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METODOLOGIA PARA ESTUDO COMPUTACIONAL DO DESEMPENHO HARMÔNICO DE

SISTEMAS ELÉTRICOS DE GRANDE PORTE

LEANDRO R. ARAUJO 1, SERGIO L. VARRICCHIO2, SERGIO GOMES JR2,


NELSON MARTINS2, CRISTIANO O. COSTA 1, FRANKLIN C. VÉLIZ 1

1 – FCT-JF – Fundação Centro Tecnológico, Juiz de Fora, MG, Brasil


2 – CEPEL, Centro de Pesquisa em Energia Elétrica
Caixa Postal 68007, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: leandro@lacee.ufjf.br, slv@cepel.br, sgomes@cepel.br,


nelson@cepel.br,crisoc@cepel.br, franklin@cepel.br

Abstract This paper presents new methodologies and tools for the power systems harmonics studies in large scale systems.
The proposed tools follow the paradigm of the Object Oriented Modeling; and make possible the connection of several sub-
systems. Examples showing the advantages of using the proposed tools for the harmonic studies are presented. The methodolo-
gies were implemented in HarmZs, a production-grade program for harmonic studies in electric power systems.

Keywords Harmonics, Electrical Network Modeling, Object Oriented Modeling, Large Scale Systems, Current Injection
Methods

Resumo Este artigo apresenta novas metodologias e ferramentas para o estudo computacional do desempenho harmônico para
sistemas elétricos de grande porte. As ferramentas propostas seguem o paradigma da Modelagem Orientada a Objetos, e possibili-
tam a conexão de diversas sub-redes. Também são apresentados exemplos que mostram as vantagens da utilização das ferramen-
tas propostas para os estudos harmônicos. As metodologias foram implementadas no HarmZs, um programa de nível de produção
para estudos harmônicos em sistemas elétricos de potência.

Palavras-chave  Harmônicos, Modelagem de Redes Elétricas, Modelagem Orientada a Objetos, Sistemas de Grande Porte,
Método de Injeção de Corrente.

1 Introdução temas de grande porte são apresentadas. Dentre elas


destaca-se uma nova metodologia para a configura-
O programa HarmZs [1] é uma ferramenta computa- ção de redes elétricas a partir de sub-redes.
cional baseada em tecnologias mais recentes, tanto Como exemplo de aplicação desta nova metodo-
na modelagem de redes elétricas quanto nas técnicas logia, um estudo de distorção harmônica em um sis-
de programação computacional. tema industrial é apresentado considerando duas si-
As tecnologias de modelagem de redes elétricas tuações:
são denominadas matriz Y(s) [2]-[5] e Sistemas Des- 1. O sistema de transmissão (sistema brasilei-
critores [5]-[8]. Ambas permitem a análise harmôni- ro) ao qual a indústria em análise está co-
ca em todo o plano complexo s = σ + jω, sendo a nectada é representado simplesmente por
possibilidade da análise modal a principal vantagem sua impedância de Thévenin.
deste domínio estendido. 2. O sistema de transmissão é representado in-
As versões do programa HarmZs são desenvol- tegralmente com todos os seus componen-
vidas utilizando Microsoft Visual C++ 6.0 [9]-[10] e tes.
Microsoft Foundation Classes (MFC) [10], pois a
MFC possui muitas classes implementadas que faci-
litam o desenvolvimento de aplicativos compatíveis 2 Metodologias Convencionais
com o padrão Windows. O HarmZs também segue o
paradigma de desenvolvimento de programas orien- As metodologias convencionais para análises de
tado a objetos [11]-[14] e a tecnologia de componen- comportamento harmônico de sistemas de potência
tes por meio do Active X e do Component Object podem ser divididas em dois grupos, de acordo com
Model (COM) [15]-[16]. A programação gráfica a modelagem adotada para a rede elétrica:
permite uma interface amigável com o usuário. Os 1. Domínio do tempo
resultados das simulações apresentados em gráficos 2. Domínio da freqüência
e/ou tabelas tornam suas análises mais fáceis e rápi- Como exemplo de ferramentas computacionais
das. que pertencem ao grupo 1, podem-se citar os pro-
Alguns conceitos básicos da análise harmônica gramas EMTP, ATP e PSCAD que são baseados na
convencional [17] são descritos neste artigo, pois são integração trapezoidal das equações dos elementos
necessários para a utilização do programa HarmZs, de rede escritas no domínio do tempo. Como exem-
são revisados. Algumas implementações computa- plo de metodologia que pertence ao grupo 2 pode-se
cionais que facilitam a aplicação do programa a sis- citar o método de injeção de correntes.

