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M Ó D U L O 2 - P A R T E |

Comportamento
do Consumidor
F O R M A Ç Ã O E M E S T R A T É G I A D I G I T A L
M Ó D U L O 2

Comportamento
do Consumidor
P A R T E I

M I N D S E T, N E C E S S I D A D E S
E D E S E J O S

Objetivo de aprendizagem:
Compreender a maneira a qual as decisões são tomadas
e como isso influencia a escolha de produtos e serviços
e a imagem das marcas para os consumidores.
ÍNDICE 15 CONSUMIDOR
M I N D S E T D O

1 6 E C ON O M IA
C O M P O RTA M E N TA L

06 MÓDULO
I N T RO D UÇÃO AO 3 5 N E U R OMA R K E T IN G

08 CAMPANHA 45
NECESSIDADES E DESE J O S D O

CONSUMIDOR
EST UDO DE

NINTENDO: 4 6 N E C E S S ID A D E S
1 0
ESCASSEZ DE WII 5 0 D E S E J O S
MÓDULO
I N T R O D U Ç Ã O
Sobre este módulo
Em Comportamento do Consumidor - Parte I, você verá reflexões sobre o
mapa mental do consumidor moderno.

Entenda como o comportamento humano pode influenciar no consumo de


produtos e serviços. Por fim, saiba diferenciar as necessidades e os desejos
do consumidor.

Importância do tema para a sua formação


Entender economia comportamental é extremamente necessário para
que você tenha as noções básicas do funcionamento do cérebro humano,
que cria regras e atalhos utilizados por nós todos os dias para resolver
problemas, tomar decisões ou fazer julgamentos. Em igual importância, o
conhecimento em técnicas e aplicações de neuromarketing lhe permitirá
entender melhor a lógica de consumo.

Saber a diferença entre necessidades, desejos e demandas do consumidor é


um atalho para tomar decisões estratégicas. Dessa forma, pode-se promover
produtos elencando as características mais adequadas e atraentes para o
consumidor.

Como profissional de marketing, você deve compreender os conceitos e


aplicabilidades apresentados neste módulo para lhe ajudar na execução e na
otimização de estratégias e campanhas.
A O
CAMPANHA
E S T U D O D E

Antes de nos aprofundarmos no conteúdo,


vejamos uma aplicação no mundo real dos
conceitos que você aprenderá ao longo
deste módulo. Confira a seguir o estudo de
campanha da semana!
E S T U D O D E C A M P A N H A N I N T E N D O : E S C A S S E Z D E W I I

Briefing e execução
Em 2006, a Nintendo lançou o console Wii, um dos videogames mais
disputados pelos consumidores no mercado. Seus diferenciais eram o
joystick com sensor de movimento e o preço relativamente mais acessível do
que os consoles concorrentes.

Nos EUA, a empresa decidiu produzir e distribuir às lojas poucos consoles


por mês. Ao fazer isso, a Nintendo quis assegurar que os consumidores
comprariam o Wii logo quanto fosse possível.

Assim, quando o Wii foi lançado, os consumidores norte-americanos tinham


que enfrentar longas filas de espera para ter o console o quanto antes.

A escassez do Wii em solo estadunidense era notória pela comunidade


gamer. Mesmo em grandes redes americanas, como Best Buy e WalMart,
havia uma evidente deficiência de consoles Wii.

Isso continuou nos três anos seguintes ao lançamento do Wii, pois a


Nintendo persistiu em produzir poucos consoles. Mesmo quando foi decidido
ampliar a produção de aparelhos, ela não era suficiente para a demanda de
jogadores caseiros.

O console continuou a se esgotar rapidamente nas lojas por um bom tempo

ESCASSEZ DE WII

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E S T U D O D E C A M P A N H A N I N T E N D O : E S C A S S E Z D E W I I

Na época, George Harrison, vice-presidente sênior


de marketing da Nintendo, disse em uma entrevista:
“Se você ver um Wii, compre-o. Não ache que você
pode voltar mais tarde e encontrar um”.

Essa escassez fez com que as pessoas comprassem


o Wii assim que podiam. A demanda se estabilizou
apenas em 2009, quando o console já contabilizava
48 milhões de unidades vendidas.

Interseções entre a campanha


e o módulo
No módulo Comportamento do Consumidor: Parte I, Resultados
você verá o que significa o senso de escassez.
● Mais de 48 milhões de consoles vendidos
A Nintendo soube muito bem despertar nas pessoas em 3 anos, quase o dobro de seu concorrente
o senso de escassez com o seu produto desde o mais próximo à época, o Xbox 360.
lançamento do Wii. Como visto na declaração do
vice-presidente sênior de marketing da Nintendo, a
empresa optou por explorar a ideia de possibilidade
de perda no consumidor. Essa estratégia deu muito
certo e estimulou as vendas do Wii.

O console tinha seu valor, por ser vendido a um


preço mais acessível do que o dos concorrentes
e ser mais inovador também, com um joystick fora
do usual. No entanto, a combinação entre limitação
e alta demanda explorada pelo marketing foi o
verdadeiro segredo do sucesso de vendas do Wii
nos EUA.

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CONSUMIDOR
M I N D S E T D O

Objetivo de aprendizagem:
Explicar como através da psicologia e da neurociência é
possível elencar fatores que influenciam o comportamento e a
experiência do consumidor.
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Economia
Psicologia, economia e tomada de decisões

“A economia comportamental mos-

comporta-
tra que os seres humanos não são
as criaturas racionais que imagina-
mos... Ela revolucionou tudo,

mental
de Big Data à medicina, de como
governamos a como gastamos, de
altas finanças ao futebol.
— Michael Lewis,
autor dos livros Moneyball e O projeto desfazer

A economia comportamental é um método de análise econômica que


aplica insights psicológicos sobre o comportamento humano para
explicar a tomada de decisões das pessoas.

O que isso quer dizer?

A ideia central é que nem sempre agimos racionalmente.

Aliás, na grande maioria das vezes não agimos de forma racional. Nossas
decisões são impulsionadas por uma série de fatores abaixo do nosso
subconsciente, como desejos, hábitos, normas sociais além do contexto em
que estamos inseridos.

Segundo Daniel Kahneman, 95% das nossas decisões são emocionais


e intuitivas. Portanto, apenas justificamos racionalmente as nossas escolhas
já feitas.

A economia comportamental é uma mistura entre psicologia e economia


surgida no contexto da abordagem econômica tradicional conhecida como
modelo de escolha racional. Neste modelo, presume-se que uma pessoa
relacione racionalmente custos e benefícios, calculando as melhores
escolhas para si mesma.

