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The Measure of Home

KRISTA SANDOR
Tradução: Ariella
Revisão Inicial: C.G
Revisão Final: Stefani

Leitura Final: Roberta


Conferencia: Isabel, PMorello & Ana Lidia
Formatação: Ariella

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
AVISO
A tradução foi efetuada pelo grupo Doll Books Traduções (DB), de
modo a proporcionar ao leitor o acesso à obra, incentivando à posterior
aquisição. O objetivo do grupo é selecionar livros sem previsão de
publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-os ao leitor, sem
qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto.

Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as


obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam, a
não ser no idioma original, impossibilitando o conhecimento de muitos
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The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Uma nota para o leitor
Este livro é destinado a leitores maduros. Ele contém descrições de
relacionamentos de adultos, situações sexuais ilustradas e linguagem de
adultos. Se essas coisas o ofendem, este livro não é para você.

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KRISTA SANDOR
Se você já se perguntou se era o suficiente, se não tinha certeza se
estava se adaptando, este livro é para você. Aceite este conselho de
alguém que já esteve lá. Você é mais forte do que pensa. Você é mais
poderoso do que imagina.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Quanto você desistiria por seus sonhos?
Monica Brandt não tem dinheiro nem poder. A beleza é sua única moeda. Ela
sonha em deixar a padaria de sua avó em Langley Park e viajar pelo mundo como
modelo.
Então ela conhece Gabe Sinclair.
Eles prometem construir uma vida juntos, mas quando lhe é oferecida a chance de
ser modelo no exterior, ela escolhe seu sonho ao invés do amor.
Anos mais tarde e quase sem um tostão, um acontecimento terrível a força a
voltar para casa e enfrentar o homem que abandonou.

Apesar de seu passado complicado, a paixão arde entre eles.

Mas Monica não voltou para casa de mãos vazias. Ela tem algo que as pessoas
perigosas desejam.

Algo que poderia matá-la.

Ela pode confiar em Gabe para mantê-la segura depois que


ela quebrou seu coração ou seu passado torturado irá separá-
los?
The Measure of Home é um romance sexy independente da série Langley Park.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
01

Verão após a formatura do ensino médio


─ EU nunca mais uso outro colete de tricô pelo resto da minha
vida!

Mônica Brandt sentou como uma bala no BMW conversível ao lado


de sua melhor amiga, Courtney Wilkes. Mônica tirou a roupa do corpo e
a segurou acima da cabeça. A mistura vermelha de acrílico e nylon
flutuou no ar como uma pequena capa de super-herói.

─ Você é louca, Mônica! Você sabe disso, certo? Courtney disse,


olhar treinado na estrada.

─ É por isso que você me adora. ─ respondeu Mônica. Ela se


inclinou sobre o console de couro do conversível e deu um beijo na
bochecha da amiga.

Elas passaram pelos portões da escola. Mônica olhou para o velho


e imponente prédio de tijolos que outrora servia de convento na década
de 1930 até se tornar uma escola para as filhas dos cidadãos mais ricos
e proeminentes de Kansas City.

O sol do final da tarde brilhava em uma série de vitrais. Na


primeira vez em que entrou na Academia Preparatória do Sagrado
Coração, sua avó a colocou em um banco na capela e depois saiu para
conversar com a diretora da escola. Os pés de Mônica não podiam nem
tocar o chão, e ela os chutou para frente e para trás. A luz do sol
derramava através dos vitrais, iluminando imagens de homens que ela
não reconhecia. Alguns usavam túnicas, outros seguravam livros,
outros posavam com animais, mas todos olhavam para ela com
expectativa. A luz colorida a lançava em tons de azul e vermelho, e ela
esticou os bracinhos para brincar com a luz, que brilhava e dançava na
ponta dos dedos.

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KRISTA SANDOR
Courtney acelerou e Mônica olhou para as mãos. Sob a cobertura
das folhas, a luz dançava nas palmas de suas mãos exatamente como
naquele dia. O dia em que tudo mudou.

─ Você não vai sentir falta do Sagrado Coração? ─ Courtney


perguntou.

Mônica tocou o emblema da escola no colete amassado no colo.


Esse distintivo estava colado no peito desde os cinco anos de idade.
Camisolas, blusas, polos, blusas e blazers, esse emblema dizia ao
mundo que ela estava fora dos limites. Esse emblema disse ao mundo
que ela frequentou a prestigiosa escola católica feminina, localizada em
Mission Springs, Kansas, na parte mais exclusiva da área de Kansas
City.

Havia, no entanto, um problema. Ela não pertencia a este mundo.


Ela não nasceu em riqueza e privilégio. Ela podia tatuar a crista do
Sagrado Coração na testa, mas isso nunca mudaria o fato de ela ser
uma impostora.

─ Vamos ver. ─ disse Mônica. Ela jogou o colete no banco de trás.


─ Passamos os últimos treze anos de nossas vidas cercadas por freiras.
Eu tenho mais meias até o joelho do que qualquer garota normal do
ensino médio deveria possuir. Todo o nosso guarda-roupa gira em torno
do que combina com o xadrez vermelho e a parte mais emocionante da
semana foi tentar chocar um padre de 92 anos durante a confissão.

Courtney sacudiu a cabeça e entrou na Langley Park Boulevard. As


amplas mansões e os grandes condomínios enfeitados com gramados
bem cuidados e fontes elegantes que compunham a cidade exclusiva de
Mission Springs, Kansas, desapareceram. O lago Boley apareceu e
Mônica se irritou ao passar pela placa dando as boas-vindas à cidade
vizinha de Langley Park.

A cidade dela. A casa dela. A prisão dela.

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A avenida ladeada de velhos carvalhos e frondosas árvores de
carvalho as levou ao Centro Médico Midwest e em direção ao centro da
cidade de Langley Park. Se ela não tivesse sido forçada a morar aqui,
poderia ter achado o lugar atraente. O Jardim Botânico de Langley
Park, verde e repleto de folhagem rica sob o sol de meados de junho,
envolvia o lado oeste do lago. O pavilhão do jardim, empoleirado na
beira da água, fervilhava de atividade, enquanto os casais passeavam
por caminhos sinuosos e as crianças afundavam os dedos no lago
sereno ou perseguiam as libélulas que voavam e dançavam em torno
das flores.

Mônica se afastou dos jardins e se concentrou na amiga. ─ Nós não


estamos indo para sua casa?

Courtney balançou a cabeça. ─ Meu irmão queria que o


encontrássemos no Centro Comunitário de Langley Park depois da
escola. Andrea e Bryson devem estar lá também.

─ O que seu irmão está tramando? ─ Mônica perguntou.

─ Chip sempre está tramando alguma coisa. Parei de tentar


acompanhar todos os seus planos e bobagens.

─ E ainda assim nós vamos? ─ Mônica perguntou.

Courtney encolheu os ombros. ─ Ele é meu irmão mais velho.

─ Por apenas dois minutos. ─ respondeu Mônica. ─ Isso


dificilmente é um irmão mais velho, e isso dificilmente significa que ele
pode lhe dizer o que fazer.

─ Ele gosta de você.

Mônica mudou de posição. ─ Ele te disse isso?

─ Todo cara do All Saints gosta de você, Mon. Por favor, não tente
agir como se você não tivesse notado.

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Mônica mordeu o lábio. Sua aparência foi o atributo que a ajudou
a ser bem recebida no mundo da escola preparatória, especialmente
com o sexo oposto na Academia Preparatória All Saints, a escola ao lado
da sua, somente para meninos. Mas havia algo no irmão de Courtney
que despertou seu interesse. Algo perverso brilhava em seus olhos toda
vez que ele olhava para ela. Isso a confundiu e a excitou em um
emaranhado de emoções adolescentes angustiadas.

Todo o tempo que ela e Courtney passaram juntas, ela raramente


via Chip. Havia ocasionalmente as festas mistas das escolas, onde um
DJ antigo tocava faixas esfarrapadas dos anos setenta. As freiras
vigiavam as meninas do Sagrado Coração com olhar severo enquanto os
padres vigiavam os meninos de All Saints, secretamente tentando
espetar seus copos de ponche com pequenos frascos de uísque sem que
as freiras percebessem.

─ E Joshua Cogen? ─ Mônica ofereceu. ─ Ele estava olhando para


você no baile da primavera.

Courtney deu uma risada. ─ Mon, ele estava olhando para você. Eu
posso ter passado na sua linha de visão, mas é isso. Você faz algo para
os caras. Todo esse cabelo preto brilhante. Esses olhos azuis, suas
pernas assustadoramente longas que envergonhariam uma modelo da
Victoria's Secret. Caras estão passando um por cima do outro para
tentar chamar sua atenção. Além disso, você tem uma avó rigorosa que
não permite que você namore, e isso faz de você um desafio ainda
maior.

─ Oma1. ─ Mônica exalou em um suspiro apertado. Sua avó alemã


era uma força da natureza.

1 Oma significa avó em Alemão.

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─ Como está Oma? ─ Courtney perguntou. ─ Não acredito que ela
não fez você voltar para casa logo depois da escola. Você não precisa
trabalhar na padaria?

─ Oma foi generosa. Ela é muito exigente com a educação. Não


preciso estar em casa até as onze da noite. Todo mundo no Sagrado
Coração recebe novos BMWs e férias em St. Croix para se formar no
ensino médio. Eu não posso ter, por isso, posso ficar fora duas horas
depois do toque de recolher.

Courtney deu um sorriso compreensivo. ─ Melhor que nada, certo?

Mônica suspirou. ─ Ainda preciso acordar às quatro e meia da


manhã de amanhã para ajudar com todos os bolos de casamento. Se eu
me casar, não há como me casar em junho. Junho é o inferno dos
padeiros. E esqueça de comer um bolo. Eu vou preferir ter cupcakes.
Cupcakes que eu não precisei levantar um dedo para fazer. Trabalhar
em uma padaria muda completamente sua perspectiva em relação aos
doces. ─ disse ela, afundando no assento.

Courtney se animou. ─ Falando de manhã cedo, como está seu


garoto do jornal? Presumo que você o viu?

Apesar da brisa fresca, Mônica sentiu as bochechas esquentarem.


─ Ele não é meu garoto de jornal. Lamento até mencioná-lo para você.

─ Você está corando. ─ disse Courtney, nem mesmo se virando


para olhá-la. ─ Eu posso sentir daqui.

Mônica ficou fascinada com seu garoto desde que era pré-
adolescente. No início da manhã, quando Langley Park ainda estava
dormindo profundamente e o sol mal dava uma luz no céu escuro do
Kansas, ele passeava de bicicleta para o centro da cidade. Ao contrário
da maioria dos comerciantes e donos de lojas no Langley Park, ela e a
avó moravam no local em um apartamento acima da padaria, não lhe
dando razão para se atrasar no início da rotina matinal de cozimento.

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Também garantiu que ela seria capaz de assistir seu garoto do jornal
enquanto ele inclinava sua bicicleta contra a fonte na praça da cidade e
caminhava de loja em loja, jogando um papel dobrado ordenadamente
em cada porta.

Ele mudou ao longo dos anos. Seus braços finos tinham ficado
musculosos e tonificados. Sua marcha desajeitada e juvenil
desapareceu e foi substituída por passos longos e limpos. Seus cabelos
escuros, uma vez mantidos raspados perto do couro cabeludo, agora
enrolados em torno de suas orelhas. As camisetas penduradas
frouxamente sobre os ombros estavam grudadas nos músculos duros
de suas costas e abdômen esculpidos. Mônica sabia uma coisa com
certeza - ele não era mais um garoto . E ela não era uma garota. A onda
de calor que inchava em seu lugar mais sensível cada vez que ele
passava era uma lembrança disso.

─ Você ainda não sabe o nome dele? ─ Courtney perguntou.

Mônica soltou um suspiro que não tinha percebido que estava


segurando. ─ Tenho certeza que ele é apenas um estudante como nós,
apenas vai à escola pública.

Courtney assentiu. ─ Provavelmente um garoto que mora em


Langley Park e estuda na Village East High School. Você sabe, eles
estão fora da escola há quase duas semanas. Não é totalmente justo.

Courtney intensificou seu discurso das vantagens e desvantagens


de escolas particulares versus escolas públicas, e Mônica voltou a
sentar-se no banco e fechou os olhos. Havia uma boa razão para ela
estar corando. Naquela manhã, sob a luz azul do amanhecer, enquanto
limpava a porta de vidro da loja, largou o pano e, quando o recuperou, o
garoto do jornal estava parado na frente dela. Eles estavam quase nariz
a nariz. Ela era alta, quase 1,75, mas ele ainda tinha uns quinze
centímetros bons nela. Nem disse uma palavra. Era como ir ao zoológico

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por anos e anos observar alguma criatura ilusória e fazê-la caminhar
até você um dia e pressionar o nariz no vidro.

Ela olhou nos olhos dele. Eles eram verdes. Verde como o musgo
escuro que pode crescer em alguma árvore de livro de histórias
encantada. Ele nunca havia chegado perto o suficiente antes para ela
dizer a cor. Quando ele chegava à loja delas, ela sempre se afastava e se
ocupava com algo nas costas. Mas ela o mantinha na mira,
encontrando seu reflexo em uma das tigelas de metal. Ela chegou a
segurar uma das bandejas espelhadas para vê-lo gentilmente colocar o
jornal na porta delas. Ele sempre fazia uma pausa. Ele sempre ficava na
padaria uma fração de segundo a mais do que as outras lojas, e seu
olhar estava sempre fixo nela.

Mas esta manhã foi diferente. Hoje de manhã, menos de um


centímetro de vidro era tudo o que havia entre eles. Ele sorriu. Era um
sorriso torto, revelando uma covinha na bochecha. Ele apontou para
ela. Ela observou os olhos arregalados quando ele fez de novo. Ela não
se mexeu. Ele apontou para o rosto dele e depois para o dela.

Então isso a atingiu.

Ela deu um passo atrás e viu seu reflexo na janela. Uma linha
gigante de massa de brownie de chocolate estava listrada em sua
bochecha esquerda. Em um movimento totalmente sem graça, ela levou
o pano à bochecha, girou nos calcanhares e correu para os fundos da
padaria. No momento em que ela saiu para assar os bolos de chocolate
alemães, o papel estava dobrado na porta, e seu garoto do jornal tinha
sumido.

Courtney seguiu para o norte na Baneberry Drive, e o Centro de


Recreação da Comunidade Langley Park apareceu. Ela passou pela
entrada.

Mônica olhou por cima do ombro. ─ Eu pensei que estávamos indo


para o centro de recreação?

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─ Nós estamos. Chip disse para encontrá-lo nas quadras de
basquete nos fundos.

Mônica se inclinou para frente e avaliou a quadra vazia. ─


Basquetebol? Só porque eu sou alta não significa que eu posso jogar ou
que eu sei alguma coisa sobre o esporte.

─ Nós não estamos jogando. Chip montou um jogo de dois em dois


e queria que viéssemos assistir.

Mônica apertou os lábios. ─ O que o faz pensar que gostaríamos de


vê-lo jogando basquete no centro de recreação?

─ Eu não sei. Isso foi o que ele me disse. ─ Os olhos de Courtney


se iluminaram. ─ Talvez ele queira tentar impressioná-la com suas
habilidades loucas!

─ Eu duvido disso. ─ respondeu Mônica, mas não podia negar a


vibração de emoção em sua barriga.

Entre o rigoroso trabalho escolar e as exigências de ajudar a avó na


padaria, ela passara muito pouco tempo com o sexo oposto. No último
ano, ela beijou Tommy Blake em um armário de roupas em um
encontro entre a All Saints e o Sagrado Coração. Ele quase tocou o peito
dela antes que a tosse exagerada de um padre os interrompesse. Aquele
embaraço foi a extensão total de sua vida amorosa.

Courtney parou e estacionou ao lado das quadras de basquete


quando um carro buzinou desagradável atrás delas.

Mônica olhou para o espelho retrovisor. O peito dela se apertou. A


motorista do carro buzinando havia parado atrás delas e agora estava
aplicando gloss.

Mônica franziu o cenho. Andrea Rigley?

─ Vamos, Mon. Pelo menos não tivemos que ir com ela.

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─ Meninas! ─ veio a voz penetrante de Andrea. ─ Veja o que meus
pais me deram ontem à noite!

Com uma mão apoiada no capô do Mercedes vermelho cereja e a


outra levantada no ar como assistente de um mágico, Andrea parecia
um modelo perfeito e ridículo dos ricos e mimados. Courtney e Mônica
saíram do conversível e foram até a garota sorridente.

─ Ela não é linda! ─ Andrea murmurou. ─ Eu estava preocupada


que meus pais me arranjassem uma classe C. Não me interpretem mal;
não há nada tecnicamente terrível na classe C. Quero dizer, ainda é um
Mercedes. Mas meu pai disse que não consideraria nada menos do que
o melhor para sua filha. É uma pena que não usarei isso por muito
tempo.

─ Por que é que? ─ Mônica perguntou, sabendo muito bem que


estava mordendo a isca por mais uma das festas de Andrea.

- Partimos para St. Barts em alguns dias. A equipe deve estar


preparando a casa para a nossa chegada agora. Ah meninas! As praias
são as melhores do mundo. É exatamente o que eu preciso antes de
começar na Brown neste outono.

Mônica colou um sorriso no rosto e desejou que seus olhos não


rolassem na parte de trás da cabeça. Andrea era uma estudante
medíocre, na melhor das hipóteses, mas as conexões de seu pai e,
muito provavelmente, suas generosas doações garantiram-lhe um lugar
na escola da Ivy League2.

─ É um ótimo carro, Andrea. ─ disse Courtney com um sorriso e a


facilidade que advém de nascer rico.

─ Obrigada, querida. ─ Andrea respondeu, presenteando Courtney


com beijos no ar. ─ E quando você vai embora, Court?

2 Grupo das universidades mais prestigiadas dos EUA.

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O coração de Mônica afundou. A família Wilkes passava todo verão
em sua casa no sul da França, perto de onde a mãe de Courtney
cresceu. Courtney não só falava francês, como também falava italiano e
espanhol. Todo verão, ela deixava a vila e ficava com amigos na Europa
por algumas semanas. Graças aos bolsos profundos dos Wilkes e às
conexões influentes, Courtney conseguiu escolher o idioma que ela
queria aprender e para onde queria ir.

─ Nosso avião parte amanhã de manhã. Minha mãe está ansiosa


para voltar.

─ Tenho certeza que ela está. ─ disse Andrea. Ela agitou o cabelo
perfeitamente destacado para pendurar sobre um ombro. ─ E então
vocês vão para Stanford, você e Chip, certo?

─ Sim, meu pai esteve lá, então continuaremos com o nome de


família. ─ disse Courtney. A expressão dela ficou séria. ─ Eu tenho que
admitir; Eu estou realmente empolgada. É um campus maravilhoso, e
eles têm um forte departamento de ciência da computação.

Mônica não pôde deixar de sorrir. Ao contrário de Andrea,


Courtney era brilhante, trabalhava duro e nunca se conformava ao
estereótipo de estreante, como a maioria de seus colegas de classe. ─
Você vai arrasar, Court. ─ disse Mônica. ─ Stanford não saberá o que os
atingiu.

─ Sua família não possui algumas empresas perto de São


Francisco? ─ Andrea perguntou, tentando parecer indiferente.

Mônica não pôde deixar de revirar os olhos de verdade dessa vez.


Ela aprendeu desde muito cedo que os ricos eram especialistas em
acompanhar a riqueza e a capacidade financeira de outras pessoas.

─ Sim, temos algumas empresas de biotecnologia por perto em Palo


Alto.

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Andrea passou os cabelos para o outro ombro. ─ E você, Mônica -
você está ficando aqui e indo para a faculdade comunitária, certo?

Um nó se formou na garganta de Mônica. Ela engoliu em seco e


levantou o queixo. ─ Esse é o plano por enquanto, mas estou
economizando para tirar algumas fotos profissionais. Falei com uma
mulher em uma agência de modelos. Ela disse que eu tenho um
potencial real.

Andrea cruzou os braços. O gesto lembrou Mônica de sua avó


desaprovadora. ─ Você ainda está pensando em modelar? Você tem
certeza de que é uma escolha de carreira realista?

Mônica levantou o queixo. ─ Eu não estou considerando isso. Eu


vou persegui-lo. Acho que tenho uma boa chance de torná-lo grande.

Andrea estreitou o olhar. ─ Mas enquanto você estuda na


faculdade e trabalha na padaria da sua avó, certo?

O calor queimava no peito de Mônica. Ela mordeu o interior da


bochecha. A dor fez pouco para conter o ressentimento pulsando em
ondas de raiva por todo o corpo. Ela segurou a língua por muitos anos.
Sorriu além de todos os comentários condescendentes sobre como era
doce ela ser neta do padeiro. Como deve ser fofo fazer bolos e cupcakes
ao amanhecer. Que sorte ela teve em poder frequentar o Sagrado
Coração com uma bolsa de estudos.

Ela abriu os lábios, pronta para descarregar no moleque mimado


quando Courtney tocou em seu braço.

─ Mônica, você é absolutamente linda. Eu sei que você vai fazer


isso como modelo. Seriam loucos não colocar você na capa de todas as
revistas.

Mônica encontrou o olhar de sua amiga e seu desdém diminuiu


um pouco.

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─ Absolutamente. ─ Andrea ecoou. ─ Você sabe que eu estou
sempre torcendo por você, Mônica. Mas eu não seria uma boa amiga se
não a ajudasse a ver todos os lados da sua situação.

Andrea olhou para cima e para baixo, depois olhou para o reflexo
na janela do carro e sacudiu os cabelos, enroscando o dedo nas mechas
douradas tingidas. Uma onda triunfante superou a raiva no coração de
Mônica. Sua beleza era sua única moeda no mundo dos ricos e
privilegiados. Era a única coisa que ela tinha que Andrea não tinha.
Mas, assim como a emoção de superar Andrea a inundou, foi
acompanhada de vergonha. A mão dela foi para o colar e ela tocou no
medalhão que usava desde que era apenas uma garotinha.

Um Porsche Boxster amarelo acelerou na direção delas, o motor


rugindo. O brilhante carro esportivo entrou em ação e parou, a
centímetros do novo Mercedes de Andrea.

─ Ei! ─ Andrea gritou, descansando a mão no quadril em uma


tentativa patética de parecer sexy. Ela fez beicinho quando Chip Wilkes
e o namorado de Andrea, Bryson Vanderkamp, saíram do carro.

Bryson pegou uma bola de basquete da tábua do piso do carro e


jogou-a sobre o veículo para Chip. Então ele mergulhou de volta e tirou
uma mochila.

─ Senhoras. ─ disse Chip, reconhecendo as meninas. Bryson foi


até Andrea, mas não antes de deixar seu olhar percorrer as pernas de
Mônica.

Courtney deu um soco brincalhão no seu irmão gêmeo. ─ Por que


toda a festa para um jogo de dois em dois?

Você nunca saberia que Courtney e Chip eram gêmeos. Os cabelos


castanhos de Chip eram alguns tons mais escuros que os de Courtney.
E enquanto Courtney compartilhava os traços delicados de sua mãe

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francesa, Chip adotava os atributos mais arredondados e alimentados
com milho de seu pai do centro-oeste.

Chip lançou um olhar provocador para Mônica. ─ Eu sabia que


Mônica gostaria de me ver antes de partirmos para a França.

─ Tanto faz. ─ respondeu ela, mas o sorriso enfeitando seus lábios


negou sua resposta desinteressada.

─ Sério, Chip. O que está acontecendo? ─ Courtney perguntou


novamente.

Um olhar desonesto cruzou seu rosto, e ele puxou um conjunto de


chaves. ─ Consegui obtê-las do jardineiro.

─ Você quer que a gente ande de carro em algum caminhão velho


de paisagista? ─ Andrea perguntou, prendendo Chip e Bryson com um
olhar horrorizado.

─ Não se apresse, Andrea. Nosso jardineiro também trabalha nos


Jardins Botânicos de Langley Park. Estamos chegando depois do
expediente com estes . ─ ele chacoalhou as chaves. ─ e então vamos
tomar alguma coisa .

Bryson abriu a mochila. Uma garrafa de vodka e um litro de


refrigerante de limão estavam entre vários copos de plástico vermelho
soltos.

─ Não sei se é uma boa ideia, Chip. ─ disse Courtney. ─ Estamos


indo embora

─ Estou dentro. ─ Mônica deixou escapar, cortando sua amiga.

─ Mônica!

─ Court, você vai embora amanhã. Você tem o verão inteiro


selvagem e despreocupado. Ela olhou para o relógio. ─ Vou preparar um

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bolo de casamento em doze horas. Se esta é minha única chance de
comemorar o ensino médio, quero aproveitar.

O olhar de Chip passou por seu corpo. ─ Veja, Mônica está se


divertindo.

─ Eu também! ─ Andrea disse com outro movimento de cabelo.

─ Eu ainda não entendo por que você queria que viéssemos assistir
você jogar basquete. ─ Courtney perguntou, com uma nota de irritação
em sua voz.

Chip jogou a bola no ar e a pegou. ─ É contra o garoto MacCarron


e seu primo.

A testa de Courtney se uniu. ─ Filho do advogado do papai?

─ Sim, ele estava em casa outro dia com o pai. Saímos para dar
algumas voltas enquanto os velhos conversavam sobre a confiança. O
merda me derrotou cara a cara, então sugeri uma revanche. Chip
desviou o olhar. ─ Porra, finalmente! Aqui está ele agora.

Um modelo branco atrasado da Range Rover apareceu e Mônica


olhou por cima do ombro. Ela conhecia a Sra. MacCarron desde quando
ela parava na padaria e fazia os pedidos, mas não conseguia se lembrar
de conhecer o filho.

─ Wilkes. ─ disse o motorista ruivo do Rover com um sorriso


arrogante.

─ Pronto para perder, MacCarron? ─ Chip atirou de volta.

O olhar de Mônica mudou do motorista do Rover para o


passageiro, e ela engasgou.

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02
Gabe Sinclair olhou para a cesta de basquete enferrujada afixada
no topo de sua garagem e alinhou sua tacada. Depois de um dia
levantando caixas e carregando caminhões para a empresa de
mudanças local de seu pai, seus braços e pernas estavam gastos, e ele
estava pegajoso de suor e poeira, mas seu corpo precisava da liberação
que o basquete fornecia. Sua mente precisava do desafio de coordenar
seus movimentos enquanto concentrava-se em um objetivo: atirar uma
bola através de um aro. Gotas de suor caíam por suas costas enquanto
ele driblava a bola algumas vezes, depois dobrava os joelhos e
arremessava. A sacudida satisfatória da rede e o zumbido do ar
afastaram sua atenção do dia de merda que passara sob o constante
escrutínio de seu pai. Ele estava prestes a dar outro tiro quando uma
voz chamou sua atenção.

─ Gabe, eu vou precisar de você para me ajudar.

Olhou por cima do ombro para o Range Rover branco, modelo mais
antigo, parado na berma da estrada. Seu primo, Michael MacCarron,
sorriu para ele do banco do motorista.

Gabe balançou a cabeça. ─ Porque eu passei as últimas oito horas


carregando um caminhão cheio de coisas de uma velhinha. Ela deve ter
sido uma bibliotecária ou algo assim. Carregava pelo menos cinquenta
caixas cheias de livros. Você sabe o quão fodidamente pesadas caixas
de livros são?

Michael apontou para o basquete nas mãos de Gabe. ─ Mas aqui


está você, atirando aros.

─ Eu não fico sentado em um escritório o dia inteiro girando os


polegares. ─ Gabe respondeu e instantaneamente se sentiu como um
idiota.

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Uma batida de silêncio passou, e nenhum disse uma palavra.

Gabe se abaixou e apoiou os cotovelos na porta do carro. ─ Me


desculpe, Michael. Sei que trabalhar no escritório de advocacia do seu
pai não é um piquenique.

Michael assentiu. ─ Seu pai está por aí?

─ Não, ele está no escritório. Terminamos cedo hoje.

O sorriso de Michael voltou. ─ Então você tem algum tempo para


chutar um rabo da escola preparatória comigo.

Gabe se inclinou. ─ Você vai lutar com alguém? O que diabos


aconteceu? Isso não é como você.

─ Nada disso. ─ Michael disse com uma risada. ─ Eu estava com


meu pai há alguns dias na propriedade Wilkes em Mission Springs.
Wilkes queria fazer algumas mudanças na confiança de sua família. Eu
atirei algumas argolas com o filho dele, Chip. A empresa do seu pai não
mudou algumas caixas para um depósito para eles?

Gabe se endireitou e segurou a bola um pouco mais forte. ─ Sim,


nós fizemos. Aquele garoto é um imbecil gigante. Ele gritou com uma
das empacotadoras porque não gostou da maneira como ela colocou
uma caixa de seus troféus da liga. Ele fez a pobre senhora chorar. Por
favor, diga-me que você chutou a bunda do filho da puta.

─ Eu fiz, mas ele pediu uma revanche. Por isso preciso da sua
ajuda. É um jogo de dois em dois no centro de recreação.

─ Quando? ─ Gabe perguntou.

Michael sorriu. ─ Agora.

Gabe balançou a cabeça, abriu a porta do passageiro e deslizou no


assento. ─ Esse é um ótimo momento para você chegar lá, porque?

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Michael colocou o carro na direção e manobrou no trânsito. ─ Eu
quase esqueci. Eu estava trabalhando em algumas faixas techno
quando olhei para o meu relógio. Hoje era o último dia de escola antes
das férias de verão. Chippy vai para o sul da França amanhã, então hoje
foi a única vez que trabalhou para ele.

─ Pelo amor de Deus. ─ Gabe riu. ─ Que gentil da parte dele nos
encaixar! Suponho que eles estarão jantando do outro lado do Atlântico
em um avião particular cheio de caviar e o que diabos a bebida super
rica.

─ Eu não sei sobre o caviar ou a bebida deles, mas sei que eles têm
um avião.

Gabe sentou-se e girou a bola de basquete. ─ Você consegue


imaginar uma vida assim? Quero dizer, sei que vocês estão bem, seu pai
é um grande advogado, mas aviões e casas particulares na França?
Parece irreal.

─ É uma vila. ─ disse Michael, lançando-lhe um sorriso atrevido.

Gabe devolveu o sorriso. ─ Claro que é.

Esqueça as vastas propriedades de Mission Springs, Gabe


agradeceu às estrelas da sorte que sua família podia se dar ao luxo de
viver em Langley Park. A casa em estilo bangalô no lado oeste da cidade
foi comprada e paga pelos avós falecidos - uma graça salvadora porque
não havia como eles conseguirem pagar uma hipoteca. A empresa de
mudanças de seu pai estava sendo superada por operações maiores.
Eles estavam fazendo cada vez menos negócios a cada ano. E, para
complicar ainda mais, seu pai recentemente machucou as costas
tentando colocar uma geladeira no maldito caminhão e passou para um
papel mais consultivo. Isso significava que ele basicamente passava
noventa e nove por cento do seu tempo reclamando de Gabe.

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KRISTA SANDOR
Seu irmão mais velho, Sam, estava na faculdade. Ele ganhou uma
bolsa de estudos - um bilhete de ouro que o tirou de Langley Park. Sam
também descobriu maneiras de trabalhar perto da escola, mesmo
durante os meses de verão. Gabe não podia culpá-lo por ficar longe,
mas sentia falta do irmão. Ele olhou para o primo. Michael e Sam
pareciam mais irmãos do que ele e Sam, compartilhando o mesmo
cabelo ruivo, olhos verde esmeralda e pele clara. Por outro lado, ele
parecia mais com o pai, com cabelos escuros, olhos verdes e covinhas.
Os homens de MacCarron e Sinclair compartilhavam uma característica
em comum. Como seu pai, tio, irmão e primo, todos tinham mais de
1,90.

Michael seguiu para o leste na Bellflower Street, mas passou a


curva para o centro de recreação.

─ Você esqueceu o seu caminho? ─ Gabe perguntou, girando a


bola de basquete.

Michael deu a próxima curva. ─ Eu queria um segundo para falar


com você. Pode haver alguns espectadores na quadra de basquete.

─ Como quem? Quem diabos gostaria de assistir Chip Wilkes


jogando basquete?

─ Tenho certeza de que a irmã de Chip é amiga da garota da


padaria.

Gabe parou de girar a bola. ─ Sim. ele respondeu, tentando parecer


casual.

─ Passei pelos tribunais antes de me aproximar para buscá-lo. Já


havia alguns carros lá.

─ Deixe-me adivinhar, uma Ferrari e um Corvette?

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KRISTA SANDOR
Você está perto. Um BMW e um Mercedes. Os lábios de Michael se
curvaram em um sorriso. ─ Eu só queria que você estivesse pronto,
caso ela estivesse lá. Você sabe, seja legal.

Gabe prendeu o primo com o olhar. ─ Por que eu não seria legal?

─ Três anos atrás, quando você estava doente como um cão e eu o


ajudei com sua rota de papel, você ainda insistia em entregar os papéis
do centro da cidade.

Gabe girou a bola de basquete em espirais rápidas. ─ Eu queria ter


certeza de que foi feito corretamente. Esses comerciantes dependem de
obter seus documentos muito mais do que as pessoas do bairro.

─ Essa é a sua história? ─ Michael perguntou.

─ Essa é a minha história. ─ ecoou Gabe.

─ Voltei e caminhei pelo centro da cidade fodidamente cedo de


manhã, porque. O lugar estava completamente morto, exceto por uma
loja. Devo lhe dizer qual ou podemos apenas concordar com quem você
queria ver no início da madrugada?

─ Jesus, Michael! ─ Gabe disse em uma expiração frustrada. ─ Eu


sei que você não quer se tornar um advogado como seu pai, mas você é
muito bom em encurralar pessoas com provas.

Michael olhou por cima. ─ Então você vai ficar bem? Não tem
problema se Mônica estiver lá?

Gabe rangeu os dentes. Ele amava seu primo, mas não gostava de
ouvir outro cara dizer o nome dela. Ele esperou uma batida para a raiva
se dissipar. ─ Eu a vi hoje de manhã.

─ Não brinca, Sherlock. ─ Michael respondeu com um sorriso


provocador.

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KRISTA SANDOR
─ Não, quero dizer, fui até a porta. Ela estava lá limpando o copo e
eu subi.

─ Você falou com ela?

Um sorriso estúpido se espalhou por seu rosto. ─ Não, ela tinha


um pouco de massa de bolo ou glacê, eu não sei, algumas coisas de
panificação na bochecha, e eu apontei para isso.

─ Você fez o que? ─ Michael perguntou. Sua voz ficou presa entre
uma risada e um gemido.

─ Eu não apontei e a encarei. Eu não sou um idiota. Gesticulei


para o meu rosto e depois gesticulei para o dela.

─ O que ela disse?

─ Nada. Ela meio que segurou o pano que estava usando para
limpar a janela contra a bochecha e se virou e fugiu.

─ Cristo, Gabe! ─ Michael suspirou.

─ Eu não sei. Tudo aconteceu muito rápido.

─ Ela sabe quem você é?

─ Eu não sei. Acho que não. Ela nunca olhou para mim quando eu
passo.

Michael balançou a cabeça. ─ Nós somos bons, porque? Ainda


podemos voltar atrás.

Gabe pressionou a bola no joelho para impedir que ela quicasse.


Ele nunca viu Mônica fora da padaria. A garota era uma espécie de
lenda. A cidade inteira sabia que era neta do padeiro, mas frequentou a
escola católica para meninas em Mission Springs e nunca se misturou
com as crianças da escola pública em Langley Park. Ele nunca a via em
festas ou passeando nos parques do bairro depois do anoitecer. Ela era

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KRISTA SANDOR
como uma princesa, trancada dentro da padaria, esperando seu
príncipe vir e resgatá-la.

E então havia o rosto dela. Os olhos dela. A curva do pescoço dela.


O conjunto elegante de seus ombros leves. Ela era alta, apenas alguns
centímetros mais baixa do que ele, e se movia como uma dançarina com
seus cabelos pretos brilhantes presos em um coque enquanto uma
onda escura de franja passava por seus cílios. Ela estava
constantemente empurrando-os para fora do caminho com as costas da
mão. Ele a viu fazer isso centenas, talvez milhares de vezes. Ele sempre
pensou que queria ser o único a afastar os fios escuros e enfiá-los atrás
das orelhas. Haveria manhãs em que ele estacionaria sua bicicleta e
observaria os strudels de prato dela nas prateleiras da tela ou nos
cupcakes de gelo. Foi intoxicante. Ela era a coisa mais linda que ele já
tinha visto, envolto dentro da janela da padaria como uma obra de arte
viva.

Gabe soltou um suspiro trêmulo e deu um leve aceno ao primo. ─


Estamos fodidos. Eu vou ficar bem.

Michael entrou na Baneberry Drive. Eles passaram pelo centro de


recreação e as quadras de basquete apareceram. Três meninas e dois
homens estavam juntos perto de um Porsche Boxster amarelo-canário.
Gabe se concentrou em Mônica instantaneamente. Ela estava vestindo
seu uniforme escolar. Todas as garotas estavam. Mas quando ele viu
Mônica com a saia xadrez vermelha e as meias até os joelhos, seu pênis
se contraiu.

Porra, Cristo!

Ele não conseguia sair do carro com tesão, mas não conseguia
desviar o olhar. Não era como se ele não a tivesse visto antes. Durante o
ano letivo, ela usava todas as manhãs enquanto trabalhava na padaria.
Meias de joelho brancas e sapatilhas Mary Jane. Pernas que
percorreram quilômetros. E essa porra de saia. Passou pela parte

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KRISTA SANDOR
superior dos joelhos, as pregas chamando por ele, provocando-o. Ele
queria agarrar o material em suas mãos e deslizar pelas coxas dela. Ele
queria sentir cada centímetro cremoso de suas pernas tonificadas em
volta dele.

Gabe balançou a cabeça. Ele precisava se reunir, mas sua


necessidade de saber tudo sobre essa garota não diminuía. Hoje ela não
usava o colete vermelho de tricô e arregaçara as mangas da blusa
branca de Oxford, expondo os antebraços. Sua blusa estava com alguns
botões abertos, e o toque de renda aparecia por baixo do tecido
engomado.

Michael deu um tapa na bola de basquete que Gabe esqueceu que


ainda estava segurando. ─ Eu sei cara. Graças a Cristo nunca tivemos
que usar uniformes.

Gabe assentiu e seu peito se apertou quando Chip Wilkes deu um


passo à frente.

─ Wilkes. ─ Michael chamou.

─ Pronto para perder, MacCarron? ─ Chip respondeu com um


sorriso arrogante.

Gabe ficou paralisado. Mônica olhou para ele por um instante e


depois dois. Ela passou os dedos pela franja, escovando-os para o lado.
Seus dedos agarraram a bola em seu colo, os nós dos dedos quase
brancos.

─ Deixe-me estacionar, e então podemos começar. ─ Michael


chamou Chip enquanto puxava o Rover na frente do BMW conversível.
Ele olhou para Gabe. ─ Eu espero que você saiba; precisamos vencer
esses caras.

Gabe checou o espelho retrovisor e teve um vislumbre de Chip


passando os braços em volta de Mônica, brincando. Ela o empurrou

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KRISTA SANDOR
para trás, rindo. Era brincadeira estúpida, mas isso não impediu que
uma onda de ferocidade determinada corresse por suas veias. ─ Oh, nós
vamos vencer. Não há dúvida acerca disso.

─ Chip não joga limpo. Esteja pronto para algumas verificações. O


cara dança como uma porra de uma bailarina e joga cotovelos, mas ele
é um tiro sólido do centro da cidade.

Gabe assentiu. ─ O outro cara?

─ Um Vanderkamp. Não tenho certeza de qual. Há um monte deles


em Mission Springs. Meu pai trabalha com a família também. Michael
olhou pelo retrovisor. ─ Não quero parecer um idiota, mas preciso tocar
direito. Meu pai tem um bom relacionamento com todos os seus
clientes. Ele me mataria se eu comprometesse sua posição na
comunidade porque eu comecei a cagar durante um jogo de basquete
contra dois. Não estou dizendo que não podemos nos esforçar mais e
até chutar a bunda deles, mas precisamos jogar limpo.

─ Eu entendi. ─ respondeu Gabe. ─ Eu levo Chip. Você pega o


Vanderkamp.

Eles saíram do carro e caminharam em direção ao grupo.

Chip inchado como um pavão. ─ Que bom que você finalmente


conseguiu.

Michael deu-lhe um sorriso atrevido. ─ Desculpe, cara, eu fiquei na


loja. Você dançou muito durante o nosso último jogo. Eu queria pegar
um par de sapatos para você. Infelizmente, eles estavam fora do seu
tamanho.

Chip gesticulou com o queixo. ─ Este deve ser seu primo.

Chip era alguns centímetros mais baixo do que ele, mas o cara era
construído como um tanque. Ele precisaria ter certeza de que não
deixaria esse filho da puta arar com ele.

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KRISTA SANDOR
─ Gabe Sinclair. ─ ele disse e apertou a mão de Chip.

Chip olhou para ele. ─ Você parece familiar.

Gabe apertou seu aperto. ─ A empresa de mudança de meu pai


trabalhou um pouco para sua família.

Realização brilhou nos olhos de Chip. ─ É isso mesmo, um de seus


carregadores era um verdadeiro idiota. Jogou todos os meus troféus em
uma caixa. Vocês precisam trabalhar em quem contratam.

Gabe endureceu o olhar.

─ Cara! ─ Chip disse. Ele soltou a mão de Gabe e deu um passo


para trás. ─ Eu só estou acabando com você.

Um garoto magro com braços compridos se aproximou. ─ Eu sou


Bryson Vanderkamp.

─ Eu sou Andrea Rigley, namorada de Bryson. ─ acrescentou uma


pequena loira, chegando ao lado de Bryson. ─ E aqui são Courtney
Wilkes e Mônica Brandt.

Gabe acenou com a cabeça para a garota que agora estava


mexendo com algo na camisa do namorado.

Courtney apertou sua mão. ─ Prazer em conhecê-lo, Gabe.

Ao contrário do irmão, o sorriso de Courtney não era


condescendente. Ela não deu nem uma pitada de arrogância. Mônica
ficou um passo atrás de Courtney. Suas bochechas tinham uma flor
rosada, e seus olhos corriam para frente e para trás como se ela
estivesse fazendo tudo ao seu alcance para não olhar para ele.

Gabe estendeu a mão e pegou o olhar de Mônica. Ela congelou,


seus olhos fixos nos dele.

─ Seu nome é Gabe Sinclair.

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KRISTA SANDOR
Ele não sabia dizer se ela estava fazendo uma pergunta ou fazendo
uma declaração. Mesmo que eles estivessem separados apenas alguns
centímetros esta manhã, ela estava tocando como se a estranha
conversa deles não tivesse acontecido. Ainda assim, ele tinha certeza de
que podia ver um vislumbre de reconhecimento nos olhos dela.

Ela agarrou a mão dele para apertá-lo, e o batimento cardíaco dele


acelerou.

Ele apertou sua mão, e seus olhos se arregalaram.

Há quanto tempo ele fantasiava sobre como seria tocá-la? Dias


após dias? Anos após anos? Mas nada o preparou para isso. Era como
segurar um raio. Calor pulsou através de seu corpo, alimentado por seu
toque elétrico.

Ele sorriu. ─ Prazer em conhecê-la, Mônica Brandt.

Por uma fração de segundo, seus olhos se voltaram para a covinha


dele antes de levantar o olhar de volta para ele. Ela olhou nos olhos dele
como se não tivesse certeza de que ele era real. Estavam tão próximos
um do outro hoje de manhã, mas havia uma vidraça entre eles. Agora
não havia barreiras. Nada os separou.

O que aconteceria se ele se inclinasse? Ela iria subir na ponta dos


pés e encontrá-lo no meio do caminho? Ele escovaria sua franja para o
lado. Deixe os dedos dele passarem pela têmpora dela, pela bochecha
dela. Ele levantava o queixo dela e a segurava ali, suspenso naquele
momento, seu olhar azul celeste o treinava antes que ela fechasse os
olhos e derretesse em seu beijo.

─ Olá? ─ Andrea chamou. ─ Podemos começar esse jogo? Nós


temos planos. Ela passou os dedos bem cuidados sobre a mochila
pendurada no ombro de Bryson.

Mônica assustou-se e cruzou as mãos atrás das costas.

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Chip afrouxou a gravata da escola e arregaçou as mangas. Seu
olhar disparou entre Mônica e Gabe quando um sorriso puxou o canto
da boca. ─ Tudo bem meninos e meninas, vamos fazer isso.

─ Vamos começar na defesa. ─ disse Michael, gesticulando para


Gabe jogar a bola para ele.

Gabe piscou. Jesus! Ele mal tocou em Mônica. O aperto de mão


deles não demorou mais que alguns segundos, mas esse momento se
prolongou por eras em sua mente. Ele olhou para o primo. Michael deu-
lhe um olhar de merda. Gabe havia ensopado a bola de basquete entre a
lateral do corpo e o braço esquerdo. Ele tinha esquecido que estava lá.
Ele balançou a cabeça para limpar a névoa de Mônica Brandt e passou
a bola para o primo. Ele precisava se concentrar. Era hora de jogar
basquete.

─ CHEQUE. ─ Gabe gritou, driblando a bola de volta para o meio-


campo. Ele passou o pulso na testa suada. Esse jogo amigável de
basquete de dois em dois havia se tornado tudo menos amigável.

O primeiro time que chegasse a doze pontos seria declarado


vencedor. Todos os tiros conquistaram um ponto. Não importava se era
um ponteiro de três pontos do centro da cidade ou um arranjo. Cada
balde equivalia a um ponto.

O placar foi dez para nove, com Gabe e Michael na liderança, mas
Chip e Bryson haviam conquistado os dois últimos pontos.

─ Vá, Bri Bri. ─ Andrea murmurou.

Gabe olhou para as meninas. Mônica sentou-se entre Courtney e a


namorada de Bryson na grama ao lado da quadra. Toda vez que ele
olhava, ele pensava que ela estava olhando para ele, apenas para

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KRISTA SANDOR
encontrar seu olhar treinado em Chip ou Bryson ou Michael ou o
maldito chão. Em qualquer lugar, menos nele.

Gabe jogou a bola para Chip. Chip checou a bola, adicionando um


chute extra ao arremessar quando ele a devolveu a Gabe. Gabe driblou
e se arrastou de um lado para o outro. Chip se inclinou e agarrou a
ponta da camiseta. Gabe girou os quadris, saltando a bola entre as
pernas e se libertou do aperto de Chip. Gabe fingiu sair. Ele avançou,
mudou de posição e postou-se. Mas antes que ele pudesse dar o tiro, o
antebraço de Chip o pegou no peito.

─ Que porra é essa? ─ Gabe latiu. Ele passou a bola para Michael.

─ É melhor você ligar para sua mãe. ─ disse Chip entre respirações
pesadas. ─ Parece que alguém deixou o jogo em casa.

─ Atenção, Gabe. ─ Michael chamou.

Michael passou a bola de volta para ele. Gabe driblou de volta,


dando-se algum espaço enquanto o olhar de Chip permanecia fixo no
dele.

Chip tentou dar um tapa na bola, mas Gabe fingiu.

Chip soltou um bufo divertido e abaixou a voz. ─ Eu vejo você


olhando para Mônica.

Gabe combinou seu tom e continuou driblando. ─ Eu não sei do


que você está falando, cara.

Ele passou a bola de volta para Michael, que tentou chutá-la, mas
Bryson o trilhou com força, e ele passou a bola de volta para Gabe.

Chip estava sobre ele, dobrando o pé para tentar tropeçar nele,


enquanto procurava uma maneira de dirigir até o aro.

─ Afaste-se. ─ disse Gabe, dando a Chip seu ombro.

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KRISTA SANDOR
─ Nenhum homem. Você é quem precisa se afastar.

Gabe foi postar, mas não conseguiu alinhar o tiro. Ele passou a
bola para Michael.

Gabe correu em direção à cesta, pronto para arremessar assim que


Michael pudesse pegar a bola para ele.

Chip pegou a camisa novamente, desta vez torcendo o tecido em


volta dos dedos indicadores. Ele puxou Gabe para dentro. ─ Se você
olhar para Mônica mais uma vez, eu vou quebrar a porra da sua cara.

Gabe se libertou de Chip e correu em direção à linha do meio-


campo. Michael fez um passe rápido, Gabe pegou e jogou a bola atrás
das costas para o primo.

─ Você não pode me dizer quem eu posso e não posso olhar. ─


disse Gabe, cortando um lado para o outro na tentativa de sacudir
Chip.

Chip sorriu. ─ Você não entende. Mônica Brandt é a versão de


estrela pornô de Branca de Neve. Nenhum cara a teve. Ela é uma vagina
desconhecida. Eu pretendo mudar tudo isso hoje à noite, e então,
amanhã, eu estarei de saco cheio de uma garota francesa. Nem pense
que você vai ficar no meu caminho, cara. Eu consigo o que quero.

─ Gabe. ─ Michael chamou e passou a bola.

Gabe pegou a bola. Ele teve o tiro. Ele olhou para Chip. Um sorriso
de merda se estendeu pelo rosto do imbecil.

─ Tente a chance! ─ Michael pediu.

Gabe mudou seu olhar para Mônica. Ela o observou com os lábios
entreabertos, como se estivesse prestes a dizer algo. Ele voltou-se para
Chip e sua visão ficou vermelha de fúria. Ele jogou a bola no peito de

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KRISTA SANDOR
Chip. O garoto deu dois passos instáveis para trás, mas Gabe estava
com ele antes de recuperar o equilíbrio.

─ Ela não é um pedaço de carne. ─ Gabe sibilou no ouvido de


Chip.

Eles estavam na grama do lado oposto da quadra das meninas.


Chip tentou se levantar, mas Gabe o golpeou. Ele levantou o punho.

─ Gabe, pare! ─ Michael gritou.

Seu primo estava atrás dele e o tirou de Chip.

Chip ficou de pé e deu um soco no abdômen de Gabe. Michael


ainda estava com os braços e não conseguiu bloquear o soco.
Adrenalina e raiva estavam dando os tiros, e ele mal sentiu a picada do
golpe. Um segundo depois, Bryson estava lá, puxando Chip de volta.

Os caras se separaram.

─ Jesus Cristo, Gabe! ─ Michael disse. ─ O que aconteceu?

Gabe olhou em volta loucamente e encontrou Mônica. As garotas


se levantaram, mas estavam congeladas do outro lado da quadra, com o
choque estampado no rosto. De onde estavam sentadas, não havia
como elas ouvirem o que Chip disse. Do ponto de vista deles, deve ter
parecido que ele havia instigado a luta.

Gabe tentou encontrar o olhar de Mônica, mas seus olhos foram


treinados para o chão.

─ Tire seu primo daqui! ─ Chip gritou. Bryson ainda o segurava


pelos ombros.

Michael agarrou o antebraço de Gabe. ─ Vamos. Se não formos


agora, isso só vai piorar.

─ Eu não quero deixar Mônica com aquele filho da puta.

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Michael se inclinou. ─ Porque, esse garoto pode causar grandes
problemas, não apenas para você, mas para toda a nossa família.

Gabe engoliu em seco e se libertou do aperto de Michael. ─ Tudo


bem, vamos lá.

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KRISTA SANDOR
03
Chip bateu na coxa com a perna. ─ Me dê sua xícara.

Mônica olhou para a garrafa de vodka que Chip segurava embaixo


da mesa.

Depois da explosão na quadra de basquete, Courtney conseguiu


acalmar o irmão. Chip estava pronto para chover fúria sangrenta sobre
Gabe, mas sua irmã o lembrou que aquela era a última noite deles na
cidade antes de partirem para a França.

Eles passaram as últimas duas horas em uma lanchonete em


frente à biblioteca de Langley Park, no centro da cidade. Os jardins
botânicos ficavam a apenas cinco minutos a pé dali. Bryson sugeriu que
eles festejassem com fatias de prato fundo antes de esgueirar-se para os
jardins após horas, e o humor de Chip melhorou. Eles deixaram seus
carros estacionados na rua ao lado das quadras de basquete e fizeram a
curta caminhada até o centro da cidade.

─ Acho que não preciso de mais álcool. ─ disse Mônica. Sua língua
estava começando a formigar.

