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Esse termo vem sendo tratado como uma qualidade que indica inferioridade
por muitos aspectos culturais há anos, pessoas que foram confinadas a
determinados empregos, locais e afazeres (mesmo esses chamados eram na
verdade apenas reservados a elas, pois mesmo ao tentar juntar essa palavra –
afazeres - com “homens”, a frase ainda perde o sentido, mas por que?).
A partir disso, poderíamos nos preocupar com o que poderia tonar a vida mais
prática para as mulheres, porém a verdadeira pergunta e busca a ser feita teria
de ser a causa disso. Qual então é a raiz? Os planejamentos. Os pensamentos
de projeção antes de serem colocados em prática. E por que ainda não se vê a
iniciativa de cooperação com as mulheres nesse sentido. As cadeiras nas
mesas que determinam as direções a serem tomadas estão sendo ocupadas
por representantes que habitam a cidade?
Diante da igual falta de qualidade de vida nos arredores de sua moradia, veem-
se na obrigatoriedade de uso de utensílios mais distantes. As distâncias a
serem percorridas são maiores, e por consequência o tempo também. Há ainda
diversas situações as quais elas são submetidas na ida e na volta, tanto dentro
do ônibus quanto fora dele. Assédio é um exemplo. Desrespeito não somente
físico, mas moral e verbal também durante a rotina que continua mesmo depois
do trabalho formal (dificilmente conseguido pela sua condição, e igualmente
característico na área da educação).
Vendo agora, percebe-se que não é algo que convoca apenas à necessidade
das mulheres, mas crianças e idosos também. Ou seja, às futuras gerações e
às passadas. Porque é começando por um para todos, e não somente de uma
parte para ele mesmo. Protegendo uma parte que está sendo desprezada,
automaticamente se cuida dos que vem a seguir.
O papel da mulher e sua inserção no espaço público nos faz refletir também
sobre a abordagem de gênero no âmbito urbano, visto que, historicamente a
mulher esteve relegada ao mundo privado e dessa forma, homens ocuparam o
mundo público, o trabalho, a política e da comunidade, sendo assim,
construindo formas de organizar a cidade, diferenciando papeis e lugares pelo
gênero.
Além disso, a autora cita dados históricos, em torno de 1970, onde apontavam
para a invisibilidade das mulheres na cidade e no planejamento urbano. Estes
mostram as diferentes vivências das cidades, resultado direto da construção
social e cultural sobre cada papel de gênero, da divisão sexual do trabalho e
dos históricos processos de construção do urbano.
Por fim a autora declara que as mulheres são precursoras nos movimentos
sociais, muitas vezes nascidos face às lutas por equipamentos, serviços,
políticas como vimos, além de que as pesquisas sobre as políticas públicas
urbanas para as mulheres devem ser feitas e atualizadas, pois as alterações na
família brasileira mostram que menos da metade da população brasileira não é
mais a família “heteronormativa” – mulher, homem e filhos –, tida como
“tradicional”. E uma das famílias que mais cresce é a monoparental com filhos
e, dentro deste grupo mulheres com filhos. Esta nova demografia certamente
irá transferir a luta pela divisão do trabalho doméstico entre mulher e homem
para uma luta pela maior presença do Estado no suporte à estas mulheres,
para que possam ter autonomia. Ou ainda, políticas de auxílio à idosos, e às
mulheres idosas, emergem como necessárias. Assim, a investigação sobre
políticas públicas que beneficiem especialmente as mulheres, abarcando a
diversidade de suas condições de vida, é premente na construção de uma
abordagem de gênero no planejamento urbano.
Apesar de hoje a mulher ter conquistado um lugar, por mais que pequeno, no
meio das decisões que antes eram tomadas apenas por homens, muitas das
vezes a mulher não se sente parte real da sociedade, não sente que possui o
direito de reivindicar seus direitos e por consequência acaba aceitando as
inúmeras situações mencionadas no decorrer do texto.
Concluímos então que a mulher tem papel tão importante quanto o homem no
contexto social urbano de uma cidade. Sendo muitas das vezes, essencial para
que as cidades tenham seus ambientes ocupados e utilizados.
Referências Bibliográficas