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Abstract This paper presents new methodologies and tools for the power systems harmonics studies in large scale systems.
The proposed tools follow the paradigm of the Object Oriented Modeling; and make possible the connection of several sub-
systems. Examples showing the advantages of using the proposed tools for the harmonic studies are presented. The methodolo-
gies were implemented in HarmZs, a production-grade program for harmonic studies in electric power systems.
Keywords Harmonics, Electrical Network Modeling, Object Oriented Modeling, Large Scale Systems, Current Injection
Methods
Resumo Este artigo apresenta novas metodologias e ferramentas para o estudo computacional do desempenho harmônico para
sistemas elétricos de grande porte. As ferramentas propostas seguem o paradigma da Modelagem Orientada a Objetos, e possibili-
tam a conexão de diversas sub-redes. Também são apresentados exemplos que mostram as vantagens da utilização das ferramen-
tas propostas para os estudos harmônicos. As metodologias foram implementadas no HarmZs, um programa de nível de produção
para estudos harmônicos em sistemas elétricos de potência.
Palavras-chave Harmônicos, Modelagem de Redes Elétricas, Modelagem Orientada a Objetos, Sistemas de Grande Porte,
Método de Injeção de Corrente.
1
A equivalência entre os dois métodos pode ser onde a0 / 2 é igual ao valor médio da função f(t), ω0 a
verificada com o auxílio do circuito apresentado na freqüência fundamental e Dn e φn representam o mó-
Figura 1. Este circuito contém um reator controlado a dulo (valor eficaz) e o ângulo do n-énesio harmôni-
tiristores (RCT), os quais fazem com que o reator co. Suas expressões analíticas são dadas por
conduza corrente em determinados intervalos de
tempo. O comprimento destes intervalos é determi- a n2 + bn2 e b
Dn = φ n = − atan n
nado pelo ângulo de disparo (α) dos tiristores, medi- 2 an
do a partir do cruzamento da tensão da barra 2 por sendo
zero. T
2
1 R12 L12 2 an =
T ∫ f (t ) cos (n ω t ) dt
0
0 (3)
T
2
vf v2 C2
bn =
T ∫ f (t ) sen (n ω t ) dt
0
0 (4)
20
listados na Tabela 1. 0
-20
Tabela 1: Dados do Circuito da Figura 1
-40
200
5 2.7776 78.787 1.4607 -11.520
0
7 0.83830 86.608 0.70166 -3.1427
-200
9 0.82257 -99.949 0.90650 169.64
-400
11 0.26749 73.733 0.38017 -15.568
-600
0 0.04 0.08 0.12 0.16 0.2 13 0.077750 79.845 0.13830 -8.3262
Tempo (s) 15 0.16647 -106.33 0.31415 162.81
Figura 2: Tensão v2
2.2 Análise no Domínio da Freqüência
Devido à natureza periódica dos regimes perma-
nentes destas curvas, os mesmos podem ser decom- As componentes harmônicas de tensão e corrente,
postos em termos de séries de Fourier, cuja teoria é obtidas anteriormente resolvendo o circuito mostrado
brevemente revista a seguir. na Figura 1 no domínio do tempo, podem, também,
Seja f(t) uma função periódica do tempo t de pe- serem determinadas resolvendo o circuito mostrado
na Figura 4 no domínio da freqüência.
ríodo Τ. A expansão em série de Fourier desta fun-
Este circuito é construído considerando os com-
ção é dada por
ponentes lineares do circuito original, mostrado na
a0 ∞
Figura 1. O componente não-linear é substituído por
f (t ) =
2
+ 2 ∑ D cos (n ω t + φ )
n =1
n 0 n (2) uma fonte de corrente com o mesmo conteúdo har-
mônico da corrente do elemento não-linear (iL2), com
a devida inversão de sinal. Uma vez que a fonte de
2
tensão é não-nula apenas para 60 Hz, a mesma é re- 30
presentada por um curto-circuito para as demais fre- HarmZs
25
qüências harmônicas.
i12 20
R12 L12 15
2
10
v2 C2 i2 = -iL2 0
180 300 420 540 660 780 900
Freqüência (Hz)
iC2
Figura 5. Distorção de Tensão na Barra 2.