Andrea pediu jarras de um pouco de refrigerante de limão e limão


porque misturava bem com a vodka, e a equipe de garçons não seria
capaz de dizer que suas bebidas estavam apimentadas.

Chip estava misturando bebidas para ela a noite toda. A princípio,


o gosto duro da vodka a fez amordaçar. Esta foi apenas a segunda vez
que ela experimentou álcool. Durante o segundo ano do ensino médio,
ela e Courtney haviam arrancado uma garrafa de Cabernet da adega
dos Wilkes depois da escola. Elas se forçaram a beber e passaram o
resto da tarde vomitando.

─ Eu não quero ficar doente. ─ acrescentou Mônica.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Chip deu um sorriso suave. ─ Você mal teve. Eu só bebo as coisas
boas. Não vai deixar você doente.

Ela se apoiou no braço dele. Chip gostava dela. Ela sabia. Exceto,
enquanto a maioria dos caras se caíam na frente dela, Chip a
provocava. Ele não a bajulou. Ele não estava intimidado por sua beleza.
Isso provocou um arrepio de excitação em sua espinha. Mas uma voz
irritante no fundo de sua mente a lembrava de Gabe.

Gabe Sinclair.

O jornaleiro dela tinha um nome.

A mão dela formigou com a lembrança do toque dele. Ela balançou


a cabeça e olhou para Andrea, Bryson e Courtney, que estavam
conversando profundamente sobre as melhores praias de Fiji.

Ela entregou o copo a Chip. ─ O que aconteceu na quadra de


basquete?

Chip tinha sido inflexível quanto a não querer discutir a luta.


Mônica disse a si mesma para deixar passar. Caras e sua intensidade
enquanto praticavam esportes era algo que ela nunca entenderia. Mas
algo estava errado na briga entre Chip e Gabe. Gabe começou. Que ela
sabia com certeza. Mas o que provocou o confronto?

Chip derramou o líquido transparente em seu copo e devolveu-o.


Ela tentou lê-lo. Um brilho malicioso brilhou em seus olhos, mas o
olhar sumiu com um piscar de olhos e foi substituído por algo que
beirava a sério.

Ele colocou a mão no joelho dela. O polegar dele esfregou pequenos


círculos em sua coxa. Seu coração acelerou. Ninguém nunca a tocou
assim. Ela olhou do outro lado da mesa para Courtney. Eles estavam
em uma cabine grande. Ela e Chip, de um lado, e Courtney, Andrea e

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KRISTA SANDOR
Bryson, do outro. Tanto quanto Mônica podia dizer, ninguém podia ver
a mão de Chip subindo pela perna.

Chip passou o polegar por baixo da bainha da saia. ─ Aquele


garoto Sinclair estava falando merda sobre você.

─ Eu? O que ele diria sobre mim?

Chip fez uma careta. ─ Coisas feias. Coisas sexuais. Eu nem quero
repetir.

Ela não estava esperando isso. Então ela se lembrou do encontro


na vitrine. Gabe não disse uma palavra, apenas apontou para a massa
de bolo em seu rosto. Talvez ele fosse um idiota? Talvez todos esses
anos em que ele a estivesse observando fosse porque ele era como
qualquer outro cara que a via como um troféu. Uma coisa. Um
manequim bonito para carregar como um suporte.

Isso poderia ser verdade?

Mônica apertou as mãos em punhos. Quando Gabe apertou sua


mão, seu coração pulou uma batida. A respiração dela ficou presa na
garganta. A palma da mão era áspera e calejada, e seu toque enviou um
raio de calor direto para o núcleo dela. Ela não tinha visto crueldade
nos olhos dele. Seu fascínio por ele poderia ter influenciado seu
julgamento?

─ Mônica. ─ disse Chip, presenteando-a com um sorriso lento.

Ela levantou a cabeça quando a voz de Chip a tirou de seus


pensamentos.

─ Termine sua bebida. Em breve iremos aos jardins.

Ela levou o copo aos lábios e segurou o olhar de Chip.

Chip apertou sua coxa. ─ Essa é minha garota.

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KRISTA SANDOR
A bebida cravada desceu fácil agora. Mônica engoliu o último gole e
lambeu os lábios. Ela colocou o copo na mesa com um estrondo.

Andrea soltou um grito agudo. ─ Acho que todos sabemos quem


não pode segurar o álcool dela.

Tudo parecia embaçado e desconexo. As velas acesas na mesa da


pizzaria emitiam um brilho difuso e vacilante.

Mônica piscou. ─ Me desculpe por isso.

─ Não se preocupe. ─ disse Bryson, o olhar apontado para o peito.


─ Todos sabemos como é quando Chip está misturando suas bebidas.

Mônica olhou para Chip. No tempo que levou para ela beber a
mistura de vodka e bater o copo na mesa, ele passou o braço em volta
dos ombros dela. O peso parecia estranho.

Ela se virou para Courtney. Sua amiga ficou quieta. ─ O que há


com Courtney? ─ ela disse, depois balançou a cabeça. ─ O que há,
Court? Foi isso que eu quis dizer.

Andrea começou a rir. ─ Você me mata, Mônica!

Courtney olhou para a mão de Chip em seu ombro. ─ Eu não estou


me sentindo muito bem. Acho que vou encerrar a noite.

Você não pode! É a nossa última noite juntos - Andrea lamentou.

Mônica franziu o cenho. ─ Sim, Court! Por favor, não vá.

Courtney olhou para o irmão.

─ Você não pode dirigir. ─ Mônica continuou.

─ Você tem estado um pouco ocupado para perceber, Mon, mas eu


não tive nada para beber além de refrigerante.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Chip jogou algumas notas em cima da mesa. ─ Isso está resolvido.
Tribunal está fora. Todo mundo está dentro. Vamos lá.

Courtney dirigiu-se para a porta. Mônica saiu da cabine, mas teve


que parar. Ela agarrou o canto da mesa. Ela não sabia dizer por onde
estava. Era como se ela tivesse feito dez piruetas seguidas. Depois de
alguns segundos, o restaurante voltou a serrar novamente.

─ Tribunal, espere. ─ Mônica gritou. Ela passou pelas portas e


alcançou a amiga na calçada. ─ Você quer que eu leve você de volta ao
seu carro?

Courtney deu um sorriso hesitante. ─ Estou bem. É bem na rua.

Um pesado silêncio se estendeu entre elas. O álcool nublou seu


cérebro, e ela não conseguia ler a expressão de sua amiga. Courtney
estava brava? Ela estava chateada?

─ Eu amo você, Court. ─ disse Mônica. Ela colocou os braços em


volta dos ombros da amiga, mas nada parecia real. Nada parecia
permanente. Até a calçada sob seus pés parecia perigosamente instável.

─ Seja esperta, Mônica, ok?

─ Claro, ela é inteligente. ─ disse Chip com um sorriso. ─ Ela está


comigo.

Chip colocou a mão na cintura de Mônica e a afastou da irmã.

─ Ela tem um toque de recolher, Chip. Ela estará na merda se não


estiver em casa a tempo.

Ele apertou seu aperto. ─ Eu entendi Court. Relaxa.

─ Vejo você em casa, irmão.

Mônica ainda não conseguia ler a expressão da amiga.

─ Não espere. ─ respondeu ele.

The Measure of Home


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─ Lasca! ─ Courtney atirou.

Uma batida passou, e os irmãos se entreolharam.

Andrea soltou um suspiro exagerado. ─ Podemos apenas ir? Eu


acabei de bater em alguma pizzaria aleatória em Langley Park.

─ Tchau, Mônica. ─ disse Courtney. Os olhos dela brilhavam à luz


do poste.

Mônica abriu os lábios para falar, mas nada saiu. Courtney deu a
ela a sugestão de um sorriso, depois se virou e desapareceu na rua.

Chip tocou o conjunto de chaves. ─ Vamos lá, Mônica. Temos os


jardins só para nós.

─ BRI BRI, VOCÊ É UM BRUTO. ─ Andrea riu quando Bryson a jogou


por cima do ombro e desapareceu atrás de uma cerca de zimbro.

Mônica torceu a corrente do medalhão de girassol. ─ Eles são


sempre assim?

A mão de Chip descansou nas costas dela e a guiou por um dos


caminhos escuros do jardim. ─ Você nunca saiu com Andrea?

─ Eu vi Andrea na escola, é claro, mas nunca a vi com Bryson,


assim.

Grunhidos profundos e gemidos suaves encheram o ar da noite.

─ Eles estão . . . ─ Mônica perguntou.

─ Porra? ─ Chip disse, fornecendo a palavra. ─ Isso seria um sim.

Mônica estava embriagada, mas a brisa noturna a ajudou a se


concentrar. Ela parou de andar e ouviu.

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KRISTA SANDOR
Chip apareceu atrás dela e agarrou seus quadris. Ele a puxou para
ele. ─ Você gosta de ouvir as pessoas foderem?

Mônica parou. O pênis ereto de Chip pressionado contra sua


bunda. Sua respiração veio rápida, mas não foi por excitação. Foi medo.

Ela apertou o medalhão e deu um passo à frente. ─ Eu nunca ouvi


pessoas reais fazendo isso. Eu já vi isso em filmes e programas de TV,
mas nunca . . .

Algo se mexeu nos arbustos. Ela se assustou e soltou o medalhão.


Estava escuro, quase escuro como breu, mas isso não importava. Ela
conhecia os Jardins Botânicos de Langley Park como as costas da mão.
Chip e o esquadrão da escola preparatória pensaram que entrar nos
jardins depois do horário exigia chaves. Isso não poderia estar mais
longe da verdade. Ela sabia de pelo menos meia dúzia de maneiras de
se infiltrar.

Chip estava de volta atrás dela. Desta vez, ele não deixou as mãos
nos quadris dela. Uma deslizou entre suas pernas enquanto a outra
apertou seu peito. Ele cheirava a suor, álcool e alho da pizza. Uma onda
de náusea passou por ela.

─ Chip, acho que não quero fazer isso.

Ele se abaixou e beijou o pescoço dela. ─ Fazer o que? Não estamos


fazendo nada.

Ela tentou arrancar as mãos dele do corpo, mas não conseguiu que
elas se mexessem. Ele era forte, mais forte do que ela. Ela sabia disso,
mas nunca imaginou o que aconteceria se ele decidisse que não queria
parar. Ela nem tinha considerado isso. Ela nunca tinha estado com
garotos sem acompanhantes. Deveria haver dez clérigos a menos de um
tiro de pedra durante seu primeiro e desajeitado beijo na mesa da
escola.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Hoje à noite, no entanto, ela está sozinha.

─ Eu assisti você. ─ Chip respirou em seu ouvido.

─ O que? Do que você está falando?

─ Você passou a noite na minha casa com Courtney. Eu espionei


você. Eu assisti você no chuveiro. Eu vi você ensaboar e esfregar os
dedos contra sua boceta. Eu me afastei disso. Parecia fodidamente
fantástico. Desde então, tudo que eu queria era afundar meu pau
dentro de você.

Fazia um ano desde que ela passara a noite na casa de Courtney.


Sua avó não aprovava festas do pijama. Só conseguiu ir uma vez,
porque passara o dia inteiro antes da festa do pijama, congelando todos
os biscoitos de açúcar para a exibição do dia seguinte. A bile subiu em
seu peito. A pele dela se arrepiou. O constrangimento e a humilhação a
inundaram em ondas grossas e imundas.

Ela tentou controlar a respiração. ─ Chip, é tarde. Eu preciso


chegar em casa.

─ Mas eu vou embora amanhã, baby.

Mônica se irritou com o termo carinhoso.

Seus dedos passaram por sua calcinha e ele a agarrou com força.
Seus dedos grossos enraizaram-se como urubus bicando uma carcaça.
Ela lhe deu uma cotovelada no estômago, uma rápida fatia de
movimento. Chip a soltou e ela se virou para encará-lo.

─ Eu quero ir para casa.

Ela não conseguiu entender sua expressão. As nuvens rolaram


obscurecendo a lua cheia.

- Ainda não terminei com você, Mônica Brandt. Você sabe como
você tem sorte de estar comigo? Esta é a minha última noite na cidade.

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KRISTA SANDOR
Você sabe quantas garotas implorariam pelo meu pau? Estou fodendo
Charles Alfred Anderson Wilkes.

Mônica se virou e caminhou pelo caminho, com lágrimas


ameaçando cair dos olhos. - Vá encontrá-las, então, Charles, Alfred . . .
tanto faz. Eu estou indo para casa ─ ela disse por cima do ombro.

Ela não o ouviu atrás dela. Ela não ouviu nada. Ela olhou em volta
e se orientou para o ambiente. As sebes altas e os salgueiros caídos
diziam que ela estava perto da entrada do portão norte, raramente
usada. Ela deixou o caminho principal pavimentado do jardim e
contornou uma trilha estreita de cascalho que contorcia a folhagem
densa. Um galho estalou atrás dela e sua caminhada se transformou
em uma corrida instável.

O que ela estava pensando? Ela conhecia a reputação de Chip.


Claro, ele esperava que ela se mostrasse. Lágrimas de vergonha e
vergonha riscavam suas bochechas. Ela soltou um soluço quando suas
mãos entraram em contato com a pesada porta de madeira do portão
norte. Ela empurrou, mas não se mexeu. Ela olhou para trás. O
caminho estava livre. Ela respirou fundo e bateu com o ombro na porta.
Isso abriu uma fração. Ela olhou para trás. Ainda assim, ninguém. Ela
soltou outro soluço apertado. O ombro dela doía. Certamente seria
preto e azul pela manhã. Ela soltou um suspiro trêmulo, recuou e bateu
na porta com um golpe selvagem. As dobradiças gemeram em protesto,
mas ela abriu a porta o suficiente para abrir a brecha estreita.

Ela correu para a calçada. Ela estava na Prairie Rose Drive, a rua
que corria de leste a oeste e fazia fronteira com o lado norte do centro
da cidade de Langley Park. Tudo o que ela precisava fazer era correr
dois quarteirões a oeste e depois seguir para o sul na Mulberry Drive, e
estaria a salvo na padaria.

─ Você levará menos de dez minutos para chegar em casa. Você


pode fazer isso ─ ela sussurrou.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela correu pela rua. As tiras de seus sapatos Mary Jane cortaram a
parte superior dos pés, mas ela não parou. Ela olhou o relógio.
Faltavam quinze para as onze. Ela ainda não estava atrasada. Ela
entrou na Mulberry Drive. Postes de luz pontilhavam a rua vazia com
poças de luz. Todo o Langley Park estava em casa, escondido em
segurança em suas camas. A estrada estava completamente quieta.
Apenas os sons distantes de grilos e sapos brincando perto do lago
Boley passavam por ela na brisa. Mas o zumbido da paisagem noturna
dificilmente era audível por causa de suas respirações apertadas e
pontuadas.

O toldo da padaria apareceu. A placa pendurada com as palavras


The Little Bakery, na Mulberry Drive, iluminada por luz dourada,
chamava-a como um farol para um marinheiro perdido. A respiração
dela ficou presa na garganta e ela soltou um soluço de alívio. A cidade
vinha fazendo melhorias na passarela de tijolos que separava a calçada
da rua. Um palete de tijolo vermelho estava em frente à janela da frente
da loja. Tudo o que ela precisava fazer era passar pelo palete e chegar
ao beco que corria atrás da padaria e destrancar a porta que levava ao
apartamento do segundo andar que ela dividia com a avó.

Ela estava quase nos tijolos quando alguém saiu das sombras.

─ Onde você pensa que está indo? ─ Chip rosnou.

Ele a agarrou pelo braço e a jogou pela janela da frente. O rosto


dela bateu no vidro. Chip agarrou o cabelo dela e torceu os dedos nas
mechas negras. Seu aperto duro puxou seu medalhão do pescoço em
um estalo rápido.

─ Pare! Você está me machucando! ─ ela chorou. As palavras


saíram rachadas e quebradas. Ela tentou se afastar dele, mas ele a
prendeu no copo com seu corpo.

Ele se inclinou. ─ Você é neta do padeiro. Você não passa de uma


idiota barata. Você pensa que é como eu? Você acha que é um de nós?

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KRISTA SANDOR
Você acha que só porque o Sagrado Coração lhe deu uma bolsa de
estudos, você poderia fazer parte do meu mundo? Você não passa de
uma prostituta de segunda classe. Você teria sorte de chupar meu pau.

─ Deixe-a ir, Chip, ou eu vou fazer você se arrepender.

Mônica conhecia aquela voz. Ela ouvira pela primeira vez hoje.

Agora, ela nunca esqueceria isso.

O aperto de Chip no cabelo dela relaxou, e ele soltou uma risada.


Ele a soltou e Mônica se colocou entre a loja e os tijolos.

Chip pegou um tijolo no palato. ─ Você também tem uma queda


por mim, Sinclair?

Gabe cruzou os braços. ─ Você não precisa ser um gênio para ver
que Mônica não quer ter nada a ver com você.

Chip riu, um estrondo baixo e escuro. ─ Você quer compartilhá-la?


Eu sei que você também gosta dela. Estou disposto a lhe dar meus
segundos desleixados.

Mônica passou os braços em volta do corpo. Ela olhou para frente


e para trás para qualquer um que pudesse ajudá-la, mas a rua estava
vazia. Desde que ela conseguia se lembrar, ela odiava o quão chata era
viver em Langley Park. Quantas noites ela olhou pela janela da frente
para aquele trecho sonolento da estrada e desejou que algo
emocionante acontecesse - qualquer coisa para acabar com a
monotonia de sua vida na padaria da avó. Seu olhar saltou
descontroladamente de Gabe para Chip para a rua vazia.

Gabe estendeu os braços defensivamente. ─ Mônica, está tudo


bem. Não vou deixar que ele te machuque.

Ela encontrou o olhar dele. Ele estava lá para ajudar? Chip disse
que fez comentários obscenos sobre ela. Sua mente girou, seus

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KRISTA SANDOR
membros tremeram. O gosto acobreado de sangue e medo invadiu sua
boca.

Chip levantou o tijolo. ─ Vamos ver o que você faz sobre isso, cara
durão.

Ele deu um passo para trás e jogou o tijolo na porta de vidro da


padaria. Uma explosão de rachaduras agudas rasgou o ar noturno.
Pequenos pedaços de vidro ricochetearam no chão em uma cachoeira de
lascas cortantes e sons penetrantes.

Por um momento, ninguém se mexeu. Mônica olhou para o copo e


depois olhou para Chip. Ele parecia surpreendentemente incomum.

Um grito agudo , grito, cortou sua dormência congelada. Luzes


vermelhas e azuis brilhavam a alguns quarteirões de distância.

Os olhos de Chip se arregalaram. Ele olhou dela para Gabe. Ele


atravessou a rua e foi em direção ao bairro escuro que cercava o centro
da cidade.

Mônica olhou para cima e encontrou o olhar de Gabe. Ela procurou


o medalhão, mas ele se foi.

Um músculo pulsou em sua mandíbula. ─ Vá para casa, Mônica.


Entre.

─ Eu não . . . eu sou . . .

─ Por favor, Mônica. ─ disse ele.

Por que ele estava implorando por ela?

As luzes estavam se aproximando e o carro da polícia soltou outro


grito agudo.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela saiu de trás do palete e correu para o lado do edifício. Ela
estava prestes a virar e ir para o beco quando viu Gabe se curvar e
pegar um tijolo.

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KRISTA SANDOR
04
Gabe olhou de soslaio e caiu na traseira do carro da polícia. O sol
da manhã quase o cegou depois de passar a noite na cela do
Departamento de Polícia de Langley Park.

─ Você está bem, garoto? ─ perguntou a oficial dirigindo o carro. A


mulher encontrou o olhar de Gabe no espelho retrovisor. Ela estava
mascando chiclete. O cheiro de hortelã era uma mudança bem-vinda do
fedor de suor e urina que ele inalou a noite toda dentro da cela fria.

Gabe assentiu. A exaustão penetrou em todos os ossos do corpo.

Depois que Chip correu, e ele sabia que Mônica estava em


segurança, ele deixou cair o tijolo e levantou as mãos em sinal de
rendição. Os policiais estavam com ele rapidamente. Armas levantadas
enquanto gritavam para ele cair de joelhos.

Tudo mudou rapidamente depois disso. Ele foi algemado e levado


para o Departamento de Polícia de Langley Park. Eles ligaram para o pai
dele. Ele ficou olhando a entrada da estação por horas, esperando. O
velho não apareceu e optou por seu filho passar a noite na cadeia, em
vez de descer à delegacia e buscá-lo.

─ É melhor você esperar que a Sra. Becker mostre um pouco de


piedade, garoto. O padeiro da cidade é quem dá os tiros agora . ─
acrescentou o oficial do sexo masculino no banco do passageiro. Ele
cruzou os braços e compartilhou um olhar com seu parceiro.

Estes foram os mesmos dois policiais que o prenderam na noite


passada. Eles viram Chip fugir, mas Gabe ficou mudo quando
questionado sobre a identidade do segundo suspeito. Ele soltou um
suspiro agradecido quando o policial mencionou apenas dois autores.
Eles não tinham visto Mônica. Ela devia estar perto o suficiente do
prédio para permanecer obscurecida do ponto de vista deles.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ele esfregou uma torção no pescoço. Por que diabos ele pegou
aquele tijolo?

Por que diabos ele estava protegendo Chip-porra-Wilkes?

A resposta foi simples. Ele não estava.

Gabe sentou-se direito. Suas coxas rangeram contra o assento de


couro falso do cruzador enquanto ele trocava as longas pernas. Ele
ergueu a mandíbula. Ele estava exausto, mas uma onda de resolução
tomou conta dele. Não era Chip que ele estava protegendo. Se ele
tivesse denunciado Chip, o filho da puta mimado teria chamado Mônica
em um piscar de olhos.

Depois que Michael o tirou de Chip, ele fez seu primo deixá-lo a
uma quadra das quadras de basquete, e seguiu a equipe da escola
preparatória a noite toda. Um espasmo de culpa cortou seu peito. Havia
merda que ele precisava se acalmar com Michael, mas isso teria que
acontecer mais tarde. Ele e Michael eram sangue. Eles resolveriam isso.

O oficial dirigindo bateu em seu chiclete. ─ Sabemos que não era


só você, garoto.

Gabe permaneceu calado. Eles estavam tentando ajudar, mas ele


não podia dizer nada.

─ Você acha que ela terá torta para nós? ─ o policial perguntou.

O motorista sorriu. ─ Se há uma coisa que eu sei sobre Gerda


Becker, é que ela sempre apoiou a polícia em Langley Park. Você sabe,
minha mãe ainda tem um pedido semanal permanente com a padaria.
O policial parou de bater no chiclete dela. ─ Cara, agora que penso
nisso, ela tem a mesma ordem há quase trinta anos. Meu pai adora o
bolo de café de canela com creme de manteiga da Sra. Becker.
Tínhamos no café da manhã todos os sábados de manhã crescendo.

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KRISTA SANDOR
─ Você se lembra do bolo de cenoura que ela enviou para a
delegacia na última Páscoa? ─ os policiais perguntaram.

O policial dirigindo pigarreou e gesticulou com a cabeça para Gabe.

─ Foi a melhor coisa que eu já provei. ─ disse o policial baixinho.

A policial abriu um sorriso, mas o sorriso desapareceu quando eles


pararam na frente da padaria. Um pedaço de madeira estava preso à
porta da frente, cobrindo o buraco aberto e irregular deixado pelo tijolo.
Os cacos de vidro foram varridos, mas pequenas lascas, intactas,
captaram o sol da manhã e brilhavam na calçada.

Gabe olhou em volta. Por que eles estavam parando aqui? Seu
peito se apertou quando o carro parou em frente à loja. Ele olhou para o
segundo andar da padaria. Uma cortina sacudiu, mas ninguém estava
lá.

─ Eu pensei que você estava me levando para casa.

O oficial homem ergueu a cabeça para trás. ─ Garoto, nós


dissemos a você, seu destino está nas mãos do padeiro.

Gabe engoliu em seco. ─ O que isso significa? Eu quebrei o vidro.


Foi minha culpa. O que mais há?

A policial se virou e encontrou seu olhar. ─ Sra. Becker acha que


há mais nisso tudo. Ela nos pediu para trazê-lo aqui antes de
reservarmos você.

Foi a primeira vez que Gabe foi preso pela polícia. Ele não sabia
muito sobre o sistema de justiça criminal. Mas ele não tinha sido
impresso e não assinou nada. Ele tinha dezoito anos - um adulto. Não
havia nada para impedir as autoridades de jogar o livro nele. Caso
encerrado. Essa mudança de eventos o deixou perplexo.

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KRISTA SANDOR
A porta revestida de compensado da padaria se abriu e a Sra.
Becker pisou na calçada. Ela usava um avental branco engomado. Seu
cabelo era modelado em um coque preto apertado com fios cinzas. Era
fácil ver onde Mônica havia conseguido sua beleza. Mônica e a avó
materna compartilhavam o mesmo cabelo preto, os mesmos membros
longos e a estrutura esbelta. A Sra. Becker tinha que ter sessenta e
poucos anos, mas suas maçãs do rosto altas e lábios carnudos lhe
davam uma qualidade jovem. Isso foi até que ela olhou para o carro da
polícia e encontrou o olhar de Gabe. Suas feições se apertaram e seus
lábios se uniram em uma carranca severa e desaprovadora. Ela desviou
o olhar dele, suavizou um pouco as feições e gesticulou para que os
oficiais entrassem.

─ Jesus, garoto. ─ disse o oficial ao expirar. Ele ajeitou a gola da


camisa, endireitando-a enquanto olhava no espelho retrovisor. ─ Eu
nunca disse isso a ninguém antes, mas a prisão pode ser mais fácil do
que aquilo que você está prestes a suportar.

As confecções assadas da Sra. Becker eram lendárias em Langley


Park. Mas era do conhecimento geral que a doçura de seus doces e
bolos não se sobrepunha ao seu comportamento severo na Europa
Oriental.

Um carro parou atrás do carro. O gemido do cinturão serpentino


em suas últimas pernas disse a Gabe quem havia chegado. Os policiais
saíram do carro e o oficial masculino abriu a porta do banco de trás e o
ajudou a sair e entrar na calçada.

O pai de Gabe estava com o rosto vermelho na calçada. ─ Que


diabos está errado com você?

Gabe olhou para os cadarços.

A policial agarrou o cotovelo de Gabe, mas seu toque foi mais


tranquilizador do que duro. ─ Sr. Sinclair, devemos entrar.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Enquanto a maior parte de Langley Park sabia tudo sobre a avó
estrita de Mônica, os comentários sussurrados e olhares laterais com os
quais Gabe viveu a maior parte de sua vida foram o lembrete constante
de que essa cidade também conhecia os segredos de sua família.

O oficial homem manteve a porta da padaria aberta, e Gabe entrou


com a policial, a Sra. Becker, e seu pai logo atrás.

Cada etapa do processo de cozimento era visível para quem se


aventurava dentro da loja. Baunilha e canela perfumavam o ar quando
uma batedeira zumbia ao fundo. Uma vitrine de vidro iluminado criou
uma forma de U invertida na área de varejo retangular e confortável.
Uma mesa comprida de açougue esticava o espaço atrás da tela e
dividia a área de trabalho ao meio. Um forno de três andares revestia a
parede sul da área de trabalho, enquanto um fogão e uma geladeira
ficavam do outro lado do lado norte da loja. Panelas de cobre, bandejas
e tigelas estavam prontas e prontas em formações ordenadas nas
prateleiras que revestiam a parede traseira acima de uma grande pia e
máquina de lavar louça industrial.

Gabe procurou na área de trabalho. Uma mulher mais velha, com


uma rede de cabelo, puxou uma bandeja de torta do forno superior e
colocou os assados na mesa central. A padaria tinha alguns
funcionários de meio período, e Gabe reconheceu a mulher. Ela olhou
para cima e encontrou o olhar da Sra. Becker. A avó de Mônica assentiu
levemente, e a mulher voltou ao trabalho, removendo mais torções dos
dois fornos inferiores.

Aparentemente satisfeita com os doces, a Sra. Becker voltou sua


atenção para o grupo de pessoas amontoadas em sua pequena loja. Ela
olhou para eles como um capitão do mar resistido, reconhecendo
passageiros que acidentalmente serpentearam na ponte. ─ Alguém
gostaria de café? ─ Seu forte sotaque alemão acrescentou um elemento
de peso à sua pergunta bastante benigna.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Uma batida de silêncio passou. Ninguém falou. O olhar de seu pai
se cravou em suas costas. Gabe abriu os lábios para falar. Ele poderia
acabar com o pedido de desculpas, mas a oficial falou primeiro.

─ Sra. Becker, ontem à noite você mencionou que poderia ter uma
consequência alternativa para Gabe Sinclair. Isso é um pouco irregular,
mas o chefe concordou. Ela se virou para o pai de Gabe. ─ Sr. Sinclair,
você está disposto a ouvir a Sra. Becker?

─ O garoto tem dezoito anos. ─ disse o pai de Gabe em um bufo


apertado. ─ Suas escolhas estúpidas são sua própria culpa.

─ Hum? ─ A senhora Becker cantarolou. ─ Quando você completou


dezoito anos, Gabriel?

A cabeça de Gabe se levantou. Ninguém o chamava de Gabriel há


muito tempo.

─ Semana passada, senhora.

─ Não, Gabriel, não me chame de senhora . ─ A expressão da Sra.


Becker permaneceu severa, mas seus olhos azuis aqueceram um toque.
─ Você tem a mesma idade da minha neta, Mônica. Você pode me
chamar de Oma3.

Gabe piscou. Esta reunião estava ficando estranha a cada


segundo.

Oma estreitou o olhar. ─ Você tem apenas dezoito anos, correto,


Gabriel?

─ Sim, senhora. Quero dizer, sim, Oma.

3 OMA é Vovó em Alemão.

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KRISTA SANDOR
─ Porque estamos aqui? ─ O pai de Gabe interrompeu. ─ Eu tenho
um trabalho marcado para hoje. Eu não tenho tempo para ficar
andando em uma padaria. Tranque o garoto ou deixe-o ir.

Oma assentiu. ─ Concordo. Bem dito, Sr. Sinclair.

O pai de Gabe olhou para a mulher, pasmo.

─ Gabriel, você tem uma escolha. ─ começou Oma. ─ Você pode ir


com a polícia, e eu prestarei queixa. Vou solicitar que você receba a
punição mais severa. Você tem dezoito anos agora. Isso pode segui-lo
pelo resto da vida.

O pai de Gabe soltou um suspiro quente e mudou seu peso de pé


para pé.

Gabe ignorou o pai. ─ Qual é a minha outra escolha, Oma?

A sugestão de um sorriso virou no canto dos lábios de Gerda


Becker. ─ Você passa o verão aqui, trabalhando na padaria para pagar
o custo da porta. Portas não são baratas. Você precisará trabalhar
muitas horas e começamos muito cedo.

─ Ele não pode trabalhar aqui, Oma. ─ uma voz chamou.

Mônica emergiu de uma porta ao lado do banco de fornos. Depois


de anos observando a padaria, Gabe determinou que essa deveria ser a
porta que levava ao apartamento do andar de cima.

Ela parou atrás da caixa de vidro. ─ Ele tem uma rota de papel. Ele
não será capaz de chegar aqui cedo o suficiente. Ele só estaria no
caminho se chegasse mais tarde.

Oma prendeu a neta com o olhar.

Mônica desviou o olhar. ─ Só acho que não funcionaria.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Eu pensei que você abandonou essa rota há dois anos? ─ O Sr.
Sinclair deu um cinturão.

O olhar de Mônica se voltou para Gabe. Ele a conheceu brevemente


antes de se virar para o pai. Estou ajudando o novo garoto. Ele faz as
casas do bairro, e eu faço o centro da cidade.

Um rubor vermelho voltou às bochechas de seu pai. ─ Por dois


anos? Há dois anos que você faz isso?

─ Você nunca acorda, pop. Isso nunca me impediu de ajudar na


empresa de mudanças.

Seu pai deu um passo em direção a Oma. ─ Eu preciso que Gabe


trabalhe para mim neste verão.

A avó de Mônica cruzou os braços e tamborilou com os dedos nos


bíceps. ─ Eu me pergunto o que seus clientes em movimento vão pensar
quando souberem que criminosos trabalham para você?

─ Eu não contrato criminosos! ─ O pai de Gabe revidou.

─ Se o seu filho não vier pagar a dívida pela minha porta quebrada,
você terá um criminoso trabalhando para você, estou errada?

O rubor vermelho se intensificou. ─ E se eu apenas lhe desse um


cheque? Tudo isso pode acabar aqui e agora.

O dinheiro estava apertado. O negócio não estava indo bem. Até o


custo de substituir uma porta os atingia com força.

Oma balançou a cabeça. ─ Não, isso não é uma opção.

Seu pai soltou outro suspiro exasperado. ─ Então você me deixou


sem escolha.

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KRISTA SANDOR
Oma ficou imóvel pela explosão de seu pai. ─ Sempre há uma
escolha, Sr. Sinclair, mas nem sempre é uma escolha fácil. Nunca é
quando se trata de nossos filhos.

Um forno apitou. O som irrompeu no espaço minúsculo como um


sinal de que o tempo estava acabando.

Vou trabalhar para a Sra. Becker. Vou trabalhar na padaria neste


verão e ajudá-lo sempre que eu puder, pop - disse Gabe.

Seu pai balançou a cabeça, mas não em desacordo. Ele sabia que a
avó de Mônica o havia superado.

Gabe olhou para Oma. Sua expressão neutra não revelou nada.

Por que ela queria que ele trabalhasse para ela?

Oma bateu palmas, sinalizando que a decisão era final. ─ Mônica,


dê aos oficiais seus strudels. ─ Oma sorriu para o par. ─ Obrigado. Seu
trabalho aqui está feito.

─ O que você gostaria que disséssemos ao chefe? ─ a oficial


perguntou.

─ Diga a ele que resolvemos tudo. ─ disse Oma, sorrindo como um


senhor benevolente.

O policial olhou para o strudel. Seu parceiro atirou em seu


cotovelo. É conectado com suas costelas.

Ele olhou para cima, não mais hipnotizado pela massa. ─ Estou
feliz por termos conseguido resolver isso.

Oma assentiu, e os policiais deixaram a loja, embalando seus


strudels.

Depois que o carro da polícia se afastou, seu pai o agarrou pela


coleira. ─ Vamos lá, Gabe. Vamos discutir isso mais em casa.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Não, não. ─ disse Oma, ainda exercendo sua autoridade
absoluta. ─ Gabriel começa agora.

─ Agora? ─ seu pai berrou.

Oma sustentou o olhar do pai de Gabe. ─ Agora.

O cheiro doce de mel e massa folhada quente perfumava o ar


quando um o silêncio engoliu a sala. O pai de Gabe desviou o olhar e
esfregou o pescoço. Ele deve ter esquecido de tomar seus remédios para
dor naquela manhã. Linhas de estresse que iam além da raiva puxavam
os cantos dos olhos.

Oma olhou para Mônica. ─ Mônica, por favor, pegue essa caixa e
me entregue um de nossos strudels de favo de mel de abelha.

Mônica abriu a vitrine, removeu um strudel e embalou-o em uma


caixa rosa com o logotipo de bolo de três camadas da loja na tampa. Ela
entregou a caixa para a avó.

Oma pegou o strudel e estendeu para o pai de Gabe como uma


oferta de paz. ─ Faz muito tempo, mas acho que me lembro de ser o seu
favorito.

A dor e a raiva no rosto do pai suavizaram-se.

─ É fácil esquecer as coisas doces da vida. Talvez isso o lembre ─


acrescentou Oma.

Seu pai pegou a caixa de doces. Ele olhou ao redor da sala antes
que seu olhar pousasse na caixa em suas mãos. Sem uma palavra, ele
se virou e saiu da loja.

Gabe tentou sorrir. ─ Sinto muito pelo meu pai. Ele nunca mais foi
o mesmo desde . . .

Oma levantou a mão. Não estou interessada em desculpas,


Gabriel. Você é um motor? Você pode carregar uma caixa?

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KRISTA SANDOR
Ele assentiu, surpreso com as perguntas.

Oma olhou para ele. ─ Bom, você ajudará Mônica com as entregas.

A boca de Mônica caiu aberta.

─ Quando? ─ Gabe perguntou.

A sugestão de um sorriso passou pelos lábios da mulher. ─ Agora.

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KRISTA SANDOR
05
MÔNICA mudou o antigo Subaru Forrester para a segunda
marcha. O carro antigo, com quase duzentos mil quilômetros, servia
como veículo de entrega da padaria pelo tempo que ela conseguia se
lembrar. Ela mexeu no câmbio. Sempre ficava temperamental entrando
em terceira.

Gabe sentou-se ao lado dela no banco do passageiro e esfregou as


mãos. O joelho dele não parava de bater desde que entraram no carro
três horas atrás. ─ Isso é muito legal, você pode dirigir um câmbio .

Ela nem olhou para ele. Ele estava tentando conversar o dia todo,
mas ele nem havia mencionado a noite passada ou a porta de vidro
quebrada. Eles tinham mais uma entrega a fazer, e ela não estava
disposta a lhe dar a satisfação de perguntar por que ele havia assumido
a culpa. Algo espinhoso apodreceu em seu peito.

O que ele estava jogando?

Por que ele estava na padaria às onze horas da noite?

O que ele queria dela?

E por que Oma queria que ele trabalhasse na padaria?

Ela sentiu as bochechas esquentarem. Gabe devia ter ouvido o


discurso de Chip. Ele devia ter ouvido todas aquelas coisas horríveis
que Chip havia dito sobre ela. Mas Gabe Sinclair não era melhor. Chip
não havia lhe dito exatamente o que Gabe disse sobre ela, apenas que
era grosseiro e sexual.

Ela agarrou a alavanca de câmbio e passou para a quarta.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Gabe olhou para o velocímetro. ─ Você pode querer ter cuidado. O
limite de velocidade no Langley Park Boulevard é de apenas 35 neste
trecho.

Mônica apertou o acelerador. A agulha passou de quarenta para


quarenta e cinco.

Gabe balançou a cabeça e Mônica reprimiu um sorriso triunfante.


Dane-se ele! Ela passou tanto tempo se perguntando sobre esse garoto.
O que ela deveria fazer com ele agora? Outra onda de raiva estava
pronta para puxá-la para a ressaca da fúria total. Mas, pouco antes de
ela ceder, as palavras dele voltaram para ela.

Mônica, está tudo bem. Não vou deixar que ele te machuque.

Ela estava tão assustada, tão confusa, tão humilhada. Mesmo com
todas essas emoções girando, algo nos olhos de Gabe dizia que ele
preferia morrer a permitir que ela se machucasse.

Ela apertou mais o volante.

Gabe desenrolou o cronograma de entrega, e o farfalhar de papel a


tirou de seus pensamentos.

─ Acho que a última parada é na Midwest Medical. Algum tipo de


treinamento de enfermeira ─ ele disse, segurando o jornal perto dos
olhos.

Ela reprimiu outro sorriso. Oma ainda escrevia cada cronograma


de entrega. Elas compraram um computador há alguns anos atrás. Mas
apenas alguns dias depois de chegar, ela a encontrou coberta de creme
de manteiga depois de Oma claramente perder a paciência com a
máquina.

Mônica assentiu, mas manteve o olhar na estrada.

É melhor Gabe Sinclair estar pronto para um verão tranquilo.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela parou no estacionamento do hospital e acionou o freio de mão.
Gabe pulou do carro e foi para os fundos. Esta foi a sexta e última
entrega. Eles foram a uma sinagoga, duas igrejas, a festa de aniversário
de uma criança de três anos e um retiro de ioga ao lado de um campo
de girassóis. Foi quando ela percebeu que seu medalhão de girassol
ainda estava faltando.

Por hábito, ela pegou seu medalhão e depois xingou baixinho.


Outra onda de raiva espinhosa passou por ela quando ela se juntou a
Gabe na parte de trás do carro. Ele puxou três caixas de cupcakes do
refrigerador e as equilibrou em seus braços.

Ela fechou o porta-malas. ─ Congelei todos os setenta e dois


daqueles cupcakes. Nem pense em abandoná-los.

─ Ela fala. ─ disse ele, aquela covinha doce surgindo enquanto ele
sorria.

Mônica balançou a cabeça. Ela acelerou para andar à frente dele. ─


Não se acostume.

Ela o levou ao balcão de informações e sua irritação diminuiu um


pouco quando viu um rosto familiar. ─ Ei, Donna, você não está na
UCC hoje?

A enfermeira veio de trás do balcão e dobrou Mônica em um abraço


caloroso. ─ As coisas estão um pouco instáveis com o treinamento.
Estou ajudando aqui por algumas horas. Ela olhou para Gabe e
apontou para a mesa. ─ Você pode colocar isso no chão, querido. ─ Ela
deu a Gabe mais uma olhada e oncontrou o olhar de Mônica. ─ Nova
contratação?

Mônica revirou os olhos. ─ Você não quer saber.

Donna lançou-lhe um olhar curioso, mas sua expressão escureceu.


─ Vanessa voltou.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Eles encontraram um doador?

─ Um doador? ─ Gabe ecoou.

Donna franziu a testa. ─ Quem exatamente é esse?

─ Ninguém. ─ disse Mônica. Ela canalizou a avó e lançou um olhar


severo para Gabe.

Ele não disse nada e deu um passo atrás.

─ Posso subir, Donna?

─ Claro. ─ disse a enfermeira, em seguida, olhou para Gabe. ─ Mas


você está levando seu cachorrinho com você.

─ Vamos lá, Gabriel. ─ Mônica disse, fazendo sua melhor


impressão de Oma. Ela se despediu de Donna e foi em direção ao banco
de elevadores.

Eles entraram em um elevador vazio e as portas se fecharam.

─ Onde estamos indo? ─ Gabe perguntou.

─ A unidade de atendimento cardíaco.

─ Para visitar . . . Vanessa? ─ Ele continuou.

Vou visitar Vanessa. Você vai esperar no corredor.

Seu estômago revirou. Vanessa esperava um coração ficar


disponível para um transplante. Se ela não estava aqui para a operação,
algo ruim deve ter acontecido.

O elevador tocou e as portas se abriram para o quarto andar.


Mônica saltou do elevador e quase colidiu com a mãe de Vanessa no
posto de enfermagem.

─ Mônica. ─ disse a mulher. Ela parecia exausta.

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- Olá, senhora Garza, vi Donna no andar de baixo. Ela me disse
que Vanessa estava de volta.

A mãe de Vanessa assentiu. ─ A linha de transmissão da visão de


saída de seu VAD mostrava sinais de infecção. Chegamos aqui há
alguns dias.

─ O que─ Gabe começou.

Mônica o interrompeu. ─ Posso entrar e vê-la?

Ela agarrou o antebraço de Gabe, esperando que ele entendesse a


mensagem para manter os lábios fechados.

A Sra. Garza assentiu e depois olhou para Gabe.

Mônica soltou o braço dele. Ela pensou que tocá-lo provocaria


irritação, mas uma sensação vibrante de excitação floresceu em sua
barriga, exatamente como quando ela apertou a mão dele na quadra de
basquete.

Ela apertou as mãos na frente dela. ─ Não se preocupe com ele. Ele
está apenas ajudando nas entregas.

A senhora Garza assentiu. ─ Eu esperava checar com minha


família. Você se importaria se eu saísse e fizesse algumas ligações lá
embaixo? Eu me sentiria melhor sabendo que ela estava com você. Ela
ama suas visitas. Ela é apenas algumas portas no quarto quatro e dez.

─ Absolutamente! Você é minha última parada. Não há


necessidade de se apressar. Tenho muito tempo.

Isso não era bem verdade. Sempre havia algo a ser preparado ou
preparado na padaria, mas isso teria que esperar.

A Sra. Garza foi para os elevadores e Mônica começou a descer o


corredor. Gabe recuou um passo. Ela chegou ao quarto de Vanessa,
mas parou. Na Unidade de Assistência Cardíaca, todas as suítes do

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hospital tinham grandes janelas que davam para o corredor. Vanessa a
viu primeiro e acenou.

Mônica foi até a pia situada diante da porta de Vanessa. Ela lavou
as mãos e colocou botas cirúrgicas sobre os sapatos. Gabe assistiu a
alguns metros de distância.

As pontas dos dedos dela ainda formigavam de onde haviam feito


contato com o braço dele. Ela soltou um suspiro e o prendeu com o
olhar. ─ Espere aqui. Não fale com ninguém.

Ele olhou além do ombro dela e entrou no quarto de Vanessa. Um


olhar sério cruzou seu rosto. ─ Ela é tão jovem.

Mônica esticou o pescoço e acenou para Vanessa, em seguida,


voltou-se para Gabe. ─ Ela tem treze anos.

Ele assentiu. ─ Eu esperarei aqui.

As borboletas estavam de volta. Ela olhou para os braços dele.


Bronzeado e musculoso, ela imaginou como seria tê-los em volta dos
ombros. Ela olhou para o chão. Ela gostava dele ou o odiava? Ela queria
odiá-lo, mas algo nele a chamava. Algo nele parecia seguro e quente.

Ela balançou a cabeça para afastar a reviravolta das emoções. ─


Eu vou entrar.

Ela abriu a porta e colocou seu sorriso mais brilhante. ─ Você


sentiu tanto a minha falta que teve que procurar uma infecção para
voltar ao Langley Park?

─ A vida fica tão chata nas planícies ocidentais de Colby, Kansas.


─ respondeu Vanessa. Os olhos dela brilharam, mas os lábios tinham o
menor tom de azul.

Mônica empoleirou-se na beira da cama de Vanessa. A máquina de


costura portátil da menina estava em uma mesa perto da janela. ─ Isso

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não impediu você de projetar. ─ Mônica disse e gesticulou para a
compacta Singer banhado em uma piscina de luz no fim da tarde.

Um brilho travesso brilhou nos olhos de Vanessa. ─ Você trouxe


seu namorado.

Mônica olhou para o corredor. Gabe virou a cabeça um pouco mais


rápido. Ele devia saber que fora pego. Ele enfiou as mãos nos bolsos e
as bochechas ficaram um tom rosado de rosa.

─ Ele não é meu namorado. ─ respondeu ela. Mas as palavras não


pareciam verdade.

─ Eu poderia tê-lo? ─ Vanessa brincou. Ela se sentou e acenou


com as mãos descontroladamente.

─ Vanessa, o que você está fazendo? ─ Mônica sussurrou.

Estou convidando-o para entrar. Não temos muitos altos, morenos


e deliciosos na Unidade de Cuidados Cardíacos. Eu pego o que posso
conseguir.

─ Não! ─ Mônica sussurrou novamente. ─ Ele é . . .

Ela não conseguia pensar em como descrevê-lo. Tudo o que ela


conseguia imaginar eram os olhos dele ontem à noite, quando ele
implorou para ela entrar antes que a polícia chegasse. Ela se virou para
olhar para o corredor. Gabe estava lavando as mãos. Ele estaria em
qualquer segundo.

─ É uma bagunça com esse cara. ─ Mônica continuou. Ela


precisava se controlar. Mas o que ela deveria dizer? Ela estava
secretamente ansiando por esse garoto que a salvou de ser agredida e
assumiu a culpa por uma destruição do crime de propriedade que ele
não cometeu? Parecia loucura.

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Vanessa sustentou o olhar dela. Esse brilho ainda estava lá. A
porta se abriu e Vanessa lançou uma piscadela atrevida.

─ Entre! Eu sou Vanessa ─ disse a garota, sorrindo de orelha a


orelha.

─ Eu sou Gabe. Prazer em conhecê-la. ─ Uma expressão tímida


cruzou o rosto de Gabe. Ele parecia adorável nas botas do hospital
esticadas até o limite absoluto.

─ Desculpe pelas botas minúsculas. ─ disse Vanessa, sorrindo


ainda no lugar. ─ Eu não tenho muitos caras do seu tamanho entrando
no meu quarto.

─ Vanessa! ─ Mônica exclamou. Ela balançou a cabeça, mas teve


que admitir, estava feliz em ver a garota de bom humor. Essas
internações não foram fáceis para a adolescente. A última vez que a viu,
sua amiga mal conseguia levantar a cabeça do travesseiro.

Vanessa a ignorou e estendeu a mão para apertar a mão de Gabe.


─ Eu sou Vanessa Garza, mas antes que você se apaixone loucamente
por mim, preciso que você saiba que estou em um relacionamento com
Vad.

Gabe riu e se inclinou para apertar a mão de Vanessa. Aquela


covinha estava de volta em sua bochecha, suavizando suas feições
fortes e angulares e dando-lhe uma qualidade doce e infantil. As
borboletas entraram em erupção novamente.

─ Este Vad é um cara de sorte.

Ele se endireitou, e sua coxa roçou contra a dela. O coro de


borboletas em sua barriga continuou.

─ Vad não é um cara. ─ respondeu Vanessa.

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─ Ok, Vad é uma garota de sorte. ─ disse Gabe, alterando sua
declaração.

Mônica olhou para Gabe. Ele estava tão perto. Ela podia sentir o
calor do corpo dele. ─ VAD não é uma pessoa. Vanessa está puxando
sua perna.

─ Desmancha-prazeres! ─ a menina disse com fingida indignação.


─ VAD significa Dispositivo de assistência ventricular. ─ Ela apontou
para um tubo cinza saindo de seu abdômen, preso a uma máquina com
uma bateria. ─ Eu tenho um problema cardíaco raro chamado
amiloidose. As proteínas se acumulam no meu coração e impedem que
ele bombeie corretamente. Essa coisa louca é o que tem me mantido
viva neste último ano.

─ Há quanto tempo faz? ─ Mônica perguntou.

─ Sim. ─ respondeu Vanessa.

─ Vocês se encontraram aqui no hospital? ─ Gabe perguntou.

─ Nós fizemos. Eu estava fazendo uma entrega de cupcake para a


unidade cardíaca e Vanessa me parou.

─ Sim, eu vou ser designer de moda. ─ acrescentou Vanessa. ─


Mônica é a modelo mais perfeita que alguém poderia pedir. Eu tinha
que ver se ela estaria disposta a me ajudar.

─ Você quer ser modelo? ─ Gabe perguntou.

─ Sim. ─ Ela segurou o olhar dele. A maioria das pessoas deu um


sorriso apaziguador quando ela compartilhou suas aspirações de
carreira, mas não Gabe. Seus olhos se encheram com o que parecia
admiração.

─ E eu amo girassóis. ─ disse Vanessa.

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Mônica soltou um suspiro que não tinha percebido que estava
segurando. ─ Vanessa é louca por eles. Ela tem todos os tipos de
padrões de tecido com a flor.

─ Quando vi o medalhão de Mônica . . . ─ A garota parou e olhou


para o pescoço de Mônica. Onde está o seu medalhão? Eu nunca te vi
sem ele.

A mão de Mônica voou para o pescoço dela. Seu coração afundou,


e as memórias da noite passada brilharam para Chip e a mão carnuda
dele agarrando seu corpo.

Gabe enfiou a mão no bolso. ─ Deve ter caído. ─ Ele abriu a palma
da mão.

Lá estava o medalhão. Ele o recuperara antes que a polícia


chegasse até ele.

Mônica abriu os dedos e abriu a mão. ─ Obrigada. É muito


importante para mim.

─ Eu pensei que poderia ser. ─ disse ele e gentilmente colocou o


medalhão na palma da mão.

Os dedos dele roçaram a pele dela. Um arrepio formigou desde o


ponto de contato até as partes mais profundas. Quem foi Gabe Sinclair?
Ele era o garoto com ternura entrelaçada em seu toque ou era um idiota
que gostava de espioná-la? Seu coração balançou mais com o primeiro,
enquanto sua mente não estava pronta para deixá-la esquecer o último.

─ Acabei de bainhar este adorável vestido de linha A com pregas. ─


disse Vanessa. ─ Está na mesa ao lado da minha máquina de costura.
Você experimentaria?

Mônica olhou de Gabe para Vanessa. ─ Agora mesmo?

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─ Basta ir ao banheiro. ─ disse Vanessa, apontando para a porta
no canto da sala. ─ Você não se importa se Mônica faz uma pequena
modelagem para mim, não é, Gabe? Gostaria de ver se consegui as
pregas corretamente.

─ Nem um pouco. ─ disse ele com um sorriso bem-humorado.

Mônica deixou seu poleiro ao lado da cama do hospital de Vanessa


e pegou o vestido.