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Dessa forma, espera-se que uma pessoa conheça bem suas as preferências Importância da economia comportamental
e nunca se confunda com desejos contraditórios. Assim, sempre de modo
para o marketing
racional, ela teria um autocontrole perfeito e uma capacidade total de conter
impulsos. Ao entender o processo de tomada de decisão das pessoas, você será
Bem fora da realidade da maioria das pessoas, você não acha? capaz de desenvolver propostas de valor que realmente se encaixam nas
necessidades do consumidor.
Em contraste, a economia comportamental mostra que os seres humanos
não agem desse jeito. Pessoas reais têm habilidades cognitivas limitadas
e uma grande quantidade de problemas para serem capazes de ter um
Profissionais de marketing vencedores devem
autocontrole constante.
ter um profundo conhecimento do processo
Você já gastou mais do que deveria? Comprou um item que viu na vitrine de
uma loja o qual não era indispensável para você no momento?
de pensamento do consumidor para criar campa-
Pois é. Muitas vezes, fazemos escolhas com base na nossa própria nhas, produtos, serviços e marcas de sucesso.
felicidade momentânea, nem sempre de forma racional.

Em resumo, a mensagem básica da economia comportamental é que os Você deve entender que clientes são seres humanos cujas decisões de
seres humanos estão propícios a cometer erros de julgamento e às vezes compra são fortemente influenciadas por emoções, pelo ambiente e pela
precisam de um empurrãozinho para tomar decisões que são do seu próprio influência social.
interesse. Assim, essa abordagem complementa e aprimora o modelo de
A economia comportamental tem sido chamada de “ciência da tomada
escolha racional.
de decisão”. Ela aborda questões fundamentais, como a maneira a
qual processamos informações e como nosso comportamento pode ser
influenciado.
Duas espécies diferentes?
Muito valiosa para profissionais de marketing, a economia comportamental
pode ajudar a oferecer respostas a perguntas essenciais, como:
SER HUMANO NA ECONOMIA SER HUMANO NA ECONOMIA
TRADICIONAL COMPORTAMENTAL ● Quão emocional ou racional é a tomada de decisão do consumidor?

● O quão rápida ou devagar é a tomada de decisão do consumidor?


C A L C U L I S TA , EMOCIONAL,
● Quanta informação o consumidor pode receber?
RACIONAL, TENDENCIOSO,
OBJETIVO IMPREVISÍVEL ● Qual a importância do contexto para afetar as percepções
de uma marca e influenciar o comportamento do consumidor?

Agora que você viu a importância da economia comportamental para


o marketing, o próximo passo é entender um pouco sobre o funcionamento
A economia comportamental é um assunto complexo, contendo 175 vieses
do cérebro nas tomadas de decisão.
e heurísticas que explicam as escolhas que fazemos e como elas são
influenciadas. Calma, não vamos nos aprofundar tanto assim nesse assunto. Vamos começar!
Nosso enfoque está mais na sua relevância para o marketing...

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Sistema 1 e Sistema 2 Portanto, seu modo padrão de pensar é o Sistema 1.

Primeiramente, processamos informações de forma rápida e instintiva, que


Como afirmado anteriormente, no conceito tradicional de teoria econômica,
depois são consideradas e analisadas mais ativamente no Sistema 2.
há o pensamento de que o ser humano toma decisões baseado apenas em
questões racionais, avaliando custos e benefícios. O Sistema 1 representa um sistema de alerta precoce para o Sistema 2, que
é implantado para verificar se os seus instintos estão corretos. Uma maneira
Há diversas correntes a respeito do funcionamento do cérebro humano nas
simples de pensar sobre isso é que o Sistema 1 funciona como um piloto
tomadas de decisão.
automático e o Sistema 2 é quando o motorista dirige com as suas próprias
Daniel Kahneman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2002 e mãos.
considerado o “pai da economia comportamental, foi o responsável pelo
O Sistema 1 aprende com a experiência. À medida que vivenciamos
desenvolvimento de uma das teorias mais respeitadas sobre a tomada de
situações, vamos aprendendo, incorporando conhecimentos e assim,
decisão humana.
criamos atalhos para não ter mais que pensar antes de agir.
Segundo Kahneman, temos um cérebro de dois sistemas, por ele chamados
Por exemplo: no começo da vida escolar, 2 + 2 pode parecer uma equação
de Sistema 1 e Sistema 2.
difícil, mas hoje a maioria de nós consegue fazer uma conta dessas sem
O Sistema 1 refere-se à percepção e à intuição. Ele é rápido e instintivo. É o muito esforço.
pensamento que você tem sem consciência e, por ser automático, consome
Entender o funcionamento do Sistema 1 é importante para profissionais de
menos energia. Esta é a parte do seu cérebro que evoluiu para ajudá-lo a
marketing, pois assim compreendemos que somos capazes de reconhecer
sobreviver, processando os estímulos através de todos os sentidos.
padrões através de nossas experiências.
O Sistema 2 é o pensamento reflexivo. Você tem consciência dele. Ele é
Isso também ocorre na relação entre os consumidores e as marcas, uma vez
lento e queima muita energia. Através do Sistema 2 tomamos decisões
que com elas pode ser construída uma familiaridade, permitindo reconhecer
lentas e deliberadas. Contudo, você não pode pensar muito o tempo todo
a marca e a sua proposta de valor em todos os pontos de contato.
porque isso cansa.
Assim, o logotipo, as embalagens, as cores, os cheiros, entre outros
Como tomamos decisões elementos, viram ativos da marca importantíssimos para que os
SISTEMA 1 SISTEMA 2 consumidores não percam seu tempo pensando a respeito de qual opção do
produto entre tanta concorrência é a melhor.

Se preferir, você pode ver um resumo da teoria de Kahneman neste vídeo


RÁPIDO DEVAGAR (conteúdo em inglês).
PARALELO EM SÉRIE Esses sistemas podem trabalhar em harmonia ou estar em conflito. Um
AUTOMÁTICO CONTROLADO exemplo de conflito é quando temos casos de ilusão de ótica, uma vez que
a parte automática do cérebro enxerga uma ilusão, e a parte consciente vê o
SEM ESFORÇO COM ESFORÇO
que de fato é a imagem.
ASSOCIADO GOVERNADO
Confira neste vídeo alguns exemplos de ilusão de ótica.
POR REGRAS
APRENDIZADO
LENTO FLEXÍVEL

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As diferenças nas sensações cerebrais também se fazem presentes quando Por exemplo: você decide viajar de avião e de repente se lembra de uma
falamos de memória e experiência. série de acidentes aéreos recentes. Em uma situação dessas, você poderia
É muito comum se sentir de uma forma na hora de experimentar algo novo e achar que viajar de avião é perigoso e decidir viajar de carro. A heurística de
de outra quando lembramos dessa experiência. disponibilidade leva você a pensar que acidentes aéreos são mais comuns
do que eles realmente são.
Kahneman fala sobre isso em uma palestra no TED, em que explica
exatamente as diferenças entre memória e experiência. Heurística de representatividade
Não deixe de assistir a essa explicação, pois ela é crucial para que você A heurística de representatividade envolve a tomada de decisão com base
tenha uma maior compreensão do comportamento humano. na semelhança para julgar uma pessoa ou acontecimento.
Entenda que o cérebro é um músculo e como tal precisa ser exercitado. Quando você está na dúvida se determinada pessoa é de confiança, você
Quanto mais neurônios e conexões cerebrais você construir ao fazer e pode comparar aspectos dela com as características de outros indivíduos
aprender algo novo, mais fácil será desenvolver o raciocínio que conhece e confia.
e a compreensão.
Há aí uma clara tendência de criar estereótipos para criar julgamentos.
Exercícios de mindfulness podem contribuir muito nessa construção.
Heurística de ancoragem e ajustamento
Heurísticas e vieses A heurística da ancoragem e ajustamento diz respeito a dificuldade que
Outro ponto que você também deve levar em consideração no estudo do alguém possui em mudar o seu julgamento inicial visando com que o
cérebro humano são as heurísticas e os vieses. mesmo se adapte às futuras informações que poderão ser obtidas.