z 2 (s ) = 1 y 2 (s ) (5) 0
-30
onde: -60
-90
1 1
y2 (s ) = + (6)
z12 (s ) zC 2 (s )
-120
180 300 420 540 660 780 900
Deve-se observar que para redes de grande por- Figura 6. Ângulo de Tensão na Barra 2
te, não é possível a determinação analítica das diver-
Na prática, os valores das componentes harmô-
sas impedâncias nodais. Neste caso, o programa
nicas da corrente injetada também podem ser obtidos
HarmZs, monta a matriz de admitâncias nodais e, por
utilizando-se um dos seguintes procedimentos:
meio de fatoração LDU e solução de vetores espar-
sos (técnicas de esparsidade), obtém os elementos de 1.
Considerando a tensão da barra onde o e-
interesse da matriz de impedâncias nodais. quipamento está conectado como senoidal,
ou seja, não é considerada a interação har-
As tensões e as correntes do circuito podem, en-
mônica entre corrente e tensão.
tão, ser determinadas para qualquer freqüência de
interesse, ou seja: 2. Utilizando um programa de fluxo harmôni-
co.
v2 (s ) v (s )
v2 (s ) = z 2 (s ) i2 (s ) , iC 2 (s ) = e i12 (s ) = 2 3. Por meio de medições.
zC 2 (s ) z12 (s )
Para que os dois métodos forneçam os mesmos
A distorção individual do harmônico de ordem n resultados, a fonte de corrente do método no domínio
na barra k é definida como um valor percentual da da freqüência deve possuir o mesmo conteúdo har-
tensão base desta barra, ou seja: mônico da corrente do elemento não linear do méto-
vkn do do domínio do tempo, pois neste caso a interação
d kn = × 100 % , n = 1, 2, K , nmax (7) harmônica entre tensão e corrente está devidamente
vk (base ) considerada. No entanto quando esta interação não é
considerada (como, por exemplo, no procedimento 1
onde nmax denota o número total de harmônicos con- descrito acima), os resultados obtidos pelo método
siderados, ω0 a freqüência fundamental em rad/seg, no domínio da freqüência serão aproximações dos
v kn o módulo da tensão harmônica de ordem n na obtidos pelo método no domínio do tempo.
3
suas aplicações específicas. Para isto, criou-se no 3.2 Sub-Redes
HarmZs um módulo orientado a objetos para apro-
Uma grande dificuldade atual em estudos de enge-
veitar dados de componentes de redes elétricas dis-
nharia envolvendo sistemas elétricos de grande porte,
poníveis em arquivos de dados originalmente escri-
é a impossibilidade, apresentada pela maioria dos
tos para os programas ANAREDE [18] e ANATEM
programas computacionais, de se montar uma rede
[19] do CEPEL. Assim, diversos dados referentes a
elétrica por meio da conexão de sub-redes. Muitas
elementos "shunts", linhas de transmissão, transfor-
vezes, nestes estudos, de forma a se evitar um grande
madores de 2 e 3 enrolamentos e cargas são aprovei-
trabalho manual de construção e compatibilização de
tados de arquivos históricos do ANAREDE. Deve-se
arquivos de dados, uma das redes é representada
observar que este aproveitamento de dados não se
apenas por seu equivalente de Thèvenin.
resume apenas a sua simples leitura, uma vez que
diversos dados devem ser tratados para uma correta
modelagem da rede para estudos de comportamento
harmônico. Por isto, este módulo de importação de
dados possui vários métodos com heurísticas como,
por exemplo, para identificar possíveis transforma-
dores de três enrolamentos e filtros harmônicos, para
calcular parâmetros nominais de linhas de transmis-
são, para modelagem de cargas em configurações
série, paralela ou mista, para tratamento de elementos
não-lineares, etc.