Vanessa se inclinou para frente. ─ O que você acha? É meio


diferente com os girassóis em preto e branco. Edgier. Mais estiloso.

─ Eu não sei muito sobre moda, mas acho que fica ótimo. ─ disse
Gabe. Ele veio ao lado de Vanessa e colocou um travesseiro atrás das
costas.

─ É lindo. ─ disse Mônica, segurando o vestido contra seu corpo.

─ Experimente! ─ Vanessa persuadiu.

Mônica entrou no banheiro e fechou a porta. Ela se esforçou para


ouvir a conversa abafada de Gabe e Vanessa. Vanessa perguntou algo
sobre assar, mas ela não conseguiu entender a resposta de Gabe. Ela se
despiu e trabalhou delicadamente na criação de Vanessa. Girassóis em
preto e branco com detalhes dourados aqui e ali davam ao vestido uma
sensação fresca e descolada.

─ Estou saindo. ─ disse ela e abriu a porta.

Vanessa ofegou e bateu palmas. ─ Está lindo em você, Mônica!

Mônica girou um pouco. Ela parou e chamou a atenção de Gabe. A


covinha estava de volta.

─ Gabe. ─ disse Vanessa. ─ Você pode ficar atrás de Mônica e


puxar o vestido um pouco? Talvez eu precise levá-lo em uma polegada
ou mais.

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─ Hum, claro. ─ ele respondeu.

As borboletas estavam de volta. Era como se o corpo de Mônica


soubesse que o toque de Gabe estava a apenas alguns segundos de
distância.

Ele passou as pontas dos dedos pelos ombros dela. ─ Aqui em


cima?

─ Não. ─ Vanessa dirigiu da cama. ─ Puxe-o para que ele se ajuste


ao corpo dela. Quero que o corpete seja justo.

As pontas dos dedos de Gabe viajaram pelas omoplatas. Mônica


estremeceu.

─ Tem cócegas? ─ ele perguntou. Ela poderia jurar que ouviu um


sorriso na voz dele.

Ela balançou a cabeça. Ela não confiava em si mesma para falar. O


calor do seu toque penetrou no tecido fino. A mão dele tremeu. Ele
estava tremendo? Isso o deixou nervoso? Mas antes que ela pudesse
decidir, suas mãos estavam firmes e pressionadas contra suas costas.

─ Apenas puxe um pouco o tecido, Gabe. ─ disse Vanessa.

A respiração ficou presa na garganta de Mônica.

─ Muito apertado? ─ ele perguntou. Ele afrouxou o aperto.

─ Não, você está bem. ─ ela respondeu em um sussurro ofegante.

─ O que é isso, Gabe? Cerca de meia polegada? Vanessa


perguntou. Ela pegou um pequeno bloco de notas e estava anotando
algo.

Os dedos dele ficaram tensos contra as costas dela. ─ Sim, parece


meia polegada. Talvez um pouco menos.

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Seu hálito estava quente. Os sopros macios provocavam seu lóbulo
da orelha. Não havia muitos caras mais altos que ela. Ele a fez se sentir
delicada. Seus longos e esbeltos membros ao lado de seu corpo
musculoso e forte enviaram outra onda de excitação ao seu núcleo. A
respiração dela veio em pulsos curtos quando Gabe espalhou suas
mãos pelas costas dela e segurou o tecido no lugar.

Ela passou anos assistindo ele. Anos se perguntando sobre ele.


Parecia quase irreal que, nas últimas vinte e quatro horas, ele passara
de uma curiosidade misteriosa para a pessoa que fazia seu corpo tremer
sob seu toque.

A porta do quarto do hospital se abriu e a Sra. Garza entrou


parecendo chocada. As mãos de Gabe caíram de suas costas. A perda
de seu toque tão aguda quanto arrancar um curativo.

─ O que é isso, mãe? ─ Vanessa perguntou. Que pouca cor ela


havia drenado de suas bochechas.

O olhar da Sra. Garza saltou ao redor da sala. ─ Eu não posso


acreditar que é real.

─ Mãe, o que é isso? ─

Uma batida de silêncio passou.

─ Pode haver um coração para você, querida. Acabei de falar com


um dos médicos da equipe de transplante. Uma garota da sua idade
que aparentemente combina com você está na UTI em Lincoln,
Nebraska. Ela sofreu um acidente de carro. A família decidiu retirá-la
do suporte de vida. Eles foram informados sobre você, Van - disse a
Sra. Garza enquanto as lágrimas corriam pelo seu rosto. ─ Os pais da
menina querem doar o coração da filha para você. Eles querem lhe dar
o presente da vida que sua filha não poderia ter.

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─ Eu poderia ser uma criança normal. ─ disse Vanessa como se
estivesse presa em um sonho.

─ Sim. ─ sua mãe assentiu em lágrimas. ─ Você sempre terá que


tomar remédios e ainda terá consultas médicas. Mas sim, você deve
poder ir à escola, dançar, nadar. Cresça e desenhe lindos vestidos.

A Sra. Garza se afastou da filha e olhou para Mônica.

Mônica sorriu e enxugou uma lágrima. ─ Ah não! Estou com


lágrimas no seu lindo vestido, Vanessa!

Eles estavam todos chorando e rindo. Mônica virou-se para Gabe


que não estava chorando, mas seus olhos estavam brilhando.

A Sra. Garza pegou um lenço de papel e deu um tapinha nos olhos.


─ Sinto muito, mas tenho que pedir para vocês saírem. A equipe de
doadores entrará em contato conosco a qualquer momento.

─ É claro. ─ disse Mônica. ─ Deixe-me mudar.

─ Mantenha o vestido. ─ disse Vanessa. ─ Quero que você o tenha


e lembre-se sempre deste dia.

Mônica limpou outra lágrima. Obrigada, Vanessa. Eu irei visitá-la


em breve.

─ Esta é uma notícia maravilhosa. Nos vemos em breve, Vanessa -


disse Gabe.

Ele pressionou a mão contra as costas dela. Seu toque, quente e


firme, a firmou.

Mônica pegou as roupas do banheiro e seguiu Gabe para fora da


sala. Ele apertou o botão do elevador. As portas se abriram e eles
entraram sem dizer uma palavra, entorpecidos pela revelação que
haviam testemunhado. As portas se fecharam. A montanha-russa
emocional das últimas vinte e quatro horas a atingiu como um raio de

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calor, selvagem e ondulando pelo céu em trilhas elétricas de luz. Gabe
se inclinou para pressionar o botão para levá-los ao nível do solo
quando ela abaixou a cabeça e pressionou os lábios nos dele.

Parecia a única coisa que ela poderia fazer para parar a


tempestade dentro dela. Seus lábios eram macios e quentes. Ele parou
por um instante e depois outro. Ele se afastou e se endireitou, mas
sustentou o olhar dela. Mônica deu um passo para trás e esbarrou na
parede do elevador. Um som mecânico zumbiu e o elevador começou a
descer.

Ela separou os lábios. ─ Gabe.

Uma palavra, quase engasgou, mas era tudo que ele precisava.

Ele apertou o botão de parada de emergência e o elevador pulou


para descansar. Mônica perdeu o equilíbrio, mas não caiu. Gabe estava
lá com uma mão no cotovelo e a outra no ombro. Ela olhou para ele.
Aqueles olhos verdes escuros a cativaram, a fascinaram. Ela apertou as
palmas das mãos no peito dele e puxou as pontas dos dedos pelo
comprimento do tronco dele. Músculos cortados e magros se escondiam
embaixo da camiseta. Seus olhos ficaram escuros e encapuzados. Seu
olhar disse que ele queria engoli-la inteira. Ele escovou a franja para o
lado, e a varredura de suas pontas dos dedos percorreu seu queixo. Ela
agarrou a camisa dele e ajeitou o tecido nas mãos.

Gabe soltou um suspiro irregular. ─ Quero te beijar, Mônica.


Quero isso mais do que queria algo em toda a minha vida.

Ela apertou os dedos dos pés. ─ Então me beije.

Seus lábios acariciaram os dela com beijos suaves. Ele estava se


segurando. Ela podia sentir isso. O corpo dele tremia sob o toque dela.
Ele era como um garanhão enjaulado e escuro ansioso para correr
solto.

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─ Beije-me do jeito que eu sei que você quer me beijar. ─ ela
sussurrou contra os lábios dele.

Ele se afastou. Ela o leu errado? Isso tudo estava em sua cabeça?
Antes que ela pudesse adivinhar a si mesma, estava de costas contra a
porta do elevador, e o corpo dele pressionou o dela. Músculos duros a
seguraram no lugar. Ela estava presa, presa. Seus seios arfaram contra
ele quando a respiração veio rápida.

─ É assim que eu quero beijar você. ─ ele rosnou.

Suas palavras baixas e primárias enviaram um delicioso


formigamento em sua espinha. Ele passou o polegar pelo lábio inferior
dela. Seus quadris dispararam para frente e seu pênis pressionou forte
e grosso contra a barriga dela.

─ Cristo, você é linda. ─ ele sussurrou.

Ela olhou para ele. O corpo dela queimou. Ela girou os quadris e
depois não houve mais palavras. Ele passou a língua pela costura dos
lábios dela, e ela se abriu para ele. Suas bocas bateram juntas. Sua
respiração se misturando em um fogo furioso de luxúria e desejo. As
mãos dele viajaram pelo corpo dela. Ele agarrou o tecido de girassol e o
guiou até suas mãos encontrarem sua bunda. Ele segurou cada globo
redondo e a levantou em seus braços. As pernas dela o envolveram. Seu
pênis esticou através de suas calças e pressionou com força contra seu
lugar mais sensível.

Ele começou a empurrar. Pequenos movimentos que criavam


fricção quente entre as coxas. Ela colocou os braços em volta do
pescoço dele e o puxou para mais perto. Os dedos dela apertaram as
omoplatas dele enquanto ele pressionava contra o broto doce. Suas
respirações se transformaram em gemidos baixos e arbitrários enquanto
ele aumentava o ritmo.

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Ela deslizou para cima e para baixo contra a porta fria e lisa do
elevador. Seu núcleo se apertou como um punho se contraindo. Cada
vez que Gabe pulsava contra ela, a sensação ficava cada vez mais forte.
As mãos dele se mexeram e ele inclinou o corpo dela. A pressão contra
seu botão sensível se intensificou. Ela resistiu ao seu eixo, subindo
cada vez mais alto, mais e mais. Seu núcleo ficou úmido e sua
respiração mudou para suspiros e gemidos irrestritos. Gabe aprofundou
o beijo, consumindo sua luxúria, lambendo cada pedacinho de seu
desejo.

Ela fechou os olhos com força, interrompeu o beijo e enterrou a


cabeça no pescoço dele. Como um elástico puxado para seus limites, ela
estalou. Seu corpo explodiu, seu centro, molhado e formigando, enviou
raios de prazer fluindo através de seu corpo. Gabe enfiou os dedos na
bunda dela através de sua fina calcinha de cetim, e o prazer se
intensificou.

─ Sim. ─ ela ofegou. Uma e outra vez, a palavra sussurrada ecoou


dentro do espaço apertado.

O mundo dela se moveu em câmera lenta. Ela levantou a cabeça e


encontrou o olhar de Gabe. Maravilha e luxúria brilhavam em seus
olhos. Ele mudou o peso dela para uma mão enquanto a outra segurava
sua bochecha. Eles não falaram. Sua respiração diminuiu quando a
força de seu orgasmo afrouxou seus membros e enviou ondas quentes
através de seu corpo.

Ele torceu uma mecha de seu cabelo escuro. ─ Isso foi incrível!
Você é incrível!

Um sorriso satisfeito floresceu em seus lábios. Ele inclinou a


cabeça e pressionou os lábios nos dela. Ele ainda estava duro como
uma pedra entre as coxas dela. Ela girou os quadris e sorriu contra os
lábios dele, e ele soltou um gemido de fome.

Então algo mudou, mas não eram eles.

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─ Isso é manutenção hospitalar. ─ veio uma voz do painel do
elevador. ─ Estamos tentando colocar o elevador em movimento, mas
parece que o botão de parada de emergência está acionado. Você
precisa de alguma ajuda?

Mônica ficou tensa. O que ela estava fazendo? O que tinha


acontecido com ela? Ela acabara de transar no elevador com Gabe
Sinclair logo após descobrir que Vanessa poderia ter um novo coração.
O que havia de errado com ela? Menos de uma hora atrás, ela jurara
que nem iria falar com ele neste verão, muito menos ter um orgasmo
nos braços. Ela lutou contra o aperto dele, e ele a colocou no chão.

Gabe deve ter visto o olhar em seus olhos. Essa covinha junto com
seu sorriso desapareceu. Ele olhou para o alto-falante e depois de volta
para ela.

─ Olá? ─ veio a voz novamente. ─ Alguém aí?

Gabe quebrou o olhar e se inclinou na direção do alto-falante. ─


Desculpe, eu devo ter batido acidentalmente.

Ele desativou a parada de emergência e o elevador começou uma


descida suave para o nível mais baixo. Ele se abaixou e pegou as roupas
dela, que ela havia deixado cair em algum lugar entre beijá-lo e
encostar em seu pênis. Mônica engoliu em seco e observou os números
decrescendo.

─ Mônica, o que é isso? ─ Gabe perguntou.

As portas se abriram e ela correu.

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KRISTA SANDOR
06
─ Mônica! ─ ele chamou.

Ela saiu correndo do hospital, passou pelo Subaru e entrou na


trilha leste do lago Boley, que ligava o hospital aos Jardins Botânicos de
Langley Park. Ela era mais rápida do que ele esperava. Tinha que haver
pelo menos alguns quilômetros de trilha entre o hospital no lado leste
do lago e os jardins no oeste, mas Mônica ainda não havia parado.

Ele poderia facilmente alcançá-la. Ele poderia tê-la feito parar, mas
não o fez. Ele a manteve na mira e ficou para trás. Não foi difícil
rastreá-la usando um vestido coberto de girassóis em preto e branco.
Ela pulou, brilhante e brilhante, contra a folhagem verde e os caminhos
escuros de cascalho.

Ela passou correndo pelo pavilhão do jardim botânico empoleirado


no lado oeste do lago e tremeu através de um denso abeto azul,
desaparecendo nos galhos horizontais cinza-azulados das sempre-vivas
maduras.

Ele sabia para onde ela estava indo.

Ele abriu caminho pelas agulhas afiadas e encontrou a pequena


clareira cercada por pinheiros azuis e pinheiros finos de ouro da
pradaria. Mônica estava sentada em um banco de pedra há muito
esquecido, com a cabeça nas mãos, quase camuflada pelos finos
caminhões brancos dos álamos. As folhas verdes de verão flutuavam ao
seu redor, dançando na brisa na alcova escondida e arborizada.

─ Eu também venho aqui às vezes. ─ disse ele. Ele não estava


mentindo. Ele procurou esse local secreto quando as coisas ficaram
complicadas com o pai.

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KRISTA SANDOR
Ela levantou a cabeça. Suas bochechas estavam manchadas de
lágrimas frescas. ─ Eu pensei que era a única que sabia sobre esse
lugar.

Ele balançou sua cabeça. ─ Eu encontrei seguindo você.

─ Quando? ─ ela perguntou. Mas não havia nada de acusador em


tom.

─ Há muito tempo, quando eu ainda tinha minha rota de papel. Eu


vi você antes do amanhecer. Deve ter sido antes de você começar o seu
trabalho na padaria. Você parecia chateada. Eu queria ter certeza de
que você estava bem.

Ela limpou as bochechas com as costas das mãos. ─ Eu sei o que


você deve pensar depois de me ver com Chip ontem à noite e depois do
que aconteceu no elevador.

Uma explosão de raiva atravessou seu peito, mas ele controlou. ─


Tudo o que vi ontem à noite foi um imbecil de primeira classe que
pensou que poderia pegar o que queria de você. Vi uma garota corajosa
dar uma cotovelada em um cara com quase o dobro do seu tamanho no
estômago e tentar fugir.

Os olhos dela se arregalaram. ─ Você estava aqui - nos jardins?

─ Por que você acha que eu fui a Chip na quadra de basquete? Ele
estava dizendo coisas terríveis sobre você. Eu precisava ter certeza de
que você ficaria bem.

Ela estreitou o olhar. ─ Ele disse que era você quem dizia coisas
feias sobre mim.

─ E você acreditou nele? ─ Ele queria explodir de frustração, mas


manteve a voz firme.

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KRISTA SANDOR
- Não sei em que acreditar. Não sei o que pensar ─ ela disse e
enxugou outra lágrima. ─ Eu estava tão assustada ontem à noite. Eu
não sabia o que fazer com você estando lá.

Ele colocou as roupas dela no tronco de uma árvore e se ajoelhou


na frente dela. ─ Eu não ia deixar você sozinha com ele, mas também
não queria te envergonhar. Eu entrei quando precisava. Você tem que
acreditar em mim quando digo, não esperava que Chip jogasse o tijolo
pela porta de vidro da padaria.

Ela se inclinou para frente, com os olhos cheios de perguntas. ─


Por que você não disse à polícia que foi Chip quem jogou o tijolo?

─ Porque ele teria denunciado você. Não queria que você se


metesse em problemas.

─ Por que você me protegeria, Gabe? Por quê você se importa?

O peito dele se apertou. Essa era a chance dele. Foi agora ou


nunca.

Ele engoliu em seco pelo nó na garganta. ─ Porque eu te amei


desde o primeiro momento em que a vi. Você tem sido a parte mais
constante e bonita da minha vida desde que eu tinha doze anos. Ontem,
quando cheguei à janela e depois quando toquei em você, quando
apertei sua mão na quadra de basquete, sabia que você também sentia.
Ele pegou a mão dela na dele. ─ Ver você com Vanessa e compartilhar
esse momento de mudança de vida com você fez deste o melhor dia da
minha vida. Eu ficaria com a culpa por mil crimes, se isso significasse
que eu teria que gastar um segundo extra com você.

Os olhos dela se arregalaram. ─ Você me ama?

─ Eu não sei o que mais isso poderia ser, Mônica.

A mão dela subiu ao peito para fechar o medalhão. Um movimento


inconsciente que ele a viu fazer uma e outra vez.

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KRISTA SANDOR
Ela ofegou. ─ Meu medalhão!

Ele enfiou a mão no bolso e entregou a ela. ─ Você deixou com


suas roupas.

Ela baixou a corrente sobre a cabeça. ─ Estourou ontem à noite.


Eu pensei que quebrou.

Ele deu um sorriso tímido. ─ Eu tive um tempinho sentado na


prisão de Langley Park ontem à noite. Eu era capaz de dobrar
novamente.

Ela inspecionou a corrente e encontrou o local onde ele dobrara o


elo oval prateado de volta no lugar. Uma vez, depois duas vezes, ela
passou o dedo sobre a pequena protuberância na corrente.

─ Você abriu? ─ ela perguntou.

─ Não, eu não sabia se você gostaria que eu visse o que havia


dentro.

─ Abra agora. ─ disse ela e inclinou-se para ele.

Ele segurou o medalhão de prata e esfregou o polegar no girassol


esculpido. Ela estava tão perto. Polegadas os separaram. Ele inalou.
Seu aroma de canela e sol o banhou em ondas doces e suaves. Ele
apertou o botão e o medalhão se abriu. Lá dentro, ele viu a foto de um
homem e uma mulher. A mulher compartilhou as maçãs do rosto altas
de Mônica e os olhos azuis escovados.

─ Estes são seus pais?

Ela assentiu. ─ Eles morreram quando eu tinha cinco anos.

─ O que aconteceu?

─ Eles eram alpinistas livres - realmente bons também. As pessoas


escreviam histórias sobre eles em revistas de escalada. Eu tenho um

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monte de recortes. Você vê, eu não sou de Langley Park. Eu nasci no
Colorado. Escalada livre é grande por aí. Meus pais se conheceram na
Universidade do Colorado em Boulder. Meu pai ensinou minha mãe a
escalar. Antes de me terem, eles viajaram e escalaram livremente pelo
mundo inteiro.

Ele assentiu. Ele tinha um milhão de perguntas. Ele nunca soube


o motivo de ela ter morado com a avó, mas queria dar-lhe espaço para
conversar.

Uma batida passou, e Mônica passou o dedo pela foto da mãe. ─


Minha mãe parou de subir quando descobriu que estava grávida de
mim e tirou um tempo. Depois que completei cinco anos, eles
planejaram uma grande viagem de escalada. Meus pais me trouxeram
aqui para Langley Park para ficar com meus avós por uma semana -
isso foi quando meu opa ainda estava vivo. Depois partiram para
Yosemite para escalar El Capitan.

─ Eu ouvi falar disso. ─ disse Gabe. ─ É uma das subidas mais


difíceis do mundo, certo?

O dedo de Mônica permaneceu na foto da mãe. Ele entrelaçou os


dedos com os dela, e eles seguraram o medalhão juntos.

Os lábios de Mônica tremeram. ─ Algo aconteceu. As pessoas


chamavam isso de um acidente estranho. Eu nunca voltei para o
Colorado.

─ Você se parece com ela. ─ disse Gabe, olhando para as duas


fotos. ─ Eu também vejo um pouco do seu pai em você. Mas você
definitivamente tem os olhos de sua mãe.

Ela olhou para cima do medalhão e encontrou seu olhar. ─ E a sua


mãe?

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KRISTA SANDOR
O peito dele se apertou. ─ Não é muita história. Ela acabou de nos
deixar.

A preocupação nublou os olhos azuis de Mônica. ─ Por quê?

Ele ainda podia ver o envelope branco colado na porta. ─ Ela


deixou um bilhete. Basicamente, ela disse que estava infeliz e sentiu
que não estava disposta a ser esposa ou mãe.

─ Ela ainda está viva? ─ Mônica perguntou.

─ A última vez que soubemos, ela estava no norte de Nova York.


Antes disso, era na Califórnia e depois na Flórida. Mas já se passaram
muitos anos desde que ouvimos falar dela.

Mônica segurou o rosto dele, e as pontas dos dedos roçaram as


orelhas dele. Seu toque era chocolate quente em um dia de neve. Seu
toque estava deitado na grama e observando as nuvens no grande céu
do Kansas flutuarem na brisa.

─ Gabe?

─ Hmm? ─ ele respondeu. Ele tentou imaginar o rosto de sua mãe,


tentou se lembrar se ele a tinha visto sorrir e ficou em branco.

─ Você já viu o oceano?

Sua pergunta o trouxe de volta do passado. Ele não estava


esperando por isso. Mas era exatamente o que ele precisava ouvir.

─ Não apenas uma foto, mas a coisa real. ─ continuou ela.

Ele balançou a cabeça. ─ Eu mal saí do Langley Park.

─ Eu também. Toda a minha vida foi nessa padaria.

Ele se inclinou para o toque dela. ─ Onde você iria primeiro?

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KRISTA SANDOR
─ Paris. ─ ela respondeu sem pular uma batida. ─ É onde estão
todos os grandes desfiles de moda.

─ Eu posso ver você andando pela pista. ─ respondeu ele.

Ela sorriu. ─ Sim.

─ Vanessa é uma grande estilista e você está modelando todas as


roupas dela. Há fotógrafos por toda parte. As lâmpadas piscam à
esquerda e à direita.

─ Onde está você? ─ Mônica perguntou.

Um sorriso apareceu nos cantos de sua boca. ─ Oh, eu estou lá


assistindo, e estou segurando uma cesta gigante de piquenique.

Mônica riu. ─ Por que é que?

─ Vamos almoçar na grama ao lado da Torre Eiffel quando você


terminar de dominar o mundo da modelagem.

Sua expressão ficou séria. ─ Não podemos contar a ninguém sobre


nós. Não tenho permissão para namorar até os dezoito anos, e isso não
é até o final do verão.

Algo em seu coração inchou, preenchendo o espaço vazio deixado


pelo abandono de sua mãe e a amargura de seu pai. Sua mente passava
a cada dia que ele via Mônica como um livro de bolso, as páginas
girando rapidamente enquanto a forma dela se movia sozinha pela
padaria até a última página em que ele entrou na história.

Ele descansou a testa na dela. ─ Eu vou estar com você na padaria


todos os dias neste verão, e se você me deixar, todos os dias depois
disso.

Os lábios dela pairavam milímetros dos dele. Maçãs, canela e sol.


Quando ela estava perto, estava em toda parte, ao redor dele, dentro
dele, um conforto, um lugar seguro.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela ofegou e se afastou. ─ A padaria!

Merda!

Ela estava certa, e o carro ainda estava estacionado no


estacionamento do hospital.

Mônica olhou para o relógio e depois para ele. ─ Você já viu um


vulcão entrar em erupção?

Ele a ajudou a se levantar. ─ Não por que?

Ela deu um sorriso irônico. ─ Você está prestes a ver.

A LITTLE BAKERY, em Mulberry Drive, estava fechada. Eles passaram


pela frente da loja. As luzes da vitrine estavam apagadas, mas a luz
sobre a área de trabalho permaneceu acesa. Mônica virou a esquina e
estacionou o carro no espaço atrás do prédio.

Gabe colocou a mão na dela. ─ Quão ruim pode ser? Sua avó
parece severa, mas não tirana.

─ Você fala alemão? ─ ela perguntou com um sorriso travesso.

─ Você não?

Ela balançou a cabeça. ─ Não muito. Essa é a única graça


salvadora.

─ O que você quer dizer?

O sorriso dela cresceu. ─ Quando Oma está realmente brava, ela


entra em pânico alemão. Você sabe que ela está com raiva, mas não
consegue entender o que ela está dizendo.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Seu intestino torceu. Agora, especialmente depois que Mônica
disse que queria ser dele, ele não queria dar a Gerda Becker nenhum
motivo para não querer ele na padaria.

─ Devo me desculpar? Podemos dizer que a culpa é minha.


Podemos dizer que estamos atrasados porque sou novo e demorou mais
porque você teve que me ensinar as regras de entrega.

─ Não, nunca vale a pena tentar enganar minha oma. É como se


ela tivesse superpoderes de detector de mentiras. Apenas faça o que eu
faço. Nós vamos entrar. Vamos lavar a louça, vestir aventais e depois
começaremos a torta.

─ Eu nunca fiz um strudel antes. ─ respondeu Gabe. Ele nunca fez


muito de nada. Por mais de uma década, pizzas congeladas e jantares
de TV eram o máximo que seu pai conseguia. Uma refeição chique em
sua casa era sempre que o jantar não chegava pré-embalado.

─ Vai ficar tudo bem. ─ disse Mônica.

─ Mônica. ─ ele disse e apertou a mão dela.

Ela se inclinou sobre o console e deu um beijo nos lábios dele. As


mãos dele se moveram para o rosto dela. Ele passou os dedos pelos
cabelos dela. Uma torção de ansiedade e excitação passou por ele. Ele a
beijou como um homem moribundo em seu último suspiro. Ela
suspirou, gemidos doces escapando de seus lábios quando suas línguas
se encontraram e dançaram um ritmo frenético.

Mônica se afastou, sem fôlego. ─ Se você trouxer o mesmo tipo de


entusiasmo em sua produção de strudel e o seu beijo, Oma não ficará
chateada por muito tempo.

Puta merda, ele amava essa garota. Ele passou a franja para o
lado. ─ Beijar não é a única coisa que me entusiasma.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Os olhos dela brilharam. ─ Oh eu sei. Eu estava naquele elevador
com você.

Seu pênis se esticou contra suas calças. Ele a puxou de volta para
ele e passou a língua pelo lábio inferior. ─ Isso foi apenas um gostinho.
Tenho entusiasmo por quilômetros quando se trata de você.

Suas bocas bateram juntas novamente, mas o som de uma porta


de carro batendo os separou. Gabe olhou em volta descontroladamente.
Graças a Cristo, era apenas alguém estacionado no beco. Ele balançou
sua cabeça. Ele queria dar um soco na cara dele. Mônica tinha acabado
de lhe dizer que eles precisavam manter seu relacionamento em segredo
e aqui estava ele, saindo com ela atrás da padaria. Mas então ele se
concentrou nos lábios dela, nos olhos dela. Ele não tinha certeza do que
separava seu coração, olhando para ela ou olhando para longe dela. Ela
o possuía de qualquer maneira.

Ele se inclinou e deu um beijo suave nos seus lábios. ─ Eu poderia


te beijar até o fim dos tempos, Mônica Brandt.

Ela sorriu contra os lábios dele. ─ Se não entrarmos, esses podem


realmente ser nossos últimos minutos no planeta.

Mônica abriu a porta dos fundos que dava para a padaria. Eles
entraram em um pequeno looby. Um corredor estreito com uma escada
estendia-se à frente deles, e um pequeno corredor atravessava a parte
de trás do edifício, formando um L.

─ Nosso apartamento fica lá em cima. ─ disse ela e gesticulou para


o andar de cima. ─ E a padaria é por aqui.

Eles passaram por um escritório pequeno e arrumado e


encontraram Oma, com as mãos nos quadris, ao lado da mesa de
trabalho do bloco de açougue. Ele seguiu Mônica até a pia enquanto ela
torcia o cabelo em um coque.

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KRISTA SANDOR
─ O carro quebrou? ─ Oma perguntou.

─ Não, Oma, o carro está bom. ─ respondeu Mônica. Ela secou as


mãos, tirou um avental do gancho ao lado da pia e juntou-se à avó à
mesa.

Gabe terminou de lavar a louça, pegou um avental e se virou para


encontrar a Sra. Becker olhando para ele.

─ Era o meu─ ele começou.

Oma levantou a mão e o silenciou.

Mônica olhou por cima do ombro para a avó. ─ Vimos Vanessa


Garza depois que deixamos os cupcakes no hospital. Eles encontraram
um doador de coração para ela. Ela acabou de receber a notícia depois
que chegamos.

Oma fez o sinal da cruz, mas sua expressão não se suavizou. ─


Gabriel, você sabe como fazer massa folhada a partir do zero?

Gabe olhou para Mônica. Suas mãos se moveram habilmente


montando algum tipo de pastelaria. Ele nem tinha certeza do que era.

─ Não, senhora. ─ respondeu ele, encolhendo-se, pegando-se.

A avó de Mônica estreitou o olhar.

─ Não, Oma. ─ disse ele. ─ Mas acho que já vi isso no


supermercado, como na seção congelada.

Mais uma vez, ele olhou para Mônica. Ela estava mordendo o lábio,
claramente segurando um sorriso.

Os olhos de Oma se arregalaram. ─ Você acha que usamos massa


folhada de supermercado de uma fábrica? Você acha que eu permito
produtos químicos e conservantes na minha padaria? Você acha que
consegue esse nível de sabor e descamação em algo congelado?

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KRISTA SANDOR
─ Não. ─ respondeu Gabe. Ele não tinha nenhuma pista sobre
massa folhada, mas tinha certeza de que a merda não iria discordar
dela.

Oma apontou para um local ao lado de Mônica. Um retângulo


perfeito do que ele só podia assumir era massa folhada - e não de um
freezer -, com cerca de um centímetro de espessura em uma folha de
papel manteiga.

─ Por causa do seu atraso, tive que fazer toda a massa folhada.
Agora você faz strudel.

Ele não pôde evitar. Ele olhou para Mônica pela terceira vez.

─ Olhos na massa, Gabriel. ─ Oma dirigiu como um sargento.

Ele nunca olhou tão duro para um pedaço de massa crua em sua
vida. Ela o instruiu sobre como cortar os cantos no topo e fazer entalhes
no fundo.

Por enquanto, tudo bem.

─ Agora. ─ continuou Oma. ─ Corte tiras de uma polegada de


espessura na diagonal dos dois lados. ─

Gabe apontou a faca em direção ao centro da massa.

─ Não. ─ disse Oma. ─ Você deve deixar espaço para o recheio.

Ele fez seu primeiro corte vacilante.

─ Ach du meine Güte! ─ Oma balançou a cabeça e sussurrou as


palavras alemãs com um humph desaprovador. Ela pegou a faca. Com
a destreza de um ninja, ela fez oito cortes rápidos na diagonal de um
lado. ─ Você faz o outro lado.

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KRISTA SANDOR
Ele soltou um suspiro. Ficou quente lá? O avental dele estava
muito apertado. As luzes estavam muito brilhantes. Uma gota de suor
deslizou por suas costas.

Ele olhou para os cortes de Oma e voltou sua atenção para o lado
intocado. Ele ajustou o aperto para imitar o de Oma e cortou a faca
através da massa. Oito cortes perfeitos refletiam os cortes que ela havia
feito.

Oma se inclinou. ─ Precisão, tempo, atenção à tarefa. Estas são as


ferramentas de qualquer chef ou padeiro. É nosso trabalho não apenas
fazer uma boa pastelaria e boa comida. É nosso trabalho tornar a
comida uma experiência . Para fazer a primeira mordida provar o amor.
Você entende Gabriel?

─ Sim, Oma. ─ respondeu ele, ainda um pouco atordoado. Ele fez


os cortes perfeitamente. Depois de anos de seu pai insistindo e anos de
carregar caixas e jornais, ele se sentiu como um cirurgião cuidadoso
praticando seu ofício.

Oma passou a massa folhada cortada para Mônica. Ela colocou o


recheio no centro.

Oma colocou outro retângulo de massa na frente dele. ─ Mach es


wieder so.

Confuso, Gabe olhou para ela.

Oma soltou um suspiro. ─ Faça isso novamente.

Ele dobrou a faca. Em um piscar de olhos, ele cortou os cantos, fez


entalhes no fundo e cortou 16 cortes perfeitos de uma polegada e
diagonal.

Oma assentiu e desamarrou o avental. ─ Mônica mostrará como


preencher e trançar. Você só tem mais trinta e sete para ir.

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KRISTA SANDOR
─ Temos que fazer todos eles hoje à noite? Está ficando tarde -
protestou Mônica, concentrando sua atenção na montagem do strudel.

─ Tarde. Tarde ─ disse Oma e saiu da padaria. O chiado dos


degraus sinalizou sua subida para o andar de cima.

Mônica olhou para ele. Seus dedos trabalharam furiosamente


enquanto ela cruzava as tiras de massa, fazendo X's perfeitos no centro.

─ Você sobreviveu. ─ ela sussurrou para ele com um sorriso.

─ Isso foi incrível! ─ A adrenalina bombeou através dele. Ele fez


apenas alguns cortes, mas o orgulho inchou em seu peito. Era como
fazer vinte cestas seguidas a partir da linha de três pontos.

─ Agora, para o recheio de passas de maçã. ─ Mônica apontou para


uma panela cheia de maçãs marrons ricas douradas e passas gordas,
unidas em um esmalte cor de caramelo.

Gabe inalou. ─ Cheira a…

─ Rum? ─ Ela disse com um sorriso. ─ Nós embebemos as passas


nele.

Ele se abaixou e sentiu o cheiro da mistura novamente. ─ Eu


nunca pensei realmente sobre o que era assar. Eu meio que comi o que
estava na minha frente.

Mônica riu. ─ Você ainda não terminou. Aqui está a próxima parte.
Colheremos o recheio. Ela completou a tarefa. ─ Não é demais ou o
strudel vai estourar. Em seguida, cruzamos as tiras. Isso dá uma
aparência trançada. Finalmente, colocamos no fundo. Ela seguiu cada
passo, depois levantou cuidadosamente o papel manteiga e transferiu o
strudel completo para uma assadeira.

─ Aqui não vai nada. ─ disse Gabe e colocou o recheio na massa.

Ele fez o primeiro X, mas não se segurou.

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KRISTA SANDOR
─ Droga. ─ ele sussurrou.

─ Dê um passo para trás. ─ disse ela e deslizou na frente dele. ─


Cuidado por cima do meu ombro.

Ele ficou atrás dela. Com os cabelos para cima, a pele cremosa do
pescoço parecia boa o suficiente para comer.

─ Olhos na massa, Gabriel. ─ disse ela, imitando a avó.

Foi uma impressão muito boa. Ele se endireitou e afastou seus


pensamentos sujos.

─ Pense nisso como colocar uma criança na cama. Você não o quer
muito frouxo, ou as cobertas cairão e o pequeno ficará frio. E você não
quer muito apertado. Vai beliscar e será desconfortável. As mãos dela
deslizaram habilmente a massa, deixando um X perfeito. ─ Você quer
que seja seguro e aconchegante. ─

Ele apertou as palmas das mãos na mesa e a enjaulou, observando


enquanto ela completava a assembleia. Ele inalou o cheiro de canela
dela. Misturava-se com a doçura das maçãs frescas e o tempero do
rum. Ele estava embriagado com este novo mundo, com esta nova vida.

Ela se inclinou para ele. ─ Não parece que este é o primeiro dia real
que passamos juntos, não é?

─ Não. ─ ele respondeu, pressionando um beijo na têmpora dela. ─


Você sempre esteve no meu coração, Mônica. Agora, eu seguro você em
meus braços. Você não é mais um sonho.

Ela girou os quadris. Sua bunda roçou contra seu pênis, e ele
estava duro como uma rocha em um instante.

─ Isso não vai nos ajudar a fazer trinta tortas de maçã. ─ disse ele,
exalando profundamente.

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KRISTA SANDOR
Ela passou as pontas dos dedos pelo comprimento dos braços dele.
─ São trinta e sete.

Gabe passou os dedos pelos pulsos magros de Mônica, pressionou


as palmas das mãos contra a mesa e as cobriu com as dele. Ele beijou a
pele delicada atrás da orelha dela. ─ Adorei ver você assar naquela saia
xadrez e aquelas malditas meias até o joelho.

─ Elas estão lá em cima. Eu poderia colocá-los - ela brincou.

─ Cristo, Mônica. ─ ele rosnou.

Ela mudou a mão e entrelaçou os dedos nos dele. ─ Uma pausa de


cinco minutos não faria mal.

─ Leis trabalhistas, certo? Temos que fazer pausas ─ Gabe


ofereceu.

─ Você deveria mencionar isso para Oma. Ela daria um chute


nisso.

Ele a prendeu contra o balcão do açougue com seu corpo. Ela


cantarolou sua excitação quando o pênis dele pressionou contra suas
nádegas.

─ Não falo da sua avó. Combinado?

─ Espere. ─ ela respirou.

Gabe olhou para o teto. ─ O que é isso? Sua avó vem?

Ela não respondeu, mas virou a cabeça na direção da gigantesca


vitrine na frente da loja.

Merda!

Sob as luzes na área de trabalho da padaria, eles também


poderiam ter sido iluminados por um holofote. Quem passava podia ver
o que estava fazendo. Ele de todas as pessoas deveria ter lembrado

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
disso. Ele estava assistindo Mônica através daquela janela de quadro
por anos.

─ Venha aqui. ─ disse ela e puxou-o para longe da mesa.

Mônica empurrou algumas prateleiras de resfriamento para fora do


caminho e o arrastou para o pequeno canto da padaria. Escondida
pelos fornos de três camadas e as prateleiras estrategicamente
posicionadas, Gabe agarrou sua cintura esbelta. Ela apertou a ponta
dos pés e passou os braços em volta do pescoço dele. Suas bocas se
juntaram em uma onda de calor e desejo.

Ela deve ter saboreado o recheio de maçã enquanto a atenção de


Oma estava nele. Agora, não apenas ele podia sentir o cheiro doce dela,
mas também o provou. Maçãs temperadas com canela e rum brincavam
com seu paladar. A mistura perfeita de virgem e megera.

A mão dele deslizou sob a saia dela. ─ Posso tocar em você?

As pontas dos dedos percorreram sua parte interna da coxa.

Ela ficou tensa. ─ Vai doer?

Ele se afastou e segurou o olhar dela. ─ Eu nunca machucaria


você, Mônica. Não precisamos fazer isso. Eu esperei tanto tempo para
estar com você, se tudo o que fizemos foi de mãos dadas pelos próximos
dez anos, eu seria o cara mais feliz do mundo inteiro.

Ela sorriu timidamente. ─ Eu quero isso, Gabe, mas nunca estive


com alguém assim. Eu nunca tive . . . sexo.

─ Eu também não. ─ ele confidenciou.

Claro, ele ficou com garotas. Ele conseguiu alguns trabalhos


manuais decepcionantes. Mas nada nunca clicou. Nada parecia certo.
Não foi culpa das meninas. Elas não puderam deixar de não ser
Mônica.

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KRISTA SANDOR
─ Vamos devagar. ─ disse ele e começou a remover a mão de onde
descansava contra a parte interna da coxa, mas Mônica o deteve. Ela
deslizou a mão dele para o local sensível no ápice de suas coxas, em
seguida, guiou os dedos dentro da calcinha.

─ Eu quero que você me toque. ─ ela respirou.

Ele moveu as mãos para cima e para baixo em um ritmo lento e


sonhador, acariciando seu doce broto. Ela fechou os olhos e descansou
a cabeça na parede. ─ Isso é tão bom com você.

Porra, inferno!

Tudo derreteu. Tudo o que existia era Mônica. Ela estava tão
quente. Ele provocou a entrada dela, escorregadia de excitação, com a
ponta do dedo médio enquanto a palma da mão balançava contra ela.
Ela soltou a mão dele e permitiu que ele trabalhasse em seu corpo.

Sua respiração veio rápida. Ele aumentou o ritmo, e seus suspiros


suaves cresceram em gemidos quentes. Ele a silenciou com beijos,
engolindo sua luxúria. Lentamente, ele deslizou um dedo dentro dela.
Ele estava quase cheio de desejo. Ela estava apertada, mas seu núcleo
acolheu seu toque. Ela agarrou seus bíceps e empurrou seus quadris.
Mônica montou sua mão, seu torso se movendo em círculos rítmicos.

─ Eu sou . . . sim . . . Gabe . . . sim.

Ele enfiou a mão embaixo do vestido e segurou sua bunda com a


outra mão, firmando-a enquanto ela passava pela borda e entrava em
seus braços. Suas bochechas estavam vermelhas e seu olhar desfocado
quando ela abriu os olhos. Ela sorriu para ele, todos os lábios
vermelhos rubi e mechas escuras de cabelo escorrendo pelas
bochechas.

─ Eu podia assistir você vir o dia todo. ─ disse ele e colocou uma
mecha de cabelo atrás da orelha dela.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ele se inclinou para beijá-la quando um chiado do andar de cima o
fez congelar no meio do quase beijo.

─ Mônica. ─ Oma chamou do topo da escada.

Os olhos de Mônica se arregalaram. Ele ainda estava com a mão na


calcinha dela. ─ Sim, Oma?

─ Faça uma anotação para mim e coloque no meu quadro de


avisos.

─ Claro, Oma, o que você quer dizer?

─ Precisamos quebrar cerejas.

Mônica encontrou seu olhar e mordeu o lábio. Suas bochechas


mudaram de rosa para vermelho.

Seu coração estava batendo forte. Do que diabos Oma estava


falando?

─ Fazer . ─ Oma gritou, se corrigindo. ─ Precisamos fazer recheio


extra de cereja para as tortas.

─ Ok, Oma, entendi. ─ Mônica respondeu de volta.

─ E Gabriel?

Os olhos de Gabe foram tão arregalados quanto os de Mônica. ─


Sim, Oma?

─ O trabalho começa o mais tardar às cinco da manhã. Não se


atrase.

─ Ok . . . obrigado. ─ acrescentou e se encolheu.

Outro rangido ecoou pelas tábuas do chão, informando que Oma


estava de volta ao apartamento.

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KRISTA SANDOR
Gabe gentilmente removeu a mão dele, e Mônica enterrou a cabeça
na curva do pescoço dele. Seu peito arfava com uma risada silenciosa.
Ele a abraçou, tremendo de vertigem.

─ Puta merda. ─ ele suspirou e beijou o topo da cabeça dela.

Ela se inclinou para trás e capturou o olhar dele. ─ Você tem


certeza de que quer passar o verão na The Little Bakery, em Mulberry
Drive?

Ele sorriu, perdido em seus olhos azuis. ─ Eu estou disposto a


qualquer coisa, se isso significa que eu posso ficar com você.

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KRISTA SANDOR
07
─ Gabriel - disse Oma e olhou para a prancheta. ─ Onde estamos
com a ordem Schaumrollen ?

Mônica colocou uma bandeja de biscoitos na prateleira de


resfriamento e olhou através das ripas para encarar Gabe. Ele enrolou
uma tira de massa folhada em torno de uma cavilha de metal para criar
os deliciosos Schaumrollen conhecidos pelos clientes da padaria como
rolos de charme, que depois eram recheados com creme de baunilha ou
mousse de chocolate, enquanto preparava simultaneamente bolo de
chocolate alemão, enchendo uma panela de cobre no fogão.

─ Schaumrollen será bom para ir. Eu só preciso colocar esse último


lote no forno - respondeu Gabe.

Esse se tornara o ritmo deles nos últimos dois meses. Do sol ao


sol, ela e Gabe trabalhavam lado a lado na padaria. Oma ia até o
apartamento às cinco em ponto quando a padaria fechava e preparava
um jantar simples. Os três comeriam juntos e, em seguida, Oma se
retirou para o quarto enquanto ela e Gabe voltavam à padaria para se
preparar para o dia seguinte.

Eles haviam encontrado muitas, muitas maneiras de se preparar.

Gabe pegou uma concha e seu abdômen duro apareceu debaixo da


camiseta. Mônica sentiu um rubor aquecer suas bochechas. Ela
conhecia Gabe Sinclair por dentro e por fora. Ela conhecia cada
alongamento muscular e cada linha dura. Ela conhecia a sensação de
suas mãos fortes enquanto massageavam seus seios e seguravam sua
bunda. Ela conhecia os lábios e a língua dele. Ela sabia o comprimento
duro de seu pênis e o delicioso atrito de esfregar contra ele.

Ele olhou para ela e piscou. Em oito horas, à meia-noite, ela


completaria dezoito anos. Eles decidiram esperar para dormir juntos até

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
o aniversário dela. Isso lhe deu tempo para ir à clínica feminina e tomar
a pílula. Eles tinham muitos planos para se preocupar em engravidar.
Gabe havia assegurado a ela que havia muito que eles podiam fazer
antes de fazer sexo de verdade, e Santa Maria, ele estava certo!

Mônica lambeu os lábios pensando no que eles haviam feito com


chantilly na noite passada, mas antes que ela pudesse cair de cabeça
na fantasia de Gabe Sinclair, a porta da loja se abriu e o irmão mais
velho de Gabe, Sam, entrou.

─ Olha, o Ginger Mountain Man veio nos visitar, Oma. ─ disse


Gabe, compartilhando um sorriso insolente com seu irmão mais velho.

Oma apontou para o fogão. ─ Verifique o seu recheio de bolo de


chocolate alemão.

A arrogância se esvaiu do rosto de Gabe enquanto ele atendia à


panela de cobre.

Mônica deslizou uma bandeja de cupcakes gelados sobre a


prateleira de exposição e apoiou os cotovelos no balcão. Ela deu a Sam
seu sorriso mais brilhante. Sua massa ruiva de cachos selvagens e
bochechas desalinhadas o fazia parecer um homem das montanhas
ruivas, mas ela nunca lhe dizia isso. Ela adorava as visitas de Sam. Ele
contava histórias sobre estudar no exterior e, como alguns verões antes,
fora a Honduras para ajudar a construir escolas em áreas rurais e
remotas. Suas histórias a ajudaram a esquecer que ela e Gabe tinham
outros dois anos em Langley Park frequentando uma faculdade
comunitária.

─ O que vai ser, Sam? ─ ela perguntou.

─ Bolo de chocolate alemão parece incrível! Eu amo o coco na


cobertura. Eu vou pegar um dos cupcakes - apenas certifique-se de que
não foi feito pelo meu irmãozinho. Quero um dos autênticos cupcakes
de chocolate alemães feitos pela adorável Oma.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Oh, não. ─ Mônica disse e embalou a cabeça nas mãos.

─ Samuel, onde você acha que encontraria um coqueiro na


Alemanha?

Sam coçou a cabeça. ─ Esta é uma pergunta complicada?

─ Bolo de chocolate alemão é nicht Deutcher . Não é alemão - disse


Oma.

Sam se abaixou e olhou para os bolinhos de chocolate alemães


através do vidro da tela. ─ Então de onde eles são?

─ Texas. ─ Oma sussurrou como se a palavra fosse uma


obscenidade e fez o sinal da cruz.

Sam disparou. ─ Mesmo?

Mônica assentiu. ─ Sim, até onde sabemos, uma dona de casa do


Texas nos anos cinquenta enviou uma receita alemã de bolo de
chocolate para um jornal local. Ele pedia essa marca de chocolate
chamada chocolate de padeiro alemão, feita por um americano
chamado Sam German. Ninguém realmente sabe ao certo se essa é a
história real, mas posso dizer, ouvindo Oma continuar, o bolo de
chocolate alemão não se originou na Alemanha.

─ Então por que você faz isso? ─ Sam perguntou.

─ Americanos. ─ disse Oma, com dificuldade de respirar, e voltou à


prancheta.

Mônica se inclinou e Sam a encontrou no meio do caminho. ─


Quando meus avós abriram a loja e as pessoas ouviram que havia uma
padaria alemã no bairro, adivinhem o que todo mundo queria pedir?

Os olhos de Sam brilharam. ─ Bolo de chocolate alemão.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica pegou um bolinho de chocolate alemão para Sam e
entregou a ele. ─ Aqui, isso é por conta da casa. Ainda é um dos nossos
best-sellers, e isso deixa minha avó louca.

Sam deu uma mordida e cantarolou sua aprovação. ─ Isso é


incrível. ─ Ele limpou algumas migalhas dos lábios. Sua expressão ficou
séria. ─ Como está sua amiga, a garota com o novo coração?

─ Eu acho que ela está indo bem. Ela fez a cirurgia alguns dias
depois de receber as notícias do coração do doador. Nós a vimos uma
semana depois disso, certo Gabe? Ela estava em recuperação, mas
realmente de bom humor.

─ Foi a última vez que vimos Vanessa? ─ Gabe perguntou,


deslizando uma bandeja de rolos de charme no forno.

Ela pensou de volta. Os verões estavam sempre ocupados com


pedidos de casamentos e eventos ao ar livre, mas a última entrega que
fizeram no hospital foi no dia em que visitaram Vanessa, mais de um
mês atrás. Até onde ela conseguia se lembrar, a padaria fazia entregas
semanais lá.

Mônica virou-se para a avó. ─ Oma, o hospital não faz nenhum


pedido há semanas. Aconteceu alguma coisa?

Oma ergueu os olhos do trabalho. Sua avó era a rainha do poker,


mas Mônica sentiu algo preocupante em seus olhos.

─ Cortes no orçamento. ─ respondeu Oma. ─ Agora o hospital pede


assados baratos no grande supermercado. Muitos conservantes! Nada
orgânico!

─ A loja está indo bem? ─ Mônica perguntou. Em todos os seus


anos trabalhando na padaria, ela nunca havia contemplado suas
finanças - até agora.

Oma sorriu. Isso por si só era estranho. ─ Estamos bem, enkelin .

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica assentiu. A avó não a chamava de enkelin , neta em
alemão, desde que era uma garotinha assustada, lutando com a morte
dos pais.

Ela voltou para Sam. ─ O que te traz à cidade?

Ele terminou o cupcake com uma mordida gigante. ─ Dizer feliz


aniversário! O grande dia é amanhã, certo? Tem grandes planos?

Mônica olhou para trás. Sua avó havia deixado a área de trabalho e
entrado em seu escritório. Ela chamou a atenção de Gabe, e um rubor
quente subiu pelo pescoço. Ela podia sentir o calor passando por suas
bochechas. Ela encontrou o olhar de Sam e deu-lhe um sorriso tímido.

Ele estreitou os olhos e olhou dela para o irmão. ─ Deixa pra lá! Eu
absolutamente não quero saber o que vocês dois planejaram.

─ Eu não disse nada! ─ Mônica protestou.

Sam balançou a cabeça. ─ Você não precisava dizer nada. Você e


Gabe ficaram do mesmo tom de rosa no segundo em que perguntei se
você tinha planos. Ele se inclinou e abaixou a voz. ─ Sua avó sabe sobre
você e Gabe?

─ Acho que não. ─ respondeu ela. ─ Ela não mencionou nada. Eu


estava preocupada que ela dissesse para ele ir depois que a nova porta
fosse instalada, mas ela nunca disse nada.

Apenas Sam, primo de Gabe, Michael e sua boa amiga Zoe Stein
sabiam que ela e Gabe estavam juntos. Para Oma, Gabe era apenas um
trabalho de verão.