Esses dois conceitos sustentam o estudo da economia comportamental e Um bom exemplo é quando alguém precisa tomar uma decisão de compra
lidam com a maneira que o nosso cérebro cria regras e atalhos os quais com base em uma estimativa de valor. Essa estimativa poderá servir como
utilizamos todos os dias para resolver problemas, tomar decisões ou fazer âncora e poderá influenciar na decisão final.
julgamentos. Ou seja, imagine que você estima comprar uma televisão gastando R$
Uma heurística é um atalho mental que permite que as pessoas resolvam 2.000,00. Esse será o seu valor de ancoragem e você dificilmente fará um
seus problemas e façam julgamentos de forma rápida e eficiente. Heurísticas ajuste que acarrete uma grande diferença.
encurtam o tempo de tomada de decisão e permitem que as pessoas ajam Mas não se esqueça: apesar dessa heurística ser útil no auxílio de construir
sem parar constantemente para pensar na sua próxima ação. raciocínios e tomar decisões por não demandar tanto esforço cognitivo, ela
A seguir, apresentamos algumas das heurísticas mais comuns: também pode direcionar à vieses.

Heurística de disponibilidade Heurística de afeto

A heurística de disponibilidade envolve a tomada de decisões com base na A heurística de afeto envolve a tomada de decisão com base em emoções
facilidade de lembrar de um exemplo. que uma pessoa está sentindo em determinado momento.

Quando você precisa tomar uma decisão, pode rapidamente se lembrar de Por exemplo: pessoas com bom humor podem levar mais em conta
uma série de exemplos relevantes para a situação. Como esses exemplos os benefícios ao terem que tomar uma decisão. Já pessoas que estão
estão disponíveis em sua memória, você provavelmente julgará certos experienciando emoções negativas podem levar mais em consideração os
resultados como mais comuns ou frequentes. riscos em suas tomadas de decisão.

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Vieses que amanam das heurísticas

VIÉS DESCRIÇÃO
VIESES DA HEURÍSTICA DA DISPONIBILIDADE
Os indivíduos julgam que os eventos mais facilmente recordados na memória,
FACILIDADE
com base em sua vividez ou ocorrência recente, são mais numerosos do que
DE LEMBRANÇA
aqueles de igual frequência cujos casos são menos facilmente lembrados.

CAPACIDADE DE Os indivíduos são enviesados em suas avaliações da frequência de eventos,


RECUPERAÇÃO dependendo de como suas estruturas de memória afetam o processo de busca.
Como você viu, heurísticas podem acelerar nosso
processo de tomada de decisão, contudo elas VIESES DA HEURÍSTICA DA REPRESENTATIVIDADE
também podem nos induzir ao erro. Elas são FALTA DE SENSIBI- Os indivíduos tendem a ignorar as proporções da base na avaliação da
capazes de nos levar a julgamentos imprecisos LIDADE À PROPOR- probabilidade de eventos, quando é fornecida qualquer outra informação descritiva,
sobre a realidade. ÇÕES DA BASE mesmo se esta for irrelevante.

FALTA DE SENSIBILI-
Heurísticas podem contribuir para estereótipos e Os indivíduos, frequentemente, não são capazes de apreciar o papel do tamanho da
DADE AO TAMANHO
preconceitos, uma vez que as pessoas usam atalhos amostra na avaliação da confiabilidade das informações da mesma.
DA AMOSTRA
mentais para classificar e categorizar outros seres
CONCEPÇÕES Os indivíduos esperam que uma sequência de dados gerados por um processo
humanos, muitas vezes ignorando informações ERRÔNEAS SOBRE aleatório pareça ser “aleatória”, mesmo quando for demasiado curta para que
relevantes. O ACASO aquelas expectativas sejam estatisticamente válidas.

Um viés cognitivo é justamente isso: um erro REGRESSÃO Os indivíduos tendem a ignorar o fato de que eventos extremos tendem a regredir à
sistemático de pensamento que ocorre quando À MÉDIA média nas tentativas subsequentes.

as pessoas processam e interpretam informações Os indivíduos julgam erradamente que as conjunções (dois eventos que ocorrem
A FALÁCIA DA
do mundo ao seu redor, afetando as decisões e CONJUNÇÃO
em conjunto) são mais prováveis do que um conjunto mais global de ocorrências do
qual a conjunção é um subconjunto.
julgamentos delas.
VIESES DA HEURÍSTICA DA ANCORAGEM E AJUSTAMENTO
Vieses representam o resultado da tentativa do
Os indivíduos fazem estimativas para valores com base em um valor inicial
seu cérebro de simplificar o processamento da INSUFICIENTE
(derivado de eventos passados, atribuição aleatória ou qualquer outra informação
informação. Afinal, o cérebro humano é poderoso, AJUSTAMENTO
que esteja disponível) e, em geral, fazem ajustes insuficientes daquela âncora
DA ÂNCORA
mas está sujeito a limitações. quando do estabelecimento de um valor final.
VIÉS DE EVENTOS
Os indivíduos exibem um viés tendendo para a superestimação da probabilidade de
CONJUNTIVOS E
eventos conjuntivos e para a subestimação da probabilidade de ventos disjuntivos.
DISJUNTIVOS
Os indivíduos tendem a ser excessivamente confiantes quanto à infalibilidade
EXCESSO DE
de seus julgamentos ao responderem a perguntas de dificuldade variando de
CONFIANÇA
moderada a extrema.

VIESES QUE EMANAM DIVERSAS HEURÍSTICAS


ARMADILHA DA Os indivíduos tendem a buscar informações de confirmação para o que consideram
CONFIRMAÇÃO ser verdadeiro e negligenciam a busca de indícios de não confirmação.

Após terem constatado a ocorrência ou não de um evento, os indivíduos tendem a


RETROSPECTO
superestimar o grau em que teriam antevisto o resultado correto.
Fonte: Bazerman (1994), cap. 02.