As informações para a modelagem das máquinas
síncronas do sistema são obtidas por leitura de arqui-
vos de dados do programa ANATEM. Na Figura 7
estão mostradas as respostas em freqüência do módu-
lo da impedância de uma barra de 230 kV do sistema
elétrico brasileiro, com e sem a modelagem das má-
quinas síncronas. Como pode ser observado, as dife- Figura 8. Conversão de Dados.
renças entre as curvas são significativas. Na Figura 8
está apresentado o diálogo principal da interface grá-
fica do módulo de aproveitamento de dados. Obser-
va-se que neste diálogo existe a opção de considera-
ção de possíveis filtros harmônicos, pois, em geral,
no ANAREDE estes filtros são modelados apenas
como reatâncias capacitivas na freqüência fundamen-
tal. Este tratamento é correto para estudos de fluxo
de potência, mas completamente inadequado para Figura 9. Tratamento de Filtros.
estudos de comportamento harmônico. Ao se pres-
sionar o botão Possíveis Filtros o programa apresen- Considerando, por exemplo, um estudo de dis-
tará na tela o diálogo mostrado na Figura 9. Neste torções harmônicas em um sistema industrial, a re-
diálogo o usuário poderá escolher como será feito o presentação da rede de transmissão, na qual a indus-
tratamento dos possíveis filtros harmônicos. Destaca- tria está conectada, por sua impedância de Thèvenin
se a terceira opção onde os dados de possíveis filtros na freqüência fundamental pode levar a resultados
são desconsiderados do arquivo principal, mas gra- errados, uma vez que freqüências muito mais eleva-
vados em um outro arquivo (sub-rede), que pode ser das são consideradas neste tipo de estudo. Neste ca-
modificado pelo usuário e incorporado futuramente so, o ideal seria a completa representação da rede de
aos dados de rede. transmissão e do sistema industrial, ou, alternativa-
mente, a representação da rede de transmissão por
seu equivalente dinâmico.
0,10
Considerando as máquinas
Desconsiderando as máquinas
Com o objetivo de facilitar a completa represen-
0,07
tação das redes, foi criada uma metodologia que pos-
sibilita a conexão de várias sub-redes, praticamente
|Z| (ohms)
4
gia não apresenta número máximo de sub-redes a Barra1 Barra2 Barra3 Barra1 Barra2
Sub 1 Sub 1 Sub 1 Sub 2 Sub 2
serem conectadas.
Uma facilidade criada a partir desta idéia de co-
nexão é a montagem de sub-redes de equipamentos
como, por exemplo, de filtros harmônicos, que po- Linha 1-3 Linha 2-3 Linha 1-2
RET CAS
(DLL)
( AT/MT)
As modificações feitas pelo configurador de re-
5
des do HarmZs são apresentadas na Figura 13. Como
pode ser observado, criou-se uma nova ligação (tra- Ih1 3 5 7 11 Filtros
cejada em negrito) da linha 1-2 da sub-rede 2 com a
barra 3 da sub-rede 1. A barra 1 da sub-rede 2 (cin-
za) é armazenada em outra parte e continua apontan- Figura 15. Sistema Industrial.
do para a linha 1-2 da sub-rede 2.
O tempo necessário para a completa configura- Primeiramente, o sistema de transmissão foi re-
ção de redes com aproximadamente 5000 barras é de presentado por uma impedância de Thèvenin e calcu-
centésimos de segundos. lou-se respostas em freqüência do módulo da impe-
5
dância transferência entre as barras 1 e 5 e a distor- redes e de importação de dados dos programas
ção harmônica na barra de conexão (barra 1). De- ANAREDE e ANATEM. Estas rotinas computacio-
pois, os cálculos foram refeitos utilizando-se os da- nais foram implementadas utilizando os conceitos
dos do ANAREDE e do ANATEM para montar a Modelagem Orientada a Objetos.
rede básica e conectou-se o sistema industrial e os
respectivos filtros, conforme apresentado na seção 3. Referências Bibliográficas
Os resultados são apresentados nas Figuras 16 e 17.
0,010 [1] Varricchio, S. L.; Gomes Jr., S.; Martins, N.; Araujo, L. R. e
Equivalente (5,1) Costa, C. O. “Manual do Usuário do Programa HarmZs
Completa (5,1) V. 1.2”, CEPEL Relatório Técnico DPP/POL 1385/02,
Janeiro 2003.