Gabe se juntou a ela no balcão. ─ Eles instalaram a nova porta


algumas semanas depois que eu comecei. Oma não disse uma palavra
sobre eu ir ou ficar. Então, eu continuei entrando.

─ Pop está bem com isso? ─ Sam perguntou.

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KRISTA SANDOR
─ Papai e eu precisávamos de um tempo um do outro. Eu mal o vi
durante todo esse verão.

Sam assentiu e olhou o relógio. ─ É melhor eu ir. Michael queria


que eu aparecesse. Tenho certeza que ele quer que eu compre uma
cerveja para a festa do Sadie's Hollow. Uma dor de cabeça por dirigir
todo o caminho até o país agrícola para beber porcaria. Mas é como um
rito de passagem adolescente do Kansas vomitar em um campo depois
de ingerir o Everclear. Vocês foram a alguma festa neste verão?

Gabe balançou a cabeça. ─ Na verdade não. Ajudei Michael um


pouco a levar seu equipamento de DJ para lá, mas nunca fico muito
tempo.

─ Coisas melhores para voltar em Langley Park? ─ Sam perguntou


com um sorriso.

Gabe estendeu a mão e pegou a mão dela. ─ Sim, tudo o que eu


quero está aqui.

Ela encontrou o olhar dele e pensou no plano deles. Ela estava


ansiosa para sair de Langley Park, mas podia esperar. O plano era
trabalhar e ir para a escola pelos próximos dois anos. Eles
economizavam dinheiro e depois seguiam para Nova York ou Califórnia
para que ela pudesse seguir a modelagem.

O olhar de Sam mudou-se para o fundo da padaria, e Mônica


deixou as mãos para os lados e olhou por cima do ombro. Oma estava
de volta à área de trabalho, mas não usava avental.

A porta da padaria se abriu e um senhor mais velho entrou.

─ Fred. ─ disse Oma, sua voz uma oitava mais alta que o normal. ─
Eu pensei que estávamos nos encontrando na igreja.

Fred Collier era dono da loja de flores a algumas portas abaixo. Ele
estava segurando um pequeno buquê de rosas, girassóis e delfínio azul-

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KRISTA SANDOR
celeste. ─ É um dia tão bom, Gerda. Pensei em trazer para você e me
juntar a você para passear.

Gerda?

Oma deu a volta no balcão com a bolsa debaixo do braço e pegou


as flores com apenas um olhar na direção deles. Ela entregou as
delicadas flores para Mônica.

─ Por favor, coloque-as em água para mim. Você precisará fechar a


padaria hoje à noite. Não voltarei até mais tarde esta noite.

─ O serviço de Assunção não é até amanhã. ─ disse Mônica, ainda


surpresa ao ver Collier. Ela o conhecia o tempo todo em que morara em
Langley Park, mas sua avó nunca mencionara passar um tempo com
ele na igreja. Ela nunca o mencionara.

O Sr. Collier manteve a porta aberta para ela e Oma foi até a frente
da padaria. ─ Esta é apenas uma reunião para garantir que tenhamos
comida e flores suficientes para uma pequena reunião após a missa. Eu
confio que você e Gabriel podem fechar por conta própria?

─ Claro, Oma. ─ disse Gabe.

O par saiu e Mônica compartilhou uma expressão chocada com


Gabe e Sam.

─ Oma acabou de ser pega para um encontro? ─ Sam perguntou.

─ Eu não sei o que foi isso. ─ respondeu Mônica.

─ Ele a chamou de Gerda. ─ disse Gabe.

Mônica havia percebido isso também.

─ Bom para Oma. ─ disse Sam com um sorriso largo. ─ Vá buscá-


lo, vovó!

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KRISTA SANDOR
A expressão de Mônica mudou de surpresa para completamente
enojada. ─ Nem brinque com isso!

─ Eu não sei. ─ disse Gabe com um sorriso provocador. ─ Oma é


bem quente no que diz respeito aos idosos.

Ela bateu nele com um pano de prato. ─ Você também não! Você
não é melhor que seu irmão!

Sam olhou para o relógio novamente. ─ Eu preciso ir, mas eu


queria perguntar se vocês viram Zoe por aí hoje.

─ Zoe Stein, amiga de Michael? ─ Mônica perguntou.

Sam mudou seu peso de um lado para o outro. ─ Sim, é essa. Ela
já passou?

─ Não. ─ respondeu Gabe. ─ Você quer que eu passe uma


mensagem se eu a vir? ─

─ Nada demais. Eu apenas pensei em perguntar ─ disse Sam.

Mas algo em seus olhos fez Mônica pensar que era um grande
negócio.

─ Feliz aniversário, Mônica. ─ disse ele. Seu sorriso estava de volta,


mas não era tão brilhante. ─ Obrigado por manter meu irmão na linha.
─ Ele deu um aceno rápido com a cabeça e saiu da loja.

A porta se fechou e Mônica olhou para Gabe. Ele estava sorrindo


para ela, e essa covinha derreteu seu coração.

─ O que? ─ ela perguntou, sentindo outro rubor surgir.

Ele passou os braços em volta da cintura dela. ─ Eu estava


pensando sobre esta noite.

─ Você estava? ─ ela respondeu.

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KRISTA SANDOR
Gabe apertou seu aperto. ─ Você pode estar pronta um pouco
antes da meia-noite, como onze e meia?

─ Eu posso estar pronta. ─ ela respondeu e girou os quadris contra


ele. Gabe ficou duro. Seu pênis pressionou em sua barriga. ─ Ou
podemos simplesmente colocar a placa fechada e subir agora.

─ Jesus, Mon. ─ Gabe disse, a voz baixa. Ele balançou sua cabeça.
─ Por mais que eu queira rasgar sua calcinha neste exato momento,
tenho algo especial planejado para o seu aniversário.

Seu núcleo formigou com o pensamento de sua mão forte e


bronzeada arrancando sua calcinha de cetim do corpo.

─ Oh sim? ─ ela ronronou.

─ Sim. ─ ele disse com essa covinha sexy.

Ela lambeu os lábios. ─ Eu tenho uma pequena surpresa para você


também.

─ Você vai me matar, Mônica! ─ ele disse e a levou para trás dos
fornos.

Ele a pressionou contra a parede e passou as mãos pelos lados


dela. Ela tremeu sob o toque dele. Suas bocas se encontraram em um
beijo frenético alimentado por excitação.

Ela pensou que ficaria com medo de perder a virgindade. Ela


ouvira meninas sussurrando nos banheiros do Sagrado Coração sobre
experiências sexuais estranhas. Mas ela não estava assustada. Ela
amava Gabe. Ela não tinha contado a ele ainda, mas pensou.

Ela passou as mãos pelas costas dele, e ele cantarolou sua alegria
nos lábios dela.

─ Quer subir as escadas? ─ ela sussurrou.

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KRISTA SANDOR
Gabe parou e soltou um suspiro frustrado. ─ Eu preciso fazer
algumas coisas antes de vir para você hoje à noite. Quero que seu
aniversário seja especial.

Ela acariciou sua bochecha. ─ Será. Eu estarei contigo.

Ele segurou o rosto dela e passou o polegar pelo lábio inferior. ─


Eu amo você, Mon. Você sabe disso, certo?

Aquela covinha adorável estava de volta.

─ Eu sei.

Ele a soltou e deu um passo para trás. - Esteja pronta para sair às
onze e meia. Estarei esperando por você no beco.

MÔNICA TERMINOU DE PUXAR as meias até o joelho quando o toque de


uma pedra que batia na janela do quarto cortou o silêncio. Ela soltou
um suspiro trêmulo. Adrenalina, excitação e apreensão percorreram
suas veias. O que Gabe planejou? Na maioria das noites, eles escalaram
a escada de incêndio e subiram para o telhado. Passar dezesseis horas
juntos na padaria não foi suficiente. Então Gabe retornou, e suas noites
foram passadas em um cobertor, membros emaranhados um ao outro
enquanto olhavam para as estrelas e planejavam seu futuro.

Ela abriu a janela. Ela não tinha saído de saia antes.

─ Gabe, feche os olhos ─ ela sussurrou para ele.

─ Por quê?

─ Apenas faça. ─ acrescentou.

Ele levantou as mãos e as colocou em concha sobre os olhos,


depois se afastou do prédio.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica manobrou pela janela, fechou-a suavemente e desceu a
escada.

─ Tudo bem. ─ disse ela.

Gabe se virou. Mesmo na penumbra, sua expressão era


completamente legível. Seus lábios se abriram como se ele quisesse
falar, mas nada saiu.

Ela fez um pequeno giro em seu uniforme de colegial xadrez


vermelho. ─ Eu sabia que você gostava, e não havia mais razão para eu
usá-lo. Eu pensei que hoje à noite . . .

Ele a parou com um beijo. Ele a pegou nos braços e pressionou os


lábios nos dela com tanta ternura que seu coração inchou no peito.

Gabe se afastou e a bebeu. ─ Porra, Mônica!

Ela inclinou a cabeça para o lado. ─ Porra, bom? Ou inferno, ruim?

O olhar dele viajou pelas pernas dela e parou na saia. ─ Tão bom!

Ela levantou o queixo para encontrar seu olhar. ─ Nós não estamos
indo no telhado?

─ Não, eu tenho outro lugar para nós irmos. ─ Ele olhou para ela
usando os sapatos Mary Jane. ─ Você pode correr neles?

─ Eu provavelmente poderia bater em você nisso. ─ disse ela com


um sorriso provocador.

─ Desde que eu vou correr com um tesão gigante, você


provavelmente está certo.

Ela deu um passo descarado para frente e apalpou-o através do


short cargo.

Santa Maria!

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Biologicamente falando, seu pênis deve caber dentro dela, mas a
logística do sexo estava começando a parecer um pouco assustadora.

Ele pegou a mão dela. ─ Vamos! Nós vamos nos esgueirar pelos
jardins.

Eles correram pela Bellflower Street pelo centro da cidade de


Langley Park, tomando cuidado para evitar carros que passavam. Eles
passaram pelo portão principal e entraram por uma brecha na cerca.
Ele a levou para o local secreto e afastou os ramos de abeto para ela.

─ Feche os olhos. ─ disse ele.

Ela obedeceu e ouviu o clique de um isqueiro.

─ Abra seus olhos, Mon.

Frascos de pedreiro com velas acesas salpicavam o pequeno espaço


escondido, e a alcova brilhava como um jardim secreto de fadas. Um
saco de dormir esticado sobre a grama.

Gabe verificou o relógio, enfiou a mão no bolso e estendeu uma


caixa. - São doze e um minuto. Feliz aniversário, Mônica.

Ela pegou a caixa e levantou a tampa. Um bracelete fino e prateado


brilhava à luz das velas. Ela removeu e estendeu. Um único pingente
pendia de um aro.

─ É o . . . ─ Gabe começou.

─ Torre Eiffel. ─ disse ela, tocando o pingente delicado.

─ Vamos chegar lá, Mon. Eu prometo. Nós vamos.

Ela prendeu a pulseira no pulso e encontrou o olhar dele. Seus


olhos brilhavam na luz.

─ Eu amo isso, Gabe! Está perfeito!

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ele levantou a mão dela e beijou a parte de trás de seu pulso. ─ Há
mais uma coisa.

Ele a trouxe para o saco de dormir. Ele pegou um dos frascos de


pedreiro e segurou a luz ao lado de um tronco de árvore de álamo. Algo
foi esculpido nele.

G + M Forever

Mônica passou o dedo pelas letras.

─ Eu sei que você não deveria esculpir em árvores, mas eu queria


deixar nossa marca neste lugar.

Ela se virou para ele. ─ Eu te amo.

─ Você faz?

Ela olhou nos olhos dele. ─ Eu faço.

Ele segurou o rosto dela e a beijou. Ela se recostou no saco de


dormir e trouxe Gabe com ela. Ele se apoiou em um cotovelo e olhou
para a roupa dela. ─ Você pode colocar isso em todo aniversário?

─ Há outra surpresa para você. ─ Mônica disse com um sorriso


tímido.

Gabe passou os dedos pela perna dela e depois parou no ápice de


suas coxas.

─ Eu não estou usando calcinha.

─ Cristo, eu te amo, Mônica.

Ele massageou seu broto doce, e seu núcleo ficou escorregadio de


excitação. Ele trabalhou seu corpo, beijando seu pescoço, então ele
desabotoou sua blusa. Sua boca deslizou mais baixo. Gabe encontrou o
ritmo perfeito, e ela voou sobre a borda. Seu orgasmo percorreu seu
corpo em ondas sensuais e pulsantes.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela prendeu a respiração. ─ Eu quero sentir você dentro de mim.

Ele tirou a camiseta, o short e a cueca, e ela tirou o uniforme. O ar


úmido de agosto adicionou uma camada de brilho à pele. O suor
lubrificou seus corpos enquanto eles se beijavam, pernas emaranhadas
juntas, em cima do saco de dormir.

Mônica passou as mãos pelas costas de Gabe. Ele estava


tremendo.

─ O que é isso? ─ ela perguntou.

Seus olhos brilhavam de emoção. ─ Você já quis tanto algo, mas


ficou absolutamente aterrorizado ao mesmo tempo?

─ Sim. ─ ela respondeu, lágrimas ameaçando derramar de seus


olhos.

Mônica alcançou entre eles e acariciou o pênis de Gabe. Ele fechou


os olhos e respirou fundo. Ela o alinhou com sua entrada e empurrou
seus quadris. Seu pênis separou suas dobras, e ele surgiu dentro dela.

─ Mon, você está bem?

Ela assentiu. ─ Sim, continue.

Ele deslizou ainda mais, enchendo-a, esticando-a. Ele usou os


dedos nela durante todo o verão, mas isso era diferente. Ela relaxou as
coxas e permitiu que caíssem de lado como asas de borboleta se
abrindo para o céu.

Ele empurrou os cotovelos. ─ Uau!

Ela sorriu para ele. ─ Não dói. Parece certo.

─ Sim.

Ela assentiu e girou os quadris.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ele se moveu dentro dela. Um movimento suave dentro e fora que
construiu impulso enquanto ele empurrava. Gabe soltou um rosnado
baixo à medida que seu ritmo aumentava. Mônica ofegou, a respiração
presa na garganta. O pênis de Gabe enchendo seu núcleo apertado
combinado com a pressão do corpo dele esfregando contra seu feixe
sensível de nervos, colocou seu corpo em chamas. Ela encontrou cada
um de seus impulsos, triturando nele com deleite devassa.

─ Gabe. ─ ela chamou, tão perto de encontrar sua libertação.

─ Mônica, venha comigo. ─ ele soprou em seu ouvido.

Ela apertou sua bunda enquanto seu corpo bombeava loucamente


em cima dela. O tapa de membros suados e gemidos luxuriantes
cantavam no ar da noite quando eles se reuniram cercados pelo brilho
da luz de velas.

Depois que eles recuperaram o fôlego, Gabe saiu dela e se apoiou


de lado. Ele passou um dedo do queixo até o centro dos seios. ─ Você é
tão bonita.

Mônica olhou para as estrelas. O mundo era tão grande, e tudo o


que ela e Gabe sabiam era esse pedacinho. ─ E se não esperássemos
dois anos para partir? E se nós mudássemos o plano e partíssemos
mais cedo?

O dedo de Gabe parou de se mover. ─ Precisamos desses dois anos,


Mon Precisamos garantir que meu pai esteja bem com a empresa de
mudanças e que Oma tenha a ajuda de que precisa para administrar a
padaria. Além disso, teremos o diploma de associado e economizado
mais dinheiro.

Uma estrela cadente correu pelo céu. A fina trilha branca


desapareceu tão rapidamente quanto um relâmpago. ─ Parece que vai
demorar muito tempo para esperar.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Gabe tocou o charme da torre Eiffel em seu pulso. ─ Nós podemos
fazer isso. Vai passar rápido. Eu te amo, Mônica.

Ela se afastou das estrelas, olhou para o encanto e encontrou o


olhar dele. ─ Eu também te amo.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
08
E tudo parecia perfeito do lado de fora. Mônica olhou para Gabe
enquanto ele colocava uma torta de maçã para um cliente. Ele chamou
a atenção dela e piscou. Ela tocou o bracelete e sorriu de volta.

─ Mônica, esses cupcakes não vão gelar. ─ disse Oma. Ela pegou
uma caixa de bolo e foi em direção à porta dos fundos. ─ Estou saindo
para a missa.

─ Sr. Collier não vai buscá-la? Mônica perguntou, mantendo o


olhar fixo nos cupcakes.

─ Não. ─ respondeu Oma com firmeza. Collier não era um assunto


aberto para discussão.

Pelo canto do olho, Mônica juraria que a avó estava corando.

Oma saiu pela porta dos fundos no momento em que Michael


apareceu na frente.

─ Olha, é meu primo perdido! ─ Michael disse com um sorriso fácil.

Gabe deu a volta no balcão e apertou sua mão. ─ Ei! É bom te ver!

Michael apontou para o avental. ─ As artes culinárias combinam


com você, cara.

Mônica se juntou a eles. ─ O que o traz, Michael?

─ Ouvi dizer que era seu aniversário. Queria desejar-lhe tudo de


bom.

Mônica limpou as mãos no avental. ─ Dezoito! Footloose e sem


fantasia!

─ Vocês estão fazendo alguma coisa? ─ Michael perguntou.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica compartilhou um olhar com Gabe. Suas bochechas ficaram
rosadas.

─ Definitivamente não é para mim saber. ─ disse Michael, suas


bochechas combinando com as de Gabe.

─ Começamos a comemorar cedo. ─ disse Gabe.

Michael assentiu e esfregou as palmas das mãos. ─ Eu tenho um


grande favor a pedir a você, Gabe.

─ Qualquer coisa, o que você precisa?

─ Você poderia me ajudar a levar meu equipamento de DJ para


Sadie's Hollow? Talvez fique por aqui para arrumar tudo. Ele olhou para
Mônica. ─ Você já ouviu falar de Sadie's Hollow, certo? É cerca de uma
hora ao sul daqui. As crianças de Langley Park vão lá para festas há
séculos. Você deveria vir também. É a última festa antes que todo
mundo vá para a faculdade.

Algo afundou na boca do estômago.

Todo mundo vai para a faculdade, exceto ela e Gabe.

─ Essa não é realmente a minha cena, mas obrigado, Michael. ─


Ela se virou para Gabe. ─ Mas você deve ajudar seu primo.

O telefone tocou e Gabe correu para trás do balcão e atendeu.

Ela o observou assentir enquanto ouvia quem estava do outro lado.

Gabe colocou a mão em cima do receptor. ─ É uma senhora de


uma daquelas lojas chiques de Mission Springs. Eles precisam de um
pedido urgente de cupcakes e doces entregues o mais rápido possível.
Está quase na hora de fechar. Devo dizer não a ela?

Mônica balançou a cabeça. As encomendas estavam caindo


durante todo o verão. Eles precisavam de todos os clientes que

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
pudessem receber. ─ Diga a ela que podemos fazer isso. Vou fechar a
padaria e entregar o pedido. Você pode ajudar o Michael. Podemos nos
encontrar aqui mais tarde esta noite.

─ Você tem certeza, Mônica? ─ Michael perguntou. ─ Eu não quero


roubar Gabe e estragar seu aniversário.

Seu corpo estava pesado, pesado no chão. ─ Não é grande coisa.


Gabe e eu temos todo o tempo do mundo para comemorar.

MÔNICA ESTACIONOU o Subaru a algumas portas da elegante


boutique de Mission Springs, e a dor familiar de inadequação voltou a
penetrar em seus ossos. Ela passou toda a sua educação neste mundo,
mas nunca havia passado pela linha invisível que separava os super-
ricos dos meros mortais como ela. Courtney tinha sido a única pessoa a
atravessar essa divisão. Para todos os outros, ela era neta do padeiro. O
caso de caridade ofereceu uma bolsa de estudos.

Ela olhou para o pingente da Torre Eiffel e soltou um suspiro


trêmulo. ─ Eu certamente poderia usar alguma direção. ─ Por
frequentar anos de escola paroquial, ela não era uma pessoa muito
religiosa. Mas nunca custa nada fazer um pedido a quem ou o que quer
que esteja lá fora no universo.

Mônica esperou um pouco. Nenhum coro de anjos. Sem raios. Ela


balançou a cabeça e saiu do carro. Geralmente, sua avó recusava
entregas urgentes. Muito risco. Com muita frequência, as entregas
urgentes se transformavam em clientes insatisfeitos que, devido à falta
de planejamento e previsão, geralmente eram subordinados ou
superordenados. Mas Oma não estava dando as ordens esta tarde.
Mônica equilibrou a caixa de doces em um braço e abriu a porta da
boutique com o outro.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Ela está aqui! Ela está aqui! ─ uma mulher pequena com cabelos
loiros espetados chamou, tirando a caixa dos braços de Mônica. ─ Você
é um salva-vidas!

Uma mulher com um penteado escuro no comprimento do queixo


se juntou a eles, mas sua expressão era sombria. Casey saiu em
socorro. Algo sobre seu contrato com a agência de modelos.

─ Droga. ─ disse a loira. Ela olhou para o seu relógio. ─ Temos


exatamente oito minutos para nos preparar e nenhum modelo. Que
diabos vamos fazer?

─ Espere um minuto quente. ─ disse a mulher com o prumo,


dando um passo para trás e olhando para Mônica como um falcão. ─
Quem é Você?

A mandíbula de Mônica caiu. ─ Só estou entregando os doces.


Minha avó é a padeira que você pediu.

As duas mulheres se entreolharam.

─ Ela é perfeita. ─ disse a loira, examinando-a da cabeça aos pés.

A mulher com o rabo assentiu. ─ Certo! Quero dizer, o cabelo, os


olhos, aqueles lábios.

A loira tirou uma fita métrica do bolso. ─ Você se importa? ─ ela


perguntou. A mulher se ajoelhou e mediu o comprimento das pernas.

─ Bem não. Continue.

O que estava acontecendo?

A mulher com o cabelo escuro sorriu. ─ Eu sou Cora, e a mulher


que está fazendo suas medições é Leigh. Nós somos os designers por
trás da marca Cora Leigh. Andamos pelo país tentando obter
financiamento para expandir nossa marca. Se tudo correr bem, esta é a
nossa última parada, e então está a toda velocidade!

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Oh! ─ Um milhão de perguntas passou pela mente de Mônica,
mas isso foi tudo o que ela conseguiu dizer.

─ Qual é o seu nome, querida? ─ Cora perguntou.

─ Mônica Brandt.

─ Escute, Mônica. ─ disse a loira, levantando-se. ─ Você tem a


aparência que estamos procurando. Você é deslumbrante. Isso é óbvio,
mas você tem vantagem. Existem muitos rostos bonitos por aí. Mas
encontrar alguém bonito com um ar de mistério e sofisticação, agora
isso é raro.

─ Por favor, diga-nos que você tem mais de dezoito anos. Estamos
tentando trabalhar com uma agência, mas eles continuam nos enviando
crianças de 13 anos - disse Cora por cima do ombro enquanto puxava
um vestido da prateleira.

- Hoje tenho dezoito anos. É meu aniversário - disse Mônica


atordoada.

Leigh mediu sua cintura. ─ Você já quis ser modelo,


aniversariante?

─ Minha vida inteira. ─ ela respondeu com um sussurro sonhador.

Cora entregou-lhe um vestido. ─ Este é o primeiro vestido. Haverá


seis trocas de roupa. Leigh irá ajudá-la com as roupas e fazer um estilo
rápido. Seu trabalho é desgastar nossas roupas enquanto eu explico os
projetos e o modelo de negócios para os potenciais investidores.

─ Você pode fazer isso, Mônica? ─ Cora perguntou.

Mônica engoliu o nó na garganta. Isso realmente estava


acontecendo?

─ Mônica? ─ Cora repetiu.

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KRISTA SANDOR
Ela piscou. ─ Sim eu posso fazer isso.

─ VOCÊ É NATURAL, Mônica. Você é mesmo - disse Cora.

A última hora passou em um turbilhão. Um grupo de potenciais


investidores entrou na loja, comeu os doces da avó e, sem saber,
assistiu à neta do padeiro modelar seis vestidos glamourosos. Eles
realmente aplaudiram quando ela saiu no vestido final.

Aplaudida!

─ Isso foi incrível! ─ Mônica disse. ─ Eu não posso agradecer o


suficiente por esta oportunidade. ─ Ela começou a arrumar e pegou a
caixa vazia de doces.

─ Você não vai, não é? ─ Leigh perguntou.

Mônica olhou de Leigh para Cora. ─ Nós terminamos, certo?

Cora colocou a mão no ombro dela. ─ Mônica, quando dissemos


que você era perfeita, não quisemos dizer apenas por hoje.

Leigh assentiu. ─ Você é perfeito para toda a marca. Queremos que


você seja o rosto da Cora Leigh Designs.

O eixo do seu mundo limitado mudou. ─ Como um trabalho?

─ Absolutamente, um trabalho! ─ Cora acrescentou. ─ Não


podemos pagar muito agora. Mas você terá um salário base e
cobriremos todas as viagens, refeições, hotéis e tudo mais relacionado
aos negócios.

─ Quando começa? ─ ela perguntou, ainda cambaleando.

Leigh compartilhou um olhar com Cora. ─ Começou quando você


vestiu o primeiro vestido.

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KRISTA SANDOR
Mônica não conseguia entender tudo isso. ─ Então, e agora?

─ Agora, pegamos um voo de volta para São Francisco. É onde


estamos localizadas - começou Cora - e depois partimos para Paris um
dia depois. Isso nos daria tempo para conseguir um passaporte rápido,
se você ainda não o possui.

─ Paris. ─ Mônica ecoou. ─ Eu poderia estar em Paris em dois dias.

─ Com a mudança do tempo, são mais como três. Mas sim, em


alguns dias você estará na Cidade das Luzes. Você pode até fazer um
piquenique e comê-lo ao lado da Torre Eiffel.

Com a menção de piqueniques, o ar saiu dela como se tivesse


levado um soco.

Gabe.

Os planos deles.

Os sonhos deles.

─ Posso pensar sobre isso? ─ As palavras cortam como cacos de


vidro.

Cora e Leigh trocaram olhares preocupados.

Leigh sorriu. ─ Mônica, as coisas andam rápido na moda. Quando


você está com calor, você está com calor. Temos muita agitação
circulando Cora Leigh agora. Esta é uma grande oportunidade para
você. Queremos que você faça parte disso. Mas não temos tempo para
esperar.

Mônica mordeu o lábio e assentiu.

Cora pegou um pequeno bloco de papel e uma caneta do bolso. ─


Nosso voo não sai até tarde. Encontre-nos no aeroporto. Se você não
estiver lá, saberemos sua decisão. Ela arrancou a folha de papel e

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KRISTA SANDOR
entregou a Mônica as informações da luta. ─ Mas eu espero que você
esteja lá. Eu realmente espero.

Mônica olhou para o pedaço de papel. Depois, dobrou-o com


cuidado e o pressionou no bolso. Ela deixou a boutique atordoada. O
caminho de volta para Langley Park parecia estranho. Todas as ruas e
esquinas que ela conhecia como as costas da mão pareciam
desconhecidas, como fragmentos de uma memória distante. Ela entrou
na Mulberry Drive e viu uma mulher em pé na frente da padaria. Ela
parou o carro e abaixou a janela.

─ Desculpe, estamos fechados.

A mulher se virou. Os olhos dela estavam vermelhos e a pele cinza


pálida, mas Mônica a reconheceu.

─ Mônica, sou eu, senhora . . .

─ Sim. ─ disse ela, interrompendo. ─ Sra. Garza, é tão bom ver


você.

Mônica desligou a ignição e pulou do carro. Como está Vanessa?


Sinto muito por não ter podido visitar. Não recebemos nenhum pedido
há várias semanas.

A Sra. Garza segurou firme um saco plástico. Era do tipo frágil que
você encontra no supermercado. Estava atolado com tecido. Ela apertou
mais a bolsa. Estou aqui pela Vanessa. Eu sei que ela gostaria que você
os tivesse. Esses foram seus últimos projetos.

─ Como assim, os últimos desenhos? ─ Mônica perguntou


enquanto algo frio se arrastava por toda a espinha.

O lábio inferior da Sra. Garza tremeu. ─ Nós a perdemos na


semana passada. Inicialmente, os médicos estavam otimistas, mas seu
corpo rejeitou o coração e ela entrou em parada cardíaca. Tudo
aconteceu tão rápido.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica escovou uma lágrima da bochecha. ─ Sinto muito, senhora
Garza. EU…

Ela não sabia mais o que dizer. Por que ela não foi visitar Vanessa?
Por que o corpo de Vanessa rejeitou o coração? Por que o mundo dela -
que era tão mundano e previsível - agora estava saindo de controle?

─ Aqui. ─ disse a Sra. Garza e entregou-lhe a bolsa de vestidos. O


plástico amassou entre eles. ─ Vanessa adorava desenhar vestidos. Ela
sonhava em torná-lo grande. Use-os e mantenha seu espírito vivo. Siga
seus sonhos, Mônica. Use esse tempo e seja grata por todas as
oportunidades.

─ Eu prometo. ─ respondeu ela, mas a Sra. Garza já havia


começado a descer a rua.

Mônica destrancou a padaria e entrou. Ela fechou a porta atrás


dela e examinou o espaço. Não Gabe. Não Oma. Nenhum dos que
trabalhavam em meio período que ajudavam nos horários de pico. Ela
tentou se orientar, mas era como se sua mente já tivesse transformado
esse lugar em uma lembrança. Ela era uma borboleta olhando para o
casulo e se perguntando como tinha passado de uma vida para outra
em um piscar de olhos.

Ela subiu as escadas e entrou no apartamento. Oma ainda estava


na igreja. A agulha dela estava ociosa na pequena mesa da cozinha.
Gabe estava ajudando Michael. Ele provavelmente não voltaria por
horas. Ela estava completamente sozinha. Ela foi para o quarto e tirou
uma mala debaixo da cama. Ela quase podia sentir o cheiro do ar fresco
da montanha saindo dele. A etiqueta da bagagem tinha o nome e o
endereço do Colorado, todos escritos com a letra do pai. A última vez
que ela usou isso, ela tinha cinco anos pensando que estava a caminho
de uma visita de uma semana com os avós em Langley Park, Kansas.

Ela colocou o estojo na cama, abriu o zíper e esperou que algo


terrível acontecesse. Algo para dizer a ela que ela estava agindo

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
egoisticamente. Algo para dizer a ela que estava fazendo a escolha
errada. Mas tudo ficou quieto. No nevoeiro, ela arrumou os vestidos que
a Sra. Garza havia lhe dado. Ela operou o piloto automático, jogando
uma escova de dentes, uma bolsa de maquiagem e roupas íntimas na
maleta roboticamente.

Ela começou a fechar a bolsa, mas parou. Ela olhou para a


fotografia dos pais na mesinha de cabeceira ao lado da cama. Na foto,
seus pais estavam cercados por vistas deslumbrantes. Suas bochechas
rosadas e sorrisos exaltados disseram a ela que provavelmente haviam
acabado de concluir uma subida difícil. Eles seguiram seus sonhos.
Eles viajaram pelo mundo. O que eles pensariam de uma filha que
nunca se arriscou?

Ela abriu a moldura, removeu a foto e colocou dentro de sua bolsa.


Só então ela estava pronta para fechar. Ela olhou o relógio. Ela teve um
pouco de tempo. Ela poderia pegar o último ônibus de Langley Park e
transferir para uma linha que a levaria ao aeroporto de Kansas City. Ela
torceu o pulso. O encanto de prata da Torre Eiffel tinha funcionado sob
o relógio. Ela abriu o bracelete e levou-o aos lábios. Ela beijou o
amuleto e deixou a pulseira ao lado da moldura vazia.

Ela carregou a mala escada abaixo e colocou a bolsa ao lado da


porta da frente. Ela escutou. Ela esperou. Nada. Nada estava em seu
caminho. Era como se o universo tivesse mapeado essa fuga até o
último detalhe, mas ela tinha uma coisa a fazer. Ela pegou dois
formulários em branco de uma pilha no balcão e sentou-se no escritório
de Oma. No topo da primeira folha, ela escreveu: Querida Oma. No topo
do segundo, Caro Gabe.

ERA TARDE. Gabe ficou mais tempo do que planejara em Sadie's


Hollow. Disse a si mesmo que tomaria um drinque e depois voltaria
para o parque Langley. De volta ao amor de sua vida. Ele quase não viu

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KRISTA SANDOR
nenhum de seus colegas de classe o verão inteiro, e uma conversa levou
a outra. Depois de conversar com velhos amigos, passava das dez antes
que ele percebesse que horas eram. Agora, de volta a Langley Park, era
mais perto da meia-noite e Mônica não havia aparecido em sua janela.
Ele jogou outra pedra no copo e esperou.

Havia uma boa chance de ela ter adormecido. Mal tinham


descansado graças à festa de aniversário da meia-noite. O cansaço
chegaria em breve, mas ele estava voando. Vinte e quatro horas atrás,
Mônica havia dito que o amava. Eles haviam perdido a virgindade um
com o outro. A garota que ele amara de longe o amava de volta.

Ele estava prestes a jogar outra pedra quando a porta dos fundos
da padaria se abriu.

Gabe sorriu. ─ Eu estava preocupado que você dormisse.

Sua excitação ficou em pânico quando se viu cara a cara com Oma.

Apesar da hora tardia, ela não estava de pijama. Oma viveu o lema
cedo para dormir, cedo para se levantar. Ele e Mônica haviam escapado
quase todas as noites naquele verão. Até onde ele sabia, Oma estava
normalmente dormindo a essa altura.

Ela segurou a porta aberta. ─ Entre, Gabriel. Nós precisamos


conversar.

Porra! Porra! Porra!

Ele estava prestes a se desculpar quando se lembrou que Mônica


tinha dezoito anos. Ela foi autorizada a namorar. Esgueirar-se no meio
da noite não parecia bom, mas Mônica era adulta.

Oma o levou para a área de trabalho. Uma lâmpada pendurada


iluminava uma poça de luz dourada. Dois banquinhos estavam um no
canto do outro um no outro. Na mesa, para onde os pratos teriam ido,
se fosse uma refeição, havia dois envelopes.

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KRISTA SANDOR
Gabe olhou ao redor da padaria. ─ Cadê a Mônica?

─ Sente-se. ─ disse Oma e gesticulou para o banquinho.

Seu estômago ficou vazio. A energia que o puxou para este lugar
desde que ele era apenas um garoto se foi. Tudo na padaria que antes
parecia tão aconchegante e quente agora parecia frio e vazio.

O pânico inundou seu sistema. ─ Oma, Mônica está bem?


Aconteceu alguma coisa com ela?

─ Mônica não se machucou. ─ disse Oma. Ela se sentou em um


banquinho e gesticulou para o outro. ─ Por favor, Gabriel, sente-se
comigo.

─ Eu não entendo?

Oma cruzou as mãos sobre a mesa de trabalho. ─ Mônica tem o


espírito de sua mãe. Minha filha, Ingrid, queria voar antes mesmo de
andar. Meu marido e eu queríamos que nossa filha tivesse o sonho
americano. Queríamos que ela fosse feliz. É por isso que deixamos a
Alemanha. Queríamos uma vida melhor. Quando Ingrid foi para a
escola no Colorado, ficamos tristes, mas muito orgulhosos. Nenhum de
nós teve oportunidades como a de Ingrid. Ela estudou geologia. Foi
assim que ela conheceu o pai de Mônica.

Gabe assentiu educadamente. A sensação de vazio em seu


estômago se transformou em uma bola pesada, ferida com incerteza e
ansiedade. ─ Oma, cadê a Mônica? ─ Ele não pôde evitar a captura em
sua voz. Ele não pôde deixar de se lembrar de como isso era quando ele
perguntou ao pai: ─ Onde está a mamãe?

Oma deslizou um dos envelopes para ele. ─ Ela deixou uma carta
para cada um de nós. Eu li o meu depois que voltei da missa.

─ Então você sabe sobre nós? ─ Gabe perguntou. Suas mãos


tremiam.

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─ Sim. ─ disse Oma, sua expressão neutra.

Ele desdobrou a carta e digitalizou a página. Seus olhos não


conseguiam se concentrar. Eles saltaram sobre o papel de forma
irregular. Frases e palavras vieram para ele como balas disparadas de
uma espingarda.

Eu sinto muito.

Paris.

Um trabalho de modelagem real.

Não posso deixar passar esta oportunidade.

Eu prometo escrever.

Eu vou te amar para sempre.

Ele leu a carta várias vezes até não poder ver além das lágrimas
brotando em seus olhos. Ele amassou o papel e apoiou a cabeça nos
punhos. ─ Tínhamos um plano. Eu nunca iria ficar entre ela e seus
sonhos. Eu queria estar lá, bem ao lado dela.

Oma permaneceu em silêncio.

Gabe ficou de pé. Eu posso ir ao aeroporto. Eu tenho que tentar


pelo menos.

─ Ela se foi, Gabriel. O voo dela partiu duas horas atrás.

Gabe passou as mãos pelos cabelos. Sua pele se arrepiou.


Enquanto ele estava em um maldito campo atirando na merda com
seus ex-colegas de classe, tudo o que amava havia desaparecido. Seu
futuro se foi.

Ele bateu com o punho na mesa de trabalho. ─ Eu a deixei


escorregar pelos meus dedos.

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─ Não, Gabriel, você não fez. Mônica nunca foi algo que pudesse
ser mantido ou guardado. Eu pensei que, enviando-a para a escola,
mantendo-a na padaria comigo, eu a estava protegendo. Enterrei minha
filha, meu genro, e logo depois que Mônica veio morar aqui, meu
marido. Eu não poderia perdê-la também. Mas percebo que tentar
segurá-la era como tentar manter a fumaça em uma gaiola. Isso não
pode ser feito.

Gabe balançou a cabeça. ─ Ela poderia ter esperado. Ela poderia


ter falado conosco. Eu teria ido com ela.

─ Este é o sonho dela, Gabriel.

─ Eu pensei que era o sonho dela! Eu pensei que faríamos isso


juntos!

Ele estava gritando. As palavras caíram sobre ele como um


maremoto.

Oma não se mexeu. Suas mãos permaneceram cruzadas sobre a


mesa de açougue. ─ Eu também queria isso, Gabriel.

Ele se virou e a encarou. ─ Você não entende o quanto eu me


importo com ela. Eu amo ela.

Ela segurou o olhar dele. ─ Eu sei que você a ama, porque não foi
você quem jogou o tijolo pela porta da frente.

A respiração ficou presa na garganta. ─ Como você sabe disso?

Oma apontou para o teto. ─ Vi e ouvi tudo lá de cima, Gabriel.


Ouvi as coisas terríveis que o garoto Wilkes disse a Mônica. Ouvi você
vir em defesa dela. Eu assisti você se render à polícia.

Gabe balançou a cabeça. Foi demais. ─ Por que, Oma? Por que
você insistiu que eu trabalhasse para você neste verão? Por que você me
queria aqui?

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A sugestão de um sorriso puxou seus lábios. ─ Eu assisti você
entregar o jornal por muitos anos. Pude ver como você olhava para
Mônica. Na noite em que a porta foi vandalizada, só pude ouvir o garoto
Wilkes, mas pude ver e ouvir você. Você teria feito qualquer coisa pela
minha neta. Você teria feito qualquer coisa para mantê-la segura e sem
problemas. Eu queria isso para ela. Eu queria você para ela.

Gabe caiu no banquinho, fisicamente e emocionalmente esvaziado.

Ele olhou para os nós na madeira. Isso o lembrou dos nós na


árvore onde ele acabara de esculpir suas iniciais. ─ Parece que nós dois
falhamos, não é Oma?

Ela enfiou a mão no bolso e tirou um pedaço de papel. Ela alisou


sobre a mesa. Então cruzou as mãos novamente. ─ É hora de você
encontrar o seu sonho.

Ele soltou uma gargalhada cínica. ─ Eu não tenho sonhos. Volto


carregando caixas para meu pai.

Oma balançou a cabeça. ─ Não, não, você não vai.

─ Minha família não tem dinheiro, não tem conexões. Meu irmão
saiu porque é inteligente e ganhou uma bolsa de estudos. Não sou nada
de especial, Oma. Mônica foi a melhor coisa para um cara como eu.

─ Isso não é verdade. No final da primeira semana na padaria, você


sabia como fazer tudo. Strudéis, biscoitos, bolos, tortas, cupcakes. Tudo
isso. Você viu isso feito uma vez e pode executá-lo perfeitamente.

Ele balançou sua cabeça. ─ Você quer que eu fique aqui e trabalhe
para você? Eu não posso, Oma. Eu mal posso suportar estar aqui
agora.

─ Não, eu não quero que você fique aqui, Gabriel. Como eu disse, é
hora de você encontrar o seu sonho. É assim que você vai fazer isso. ─

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Ela bateu no papel. ─ Você começará um aprendizado de chef em Nova
York.

Gabe soltou um suspiro agudo. ─ Eu nem sei o que é isso.

─ É bastante autoexplicativo. Chefe de cozinha. Aprendiz.

Oma falou devagar, como se estivesse tentando explicar algo para


uma criança.

─ Entendi, Oma. Mas um chef? Eu sei assar algumas coisas. Como


isso se traduz em me tornar um chef?

─ A decisão é sua. Eu assisti você, Gabriel. Você se lembra da


primeira coisa que lhe disse quando estava lhe ensinando a fazer
strudel?

─ Precisão, tempo e atenção à tarefa. ─ respondeu Gabe.

─ Sim, você tem um presente, Gabriel.

─ E o meu pai? O custo de se mudar para Nova York? Tudo, Oma!

─ Feito. ─ respondeu Oma.

─ Quão?

Oma não poderia ter orquestrado uma vida totalmente nova para ele
em apenas algumas horas, poderia?

Ela se inclinou para frente. ─ Quando meu marido e eu viemos da


Alemanha para a América, morávamos na cidade de Nova York antes de
morar em Langley Park. Os padeiros e cozinheiros imigrantes de Nova
York se apoiavam. Fizemos amizade com um talentoso cozinheiro
italiano, Leo Russo. Ele se saiu muito bem e possui vários restaurantes
na cidade. Ele vai patrociná-lo e você será aprendiz em um de seus
restaurantes por três anos. Está aprendendo no trabalho, mas você será
pago. Você também participará de aulas de culinária durante a semana.

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─ Meu pai nunca vai fazer isso.

─ Ele já está de acordo.

O peito de Gabe se apertou. ─ Você falou com ele?

─ Seu pai sente muita dor, Gabriel. Ele mascara-o com críticas e
negatividade. Mas ele te ama. Ele quer que você faça algo de si mesmo.

─ Eu não sei, Oma.

Foi assim que aconteceu com Mônica horas atrás, quando lhe
ofereceram o sonho?

Ela deu um tapinha na mão dele. ─ Você deve fazer isso, Gabriel.
Este é o seu presente. Este é o seu chamado.

Gabe assentiu e olhou para o pedaço de papel. Ele nunca tinha


sido mais feliz do que estava trabalhando na padaria. Malabarizou um
esmalte no fogão, sessenta pãezinhos para encher, e o forno apitou o
tempo todo enquanto trabalhava um lote de massa folhada em
retângulos perfeitos. Ele pensou que adorava, porque Mônica estava
sempre ao seu lado. Talvez ele também gostasse, porque era bom nisso.

Ele levantou o queixo e enxugou a lágrima solitária que escorria


por sua bochecha.

Nada o estava segurando.

─ Obrigado, Oma. Prometo que vou deixar você orgulhosa.

Ela colocou a mão no braço dele. ─ Eu sei que você vai. Mas deixe-
me dar-lhe este único conselho: na cozinha, você não é medido pela
origem ou pelo que possui ou não. Você será medido pelo que faz. Você
será medido pelo quanto você trabalha.

Ele se levantou e se permitiu uma última olhada em torno de The


Little Bakery na Mulberry Drive. Ele inalou o perfume, o perfume de

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Mônica, de maçãs frescas cortadas, canela e especiarias. Ele encontrou
o olhar de Oma. Eles não falaram, mas algo mais forte do que palavras
passaram entre eles. Ele deslizou o pedaço de papel da mesa, colocou-o
em segurança no bolso e se despediu de Langley Park.

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09

Dias de hoje
─ EU fiz isso para você ─ disse Mônica e estendeu um prato de seis
cupcakes perfeitamente gelados.

─ Você não precisava fazer isso.

Mônica sorriu para sua amiga, Jade Adkins. Assar aqueles


cupcakes foi a última coisa que ela fez antes de ser despejada de seu
pequeno estúdio em São Francisco. Ela vendeu todos os seus móveis e
guardou os poucos pertences que possuía no carro.

─ Se eu não me sentisse tão terrível, e se não tivesse uma sessão


de fotos em três dias, eu comeria o prato inteiro. ─ disse Jade e
conduziu Mônica para fora da varanda e dentro de sua casa.

Mônica olhou ao redor da casa modesta de Jade. O lugar tinha


pouco mais de mil pés quadrados, mas provavelmente valia pelo menos
um milhão de dólares. A casa, espremida no bairro Outer Sunset de São
Francisco, pertencia à família de Jade desde o início dos anos sessenta.
Ela herdara dos avós e morava lá sem aluguel. Na cara cidade de São
Francisco, isso equivalia a encontrar o Santo Graal.

Jade sentou no sofá e assoou o nariz. ─ Você pode ficar o quanto


quiser. Sinto muito pelo seu lugar.

Mônica deu um sorriso corajoso. ─ Tenho certeza que as coisas vão


melhorar.

─ Você reservou alguma coisa ultimamente? ─ Jade perguntou,


puxando uma colcha sobre as pernas. ─ É difícil acreditar que já faz
cinco anos desde que te conheci nessa campanha de joias. Nem me
lembro para que companhia era.

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Foi mais de seis anos atrás, quando Mônica conheceu Jade
naquela sessão. Mas ela não queria corrigir a amiga e não queria pensar
em quanto tempo fazia desde que tinha reservado algo grande. ─ Estou
fazendo uma modelagem adequada para algumas empresas. Não é
chamativo. Eu fico lá enquanto eles colocam tecido sobre mim ou
experimentam novas peças para os designers avaliarem.

─ Sem apresentações? Não há campanhas? ─ Jade perguntou,


preocupação nublando os olhos.

Sua carreira, se ela poderia chamá-lo assim agora, começou com


um estrondo. A Cora Leigh Designs subiu rapidamente para o topo.
Durante seus primeiros anos com eles, ela viajou pelo mundo. Ela
caminhou pelas passarelas de Milão, Paris, Nova York e Tóquio. Seu
rosto estava em toda parte, enfeitando anúncios em publicações em
todo o mundo. Os vestidos de vanguarda de Cora e Leigh
impressionaram o mundo da moda até que, um dia, tudo se desfez.

Mônica podia ver sua oma agora, balançando a cabeça. ─ O que


vem fácil. Vá com calma.

Ela ligava para a avó todos os meses. Ela enviara cartões postais e
presentes ao longo dos anos, mas não voltara ao Kansas há mais de
uma década. Ela queria voltar para casa como a estrela brilhante, a
garota que havia realizado seus sonhos. Mas quando a fanfarra da fama
de Cora Leigh desapareceu, ela era apenas mais um rosto bonito
tentando abrir caminho de volta ao mundo da modelagem. Ela não
podia voltar ao Langley Park um fracasso. Depois de tudo o que havia
desistido, seu orgulho era tudo o que restava.

Jade apontou para os fundos da casa compacta. ─ Seu quarto é a


porta logo após o banheiro. Tenho um monte de vestidos que Saks me
deu por esse benefício espalhado por toda a cama. Você pode jogá-los
no armário.

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Mônica assentiu. Ela se sentia como aquela menina órfã de cinco
anos forçada pelas circunstâncias a viver em uma casa que não era
para ser dela. Seu estômago revirou em uma pontada doentia de
decepção e humilhação. ─ Se houver algo que eu possa fazer para
ajudar, eu vou, Jade. Eu posso pagar um pouco de aluguel. Acabei de
vender um monte de minhas coisas.

Jade começou a balançar a cabeça, mas então seus olhos se


arregalaram. ─ Você pode fazer algo para me ajudar. Eu preciso que
você seja eu.

Mônica deu um tapinha na perna da amiga. ─ Você deve ter um


resfriado. Podemos ter a mesma altura, mas não há como eu conseguir
tirar suas ondas louras da Califórnia.

─ Não é para um trabalho, na verdade não. É uma festa.

Mônica inclinou a cabeça para o lado. ─ Você é paga para ir a


festas?

─ Não paga, mas foi assim que conheci as pessoas que me


reservaram para a campanha de sapatos grandes que estou fazendo
agora. Você deveria ir. Apenas diga a eles que você é eu para entrar pela
porta. Isso pode dar um salto inicial para você.

─ Mais uma vez, Jade, não somos parecidas.

Isso não importa. Eu nunca vi as mesmas pessoas em nenhuma


dessas festas. O que está hoje à noite está perto de Palo Alto. É na casa
de algum magnata da tecnologia.

─ Qual? ─ Mônica perguntou.

─ Quem sabe? Esses caras estão caindo do céu por aqui!

Mônica apertou os lábios. ─ Eles não esperam sexo, esperam?

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Jade soltou uma risada que virou tosse. ─ Jesus, Mônica! O que
você pensa que eu sou?

─ Eu não quis dizer que pensei que você era . . .

─ Não, nada disso. ─ Jade disse com uma risada. Ela fez uma
pausa e mordeu o lábio. ─ Você sabe como às vezes os modelos são
contratados para ir a convenções e trabalhar no chão?

Mônica cruzou os braços. ─ Sim, bebês de cabine. Esses são os


piores shows. Todos aqueles arrepiados fingindo se importar com
copiadores ou papel higiênico, enquanto tudo o que estão tentando
fazer é dar uma espiada na sua camisa.

Jade assentiu. ─ Concordo, esses são péssimos! Mas isso é


diferente. Isto é apenas uma festa. Tudo o que eles querem é um colírio
para os olhos. Eu conheci algumas pessoas legais nessas coisas.

─ Para quantos você foi?

─ Eu já estive em cinco deles.

─ Por que você não mencionou isso?

─ É muito quieto. Meu agente conhece alguém que conhece alguém


que conhece alguém. Foi assim que me envolvi. Eu não disse nada,
porque se alguém disser que alguém contratou modelos ou atrizes para
passear em uma festa, as pessoas ficam nervosas. Eles acham que você
quer alguma coisa.

Mônica estreitou o olhar. ─ Você quer alguma coisa.

─ Claro, o jogo não é para parecer que você quer alguma coisa. ─
disse Jade com um sorriso tímido. Ela se sentou no sofá. ─ Nunca fui a
uma festa de tecnologia, mas aposto que são bem mansos. Um monte
de nerds com mais dinheiro do que sabem o que fazer. Você poderia
conhecer algum capitalista de risco que acabou de investir em uma

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revista de moda e agora ele quer você na capa. Traga alguns de seus
cartões de visita. Distribua-os. Quem sabe o que pode acontecer?

Mônica torceu uma mecha de cabelo. Ela tinha cartões feitos com
um tiro na cabeça e suas informações de contato. Ela dera centenas,
mas dificilmente havia mordido. Essa festa pode valer uma chance.

─ Onde fica de novo?

Jade bateu palmas. ─ É apenas uma hora ao sul daqui, perto de


Palo Alto, no vale de Portola. O e-mail dizia para estacionar na estação
central de trânsito de Palo Alto e pegar um táxi para a casa a partir daí.
É assim que costuma acontecer. Eles não querem um monte de carros
estacionados por toda parte.

─ E se eu quiser sair?

─ Você sai. ─ Jade respondeu. ─ Não é como prisão. Ligue para um


táxi, caminhe até uma parada de ônibus, estique o polegar e pegue uma
carona, se quiser. É apenas uma festa, Mônica. Quem sabe, pode ser
uma oportunidade real para você.

MÔNICA ESTACIONOU o carro no estacionamento do Palo Alto Transit


Center. Ela pode ter saído do Kansas, mas ainda dirigia o mesmo carro
que o veículo de entrega de panquecas da avó. Ela nem se incomodou
em desempacotar antes de sair da casa de Jade. Ela poderia deixá-lo
destrancado com as portas abertas, e ninguém nesta área tocaria. Ao
cursar o ensino médio em Mission Springs, ela sabia que os ricos nem
notavam carros como o Subaru, de 15 anos, e o nível de riqueza de Palo
Alto superava até o subúrbio elegante de Kansas City.