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Dica de leitura Foi comprovado que essas “cutucadas” influenciavam no comportamento


dos clientes. O projeto durou 15 dias e gerou um aumento de 30% na venda
No livro, Rápido e devagar: duas formas de pensar
de produtos saudáveis.
(2012), o teórico da economia comportamental
Daniel Kahneman apresenta duas formas de pensar:
uma é rápida, intuitiva e emocional (Sistema 1);
Efeito framing
a outra, mais lenta, deliberativa e lógica (Sistema 2). O efeito framing se relaciona a como o ser humano decide de forma
diferente a partir da maneira a qual as informações lhe são apresentadas.
Nudge Em uma tomada de decisão há sempre fatores conscientes e
Decisões nunca são tomadas de forma isolada. subconscientes. O ponto é que a percepção sobre algo, ou mais do que isso,
como aquilo se enquadra, funciona para o cérebro como um atalho mental,
Fatores externos e o contexto influenciam e muito
criando percepções relativas acerca do que é apresentado.
em qualquer decisão que seja tomada.
Diferentemente de um julgamento absoluto, a percepção relativa funciona
Essas questões “empurram” o ser humano para um
assim: imagine que você esteja escutando uma canção e observa que o som
certo caminho sem que ele perceba e são conhecidas pelo termo nudge.
dela está alto para os seus ouvidos. Essa é uma percepção relativa. Um
Por exemplo: imagine que brigadeiros são posicionados para venda em julgamento absoluto nesse caso seria ter a certeza de que o volume do som
uma mesa no campus de uma universidade. Na mesa, também há uma no seu fone de ouvido está em 80, por exemplo.
caixa para que um eventual cliente deposite seu pagamento. Além disso,
Cenários positivos também trazem um viés muito grande na percepção e na
há pendurado no local um cartaz com o desenho de olhos bem grandes
tomada de decisão do ser humano.
e acusadores direcionados a quem pegar um brigadeiro. De forma
inconsciente para nós, esse cartaz ativaria nosso senso de honestidade Kahneman e Tversky analisaram a propensão das pessoas ao risco com
nesse contexto. Assim, a possibilidade de dar um “calote” tornaria-se mais base na forma como as mensagens estavam sendo transmitidas.
improvável mesmo que não houvesse ninguém por perto olhando. Nesse estudo, a pergunta foi bem simples: se você tivesse que fazer uma
cirurgia com 90% de chance de sucesso e 10% de chance de morte, o que
Com base no conceito de nudge, acredita-se que qualquer um que projete o
faria?
ambiente em que as decisões são tomadas seja conhecido como “arquiteto
da escolha”. A maioria esmagadora das respostas dos participantes foi positiva em
encarar a cirurgia pelo fato de haver uma possibilidade maior de sucesso.
Veja neste vídeo como o Google usa isso dentro do seu próprio meio
organizacional. Outro fator fundamental sobre o efeito framing são as metas. Isso é algo
bem intuitivo. Quanto mais próximos estamos de cumprir determinada meta
Foi realizado um estudo em meio a um programa chamado Healthcare
mais motivados ficamos, certo?
Choice em que foram colocadas imagens em tamanho real de médicos
e enfermeiros ao lado de cestas de legumes e frutas frescas. O nome desse viés é chamado de efeito gradiente de meta. Esse
fundamento foi testado da seguinte forma: em um experimento, um cartão
Além disso, foram colocadas placas que indicavam sugestões como
fidelidade foi entregue para cada cliente de uma cafeteria. Os clientes
“Faça compras mais saudáveis”.
recebiam um selo no cartão a cada café comprado.
Você consegue imaginar o resultado dessa ação?
Depois de comprar 9 cafés, o 10º seria de graça.

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No teste, existiam dois tipos de cartões. Nesta palestra do TED, Schwartz fala mais sobre liberdade de escolha.

O primeiro vinha com 12 espaços: dois já marcados como estímulo para que Em certa ocasião, a pesquisadora Sheena Iyengar realizou um estudo sobre
o cliente completasse o restante, nove vazios e o último preenchido para a escolha. Na pesquisa, foi feito um teste em uma mercearia no qual foi
receber o prêmio. montada uma cabine de degustação gratuita em que eram oferecidas seis
geleias diferentes.
No segundo cartão, eram 9 espaços vazios além do último, também
marcado assim como no primeiro cartão para receber a premiação. Dos visitantes da loja que pararam para degustar, 30% decidiram comprar
algumas daquelas geleias.
O resultado desse teste foi que os clientes que receberam o primeiro cartão
completaram-no em uma média de 5 dias antes dos que receberam o Na semana seguinte, montaram a mesma cabine de degustação no mesmo
segundo. local, mas dessa vez com 24 tipos de ental é conhecido como norma
descritiva.
Isso porque o efeito gradiente de meta foi usado, dando a ilusão aos clientes
do primeiro cartão de que eles estavam mais próximos do prêmio. Psicólogos dos EUA fizeram um teste com uma mensagem de duas formas
diferentes em um hotel.
Ainda sobre percepções, você já parou para pensar por qual motivo paga
R$ 5 por uma cerveja na praia e R$ 10 pela mesma bebida em um hotel Na primeira mensagem, eles escreveram: “Ajude a salvar o meio ambiente,
luxuoso? reutilize suas toalhas.”

A resposta é muito simples! O contexto influencia demais nas decisões Na segunda mensagem, foi utilizada a norma descritiva: “75% das pessoas
humanas. Apesar de ser o mesmo produto, o consumidor atribui valor de que ficaram neste hotel reutilizaram suas toalhas pelo menos uma vez
formas diferentes. durante a estadia.”

A praia é um lugar público, com pouco conforto e bem quente nos dias A surpresa foi que a mensagem com a norma descritiva teve uma eficácia
de verão. Um hotel luxuoso é um lugar privado, com bastante conforto e maior do que a mensagem com teor ambiental, porém, quando confrontadas
ambiente climatizado. sobre qual das duas frases achavam que faria mais efeito, as pessoas
apontaram a ambiental.
Esses fatores fazem parte do juízo de valor ao decidir em comprar ou não
algo por um preço elevado. Veja neste vídeo da Prudential um exemplo dessa mentalidade de manada.

Paradoxo da escolha Normas explícitas são aquelas explicadas diretamente a você. Já as


implícitas são aquelas que não são escritas ou faladas, mas você sabe o
O psicólogo Barry Schwartz desenvolveu uma teoria simples com a qual que fazer mesmo assim.
todos nós temos alguma experiência: o paradoxo da escolha.
Aqui vai uma forma de você falar implicitamente o quanto um produto ou
Na teoria de paradoxo da escolha, observa-se que temos muitas opções serviço é consumido: “93% de nossos clientes avaliam nosso produto como
para escolher. O problema é que isso em vez de tornar as pessoas mais excelente”.
felizes e dar a elas a oportunidade de terem o que quiserem, na realidade, o
que é gerado é uma dificuldade de tomar decisões. Outra maneira de ativar esse efeito de manada é propor ações em grupo,
uma vez que, por exemplo, quando planejamos atividades com outras
Schwartz, que é autor do livro O Paradoxo da Escolha, sustenta que pessoas torna-se mais difícil haver um cancelamento.
a superabundância de opções leva a ansiedade, indecisão, paralisia e
insatisfação.