1
A equivalência entre os dois métodos pode ser onde a0 / 2 é igual ao valor médio da função f(t), ω0 a
verificada com o auxílio do circuito apresentado na freqüência fundamental e Dn e φn representam o mó-
Figura 1. Este circuito contém um reator controlado a dulo (valor eficaz) e o ângulo do n-énesio harmôni-
tiristores (RCT), os quais fazem com que o reator co. Suas expressões analíticas são dadas por
conduza corrente em determinados intervalos de
tempo. O comprimento destes intervalos é determi- a n2 + bn2 e b 
Dn = φ n = − atan  n 
nado pelo ângulo de disparo (α) dos tiristores, medi- 2  an 
do a partir do cruzamento da tensão da barra 2 por sendo
zero. T
2
1 R12 L12 2 an =
T ∫ f (t ) cos (n ω t ) dt
0
0 (3)

T
2

vf v2 C2
bn =
T ∫ f (t ) sen (n ω t ) dt
0
0 (4)

Os coeficientes Dn e os ângulos φn dos regimes


iL2 L2 permanentes da tensão na barra 2 (Figura 2) e da
corrente no elemento L2 (Figura 3) estão mostrados
na Tabela 2.
Figura 1: Circuito com RCT.
80
2.1 Análise no Domínio do Tempo
60

O circuito mostrado na Figura 1 foi modelado no 40

programa PSCAD com os valores dos parâmetros


Corrente (A)

20

listados na Tabela 1. 0
-20
Tabela 1: Dados do Circuito da Figura 1
-40

R12 (Ω) L12 (H) C2 (µF) L2 (H) α ∆t (µs) -60

291.75 3.8661 0.35014 12.057 1200 10 -80


0 0.04 0.08 0.12 0.16 0.2

A fonte de tensão é descrita pela expressão (1). Tempo (s)

2 Figura 3: Corrente iL2.


vf = 500 sen (ωt ) kV (1)
3
Tabela 2: Módulo e ângulo dos fasores hamônicos
Na Figura 2 é apresentada a curva de tensão na de tensão e corrente.
barra 2 e na Figura 3 a curva de corrente no indutor
v2 iL2
L2.
Dn φn Dn φn
800 n
(kV) (graus) (A) (graus)
600
1 296.85 -91.116 33.508 179.36
400
3 74.427 -86.058 12.570 178.74
Tensão (kV)

200
5 2.7776 78.787 1.4607 -11.520
0
7 0.83830 86.608 0.70166 -3.1427
-200
9 0.82257 -99.949 0.90650 169.64
-400
11 0.26749 73.733 0.38017 -15.568
-600
0 0.04 0.08 0.12 0.16 0.2 13 0.077750 79.845 0.13830 -8.3262
Tempo (s) 15 0.16647 -106.33 0.31415 162.81
Figura 2: Tensão v2
2.2 Análise no Domínio da Freqüência
Devido à natureza periódica dos regimes perma-
nentes destas curvas, os mesmos podem ser decom- As componentes harmônicas de tensão e corrente,
postos em termos de séries de Fourier, cuja teoria é obtidas anteriormente resolvendo o circuito mostrado
brevemente revista a seguir. na Figura 1 no domínio do tempo, podem, também,
Seja f(t) uma função periódica do tempo t de pe- serem determinadas resolvendo o circuito mostrado
na Figura 4 no domínio da freqüência.
ríodo Τ. A expansão em série de Fourier desta fun-
Este circuito é construído considerando os com-
ção é dada por
ponentes lineares do circuito original, mostrado na
a0 ∞
Figura 1. O componente não-linear é substituído por
f (t ) =
2
+ 2 ∑ D cos (n ω t + φ )
n =1
n 0 n (2) uma fonte de corrente com o mesmo conteúdo har-
mônico da corrente do elemento não-linear (iL2), com
a devida inversão de sinal. Uma vez que a fonte de

2
tensão é não-nula apenas para 60 Hz, a mesma é re- 30
presentada por um curto-circuito para as demais fre- HarmZs
25
qüências harmônicas.

Distorção de Tensão (%)


PSCAD

i12 20

R12 L12 15
2
10

v2 C2 i2 = -iL2 0
180 300 420 540 660 780 900
Freqüência (Hz)
iC2
Figura 5. Distorção de Tensão na Barra 2.