O estacionamento não estava ocupado. Era início de agosto. Em


poucas semanas, os estudantes da Universidade de Stanford voltariam
e esse lugar estaria repleto de jovens adultos embarcando em sua

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experiência na faculdade. Mônica se perguntou sobre Courtney. Aqui é
onde ela e Chip deveriam ter frequentado a escola. Como todo mundo
do passado, Mônica perdeu o contato com Court. Ela poderia procurá-la
nas mídias sociais, mas qual seria o objetivo? Ela precisava ver outra
pessoa vivendo a vida dos seus sonhos tanto quanto precisava de um
buraco na cabeça.

Ela saiu do Subaru e alisou as rugas do número de marfim que


Jade lhe emprestara. Era um vestido de brinde da Saks Jade que não
gostava porque ela achava que ele colidia com sua coloração. Mônica
tirou os chinelos em que dirigia e os trocou por um salto, depois enfiou
alguns de seus cartões de visita em um bolso fino costurado no vestido.
Um táxi parou perto da entrada da área de estacionamento. A sorte
deve ter estado do lado dela naquela noite.

─ Para onde, senhorita? ─ ele perguntou.

Portola Valley. Mônica puxou o pedaço de papel da embreagem e


entregou ao motorista.

─ O vale de Portola é um lugar bonito. Você mora lá?

─ Não, é a minha primeira vez em Palo Alto. Eu moro em San


Francisco, mas nunca desço por aqui.

─ Era para ser uma das cidades mais ricas da América. ─


acrescentou.

Mônica assentiu. ─ Estou aqui apenas para encontrar alguns


amigos para uma reunião.

O taxista estava conversando, mas Mônica não precisava de


ninguém, sabendo que ela estava indo para um endereço em que nunca
esteve e estava prestes a se misturar com estranhos.

─ Claro, claro. ─ disse o motorista e ligou o rádio. Ele conseguiu a


foto.

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Quinze minutos depois, era como se eles estivessem em outro
mundo. Colinas arrebatadoras e folhagem espessa os cercavam
enquanto o táxi subia as ruas estreitas de Portola Valley. De vez em
quando, Mônica vislumbrava uma mansão aninhada em sua própria
fatia de vinte acres do paraíso da Califórnia.

─ É isso aí. ─ disse o taxista, parando em um passeio fechado. Ele


assobiou. ─ Você vai olhar para isso.

─ O que? ─ ela perguntou.

Ele apontou pela janela. ─ Você está na casa no topo do mundo. A


partir daqui, você olha para o Vale do Silício e as colinas de East Bay.
Um lugar bastante para se encontrar com amigos.

Ela assentiu educadamente. O sol estava começando a se pôr,


lançando a paisagem em um brilho dourado. Ela olhou para a casa. Um
homem de terno com um iPad estava ao lado de uma porta lateral
adjacente a um imponente portão de ferro.

─ Você gostaria que eu esperasse até você entrar? ─ o motorista


perguntou.

Ele podia sentir sua apreensão?

Ela apertou ainda mais a bolsa. ─ Não, eu estou bem.

Ela notou um ponto de ônibus na estrada. Se ela precisasse sair e


não pudesse pegar um táxi, é para onde ela iria. Ela soltou um suspiro
trêmulo. Foi apenas uma festa. Ela foi a centenas deles no auge de sua
carreira.

Ela pagou o motorista do táxi e sorriu para o homem no portão.


Sua expressão permaneceu neutra. Geralmente, os homens ficavam
com a língua presa ao redor dela, mas esse cavalheiro era só negócio.

─ Nome?

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─ Jade . . . Jade Adkins.

Ela tentou novamente e deu a ele o sorriso que ela usava para
partir corações, mas esse cara poderia muito bem ter sido uma parede
de tijolos. Sem palavras, ele abriu o portão e ficou de lado. Mônica
passou e passou os braços em volta do corpo. Estava frio esta noite. O
ar zumbia com os sons da natureza à noite, exatamente como quando
ela perdeu a virgindade com Gabe Sinclair, cercado por velas, escondido
atrás das mantas de árvores no Jardim Botânico de Langley Park.

Ela balançou a cabeça. Mais de uma década depois que ela o


deixou, sussurros daquele homem ainda encontravam seu caminho em
sua vida. O caminho era curvo, e um gigante de uma casa apareceu na
sua frente. Esta casa maravilhava qualquer mansão em Mission
Springs. A estrutura moderna possuía varandas ao ar livre e mais
janelas do que ela podia contar. Uma piscina quase do tamanho do lago
Boley ficava ao lado de uma cabana que poderia abrigar
confortavelmente várias famílias.

Outro homem com um iPad a encontrou na porta da frente.


Adkins?

Ela assentiu e entrou na casa. As pessoas estavam por toda parte.


Jade estava certa. Você não sabia dizer quem foi pago para estar lá.
Havia muitas mulheres bonitas, mas havia tantos homens atraentes.
Talvez isso não fosse ser tão ruim?

Uma mulher carregando uma bandeja de champanhe passou e


Mônica pegou uma taça para si mesma.

─ Um pouco borbulhante para relaxar. ─ ela sussurrou.

─ Nervosismo antes da festa. ─ veio a voz de um homem.

Mônica se virou e sorriu. ─ Algo parecido.

Esse poderia ser o capitalista de risco dela?

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O homem era bonito na Califórnia, loiro e bronzeado.

─ Eu sou Greg, e você é?

─ Alguém que adoraria ver mais da casa. ─ Mônica disse e


presenteou Greg com seu sorriso matador.

─ Posso ajudar com isso. Esta é a casa do meu amigo. Eu sei isso
bem. ─ Ele gesticulou para ela andar na frente dele.

Ela notou que ele estava usando um anel, mas não era um anel de
casamento. Parecia algum tipo de anel de classe com um desenho de
árvore. Ela não tinha certeza de quem era esse Greg, mas a natureza de
apoio lhe deu pontos em seu livro.

Greg a conduziu pela casa palaciana. Ele mostrou a ela todas as


suas características extravagantes, desde o cinema até a adega, a
academia e a sauna. Eles saíram e admiraram a piscina. Estavam de pé
na grama e nenhum outro festeiro se aventurara por ali.

─ O que você acha? ─ ele perguntou.

─ É lindo. Ela não estava mentindo. Ela olhou para a piscina. O sol
havia se posto e o quintal estava completamente escuro. Somente a
piscina, iluminada por luzes subaquáticas, brilhava azul elétrico contra
o céu noturno.

Greg inclinou-se para ela. ─ Vou te contar o que é lindo.

Ele descansou a mão nas costas dela. Ela não se importou com o
gesto até que ele deslizou alguns centímetros mais abaixo e agarrou
suas nádegas.

Mônica ficou rígida. ─ Por favor, tire sua mão da minha bunda.

─ O gatinho está ficando chateado. ─ disse Greg, apertando com


mais força.

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─ Eu não vou pedir de novo. ─ ela avisou, baixando a voz. Ela
queria que essa criatura soubesse que ela estava falando sério, mas não
queria manchar a reputação de Jade se esse cara tentasse descobrir
quem ela estava fingindo ser.

─ Não é por isso que você está aqui? Uma pequena boceta para a
multidão de tecnologia.

Ela deslizou a mão em cima da dele, agarrou um dos dedos e


torceu.

─ Puta. ─ Greg assobiou e jogou um revés. Isso a atingiu no lado


do rosto. Não foi um golpe duro, mas o anel dele arranhou ao longo de
sua bochecha.

Ela recuou alguns passos e sua mão voou para sua bochecha.
Sangue pontilhava as pontas dos dedos. Ela olhou em volta loucamente.
Greg não tinha ficado por perto. Ele já estava no meio da escada,
voltando para a festa.

─ Droga. ─ ela disse e pressionou as pontas dos dedos contra a


bochecha para tentar parar o sangramento.

Esta noite acabou. Ela precisava encontrar um lugar privado para


limpar. Então ela ligaria para um táxi. A cabana estava escura e sem
vida ao lado da piscina. Ela se abaixou e saiu de seus calcanhares,
depois se dirigiu. Estava quase escuro como breu. Entre as árvores e o
paisagismo, ninguém a notaria atravessando o quintal. Ela agarrou a
maçaneta e se virou. Felizmente, foi desbloqueado. Ela apertou o
primeiro interruptor que pôde encontrar. Uma luz no canto mais
distante do espaço ganhou vida, e ela olhou em volta. A cabana era
essencialmente uma grande sala de festas com sofás e mesas. Uma
porta na parte de trás da estrutura estava entreaberta. O contorno de
uma cortina de chuveiro chamou sua atenção.

Um banheiro!

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Ela soltou um suspiro aliviado. Esta seria sua última parada e
então ela poderia sair.

Ela entrou, fechou a porta e acendeu a luz.

Ela pegou um lenço de papel, mas congelou quando se pegou no


espelho. Isto é quem ela era. Era uma vez, ela foi fotografada para
revistas. Agora, ela estava em um banheiro aleatório tirando sangue do
rosto depois de ser empurrada por algum idiota. Ela puxou o lenço de
volta e avaliou seu rosto. O corte mal foi um arranhão. Não houve
nenhum dano real. Estava na hora de chamar um táxi. Ela abriu a
bolsa para pegar o celular quando um par de vozes veio do lado de fora
da porta do banheiro.

─ Por que as luzes estão acesas? Supõe-se que seja uma reunião
privada. Você sabe que eu não posso sair assim - veio a voz baixa de um
homem. Ele tinha sotaque. Parecia leste europeu ou russo. Ela não
conseguiu identificar.

─ Tenho certeza de que este local é seguro. Você sabe que tem que
ser assim - veio a voz de uma mulher.

Mônica ficou imóvel. O que ela deveria fazer? Ir embora? Diga que
ela se perdeu?

─ Eu preciso mijar. ─ o homem bufou.

Mônica olhou em volta. O banheiro não era grande. Ela pulou para
trás da cortina do chuveiro e prendeu a respiração.

O homem entrou, tirou o casaco esportivo e pendurou-o no gancho


da porta. Mônica espiou pela cortina, mas só conseguiu ver um perfil
parcial. O homem tinha mais ou menos a idade dela. Ele tinha um nariz
arredondado e uma leve cicatriz rosa que corria pela lateral da
bochecha. Ele terminou com o banheiro. Quando ele lavou as mãos, ela

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notou que ele usava um anel semelhante ao que ela vira no idiota, Greg.
Brilhava na luz.

─ Lex, está quase na hora. ─ a mulher chamou.

─ Ok, ok. ─ ele retrucou com seu forte sotaque e saiu sem a
jaqueta.

Mônica ficou no chuveiro e ouviu. A mulher começou a falar com


esse Lex em voz baixa. Esses dois estavam aqui para ligar? Ela teria que
ouvi-los fazer sexo? Ela soltou um suspiro. O que quer que eles
estivessem aqui, ela teria que esperar - ou não. Ela olhou para cima. O
chuveiro exibia uma janela. Ela ficou de pé, colocou as mãos sobre os
olhos e olhou para fora. A área atrás da cabana era arborizada, mas se
fosse necessário, ela poderia sair. Tão gentilmente quanto pôde, ela
levantou a fechadura. Não doeria estar pronta para sair dali no segundo
em que ela teve a chance.

Outra explosão de som chamou sua atenção. A porta da casa da


piscina se abriu e mais vozes masculinas encheram o espaço.

─ É melhor que valha nossa merda de dinheiro. ─ veio a voz de um


homem. Parecia familiar, mas ela não conseguiu identificar.

─ Você tem o que queremos? ─ outro homem perguntou. Sua voz


estava mais alta. Ele parecia nervoso.

O homem com sotaque soltou uma risada baixa e sinistra. ─ Se


você é meu melhor concorrente, sairá com ele hoje à noite. Você sabe
que eu sou o melhor do mundo. Eu invadi todas as grandes empresas
americanas. Meu ransomware não pode ser rastreado. Se quisesse,
podia ver todos os segredos da sua empresa.

─ Acho que temos sorte de você estar do nosso lado. ─ respondeu o


homem com voz alta.

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─ Vamos ver se você é meu maior lance. Há outro jogador neste
jogo. Preciso mandar uma mensagem para ele e ver se ele quer superar
sua oferta.

A sala ficou em silêncio até um telefone celular tocar. O tom pairou


no ar como fumaça.

Antes que Mônica pudesse piscar, um estalo agudo ressoou por


toda a casa da piscina.

Tiros?

Ela puxou a cortina para o lado e olhou para a porta. Por um


momento, o mundo parou. Ninguém na sala principal disse uma
palavra. Mônica olhou para baixo. Uma espessa piscina de vermelho
afiou sob a porta e manchou os azulejos brancos de mármore Carrara
do banheiro.

Vozes irromperam, baixas e ansiosas.

─ Que porra vamos fazer agora? ─ um homem latiu. ─ Nós não


concordamos com isso!

─ Ele estava indo nos trair. Foi a nossa única escolha. Eu tenho
isso coberto. Ninguém saberá o que aconteceu.

Um grito de dor vibrou contra a porta do banheiro.

Mônica apertou as mãos na boca. Ela não conseguia tirar os olhos


do sangue na entrada do banheiro. Ela olhou para a janela. Ela teve
que sair dali. Quem quer que fossem essas pessoas, estavam
desesperadas o suficiente para matar. Ela olhou para o vestido de
marfim. Ela precisava se esconder. Mesmo no escuro da noite, o vestido
branco a tornaria um alvo fácil. Ela saiu do chuveiro e tirou o casaco
esportivo do gancho. Um calafrio passou por ela quando ela vestiu a
roupa e agarrou sua embreagem.

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KRISTA SANDOR
Ela estava vestindo o casaco de um homem morto? Ela não sabia e
não tinha tempo para se importar.

Ela se moveu em direção à janela, mas congelou quando as vozes


captaram.

─ Onde fica o caminho? Ainda precisamos disso.

Mônica abotoou o casaco e voltou para o chuveiro. Algo bateu


contra a porta do banheiro. Ela se assustou e derrubou uma garrafa de
sabonete. Rolou para frente e para trás dentro da banheira enquanto o
medo rasgava seu peito.

─ Quem diabos está no banheiro? ─ veio uma voz.

A adrenalina correndo por suas veias assumiu o controle. Ela abriu


a janela e pulou para fora assim que a porta do banheiro se abriu.

Quem é esse? Quem é esse? a mulher chamou.

Mônica não olhou para trás. Ela desceu a encosta descalça,


desviando de árvores e arbustos espinhosos.

─ Tem uma estrada! Há uma estrada! ela sussurrou para si


mesma.

Ela teve que pensar. Ela tinha que ser esperta. A vida dela
dependia disso. O táxi subira. Se ela seguisse em frente, acabaria
pegando a estrada. Ela continuou andando. Ela não ouviu ninguém
atrás dela, mas isso não significava que alguém não estava a caminho.
Só então, ela ouviu algo, e um conjunto de faróis cortou a noite. Ela se
escondeu atrás de uma árvore, mas quase começou a chorar quando
viu que era um ônibus.

Ela correu para a estrada e acenou com as mãos. ─ Pare! Por favor!

O ônibus parou na frente dela. Ela correu para a porta. ─


Obrigado! Eu preciso seguir em frente!

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O motorista olhou-a de cima a baixo e parou aos seus pés
descalços. ─ Querida, a parada é logo ali. Claro, você pode continuar.

Mônica olhou para o recinto ao lado da estrada.

O motorista estreitou o olhar. ─ Ligado ou desligado? Estou dentro


do cronograma.

Mônica olhou para trás. Ninguém estava lá. Ninguém a seguiu. ─


Eu preciso chegar à estação de trânsito de Palo Alto.

─ É seu dia de sorte. É para onde estamos indo.

Mônica pagou a tarifa e sentou-se. Felizmente, o ônibus estava


vazio.

Ela apertou as mãos em punhos. Ela precisava pensar. O que


acabou de acontecer? Aquele Lex estava morto ou ele estava ferido? Ela
tinha que contar a alguém, certo? Chame a polícia. Ela tentou diminuir
a respiração. Ela encontraria um telefone público. Ela poderia ligar
anonimamente. Mas primeiro, ela precisava voltar para o carro e sair de
Palo Alto.

O ônibus parou e ela olhou para cima.

─ Estação Central de Trânsito. ─ o motorista chamou.

Mônica piscou. Era como se o tempo estivesse entrando em


colapso. É apenas um choque. Você está em choque - ela sussurrou.
Ela agarrou sua embreagem e desceu do ônibus.

Ele se afastou e ela viu as luzes traseiras desaparecerem na noite.

Isso tudo foi um sonho?

Ela olhou para os pés descalços. Jade tinha pintado as unhas dos
pés de algodão doce de rosa antes de sair, mas agora seus pés estavam
cobertos de lama e terra. Ela apertou o casaco esportivo contra o corpo

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e correu em direção ao estacionamento. Ela encontrou o carro e
trancou-se dentro.

Foi quando isso a atingiu.

Seu peito arfava com grandes soluços de medo e alívio. Ela


encostou a testa no volante e as lágrimas escorreram pelo rosto.

Uma batida repentina na janela do carro provocou uma nova onda


de pânico em seu corpo. Ela levantou a cabeça e viu um buquê de
girassóis. Um homem se abaixou. Mônica não conseguia respirar. Esse
era um dos homens desta noite? Ela nem saberia. Ela não tinha posto
os olhos em nenhum deles.

─ Você está bem?

Mônica usou as costas da mão para limpar as bochechas. Ela


assentiu. O cara não parecia ameaçador, mas ela não estava prestes a
rolar a janela.

─ Você precisa de ajuda? ─ ele perguntou.

Ela balançou a cabeça, mas não fez contato visual com ele. Ela não
conseguia desviar o olhar dos girassóis.

─ Tudo bem, então. ─ disse o homem e caminhou em direção à


plataforma onde outro ônibus havia entrado.

Mônica manteve o olhar fixo nas flores. O homem deu o buquê a


uma mulher que havia descido de um ônibus. O casal feliz se abraçou e
a mão de Mônica foi para o medalhão. Um tornado de memórias girou
em sua mente. Os pais dela. Oma. Gabe. Ela pensou no padrão de
girassol preto e branco no vestido que Vanessa lhe dera e soltou outro
soluço apertado. Seus dedos se moveram do medalhão e deslizaram
pela corrente. Ela parou quando bateu nos solavancos. O local que
Gabe havia se dobrado todos esses anos atrás.

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Ela abriu a bolsa, pegou o telefone e discou o número de Jade. A
ligação foi para o correio de voz. Ela engoliu em seco pelo nó na
garganta. ─ Jade, é Mônica. Obrigado por se oferecer para me deixar
ficar na sua casa, mas fiz outros planos. Ela fez uma pausa. O silêncio
se estendeu enquanto ela olhava para os girassóis. Estou saindo de São
Francisco. Eu estou indo para casa.

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─ Gabe! Chef Sinclair! Mais uma pergunta!

Gabe observou o bando de câmeras e repórteres que se


amontoavam à sua volta na entrada dos fundos do mais quente bistrô
mediterrâneo da cidade de Nova York, Bread and Vine.

Seu representante de relações públicas, Corbyn Howell, levantou


as mãos. ─ O chef não responderá mais perguntas. Todos vocês terão
que ficar atentos. Estaremos lançando um comunicado de imprensa
sobre seu possível novo show e aparições públicas. Como você sabe, a
turnê de livros do chef acabou de terminar e seu livro de receitas mais
vendido está disponível em todos os lugares.

Corbyn, que estava bem mais baixo que Gabe, manteve a porta
aberta enquanto a imprensa os enchia de perguntas.

─ Como é ser nomeado o solteiro mais qualificado do mundo da


culinária?

- A página seis diz que você está namorando uma modelo da


Victoria's Secret. Você pode confirmar isso?

Ele havia retornado à cidade após uma turnê de autógrafos e


gravando um local em Londres para um programa de culinária
britânico. Ele se inclinou na direção de Corbyn. ─ Onde eles conseguem
essa merda?

─ Quem se importa? ─ Corbyn sussurrou de volta. ─ É bom ter as


abelhas zumbindo por aí. Isso significa que você está fazendo algo certo.

Gabe tinha chegado a esta cidade como ninguém. Um garoto de


olhos arregalados do Kansas que poderia nocautear um strudel. Pouco
mais de uma década depois, ele era um chef certificado, tinha um livro

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de receitas mais vendido e era co-proprietário do sucesso e sucesso
Bread and Vine.

Os três anos de aprendizado e os anos subseqüentes trabalhando


com o aclamado chef Leo Russo haviam passado em um borrão de
sangue e suor. Trabalhando como aprendiz, ele passou milhares de
horas na cozinha. O chef Russo esperava perfeição e não teve vergonha
de expressar seu descontentamento. Ao longo dos anos, Gabe enfrentou
muitas amarras de língua de seu exigente mentor. Mas com o passar do
tempo e as habilidades culinárias de Gabe floresceram sob a instrução
de Russo, ele rapidamente subiu na hierarquia da cozinha para sous
chef e depois para chef executivo.

Ele viajou com o Chef Russo para Espanha, França e Itália. Nessas
viagens, ele aprendeu com os mestres da culinária mediterrânea. Ele
podia fazer macarrão como uma velha avó italiana. Ele havia dominado
a delicada arte de preparar um molho francês Béarnaise e podia
desossar uma galinha em menos de dois minutos, com os olhos
vendados.

Três anos atrás, Gabe havia sido convidado para o Food and Wine
Classic em Aspen, Colorado, onde os melhores da culinária
trabalhavam com os dedos na culinária criativa, emocionante e de dar
água na boca. Aqui, ele foi nomeado melhor novo chef e sua carreira
disparou. Ofertas de redes de culinária e editores de livros de receitas
foram lançados. Todo mundo queria um pedaço do belo chef. Uma
aparição em um programa de culinária se multiplicou em spots
regulares na televisão, e o New York Times fez uma peça sobre ele que
resultou em ofertas para ele cozinhar em todo o mundo.

Gabe passou a mão sobre o queixo e sentiu o arranhão. Ele veio


direto do aeroporto. Com sua agenda irregular, fazia algumas semanas
desde que ele pisara em Bread and Vine. A princípio, Leo apoiara a nova
fama de Gabe. O restaurante foi reservado há mais de seis meses. A
presença de celebridades acontecia quase todos os dias em seu

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restaurante. Mas quando ele falou pela última vez com seu mentor, a
ligação não terminou bem.

Leo o acusara de perder a mise em place4. A mão de Gabe foi


reflexivamente para o seu coração, onde ele tinha essas palavras exatas
tatuadas em sua pele. A frase culinária francesa significa colocar em
prática. Para o observador casual, mise en place pareceria uma
cozinheira com todos os componentes necessários para preparar um
prato específico ordenadamente na frente dele. Mas no mundo da
culinária, essas três palavras tinham uma qualidade sagrada e zen.

As melhores cozinhas são executadas como máquinas militares


bem oleadas. Há uma hierarquia. Há uma ordem. E você não brinca
com o erro de alguém.

Na cozinha, o tempo é precioso. Cada minuto deve ser


contabilizado. Todo movimento deve ser preciso. A partir do momento
em que a primeira ordem chega, toda pessoa tem um emprego, uma
função. Você não é mais um indivíduo, mas parte de todo um coletivo,
uma colmeia, uma única mente. Não há espaço para brincadeiras ou
brincadeiras. Não significa apenas ter tudo o que você precisa em um só
lugar. Significa ter o foco, concentração total ao executar uma tarefa
específica. Mise en place é um modo de vida em que ordem, precisão e
perfeição reinam supremas.

Mise en place foi como Gabe escapou de Mônica Brandt.

Ele tomou cada gota de emoção, a agonia e êxtase, e colocá-lo em


sua Mise. O impulso que ele tinha por ela mudou para o mundo da
culinária. A atenção que ele dera à curva de seu pescoço e ao brilho de
seus olhos azuis, ele passara horas a cortar, refogar e chapear. Sempre
que seu rosto brilhava em sua mente, sempre que um cheiro de canela
chamava sua atenção e o levava de volta à The Little Bakery, em

4
Termo francês que significa “pôr em ordem”

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Mulberry Drive, ele dobrava sua atenção na tarefa. Seu mise em place,
seu foco intenso, seu desejo imparável de aperfeiçoar um prato é o que
lhe trouxe os elogios e o sucesso.

Um fotógrafo descarado deu um passo à frente e levantou a


câmera. O flash disparou a centímetros do rosto de Gabe. Manchas de
branco, rosa e azul embaçavam sua visão. Ele levantou a mão para
proteger os olhos.

─ Há relatos de que, devido à sua ausência, a qualidade do Bread


and Vine diminuiu. Você quer responder a esses comentários?

Gabe piscou, e seus olhos voltaram ao normal. ─ Claro, eu vou


responder.

Os repórteres empolgados pararam.

Gabe ergueu a mandíbula. ─ Vocês todos podem se foder. Bread


and Vine é o melhor porque eu fiz o melhor.

Flashes explodiram em um frenesi de luz. Os repórteres gritaram


perguntas, e o som de suas vozes se misturou em um cobertor alto e
barulhento de barulho.

Gabe deu as costas para o corpo a corpo e entrou na cozinha com


Corbyn nos calcanhares.

─ Isso foi adorável. ─ o representante de relações públicas disse


secamente. Ele nem se incomodou em olhar para o que estava fazendo
no telefone.

Um músculo se contraiu na mandíbula de Gabe. ─ Você sabe


quantos jantares de caridade eu cozinhei no último mês? Você sabe
quantos pontos eu gravei? Você sabe quantas malditas milhas voei?

O olhar de Corbyn ficou trancado no telefone. ─ Oito, treze, e


aquele que você terá que pegar na companhia aérea.

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Gabe soltou um suspiro apertado quando algo afiado picou em seu
peito. Ele não podia negar. Ele gostou dos holofotes. Ele gostava de
pessoas correndo atrás dele. Ele deixou Corbyn e entrou. Ele lavou a
louça, vestiu o branco do chef e entrou na cozinha. A cadência familiar
da rotina de ligar e voltar aumentou sua consciência. A excitação do
serviço de jantar em uma movimentada sexta à noite o percorreu como
fogo queimando um rastro de querosene.

─ Pedir. Tabela de quatro. Por favor, acenda quatro costeletas de


cordeiro.

─ Esta mesa faz quatro ovos de couve-flor e quatro de codorna.

─ Quatro costeletas de cordeiro. Couve-flor quatro. Quatro ovos de


codorna.

Gabe examinou a linha. Sous chefs estavam montando entradas


principais. Os corredores pegavam pratos de um lado para o outro
enquanto os garçons esperavam que seus pratos fossem limpos na
passagem.

─ Eu tenho seis polvos.

─ Seis polvos.

─ Corredor de comida, por favor.

─ Seis polvos para a mesa vinte e dois.

─ Vinte e duas caminhadas.

Gabe puxou uma lista do bolso de trás. Ele fez algumas alterações
no menu enquanto estava fora. Ele havia enviado um e-mail para seus
sous chefs, mas quando olhou para os pratos na passagem, a louça não
era o que ele havia planejado.

─ Eddie. ─ disse Gabe, abordando um de seus sous. ─ Onde diabos


está a garoupa?

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Alto e rijo, Eddie manteve a cabeça baixa enquanto banhava polvo
envolto em presunto serrano. ─ Chef, houve um problema com a
garoupa.

─ Porra, sim, eu diria que houve um problema. ─ respondeu Gabe.


─ Eu disse especificamente para você colocar a garoupa no cardápio.

─ Chef, eu estava no mercado de peixe hoje de manhã e achei que


o salmão parecia melhor. Eu te enviei um email. Não tive resposta,
então decidi fazer a alteração.

Gabe rangeu os dentes. Ele não olhava para o telefone desde que
saíra do maldito avião. Ele sacudiu Eddie e caminhou até o pires
mexendo algo em uma panela de cobre no fogão. ─ O que é isso?

─ Chef, é o molho bechamel de limão. ─ respondeu a mulher.

Gabe franziu a testa. A raiva pulsou em suas veias. ─ A manteiga


está queimando, porra. Você não pode queimar a manteiga em um
bechamel. Isso vai estragar o sabor. Jogue fora. Recomeçe. ─ Ele olhou
ao redor de sua estação. ─ Isso deveria ser bechamel de limão. Onde
estão seus malditos limões?

A mulher abaixou a cabeça. ─ Desculpe, chef.

─ Não perca tempo se desculpando! Faça certo! Onde diabos você


pensa que está? Algum caminhão para no meio do nada? Isso é porra
de pão e videira.

─ Sim, chef, eu vou pegar os limões. ─ disse a mulher e correu em


direção à geladeira.

─ Chefe de cozinha? ─ um pequeno servidor com cachos loiros


apertados chamou. ─ A mesa dezesseis mandou o salmão de volta. Eles
disseram que não estava cozido ao seu gosto.

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Gabe pegou o prato e avaliou o prato. ─ Talvez eu não tenha
querido salmão no cardápio hoje à noite, mas está cozido perfeitamente.
─ Ele olhou para o servidor. ─ Qual mesa você disse? ─

Os olhos dela se arregalaram. ─ Dezesseis, chef.

Gabe pegou o prato e passou pela porta para a sala de jantar.

Enquanto a parte de trás da casa era todo movimento frenético e


ação contínua na parte da cozinha do restaurante, na área de jantar ou
na frente da casa, era relaxada e serena. Os servidores desarrolharam
garrafas de vinho e esperaram para servir enquanto os convidados
assentiam em aprovação. Hostess vestidas de preto flutuavam pelos
corredores, guiando os clientes para mesas vestidas de marfim e
cobertas com um trio de velas. A sugestão de violão flamenco pairava no
ar. As conversas fluíram juntas em um zumbido melódico de vozes que
se misturavam com o tilintar de utensílios.

Gabe fixou o olhar na mesa dezesseis. Prato na mão, ele abriu


caminho pela área de jantar. Ele ouviu os suspiros familiares quando os
clientes o reconheceram. Várias pessoas seguraram seus telefones e
tiraram fotos. Na maioria das noites, ele teria parado e posado com os
convidados, mas não hoje à noite. Depois de cozinhar uma degustação
de seis pratos em Londres, pegar um voo para Nova York e depois
seguir direto para Bread and Vine para o jantar, ele não estava com
disposição para interpretar o Sr. Hollywood Chef.

Ele parou na mesa dezesseis e um jovem casal sorriu para ele. A


mulher tinha longos cabelos pretos e franja que varria a testa. Gabe
piscou e olhou para ela. É claro que não era Mônica, mas aquele
maldito preto como o cabelo da noite e a franja cortam diretamente as
bordas escuras de sua mente.

O lembrete amargo de que ele não era suficiente.

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Toda a comunidade culinária o abraçou. Ele tinha um livro de
receitas mais vendido. Ele tinha produtores clamando para reservá-lo
para visitas. Ele tinha redes de culinária lançando ideias para shows.
Ele até tinha uma empresa de roupas íntimas pedindo para ele posar
para uma campanha publicitária. Ele era mais do que suficiente para
todos no mundo inteiro. Mas não para ela. Ela nem tinha pensado que
ele teria largado tudo de bom grado e ido com ela a Paris para que ela
pudesse perseguir seus sonhos.

Um tiro de humilhação queimou através dele. Ele olhou para o


companheiro da mulher. Um cara de rosto redondo e centro-oeste, o
bastardo poderia ter sido uma relação perdida de Chip fodendo Wilkes.

Seu pulso acelerou.

Ele olhou em volta para o restaurante - seu restaurante. Os pratos


que ele aperfeiçoou foram alterados. O revestimento em que ele insistira
havia sido ajustado. Calor e fúria queimavam dentro dele. Em seu
patético desejo de ser adorado na infância, ele se espalhou demais. Em
seu esforço juvenil para mostrar a Mônica que ele havia crescido, havia
perdido o centro.

E o pior de tudo, ele havia negligenciado seu erro .

─ Esse é o meu peixe? Você consertou? a mulher perguntou.

Perdido confrontando os fantasmas de seu passado, Gabe deixou


cair o prato sobre a mesa ao som da voz da mulher. Isso estrondou. Um
estrondo alto e estridente que ecoou por todo o bistrô. Gabe olhou para
o prato, a raiva crescendo em seu peito. Um talo de aspargos caiu
frouxamente sobre a toalha de mesa branca enquanto o peixe ficava
rosado e culpado no prato.

A mulher engasgou e o restaurante parou.

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Gabe cruzou os braços. ─ O salmão está cozido perfeitamente. Eu
mesmo verifiquei.

─ Não, não é. ─ disse a mulher. Sua voz era fina, mas firme.

─ Sim, é. ─ ele latiu de volta.

Gabe nunca brigou com um convidado. Restaurante 101: o cliente


está sempre certo.

Você quer aquele bife cozido a menos de um centímetro de ser


comestível? O prazer é meu.

Você quer sete cubos de gelo e duas fatias de limão no refrigerante


do seu clube? Seu desejo é uma ordem?

Hoje à noite, no entanto, algo havia substituído suas


sensibilidades. Hoje à noite, ninguém conseguiu rejeitá-lo. Esta noite,
era o caminho dele ou a estrada. Pegue ou deixe, porra!

─ Gosto do meu salmão cozido muito, muito bem. Eu disse isso ao


garçom - respondeu a mulher.

─ Se você quisesse salmão seco, existem cerca de cem restaurantes


da cadeia para onde ir. ─ rosnou Gabe. ─ Na Bread and Vine,
preparamos o salmão da maneira como deveria ser cozido.

Os lábios da jovem tremeram. ─ Mas não era isso que eu queria.

O encontro da mulher se levantou. ─ Esperamos meses para comer


aqui. Esta é uma noite importante para nós. Eu gostaria de ver o
gerente. Isso é inaceitável!

─ Sou o chef e sou o proprietário. O salmão é fodidamente perfeito.


Ela pode comer ou vocês dois podem sair.

Um suspiro coletivo envolveu o restaurante.

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Gabe olhou ao redor da sala. Ninguém mexeu um músculo, mas
todo mundo estava segurando o telefone, gravando sua birra.

Uma garçonete bateu no ombro dele. ─ Chef, você é necessário na


cozinha.

Ele olhou para o jovem garçom com seus cachos loiros apertados.

Jesus, o que ele estava fazendo?

Ele olhou fixamente para ela.

Ela deu um sorriso fraco. ─ Disseram-me que é bastante urgente,


chef.

Gabe olhou de volta para o casal. A mulher estava chorando em


seu guardanapo enquanto seu encontro tentava consolá-la. Uma caixa
de anel estava aberta e vazia sobre a mesa, e uma pulseira de ouro com
uma minúscula lasca de diamante brilhava no dedo da mulher.

O jovem olhou para ele. Seus olhos ardiam quentes. ─ Você


arruinou esta noite para nós. ─ Ele pegou a caixa do anel e ajudou sua
noiva a ficar de pé. O casal invadiu o bistrô e saiu pela porta. Uma
anfitriã atormentada olhou de um lado para o outro entre Gabe e a
entrada enquanto mais clientes saíam pela porta, balançando a cabeça
em desgosto.

GABE SE INCLINOU sobre uma pilha de faturas enquanto trabalhava


na montanha de papéis e perguntas que haviam pousado em sua mesa
enquanto ele estava fora. Ele esfregou o pescoço, recostou-se na cadeira
e olhou pela janela do escritório para a cozinha. O tilintar das panelas e
o barulho da máquina de lavar louça industrial zumbiram quando a
equipe limpou o local após o jantar. Uma batida rápida na porta
fechada chamou sua atenção.

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─ Entre.

Após sua explosão, ele se retirou para cá, cercado por horários e
listas de fornecedores.

─ Parabéns. ─ disse Corbyn. Ele olhou para o telefone e o enfiou no


bolso do peito.

Gabe recostou-se na cadeira e cruzou os braços. ─ Deixe-me


adivinhar. O casal voltou e pediu desculpas por enviar um prato
perfeitamente cozido de volta para a cozinha.

─ Não, meu amigo, acredite ou não, você nem sempre anda sobre a
água. ─ Os lábios de Corbyn se curvaram em um sorriso irônico. ─ Mas
você se tornou viral.

─ Foda-se. ─ Gabe disse respirando fundo.

Corbyn pegou o telefone e estendeu para ele ver. ─ Chef gostoso


tem um chilique─ . Essa deve ser a minha favorita.

Gabe balançou a cabeça. ─ Eu gostaria de chegar ao casal.


Deveríamos pelo menos receber um e-mail de quando eles fizeram a
reserva.

─ Leo já falou com eles. Ele preparou um jantar para eles em


outros restaurantes. Eles haviam acabado de ficar noivos logo antes da
sua entrega especial à mesa deles. Leo disse que o garoto foi educado
quando falou com ele. A história é que ele estava economizando para
trazer a garota para cá porque você era o chef favorito dela. Ele pensou
em torná-lo ainda mais especial ao fazer a pergunta.

Gabe passou as mãos pelos cabelos. ─ Porra! Porra! Porra!

─ Não gaste todas as suas merdas, bonito. Tem mais.

Gabe olhou para cima e encontrou o olhar de Corbyn. ─ Tudo bem,


coloque em mim.

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─ Você sabe que meu namorado, Charles, é produtor da Food
Network. ─ começou Corbyn.

Nada estava escrito em pedra, mas várias redes de culinária e


noticiários da manhã estavam interessados em contratá-lo para
aparições regulares. Uma rede até deu a entender que eles queriam dar
a ele seu próprio show.

Gabe fechou os olhos. Maldito o poder que Mônica ainda tinha


sobre ele. Maldito seu orgulho tolo. ─ Sim, eu sei quem é seu namorado,
Corbyn. Eles estão retirando a oferta da mesa?

─ A palavra viaja rápido neste mundo. Você sabe disso, Gabe.

Gabe esfregou os olhos. ─ O que Charles está ouvindo?

─ Vamos apenas dizer que você está na espera para ver a terra.
Pense nisso como purgatório. Ninguém te enviou para o inferno, mas
eles também não estão abrindo os portões perolados para você.

Gabe esfregou uma torção no pescoço. ─ O que você sugere que


façamos?

Ele trabalhou tão duro. Seu estômago revirou com remorso por
perturbar o jovem casal e com raiva pelo fato de que, apesar de já ter
passado mais de uma década, Mônica ainda controlava todos os seus
movimentos.

─ Na minha opinião -─ Corbyn começou, mas Gabe o interrompeu.

─ Eu vou cortar as aparências. Nix a viagem pelas próximas


semanas. Vou me deitar no Bread and Vine. Isso deve dar tempo às
coisas para explodir. Ele voltou para a pilha em sua mesa, mas Corbyn
ainda estava lá. Ele esperou um pouco, mas seu representante de
relações públicas não se mexeu. ─ Você discorda, Corbyn?

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KRISTA SANDOR
─ Eu discordo. ─ veio uma voz profunda com um sotaque italiano
rico.

O mentor de Gabe, Leo Russo, estava parado na porta.

Gabe ficou de pé. ─ Chef, o que traz você aqui?

Enquanto Leo possuía vários restaurantes de sucesso na cidade de


Nova York, ele estava eliminando suas tarefas diárias na cozinha. Com
quase oitenta anos, sua esposa de sessenta e dois anos o havia
convencido a desacelerar. Eles compraram um trenó nas ruas
arborizadas do bairro Cobble Hill, no Brooklyn, para ficar mais perto
dos netos.

─ Você, Gabe, você me traz aqui. ─ respondeu o velho chef. Ele


apontou para a cozinha. ─ Venha, sente-se comigo. Abri uma garrafa.

O telefone de Corbyn tocou e ele pediu licença, deixando Gabe


tempo para visitar Leo em particular.

Leo o levou até o desfiladeiro, a área entre a cozinha e a frente da


casa onde os pratos são verificados antes que os garçons possam
entregá-los nas mesas.

─ Por que aqui, chef? ─ Gabe perguntou. ─ Você não prefere sentar
à mesa?

Leo riu e ajustou sua cintura considerável em um banquinho. ─


Gosto de passar o tempo no passe. Dá ao chef a oportunidade de olhar
para toda a imagem, toda a composição e agir em conformidade.

Gabe sentiu suas bochechas esquentarem quando ele tomou o


banquinho ao lado de Leo. ─ Você ouviu sobre a minha explosão?

O chef sênior riu e serviu dois copos de Cabernet. ─ Você pode


agradecer à minha neta por isso. Ela me mostrou o videoclipe em seu e-
Pad.

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─ Eu acho que você quer dizer iPad, chef. ─ disse Gabe, respirando
uma risada exausta.

Leo tomou um gole de vinho e cantarolou sua aprovação. ─ Eu sou


um homem velho, Gabe. As pessoas gravando todos os seus
movimentos e todas as suas palavras nunca foram algo que eu tive que
enfrentar quando jovem chef. Mas o mundo da culinária sempre foi
repleto de grandes desafios. Espera-se que você esteja no seu melhor
todos os dias, não importa o quê. Um chef é um líder. Um chef sempre
busca a perfeição absoluta.

Gabe tomou um longo gole de vinho.

Leo estreitou o olhar por cima da borda do copo. ─ Você e eu


sabemos que o maior desafio vem daqui. ─ Leo apontou para a cabeça
dele. ─ E aqui. ─ Ele apontou para o coração. ─ Quando o equilíbrio
entre esses dois é interrompido, não importa o quão bom você seja um
chef. Eu te disse isso semanas atrás. Você negligenciou sua mise no
lugar . Você está em todo lugar: Londres, sul da França, Los Angeles,
Colorado. Cozinhando e sorrindo na televisão. Não é de admirar que
você tenha . . . - Leo parou e olhou ao redor da sala. ─ Corbyn, qual é a
palavra?

Corbyn guardou o telefone no bolso e juntou-se a eles, reprimindo


um sorriso. ─ Chilique, chef.

─ Chilique se encaixa. ─ disse Leo, seu forte sotaque articulando


cada sílaba.

─ Sinto muito, chef. ─ disse Gabe. ─ Eu disse a Corbyn para cortar


minhas aparências e limitar minha viagem.

─ Você precisa de mais do que isso, Gabe. ─ disse Leo. ─ Quando


foi a última vez que você fez uma pausa?

Ele abriu os lábios para responder, mas nada saiu.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Eu vou te dizer quando, Gabe. Nunca, você nunca tirou uma
folga - disse Leo, terminando seu primeiro copo e servindo um segundo.

─ É verdade. ─ acrescentou Corbyn. Nos três anos em que te


conheci, você nunca tirou férias.

Agitação brilhou no peito de Gabe. ─ Chef, estou com você desde os


dezoito anos. Você trabalhou mais do que ninguém que eu conheço.
Você nunca tirou uma folga.

Leo olhou para Gabe. ─ Talvez, mas na minha busca de ser o


melhor, o que quer que isso signifique, perdi meus filhos quando era
criança. Eu perdi férias no exterior. Imagine o que eu poderia ter trazido
para minha culinária com esse amor - com essas experiências.

─ Mas você é um dos melhores, chef. ─ pressionou Gabe. Ele podia


ouvir o desespero em sua voz.

Uma sombra de arrependimento passou pelo rosto de Leo. ─ Eu


poderia ter sido melhor.

─ Mas, chef

Leo levantou a mão. ─ Dar um tempo. Encontre sua mise em place.


Ele girou o último Cabernet em seu copo antes de beber o último gole.
Ele pousou o copo delicadamente e se levantou. ─ Nos falamos em
breve.

─ Eu não sei o que fazer comigo, chef. ─ Gabe deixou escapar.

─ Você é esperado em Kansas City amanhã. Em algum lugar


chamado Langley Park - disse Corbyn, checando o telefone.

─ Cristo! ─ Gabe suspirou. ─ Essa é minha cidade natal. É o


casamento do meu primo. Eu quase esqueci.

Leo sorriu. ─ Isso é exatamente o que você precisa. Volte para o


parque Langley. Diga olá para minha querida amiga, Gerda. Encontre

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KRISTA SANDOR
sua mise en place. Encontre o que é importante para você. Use esse
tempo para equilibrar sua cabeça e seu coração, Gabe.

Gabe assentiu e o velho chef saiu do restaurante.

Corbyn deu um tapinha no braço dele. ─ É um bom conselho,


especialmente se você quer um show ou apoio. Vá para casa, chef.
Passa despercebido. Limpe seu ato.

Gabe olhou para o copo de vinho vazio. ─ Eu acho que é Langley


Park ou busto.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
11
Mônica limpou a testa com as costas da mão. ─ Oma, você tem o ar
condicionado ligado?

Ficara mimada pelo clima ameno de São Francisco e esquecera o


calor sufocante do verão do meio-oeste e a umidade sufocante. Nos
poucos dias em que esteve em casa, foi lembrada que, se houvesse um
mês para ar-condicionado em Langley Park, Kansas, era agosto.

Mônica viajara doze horas direto da estação de trânsito de Palo Alto


para Salt Lake City. Foi onde ela encontrou um telefone público e
deixou uma denúncia anônima com a polícia de Palo Alto. Tudo o que
ela disse foi que havia uma pessoa ferida em uma casa no vale de
Portola. Foi tudo o que ela pôde denunciar. Revirou o estômago para
não fazer mais, mas ela cresceu com os ricos e poderosos. As regras não
se aplicavam a elas da mesma maneira que se aplicavam a todos os
outros. Para se manter segura, ela precisava permanecer anônima.

Depois de algumas horas dormindo no carro, aninhada entre as


grandes plataformas em uma parada de caminhões nos arredores de
Salt Lake, ela passara o resto do caminho por Wyoming e Nebraska de
volta à The Little Bakery, na Mulberry Drive, em Langley Park. Era
quase uma da manhã quando ela estacionou seu Subaru atrás da loja.
Ela enfiou a chave na porta dos fundos da padaria, esperando que não
se mexesse, mas com o movimento do pulso e o clique que parecia que
seu destino estava selado, ela se abriu.

Ela subiu para o antigo quarto e caiu na cama. No dia seguinte,


Oma bateu no ombro, acordando-a apenas algumas horas depois às
quatro e quinze da manhã. Sua avó, que já estava de avental branco
engomado, havia contado uma lista de tarefas de padaria para ela
concluir como se um dia não tivesse passado desde que ela partira no
décimo oitavo aniversário.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Dois dias e mais de cem cupcakes gelados depois, nenhum delas
mencionou sua ausência de mais de uma década ou seu retorno
abrupto no meio da noite. Oma nunca foi de coração sentimental, e por
isso Mônica agradeceu.

Oma foi até a prateleira e retirou uma panela de cobre, sacudiu a


cabeça e depois tirou uma assadeira. Ela olhou por cima do ombro. ─
Claro, liguei o ar condicionado. Você sabe o que acontece com o creme
tortura quando fica muito quente.

Mônica deixou os rolos de charme que estava enchendo com creme


de baunilha e foi ao termostato. Era quase oitenta graus na loja. ─
Oma, não está ligado.

A avó levantou os braços. ─ Então, ligue-o.

Mônica olhou de volta para o escritório de Oma. Fazer cara ou


coroa de qualquer coisa dentro dela era difícil. Os jornais estavam por
toda parte, e ela não conseguia encontrar uma programação publicada.

─ Você tem alguém entrando hoje para ajudar na loja? ─ ela


perguntou, voltando aos seus rolos.

O sábado costumava ser um dos dias mais movimentados. Um


jovem chegou cedo para fazer algumas entregas hoje de manhã, mas
ninguém mais relatou trabalhar. Oma sempre teve alguns funcionários
em tempo parcial ajudando, mas desde que ela voltara, a programação
parecia irregular.

─ Todas essas perguntas, enkelin. ─ disse Oma. Ela devolveu a


assadeira e voltou para a panela de cobre.

─ Tudo bem, tudo bem! ─ Mônica respondeu.

Ela soltou um suspiro exasperado. Como se passaram mais de


uma década desde que ela pisou pela última vez neste lugar? Ela sabia
a resposta. Os primeiros dois anos com Cora Leigh foram um turbilhão

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KRISTA SANDOR
de viagens, festas chiques, sessões extravagantes e desfiles chamativos.
Ela mal teve tempo de recuperar o fôlego. Ela escrevia para Oma e
enviava cartões postais. Mônica sempre ligava para a avó no aniversário
dela, mas Oma não gostava de bate-papos femininos no telefone. Então,
assim que ela deu um passo no mundo da modelagem, todas as partes
da vida que ela havia amado haviam desaparecido. Cora e Leigh se
separaram por causa de diferenças criativas, e ela foi deixada como
uma garota da capa sem que ninguém a quisesse.

Ela não podia voltar para casa com um rabo entre as pernas, então
não o fez. Ela se estabeleceu em San Francisco, onde fez contatos com
alguns designers e pegou trabalhos de modelagem aqui e ali. Seu rosto,
uma vez enfeitando anúncios de revistas e outdoors, agora esperava em
filas de gado para ver se um agente de elenco achava que ela estava
com a aparência certa. Para acrescentar insulto à lesão, os rostos
nessas filas pareciam ficar cada vez mais jovens à medida que ela
crescia.

O telefone tocou e Oma atendeu.

Mônica foi ao fogão, onde uma panela de cobre estava vazia,


esquentando desnecessariamente, e desligou o acelerador. ─ Você
deixou o queimador ligado. O que você está fazendo no fogão? ela
perguntou, mas Oma, ainda no telefone, acenou com a pergunta.

A avó desligou e começou a encher uma caixa de bolo com


cupcakes gelados de rosa e azul da vitrine.

─ O que é isso? ─ Mônica perguntou.

─ Bebês. ─ disse Oma com um brilho nos olhos.

Mônica inclinou a cabeça. ─ Um bebê acabou de ligar para fazer


um pedido?

Oma já tinha uma dúzia na caixa e ainda a enchia com mais.

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KRISTA SANDOR
─ Esses cupcakes não são para os bebês, Mônica. Para os pais!
Lembra do bolo de casamento que foi entregue esta manhã?

─ Claro, aquele que foi ao Jardim Botânico de Langley Park.

─ Esse foi o diretor de eventos dos jardins ao telefone. Ambas as


noivas estavam grávidas e entraram em trabalho de parto durante a
cerimônia. Eles estão no hospital, no Midwest Medical Center. Ela me
disse que ninguém tinha que comer nenhum bolo, e ele fica parado há
horas. Eu disse a ela para jogar fora. Ela diz que ouviu que as mães
estão indo bem e que há um menino e uma menina. Eu pensei que
seria bom enviar algo doce para o hospital.

Mônica cantarolou seu reconhecimento com ceticismo.

─ Isso foi? O que é isso, Mônica? Oma perguntou e fechou a caixa


de doces.

─ Duas noivas grávidas? ─ Mônica perguntou. ─ Você me enviou


para a escola paroquial por treze anos. Estou surpresa que você esteja
bem com isso.

Oma levantou o queixo e estreitou o olhar. ─ Você sabe o que


aprendi crescendo na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial?

A boca de Mônica se abriu. Embora conhecesse muito bem as


terríveis circunstâncias da infância de sua avó, Oma raramente falara
disso. Ela fechou a boca e balançou a cabeça.

─ Ninguém, nem você, nem eu, pode julgar outro ser humano.
Você já me viu tratar alguém de maneira diferente?

─ Não, eu apenas

Oma levantou a mão. ─ Eu tinha minhas razões para enviá-la ao


Sagrado Coração, mas não tinha nada a ver com religião.

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KRISTA SANDOR
─ Sinto muito, Oma. Não tive a intenção de sugerir nada - disse
Mônica. Ela pegou um bloco de papel e rabiscou uma nota e depois
pegou a caixa de cupcakes da avó. ─ Eu escrevi o número do meu
celular. Vou entregar os cupcakes no hospital para você agora. Ligue-
me se precisar de alguma coisa enquanto eu estiver fora.

ERAM QUASE seis e MEIA quando Mônica deixou a padaria com os


cupcakes pendurados no antebraço na sacola rosa da loja com o
emblema de bolo de três camadas impresso com destaque na lateral.
Nuvens escuras haviam chegado e com elas uma brisa fresca que
atravessava a umidade do dia. Ela decidiu não ir ao hospital e partiu a
pé. Levaria apenas vinte minutos para caminhar pelos Jardins
Botânicos de Langley Park e conectar-se à trilha do Lago Boyle, que
ligava o centro da cidade ao campus médico.