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Vamos te explicar o porquê.


Senso de escassez
Pense em duas situações extremamente emocionais: uma em estado de
As pessoas valorizam mais aquilo que acreditam que é escasso. perigo e outra em um estado de paixão.

Muitas fórmulas de lançamento têm sucesso, principalmente, por trabalha- Em um momento de perigo, é normal que as pessoas procurem umas às
rem o senso de escassez. outras e se unam buscando sobreviver a uma situação específica.

Quando há um recurso de valor limitado e de alta demanda, as pessoas Porém quando o assunto é amor, isso funciona de forma diferente. Para
ficam mais propensas a pagar caro por esse produto ou serviço. conquistar a pessoa amada você precisa se destacar da multidão de preten-
dentes.
Isso funciona mesmo que o recurso não seja tão escasso quanto aparenta…
Portanto, as ações, na maioria das vezes, estarão de acordo com as emo-
Além das fórmulas de lançamento, há outros recursos, como promoções,
ções de uma pessoa.
eventos e liquidações, que geram senso de escassez nos consumidores.

Uma outra maneira é criar produtos de “Edição Limitada”, como a Nike Priming
costuma fazer. A empresa cria modelos de tênis com edição limitada,
Uma das áreas menos compreendidas pelos psicólogos está relacionada ao
mas que poderiam ser produzidos em larga escala. O objetivo com isso
subconsciente do ser humano. Conhecida pelo termo priming, ela fala sobre
é basicamente propagar a marca e impulsionar as vendas em um curto
como o subconsciente humano pode influenciar no seu comportamento.
espaço de tempo.
Certo experimento prova isso. Nele, os participantes receberam palavras
cruzadas que faziam referências a características de pessoas idosas, como
rugas e cabelos brancos.

Isso fez com que o conceito de idoso ficasse ativo na mente dos
participantes. Ao término, eles saíram mais lentos do ambiente em que foi
realizado o experimento. Confira o vídeo.

Nossos comportamentos também são influenciados pelos nossos 5 sentidos


Nesse tipo abordagem, é enfatizado que caso o cliente não compre naquele (olfato, tato, visão, paladar e audição).
instante, ele poderá não ter outra chance no futuro.
Uma loja de vinhos no Reino Unido resolveu testar o priming e colocou
Isso se traduz na mente humana como uma possibilidade de perda. uma música francesa para tocar enquanto clientes procuravam por vinhos.
É aí que vem a pergunta: quem é que gosta de perder uma boa oportunidade? A incidência de compras de vinhos franceses teve subitamente um saldo
Outro ponto importante: antes de você pensar em transmitir qualquer mensa- positivo.
gem, avalie o estado emocional do receptor. O mesmo aconteceu quando colocaram música alemã, ou seja, houve um
aumento de vendas dos vinhos alemães.

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As pessoas podem não perceber, mas são


fortemente influenciadas pelo subconsciente.

Ao final do teste, foi perguntado se a música tinha influenciado na decisão


de compra e apenas 2% dos clientes mencionaram que sim. Ou seja, é uma
hipótese validada que pode ser usada nas mais variadas ações de vendas.

Dispositivos de compromisso
Dispositivos de compromisso são usados como lembretes informais que
acionam uma “obrigação” na cabeça das pessoas.

O voto é um bom exemplo. Votar é um dever cívico. Assim, perguntar a uma


É seu dever pensar nisso quando chegar a hora
pessoa se ela vai votar antes de uma votação aumenta a probabilidade de
ela realmente contribuir com seu voto. de propor ações de marketing e vendas!
Há uma estratégia muito usada conhecida como efeito “pé na porta”. Esse
nome faz relação aos vendedores que vão de porta em porta para vender
seus produtos ou serviços.

Hoje em dia, isso é feito de forma diferente. No entanto, há certos gatilhos


das práticas de vendedores de porta em porta que ainda são possíveis de
se usar para iniciar uma conversa, como perguntar se o potencial cliente tem
um minuto para conversar.

Existe também a promessa de devolução do dinheiro em X dias caso o


produto não satisfaça à pessoa.

Todas essas técnicas ajudam a estimular uma pessoa a se comprometer


com algo.

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Neuromarketing
A união entre a neurociência e o marketing

“O neuromarketing é a chave para


abrir o que chamo de nossa ‘lógi-
ca de consumo’ - os pensamentos
sentimentos e desejos subcons-
cientes que impulsionam as deci-
sões de compra que tomamos em
todos os dias de nossas vidas.”
— Martin Lindstrom, autor do livro A lógica do consumo

O neuromarketing (ou neurociência valiosas para o marketing para com-


do consumidor) é a união entre preender melhor o comportamento
a neurociência e o marketing. do consumidor e desenvolver campa-
nhas e produtos mais eficazes.
Se a economia comportamental toma
como base a psicologia para analisar Coletar as respostas do cérebro hu-
a tomada de decisões econômicas, o mano a produtos e anúncios publicitá-
neuromarketing explora respostas in- rios permite ajustar as mensagens de
conscientes através da neuroimagem. marketing com base nos feedbacks
obtidos através dos testes realizados.
Apesar de ambos buscarem resul-
Com essas informações, é possível
tados semelhantes, a economia
aprender porque os consumidores to-
comportamental faz isso via ciência
mam certas decisões e que partes do
cognitiva e o neuromarketing pela
cérebro são acionadas, levando-os a
neurociência.
determinadas ações.
Em termos práticos, em neuromarke-
Em alguns casos, as respostas do
ting, são captadas atividades cere-
cérebro medidas por técnicas de
brais através de aparelhos científicos.
neuromarketing não são percebidas
Dessa forma, obtém-se informações

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conscientemente por uma pessoa. diretamente em pesquisas ou grupos Em neuromarketing, as tecnologias comumente mais aplicadas são EEG,
Logo, esses dados podem ser mais focais. GSR, eye tracking e teste de associação implícita. Dessa forma, consegue-
reveladores do que os apontados se obter um número elevado de métricas confiáveis a um custo razoável.

Tecnologias de imagem cerebral, como a ressonância magnética,


Técnicas geralmente são descartadas no marketing por conta de seu preço elevado,
Existem várias técnicas de neuromarketing empregadas para obter e decifrar caráter invasivo ou aplicabilidade limitada.
dados cerebrais de modo a revelar processos subconscientes de tomada de O mesmo ocorre com biossensores de temperatura e respiração que
decisão do consumidor. normalmente não são considerados por não contribuírem com novas
Vejamos algumas das técnicas aplicadas a seguir: métricas e serem mais invasivos.