Figura 4. Circuito Harmônico Equivalente. 120


HarmZs PSCAD
90
A impedância vista dos terminais na fonte i2, ou

Ângulo da Tensão (%)


60
seja, vista do nó 2 (impedância nodal) é dada por: 30

z 2 (s ) = 1 y 2 (s ) (5) 0

-30
onde: -60
-90
1 1
y2 (s ) = + (6)
z12 (s ) zC 2 (s )
-120
180 300 420 540 660 780 900

z12 (s ) = R12 + s L12 e zC2 (s ) = 1 (s C2 ) Freqüência (Hz)

Deve-se observar que para redes de grande por- Figura 6. Ângulo de Tensão na Barra 2
te, não é possível a determinação analítica das diver-
Na prática, os valores das componentes harmô-
sas impedâncias nodais. Neste caso, o programa
nicas da corrente injetada também podem ser obtidos
HarmZs, monta a matriz de admitâncias nodais e, por
utilizando-se um dos seguintes procedimentos:
meio de fatoração LDU e solução de vetores espar-
sos (técnicas de esparsidade), obtém os elementos de 1.
Considerando a tensão da barra onde o e-
interesse da matriz de impedâncias nodais. quipamento está conectado como senoidal,
ou seja, não é considerada a interação har-
As tensões e as correntes do circuito podem, en-
mônica entre corrente e tensão.
tão, ser determinadas para qualquer freqüência de
interesse, ou seja: 2. Utilizando um programa de fluxo harmôni-
co.
v2 (s ) v (s )
v2 (s ) = z 2 (s ) i2 (s ) , iC 2 (s ) = e i12 (s ) = 2 3. Por meio de medições.
zC 2 (s ) z12 (s )
Para que os dois métodos forneçam os mesmos
A distorção individual do harmônico de ordem n resultados, a fonte de corrente do método no domínio
na barra k é definida como um valor percentual da da freqüência deve possuir o mesmo conteúdo har-
tensão base desta barra, ou seja: mônico da corrente do elemento não linear do méto-
vkn do do domínio do tempo, pois neste caso a interação
d kn = × 100 % , n = 1, 2, K , nmax (7) harmônica entre tensão e corrente está devidamente
vk (base ) considerada. No entanto quando esta interação não é
considerada (como, por exemplo, no procedimento 1
onde nmax denota o número total de harmônicos con- descrito acima), os resultados obtidos pelo método
siderados, ω0 a freqüência fundamental em rad/seg, no domínio da freqüência serão aproximações dos
v kn o módulo da tensão harmônica de ordem n na obtidos pelo método no domínio do tempo.

barra k e v k ( base ) a tensão base da barra k.


3 Sistemas de Grande Porte
Para o sistema em questão, tem-se:
vk (base ) = 500 3 = 288.68 kV (8) Algumas das implementações realizadas que possibi-
litam a utilização do programa para sistemas de
Os resultados obtidos por este método são com-
grande porte são descritas nesta seção.
parados com os obtidos pela integração numérica das
equações dos elementos de rede escritas no domínio
3.1 Leitura e Tratamento de Dados
do tempo, como pode ser observado nas Figuras 5 e
6. Desta observação, concluí-se que os resultados Para facilitar a utilização de um programa, é interes-
obtidos pelas duas metodologias são praticamente os sante que o mesmo possa retirar informações de ba-
mesmos. ses de dados já existentes e as compatibilize com