Era a primeira vez que ela se aventurava desde que chegara. Ela
olhou da esquerda para a direita, esperando ver rostos familiares, mas
não reconheceu ninguém. A cidade era diferente, mais fresca. O lugar
havia sido reformado desde a última vez que passeava por essas ruas.
Cestos pendurados transbordavam com cascatas de petúnias roxas e
rosa. Vitrines nítidas e lojas lotadas de clientes chamaram sua atenção
quando ela seguiu para o norte na Mulberry Drive e passou por uma
cafeteria, um estúdio de ioga e uma elegante loja de câmeras.

A loja de flores da Collier ainda estava lá, mas havia sido


reconfigurada. Passara de uma loja simples com buquês para uma de
elegância calorosa, com arranjos de orquídeas e uma brilhante
variedade de girassóis enfeitando a janela da frente.

Um restaurante chamado Park Tavern abriu uma esquina do outro


lado da rua, perto da padaria da avó. Durante o dia, famílias e casais se
reuniam ali para compartilhar uma refeição nas mesas ao ar livre que

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
pontilhavam a entrada da frente. À noite, o bar, lotado de clientes,
parecia o lugar mais badalado de Langley Park.

Dirigiu-se para o leste na Prairie Rose Street e passou pelo Centro


de Recreação da Comunidade. Foi atualizado desde que ela o viu pela
última vez com uma entrada nova e moderna. Ela trabalhou lá um
verão como conselheira júnior quando tinha catorze anos. Ela ainda
tinha que acordar às quatro e meia da manhã e ajudar Oma a abrir a
loja. Mas das oito até a hora do almoço, ela chegou ao ar livre, ajudando
os conselheiros mais velhos a cuidar das crianças. Esse tinha sido o
único e único verão em que ela não fora completamente relegada à
padaria. Ela mordeu o lábio e olhou para trás do prédio. As quadras de
basquete ainda estavam lá. Ela soltou um suspiro trêmulo e se
concentrou na calçada. Levou toda a força de vontade que ela não teve
que correr até o ponto em que apertara a mão de Gabe e aprendeu o
nome dele.

Gabe Sinclair. O jornaleiro dela tinha um nome.

A trilha de Boley Lake era como ela lembrava. A folhagem verde


grossa a recebeu enquanto o lago estava calmo e sereno. A cidade fez
melhorias nos jardins botânicos ao longo dos anos. Pelo que ela sabia,
eles acrescentaram novas trilhas e áreas de estar e plantaram uma
variedade maior de plantas. Em todas as suas viagens, ela sempre fez
questão de encontrar um jardim botânico em qualquer cidade em que
aterrissara. O jardim botânico de Langley Park pode não ter palmeiras,
mas as vastas fileiras de flores e sebes meticulosamente mantidas a
lembraram dos jardins luxuriantes que ela visitara em Madri, perto do
Paseo del Prado.

Ela não podia negar que a cidade que tanto desejava deixar quando
adolescente era agora bastante encantadora.

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KRISTA SANDOR
Ela saiu da trilha e foi em direção ao edifício principal do Centro
Médico e Psiquiátrico do Centro-Oeste. Quando ela entrou, ela teve que
olhar duas vezes quando viu a enfermeira no balcão de informações.

─ Donna? ─ ela perguntou, tirando a franja dos olhos.

─ Bem, eu vou ficar. ─ disse a mulher com um sorriso cheio de


dentes, dando a volta no balcão. ─ Olha o que o gato arrastou!

A pele de mogno de Donna brilhava quando ela envolveu Mônica


em um abraço caloroso.

─ É bom ver você, Donna. Como você está?

─ Estou bem. Eu tenho dois netos agora. Ela fez uma pausa e seu
sorriso desapareceu. ─ Não sei se você sabe, mas lembra da sua amiga
Vanessa?

Mônica engoliu o nó na garganta. ─ Eu sei. Vi a Sra. Garza anos


atrás, pouco antes de deixar a cidade.

Donna assentiu solenemente. ─ O falecimento daquela menina foi


apenas uma vergonha. Isso quebrou o coração de todo mundo aqui no
hospital.

Um momento de silêncio se estendeu entre elas antes que Donna


esfregasse as mãos e olhasse para a sacola com o emblema do bolo. ─
Existe alguma coisa para mim?

Grata pela mudança de assunto, Mônica abriu a caixa de doces e


entregou à enfermeira um bolinho de morango com cobertura de
chocolate. ─ Eu não acho que eles sentirão falta de um. Na verdade,
eles nem sabem que estão recebendo cupcakes. Minha avó queria que
eu as entregasse às duas mulheres que entraram em trabalho de parto
durante o casamento conjunto.

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KRISTA SANDOR
─ Ai sim! ─ Donna disse com uma risada. ─ Essas pobres mulheres
foram deixadas aqui em um pedicab de todas as coisas!

─ Um o quê? ─ Mônica perguntou.

─ Como um riquixá ou um táxi de bicicleta. Exceto que este foi


todo decorado para o casamento deles.

Mônica fez uma careta. ─ O que quer que funcione, eu acho. Tudo
bem se eu as entregasse em seus quartos?

─ Metade do Langley Park está lá em cima com eles. Eu não acho


que eles vão se importar com alguém trazendo-lhes alguns deleites
deliciosos. Você sobe no elevador. Vou ligar para o Trabalho e Entrega e
avisar que você está indo.

Mônica deu um último abraço em Donna e depois foi para o banco


de elevadores. As portas se abriram e ela entrou. As portas se fecharam
e um calafrio passou por ela. Ela apertou o botão do piso de trabalho e
entrega, mas antes que o elevador mal se movesse, ela bateu na parada
de emergência.

O elevador parou, e ela fechou os olhos. Gabe estava em todo


lugar. Beijando o pescoço dela. Passando os dedos pela clavícula dela.
Agarrando suas nádegas quando ele pressionou sua ereção em seu
centro quente. O corpo dele criando uma deliciosa fricção que a enviou
para o outro lado. Ela piscou os olhos e soltou a parada de emergência.
O elevador voltou a subir e ela apoiou a testa na parede.

Essa parte da sua vida acabou.

Enquanto ela não tinha nada para mostrar por seu tempo longe de
Langley Park, Gabe Sinclair o tornara grande. A primeira vez que o viu
na televisão, ela pensou que estava sonhando. Mas lá estava ele,
demonstrando como fazer um strudel de maçã, de todas as coisas, na
TV nacional.

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KRISTA SANDOR
A única coisa que Oma mencionou sobre Gabe nos últimos doze
anos foi durante a primeira conversa telefônica quatro dias depois que
ela deixou Langley Park. Ela acabara de chegar a Paris e a permanência
de sua situação a atingiu como um soco de dois. Ela perguntou sobre
ele. Ela não pôde evitar. Depois que ela viu a Torre Eiffel, tudo o que ela
queria ver a seguir era Gabe em pé ao lado dela com uma cesta de
piquenique nos braços. A única coisa que Oma disse a ela sobre Gabe
era que ele também estava perseguindo seus sonhos. Ela não tinha
ideia de que ele se tornara um chef de classe mundial até que o viu
sorrir para a câmera alguns anos atrás e aquela covinha maldita
derreteu seu coração.

Suas vidas foram em trajetórias opostas. Ela havia começado no


topo e caído espetacularmente, enquanto ele começava no fundo e subia
até o estrelato.

A última vez que ela viu ele foi em alguma revista de tabloide. Ele
foi flagrado nas ruas de Paris com uma jovem modelo.

Raiva, frustração e humilhação se envolveram em seu coração,


apertando-a e atormentando-a. É o que ela mereceu, certo? Ela o
deixara por pastos mais verdes. Foi a receita perfeita do carma que a
deixou sem ninguém sem dinheiro, e ele, uma estrela em ascensão rica
no mundo da culinária.

As portas do elevador se abriram e um mar de pessoas


conversando e rindo encheu a área ao redor da entrada da ala de parto
e parto do hospital. Mônica manteve a cabeça baixa e foi para o posto
de enfermagem.

─ Entrega um cupcake para as duas mulheres que entraram em


trabalho de parto durante o casamento.

A enfermeira ergueu os olhos da tela do computador. ─ Sim, Donna


acabou de ligar. Parece que as duas estão no quarto quatro e dezessete
no momento.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica assentiu e seguiu pelo corredor. Ela encontrou o quarto e
olhou para a porta. ─ Estou voltando a ser a entregadora de padaria. ─
ela murmurou. Mas o que diabos ela estava qualificada para fazer?

Ela tirou os cupcakes da sacola e abriu a tampa. Os novos pais


não precisariam da caixa e da sacola volumosa da padaria lotando a
sala. Ela colocou os itens descartados contra a parede e retirou o
revestimento da bandeja. Ela fez uma pausa e ouviu o zumbido baixo
das vozes e o som dos doces murmúrios dos bebês vindos de dentro da
sala.

Ela colocou um sorriso nos lábios, mas manteve o olhar nos


cupcakes. Ela equilibrou a bandeja com uma mão, bateu uma vez e
abriu a porta. Não pretendo interromper. - Eu sou da padaria. A minha
avó, a padeira, ouviu as duas noivas entrarem em trabalho de parto. O
diretor de eventos dos jardins ligou e disse que você não queria comer
seu bolo, então minha avó queria que você o tivesse.

Os murmúrios da conversa pararam, e Mônica olhou para cima.


Seu olhar fixou-se em uma mulher em uma das camas do hospital com
cabelos castanhos.

O rosto da mulher se iluminou. ─ Mônica Brandt, conselheira do


acampamento infantil, é você?

Mônica ofegou. ─ Lindsey Hanlon!

Mônica conheceu Lindsey durante o verão em que trabalhara no


centro de recreação. Ela gostava de Lindsey desde o início e, apesar de
Lindsey ser dois anos mais velha, as duas rapidamente fizeram
amizade. Lindsey não era de Langley Park. Ela foi enviada para ficar
com a madrinha na cidade durante o verão e não conhecia ninguém, e
Mônica estava no mesmo barco. Nenhuma criança do Sagrado Coração
ou de Todos os Santos trabalhava. Seus verões já estavam cheios de
iatismo e aventuras européias.

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KRISTA SANDOR
Lindsey deu um sorriso brilhante, e seu olhar se voltou para um
homem segurando um bebê enrolado em um cobertor rosa. ─ Eu sou
Lindsey Kincade agora.

Mônica olhou para o homem segurando o bebê, e um tiro de


reconhecimento passou por ela. ─ Você se casou com Brad Pitt e a
amada de Justin Timberlake! Parabéns!

Mônica encontrou os olhos de Lindsey e as mulheres riram.


Lindsey se casara com um dos conselheiros mais sonhadores do centro
de recreação, Nick Kincade. Mônica dera o apelido apelidado de Nick, o
Pitt-Timberlake, e ele ainda se aplicava hoje.

Nick deu um aceno divertido para ela, mas sua atenção foi
rapidamente atraída para o embrulho em seus braços.

Mônica vislumbrou ao redor da sala. Ela não reconheceu a mulher


com cabelos ruivos e olhos azuis penetrantes na cama do hospital ao
lado de Lindsey. Mas quando ela deu outra olhada, ela quase deixou
cair a bandeja de cupcakes no chão. O irmão de Gabe, Sam, e seu
primo, Michael estavam lá. Michael tinha um bebê nos braços envolto
em azul.

Todos pareciam tão felizes, tão contentes, tão decididos. Eles


estavam entregando bebês, e ela estava entregando cupcakes. Vergonha
e vergonha torceram seu intestino.

─ Quando você voltou para o parque Langley? Não ouvi dizer que
você estava voltando para casa ─ veio a voz de uma mulher.

Mônica virou-se para ver a amiga de Gabe e Michael, Zoe Stein. A


pequena morena parecia diferente. No colegial, Zoe tinha um estilo
descolado, com um corte de cabelo com ponta rosa e uma atitude
sarcástica e cativante. Agora, eram seus quentes olhos cinza que
ocupavam o centro do palco.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Zoe atravessou o quarto e sentou-se no canto da cama de Lindsey.
─ Mônica cresceu em Langley Park. Ela e o primo de Michael, Gabe,
costumavam . . .

Mas antes que ela pudesse terminar, a porta da sala se abriu.


Mônica se virou para ver quem estava lá, e a respiração ficou presa na
garganta.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
12
Gabe esfregou uma torção no pescoço, mudou a bolsa de ombro
para o outro lado e tentou reunir um pingo de entusiasmo enquanto
olhava para a porta do quarto quatro dezessete. Não que ele não
quisesse estar aqui. Ele amava seu primo. Ele não poderia estar mais
feliz que Michael agora era marido e pai. Mas as últimas vinte e quatro
horas foram um show de merda completo. Além de sua explosão em
Bread and Vine se tornar viral, a porra do seu vôo havia sido adiado.
Ele desembarcou em Kansas City cinco horas atrasado e foi recebido
por uma enxurrada de mensagens irritadas de seu irmão.

Onde diabos você está?

O casamento começou há 5 minutos.

Nix indo para os jardins - Em entrou em trabalho de parto. Apenas


encontre-nos no hospital.

Os bebês estão aqui. Todo mundo está bem. ONDE ESTÁ, BRO?
Talvez se fosse uma entrevista em alguma rede de alimentos, você
pudesse chegar a tempo!

Depois do fiasco da noite passada, ele não precisava dessa merda.


Ele não queria que seu voo fosse adiado. Teria sido mais inteligente voar
um dia antes? Provavelmente. As coisas estavam tão tensas com Sam
nos últimos anos que a última coisa que ele queria fazer era passar a
noite em sua casa de infância com seu irmão.

Graças a Cristo ele não teve que lidar com o pai. Depois que ele se
mudou para Nova York, seu velho havia vendido a empresa de
mudanças e deixado Langley Park. Seu pai agora morava no Arizona
com uma mulher que conhecera online. No começo, a coisa toda soou
superficial como foda. Mas vários anos depois, seu pai e Sheila estavam
cultivando cactos e fazendo o que diabos as pessoas fazem no Arizona.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ele se comunicava com o pai a cada poucos meses. O homem estava
feliz e não podia culpá-lo por isso.

Gabe desviou o olhar da porta do hospital e olhou para o telefone.


Ele mandou uma mensagem para Eddie, mas não teve resposta.

Ele sabia o motivo.

Leo Russo.

De acordo com um e-mail de Corbyn, o Chef Russo havia


informado a equipe do Bread and Vine que ele estaria executando o
programa até o retorno do Chef Sinclair. Os sous chefs estavam sob
ordens estritas para manter o silêncio do rádio. Até ele voltar, o chef
Russo estava encarregado de todos os aspectos do Bread and Vine.

A pele de Gabe formigou de agitação. A cozinha tinha sido seu


mundo inteiro. Quando ele não estava filmando um lugar ou convidado
julgando uma competição de culinária, a cozinha era o único lugar que
encontrava consolo. Se ele pudesse ter colocado um berço em seu
escritório em Bread and Vine sem parecer um lunático completo, ele
teria feito isso. Seu loft estéril de Tribeca estava muito quieto, e o
silêncio doentio se tornou o local de nidificação de todas as suas
inseguranças. Ele estava no topo do mundo da culinária, mas isso não
foi suficiente para afastar a memória da mulher que o havia rejeitado.

Você nunca foi bom o suficiente para ela.

Você sempre será aquele garoto patético do jornal observando-a de


longe.

Ele engoliu em seco pelo nó na garganta. Lembretes de Mônica


estavam por toda parte neste maldito hospital. Ele tentou empurrar a
lembrança do beijo deles no elevador, mas tudo que ele conseguia
imaginar era aquele vestido de girassol enquanto ele passava o tecido
pelas coxas dela e empurrava seu pênis contra ela. Ele inalou. Ele

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
exalou. Mesmo sobre o aroma desinfetante de desinfetante para as
mãos e adstringente de hospital, ele podia sentir o cheiro quente de
maçã e canela.

Ele revirou os ombros como um lutador premiado se preparando


para entrar no ringue, colocou seu melhor rosto feliz e abriu a porta. ─
Estou aqui. Me desculpe, estou atrasado. Meu voo de Nova York
atrasou.

Ele olhou ao redor da sala. A esposa de seu primo, Em, estava


dizendo algo, mas ele não conseguia se concentrar nas palavras dela.
De pé na frente dele e tão bonita como a primeira vez que ele a viu pela
primeira vez, estava Mônica Brandt.

Cristo, ele não estava preparado para isso! O que diabos ela estava
fazendo aqui? Ele imaginou que ela estava casada com algum bilionário,
descansando no convés de um iate de luxo na costa de Mônaco. Não foi
aí que a maioria das supermodelos acabam?

Ele encontrou o olhar dela. Ele precisava dizer algo, mas sua
mente ficou em branco. Ali estava ele, um chef que podia gerenciar o
caos de uma cozinha movimentada com precisão militar, mas não
conseguia reunir duas palavras se sua vida dependesse disso.

Ele estava se afogando - se afogando em seus olhos azuis. Os


mesmos olhos malditos que assombraram seus sonhos. Ela segurou o
olhar dele, e tudo desapareceu. O hospital. As pessoas. Até sua dúvida
se dissolveu no ar. Estar perto de Mônica fez tudo parecer possível. Ele
era como um artista reunido com sua musa. Tudo no mundo dele
estava mais brilhante até o olhar dela escurecer.

Mônica segurava uma bandeja de cupcakes rosa e azuis. Ela


colocou no chão e pegou uma rosa. Era um bolinho de limonada com
morango. Ele estava certo disso. Ele conseguia imaginar os ingredientes
para a cobertura de creme de manteiga: manteiga sem sal, sentada na
mesa do açougue da padaria, chegando à temperatura ambiente.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Morangos fatiados e secos em folhas de papel toalha. Limões cortados
ao meio, suculentos, à espera de serem espremidos, e todo o açúcar em
pó, branco como neve fresca e caída.

Mônica estreitou o olhar, ergueu o cupcake e bateu com o pequeno


filho da puta na cara dele. Enquanto o quarto já havia se acalmado à
sua entrada, agora parecia que ninguém estava respirando. Até os
bebês ficaram em silêncio.

Ele ficou lá, completamente pasmo. Antes que ele pudesse dizer ou
fazer qualquer coisa, Mônica se afastou dele. Ela jogou o cupcake
esmagado na lixeira e esfregou as migalhas das mãos.

Ela colou um sorriso de plástico. ─ Parabéns por seus casamentos


e seus novos bebês.

Mônica estava tentando esconder, mas ele podia ouvir o tremor em


sua voz.

Sem outra palavra, ela girou nos calcanhares e saiu da sala.

Gabe limpou uma bola de glacê de sua bochecha e encontrou seis


pares de olhos adultos treinados nele. Ele olhou para os bebês, envoltos
e silenciosos nos braços do pai. Até os recém-nascidos pareciam sentir
alguma merda pesada.

Ele tentou parecer calmo, mas isso era difícil de fazer coberto de
creme de manteiga de morango. Ele pegou um lenço de papel em uma
caixa em cima da mesa, deu alguns golpes no rosto e depois ressuscitou
sua versão do sorriso de plástico. ─ Desculpe. Eu volto já.

Ele abriu a porta e viu Mônica correndo em direção aos elevadores.


Ele correu pelo corredor atrás dela. As portas estavam prestes a fechar,
mas ele conseguiu se espremer antes que se fechassem.

Os olhos dela se arregalaram. Um cruzamento entre raiva e choque


brilhou em seu rosto. ─ O que você está fazendo aqui?

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KRISTA SANDOR
─ O que estou fazendo aqui? Que tal começar com o cupcake que
você acabou de esmagar na minha cara sem uma boa razão!

Mônica apertou o dedo no botão do saguão. ─ Oh, eu tenho minhas


razões.

─ Inacreditável. ─ ele disse baixinho.

As portas se abriram para o saguão e ela saiu novamente.

Aquelas malditas pernas perfeitas mudaram de uma caminhada


para uma corrida enquanto ela passava pela entrada principal do
hospital e corria pelo estacionamento.

Droga!

Ele acelerou o passo. Não era fácil correr com a mala de viagem
batendo na coxa a cada passo, mas aquele patético garoto do jornal que
ainda morava dentro dele não o deixava parar de correr.

Ela correu pela trilha do lago Boley como um puro-sangue


atingindo seu passo. Ele estava bem atrás dela quando ela saiu do
caminho e entrou no jardim botânico. Pode ter passado mais de uma
década, mas ele se lembrava de cada reviravolta. Mônica passou pelo
pavilhão e ele sabia para onde ela estava indo. Uma onda de nostalgia
devastadora tomou conta dele.

Por que ela iria lá?

Que porra de jogo mental ela estava jogando?

Mônica teceu seu corpo através do abeto azul e desapareceu em


um véu de agulhas cinza-azuladas. Ele empurrou os galhos e derrapou
até parar na frente dela. O espaço permaneceu praticamente inalterado.
O mesmo banco de pedra em ruínas estava assentado com um pano de
fundo dos álamos dourados da pradaria flutuando na brisa. Ele olhou
para ela. Ela respondeu cruzando os braços como se precisasse de uma

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
camada extra de armadura. Ele tentou encontrar o olhar dela, mas ela
não olhou para ele.

─ Por que você veio aqui, Mônica? Por que você veio ao nosso
lugar?

Ele ouviu o tom em sua voz. Levou tudo o que ele tinha para não
olhar para as iniciais que ele apostaria que sua vida ainda estava
gravada no porta-malas de um dos álamos a meros centímetros de
distância de onde eles estavam.

─ Este foi o meu lugar primeiro. ─ disse ela em um sussurro


apertado e irritado.

As palavras dela foram direto para o coração dele. Passaram por


cima dele como uma cama de unhas enferrujadas.

Ela passou a franja preta para o lado. Manchas de lágrimas secas


percorreram suas bochechas. ─ Você gosta de me ver assim, não é? De
volta ao Langley Park. Presa na padaria da minha avó. Admita!

Mais de uma década de angústia quente e contorcida se acumulou,


camada após camada, em seu peito como um gêiser prestes a explodir. -
Não sei a primeira coisa maldita da sua vida, Mônica! Eu não tenho a
menor ideia de por que você está tão brava! Você me deixou, Mônica!

─ Você nunca tentou me encontrar. ─ disse ela em outro sussurro.


Mas desta vez, as palavras foram atadas com dor ao invés de fúria.

Ele deu um passo em sua direção. ─ Você também não. Passei


anos trabalhando como um cachorro. Dezesseis, dezoito horas por dia
na cozinha aperfeiçoando minhas habilidades, fazendo qualquer coisa
para me distrair dos pensamentos sobre você! Você sabe como foi ler a
carta do Caro John e depois ter que me sentar diante da sua avó
enquanto tudo que eu queria era encontrar você, fazer você tentar e ver
que eu nunca quis te segurar.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela balançou a cabeça, uma brutal torção no pescoço, como se a
ação por si só pudesse protegê-la de suas palavras. Ela levantou a
cabeça e encontrou o olhar dele. Os olhos dela queimaram nele. ─ Pelo
que vi na televisão, parece que fiz um favor a você. Você tem tudo.

Frustração e fúria bateram em seu peito. ─ Eu não tenho tudo.

As palavras saíram dele como uma confissão. Ele deu outro passo
à frente e segurou o rosto dela em suas mãos. Sua mente gritou para
ele parar. Ele não precisava da aprovação dela. Ele havia subido ao topo
sozinho. Seu cérebro relatou um milhão de razões pelas quais ele não
deveria tocá-la, por que ele não deveria respirar seu perfume, por que
ele não deveria passar o polegar pela pele macia de seu lábio inferior.
Na batalha entre cabeça e coração, ele ficou rígido, ferido, uma mola
pronta para estalar.

Ele olhou nos olhos dela. Seu olhar ardente derreteu, e um


interruptor virou dentro dele.

Ele bateu os lábios nos dela e o calor entre eles se acendeu como
fogo. Queimando quente e violentamente, ele deslizou as mãos nos
cabelos de Mônica e mudou o ângulo do beijo deles. Ela separou os
lábios, e a língua dele empurrou profundamente, afiada, golpes
devassos. Ele não tinha certeza se estava adorando a boca dela ou
lutando contra ela.

Ela soltou um gemido baixo. O mesmo suspiro doce e ofegante que


ele engolira com beijos um milhão de vezes durante o verão juntos. Seu
pênis endureceu quando reagiu ao seu toque, seu perfume, seu gosto -
e foda-se, esses sons. A cada zumbido de prazer, um rastro de vitória
primitiva o rasgava. Ela agarrou o tecido da camisa dele, e ele deslizou a
mão pelas costas dela e puxou o corpo dela contra o dele. Suas curvas
suaves encontraram suas arestas duras em perfeita simetria.

Ele abaixou a mão e agarrou suas nádegas. Cristo, ele sentiu falta
de envolver os dedos em torno de sua bunda doce. A respiração de

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica veio em suspiros apertados. Ela soltou a camisa dele e o
abraçou. Os dedos dela torceram o cabelo na nuca dele, enviando raios
de luxúria brotando por sua espinha. Ela circulou seus quadris e
esfregou contra seu pau. A fricção aquecida de sua conexão o deixou
querendo mais, querendo tudo ela, querendo-a aqui e agora.

Em um piscar de olhos, ele tinha dezoito anos novamente,


deslizando seu pênis dentro dela pela primeira vez, sentindo seu centro
quente e úmido agarrar seu comprimento duro. Ele podia ouvir o
movimento e o farfalhar do saco de dormir embaixo deles. Ele podia ver
seu lindo rosto olhando para ele através da luz das velas enquanto ele
empurrava dentro dela.

Ele beijou uma linha ao longo de sua mandíbula e lambeu a


concha de sua orelha.

─ Gabe. ─ ela sussurrou. O mundo flutuava ao redor deles,


dançando entre as folhas de álamo.

Ele se afastou. Ele precisava olhar para ela. Ele precisava ver se a
garota que ele amava ainda estava lá, mas ela manteve os olhos
fechados.

─ Abra seus olhos, Mon.

Ela balançou a cabeça quando uma lágrima caiu em sua bochecha.

─ Por favor. ─ ele sussurrou.

Mônica soltou um suspiro trêmulo, mas manteve as pálpebras


fechadas.

Ele acariciou o polegar ao longo da mandíbula dela. Cada uma das


curvas dela se encaixava em seu toque. Ele queria abraçá-la em seus
braços e nunca deixar ir. O calor de seu corpo, a grossura de seus
lábios, chamavam por ele como uma doce canção de ninar.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Oh, Gabe. ─ ela sussurrou novamente, mas havia uma nota
melancólica em sua voz.

Ela levantou o queixo uma fração e começou a abrir os olhos.


Fatias de centáurea encontraram seu olhar.

Zumbido. Zumbido. Buzz .

Seus olhos se abriram e brilharam com preocupação. Ela deu um


passo para longe dele.

Gabe olhou em volta, tentando verificar de onde vinha aquele


maldito barulho.

Zumbido. Zumbido. Zumbido.

Lá estava novamente.

Ela pegou um telefone celular do bolso e olhou para ele.

Gelo encheu suas veias. ─ Esse é seu namorado ligando?

Não é de admirar que ela não pudesse olhar para ele. Ele era um
idiota por pensar que ela não tinha homens alinhados à sua disposição.

─ Não, é um número de Kansas City, mas eu não o reconheço.

Ele deu um passo para trás quando ela atendeu. Gabe cruzou os
braços. Ele era um idiota. Por que diabos ele a beijou? Ele se virou. Seu
coração pode ter vencido desta vez, mas sua cabeça estava de volta ao
controle.

─ Oh meu Deus! Ela esta bem?

Ele se virou. Mônica ficou branca como um fantasma.

─ Eu estarei lá. Estou a apenas alguns minutos.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela terminou a ligação e encontrou o olhar dele, olhos arregalados
e infantis.

Todo o ressentimento acumulado em seu coração diminuiu um


pouco. ─ O que é isso? Alguém está machucado?

Ela apertou a mão no peito. ─ Oma!

À menção de Gerda Becker, um calafrio percorreu sua espinha. ─


O que aconteceu, Mon?

─ Ela caiu descendo os degraus do nosso apartamento. Acho que


algo pegou fogo enquanto ela estava no andar de cima. Essa era a neta
do Sr. Collier ao telefone. Ela dirige sua loja de flores agora. Ela viu a
comoção quando o caminhão de bombeiros chegou. Minha avó pediu
que ela me ligasse.

Gabe pegou a mão trêmula de Mônica na dele. ─ Você pode correr?


Se tomarmos todos os atalhos, você sabe que só nos levará alguns
minutos.

O aperto dela apertou a mão dele. ─ Sim, eu posso correr. Vamos


lá.

Eles correram pelos jardins e subiram a Bellflower Street em


direção à padaria. Eles atingiram Mulberry Drive, e a situação de
emergência se desenrolou na frente deles. Um caminhão de bombeiros
estava em ângulo, bloqueando o tráfego enquanto dois paramédicos
rolavam uma maca na ambulância estacionada nas proximidades.

─ Oma! ─ Mônica gritou, correndo em direção ao veículo.

Um dos paramédicos tentou detê-la, mas Gabe o dispensou. ─ Esta


é a neta da Sra. Becker. Está bem.

O paramédico se afastou e Mônica subiu na parte de trás da


ambulância ao lado de Oma.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ O que aconteceu, Oma? ─ ela perguntou à beira das lágrimas.

Oma fez uma careta.

─ Senhora, sua avó caiu descendo as escadas. Uma panela na


padaria foi deixada no fogão e o conteúdo começou a queimar. Isso
acionou o alarme de incêndio.

Mônica afastou alguns cabelos grisalhos do rosto da avó. ─ Está


tudo bem. Estou aqui. Nós vamos levá-la ao hospital.

Oma acenou para a neta, depois olhou para cima e olhou nos olhos
dele. ─ Gabriel?

Ele segurou o olhar dela e engoliu em seco. ─ Vai ficar tudo bem,
Oma.

Depois de tudo o que ela fez por ele, ele não a visitou desde que
partiu, nem uma vez.

Mônica segurou a mão direita de Oma, mas a velha estendeu a


mão para ele com a esquerda.

Os olhos de Gabe dispararam entre as mulheres.

O paramédico colocou a mão no braço dele. ─ Venha senhor. Se


você estiver viajando, precisamos ir.

Gabe pulou nas costas da ambulância e pegou a mão de Oma. Ele


tentou dar à mulher um sorriso tranquilizador, mas não conseguiu
mascarar sua surpresa. Ela parecia frágil. A Gerda Becker que ele
lembrava era uma força da natureza. Só o olhar dela poderia ter feito
tremer o mais temível dos adversários. Ele imitava esse comportamento
nas cozinhas em que havia cozinhado e descobriu que funcionava tanto
em cozinheiros quanto em sous chefs.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
A sugestão de um sorriso apareceu no canto de seus lábios. Mas
justamente quando ele pensou que as coisas estavam se acalmando,
Oma fechou os olhos e seu corpo ficou mole.

─ O que está acontecendo? ─ Mônica chorou.

─ Ela está bem. ─ disse o paramédico, verificando os sinais vitais


de Oma. ─ Sua avó acabou de desmaiar, provavelmente por causa da
dor. Ela machucou o quadril e o pulso. Não podemos dizer se um está
quebrado, mas os dois ferimentos são extremamente dolorosos,
especialmente para uma mulher da idade dela.

Gabe alcançou o corpo de Oma e segurou a bochecha de Mônica. ─


Ela ficará bem, Mônica. Oma é forte. Não conheço ninguém mais forte
que sua avó.

Oma abriu os olhos. Sua expressão era vítrea e distante. ─ Aqui


estamos novamente, nós três.

Gabe deu a Oma um sorriso fraco. ─ Estamos levando você para o


hospital. Apenas espere.

As portas da ambulância se fecharam e o veículo saiu correndo da


The Little Bakery na Mulberry Drive.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
13
MÔNICA sentou-se à frente e esfregou os olhos. A batida constante
do monitor de batimentos cardíacos tocando os sinais vitais de Oma
ecoou no piso de linóleo brilhante do quarto do hospital. Em uma onda
turva de eventos, Oma havia sido internada na Midwest Medical. A
equipe da emergência diagnosticou-a rapidamente com uma fratura do
quadril intertrocantérica e um pulso torcido. Ela precisou de cirurgia
para o quadril. A estabilização cirúrgica é o que o médico chamou antes
de ser levada às pressas para uma sala de cirurgia.

A neta do Sr. Collier, Stacey, ligou para avisá-la de que nenhum


dano havia sido causado à padaria. Ela encontrou as chaves de Oma e
trancou a loja para elas. Stacey continuou relatando que os bombeiros
haviam lhe dito que o alarme havia disparado porque Oma havia
esquecido uma panela do que parecia maçã enchendo o fogão. O
conteúdo em chamas disparou o alarme, que foi uma dádiva de Deus.
Sem ele, quem sabe quanto tempo Oma ficaria presa e ferida no chão.

Uma sensação doentia passou por ela. Se não fosse por Gabe
Sinclair, ela teria deixado os cupcakes e voltado diretamente para a
padaria. Ela poderia ter intervindo. Mas não, ela o levou de volta ao
lugar deles nos jardins.

Por que ela foi até lá?

Ao ceder a seus desejos e vontades infantis, Oma estava agora


dormindo em uma cama de hospital se recuperando de uma cirurgia.

─ Café?

Mônica olhou para cima e franziu a testa. Agachado diante dela e


segurando uma xícara de isopor fumegante estava Gabe Sinclair. O
homem não saiu do hospital, mas pelo menos teve o bom senso de ficar
fora do caminho dela. Ou pelo menos ela pensou que sim.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela balançou a cabeça. Ela lhe dera o ombro frio desde o momento
em que se recompôs. Ela lançou-lhe um olhar gelado. ─ Você não tem
motivos para estar aqui, Gabe.

Ele se levantou e colocou a xícara na mesa ao lado dela. ─ Eu


tenho todos os motivos para estar aqui, e você sabe disso. ─ Ele tomou
um gole de sua xícara e fez uma careta.

─ Não é tão bom quanto as coisas chiques que você está


acostumado? ─ ela perguntou.

Ele soltou um suspiro audível e passou a mão pelos cabelos.

Uma corrente furiosa e crepitante passou entre eles. Cada bipe do


monitor adicionava outra gota de tensão à sala. Ela sustentou o olhar
dele como uma criança voluntariosa em um concurso.

Uma batida na porta quebrou o impasse.

Um médico e uma enfermeira entraram, e a expressão de Gabe se


suavizou. ─ Dr. Stein ─ ele disse, estendendo a mão.

O médico apertou sua mão. ─ É bom ver você, Gabe.

Mônica ficou de pé. ─ Você é o pai de Zoe?

─ Sim, eu sou. ─ respondeu o homem com um sorriso


reconfortante. ─ Você também é amiga dela?

Ela olhou de Gabe para o Dr. Stein. ─ Eu conheci Zoe há muito


tempo, quando eu era adolescente.

O médico assentiu e depois olhou para Oma. ─ Sua avó é uma


lutadora. O Dr. Zimmer concluiu a cirurgia de estabilização do quadril e
disse que ela passou por uma cirurgia bonita. Infelizmente, ele
precisava fazer uma cirurgia de emergência. Caso contrário, ele estaria
aqui conversando com você. Eu não queria te deixar esperando.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Examinei as anotações dele e queria descer e informá-la sobre a
cirurgia de sua avó e o plano de reabilitação dela.

─ Reabilitação. ─ Mônica ecoou. Ela olhou para Gabe. Ele parecia


tão preocupado quanto ela.

A enfermeira entregou ao Dr. Stein um pacote de papéis e ele


apontou para uma pequena mesa e cadeira no canto da sala.

Gabe pairou ao lado de um assento aberto. ─ Você quer que eu vá,


Mônica?

A preocupação enrugou o rosto dele e aqueles olhos verdes sábios


pelos quais ela se apaixonara todos esses anos atrás estavam cheios de
tanta dor. Tudo isso estava se tornando real demais. Ela precisava
afastar sua angústia infantil e agir como uma adulta.

Ela apontou para a cadeira. ─ Não, você pode ficar.

Dr. Stein esperou uma batida para Gabe se instalar e abriu a


pasta. ─ Sua avó deve acordar em breve. Ela pode estar um pouco
grogue. As enfermeiras a acompanharão aqui no hospital pelo próximo
dia ou mais.

─ Ela será capaz de andar? ─ Mônica perguntou. ─ Vivemos acima


da padaria. Não tenho certeza de como vou levá-la para subir e descer
as escadas.

O médico cruzou as mãos sobre a mesa. ─ O objetivo é que ela


tenha capacidade de suportar peso total e mobilidade completa. Ela
precisará iniciar a terapia de reabilitação o mais rápido possível. Liguei
para o Campus de Vida Sênior de Langley Park. Eles têm uma gama de
opções de atendimento para idosos, incluindo serviços de reabilitação.
Para nossa sorte, eles têm um quarto disponível. Ela pode ser
transferida para lá assim que receber alta do hospital.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica engoliu em seco. A padaria tinha sido a vida inteira de sua
oma. Mesmo que ela precisasse de reabilitação, despejá-la em alguma
instalação parecia cruel.

Mônica agarrou o medalhão e esfregou o polegar sobre o girassol


gravado. ─ Eu não quero colocar minha avó em algum lugar . . . ─ ela
não podia dizer as palavras. A avó a havia acolhido e a criado. Agora,
pela primeira vez, sua Oma precisava dela. Ela não queria abandonar a
mulher.

Ela nem percebeu que estava segurando a lateral da mesa até que
algo quente envolveu sua mão. Ela conheceu aquele toque
instantaneamente. A mão de Gabe, sólida e protetora, enviou uma onda
calmante através de seu corpo. Ela encontrou o olhar dele. Como tanto
tempo se passou e tão pouco mudou? A lembrança de seu toque voltou
à tona. Ela queria enterrar a cabeça na curva do pescoço dele e
encontrar a segurança que ela só conhecia nos braços dele.

O Dr. Stein pegou um panfleto com a foto de um grande campus


universitário olhando para o prédio na capa e deslizou-o sobre a mesa.
─ A maioria das comunidades vivas assistidas hoje é bem administrada
com instalações de reabilitação localizadas no local. Posso garantir que
o Campus Sênior de Langley Park é uma das melhores instalações do
país. Estou lá, checando um pouco os pacientes, e minha esposa está lá
algumas vezes por semana, dando aulas de ioga restauradora. A equipe
se esforça para ir além dos residentes. Eu não poderia recomendar um
lugar melhor para sua avó se recuperar.

Gabe apertou mais a mão dela. ─ O pai de Michael mora lá na


Unidade de Atendimento à Memória, e Em, você sabe, a esposa dele, o
pai dela vive em seus chalés de vida assistida. Pelo que Michael me
disse, parece uma instalação de primeira linha. Eles têm atividades
recreativas, palestrantes, aulas de ginástica e shows. Existe até uma
piscina e um salão de baile para danças.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
A cabeça dela estava girando. Mônica olhou para o panfleto e
depois para Gabe quando o atingiu. Ela precisaria cuidar de sua avó e
administrar a padaria.

Se os últimos dias eram uma representação precisa da situação


atual, a padaria estava funcionando com uma asa e uma oração. O
escritório da avó estava cheio de papéis. Parecia que Oma estava
tentando planejar algum tipo de evento, mas Mônica não tinha sido
capaz de fazer muitas das caóticas pilhas de rabiscos escritos em
alemão. E havia o problema de pessoal. Claro, alguém veio fazer
entregas para a padaria. Mas o jovem não voltou, e isso não parecia
preocupar Oma nem um pouco. Talvez a padaria tivesse se tornado
demais para ela administrar. Um toque de culpa se apoderou de seu
estômago. Oma sempre pareceu tão capaz, tão no controle. Para
Mônica, ela parecia sobre-humana, no raiar do dia, administrando um
negócio e criando uma neta.

Ela olhou para a avó e ofegou quando viu os olhos da mulher se


abrirem.

─ Onde você está me enviando? ─ Oma disse, seu sotaque alemão


cortando a conversa deles.

Mônica ficou de pé e foi para o lado da avó. ─ Oma, como está se


sentindo? Você está com dor?

A enfermeira ajustou o IV5 de Oma e sua avó observou a mulher


cuidadosamente, ignorando a pergunta.

─ Strudel de queijo com morango. ─ disse Oma, continuando sua


avaliação da jovem enfermeira.

5
Intravenosa

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
A mulher sorriu. ─ Não acredito que você se lembra. Essa era a
minha favorita quando menina. Minha mãe costumava pegar uma da
sua padaria toda semana, quando eu era criança.

─ Eu vejo a semelhança. Você se parece muito com sua mãe ─


disse Oma, com uma nota de tristeza em sua voz.

A enfermeira deu um sorriso gentil para Oma. ─ Seus sinais vitais


parecem bons, senhora Becker. Vou checar outro paciente. Se precisar
de mim, pressione o botão de chamada.

A enfermeira saiu da sala e Oma soltou um suspiro de dor.

─ O que é isso, Oma? ─ Mônica perguntou.

Sua avó ainda não encontrou seu olhar. ─ Ultimamente, tem sido
mais fácil lembrar de coisas que aconteceram vinte anos atrás do que
vinte minutos atrás. ─ Ela soltou um suspiro lento. ─ O que aconteceu
com a padaria?

─ Nada. ─ Mônica disse, pegando a mão de Oma. Stacey Collier


ligou. Ela diz que não há danos. Ela trancou para nós e devolveu as
chaves pela rampa de correio. Está tudo bem.

Oma olhou para o pulso enfaixado. ─ Não está tudo bem.

─ Sente alguma dor, senhora Becker?

Mônica assustou-se com o som da voz do Dr. Stein. Ele e Gabe


estavam atrás dela.

─ Eu vou sobreviver. ─ disse Oma, mas aquela sugestão de aço que


geralmente a permeava a cada palavra estava faltando.

Dr. Stein olhou para os monitores. ─ Vai demorar muito mais do


que isso para atrasar você, senhora Becker. Mas precisamos tomar
algumas decisões em relação à sua reabilitação. Há um quarto

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
disponível no Senior Living Campus. Eu recomendaria que você
pegasse.

Oma encontrou o olhar firme do Dr. Stein. - Não tenho tempo para
tudo isso. Eu tenho uma padaria para administrar. E depois há todo o
planejamento para . . .

A porta se abriu e Zoe Stein e Sam Sinclair entraram no quarto.

─ Oma. ─ disse Sam, chegando ao lado da cama. ─ Viemos assim


que ouvimos.

Zoe se juntou a ele. ─ Eu sei o que você está pensando Oma, mas
sei que podemos descobrir alguma coisa.

─ Descobrir o que? ─ Mônica e Gabe perguntaram em uníssono.

Mônica tentou dar o melhor de Gabe ─ isso não tem nada a ver
com o seu rosto. ─ mas a preocupação e a culpa haviam esgotado sua
energia. Ela voltou sua atenção para Zoe e Sam. Quando sua avó se
tornou a melhor amiga desses dois?

─ Oktoberfest. ─ Zoe respondeu como se fosse de conhecimento


comum.

─ Oktoberfest? ─ Gabe repetiu.

Sam cruzou os braços. ─ Oma e eu trabalhamos juntos para


planejar uma Oktoberfest familiar, aqui, em Langley Park, no final de
setembro. Os jardins concordaram em sediar o evento.

Zoe assentiu. ─ A Rádio Pública do Kansas tem várias entrevistas e


segmentos planejados para gravar com antecedência para destacar os
preparativos para isso.

Gabe prendeu seu irmão com o olhar. ─ Quando você mencionaria


isso para mim? A última vez que verifiquei, ainda possuía metade do
Park Tavern. Eu deveria ter algo a dizer em uma decisão como esta.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
A tensão na sala aumentou um pouco.

Sam deu um sorriso tenso ao irmão. ─ Eu tentei discutir isso com


você, mas você está na televisão ou está saindo de algum lugar para
estar na televisão hoje em dia. Expliquei tudo isso ao seu cara de
relações públicas, Calvin.

Um músculo bateu na mandíbula de Gabe. ─ Corbyn.

─ Acho que Corbyn não passou nenhuma das minhas mensagens


para você.

Sam segurou o olhar de Gabe. Uma batida passou, depois duas.


Quando ela conheceu Sam, anos atrás, ele e Gabe tinham um
relacionamento íntimo e amoroso. Mas os tempos haviam mudado. Ela
quase podia ver os laços da irmandade se estreitando entre eles.

Zoe limpou a garganta. ─ Parece um ótimo momento para manter


todos atualizados. ─ Ela lançou um rápido olhar de advertência para
cada irmão. ─ Oma e Sam estão planejando a primeira Oktoberfest de
Langley Park. Haverá comida alemã, música da Baviera, roupas
tradicionais, atividades infantis e barracas de cerveja. A coisa toda. A
Rádio Pública do Kansas vai cobrir tudo. Vamos gravar e filmar Oma
fazendo seus famosos strudels, fazer um segmento da história da
Oktoberfest, destacar o envolvimento da comunidade. Aquele tipo de
coisa.

─ Filmar? ─ Gabe disse, cortando-a. ─ Você trabalha no rádio.

Zoe soltou um suspiro impaciente. ─ Temos um site com bastante


conteúdo, Sr. Jet-Set Chef. O rádio público não é mais apenas
velhinhas falando sobre gatos e ganchos de crochê em alguma estação
da manhã.

─ Zoe, Sam. ─ interrompeu Oma. ─ Não sei como prepararemos


tudo até o final de setembro .

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Zoe e Sam se inclinaram e os três começaram a criar estratégias.
Mônica podia ouvi-los tranquilizando a avó, mas quando ela chamou a
atenção de Oma, seu coração se partiu. Aqueles olhos azuis afiados
esmaeceram e brilharam de emoção. Ela nunca tinha visto a avó
chorar. Não no funeral dos pais dela. Não no funeral de seu avô. Esta
Oktoberfest era importante para ela.

─ Eu vou fazer isso. ─ Mônica deixou escapar.

Sam e Zoe pararam.

─ Você, enkelin6 ? ─ Oma perguntou.

─ Eu consigo, Oma. Eu cresci assando bem ao seu lado. Eu


conheço todas as receitas.

Os olhos azuis de Oma se estreitaram. ─ Você não é esperada de


volta na Califórnia?

Mônica podia sentir o calor de cinco pares de olhos. ─ Não, eu não


sou esperada em lugar algum.

Falha.

Isso a atingiu como um soco no estômago.

Ela poderia muito bem ter tatuado a palavra na testa, mas isso não
importava. Executando a padaria. Realizando o sonho de Oma de uma
Oktoberfest de Langley Park. Essas eram suas novas prioridades.

─ Eu também posso ajudar. ─ disse Gabe.

O olhar de todos mudou para ele.

6 Neta em Alemão

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Pessoal. ─ disse o Dr. Stein, entrando na discussão. ─ Sei que
este festival é importante, mas a saúde e a reabilitação de Oma
também. Precisamos tomar algumas decisões.

Oma levantou o queixo. ─ Eu irei para o Campus de Vida Sênior.


Eu quero estar melhor para a Oktoberfest.

─ Faltam algumas semanas. ─ disse Stein. ─ Com terapia regular,


seguindo as ordens do médico e descansando bastante, não vejo razão
para que você não possa comparecer.

Oma assentiu. ─ Estou confiando nisso, enkelin, mas quero que


Gabriel a ajude.

─ Mas, Oma. ─ Mônica disse, olhando para Gabe. Seu rosto estava
neutro. Ela queria dar um soco.

Oma levantou o queixo outra fração de polegada. ─ Essa é a única


maneira de concordar com isso.

─ ONDE você conseguiu esse tempo todo para ajudar? ─ Sam


perguntou.

Gabe amava seu irmão, mas agora, ele não estava com humor para
ele conseguir o posto de irmão mais velho.

Gabe mudou seu peso de pé para pé na brilhante luz fluorescente


do corredor do hospital. O Dr. Stein os levou para fora da sala depois
que eles concordaram com um plano de reabilitação. Oma precisava se
concentrar em sua recuperação, não ouvir os quatro brigarem. Ele
olhou para Mônica. Parecia que ela queria apagar as luzes dele.

─ Acho que sei por que nosso chef Sinclair tem algum tempo em
suas mãos. ─ disse Zoe e estendeu o telefone.

Lá estava em cores vivas. A porra do vídeo viral.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ele não tinha assistido ainda. Ele não achou que precisava ver. Ele
esteve lá pelo amor de Deus! Sua mandíbula se apertou enquanto
observava o feed no telefone de Zoe. Quem levou o maldito vídeo fez um
ótimo trabalho ao capturar seu discurso retórico. Ele parecia um
lunático completo. Havia até um close da pobre menina chorando.

Gabe balançou a cabeça. As pessoas sabem que os chefs são


temperamentais. Inferno, quantos chefs por aí haviam feito carreira por
ser um idiota na cozinha? Ele não podia nem contar. Mas esse
comportamento foi mantido nos fundos da casa. Essa busca pela
perfeição era aceitável se promovesse a ordem e produzisse comida
incrível. Nenhum chef que se preze levou essa merda para a sala de
jantar.

O vídeo terminou. Uma fatia de silêncio se estendeu entre os


quatro quando a tela congelou no rosto chorando da garota.

Zoe deu uma olhada no telefone. ─ Jesus, Gabe! Quantos anos


esse tem esse pobre casal? Eles mal parecem ter 21 anos. Ela olhou
para Mônica. ─ A garota se parece muito com

Ele levantou a mão. ─ Parabéns! Agora todo mundo sabe por que
estou demorando um pouco para sair do restaurante. Vamos continuar.

─ Por que você não disse nada? ─ Sam perguntou. O fogo em seus
olhos esfriou alguns graus.

Ele encontrou o olhar verde sálvia correspondente de seu irmão.


Estou aqui e quero ajudar. Podemos apenas ir de lá?

Mônica balançou a cabeça. ─ Eu sei o que minha avó disse, mas


não preciso da sua ajuda, Gabe.

Ele colocou a expressão que geralmente fazia os garçons correrem.


─ Você não tem escolha. Prometi a Oma que ajudaria na padaria, e é
isso que pretendo fazer. Eu não quebro minhas promessas.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica respirou fundo, mas segurou o olhar dele e não recuou,
nem um centímetro. Na verdade, ela quase parecia encorajada por sua
escavação não tão sutil.

Ela estreitou o olhar. ─ Eu assisti você demonstrar um strudel na


televisão não faz muito tempo. O seu ainda está muito solto.

Algo quente e espinhoso se agitou dentro dele. Desde os dias de


seu aprendizado, ninguém se atreveu a criticar seu trabalho como chef.
Ele era um chef certificado. Seus dias de novato já haviam passado. Ele
olhou para ela. Droga, se tudo não voltasse correndo para ele! Os lábios
dela. O toque dela. Mas ele deixou tudo de lado. ─ Oma me pediu para
ajudá-la, então eu vou ajudá-la. ─ Um músculo pulsou em sua
mandíbula. ─ E para sua informação, eu faço um inferno de uma torta.

─ Muito frouxa. ─ Mônica disse baixinho.

─ Ok, crianças. ─ disse Zoe, colocando as mãos como um árbitro.


─ Eu não vou me fazer de boba. Você não precisa ser um gênio para ver
que ainda há alguma coisa séria entre vocês dois, mas, Mônica, você
sabe que Gabe pode ajudar. Seu status de celebridade é uma vantagem
e atrairá mais imprensa. Mais imprensa significa mais negócios para a
padaria e mais sucesso para o festival.

As bochechas de Mônica coraram em vermelho.

Sam colocou a mão no ombro de Mônica e Gabe ficou tenso. O


desejo de estrangular seu irmão voltou duas vezes. Não importa quanto
tempo se passou. Ele estava pronto para atacar qualquer homem que
colocasse um dedo em Mônica.

Sam olhou em sua direção e soltou a mão. ─ Mônica, sua avó


precisa que a Oktoberfest seja um sucesso. Não sei se você está de volta
a Langley Park há tempo suficiente para perceber, mas são meus
funcionários da Park Tavern que estão ajudando na padaria.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ O entregador. ─ Mônica disse, a voz quase um sussurro.

─ Sim, meus caras estão fazendo as entregas dela e ajudando


quando ela tem pouco pessoal .

