pesquisas científicas realizadas, a Rússia tem direito a
1,2 milhão de quilômetros quadrados adicionais da
plataforma ártica.
Este território incluiria o Polo Norte e pode dar a Moscou o
acesso a 4,9 bilhões de toneladas de hidrocarbonetos, de
acordo com as estimativas do governo.
O Ártico se converteu em palco de tensões
internacionais, com vários Estados exigindo sua
soberania sobre o fundo do mar, que acredita-se que seja
rico em minerais e hidrocarbonetos.
As atuais leis internacionais dizem que um país tem
privilégios econômicos exclusivos sobre a placa situada
em um raio de 200 milhas náuticas ao redor de sua
costa.
Na reivindicação da Rússia estão incluídas as cristas de
Mendeleyev e de Lomonósov, também reivindicadas por
Dinamarca e Canadá. Moscou argumenta que ambas
dorsais oceânicas, assim como o Polo Norte, formam
parte do continente euroasiático.
A Rússia exigiu o território pela primeira vez em 2001,
mas as Nações Unidas pediram que fornecesse provas
científicas de sua reivindicação.
Desde então, os investigadores russos realizaram
várias expedições no Ártico, a última delas em outubro.
O ministro das Relações Exteriores russo, Serguei
Lavrov, disse que a entrega da petição à ONU tinha
caráter prioritário e esperava que fosse revisada pela
Comissão de outono.
O interesse do presidente Vladimir Putin por esta zona
aumentou nos últimos anos e o governo russo
estabeleceu uma comissão especial para o
desenvolvimento deste território. Também enviou
paraquedistas e na semana passada anunciou que
revisaria sua doutrina de transporte para se concentrar
no mar Ártico.
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/08/russia-
reivindica-na-onu-mais-de-1-milhao-de-km-quadrados-
do-artico.html 04-08-2015
A GEOPOLÍTICA NO BRASIL
A produção do conhecimento geopolítico no Brasil foi, em
grande parte, circunscrita aos círculos militares, com
destaque para Golbery do Couto e Silva e o General Meira
Mattos, tendo, obviamente uma ação mais efetiva no período
de 1964 a 1985.
As idéias basilares do pensamento geopolítico brasileiro
são, resumidamente:
•integração do território nacional;
•defesa da integridade do território nacional;
•estreito relacionamento com os demais Estados do
continente, via diplomática, principalmente dos situados no
“Cone Sul”;
•ampliação do prestígio no âmbito continental.
O projeto geopolítico da Ditadura Militar