3
suas aplicações específicas. Para isto, criou-se no 3.2 Sub-Redes
HarmZs um módulo orientado a objetos para apro-
Uma grande dificuldade atual em estudos de enge-
veitar dados de componentes de redes elétricas dis-
nharia envolvendo sistemas elétricos de grande porte,
poníveis em arquivos de dados originalmente escri-
é a impossibilidade, apresentada pela maioria dos
tos para os programas ANAREDE [18] e ANATEM
programas computacionais, de se montar uma rede
[19] do CEPEL. Assim, diversos dados referentes a
elétrica por meio da conexão de sub-redes. Muitas
elementos "shunts", linhas de transmissão, transfor-
vezes, nestes estudos, de forma a se evitar um grande
madores de 2 e 3 enrolamentos e cargas são aprovei-
trabalho manual de construção e compatibilização de
tados de arquivos históricos do ANAREDE. Deve-se
arquivos de dados, uma das redes é representada
observar que este aproveitamento de dados não se
apenas por seu equivalente de Thèvenin.
resume apenas a sua simples leitura, uma vez que
diversos dados devem ser tratados para uma correta
modelagem da rede para estudos de comportamento
harmônico. Por isto, este módulo de importação de
dados possui vários métodos com heurísticas como,
por exemplo, para identificar possíveis transforma-
dores de três enrolamentos e filtros harmônicos, para
calcular parâmetros nominais de linhas de transmis-
são, para modelagem de cargas em configurações
série, paralela ou mista, para tratamento de elementos
não-lineares, etc.
As informações para a modelagem das máquinas
síncronas do sistema são obtidas por leitura de arqui-
vos de dados do programa ANATEM. Na Figura 7
estão mostradas as respostas em freqüência do módu-
lo da impedância de uma barra de 230 kV do sistema
elétrico brasileiro, com e sem a modelagem das má-
quinas síncronas. Como pode ser observado, as dife- Figura 8. Conversão de Dados.
renças entre as curvas são significativas. Na Figura 8
está apresentado o diálogo principal da interface grá-
fica do módulo de aproveitamento de dados. Obser-
va-se que neste diálogo existe a opção de considera-
ção de possíveis filtros harmônicos, pois, em geral,
no ANAREDE estes filtros são modelados apenas
como reatâncias capacitivas na freqüência fundamen-
tal. Este tratamento é correto para estudos de fluxo
de potência, mas completamente inadequado para Figura 9. Tratamento de Filtros.
estudos de comportamento harmônico. Ao se pres-
sionar o botão Possíveis Filtros o programa apresen- Considerando, por exemplo, um estudo de dis-
tará na tela o diálogo mostrado na Figura 9. Neste torções harmônicas em um sistema industrial, a re-
diálogo o usuário poderá escolher como será feito o presentação da rede de transmissão, na qual a indus-
tratamento dos possíveis filtros harmônicos. Destaca- tria está conectada, por sua impedância de Thèvenin
se a terceira opção onde os dados de possíveis filtros na freqüência fundamental pode levar a resultados
são desconsiderados do arquivo principal, mas gra- errados, uma vez que freqüências muito mais eleva-
vados em um outro arquivo (sub-rede), que pode ser das são consideradas neste tipo de estudo. Neste ca-
modificado pelo usuário e incorporado futuramente so, o ideal seria a completa representação da rede de
aos dados de rede. transmissão e do sistema industrial, ou, alternativa-
mente, a representação da rede de transmissão por
seu equivalente dinâmico.
0,10
Considerando as máquinas
Desconsiderando as máquinas
Com o objetivo de facilitar a completa represen-
0,07
tação das redes, foi criada uma metodologia que pos-
sibilita a conexão de várias sub-redes, praticamente
|Z| (ohms)

sem esforço adicional. Ou seja, as sub-redes são in-


0,03 dependentes, podendo ser utilizadas nos estudos se-
paradamente ou conectadas. Para que as sub-redes
sejam devidamente conectadas, o usuário necessita
0,00
0 500 1000 1500
indicar apenas as barras equivalentes em cada sub-
Freqüência (Hz)
rede, sem precisar se preocupar se barras de uma
Figura 7. Resposta em Freqüência. sub-rede possuem a mesma numeração de barras de
outras sub-redes. Analogamente, o processo pode ser
efetuado para a exclusão de sub-redes. A metodolo-

4
gia não apresenta número máximo de sub-redes a Barra1 Barra2 Barra3 Barra1 Barra2
Sub 1 Sub 1 Sub 1 Sub 2 Sub 2
serem conectadas.
Uma facilidade criada a partir desta idéia de co-
nexão é a montagem de sub-redes de equipamentos
como, por exemplo, de filtros harmônicos, que po- Linha 1-3 Linha 2-3 Linha 1-2

dem ser conectados facilmente às redes, para serem


utilizados apenas em determinados estudos ou casos. Figura 13. Modificações Internas.
Assim, os mesmos são incorporados às redes sem
modificar a base de dados original.
3.4 Diagrama de Classes
3.3 Algoritmo de Conexão de Sub-Redes O diagrama de classes que possibilita as opera-
O modelo de objetos implementado no HarmZs para ções descritas neste artigo com as redes elétricas é
a configuração de redes elétricas é similar ao modelo apresentado na Figura 14. Observa-se a existência da
apresentado em [14]. Considere as duas sub-redes classe CRede (CConfigurador), na qual seu objetivo
apresentadas na Figura 10. As mesmas são armaze- principal é fazer a extração de dados de vários pro-
nadas internamente conforme apresentado na Figura gramas do CEPEL através do auxílio da classe
11. Observa-se na Figura 11 que os objetos instanci- CConvCEPEL, ler arquivos de redes no formato
ados apontam-se mutuamente. HarmZs e reconfigurar as redes com a ajuda da clas-
se CSubRede. O programa HarmZs conecta-se dire-
1 tamente a classe CRede para a utilização de dados.
3 1 2 HarmZs CConfigurador CConvCEPEL