O peito de Gabe se apertou. ─ Por que você não mencionou isso?

Sam de todas as pessoas deveria saber que ele gostaria de saber se


Gerda Becker precisava de ajuda. Ele faria qualquer coisa por ela.
Então o atingiu, e uma onda de culpa o atingiu. Quantos e-mails de seu
irmão ele deixou fechado? Quantas ligações de Sam ele havia
disparado? Cristo! Era como se todas as facetas de sua vida estivessem
se revelando. Todo o controle que ele pensava possuir estava se
dissolvendo no ar.

A expressão de Sam endureceu. ─ Esse é outro para o seu amigo,


Corbyn.

─ Isso é uma desculpa de merda. ─ disse Gabe, respirando fundo,


afastando a culpa. Absolutamente, ele precisava conversar com seu
agente de relações públicas, mas Sam poderia ter transmitido essa
informação a ele. Um texto. Uma mensagem de voz. Alguma coisa!

─ Não é desculpa. ─ Sam se reuniu. ─ Você pode ser dono de


metade do Park Tavern, mas seu envolvimento é reduzido a nenhum.
Eu precisava agir. Não posso ficar sentado esperando que você entenda
suas prioridades.

─ Minhas prioridades?

As camadas de raiva estavam se acumulando novamente. Mas


desta vez, essa raiva foi direcionada a si mesmo. Ele havia perdido a
mise en place , como o Chef Russo havia dito. E foda-se, ele odiava ser
chamado!

─ Ei, Cain e Abel, vamos descansar, tudo bem. ─ disse Zoe,


apontando para a porta do quarto de Oma e gesticulando para que eles

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KRISTA SANDOR
o mantivessem abaixado. ─ Vocês precisam ir atrás do hospital ou
podemos seguir em frente?

Gabe olhou para o irmão, mas concordou com a cabeça.

Sam fez o mesmo.

─ E vocês dois, Britney Spears e Justin Timberlake. ─ disse Zoe,


olhando dele para Mônica. ─ Entendi. Há drama entre vocês dois.
Preciso montar um concurso de tranças com strudel e fixar uma estrela
dourada em cada uma de suas testas?

Uma batida de silêncio passou. Ele olhou para Mônica. Ela


balançou a cabeça obedientemente.

─ Gabe? ─ Zoe perguntou, mãos nos quadris.

─ Não. Não são necessárias estrelas douradas. Apesar de toda a


merda que tinha acontecido, ele teve que segurar um sorriso. Ele havia
esquecido o quanto Zoe poderia ser uma cabeça-quente. Ela seria uma
força formidável na cozinha.

─ Ok, todos vocês! Pare de agir como um punhado de ganso e


vamos trabalhar juntos. Enquanto o Chef Hissy Fit aqui puder controlar
seu temperamento e evitar fazer outra mulher chorar, sua presença
aqui é uma coisa boa.

Ele tentou lançar um olhar feroz para Zoe, mas ela o afastou.

─ Nem tente bancar o chef bad boy comigo, Sinclair. ─ disse Zoe,
seu olhar formidável ainda no lugar. ─ Lembro quando você fez xixi nas
calças no jardim de infância. Eu não me importo com o quão famoso
você é! Eu nunca vou! Mas pode ajudar Oma.

─ Jesus, Zoe. ─ ele suspirou.

Ela o ignorou e olhou para o irmão e Mônica. ─ Foram bons?

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KRISTA SANDOR
Sam deu a Zoe um aceno relutante. Mônica seguiu o exemplo.

─ Agora estamos chegando a algum lugar. ─ disse Zoe, suavizando


seu tom. ─ Inicialmente, mostrei ao KPR que focaríamos em Oma e sua
contribuição para a comunidade, mas sei que eles vão adorar a ideia da
neta do padeiro alemão e um chef de TV se unindo a ela para tornar
possível a Oktoberfest. Esse ângulo funciona para todos?

Gabe olhou para Mônica, mas ela não olhou nos olhos dele.

Ela esfregou o medalhão. Estou concordando com isso para minha


avó. Se permitir Gabe ajudar significa que ela se concentrará em sua
reabilitação no Senior Living Center, então eu não tenho escolha.

Zoe assentiu. ─ Ok, estamos bem com Britney e Justin. Caim e


Abel, vocês consegues trabalhar juntos?

Gabe assentiu. ─ Sim, eu estou aqui por Oma.

─ Sam? ─ Zoe perguntou. Ela estendeu a mão como se fosse tocar


seu braço, mas se afastou.

─ Você sabe que eu farei a coisa certa. ─ respondeu Sam, mas ele
não encontrou o olhar dela.

Zoe soltou um suspiro. ─ Gabe, Mônica, eu estarei em contato.

O telefone de Sam tocou ao mesmo tempo que o de Zoe.

─ É Em, precisamos voltar para os bebês. ─ disse Zoe,


compartilhando um olhar com Sam.

Sam guardou o telefone no bolso. ─ Sim, Michael acabou de me


enviar a mesma coisa.

─ Vocês deveriam vir também. ─ acrescentou Zoe.

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KRISTA SANDOR
Mônica apertou os lábios e balançou a cabeça. ─ É melhor eu
voltar para a padaria. Não acho que haja nenhum dano grave, mas
preciso entrar lá e ver por mim mesma.

─ Você precisa de uma carona de volta? ─ Sam perguntou. ─ Eu


poderia levá-la.

Mônica esfregou uma torção no pescoço. ─ Não, mas obrigado por


oferecer. Eu gostaria de andar.

Os dedos de Gabe se contraíram. Ele queria mais do que tudo tocá-


la. O fogo em seus olhos se foi, e quase o matou por não poder levá-la
em seus braços. Ele enfiou as mãos nos bolsos. No espaço de pouco
mais de algumas horas, ele teve um cupcake esmagado no rosto, beijou
Mônica em seu lugar secreto e depois concordou em ajudá-la a fazer a
primeira Oktoberfest de Langley Park. Ele não sabia qual era o caminho
quando se tratava da direção de sua vida ou de seus sentimentos por
essa mulher.

Ele havia fantasiado sobre como seria se a visse novamente. Em


seu conto de fadas dirigido pelo ego, ele desempenhou o papel do chef
de sucesso que não precisava da aprovação dela para deixar sua marca
neste mundo. Mas agora, esses pensamentos infantis o fizeram
estremecer. Salpicar seu sucesso no rosto dela não o fez se sentir
triunfante. Ele não sabia o que a vida lhe tinha dado, mas a
preocupação em seu rosto não era o olhar de uma mulher que passava
dias despreocupados descansando em um super iate.

Mônica seguiu pelo corredor. Ele conhecia aquele passo de partir o


coração. Ele reconheceu a queda nos ombros dela. Ele o vira quando
menino quando a seguiu até o local escondido nos jardins botânicos.

─ Gabe? ─ Zoe perguntou. ─ Você vem ver os bebês?

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KRISTA SANDOR
Ele saiu de seu sonho. ─ Não, eu quero ver se Mônica chegou bem.
Você pode dizer a todos que lamento ter tido que sair correndo? Eu
voltarei assim que puder.

Com um aceno rápido para Zoe e Sam, ele seguiu Mônica pelo
corredor. Ele meio que esperava que ela corresse novamente, mas ela
não o fez. Perdida em seus pensamentos, ela mordeu o lábio inferior. Os
olhos dela focaram em nada.

As portas se abriram para o saguão e Mônica piscou como se


tivesse acabado de acordar de um sonho. Ele ficou meio passo atrás
dela quando ela saiu do hospital e seguiu a trilha de Boley Lake. Estava
escuro. A brisa sussurrava entre as árvores, e um coro de grilos e
cigarras zumbia, escondido dentro da folhagem densa que cercava o
caminho de volta ao centro da cidade de Langley Park. As luzes do
pavilhão do jardim botânico refletiam a água, piscando e piscando toda
vez que um peixe ou sapo perturbava a superfície serena.

O olhar de Gabe se fixou no cenário familiar. Na pressa de deixar


este lugar há mais de uma década e provar que ele era mais do que
apenas um garoto do jornal apaixonado, havia esquecido o quanto
estava conectado à cidade. Ele conhecia cada rua, cada loja. Ele podia
fechar os olhos agora e encontrar o caminho para a padaria. Como as
linhas gravadas em suas mãos, Langley Park estava gravado em sua
alma. Ele olhou para a forma esbelta de Mônica ainda um passo à
frente. Durante quase toda a sua juventude, todas as partes desta
cidade estavam centradas ao seu redor. Ele passara tantas manhãs no
coração do centro da cidade observando-a de longe. Ele mal sabia como
existir neste lugar sem ela.

Ele continuou meio passo atrás quando emergiram dos jardins e


entraram na luz do lampião do centro da cidade. Ela escolheu levar a
Bellflower Street de volta à padaria. A rua dele. Duas milhas a oeste e
ele estaria em casa.

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KRISTA SANDOR
Casa.

Um calafrio passou por ele. Depois de deixar Langley Park, tudo o


que ele conseguia imaginar quando pensava em sua casa de infância
era a carta de despedida de sua mãe colada na porta da frente. Um
músculo pulsou em sua mandíbula. Quase como se os eventos
estivessem conectados em algum tipo de ponto da memória doente,
ponto a ponto, pensamentos sobre o abandono de sua mãe sempre
levavam às lembranças daquela fatídica noite em que Oma deslizava
outro envelope branco sobre a mesa de açougue.

Anos podem ter se passado, mas as cicatrizes deste lugar foram


além da pele. A voz irritante que sussurrou todas as suas inseguranças
aumentou um pouco no Langley Park.

Talvez se ele fosse um menino melhor, sua mãe teria ficado.

Talvez se ele fosse um homem melhor, Mônica não o tivesse deixado.

O fogo que o levou a se tornar o chef de sucesso que era hoje rugiu
para a vida.

Mônica parou de andar e ele quase a atacou. Eles já estavam em


pé na frente da padaria. Perdido lutando contra os demônios em sua
mente, seu corpo mudou para o piloto automático. Ele nem tinha
percebido que eles haviam chegado.

Mônica puxou um molho de chaves do bolso, mas hesitou antes de


abrir a porta. Ela olhou para a chave. ─ Você não precisa estar aqui,
Gabe. Eu tenho tudo sob controle.

Ele deu um passo mais perto. ─ E se você decidir pegar e sair,


Mon? Você acha que tenho algum motivo para acreditar que você não
vai pular do barco no segundo em que algo melhor vier.

Seu corpo ficou rígido e ela enfiou a chave na fechadura. Ela abriu
a porta e acendeu as luzes.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Você não sabe nada sobre mim, Gabe! Não mais!

Depois de um dia em que suas emoções passavam pela


campainha, era reconfortante permitir que a raiva assumisse o controle.

Ele lançou um sorriso triste nos lábios. ─ Eu sei o suficiente.

Ela passou por ele e foi para o fogão. Uma panela, preta com seu
conteúdo queimado, estava parada no queimador. Ela pegou e jogou na
pia. Ele bateu contra a bacia de aço inoxidável quando um chocalho de
metal contra metal ecoou pela padaria.

Mônica virou-se. Um rubor quente subiu por seu pescoço. ─ Me


desculpe, eu te machuquei, Gabe! Mas o que você não consegue
entender é que, até aquele momento, até o momento em que pisei no
avião, passei toda a minha vida sendo menos do que todos ao meu
redor. Eu era neta do padeira. É isso aí!

Um interruptor virou dentro dele. Ele a enjaulou, ancorando as


mãos na pia. ─ Você nunca foi apenas a neta do padeiro para mim.

Porra, inferno! Seu coração em conflito estava girando por todo o


lugar maldito. Por um segundo, ele é o imbecil insensível que chegou ao
topo sem ela; no próximo, ele está prestes a começar a derramar suas
entranhas como se tivesse dezoito anos novamente. Ele se inclinou. O
cheiro de maçã e canela. A curva de sua bochecha. O queixo dela.
Todas essas coisas o chamavam, imploravam que ele esquecesse sua
raiva, renunciasse à amargura.

Mônica apertou o medalhão e esfregou o polegar ao longo da


corrente. Ele olhou para o aro. O elo que ele cuidadosamente recolocara
no lugar. Sua respiração veio em sopros rasos quando ele se inclinou
uma fração mais perto.

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KRISTA SANDOR
A respiração de Mônica imitava a dele, e a rápida subida e descida
do peito lhe dizia que ela também a sentia. Aquela corrente subjacente,
aquela faísca elétrica que se acendeu quando estavam juntos.

Ela levantou o queixo e encontrou o olhar dele. ─ Podemos pedir


uma trégua e concordar em trabalhar juntos para Oma? É apenas por
um mês e meio. Depois disso, você pode voltar as modelos de televisão e
roupas íntimas no horário nobre.

Os lábios dele pairavam milímetros acima dos dela. ─ Você acha


que é isso que eu quero?

Seu hálito doce veio em suspiros audíveis. Ele levantou a mão e


afastou a franja negra dos olhos. Eles tinham dezoito anos novamente,
roubando beijos atrás dos fornos. Ele passou a mão pelos cabelos dela.
Mônica começou a pressionar a ponta dos pés, seus corpos lembrando
essa dança perfeita de luxúria e atração, quando a porta da padaria se
abriu.

─ Estamos fechados. ─ ele chamou.

─ Eu não estou aqui para cupcakes. ─ veio a voz de um homem.

Gabe virou-se, pronto para dar a essa merda um pedaço de sua


mente. ─ Eu disse que estamos fechados.

O homem não se mexeu. ─ Como eu disse, não estou aqui para


cupcakes.

O cliente olhou para Mônica. ─ Você é Mônica Brandt?

Gabe olhou para Mônica. Ela ficou pálida. Quem diabos era esse
cara?

─ Quem quer saber? ─ ele perguntou.

O homem deu um sorriso apaziguador e levantou um distintivo. ─


O FBI gostaria de saber.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
14
MÔNICA ofegou. O ar na sala ficou espesso e seco.

─ Isso é sobre o fogo? ─ Gabe perguntou, inclinando seu corpo


protetoramente na frente dela.

─ Fogo? ─ o homem repetiu de volta. Ele franziu a testa. ─ Alguém


colocou fogo aqui?

Mônica deu um passo à frente. Ela sabia que o FBI não estaria
aqui porque o alarme de incêndio disparou. A imagem do sangue,
vermelho e rastejando sob a porta do banheiro, passou por sua mente.
Ela engoliu em seco. ─ Ninguém incendiou. Foi um acidente. Minha avó
é dona dessa padaria. Ela esqueceu que colocou uma panela no fogão e
subiu as escadas para o apartamento. A fumaça disparou o alarme.

O homem assentiu. Ele era atraente. Pele escura de mogno e


cabelos cortados rente. Ela o colocou perto da idade dela, talvez alguns
anos mais velho.

- Brandt, sou o agente Wesley Glenn. Trabalho no escritório de


campo do FBI em Kansas City, Missouri. Sinto muito pela hora tardia,
mas preciso fazer algumas perguntas.

Mônica mordeu o interior da bochecha para não tremer. A dor


enviou uma rápida sacudida em seu corpo. Gabe deve ter sentido
alguma coisa. Ele espalhou a mão nas costas dela, e a sensação a
aterrou.

Isso tinha que ser sobre o que aconteceu em Portola Valley.

Ela seria burra.

Gabe virou-se para ela. ─ O que é isso Mônica? Você quer que eu
ligue para Michael?

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KRISTA SANDOR
─ Quem é Michael? ─ Agente Glenn perguntou. Ele tirou um
caderno da mochila.

─ Meu primo é um advogado. ─ respondeu Gabe.

Ela colocou a mão no braço dele. ─ Está tudo bem. Não acho que
precisaremos de algo assim.

Gabe manteve o olhar fixo em Glenn.

─ Por que você não aparece com o agente Glenn? Podemos sentar à
mesa de trabalho.

Glenn sentou-se e Gabe lançou-lhe um olhar interrogativo. Ela


colou um sorriso vago nos lábios. Ninguém jamais esperava que um
modelo tivesse mais de duas células cerebrais para esfregar juntas.
Embora essa fosse uma suposição totalmente falsa, ela estava
apostando nisso para tirar o agente Glenn de sua padaria.

Ela e Gabe sentaram-se em frente a Glenn, e o agente abriu sua


mochila e pegou uma pasta.

─ Senhor, eu não entendi seu nome. ─ disse Glenn, olhando para


Gabe.

─ Eu não te disse meu nome.

─ É Gabe Sinclair. ─ ela respondeu e lançou-lhe um olhar calmo .

─ O chef de TV? ─ Glenn perguntou com um sorriso curioso.

─ É ele. ─ Mônica respondeu, tentando colocar uma vantagem


brilhante em suas palavras. Se o agente Glenn estava aqui para
perguntar sobre o que havia acontecido em Portola Valley, ela precisava
parecer leve, escamosa e completamente sem noção.

Gabe se mexeu em seu assento.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Minha esposa gosta de você. Ela pegou seu livro de receitas ─
disse Glenn e anotou algo em seu caderno. ─ O que você está fazendo
em Kansas City?

A bobina de ansiedade em seu peito relaxou uma fração. ─ Gabe é


um amigo da família. Ele está ajudando na primeira Oktoberfest de
Langley Park.

─ É assim mesmo? ─ O agente Glenn comentou.

Gabe assentiu. ─ Sim, está certo.

A bobina afrouxou outro entalhe.

─ E você, Srta. Brandt, é isso que a leva de volta a Langley Park?

Ela ampliou seu sorriso de plástico. ─ Sim.

Glenn tamborilou com os dedos na pasta. Ele abriu a capa e tirou


uma foto granulada em preto e branco.

A bobina de ansiedade em seu peito recuou cada vez mais,


forçando sua respiração a respirar fundo.

A imagem deve ter vindo de uma câmera de segurança. Em tons


difusos de preto e cinza, lá estava ela, caminhando em direção ao
portão da frente da mansão de Portola Valley. Ela se destacou no
vestido branco de Jade. Ela mordeu o interior da bochecha, esperando
que a dor entorpecesse o medo.

- Veja você - começou Glenn -, estivemos procurando por você,


senhorita Brandt. Pensávamos que estávamos procurando uma Jade
Adkins. Mas isso. ─ Ele bateu no formulário dela com o dedo indicador.
─ Esta não é Jade Adkins.

─ Mônica, o que está acontecendo? ─ Gabe perguntou, olhando


para a foto.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela tentou manter o sorriso vago. ─ Isso não é nada. Eu estava
ajudando uma amiga.

─ Indo para uma festa? ─ Gabe pressionou.

A mão dela voou para o medalhão. ─ Às vezes as pessoas


contratam modelos para ir às festas. Minha amiga Jade deveria ir, mas
ela não estava se sentindo bem.

Os olhos de Gabe passaram para a foto. ─ Você não é uma . . .

Ele achava que ela era algum tipo de garota de programa?

Ela levantou o queixo uma fração. Eu não sou nada. ─ Eu tive a


oportunidade de ir a uma festa. Minha amiga pensou que poderia haver
pessoas com conexões para um trabalho de modelagem. É isso aí.

- Brandt. Acho que aconteceu um pouco mais do que apenas ir a


uma festa.

O agente tirou mais fotos. Uma dela na porta da frente e uma dela
entrando na casa da piscina.

Ela soltou o medalhão e apertou as mãos. ─ Olhei em volta da


casa, vi que não era minha cena e saí.

Glenn se inclinou. ─ Todas as câmeras de segurança foram


cortadas logo após você entrar na casa da piscina. Não há nada em
nenhuma delas em qualquer lugar da propriedade pelo resto da noite.
Era como se a alimentação fosse cortada de propósito.

Ela fez uma careta. - Eu não saberia o porquê. Eu nem sabia em


que casa eu estava. Eu certamente não sabia que havia câmeras ou
como desativá-las.

Gabe lançou um bufo baixo de desaprovação, mas ela ignorou.

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KRISTA SANDOR
Glenn olhou para suas anotações. ─ Vamos mudar de marcha.
Você deveria morar com a senhorita Adkins naquele dia.

Ela discou seu sorriso. ─ Meus planos mudaram.

Adkins disse que você tinha passado por momentos difíceis. Você
não estava conseguindo muitos empregos de modelo e não conseguiu
comprar seu apartamento em San Francisco.

Os olhos de Gabe estavam nela, mas ela não se atreveu a olhar


para ele. Ela estudou suas feições. ─ Modelagem é uma indústria difícil.
Jade teve a gentileza de se oferecer para me deixar ficar com ela, mas
eu fiz outros arranjos.

─ Oktoberfest. ─ Glenn forneceu.

─ Exatamente.

Glenn a observou por um instante. ─ Acho que o único motivo pelo


qual você voltou a Langley Park foi para ajudar na padaria da sua avó,
senhorita Brandt.

─ Que outro motivo haveria? ─ ela perguntou. Se o agente tivesse


mais cartas para jogar, ela também poderia vê-las agora.

Glenn puxou um gravador de voz digital fino de sua bolsa e


colocou-o sobre a mesa. Ele apertou um botão.

Gabinete do Xerife do Condado de San Mateo. Qual é a sua


emergência?

Olá, eu, bem . . . alguém pode ter se machucado em uma casa em


Portola Valley.

Senhora, posso obter seu nome e localização?

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Eu não estou lá, mas alguém pode está machucado. Eles podem
precisar de ajuda. Não tenho certeza se eles foram baleados. Eu acho que
ele ainda está vivo. Eu não sei mais nada.

A mensagem terminou com o interlocutor chamando um endereço.


O som de grandes plataformas derrubando a interestadual zumbiu ao
fundo antes que a fila se apagasse.

Essa ligação veio de um telefone público em uma parada de


caminhões perto de Salt Lake City. Glenn levantou o telefone. ─ Aqui
está uma captura de tela de uma das câmeras de segurança.

Lá estava ela, curvada, segurando o telefone e ainda vestindo o


casaco preto.

Ela olhou para a imagem. ─ Eu não sabia mais o que fazer.

─ Jesus, Mon! O que diabos aconteceu? ─ Gabe perguntou.

A vantagem arrogante que ele usava quando o agente Glenn


chegou desapareceu. Ele olhou para ela com a mesma intensidade da
noite em que a salvou de Chip Wilkes.

Ela soltou um suspiro apertado. ─ Eu fui a essa festa por Jade. Ela
disse que pode haver pessoas lá que poderiam me ajudar a conseguir
algum trabalho de modelagem. Isso não é mentira.

Glenn assentiu.

─ Quando cheguei lá, um cavalheiro se ofereceu para me mostrar a


casa.

Gabe ficou rígido. Ela podia sentir a onda de tensão saindo dele.

─ No começo era completamente inocente, mas depois ele me tocou


de maneira inadequada e pedi que parasse. Isso o enfureceu e ele
tentou me bater.

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─ Droga. ─ Gabe suspirou.

Glenn ignorou Gabe e estreitou o olhar. ─ Você se lembra do nome


do homem?

─ Greg, eu acho.

─ Vá em frente. ─ Glenn solicitou.

Ela tentou dar a Gabe um sorriso tranquilizador, mas ele não caiu.
─ Ele não me machucou. Eu me afastei do caminho, mas seu anel
roçou minha bochecha. Começou a sangrar e eu fui à casa da piscina
para ter um pouco de privacidade e me limpar.

─ O que aconteceu na casa da piscina, senhorita Brandt? ─ Glenn


pressionou.

Ela balançou a cabeça um pouco, como se isso pudesse apagar a


imagem do sangue no mármore. ─ Enquanto eu estava no banheiro,
ouvi um homem e uma mulher entrar na casa da piscina. Eu entrei em
pânico. Eu não sabia se iria ter problemas por estar lá. Eu estava lá
com o nome da minha amiga e não queria metê-la em nenhum
problema. Eu fiquei quieta. Imaginei que esperaria até que eles saíssem
e depois saísse. Tudo o que eu queria fazer naquele momento era sair
de lá.

─ Você viu alguém? ─ Perguntou Glenn.

Ela olhou para a mesa e assentiu. ─ Um homem entrou no


banheiro. Eu me escondi atrás da cortina do chuveiro. Ele não me viu.

─ Você pode descrevê-lo?

─ Construção média. Cabelo escuro. Pele clara. Talvez na casa dos


trinta. Eu apenas vislumbrei de lado.

Glenn tirou outra foto da pasta. ─ Este homem parece familiar?

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Ela tocou na foto. ─ Esse é ele. Lembro-me da leve cicatriz rosa no
lado de sua bochecha. A mulher com quem ele o chamava Lex.

Os olhos de Glenn se arregalaram. ─ Você tem certeza?

─ Tenho certeza.

Glenn se inclinou para frente. ─ Essa é uma das únicas fotos que
temos de Alexsey Strazds. No mundo cibernético, ele passa pelo nome
de Black Bird. Ele é um hacker procurado pelo FBI por crimes
cibernéticos.

Trechos da conversa que ela ouviu giraram em sua mente. ─ Eu o


ouvi dizer algo sobre ransomware. Ele tinha sotaque, talvez russo.

Glenn olhou para ela por um instante. - Você está perto. Não
russo, letão. Ele vem de uma família rica ligada ao Kremlin. Ele esteve
por trás de algumas das maiores violações de dados que nossos
funcionários já viram. Ele deixa as empresas aleijadas, extorquiu
milhões e é considerado uma ameaça à segurança dos EUA. Estávamos
começando a pensar que o Black Bird não era apenas uma pessoa, mas
um grupo de hackers trabalhando juntos. Acho que você derrubou essa
teoria hoje à noite, Srta. Brandt.

Gabe prendeu o agente com o olhar. ─ Mônica está em perigo?


Essas pessoas vão atrás dela?

Glenn se inclinou. ─ O FBI está entrevistando todos que


encontramos que compareceram à festa. Mais da metade dos
convidados com quem conversamos são como Mônica ─ pessoas da
indústria de modelagem ou entretenimento que desejam fazer conexões
no mundo da tecnologia. Ela não deveria aparecer no radar de ninguém
como algo além de modelo participando de uma festa.

Gabe pegou a mão dela. Suas juntas estavam quase brancas


quando ele entrelaçou os dedos com ela.

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─ E Jade? Quem criou a festa tem o nome dela, não o meu.

O agente Glenn assentiu. ─ Como eu disse, a maioria das pessoas


eram atores e modelos. Quem quer que tenha marcado essa reunião
com o Black Bird queria cobertura. Eles queriam um evento modesto,
onde pudessem se misturar facilmente.

Ela olhou para a mão de Gabe enrolada na dela. Se ao menos


pudessem voltar no verão, quando seus dias se concentravam em assar
bolos e roubar beijos.

Os ombros dela caíram. ─ Nós terminamos?

Brandt ─ disse Glenn, suavizando o tom. ─ Você precisa me dizer


como você sabe que alguém se machucou e como você saiu da casa da
piscina.

Ela fechou os olhos e os abriu lentamente. ─ Dois homens se


juntaram a Lex e a mulher na casa da piscina. Eles pareciam conhecer
a mulher.

─ Porque você pensaria isso? ─ Glenn sondou.

─ Os homens sabiam que estavam comprando ransomware de Lex.


Disseram à mulher que estavam preocupados que não valia o dinheiro
ou que não fariam o que queriam, não tenho cem por cento de certeza.
Só me lembro que o que eles estavam comprando de Lex era caro e
precisavam superar a concorrência.

─ Mas aconteceu algo que interrompeu essa transação. ─ alertou


Glenn.

Ela assentiu. ─ Quando Lex entrou no banheiro, ele fez algo em


seu telefone. Mas não pude ver o que ele digitou de onde eu estava
escondida atrás da cortina do chuveiro.

─ O que aconteceu depois? ─ Perguntou Glenn.

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Uma lágrima escorreu por sua bochecha. Ela não pôde evitar. O
som agudo ricocheteou em sua mente.

─ Mon, se for muito difícil, você não precisa continuar. ─ disse


Gabe, angustiado por suas palavras.

Ela olhou para as mãos deles. Agora eram os nós dos dedos dela
que eram brancos. ─ Estou bem. Eu posso fazer isso.

Ele assentiu, mas seus olhos ardiam de emoção.

Ela soltou um suspiro lento. ─ A mulher disse que sabia que


haviam sido traídos e que houve um estalo alto.

Um bolso de silêncio tomou conta da sala.

Glenn suavizou o olhar. ─ Continue. Está bem.

─ Vi uma poça de sangue embaixo da porta do banheiro.

─ Cristo, Mônica. ─ Gabe sussurrou em um suspiro apertado. Ele


passou o braço em volta dela.

Ela não se afastou. Ela precisava do conforto. Até esse momento,


ela havia empurrado a memória daquela noite para os cantos mais
sombrios de sua mente. Tudo tinha sido sobre sobrevivência. Sair do
Vale de Portola, sair da Califórnia e voltar ao Langley Park era tudo em
que ela conseguia se concentrar. Sua mente estava centrada no lugar
mais seguro que ela poderia ir, e estava ao lado de sua Oma, trançando
torções na Little Bakery, em Mulberry Drive.

─ Você acha que ouviu Alexsey levar um tiro? ─ Perguntou Glenn.

─ Não tenho certeza. Depois que a arma disparou, as pessoas


estavam conversando, as vozes se sobrepondo. Mas quem se machucou
ainda estava gemendo.

─ Como você saiu de lá? ─ Glenn empurrou.

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─ Jesus. ─ disse Gabe em um suspiro exasperado. ─ Isso não é
suficiente para uma noite?

Ela podia ver a dor nos olhos dele. ─ Está quase acabando. Estou
bem. Eu posso continuar.

Ele franziu a testa e a puxou para mais perto.

─ Havia uma janela no chuveiro. Abri, saí e corri pela floresta até
encontrar uma estrada. De lá, peguei um ônibus de volta ao Centro de
Trânsito de Palo Alto.

─ Ninguém te viu? Ninguém sabia que você estava lá? Glenn


pressionou.

─ Alguém abriu a porta, mas eu já estava na metade do caminho.


E ninguém me seguiu. Eu os teria visto. Eu estava sozinha quando
peguei a estrada e o ônibus apareceu segundos depois.

─ Você partiu para Langley Park depois disso?

Ela enxugou uma lágrima da bochecha. ─ Eu cheguei no meu


carro. Eu o deixei estacionado na estação de trânsito de Palo Alto. Eu
deveria ter chamado a polícia naquele momento, mas estava assustada.
Tudo que eu sabia era que precisava sair de lá.

─ Eu acho que são perguntas suficientes para esta noite. ─ disse


Gabe, apertando o braço em volta dela.

─ Eu concordo, Sr. Sinclair. ─ Glenn tirou um cartão de visita do


bolso e o deslizou sobre a mesa. ─ Vou precisar saber se você decidir
sair da cidade, Srta. Brandt.

─ Mônica não está com problemas, está? ─ Gabe perguntou, raiva


rastejando em seu tom.

─ Não, ela não está. O FBI ainda está montando toda essa
situação. Estivemos na casa de Portola Valley. A equipe ainda está

The Measure of Home


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reunindo evidências. Mas podemos precisar que você faça uma
declaração oficial ou possivelmente testemunhe.

─ Testemunhar? ─ ela ecoou em uma respiração instável.

Glenn levantou-se. ─ Vamos dar um passo de cada vez. Entrarei


em contato. Não hesite em ligar se se lembrar de mais alguma coisa.

Ela engoliu em seco e se lembrou de suas maneiras. ─ Nos vemos,


agente Glenn.

Ela saiu do aperto de Gabe. Ele afrouxou o aperto, mas seus olhos
disseram que isso não havia terminado. O agente do FBI pode estar
saindo, mas ele tinha perguntas. Eles queimaram em seu olhar.

Ela e Gabe levaram o agente Glenn até a porta e o levaram para a


calçada.

─ Entrarei em contato. ─ disse o homem e desapareceu na rua.

Mônica olhou para longe. A brisa da noite não fez nada para
atenuar o calor saindo de Gabe. Ela podia sentir as perguntas ardendo
dentro dele. Ou talvez não fosse ele. Talvez esse calor tenha sido
causado pela humilhação abrasadora que queimava suas veias. Já era
ruim o suficiente que ela voltasse para casa em Langley Park. Mais uma
vez, sua necessidade de ser mais, sua necessidade de tentar voltar à
modelagem a levaram até aqui, possivelmente uma testemunha do
assassinato de um dos homens mais procurados do mundo, e tudo
porque ela foi aquela maldita festa tentando alavancar sua carreira.

Gabe traçou o arranhão fino em sua bochecha. ─ Mônica, nós


precisamos

O som de um motor virando o parou e ele soltou a mão. Não era o


carro de Glenn. O agente tinha ido na outra direção. Ela viu como um
par de luzes traseiras desapareceu a um quarteirão de distância e
examinou a rua. Os eventos dos últimos dias a deixaram exausta. O

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KRISTA SANDOR
carro não era nada. Ela morava no meio do centro da cidade de Langley
Park, pelo bem de Pete. Mesmo sendo tarde, isso não significava que o
motorista tivesse motivos sinistros.

Ela cruzou os braços e voltou para a padaria com Gabe em seus


calcanhares. Ele trancou a porta. O clique do raio provocou outro
arrepio na espinha. ─ Eu não posso brigar com você, Gabe. Não essa
noite.

Ela deixou escapar as palavras como uma adolescente dramática.


Ela não pôde evitar. Depois de Portola Valley, vendo Gabe, o acidente de
Oma e a visita do agente Glenn, a frágil faixa de autopreservação que a
mantinha unida havia se esgotado.

─ Não estou aqui para brigar com você, mas acho que mereço
algumas respostas.

Ela manteve as costas para ele. Ela não podia olhar para ele, não
podia deixar que ele visse a vergonha, o medo e a humilhação. Vou para
a cama. Você pode sair por trás.

─ Eu não vou deixar você aqui sozinha. Não quando você está
envolvida com cibercriminosos e possíveis assassinos.

Ela soltou uma risada minúscula. Se não fosse tudo real, a


situação dela seria quase cômica. A garota deixa o garoto por fama e
fortuna apenas para voltar para casa sem um tostão e envolvida em
uma investigação do FBI.

Ela passou pela vitrine com Gabe logo atrás. Ele se moveu
silenciosamente, mas quando chegaram à escada, ele não deixou a
porta dos fundos. Seus passos pesados a seguiram até os degraus do
apartamento. Ela entrou no quarto escuro e ligou o interruptor da luz.
Uma pequena lâmpada ao lado de sua cama ganhou vida, aquecendo o
quarto com um brilho fraco e dourado. Seu olhar se fixou na pulseira
com o pingente esticada ao longo de sua mesa de cabeceira. Ficou

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KRISTA SANDOR
assim por mais de uma década. Enquanto Oma limpava o quarto
regularmente ao longo dos anos - foi imaculada a noite em que ela
voltou para casa sem aviso prévio -, ela não havia perturbado a joia.
Nos poucos dias em que voltara, não tinha conseguido tocá-la.

Gabe respirou fundo. Ele também viu.

Ela quase podia ouvir o rasgo quando os últimos fios de sua


dignidade caíram no chão, deixando-a nua e exposta. Ela se virou. Na
luz suave de seu quarto, Gabe parecia mais jovem. A borda dura que ele
adquiriu enquanto estavam separados desapareceu. Ele estava
congelado, o olhar ainda preso na pulseira.

Ela olhou para ele como se tivesse desaparecido e com ele, no


verão em que se apaixonaram. Se tivesse ido, se tivesse evaporado
magicamente em nada, tudo isso poderia ter sido um sonho. Mas lá
estava, o lembrete de sua devoção e sua traição.

─ Você tem todo o direito de me odiar. Sei o que fiz com você foi
imperdoável.

Seu olhar ficou preso na pulseira. ─ Não precisamos fazer isso,


Mon agora não.

Ela balançou a cabeça e piscou para conter as lágrimas. ─ Não,


isso precisa acontecer. Veja bem, não tenho nada a perder. Todos os
meus erros e todas as minhas deficiências estão à mostra. Você pode
pensar o que gosta em mim, mas preciso que saiba uma coisa.

Ele desviou o olhar da pulseira. Ele estava fazendo de tudo para


manter seu controle, mas o aperto de sua mandíbula dizia que ele
estava no limite ali com ela.

─ O primeiro lugar que os designers me levaram depois que


deixamos os estados foi Paris.

Ele se encolheu com a palavra. Mas ela teve que continuar.

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KRISTA SANDOR
─ Quando vi a Torre Eiffel, tudo o que eu queria - com toda a
minha alma - era que você estivesse ali, segurando uma cesta de
piquenique.

Ele passou as mãos pelos cabelos, puxando-os. ─ Por que você não
me ligou ou escreveu para mim? Eu estaria no próximo vôo, Mônica.

─ Eu estava assustada. ─ As palavras tinham gosto de cinzas e


arrependimento.

─ Sobre o que?

─ Eu queria ser modelo a vida toda. Eu estava com medo de que,


se você viesse, terminasse. Eu estava com medo de não poder modelar e
você.

─ Mônica. ─ ele sussurrou com tanta ternura que a cortou.

─ E então foi esse grande turbilhão, meses se passaram, anos se


passaram, e então tudo se desfez. Nós estávamos em Londres. Eu
deveria fazer uma grande divulgação para a Vogue britânica para a nova
coleção de Cora Leigh. Cora me deu a notícia. Ela disse que ela e Leigh
estavam terminando e buscando interesses diferentes. As filmagens
foram encerradas. Ambas as designers queriam um novo começo, e isso
significava que nenhuma deles me queria. Elas me deram uma
passagem só de ida para São Francisco, e foi isso. Ela enxugou uma
lágrima da bochecha. Ela nunca contou a história toda para ninguém.

─ Se eu soubesse . . . ─ Gabe começou, mas suas palavras


sumiram. Vergonha ou arrependimento brilhavam em seu rosto.

─ Eu não consegui falar com você quando tudo desmoronou. Você


pensaria que eu só queria você porque não podia modelar. Você nunca
acreditaria na perda e no arrependimento que senti no minuto em que
deixei Langley Park. Você nunca acreditaria que eu te amava. E agora

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KRISTA SANDOR
está tudo uma bagunça! Acidente de Oma, Oktoberfest, o que aconteceu
em Portola Valley. Por que você me perdoaria, muito menos me querer?

Uma batida passou, depois duas, e Gabe não disse nada. Seus
olhos, uma vez quentes e carinhosos, ficaram em branco.

Um calafrio a percorreu, tão frio que queimava quente. Todo medo


que ela mantinha trancado em seu coração, todo arrependimento que
ela nutria em sua alma era validado por seu olhar vazio.

─ Estou certa, não estou? Você nunca poderia me querer.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
15
─ Você quer? Gabe repetiu.

Ele olhou nos olhos azuis pálidos de Mônica, avermelhados pelas


lágrimas. Ele viajou pelo mundo, e ela ainda era a coisa mais linda que
ele já tinha visto.

Nas partes mais sombrias de seu coração, tudo que ele sempre
quis era ser bom o suficiente para ela. Nunca em um milhão de anos ele
pensou que ela sentira um arrependimento por deixá-lo. Mas, graças a
Oma e depois ao chef Russo, ele transformou sua dor em propósito.
Lamento em solução. Ele se esforçou mais e praticou seu ofício sem
parar, tudo por causa dela. Ela era o fogo atrás de sua mise en place .
Mas ele perdeu o foco. Ele havia sido vítima de seu sucesso. Os elogios.
Os elogios. As aparências na televisão. Todos eles eram uma distração,
uma produção de fumaça e espelhos projetados para esconder o garoto
do jornal que nunca era bom o suficiente.

Ela sentou-se ao lado da cama. Lágrimas correram por suas


bochechas enquanto ela olhava para o bracelete. ─ Por favor, Gabe,
apenas vá.

─ Não.

─ Então fique. Fique e se regozije. Deve ser muito bom me ver


assim depois do que eu fiz com você.

Ele caiu de joelhos na frente dela. ─ Eu preciso te mostrar uma


coisa.

Ela levantou a cabeça. Um botão de cada vez, ele desceu a camisa


e jogou no chão.

─ Por que você está fazendo isso? ─ Mônica perguntou, virando-se.

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KRISTA SANDOR
─ Eu preciso que você veja isso. Eu preciso que você entenda. Ele
pegou a mão dela e colocou-a sobre o coração em sua tatuagem no
pescoço. ─ Olhe para isso, Mon.

Ela olhou por cima, mas foi rápida em desviar os olhos. ─ Eu não
sei o que isso significa.

─ É francês. É o tipo de código de todos os chefs, todos os


cozinheiros profissionais. Significa colocar no lugar. É cada parte e cada
componente de um prato em um só lugar, pronto para ser
perfeitamente construído.

─ O que isso tem a ver comigo, Gabe?

─ Olha só, Mônica. Olhe para ele.

Ela apertou os dedos no músculo duro de seu peitoral e ofegou. ─


Girassóis! Meu girassol!

Ela deixou as pontas dos dedos no peito dele e levantou o


medalhão com a outra mão. Ela olhou para o desenho intrincado, seu
olhar oscilando entre a tinta e o medalhão.

Um entrelaçamento idêntico de girassóis formava o M em sua


tatuagem de mise en place . Ele havia conseguido um ano depois de
chegar a Nova York. Até aquele momento, ele fora relegado a preparar o
trabalho e a limpeza da cozinha. Naquela noite, o chef Russo o havia
promovido a cozinheiro de linha. Depois de um serviço de jantar
agitado, ele estava excitado demais para ir para casa. Em vez disso, ele
andou pelas ruas da cidade. Mesmo às duas da manhã de uma terça-
feira, Nova York estava viva, pulsando, como uma máquina que nunca
para. Ele seguiu uma mulher com um girassol tatuado no ombro até
um estúdio de tatuagem no lado leste inferior e acabou sendo seu
próximo cliente. Ela pintou o M de um desenho que ele esboçou.
Somente depois que ele chegou em casa, ele percebeu onde tinha visto
aquele desenho.

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KRISTA SANDOR
Por mais de uma década, M, sua musa , alimentou seu desejo de
ser o melhor.

Porque, se ele fosse o melhor, isso significaria que ele havia se


tornado suficiente.

O suficiente para ela.

Repetidamente, ela traçou o M. ─ Por que você fez isso, Gabe? Por
que você gostaria de ser lembrado de mim?

Ele segurou o rosto dela nas mãos. ─ Fiquei tão magoado quando
você saiu.

Ela se encolheu, mas ele apertou ainda mais e deslizou os dedos


nos cabelos dela. ─ Mônica, tudo que eu sempre quis foi ser o suficiente
para você. Aquele M foi o que me levou a ser mais do que apenas um
garoto do jornal do Kansas. Esse M era um lembrete diário para ser
melhor. Trabalhar mais. Eu pensei que conseguia me lembrar que você
estava errada e que eu ia provar que você estava errada. Mas não é para
isso que serve o M. Esse M é o meu caminho. Esse M é o meu propósito,
minha mise. O que estou fazendo agora, as aparências na televisão, os
livros, as viagens, pode ser uma maneira de ganhar a vida, mas não é
uma vida. Que M me levou de volta para você. Desde o momento em
que te vi dentro da padaria, quando eu tinha doze anos, você foi minha
mise no lugar .

O lábio inferior dela tremia e ele passou o polegar pela pele lisa,
molhada pelas lágrimas.

Seus olhos vidrados sustentaram o olhar dele. ─ O que acontece


agora?

─ Agora. ─ disse ele, inclinando-se. ─ Agora, eu vou beijar você,


não porque estou tentando provar que sou o suficiente, mas porque

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KRISTA SANDOR
somos o suficiente, nós dois. Não precisamos ser medidos por nossos
erros. Juntos . . . somos o suficiente.

Ele pressionou seus lábios nos dela e beijou suas lágrimas


salgadas. Ele inalou o perfume de maçã e canela, o perfume que ele
nunca foi capaz de esquecer.

─ Senti sua falta. Eu senti tanto a sua falta - ele sussurrou entre
beijos.

Mônica colocou os braços em volta do pescoço dele e o puxou para


mais perto. Tudo nela estava em casa. Seus doces suspiros, o golpe de
sua franja contra a testa dele, a pressão de seus seios no peito dele. Seu
corpo se lembrava de tudo. Cada beijo. Cada lambida. Cada golpe.

Ele se afastou. ─ Eu quero olhar para você. Quero você nua. Você é
minha, Mônica. Quero você toda para mim.

Eles se levantaram e Mônica passou o dedo da tatuagem até o


botão da calça. ─ Você também está se dando ou é um show só de uma
pessoa?

Seu pênis pulsou para a vida. Lá estava ela. Havia a Mônica que
ele conhecia. Seus olhos não ardiam mais com dor e arrependimento.
Agora, eles brilhavam com luxúria.

Beije-me como eu sei que você quer me beijar.

Ele podia ouvir as palavras dela e ver o espírito daquela


adolescente na torção de seu sorriso sexy.

Ela tirou a blusa e desabotoou o short jeans.

─ Vire-se. ─ ele rosnou. ─ Eu quero ver você descascar aqueles fora


dessa bunda perfeita.

Ela obedeceu, mas olhou por cima do ombro antes de remover a


roupa. ─ Você ficou mandão.

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─ Não mandão. ─ disse ele, abrindo as calças. Ele libertou seu pau
e deu ao seu eixo duas bombas duras. ─ Focado. Agora incline-se e tire
esses shorts.

Ela mordeu o lábio, e ele deu ao seu pau outra bomba. Cristo, ela
era perfeita!

Lentamente, ela passou o short jeans por suas longas pernas. Sua
necessidade de afundar profundamente dentro dela cresceu. Suas bolas
apertaram. O fogo em sua barriga se incendiou em um inferno
completo. Ele pegou muitas mulheres ao longo dos anos. Ele não estava
orgulhoso de sua série de encontros de uma noite. As mulheres saíram
satisfeitas, a maioria querendo a emoção de dormir com alguém da
televisão. Ele temporariamente suprimiu seu desejo com essas trepadas
fáceis, mas elas nunca o deixaram satisfeito. Elas não sabiam que
estavam competindo com a memória de Mônica.

Ela tirou o short e virou-se para encará-lo.

─ Quero você nua. ─ disse ele, com um tom baixo e abafado. O


sutiã preto e a calcinha de renda pareciam incríveis em contraste com a
pele branca leitosa, mas ele queria vê-la, toda ela.

Ela abriu o fecho do sutiã e tirou a calcinha. No brilho suave da


lâmpada, ela era uma deusa, mais bonita do que a pintura de Vênus
nascendo do mar por Jean-Leon Gerome.

─ Deite-se. ─ ele ordenou.

Ela se arrastou pelo comprimento da cama e se apoiou no cotovelo.


Seus olhos vasculharam seu corpo e se estabeleceram em seu pênis.
Um novo tiro de desejo adicionou combustível ao fogo que já queimava
dentro dele. Ele tirou a calça e a cueca boxer e rondou o comprimento
do corpo dela. Polegada por polegada, ele beijou uma trilha desde a
ponta dos dedos dos pés até o ápice de suas coxas. A língua dele

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pressionou uma lambida preguiçosa nas dobras dela. Ele podia sentir o
calor dela. Provar a doçura de sua excitação.

Na noite em que perderam a virgindade, ele estivera ciente de tudo.


Todos os seus sentidos em excesso. Mas os anos gastos no
aperfeiçoamento de sua arte culinária lhe deram novas ideias e
aprimoraram sua atenção aos detalhes. Não era mais o adolescente
ansioso e excitado, Gabe Sinclair, o homem havia aprendido a saborear
e desacelerar.

Ela entrelaçou os dedos nos cabelos dele. Seus quadris se


contraíram, pedindo que ele voltasse ao seu centro liso. Ele soltou uma
risada baixa contra seu botão sensível.

─ Não me provoque, Gabe. ─ ela respirou.

─ Lembro que você me provocou durante todo o verão. Eu lembro


de você escovando sua bunda doce contra o meu pau. Lembro-me de
todos aqueles beijos roubados, escondidos atrás dos fornos.

Ela relaxou as pernas. Elas voaram para os lados, deixando-a


aberta e completamente exposta. Ela apoiou-se nos cotovelos e
encontrou o olhar dele. ─ Não somos mais adolescentes.

Ele agarrou sua bunda, em seguida, deslizou um dedo dentro de


seu centro liso. ─ Não, nós não somos.

Mônica resistiu à pressão. ─ Gabe. ─ ela gemeu quando ele foi


trabalhar.

Ele estabeleceu um ritmo constante, lambendo e chupando seu


lugar mais sensível enquanto apertava e massageava suas nádegas. Ele
trabalhou em seu núcleo até que espasmos quentes de prazer a fizeram
gritar seu nome. Seu corpo, arrepiado com arrepios e peito arfante,
estremeceu nas mãos dele.

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Ela abriu os olhos. Ela levou um segundo para se concentrar e
encontrar seu olhar. ─ Aquilo foi…

─ Vale três estrelas Michelin7? O melhor orgasmo que você já


pediu? ele perguntou com um sorriso. Satisfazer essa mulher era algo
que ele nunca se cansaria de fazer.

Ela lançou um suspiro doce. ─ Suba aqui.

Ele cobriu o corpo dela com o dele e posicionou seu pênis na


entrada dela. A eletricidade acendeu quente entre eles. Ele passou a
franja para o lado. ─ Precisamos de preservativo?

Ele nunca fodeu sem um, mas a memória de deslizar nela nua teve
seu pênis chorando com desejo de empurrar dentro dela sem bainha.

─ Ainda estou tomando pílula e limpa. Faz muito tempo desde que
eu . . . - ela parou.

Ele pressionou um beijo feroz nos lábios dela. - O passado não


importa, Mon nada disso faz. Olhe para mim.

Ela deslizou as mãos pelas costas dele e torceu os dedos nos


cabelos na nuca. ─ Você realmente quer dizer isso, Gabe?

Ele empurrou os quadris e seu pênis subiu dentro dela em um


golpe limpo e carnal. ─ Eu juro.

Ele puxou para fora e empurrou novamente. Ela arqueou o corpo


em direção a ele e enfiou as pontas dos dedos nos ombros dele. O doce
tapa de seus corpos se unindo, combinado com seus rosnados e seus
gemidos criaram a sinfonia perfeita do som. Alimentava sua alma,
faminta por ela e apenas ela.

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Ele devorou a boca dela, lambendo a costura dos lábios e
bombeando um ritmo que a fazia se contorcer embaixo dele. Seu núcleo
apertou em torno de seu pênis e pulsou com sua liberação, e ele não
pôde se conter. Focado apenas no ato de fazer amor sem distrações e
sem adivinhações, ele havia encontrado sua mise no lugar . Ele rugiu
quando seu clímax tomou conta dele e revirou os quadris, sentado no
punho dentro dela.

Sem romper a conexão, Gabe se virou de costas e colocou Mônica


em seu peito. Seu corpo saciado estava quente e flexível em seus
braços. Ele colocou um travesseiro embaixo da cabeça e olhou ao redor
da sala. ─ Não acredito que nunca estive aqui.

Ela aninhou a cabeça na curva do pescoço dele e cantarolou um


suspiro divertido. ─ Eu sempre fiquei aterrorizada com a Oma nos
pegando na padaria. Eu tinha certeza de que ela viria até você com uma
das panelas de cobre se ela tivesse o menor cheiro do que estávamos
fazendo naquele verão. Ela sempre foi tão rigorosa. Eu não conseguia te
imaginar entrando no meu quarto.

A mão dele se moveu para cima e para baixo ao longo de sua


espinha, pintando trilhas lentas através de sua pele suada. Ele conteve
uma risada.

Ela levantou a cabeça para olhar para ele. ─ O que é isso?

─ Você não sabe, não é?

─ Sabe o que?

─ Sua avó sabia.

O corpo de Mônica ficou rígido. ─ Sobre nós?

Ele assentiu. ─ E não apenas isso, ela também sabia que eu não
joguei o tijolo pela porta de vidro da padaria.

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─ Do que você está falando?

─ Ela sabia que era Chip. Ela viu a coisa toda da janela.

─ Quando você descobriu isso?

─ Na noite em que você saiu.

Ela descansou a cabeça no peito dele. ─ Todos esses anos, ela


nunca disse nada. Ela lhe disse por que fingiu não saber?

Ele torceu uma mecha do cabelo dela. ─ Ela sabia como eu me


sentia sobre você. Ela disse que sabia disso há anos. Todo esse tempo,
eu pensei que era tão furtivo observando você. Eu nem tinha
considerado que ela estava me observando.