Iniciado em pleno regime liberal do pós-guerra, o projeto


geopolítico já estava implícito no Plano de Metas do governo
JK, e não foi fruto apenas das forças armadas, e sim de
diversas frações da elite civil e militar. Não resultou de uma
campanha inteligente e racional, mas de uma série de
iniciativas isoladas e tomada de decisões segundo as
condições do momento, cheias de dilemas, que acabaram
convergindo num projeto de governo gerido pelos
militares.(...)
A geopolítica se tornou uma doutrina explícita, sendo ao
mesmo tempo uma justificativa para e um instrumento da
estratégia e da prática do Estado. Em concordância com os
objetivos do projeto, a estratégia do governo concentrou as
suas forças em três espaços-tempo com práticas
específicas: 1)a implantação da fronteira científico-
tecnológica na “core-área”do país; 2) a rápida integração de
todo território nacional, implicando a incorporação definitiva
da Amazônia; 3)a projeção no espaço internacional. (
Brasil - Uma Nova Potência na Economia Mundo. págs.
125 e 126- Bertha Becker e Cláudio Egler)
Brasil assina contrato internacional para
exploração no Atlântico Sul
A assinatura, com a Autoridade Internacional dos
Fundos Marinhos, prevê o estudo e a exploração
econômica de recursos minerais em uma área de 3
mil quilômetros quadrados.
Um contrato exclusivo para exploração de recursos
naturais no Atlântico Sul foi assinado entre o Serviço
Geológico do Brasil (CPRM) e a Autoridade
Internacional dos Fundos Marinhos (Isba, na sigla em
inglês), órgão ligado à Organização das Nações
Unidas (ONU), nesta segunda-feira (9), em Brasília.
O acordo prevê o estudo e a exploração econômica de
recursos minerais em uma área de 3 mil quilômetros
quadrados (km²) numa região denominada Alto do Rio
Grande, pelo período de 15 anos. O local é uma elevação
submarina, situada em águas internacionais, no oeste do
Atlântico Sul.
Esse é o primeiro contrato firmado com um país do
Hemisfério Sul e coloca o Brasil no grupo de países que
estão na vanguarda das pesquisas minerais nos oceanos,
entre eles, Rússia, Noruega, França, China, Alemanha,
Japão e Coreia do Sul. O secretário de Políticas e
Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Jailson de
Andrade, participou da cerimônia.
Ele ressaltou que o Navio de Pesquisa Hidroceanográfico
(NPqHo) Vital De Oliveira, adquirido pelo MCTI com o
Ministério da Defesa (MD) e as empresas Petrobras e
Vale, será fundamental para a realização das pesquisas
no fundo do mar. (...)
O MCTI está desde a origem nessa discussão", pontuou.
"Esse projeto tem relevância científica, tecnológica e
econômica imensa para o Brasil. Representa a ampliação
da ocupação da presença pacífica do País no Oceano
Atlântico. Tem toda uma questão da diversidade biológica
que poderá ser perfeitamente estudada, além de minerais
como platina, tálio e cobalto, de extrema importância para
o País.“(...)
O contrato prevê plano de trabalho aprovado pela
Isba de estudo e exploração econômica numa área
de 3 mil km², dividida em 150 blocos de 20 km²
cada, localizados a 1,5 mil quilômetros (km) da
costa do Estado do Rio de Janeiro em águas
internacionais no Atlântico Sul. A CPRM tem como
objetivo explorar economicamente crostas ricas em
cobalto, níquel, platina, manganês, tálio e telúrio na
região.(...)
http://www.mcti.gov.br/noticia/-
/asset_publisher/epbV0pr6eIS0/content/brasil-
assina-contrato-internacional-para-exploracao-no-
atlantico-sul 09-11-2015
Relação entre disponibilidade hídrica e população

Fonte: UNESCO. ‘Agua para todos, agua para la vida’, 2003; p.09.
AQUÍFEROS
O SAGA- Sistema Aquífero Grande Amazônia
A teoria meridionalista de André Martin
http://www.amersur.org/PolInt/Goes0905.htm
Exemplo de questão
1- (1ª fase de 2016) País de território misto,
marcado a um só tempo pela continentalidade e
maritimidade, o Brasil tem, na análise dos clássicos
da teoria geopolítica relacionados ao poder naval
(Mahan) e na da teoria do poder terrestre
(Mackinder), importantes questões para a
discussão de uma visão estratégica
contemporânea, em um contexto em que há um
importante aumento da estrutura política e
econômica do país no cenário mundial. Ronaldo
Gomes Carmona. Geopolítica clássica e geopolítica
brasileira contemporânea: Mahan e Mackinder e a
“grande estratégia” do Brasil para o Século XXI.
São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012 (com
adaptações).
Tendo como referência inicial o trecho do texto de
Ronaldo G. Carmona, julgue (C ou E) os itens
seguintes, acerca de continentalidade, maritimidade
e geopolítica brasileira no século XXI.
1. A vasta extensão territorial do Brasil, que
corresponde a 47% do território sul-americano,
indica a necessidade de segurança das fronteiras
com seus países vizinhos, de responsabilidade dos
órgãos de segurança pública, da Secretaria da
Receita Federal e das forças armadas.
2. Em relação à segurança nacional, as bacias
hidrográficas amazônica e do Paraguai são
consideradas não prioritárias, em razão de seu
isolamento e distanciamento em relação aos
grandes centros urbanos do centro-sul do país e
também da ocupação rarefeita da população nas
regiões onde se situam.
3. A Política de Defesa Nacional destaca a
importância do controle e defesa dos chamados
ativos estratégicos do Brasil: fontes de água
doce e de energia, biodiversidade, imensas
reservas de recursos naturais e extensas áreas a
serem incorporadas ao sistema produtivo
nacional.
4. O fato de o Brasil possuir um vasto litoral com
importantes reservas de recursos naturais é, por
si só, indicativo de que o país deve investir na
força naval de defesa de seu território oceânico.

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