0,007 [2] Varricchio, S. L.; Gomes Jr., S.; Martins, N.; “Modal
|Z| (ohms)
0,30
[6] Lima, L. T. G.; Martins N.; Carneiro Jr., S.; “Dynamic
0,25 Equivalents for Electromagnetic Transient Analysis
0,20 Including Frequency-Dependent Transmission Line
0,15 Parameters”, Proceedings of the IPST’97 International Power
0,10
System Transients Conference, Seattle, USA, July, 1997.
[7] Varricchio, S. L.; Martins, N.; Lima, L. T. G.; Carneiro Jr.,
0,05
S.; “Studying Harmonic Problems Using a Descriptor System
0,00
180 300 420 540 660 780 Approach”, Proceedings of the IPST’99 - International
Freqüências (Hz) Conference on Power System Transients, Budapest,
Hungary, June, 1999.
Figura 17. Distorção Harmônica na Barra 1. [8] Varricchio S. L.; Martins, N.; Lima, L. T. G.; “A Newton-
Raphson Method Based on Eigenvalue Sensitivities to
Como pode-se observar, as diferenças entre as Improve Harmonic Voltage Performance”, IEEE
curvas são significativas, mostrando que não se deve Transactions on Power Delivery, vol. 18, no. 1, January
2003, pp. 334-342.
utilizar equivalentes estáticos para representar siste- [9] Oualline, S.; “Practical C++ Programming”, O’Reilly &
mas em estudos harmônicos. Associates, Inc., USA, 1995.
[10] Kruglinski J.D., (1997). “Inside Visual C++”, Redmond,
Conclusões Washington, Microsoft Press, 4a edition, 1997
[11] Montenegro, F.; Pacheco, R.; “Orientação a Objetos em
C++”, Editora Ciência Moderna, Brazil, 1994.
Foi inicialmente apresentado um exemplo tutorial de [12] Agostini, M. N.; Decker, I. C.; Silva, A. S.;
distorção harmônica em um sistema de duas barras, “Desenvolvimento e Implementação de uma Base
Computacional Orientada a Objetos para Aplicações em
com uma componente não-linear, utilizando-se me- Sistemas de Energia Elétrica”, XIII Congresso Brasileiro de
todologias de análise no tempo e também na fre- Automática, Florianópolis, Brasil, 2000.
qüência. Neste exemplo pode-se concluir que os re- [13] Manzoni, A.; Silva, A. S.; Decker, I. C.; “Power Systems
sultados obtidos pelas duas metodologias são prati- Dynamic Simulation Using Object-Oriented Programming”,
IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 14, No. 1,
camente os mesmos.
February 1999, pp. 249−255.
Outro exemplo mostrando a necessidade de se [14] Araujo, L. R.; Garcia, P. A. N.; S., Pereira, J. L. R.; Carneiro
modelar corretamente as máquinas síncronas em um Jr., S.; Vinagre, M. P.; “Modelagem Orientada a Objetos
estudo harmônico foi apresentado, verificando-se Aplicada na Solução de Sistemas de Distribuição”, XIV
que desprezar as máquinas acarreta em diferenças Congresso Brasileiro de Automática, Natal, Brasil, 2002.
[15] Chappel, D. “ActiveX and OLE”, Microsoft Press, USA,
significativas. Em outro exemplo foi mostrada a per- 1996.
da de qualidade dos resultados quando o sistema de [16] Rogerson, D.; “Inside COM”, Microsoft Press, USA, 1997.
transmissão, ao qual uma indústria estava conectada, [17] Task Force on Harmonics Modeling and Simulation,
foi representado simplesmente por sua impedância de “Tutorial on Harmonics Modeling and Simulation”, IEEE
Special Publication 98TP125-0, 1998.
Thèvenin. [18] Alves, F. R. M.; Guimarães., C.; Pinto, H. J. P.; “Manual do
Este artigo também apresenta brevemente a me- Usuário do Programa ANAREDE V. 07”, CEPEL Relatório
todologia utilizada pelo programa HarmZs para a Técnico DPP/POL 530/87, Janeiro 1999.
configuração de redes elétricas. Em particular foram [19] Diniz, R.; Gomes Jr., S.; Ferraz, J. C.; “Manual do Usuário
do Programa ANATEM”, CEPEL, Janeiro 2002.
descritos os mecanismos de gerenciamento de sub-