● Eletroencefalografia (EEG) ● Salivação Aplicações comuns


● Eletrocardiografia (ECG) ● Resposta galvânica da pele Você viu o que é neuromarketing e algumas das técnicas utilizadas. Agora
(GSR) vem a pergunta: como usar neuromarketing para fins de publicidade e
● Eletromiografia (EMG)
propaganda?
● Teste de associação implícita
(IAT) De forma prática, o neuromarketing pode ser utilizado para pesquisas de
consumo, incluindo a medição de respostas neurais a anúncios de produtos,
● Eye tracking embalagens, preço e facilidade de uso.
● Pupilometria Por exemplo, pode-se localizar picos de atividade elétrica em todo o cérebro,
● Codificação facial fornecendo resultados em tempo real para avaliar os estados emocionais
afetados por uma variedade de elementos de marketing.
● Tempo de reação
Os pesquisadores podem ainda avaliar os níveis de excitação ou
relaxamento em resposta a diferentes cores, rastrear o movimento dos
olhos durante a exibição de anúncios ou na navegação de um site, medir a
atividade de prazer do cérebro em resposta ao preço de produto, determinar
pontos de agitação durante os testes do produto, entre outras aplicações.

Porém, sabemos que você não terá um laboratório a sua disposição. Por
isso, separamos algumas dicas bem práticas já testadas para que você
consiga aplicar na sua realidade. Vejamos:

1. Ancoragem de preços

Como vimos em heurística, o preço de um produto ou serviço é uma


das informações mais relevantes dentro de um processo de vendas,
principalmente quando falamos em tomada de decisão.

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Uma coisa é certa: o seu potencial consumidor irá comparar o preço do Roger Dooley, especialista em neuromarketing, fala em seu livro
seu produto com o da concorrência. Dessa maneira, ele poderá avaliar “Como Influenciar a Mente do Consumidor”, que as fontes de texto
se o que você está oferecendo vale ou não a pena. mais simples facilitam o trabalho do leitor de compreender e absorver a
mensagem passada.
Por isso, é fundamental que você consiga mostrar um custo-benefício
melhor do que em outros lugares, ainda que o preço seja equivalente. Não esqueça que você está disputando a atenção do consumidor com
milhares de outros conteúdos digitais disponíveis. Diante disso, busque
Procure expor o valor do produto ou serviço e apresentar um
fazer o simples que traz resultado.
diferencial. Uma condição facilitada de pagamento pode ser um bom
começo. 4. Storytelling

2. Psicologia das cores Esse é um assunto extremamente extenso que falaremos de forma
mais aprofundada em um capítulo específico mais adiante. Mas neste
Você já se perguntou o porquê das cores do McDonald’s e do Burger
momento, entenda que vender um produto ou serviço não precisa
King serem predominantemente vermelho e amarelo? A resposta é que
necessariamente ser a partir de um anúncio qualquer ou com um
não é por um simples acaso.
vendedor apresentando algo ao potencial cliente.
Tudo é muito bem pensado de maneira a estimular o apetite do
Existem diversas maneiras nas quais você poderá construir uma
consumidor. Em 2006, um estudo do Management Decision constatou
narrativa, que envolverá tanto o consumidor dentro de uma história
que as pessoas tomam a decisão de comprar algo em cerca de 90
que ele acabará tomando a decisão de comprar por se encantar com a
segundos, e o número de pessoas que escolhem, mesmo que de forma
mesma.
inconsciente, baseada em cores, é algo entre 62% e 90%.
Assista esse vídeo da Always Brasil para que você possa visualizar um
Deu pra entender a relevância disso? As cores afetam e muito nossas
belo exemplo.
emoções.
5. Imagem > Texto
Falando especificamente das cores apresentadas, o amarelo traz
consigo um grande reforço na sensação de confiabilidade e conforto, Muito cuidado para não levar essa mensagem ao pé da letra. Não
como exposto no jornal Metro. Já o vermelho, segundo o Daily estamos dizendo que o texto não é importante. Você sempre precisará
Mail, pode estar relacionado com o sentimento de fome causado no escrever bons conteúdos.
consumidor.
O ponto aqui é que você entenda que as imagens e os elementos
Por isso, você precisa pensar qual é o tipo de sentimento que você visuais no geral, como vídeos, gifs, entre outros, atraem muito mais a
quer passar para o seu consumidor e usar as cores que auxiliem nesse atenção das pessoas do que um simples texto corrido.
objetivo.
Além disso, esses elementos são de grande ajuda para persuadir o
3. Uso de fontes simples leitor.

Antes de escrever qualquer tipo de conteúdo para o seu site ou 6. Posicionamento de elementos de uma imagem
começar a veicular um anúncio, lembre-se que o formato no qual ele é
Já falamos que imagens são excelentes, certo? Mas elas precisam ser
entregue ao consumidor também influencia na decisão de compra.
bem utilizadas.
Pensando nisso, é importante que você preze sempre por tornar o mais
curto possível o caminho de leitura e compreensão da mensagem.

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M I N D S E T D O C O N S U M I D O R N E U R O M A R K E T I N G

Você precisará posicionar os elementos em uma imagem de maneira


inteligente no momento em que for tirar uma foto para divulgar a sua
marca ou o seu produto ou serviço.
e da imagem corporativa.
Indo um pouco além, quem nunca viu o comercial de televisão do
● Produto: design de produto, comparação de embalagens
Governo Federal que contém essa imagem abaixo?
e experiência de consumo.
● Publicidade: comparação de campanhas audiovisuais, digitais ou
sonoras e avaliação de publicidade no ponto de venda.
● Ambiente digital: avaliação de design de um site e usabilidade.

Desafio Pepsi
Você já ouviu falar do Desafio Pepsi?