2 CSubRede CIOAnarede CIOAnatem CIOFlupot

RET CAS
(DLL)

Sub - Rede 1 Sub - Rede 2


Figura 14. Diagrama de Classes.
Figura 10. Sistemas Exemplos.

Barra3 Barra1 Barra2


Barra1
Sub 1
Barra2
Sub 1 Sub 1 Sub 2 Sub 2 4 Estudo de Casos

O sistema industrial a ser estudado é apresentado na


Figura 15. O sistema possui 5 barras, filtros para 3º,
Linha 1-3 Linha 2-3 Linha 1-2
5º, 7º e 11º harmônicos. Estes filtros, neste exemplo,
foram inseridos como sub-redes. Na barra 5 encon-
Figura 11. Armazenamento Interno.
tra-se uma fonte de corrente harmônica nas freqüên-
Caso seja feita a equivalência entre a barra 3 da cias de ordem 3, 5, 7, 9, 11 e 13. Deve-se observar
sub-rede 1 com a barra 1 da sub-rede 2, tem-se a rede que neste exemplo existe apenas uma fonte de cor-
apresentada na Figura 12. rente harmônica. No entanto, diversas fontes de cor-
rente harmônica podem ser consideras [2]. O ponto
de conexão desta indústria com o sistema de trans-
1 missão é a barra 1.
3 2
T ransmissão
1
2

Figura 12. Barra Equivalentada. 3 4

( AT/MT)
As modificações feitas pelo configurador de re-
5
des do HarmZs são apresentadas na Figura 13. Como
pode ser observado, criou-se uma nova ligação (tra- Ih1 3 5 7 11 Filtros
cejada em negrito) da linha 1-2 da sub-rede 2 com a
barra 3 da sub-rede 1. A barra 1 da sub-rede 2 (cin-
za) é armazenada em outra parte e continua apontan- Figura 15. Sistema Industrial.
do para a linha 1-2 da sub-rede 2.
O tempo necessário para a completa configura- Primeiramente, o sistema de transmissão foi re-
ção de redes com aproximadamente 5000 barras é de presentado por uma impedância de Thèvenin e calcu-
centésimos de segundos. lou-se respostas em freqüência do módulo da impe-

5
dância transferência entre as barras 1 e 5 e a distor- redes e de importação de dados dos programas
ção harmônica na barra de conexão (barra 1). De- ANAREDE e ANATEM. Estas rotinas computacio-
pois, os cálculos foram refeitos utilizando-se os da- nais foram implementadas utilizando os conceitos
dos do ANAREDE e do ANATEM para montar a Modelagem Orientada a Objetos.
rede básica e conectou-se o sistema industrial e os
respectivos filtros, conforme apresentado na seção 3. Referências Bibliográficas
Os resultados são apresentados nas Figuras 16 e 17.
0,010 [1] Varricchio, S. L.; Gomes Jr., S.; Martins, N.; Araujo, L. R. e
Equivalente (5,1) Costa, C. O. “Manual do Usuário do Programa HarmZs
Completa (5,1) V. 1.2”, CEPEL Relatório Técnico DPP/POL 1385/02,
Janeiro 2003.
0,007 [2] Varricchio, S. L.; Gomes Jr., S.; Martins, N.; “Modal
|Z| (ohms)

Analysis of Industrial System Harmonics Using the s-


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0,003
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[3] Varricchio, S. L.; Gomes Jr., S.; Martins, N.; “s-Domain
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Figura 16. Impedância de Transferência 1 - 5. Applied to s-Domain Models of ac Networks”, IEEE PES
Winter Meeting, Columbus, Ohio, Janeiro 2000.
0,45
[5] Varricchio, S. L.; Gomes Jr., S.; Martins, N.; “Two Powerful
0,40 Equivalente Network Modeling Approaches for the Modal Analysis of
Completo Harmonic Problems”, – VIII SEPOPE, Brasília, Brasil, 19 -
0,35
23 Maio, 2002.
Distorção da Tensão (%)