Em resumo, em um teste cego, os participantes eram convidados a escolher


entre Pepsi e Coca-Cola.
Alguns estudos de neuromarketing, desenvolvidos a partir de uma Resultado: quase sempre a Pepsi vencia.
tecnologia de rastreamento ocular, apresentaram evidências de que se
o indivíduo na foto estiver de frente e encarando o usuário, ajudará a Intrigado quanto a isso, o neurocientista Read Montague se fez a seguinte
prender a atenção na mensagem que estará sendo transmitida. pergunta: se as pessoas realmente preferem beber Pepsi a Coca-Cola, por
que a Pepsi não está dominando o mercado?
Caso contrário, a possibilidade do usuário perder o foco e não absorver
por completo a mensagem será muito maior. Ele então criou o seu próprio Desafio Pepsi, submetendo participantes a um
teste de ressonância magnética para acompanhar a atividade cerebral deles.
7. Desenvolvimento de site
Após a realização do teste cego, cerca de metade dos participantes disse
Por último, mas não menos importante, dedique-se muito na que preferia Pepsi. Porém quando Montague disse a eles quais amostras
construção do seu site. Sobre as cores não precisamos repetir, certo? eram de Coca-Cola, as preferências mudaram para três a um em favor da
Mas assim como elas, os conteúdos apresentados também possuem Coca-Cola.
grande relevância.
Além disso, o neurocientista observou o aumento de atividade no córtex pré-
Além disso, lembre-se de criar áreas que estimulem a interação do frontal, parte do cérebro que controla o pensamento superior, assim como no
usuário com a marca, bem como outras que ajudem a inspirá-lo a hipocampo, que se relaciona à memória.
tomar uma decisão de compra.
Montague concluiu que os cérebros dos participantes do teste estavam
Mas não se apresse, falaremos mais sobre usabilidade de site ao longo associando imagens e lembranças de comerciais, e que os pensamentos e
dos nossos módulos. emoções ligados à marca eram reações à qualidade real do produto.
Em resumo do que vimos, as aplicações mais comuns são relacionadas aos
seguintes campos:

● Branding: avaliação emocional da marca, da personalidade da marca

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M I N D S E T D O C O N S U M I D O R N E U R O M A R K E T I N G

Na década de 1980, a Coca-Cola tentou mudar sua


fórmula para deixá-la com um gosto mais adocicado
semelhante ao da Pepsi. A New Coke foi um grande
fracasso. Isso porque, no fim das contas, o Desafio
Pepsi mais do que um teste de sabor era uma
experiência de consumo. Netflix
Quantas vezes você já recebeu uma oferta para
fazer um teste gratuito acerca de um serviço por um
período determinado de tempo?
Pepsi Coca-Cola Isso é o que conhecemos como princípio da
Preferência popular Líder em vendas
reciprocidade, e não é uma exclusividade do Netflix.
em relação a sabor no mercado
Empresas como Spotify, Globoplay e Amazon Prime
também fazem uso desse princípio.

A ideia central consiste na empresa oferecer alguns


dias ou um mês de acesso gratuito ao usuário, a fim
de que ele possa conhecer o serviço por completo e
os benefícios do mesmo.
Neuromarketing em empresas diversas
Diante disso, cria-se a expectativa de que o usuário
Hyundai assine esse serviço após o período de teste e torne-
Falamos de eletroencefalograma nas técnicas aplicadas a neuromarketing, se um cliente.
certo? E foi a partir desse exame que a montadora conseguiu avaliar a Bem interessante, não é?
usabilidade de um protótipo de automóvel.
Entendido os assuntos de economia comportamental
Em suma, foram 15 homens e 15 mulheres, totalizando 30 participantes que e neuromarketing, vamos falar um pouco sobre
durante o experimento utilizaram bonés adaptados com eletrodos e ficaram necessidades e desejos do consumidor.
examinando o protótipo do veículo por uma hora.

Com isso, o aparelho mediu as diversas atividades cerebrais de cada um


dos participantes a partir da observação das características do protótipo,
visando entender as situações e os estímulos que poderiam levar o cliente a
comprar o veículo.

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CONSUMIDOR
N E C E S S I D A D E S E D E S E J O S D O

Objetivo de aprendizagem:
Atender às necessidades e aos desejos do
consumidor sob a perspectiva do marketing.
N E C E S S I D A D E S E D E S E J O S D O C O N S U M I D O R N E C E S S I D A D E S

Somente o necessário

“Os profissionais de marketing


não criam necessidades,
elas são elementos básicos

Ne-
da condição humana.”
— Philip Kotler, professor e teórico de marketing

E m marketing, uma necessidade é tudo aquilo considerado essencial para


a nossa sobrevivência.

cessi-
De forma simplificada, necessidades podem ser divididas em:

● Necessidades físicas:
incluem necessidades humanas básicas, como ar para respirar, comida
para se alimentar, água para se limpar, roupas para se vestir e moradia
para se abrigar.

dades
● Necessidades sociais:
são necessidades como amor, aceitação, afeto, e pertencimento
relacionadas a amigos, colegas, familiares ou outros grupos sociais.

● Necessidades individuais:
variam de acordo com a percepção, conhecimento e ambiente de cada
pessoa.

Sem essas necessidades, a sobrevivência humana não seria possível.

No ponto de vista do marketing, necessidades podem proporcionar vendas


recorrentes, independentemente do status social do comprador.

Produtos incluídos na categoria de necessidades não precisam de


muito esforço para serem vendidos. Afinal, as necessidades obrigam os
consumidores a comprarem determinados produtos de forma contínua para
viver bem.

Muitas vezes, para atender às suas necessidades básicas, os humanos


sacrificam seus desejos, fantasias e sonhos.

Mais à frente, você verá mais sobre desejos neste módulo

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N E C E S S I D A D E S E D E S E J O S D O C O N S U M I D O R N E C E S S I D A D E S

No livro Introdução à Psicologia do Ser, o psicólogo Abraham Maslow divide Em resumo, uma pessoa busca satisfazer uma necessidade dela quando
as necessidades humanas em uma ordem específica de cinco níveis. a anterior for satisfeita. Com base nessa teoria, a maior motivação do
comportamento do consumidor é a insatisfação de suas necessidades.
A hierarquia das necessidades de Maslow (ou pirâmide de Maslow) classifica
as necessidades humanas e como elas podem ser supridas para que uma Como profissional de marketing, você deve saber a que nível de
pessoa possa se sentir realizada: necessidades seu produto se destina.

NECESSIDADES DE AUTORREALIZAÇÃO
Moralidade, criatividade, espontaneidade, habilidade de resolução de problemas, Tipos de necessidades
ausência de preconceitos, aceitação de atos e pensamentos alheios
Há cinco tipos de necessidades de clientes que profissionais de marketing
NECESSIDADES DE AUTOESTIMA precisam conhecer:
Autoestima, confiança, realização pessoal
ou profissional, respeito a si mesmo e aos outros 1. Necessidades declaradas:
aquilo que o cliente quer.
NECESSIDADES SOCIAIS
Amizade, amor, família, vida sexual 2. Necessidades reais:
NECESSIDADES DE SEGURANÇA aquilo que o cliente realmente precisa.
Segurança pessoal, saúde mental e corporal, preservação
de recursos materiais e intelectuais, proteção da família e da 3. Necessidades não declaradas:
propriedade aquilo que o cliente espera receber.

NECESSIDADES FISIOLÓGICAS 4. Necessidades de algo mais:


Respirar, comer, beber, dormir aquilo que vem de brinde.

5. Necessidades secretas:
aquilo que agrega status ao cliente.
Observe que, de acordo com a pirâmide, as necessidades maiores surgem Responder apenas à necessidade declarada do cliente (“Eu preciso de um
à medida que as necessidades menores são atendidas. carro”) e não tentar descobrir a necessidade real do cliente (“Eu preciso de
O primeiro nível da hierarquia (base da pirâmide) são as necessidades um carro com baixo custo operacional”) não é o suficiente para satisfazer a
fisiológicas que são essenciais para a nossa sobrevivência. necessidade do cliente.

O segundo nível são as necessidades de segurança. Elas também são É por isso que se diz que responder apenas à necessidade declarada pode
necessidades básicas para os seres humanos. induzir o cliente ao erro.

O terceiro nível são as necessidades sociais e representam a busca por Além disso, você pode ir mais a fundo, buscando descobrir as necessidades
afetividade. não declaradas, de algo mais e secretas. Dessa forma, você desenvolverá
um relacionamento melhor com o consumidor.
O quarto nível são as necessidades de autoestima. Elas se relacionam
com respeito e aprovação social. Vejamos agora como as necessidades podem se transformar em desejos.

Por último, o quinto nível (topo da pirâmide) são as necessidades de


autorrealização. Em outras palavras, pode ser considerado como o nível
em que alcançamos todo o nosso potencial como ser humano.

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N E C E S S I D A D E S E D E S E J O S D O C O N S U M I D O R N E C E S S I D A D E S

“Os desejos são moldados por


uma sociedade e descritos em
termos de objetos que satisfarão

Dese-
necessidades. Quando apoiados
pelo poder de compra, os dese-
jos tornam-se demandas.”
— Philip Kotler, professor e teórico de marketing

jos
Preferências do consumidor

E m marketing, desejos não são requisitos básicos e tampouco essenciais


para a sobrevivência humana. Contudo, há uma clara relação entre
necessidades e desejos.

Quando há uma necessidade, vem à tona os gostos e as preferências de


uma pessoa, surgindo então um desejo.

Um desejo não é uma necessidade imediata, ele pode mudar de acordo com
o tempo, a percepção, a cultura, o local e a sociedade da pessoa.

Por exemplo, uma pessoa pode querer comida e ter o desejo de comer bife
e batata frita. Outra pessoa pode também ter fome e no entanto desejar
comer uma salada de alface e tomate.

Apesar de os desejos não serem obrigatórios para a sobrevivência, muitos


profissionais de marketing promovem produtos e serviços que se encaixam
na categoria de desejos como se fossem necessidades essenciais para as
vidas das pessoas.

Cabe também destacar que quanto às necessidades, os consumidores


não dão muita preferência às marcas. Contudo, no caso dos desejos, os
consumidores geralmente compram apenas produtos das marcas que eles
querem.

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N E C E S S I D A D E S E D E S E J O S D O C O N S U M I D O R N E C E S S I D A D E S

Demandas Por que se deve conhecer as necessidades


Uma necessidade ou desejo se torna uma demanda quando um cliente tem e os desejos do consumidor?
disposição e capacidade de comprar o que ele quer. Como profissional de marketing, você deve saber bem a diferença entre
Ou seja, o desejo de comprar e a capacidade de pagar cria a demanda por necessidades, desejos e demandas. Esses termos ajudam muito na tomada
um determinado produto. de decisões estratégicas. Você deve conhecê-los bem para:

● Conhecer o público-alvo e o mercado.

● Tomar decisões estratégicas.

● Promover seus produtos com a publicidade adequada.


Desejo
● Melhorar o posicionamento da marca.

● Maximizar vendas e lucros.

● Conhecer a disposição do cliente em comprar os produtos.

Demanda ● Descobrir o número de clientes que podem comprar seus produtos.

● Saber a influência dos aspectos demográficos, socioculturais e níveis


de renda no comportamento de compra dos consumidores.

● Prever o volume de vendas em um determinado mercado-alvo.


Disposição
para comprar Há muitas críticas a respeito de o marketing criar necessidades, desejos e
demandas desnecessárias.

No entanto, o marketing não cria necessidades.

As necessidades humanas já existiam bem antes do surgimento do marke-


Por exemplo, muitas pessoas desejam ter uma Maserati, mas poucos têm
ting. O marketing apenas tem o poder de promover produtos específicos e
dinheiro para comprar uma.
fazer com que as pessoas queiram eles para saciar as suas necessidades.
Nesse sentido, empresas devem ter a consciência não só de quantas
Em resumo, as necessidades satisfazem os requisitos básicos da sobre-
pessoas desejam comprar os produtos delas como também quantos
vivência de um ser humano. Desejos estão relacionados a necessidades
consumidores estariam dispostos e com capacidade de pagar por essas
específicas. Demandas são pedidos de produtos muito específicos que o
mercadorias.
comprador está disposto a adquirir e é capaz de pagar.
Demandas estão relacionadas com poder de compra.

Assim, profissionais de marketing que trabalham com produtos da categoria


demanda precisam analisar as condições de mercado e a renda do público-
alvo. Caso contrário, as vendas podem não ser satisfatórias, mesmo com um
produto com muita qualidade e valor.

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Necessidade
“Fisiologicamente, eu preciso
Desejo
“Eu quero uma água
limpa, gelada e sem gosto
Demanda
“Eu gostaria de beber uma água
engarrafada, adicionada de sais,
“Cada vez mais as empresas dei-
xam de fazer produtos para a
massa e caminham no sentido
beber água para viver.” livre de sódio, destilada a vapor
para beber.” e com pH neutro.”

do Marketing one to one. É ne-


A Coca-Cola e a Laranja Caseira
cessário entender que dentro de
Você deve estar se perguntando o que uma marca de refrigerante tem a ver
com um suco. Nós dizemos que tudo! Auxiliada pela empresa Copernicus um conjunto de grandes consu-
a identificar uma oportunidade em um determinado segmento, a Coca-Cola midores, existem subconjuntos
que têm atitudes e comporta-
desenvolveu a Laranja Caseira com o intuito de trazer para o mercado uma
bebida que tivesse um certo apelo emocional.

mentos diferentes.”
— Mario Mattos, Diretor Executivo de Pesquisa Ad Hoc da GFK

O resultado desse lançamento de produto foi o aumento do público


consumidor de sucos de caixinha, e consequentemente, o aumento do
faturamento da empresa.

Mas ainda não acabamos por aqui. Esperamos você ainda nesse módulo
para falarmos sobre as mudanças no comportamento do consumidor e a
construção de marca de maneira relevante.

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N E C E S S I D A D E S E D E S E J O S D O C O N S U M I D O R N E C E S S I D A D E S

WRAP UP
Neste módulo, você viu:

● Mindset do Consumidor

● Necessidades e Desejos do Consumidor

Agora, você já sabe que uma série de fatores


psicológicos e sociais influenciam as experiências de
compra do consumidor.

Também tem conhecimento que o consumidor


possui necessidades e desejos específicos e precisa
levar isso em consideração tanto na elaboração do
produto quanto na comunicação.

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Você também pode gostar