0,30
[6] Lima, L. T. G.; Martins N.; Carneiro Jr., S.; “Dynamic
0,25 Equivalents for Electromagnetic Transient Analysis
0,20 Including Frequency-Dependent Transmission Line
0,15 Parameters”, Proceedings of the IPST’97 International Power
0,10
System Transients Conference, Seattle, USA, July, 1997.
[7] Varricchio, S. L.; Martins, N.; Lima, L. T. G.; Carneiro Jr.,
0,05
S.; “Studying Harmonic Problems Using a Descriptor System
0,00
180 300 420 540 660 780 Approach”, Proceedings of the IPST’99 - International
Freqüências (Hz) Conference on Power System Transients, Budapest,
Hungary, June, 1999.
Figura 17. Distorção Harmônica na Barra 1. [8] Varricchio S. L.; Martins, N.; Lima, L. T. G.; “A Newton-
Raphson Method Based on Eigenvalue Sensitivities to
Como pode-se observar, as diferenças entre as Improve Harmonic Voltage Performance”, IEEE
curvas são significativas, mostrando que não se deve Transactions on Power Delivery, vol. 18, no. 1, January
2003, pp. 334-342.
utilizar equivalentes estáticos para representar siste- [9] Oualline, S.; “Practical C++ Programming”, O’Reilly &
mas em estudos harmônicos. Associates, Inc., USA, 1995.
[10] Kruglinski J.D., (1997). “Inside Visual C++”, Redmond,
Conclusões Washington, Microsoft Press, 4a edition, 1997
[11] Montenegro, F.; Pacheco, R.; “Orientação a Objetos em
C++”, Editora Ciência Moderna, Brazil, 1994.
Foi inicialmente apresentado um exemplo tutorial de [12] Agostini, M. N.; Decker, I. C.; Silva, A. S.;
distorção harmônica em um sistema de duas barras, “Desenvolvimento e Implementação de uma Base
Computacional Orientada a Objetos para Aplicações em
com uma componente não-linear, utilizando-se me- Sistemas de Energia Elétrica”, XIII Congresso Brasileiro de
todologias de análise no tempo e também na fre- Automática, Florianópolis, Brasil, 2000.
qüência. Neste exemplo pode-se concluir que os re- [13] Manzoni, A.; Silva, A. S.; Decker, I. C.; “Power Systems
sultados obtidos pelas duas metodologias são prati- Dynamic Simulation Using Object-Oriented Programming”,
IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 14, No. 1,
camente os mesmos.
February 1999, pp. 249−255.
Outro exemplo mostrando a necessidade de se [14] Araujo, L. R.; Garcia, P. A. N.; S., Pereira, J. L. R.; Carneiro
modelar corretamente as máquinas síncronas em um Jr., S.; Vinagre, M. P.; “Modelagem Orientada a Objetos
estudo harmônico foi apresentado, verificando-se Aplicada na Solução de Sistemas de Distribuição”, XIV
que desprezar as máquinas acarreta em diferenças Congresso Brasileiro de Automática, Natal, Brasil, 2002.
[15] Chappel, D. “ActiveX and OLE”, Microsoft Press, USA,
significativas. Em outro exemplo foi mostrada a per- 1996.
da de qualidade dos resultados quando o sistema de [16] Rogerson, D.; “Inside COM”, Microsoft Press, USA, 1997.
transmissão, ao qual uma indústria estava conectada, [17] Task Force on Harmonics Modeling and Simulation,
foi representado simplesmente por sua impedância de “Tutorial on Harmonics Modeling and Simulation”, IEEE
Special Publication 98TP125-0, 1998.
Thèvenin. [18] Alves, F. R. M.; Guimarães., C.; Pinto, H. J. P.; “Manual do
Este artigo também apresenta brevemente a me- Usuário do Programa ANAREDE V. 07”, CEPEL Relatório
todologia utilizada pelo programa HarmZs para a Técnico DPP/POL 530/87, Janeiro 1999.
configuração de redes elétricas. Em particular foram [19] Diniz, R.; Gomes Jr., S.; Ferraz, J. C.; “Manual do Usuário
do Programa ANATEM”, CEPEL, Janeiro 2002.
descritos os mecanismos de gerenciamento de sub-

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