─ Eu ainda não entendo.

─ Ela pensou que eu seria bom para você.

─ Então, ela forçou você a trabalhar na padaria e esperava que eu


me apaixonasse por você?

Suas palavras saíram de um cruzamento entre admiração e


indignação.

Ele soltou a mecha de cabelo. ─ Ela estava certa.

─ Mas como isso é justo para você?

─ Mon, sua Oma mudou minha vida. Foi ela quem criou meu
aprendizado de chef e, como você deve saber, aquelas semanas com
você na padaria foram as melhores semanas da minha vida.

─ As minhas também. ─ disse ela e deu um beijo no pescoço dele.


─ Eu simplesmente não consigo entender o fato de que Oma fez tudo
isso. Eu sei que ela me ama, mas você a conhece. Ela é rigorosa. Ela é
estoica. É difícil imaginar que ela é mais . . .

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─ Mais do que apenas sua avó. ─ ele forneceu.

─ Sim, eu acho que é infantil pensar que eu era o mundo inteiro


dela . . . eu e a padaria, é claro.

─ Acho que não sabemos muito sobre sua Oma.

Mônica cantarolou seu acordo em seu pescoço. Ele podia sentir as


bochechas dela se moverem contra seu peito enquanto seus lábios se
esticavam em um sorriso.

─ Ela amava meu avô. Ele morreu logo depois que eu vim morar
com eles, mas eu me lembro da maneira como ele olhava para ela.

Mônica traçou a tatuagem M quando um trecho de silêncio engoliu


a sala.

─ Gabe? ─ ela disse depois de alguns instantes.

Ela estava usando seu medalhão. O peso era frio e tranquilizador,


repousando sobre o peito. Ele fechou os olhos e focou no toque dela
enquanto ela traçava e refazia a tinta dele. Mas quando ela não
continuou, ele descansou a mão em cima da dela, acalmando seus
dedos.

─ O que é isso, Mon?

─ Acho que não devemos dizer nada a Oma.

─ Sobre o que?

Ela deslizou a mão do aperto dele e arrastou os dedos pelos planos


duros de seu estômago e em seu pênis.

Ele soltou um zumbido baixo. ─ Acho que nunca devemos contar à


sua avó sobre isso.

─ Não, bobo. ─ disse ela, subindo em um cotovelo. ─ Nós.

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KRISTA SANDOR
Algo torceu dentro dele. Aquele jornaleiro se perguntando se era
suficiente.

─ O que você está dizendo, Mon?

─ Olhe quem você é.

─ O que diabos isso quer dizer?

Ela balançou a cabeça. ─ Estou dizendo tudo errado.

─ Apenas diga.

Ela soltou um suspiro pesado. ─ Esta Oktoberfest é realmente


importante para minha avó. A padaria não está indo bem. Tenho
certeza que é por isso que ela tem cometido erros e esquecido as coisas.
Sei que ela está ficando mais velha, mas também acho que ela está
preocupada com os negócios.

─ O fogo? ─ ele perguntou, relaxando uma fração.

─ Sim, mas é mais do que isso. Gabe, eu a decepcionei. Eu a deixei


e quero mostrar a ela que posso fazer isso. Eu posso administrar a
padaria e fazer da Oktoberfest um sucesso.

─ Eu quero isso também. Juntos nós podemos.

Ela inclinou a cabeça para baixo. Os cílios escuros mascaravam o


azul dos olhos. ─ Com todo o PR, quero ter certeza de que ele está
focado na padaria e no festival, não...

─ Não é o chef de TV que namora modelos e grita com jovens


casais?

Ele odiava admitir, mas ela estava certa. Ele voltou a Langley Park
para limpar sua imagem. A imprensa pularia sobre ele se ele e Mônica
fossem a público.

Bad Boy Chef namorando uma ex-garota da capa.

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Um choque de raiva passou por ele. Por que ele namorou todos
essas modelos? Porra, ele sabia o porquê. Apenas mais uma rodada de
olhar, eu sou bom o suficiente.

─ Nenhuma delas significou nada para mim, Mon.

O corpo dela ficou rígido.

Ele a puxou para perto. ─ A vida nos trouxe de volta a Langley


Park e de volta à padaria. Voltar para onde tudo começou. Este é o
nosso recomeço. Nossa segunda chance. Ele engoliu em seco. ─ Mas eu
concordo com você. Eu estraguei tudo e não quero levar nenhuma da
minha imprensa negativa para a Oktoberfest.

─ O que devemos dizer às pessoas? Você sabe que eles vão se


perguntar o que está acontecendo. Eu quebrei um cupcake na sua cara
na frente de seus amigos e familiares mais próximos.

Ele riu. Ele não pôde evitar. Cristo, isso foi apenas algumas horas
atrás?

Ela tamborilou com as pontas dos dedos no peito dele. ─ Podemos


dizer que chamamos de trégua para Oma.

─ Não é mentira, Mon. Mesmo se você esmagasse um bolinho na


minha cara a cada hora, eu ainda estaria aqui.

─ E o agente Glenn? Sobre o quê…

Um calafrio passou por ela. Ele pegou a colcha dobrada no fundo


da cama dela e cobriu seus corpos. ─ Eu sei que Glenn disse que seria
um exagero pensar que qualquer pessoa da festa conhecia sua
identidade, mas eu não me importo. Eu serei amaldiçoado se deixar
alguém tocar um fio de cabelo na sua cabeça. Eu não ligo para o que
temos a dizer às pessoas. Eu vou ficar aqui com você. Há muito o que
fazer no festival. Diremos que estou dormindo no sofá para poder ficar
mais perto da padaria e do Park Tavern.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Você acha que estou em perigo?

Ela estava tentando esconder, mas ele podia ouvir o tremor em sua
voz. Ele não podia nem imaginar o que ela havia passado. Ele apertou
seu abraço. ─ Você estava no lugar errado na hora errada. Você não
tem nada a ver com cibercriminosos ou ransomware. ─ Mas assim que
as palavras escaparam de seus lábios, algo frio se retorceu em seu
intestino.

─ Estou feliz que você está aqui. ─ ela sussurrou.

Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. ─ Eu


também.

Ela cantarolou uma risada suave.

─ O que?

─ Pode ser divertido fingir te odiar.

─ Oh sim?

Ela traçou a tinta dele. ─ Vou ter que esmagar uma torta na sua
cara da próxima vez, você sabe, no meu jogo.

Ele a jogou de costas e pairou sobre ela. ─ Acho que isso significa
que teremos muito sexo com maquiagem?

─ Todo o sexo da maquiagem. ─ ela ronronou.

Seu sorriso estava de volta, e seu pênis estava pronto para a


segunda rodada.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
16
Mônica esfregou os olhos turvos e entrou no hospital. Ela e Gabe
ficaram acordados a maior parte da noite, suados e emaranhados, seus
corpos voltando ao calor e à familiaridade de sua conexão inquebrável.
Ela passou as mãos pelo tronco, alisando a blusa e sorriu. O corpo dela
ainda formigava com o toque dele.

Ela não queria deixar a segurança de seu quarto. Nada parecia


complicado nos braços de Gabe, escondido acima da padaria. A graça
salvadora foi que a loja abriu tarde aos domingos. Mas isso não
significava que eles dormissem. Eles passaram as primeiras horas da
manhã examinando o escritório de Oma. Com a ajuda de Gabe e seu
alemão irregular, eles montaram os planos de sua avó para a primeira
Oktoberfest de Langley Park.

Ela entrou no elevador e verificou o rosto no reflexo brilhante. Ela


parecia cansada, mas não muito pior para o desgaste, dadas as
circunstâncias. As portas se abriram para o chão de Oma. Ela acenou
para a enfermeira que ocupava o posto de enfermagem e encontrou o
quarto da avó.

Ela deu à porta duas batidas suaves. ─ Oma, você está acordada?

─ Claro, estou acordada. Você acha que eu sou do tipo que se


deita?

Mônica reprimiu um sorriso e colocou uma caixa de pães pegajosos


e um saco de produtos de higiene pessoal na mesa anexa da cama do
hospital. ─ Trouxe algo doce para você e achei que poderia arrumar seu
cabelo. ─ ela disse, pegando uma escova na sacola.

Oma olhou-a com cuidado. ─ Você não dormiu bem.

Não foi uma pergunta.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ As últimas vinte e quatro horas foram muito loucas. ─ ela
respondeu e gesticulou para a caixa de doces.

Oma acenou para ela. ─ Gabriel está na padaria?

Pincel na mão, ela se sentou ao lado da cama. ─ Sim, espero que


você não se importe, mas fomos ao seu escritório esta manhã. Gabe
organizou todos os pedidos e criou um cronograma de cozimento.

─ Vocês dois estão trabalhando juntos?

Mônica passou a escova pelos cabelos de Oma, tomando cuidado


para não encontrar seu olhar. ─ Não era isso que você queria? Lembro-
me claramente de você jogando um ultimato. Eu trabalho com Gabe, e
você vai ao Senior Living Campus para reabilitação.

Ele é útil. Ele pode assar. Você sabe disso ─ disse Oma, bufando.

Mônica reprimiu um sorriso. ─ Acho que você está certa.

Oma soltou um suspiro. ─ Que bagunça, enkelin!

Ela gentilmente trabalhou através de um emaranhado. ─ Você está


com dor, Oma?

Balançando a cabeça, a avó endireitou a coluna. ─ Você se lembra


de quanto odiava escovar os cabelos depois do banho quando era
pequena? Você e sua mãe ficaram com meu cabelo.

Perdendo seus pais tão jovens, as lembranças de Mônica eram


mais como fragmentos e sentimentos do que lembranças reais, mas ela
sempre se lembrava dos cabelos de sua mãe. Ela o mantinha em uma
longa trança que balançava enquanto seguia pelas costas.

Ela sorriu. ─ Não ajudou que eu mergulhasse meus dedos no


recheio de cereja e depois limpasse minhas mãos no meu cabelo. ─

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Os cantos da boca de Oma se voltaram para cima, quase um
sorriso. ─ Você sempre foi uma boa garota, Mônica.

Ela trabalhou em outro emaranhado e piscou para conter as


lágrimas. ─ Sinto muito, Oma.

A avó olhou para ela. ─ Porque você esta chorando?

─ Me desculpe, do jeito que eu te deixei quando saí.

─ Mônica. Stochere nicht im Bienenstock8.

Mônica parou de escovar e franziu a testa. ─ Que tal uma colméia?

Oma suspirou. ─ Eu deveria ter te ensinado alemão melhor. Em


inglês, traduz para não cutucar uma colméia, mas significa, deixe estar
. Você tem o espírito de sua mãe. Eu nunca deveria ter tentado contê-lo.

─ Foi por isso que você me enviou ao Sagrado Coração?

Oma suspirou. ─ Seu avô foi inflexível em mandar sua mãe para
uma escola pública. Ele queria que ela conhecesse pessoas de todas as
esferas da vida. Todas as raças. Todas as religiões Sabíamos em
primeira mão o que acontece quando você vive em uma bolha e quando
alguém diferente é marcado como inimigo.

─ Então por que você não me mandou para a escola em Langley


Park?

─ Depois que seus pais morreram, culpei seu avô pela morte de
sua mãe. Eu pensei que ele permitisse a ela muita liberdade. Pensei
que, se a tivéssemos mantido perto, se não a tivéssemos mandado para
a escola pública e permitimos que ela fizesse faculdade no Colorado,
talvez ela ainda estivesse viva.

─ É por isso que você escolheu o Sagrado Coração.

8 Não cutuque a colmeia em Alemão.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Eu sabia que era uma educação rígida. Eu pensei que, se eu a
mantivesse ocupada comigo na padaria e a mandasse para a escola,
isso diminuiria seu espírito. Eu esperava que isso a impedisse de correr
riscos, como sua mãe fez.

Mônica torceu o cabelo da avó em um coque e prendeu com seus


pentes de ébano.

Oma alisou alguns fios soltos. ─ Eu estava errada, enkelin. Eu errei


ao tentar domar seu espírito. Eu pensei que talvez Gabriel fosse a
resposta, mas eu estava errada sobre isso também. Então, eu tive que
deixar você ir.

Algo passou entre elas. Toda a sua vida, sua Oma tinha sido firme,
mas gentil, exigente, mas útil. Quando adolescente, ela viu a padaria
quase como uma prisão. Mas agora, como mulher, ela viu a padaria
como era: o trabalho de amor de seus avós. Foi o lugar que lhes
permitiu se estabelecer e prosperar em um novo país. Uma prova
concreta do trabalho duro e da perseverança.

Mônica apertou o cabo do pincel e tentou firmar a voz. ─ Estou de


volta, Oma, e não vou decepcioná-la.

Um trecho de silêncio passou antes que a avó falasse. ─ Você se


lembra de todas as histórias que contei sobre a Oktoberfest de
Munique?

─ Lembro que você me contou sobre as tendas de cerveja e a


música. Toda a comida deliciosa e mulheres vestindo vestidos casuais e
homens em lederhosen. Adorei quando você me contou a história de
como tudo começou como uma festa comemorando o casamento do
príncipe Ludwig e da princesa Teresa. E lembro que foi onde você
conheceu Opa.

A avó apertou a mão dela, mas uma batida forte na porta fez com
que Oma puxasse a mão e as dobrasse serenamente no colo. Seu raro

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
coração poderia ter acabado, mas os olhos de sua avó ainda brilhavam
com o mais puro brilho de emoção.

- Espero não estar incomodando, senhora Becker.

Stacey Collier, da loja de flores, entrou na sala com um enorme


buquê de rosas rosa pálido, girassóis e delfínio azul-celeste.

Mônica abriu um espaço para as flores. ─ Estou feliz que você


tenha passado aqui, Stacey. Eu queria te agradecer. Não posso nem
começar a dizer o quanto estou agradecida por você estar lá por minha
avó e por me ligar. E obrigada por trancar a loja. Não sei o que teríamos
feito sem você.

As bochechas de Stacey floresceram rosa. ─ Estou feliz por poder


ajudar. Como está se sentindo, senhora Becker?

─ Para que servem essas flores? ─ Oma perguntou com um olhar


de desaprovação.

─ Elas são para você. Meu avô me pediu para trazê-los. Ele pediu
especificamente para eu adicionar o delfínio azul. Ele diz que combina
com seus olhos ─ ela acrescentou, abaixando a cabeça timidamente.

─ Seu avô? ─ Mônica perguntou, lembrando-se de anos atrás,


quando o Sr. Collier apareceu para escoltar sua avó para a igreja.

─ Sim, ele vive agora no Senior Living Campus. Ele tem uma
pequena cabana de estar independente lá.

─ É assim mesmo? Minha avó vai ficar lá por várias semanas se


recuperando de sua cirurgia no quadril . ─ disse Mônica. Ela não se
atreveu a olhar para Oma.

Stacey sorriu. ─ Eu o informarei. Estou indo para lá agora.

A sala ficou em silêncio por um instante, depois duas antes de


Oma falar.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Por favor, agradeça ao seu avô pelas flores, Stacey. ─ Oma tocou
uma pétala de delfínio. ─ Elas não eram necessárias, mas são bastante
adoráveis.

Stacey assentiu e se dirigiu para a porta. ─ Tome cuidado, senhora


Becker.

Mônica olhou para as flores. ─ Parece que você terá um amigo no


Senior Living Campus.

Oma soltou um bufo irritado e olhou para o relógio. ─ Está ficando


tarde, Mônica. Você precisa voltar para a padaria. Não deixe Gabriel
mudar nenhuma das minhas receitas. Sei que ele é um chef de TV
chique agora, mas só porque você pode sorrir para uma câmera não
significa que você é um especialista em culinária alemã.

─ Eu vou compartilhar isso com ele.

Oma abriu a caixa de pães pegajosos. ─ Quem fez isso?

─ Eu fiz. ─ ela respondeu.

Oma deu uma mordida e mastigou metodicamente. ─ A textura é


boa. Você usou uma colher de pau limpa para testar se o açúcar
mascavo havia caramelizado?

─ Oma, passei minha infância observando você. Eu lembro de tudo


que você me ensinou. Eu realmente faço.

Oma demorou mais um pouco. ─ Sim, eu posso ver você.

O telefone de Mônica tocou. Ela tirou do bolso.

Quem é esse? Oma perguntou.

─ É um texto de Gabe. Zoe vai me buscar no hospital. Ela quer


gravar um segmento hoje.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Oma assentiu. ─ Eu disse a Zoe que os domingos não estavam tão
ocupados na padaria.

Mônica olhou para cima e encontrou o olhar de Oma. Sua avó deve
ter visto a apreensão em seus olhos.

─ Vá, Mônica. Eu sei que você consegue.

─ Eu não quero deixar você sozinha, Oma.

─ Eu vou ficar bem, enkelin .

─ Eles estão mudando você para o Senior Living Center hoje? Eu


quero estar com você para isso.

─ Dr. Stein chegou mais cedo esta manhã para me dizer que eles
vão me transferir para lá amanhã. Agora vá! ─ ela disse, enxotando-a
com a mão.

Mônica guardou o telefone no bolso, depois se inclinou e beijou a


bochecha da avó. ─ Voltarei amanhã para ajudá-la a se instalar no
Senior Living Center.

─ BOM, VOCÊ ENTENDEU A MENSAGEM DE GABE. ─ disse Zoe, colocando


o jipe em movimento.

Zoe estava estacionada em frente ao hospital quando Mônica saiu.

─ Como está sua avó? ─ ela perguntou.

─ Acho que vai demorar mais do que um quadril fraturado para


segurá-la.

Zoe riu. ─ Ela é uma mulher difícil, sua Oma. Eu a conheci um


pouco desde que ela e Sam começaram a planejar a Oktoberfest. Ela se
importa muito com você.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica olhou pela janela a paisagem de sua infância. ─ Sim, estou
começando a ver isso.

Zoe enfiou a mão na bolsa e se sentou no chão ao lado dos pés de


Mônica. Ela pegou uma pasta. ─ Aqui, dê uma olhada. É um esboço
solto. Apresentei isso ao KPR como um projeto de narrativa. Quando o
foco estava na sua avó, íamos mergulhar no tempo dela na Alemanha, e
como foi participar da primeira Oktoberfest após o fim da Segunda
Guerra Mundial.

─ Não começou logo após o fim da guerra em 1945. Era 1950 ─


disse Mônica, surpresa por se lembrar disso. Enquanto Oma raramente
falava sobre seu tempo de crescer durante a guerra, uma de suas
histórias favoritas quando menina era a história de como seus avós se
conheceram.

─ Mesmo? ─ Zoe perguntou.

Mônica assentiu. ─ Sim, depois que a guerra terminou, eles


tiveram um festival de outono, mas não a Oktoberfest real. Era 1950,
quando a Oktoberfest recomeçou com a saudação de doze armas e o
bater do barril. Minha avó tinha treze anos. Ela conheceu meu avô lá.
Foi amor à primeira vista. Cada um deles viajou de suas aldeias para
vender assados no festival. Eles só se viam todos os anos durante a
Oktoberfest. Cinco anos depois, eles se casaram em Munique, bem ali
no festival.

Zoe soltou um suspiro doce. ─ Isso é romântico.

─ Sim, é ─ ela respondeu quando a imagem de um jovem Gabe


andando de bicicleta pela padaria, todas as pernas e cotovelos magros,
passou por sua mente. Ela fora cativada por ele desde o primeiro
momento em que o vira pedalar pela praça da cidade.

─ Você está corando. ─ disse Zoe, olhando para ela com um sorriso
irônico.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Eu tinha esquecido o quanto eu amava essa história. ─ ela
respondeu e guardou a memória.

Por mais que gostasse de Zoe, não queria que ninguém soubesse
que ela e Gabe eram . . . O que eram? O calor da memória de um garoto
de doze anos se transformou em algo espinhoso e desconfortável. As
dores familiares de culpa e arrependimento quase se instalaram, mas
quando o jipe parou na frente da padaria, ela olhou para ver Gabe
parado na janela. Ele deu um tapinha no peito onde o girassol M estava
escondido embaixo da camisa. Foi um movimento rápido, mas ela
entendeu. Ele jogou uma piscadela para ela, e seu desconforto
desapareceu.

Zoe olhou para ela. ─ As coisas entre vocês estão bem? Foi bem
intenso te ver . . .

─ Esmaguei um bolinho na cara dele. ─ Mônica forneceu.

Zoe riu. ─ Não me interpretem mal, eu posso ver o apelo de


esmagar um bolinho nos rostos dos dois irmãos Sinclair, mas eu queria
ter certeza de que você estava bem.

─ Concordamos em ser educados um com o outro e trabalhar


amigavelmente juntos para Oma.

Essa não era toda a verdade, mas era verdade o suficiente.

Zoe assentiu. ─ Deixe-me saber se fica desconfortável. Eu sei um


pouco sobre o quão difícil é passar tempo com alguém com quem você
tem história.

Mônica encontrou o olhar de Zoe. Seus habituais olhos risonhos


tinham diminuído uma fração, mas seu telefone tocou, afastando sua
atenção.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
A testa de Zoe se uniu. ─ Você se importa se eu te encontrar dentro
da padaria em alguns minutos. Estou trabalhando em outra história e
preciso responder a isso.

─ Claro, está tudo bem?

─ Apenas uma pista que pensei ter esfriado.

─ Não tenha pressa. ─ Mônica respondeu e saiu do carro.

Gabe a encontrou na porta. Seus olhos foram para Zoe e depois


para ela.

─ Zoe está apenas respondendo um texto por uma coisa de


trabalho. ─ disse ela, olhando para o jipe.

Gabe deu um passo em sua direção e sorriu. ─ Você sabe o quanto


eu quero te beijar agora?

Ela mordeu o lábio. Sua covinha estava de volta e ele parecia bom
o suficiente para comer. ─ Eu acho que tenho uma ideia. ─ disse ela,
passando por ele e certificando-se de roçar em seu pênis.

─ Você não está jogando limpo. ─ ele rosnou.

Ela olhou a protuberância nas calças dele. ─ É melhor você


controlar isso.

Ele a encarou com seu olhar. Enquanto Gabe, aos dezoito anos, a
deixou sem fôlego, Gabe, o homem, enviou uma onda de calor ao seu
núcleo. A doçura em seu olhar ainda estava lá, mas algo imponente e
decisivo em seus olhos a fez acelerar o pulso. Ela conhecia o olhar de
um homem que a desejava. Ela já tinha visto um milhão de vezes. O
olhar de Gabe foi além do desejo, além do mero desejo. O olhar de Gabe
a reivindicou, a possuiu. Ela era dele, e ele sabia disso.

Ela soltou um suspiro apertado. ─ Vou subir as escadas e me


trocar.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Se ele ia jogar olhares de calcinha, ela precisava de munição
própria.

─ Por quê? Você está linda, Mon.

Havia o garoto que roubara vislumbres dela todas as manhãs. Ela


deu a ele a sugestão de um sorriso. ─ Diga a Zoe que eu já vou.

Ela passou pelas vitrines e subiu as escadas do apartamento, duas


de cada vez. Ela abriu o armário e vasculhou suas camisetas e vestidos
antigos até chegar ao que estava procurando. Manta vermelha e
pregueada, a saia do Sagrado Coração pendia sem pretensões em um
cabide de metal. Um sorriso malicioso cruzou seus lábios. Ela tirou a
bermuda, tirou a saia do hangar e rezou para que ainda servisse.

Ela fechou a saia e se olhou no espelho. O sorriso malicioso dela


estava de volta. Ela tirou a blusa e colocou o botão Oxford branco do
uniforme. Meias e sapatilhas Mary Jane completavam o visual.

Ela pulou os degraus, mas parou no corredor dos fundos antes de


entrar na padaria e ouvir. Zoe estava atualizando Gabe sobre os bebês,
enquanto ele pegava algumas assadeiras e papel vegetal.

Mônica alisou a saia e entrou na padaria. ─ Desculpe por fazer


você esperar, Zoe.

Gabe e Zoe pararam de falar e a encararam. Um olhar perplexo


cruzou o rosto de Zoe enquanto o queixo de Gabe caiu.

─ Você não precisava mudar. ─ disse Zoe e estreitou o olhar. ─


Estou apenas gravando áudio hoje. Posso tirar algumas fotos estáticas
para o site, mas o que você tinha antes era bom.

Mônica olhou para Gabe. Ele conseguiu fechar a boca, mas seus
olhos eram tão arregalados quanto pires. Ela tirou um avental do
gancho e o colocou sobre o conjunto. ─ Passei a maior parte da minha

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
infância trabalhando na padaria em meu uniforme escolar. Eu pensei
que isso ajudaria a trazer lembranças antigas.

Zoe inclinou a cabeça para o lado. ─ Isso faz muito sentido. Boa
decisão!

─ Tudo certo? ─ Mônica perguntou a Gabe, fazendo o possível para


parecer levemente irritada.

─ Quero dizer, sim, é claro. Eu, a massa folhada. É tudo. Aí está.

─ Gabe, você está tendo uma convulsão? ─ Zoe perguntou.

─ Não, eu estou bem. ─ respondeu ele.

Mônica deu um sorriso malicioso.

Ele deu um passo em sua direção e abaixou a voz. ─ Jesus, Mon!


Lembre-se, no que diz respeito a todos, mal podemos suportar um ao
outro.

Ela manteve seus traços neutros e depois lançou-lhe uma


piscadela travessa. ─ Acho que estamos prontos para começar, Zoe.

Zoe colocou uma bolsa grande em um dos bancos e abriu o zíper. ─


Tudo bem se eu colocar um microfone no balcão? Não quero
contaminar nada, mas também precisamos estar o mais longe possível
da geladeira. As cozinhas são um pouco complicadas para obter áudio.
Elas podem ser barulhentas e os microfones são sensíveis.

─ Por que não sentamos na mesa de trabalho mais próxima da


frente da loja. ─ Mônica ofereceu. ─ É suficientemente longe do zumbido
da grande geladeira.

Zoe mudou o microfone. ─ Vou começar a gravar, mas vou fazer


algumas perguntas aleatórias para verificar os níveis de som. Depois
disso, vou escrever a fita e começaremos.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Slate a fita? ─ Mônica perguntou.

─ Zoe vai dar todo o básico: data, local, nomes. ─ respondeu Gabe.

Zoe assentiu. ─ Está certo! Temos o Sr. Hollywood Chef aqui. Eu


quase esqueci que estava trabalhando com uma estrela.

Um músculo se contraiu na bochecha de Gabe, e Mônica teve que


conter um sorriso. Fingir não gostar um do outro pode ser mais
divertido do que ela pensava ─ especialmente com Zoe jogando farpas.

─ Eu pensei que poderia ser um bom rádio se Mônica e eu fizemos


alguma coisa enquanto você nos entrevista. ─ Gabe ofereceu. ─
Precisamos começar o strudels, e eu tenho a massa folhada pronta para
começar.

Zoe deslizou em um par de fones de ouvido. ─ Eu gosto disso.


Vamos pegar alguns desses ótimos sons do ambiente da cozinha abaixo
de suas vozes.

─ E se um cliente entrar? ─ Mônica perguntou.

─ Se você não se importa, eu gostaria de continuar gravando. Seria


ótimo para você interagir naturalmente com os clientes da padaria.
Sempre podemos editá-lo se alguém se opuser.

─ Você quer apenas bate-papo aleatório?

─ Sim, pode ser uma ótima maneira de levar uma história. Da


próxima vez que ouvir o KPR, preste atenção no quanto usamos sons do
ambiente, especialmente antes de apresentarmos uma história. ─ Zoe
brincou com os níveis de som. ─ Tudo bem, vou começar com algumas
perguntas aleatórias, resolver todos os níveis e depois vou colocar a fita
.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica olhou rapidamente para Gabe. Mesmo sendo rádio, ele
estava com o rosto de chef de TV, e isso a irritou. Esse não era o seu
sorriso verdadeiro.

─ Como você dormiu ontem à noite? ─ Zoe perguntou, mas


manteve o olhar no equipamento de gravação.

Mônica olhou para Gabe. Ela abriu a boca, mas nada saiu.

─ Eu dormi bem, muito bem. ─ respondeu Gabe. Suas palavras


soaram desajeitadas e desconexas, mas pelo menos elas preencheram o
vazio.

Zoe colocou um bloco embaixo do microfone e deu um sorriso


rápido. ─ Esta é apenas a parte ociosa do bate-papo, meninos e
meninas. Essas perguntas não estarão à prova.

Mônica assentiu. ─ Sim, eu também dormi muito bem. Estou de


volta ao meu quarto de infância. Sozinha na minha cama de infância.
Ela queria se encolher. Agora era ela quem tagarelava como uma idiota.

─ Eu imaginei que Gabe ficou aqui. ─ disse Zoe, brincando com um


cabo de microfone. ─ Conversei com Sam esta manhã e ele disse que
você não bateu na casa dele. Bem, acho que também é sua casa, Gabe.

Gabe lançou-lhe um olhar cauteloso. Felizmente, Zoe ainda estava


ocupada com o equipamento.

─ Com o quão cedo precisamos começar a assar e com tudo o que


precisa ser feito para a Oktoberfest, Mônica e eu decidimos que seria
mais fácil se eu dormisse no sofá do apartamento. Você sabe, a
proximidade do trabalho.

─ Pronto. ─ disse Zoe, dando uma última verificação ao gravador. ─


Acho que conseguimos.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica pegou o olhar de Gabe pelo canto do olho. Zoe tinha ouvido
o que Gabe havia dito? Ela não parecia nem um pouco abalada por
Gabe estourando no sofá.

Gabe lançou-lhe um olhar confuso.

Zoe bateu palmas como uma professora de jardim de infância


chamando a atenção da turma. ─ Ok pessoal, vamos escrever a fita.
Sou Zoe Stein, da Rádio Pública do Kansas. Este é o projeto de contar
histórias da Oktoberfest de Langley Park, episódio um. Estou com
Mônica Brandt e Chef Gabe Sinclair. Estamos dentro de The Little
Bakery, na Mulberry Drive, em Langley Park, Kansas.

Zoe adicionou a hora e a data à lousa, e a boca de Mônica ficou


seca. Ela era natural na frente da câmera, mas o pensamento de falar
em fita deixou seus nervos em alerta. Ela pegou seu medalhão e olhou
para Gabe. A mão dele estava no peito. Um gesto rápido, mas que ela já
havia visto antes quando voltou à padaria e . . . na televisão. Ela o viu
fazer isso pelo menos duas ou três vezes na TV. As pontas dos dedos
roçaram o M, e então ele cruzou os braços. Ela não pensou muito nisso
na época, mas saber sobre a tinta dele e seu M afrouxou a tensão
dentro dela. Mônica largou o medalhão e soltou uma respiração lenta e
constante quando um calor calmante encheu seu peito.

Zoe se inclinou para a frente e entrou no modo repórter. ─ Hoje


vamos fazer um esforço e aprender um pouco sobre a padaria alemã de
Langley Park com a neta da padeira, Mônica Brandt e o chef Gabe
Sinclair, que se uniram para liderar a primeira Oktoberfest de Langley
Park. Se não me engano, Mônica, você cresceu aqui, assando ao lado de
sua avó.

Vá na hora.

─ Isso mesmo. ─ respondeu Mônica. ─ Meus avós emigraram da


Alemanha para cá e abriram esta padaria no início dos anos sessenta.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Depois que meus pais faleceram quando eu tinha cinco anos, vim morar
aqui com eles no apartamento acima da nossa padaria.

Nossa padaria.

Ela nunca tinha chamado assim antes.

A cidade inteira conhecia sua história. A morte de sua mãe e pai


fez todos os papéis. Escaladores livres de todo o mundo enviaram suas
condolências. Mas ela nunca havia falado publicamente sobre a morte
deles. Além de Gabe e Courtney, ninguém a ouvira falar sobre sua
perda.

Zoe lhe deu um aceno tranquilizador, e uma paz se instalou. Havia


algo libertador em contar sua história. Algo catártico ao aceitar e
abraçar quem ela era. Ela passou a infância envergonhada de onde ela
veio. Quantas noites ela dormiu rezando para acordar a neta de outra
pessoa em uma daquelas mansões em Mission Springs? Quantos
cupcakes ela congelou enquanto fantasiava ser como seus colegas de
classe, matriculada em aulas de dança caras ou em aulas de equitação?
Mas tudo isso parecia trivial, e essas inseguranças e aspirações tolas
desapareceram.

Todas as coisas que ela costumava ver como suas fraquezas, ela
agora via como pontos fortes.

Zoe dirigiu a próxima pergunta para Gabe. ─ Chef Sinclair, você


não trabalhou aqui na padaria quando era mais jovem?

─ Isso mesmo, Zoe. ─ Gabe entrou na conversa. ─ Foi aqui que


comecei aos dezoito anos. Tranquei meu primeiro strudel e derrubei
meu primeiro lote de pães pegajosos bem na mesa de trabalho em que
estamos sentados agora.

─ Como ele estava fazendo strudel, Mônica? ─ Zoe perguntou, um


brilho nos olhos.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Terrível. ─ ela respondeu com uma risada.

─ Oh, vamos lá, eu não era tão ruim. ─ disse Gabe com a sugestão
de um sorriso em sua voz.

─ Você vê,─ Mônica começou, ─ minha Oma, que é alemã para avó,
faz tudo do zero. Ela é bastante rígida e muito arraigada, mas agora vejo
que é porque ela está honrando suas tradições. Ela está honrando as
receitas e técnicas de sua mãe e da mãe, voltando geração após
geração.

─ Deixe-me adivinhar. ─ acrescentou Zoe. ─ O chef Sinclair


queimou sua primeira torta.

Mônica riu. ─ Acho que minha avó poderia ter perdoado isso, mas
quando ela perguntou se ele sabia o que era massa folhada, ele disse
que achava que era algo que você poderia comprar na seção congelada
do supermercado.

─ Não foi bonito. ─ disse Gabe, balançando a cabeça. ─ Mas acho


que me redimi. ─ Ele foi até a geladeira e pegou dois retângulos
perfeitos de massa de massa folhada enrolada. ─ Tomei a liberdade de
fazer um lote de massa folhada hoje de manhã e certifiquei-me de
seguir a receita de Oma com precisão.

Mônica encontrou o olhar hesitante de Gabe. Ele queria saber se


ela estava bem com isso.

─ Nós pensamos que seus ouvintes gostariam de aprender a


construir um autêntico strudel alemão. ─ acrescentou Mônica.

O olhar de apreensão de Gabe se transformou em um de pura


alegria.

Ela estava pegando o jeito disso. Essa entrevista pode ter sido uma
surpresa total, mas Zoe não precisava saber disso.

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KRISTA SANDOR
─ Se os ouvintes de rádio públicos são apaixonados por uma coisa,
é pastelaria. ─ disse Zoe com um sorriso largo. ─ Pelo menos nós, na
redação da Kansas Public Radio, estamos. Vamos lá! O que fazemos
primeiro?

Gabe tinha todos os componentes prontos. Ele preparou tudo


enquanto ela estava no hospital visitando sua avó. Ele estendeu a mão
e colocou um rolo de faca de couro sobre a mesa.

─ O chef está desenrolando uma espécie de bolsa de cilindro. Essas


são suas facas? Zoe perguntou.

─ Elas são. Um chef não vai a lugar nenhum sem elas ─ ele
respondeu enquanto selecionava um espécime de prata brilhante de sua
coleção. Sem perder o ritmo, ele convenceu Zoe a cortar os cantos
superiores e a entalhar o fundo. ─ Massa folhada. ─ continuou Gabe, ─
é basicamente manteiga e farinha. Você quer usar uma manteiga boa e
de alta qualidade, porque é aí que você obtém a textura e o sabor.

─ Isso mesmo. ─ acrescentou Mônica. As lições da avó estavam


voltando para ela. ─ A farinha adiciona estrutura a cada camada e
também tem o importante trabalho de impedir que a massa grude.

─ Eu sempre me perguntei por que era chamado de massa folhada.


─ comentou Zoe.

─ O vapor. ─ Mônica e Gabe responderam em uníssono.

Oh, como ela tinha perdido isso. O ritmo e a facilidade com que
trabalhavam lado a lado. Mas mesmo antes disso, quando Gabe era
apenas um garoto entregando o jornal na porta da padaria, sua
presença a centralizou, a excitou, a completou.

─ Vá em frente, Mon. ─ disse Gabe, com os olhos macios.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela segurou o olhar dele uma vez e depois se virou para Zoe. ─
Quando a massa está assando, o vapor escapa da manteiga. Esse vapor
cria espaços entre todas as camadas de massa. Essencialmente, incha.

Ela e Gabe conversaram com Zoe adicionando o recheio de maçã e


passas ensopadas de rum, e então chegou a hora de trançar.

─ Mônica e eu somos diferentes em nossas técnicas de montagem.


─ disse Gabe com uma risada.

Ela mordeu o lábio e sorriu, lembrando-se da primeira sessão de


strudel. ─ O que o chef quer dizer com isso é que os X dele são muito
soltos, enquanto os meus são perfeitos.

─ Parece que temos um desafio aqui. ─ disse Zoe.

─ Traga. ─ Gabe ousou. Ele estava usando sua melhor cara de


durão da TV, a voz do chef.

─ Espero que você lembre com quem está falando. ─ ela retrucou.

Um brilho de algo cru e primitivo brilhou nos olhos de Gabe.

─ Esta pode ser a primeira festa do KPR. ─ acrescentou Zoe. ─


Prometo que publicaremos fotos no site. Que tal deixar que os ouvintes
decidam qual strudel fica melhor?

Mônica espanou alguns pedaços de farinha do avental. ─ Tudo


bem por mim.

Zoe levantou as mãos como se estivesse promovendo uma corrida


de arrancada. ─ Tudo bem, pronto.

Gabe olhou por cima. Agora, o brilho de um concorrente brilhou


em seu olhar.

─ Espere. ─ disse Mônica. ─ Eu deveria tirar este avental. Não


quero que nada fique no meu caminho.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela a removeu e, no processo, subiu a saia. Zoe estava do outro
lado da mesa e não podia ver os centímetros extras da coxa que ela
revelou, mas Gabe viu. Um músculo pulsou em sua mandíbula, e algo
semelhante à vitória surgiu através dela.

─ OK! ─ Zoe chamou. ─ Pronto, pronto, vá!

Gabe ficou parado algumas batidas.

─ Olhos na massa, chef. ─ Mônica disse, tentando manter a voz


calma. Fazia um tempo desde que ela fez isso, mas seus dedos se
lembraram. Ela puxou as tiras de massa sobre o recheio, deixando um
rastro de X's perfeitos.

Ela terminou alguns segundos antes dele, mas ele não foi capaz de
parar de corar, e ela sabia o porquê. Ela olhou para o local escondido
atrás dos fornos. Essa mesma memória estava fazendo com que ela
apertasse suas coxas enquanto seu núcleo se apertava com
antecipação.

─ Eu não sou especialista em strudel, mas ambos parecem ótimos


para mim. ─ disse Zoe, seu olhar saltando de massa em massa.

─ O verdadeiro teste será o cozimento. ─ respondeu Mônica.

─ Primeiro vamos adicionar um pouco de lavagem de ovo para


tornar a crosta um marrom dourado rico. ─ acrescentou Gabe,
passando os dois strudels com o pincel.

─ E no forno, eles vão. ─ disse Mônica. Ela levantou o papel de


pergaminho embaixo de cada massa construída e os colocou em uma
assadeira. Gabe abriu o forno pré-aquecido e ela os colocou. Ela olhou
por cima do ombro e encontrou Gabe sorrindo, não o sorriso da TV,
mas o sorriso real do garoto que ela amava.

Zoe parecia pronta para fazer outra pergunta quando a porta da


padaria se abriu e uma mulher loira agudamente vestida entrou.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Perfeito! Eles poderiam ter aquele papo de ambiente que Zoe havia
mencionado.

─ Posso ajudar . . . ─ Mônica começou, mas depois parou.

A mulher tirou os óculos escuros e dobrou-os em um estojo Louis


Vuitton. ─ Ouvi dizer que você estava de volta, Mônica. Faz muito
tempo.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
17
─ Court! ─ Mônica exclamou. Ela não esperou uma resposta. Ela
contornou a vitrine e abraçou a velha amiga.

O ar na padaria mudou. Courtney a abraçou de volta, mas algo


parecia diferente.

De volta ao ensino médio, Courtney não exibia sua riqueza.


Embora tenha sido criada em berço de ouro, falasse várias línguas de
todo o seu tempo no exterior e pudesse comprar o que quisesse num
piscar de olhos, ela sempre parecia se esforçar para parecer normal.
Mas agora, tudo nela gritava dinheiro e privilégio. Depois de anos
modelando, Mônica reconheceu a sensação de alta costura, e a blusa de
sua amiga não saiu da prateleira.

Courtney soltou um suspiro. Um som solitário capturado entre


prazer e dor.

Mônica se afastou e Courtney olhou para sua roupa. ─ Esse é o


seu Sagrado Coração?

Mônica podia sentir o calor de um rubor subindo pelo pescoço. ─


Sim, eu pensei que ajudaria com a entrevista.

─ Entrevista? ─ Courtney ecoou.

Mônica gesticulou para Gabe e Zoe atrás do balcão.

Os olhos de Courtney se arregalaram quando ela viu Gabe. ─ Vocês


dois . . .

Gabe se juntou a eles. ─ Estamos trabalhando juntos para


organizar a primeira Oktoberfest de Langley Park. A avó de Mônica teve
a ideia, mas ela caiu e se machucou. Mônica e eu concordamos em

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
assumir o controle enquanto ela se recuperava. Zoe está reportando
para a Kansas Public Radio.

─ Sua avó vai ficar bem? ─ Courtney perguntou.

─ Os médicos acham que sim, mas ela tem que fazer várias
semanas de reabilitação. Por causa de seus problemas de mobilidade,
seu médico sugeriu que ela ficasse no Senior Living Campus.

Courtney assentiu. ─ Então é isso que a leva de volta ao Langley


Park?

─ É um empreendimento bem grande. ─ comentou Zoe, cortando.


Ela deixou seu equipamento e se juntou a eles. ─ Queremos que seja
um evento familiar, mas ainda temos muitas das marcas registradas da
Oktoberfest original em Munique.

Courtney assentiu. ─ Como você está indo com os patrocinadores?

─ Muito bom. ─ respondeu Zoe. ─ Sam Sinclair, do Park Tavern,


está coordenando a maior parte disso. Muitos comerciantes locais
também estão contribuindo de alguma forma para o evento.

─ Eu adoraria ajudar. ─ disse Courtney. ─ Você está procurando


patrocínio em alguma área em particular?

Zoe mordeu o lábio. ─ Ninguém se preparou para financiar as


atividades das crianças ainda.

─ Isso seria um ajuste perfeito para nós. A fundação da minha


família ficaria feliz em doar os fundos para todas as atividades das
crianças.

─ É muita gentileza sua, Court! Você tem certeza? ─ Mônica


perguntou.

─ Sou ativa no ramo filantrópico dos negócios da minha família.


Seria uma honra apoiar a comunidade de Langley Park.

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KRISTA SANDOR
─ Ainda é a Fundação Wilkes? ─ Zoe perguntou, rabiscando em
um bloco de notas.

Courtney enfiou a mão na bolsa e passou para Zoe um cartão de


visita. ─ É a Fundação Wilkes-Vanderkamp agora.

─ Como em Bryson Vanderkamp? ─ Mônica perguntou. Pega de


surpresa, ela não conseguiu esconder o choque em sua voz, assim como
o brilho de um enorme diamante no dedo anelar esquerdo de Courtney
chamou sua atenção.

─ Sim, Bryson é meu marido.

Mônica fez o possível para não parecer muito surpresa, mas o som
de Andrea e Bryson aparafusando nos arbustos estava gravado em sua
memória. Antes que ela pudesse voltar no tempo, a porta da padaria se
abriu e dois meninos entraram correndo.

─ Mãe! ─ eles gritaram em uníssono, ladeando Courtney. ─ Nos


escondemos da Senorita Fernanda. Ela ainda está nos procurando na
praça da cidade.

Alto e magro, com pele clara e cabelos cor de trigo de Courtney, os


gêmeos pareciam ter cerca de seis ou sete anos de idade e eram a
imagem de Bryson Vandercamp.

─ Brock, Holden. ─ disse Courtney, abaixando a voz. ─ Vá e


encontre Fernanda. Você sabe que ela não gosta quando você a engana.

Os meninos olharam em volta. ─ Podemos comprar um bolinho


primeiro?

Os ombros de Courtney cederam um pouco antes que ela


recuperasse sua postura. ─ É claro, meninos. ─ ela disse e tirou uma
carteira Louis Vuitton que combinava com sua caixa de óculos escuros.

Mônica acenou para ela. ─ É por conta da casa.

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KRISTA SANDOR
─ Bem aqui, crianças. ─ disse Gabe, encurralando os gêmeos
animados perto da exibição de cupcakes.

─ Você é mãe. ─ disse Mônica, ainda um pouco chocada.

Courtney colocou a carteira de volta na bolsa. ─ Não tenho certeza


de como sou boa nisso. Fernanda é a nossa terceira babá em tantos
meses. Perdemos Patrice da França e Tatiana da Rússia.

Mônica olhou para Gabe enquanto ele entregava um cupcake a


cada garoto. ─ Eles parecem adoráveis. Eles têm seu cabelo e sua
coloração.

Courtney deu a ela a sugestão de um sorriso. ─ Eles são bons


meninos.

─ Mãe, esses cupcakes são melhores do que os que tivemos na


semana passada no Pier 39!

─ Sim, muito melhor! Eu gostaria que o papai pudesse ter vindo


conosco. Não foi divertido apenas mamãe e Senorita Fernanda . ─
respondeu o outro gêmeo.

─ Senorita Fernanda ficou doente no carrossel. ─ acrescentou o


primeiro gêmeo com uma careta.

─ Você está falando do píer 39 em São Francisco? ─ Mônica


perguntou.

Os rostos dos gêmeos se iluminaram. ─ Sim, é tão legal lá!

─ Tudo bem, meninos. ─ disse Courtney, colocando a mão em cada


um de seus ombros. ─ Agradeça a Senhorita Mônica pelos cupcakes e
vá encontrar Fernanda. Encontro você na fonte da praça da cidade em
alguns minutos.

Os gêmeos de cabeça de reboque agradeceram em uníssono e


saíram correndo pela porta.

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KRISTA SANDOR
─ Uau. ─ comentou Zoe, olhando para o cartão de Courtney. ─ Os
negócios de Wilkes-Vanderkamp são mundiais. Escritórios na
Califórnia, Kansas City e Zurique.

─ Se tudo correr como planejado, abriremos escritórios adicionais


na Coréia do Sul e na Índia. ─ acrescentou Courtney distraidamente,
observando seus meninos correrem um pelo outro pela calçada.

─ A biotecnologia deve estar crescendo. ─ respondeu Zoe.

Courtney sorriu, mas sua postura ficou rígida.

Uma batida passou antes que Gabe quebrasse o silêncio e


entregasse a Courtney uma das pequenas caixas de doces. ─ Aqui está.
Um bolinho para você e outro para Fernanda.

─ É muita gentileza sua, mas acho que vai custar mais do que um
cupcake para manter Fernanda feliz.

─ Nunca é demais tentar. ─ ele respondeu.

─ Você sabe, Gabe. ─ começou Courtney. Seu verdadeiro sorriso


estava de volta. ─ Eu estava no Aspen Food and Wine Classic há alguns
anos. Eu fui a uma de suas degustações. A comida era impecável.

─ É muito gentil da sua parte dizer. Me desculpe, por eu não ter te


reconhecido. Foi um tempo louco. Eu mal tive tempo de comer qualquer
coisa.

─ Fiquei feliz por ver você ganhar o melhor chef novo. É uma honra
merecida. Fiquei feliz por você . . .

A porta da padaria se abriu antes que ela pudesse terminar, e um


jovem invadiu a porta. ─ Estamos com muito pouco pão pegajoso. Eu
preciso de mais duas dúzias.

─ Você veio hoje de manhã. ─ disse Gabe, cruzando os braços.

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KRISTA SANDOR
─ Sim. ─ respondeu o garoto.

─ Você pegou o pedido de seis dúzias de pães?

─ Sim, e Sam me enviou para vir buscar mais.

─ Você é do Park Tavern?

O cara mudou seu peso de pé para pé. ─ Estou com pressa.

─ Espere um minuto. Todos esses pães pegajosos são para o Park


Tavern? Gabe perguntou.

─ É um brunch, cara. ─ o cara respondeu como se isso explicasse


tudo.

Gabe franziu a testa. ─ Mônica.

─ Sim.

─ Você vai ficar bem se eu me juntar . . . ─ Gabe olhou para o


garoto.

O cara engoliu em seco. ─ Jonah.

─ Se eu acompanhar Jonah, de volta ao Park Tavern?

─ Cara, você pode vir. ─ disse Jonah, encontrando sua voz. ─ Mas
se eu não voltar com esses pães pegajosos, Sam nunca vai me deixar
ouvir o final.

─ Estou bem. Vá em frente ─ respondeu Mônica. Ela também não


fazia ideia de que o Park Tavern estava comprando doces.

─ Eu vou me juntar a você. ─ disse Zoe, em seguida, olhou de volta


para a mesa de trabalho. ─ Você se importa se eu deixar meu
equipamento?

─ Não, de jeito nenhum. ─ respondeu Mônica.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Zoe olhou entre Gabe e pela janela do outro lado da rua, em frente
ao Park Tavern. ─ Se eu não voltar antes que esses strudels terminem
de assar, você tira algumas fotos para mim? Quero tê-los prontos
quando publicar a história.

Mônica assentiu. ─ Eu posso fazer isso.

─ Courtney. ─ Zoe disse e levantou o cartão de visita. ─ Um de nós


entrará em contato com você sobre a Oktoberfest.

─ Estou ansiosa para trabalhar com você. ─ disse Courtney com o


que parecia um sorriso praticado.

Gabe já estava na porta carregando uma bandeja cheia de pães.


Em questão de segundos, o trio se foi, e ela e Courtney estavam
sozinhas.

─ O que é isso tudo? ─ Courtney perguntou.

─ Eu não tenho certeza se você sabe, mas o Sam que o garoto


estava falando é o irmão mais velho de Gabe. Eles são proprietários do
Park Tavern.

─ Não, eu não sabia disso.

Elas assistiram o trio atravessar a rua.

Mônica manteve o olhar fixo em Gabe, mas ela sentiu Courtney a


observando.

Ela encontrou o olhar de sua amiga. ─ Court, desculpe-me por


nunca ter contatado você ao longo dos anos. Saí de Langley Park no
final do verão e . . .

─ Eu conheço Mônica. Você deixou de ser uma modelo. Você acha


que eu não notei seu rosto em todas as revistas?

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KRISTA SANDOR
Mônica tentou ler a amiga, mas Courtney tinha o mesmo olhar nos
olhos da última noite em que a vira, momentos antes de sair com o
irmão.

Chip Wilkes.

Apenas o pensamento dele fez sua pele arrepiar.

Ela afastou o pensamento e se concentrou na amiga. ─ Como você


e Bryson acabaram juntos?

─ Muita coisa pode acontecer em doze anos. ─

Mônica não podia discutir com isso.

─ Você ainda é amiga de Andrea? ─ Court e Andrea estiveram


muito próximos durante o ensino médio.

─ Não vejo Andrea há anos. Pelo que ouvi, ela desistiu de todos os
bens materiais e dirige um retiro de meditação em algum lugar de Utah.

Por um instante, nenhuma delas disse nada.

Mônica tentou segurar um sorriso, mas não conseguiu. ─ Você está


brincando! Andrea?

Courtney assentiu. ─ Eu sei. Ela é a última pessoa que você


esperaria fazer isso, não é?

Estou feliz por você, Court. Fico feliz que você esteja ajudando na
Oktoberfest. Isso nos dará tempo para nos atualizarmos. Você ainda
está em Mission Springs?

─ Nós vamos e voltamos entre nossas casas em Mission Springs,


Califórnia e França.

Mônica assentiu. Ela queria perguntar sobre Chip, mas algo a


deteve.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Courtney olhou pela janela em direção à praça da cidade. Seus
meninos estavam correndo de um lado para o outro com uma jovem
correndo atrás deles. ─ É melhor eu ir. Não sei quanto tempo Fernanda
vai durar com eles sozinha.

Mônica pegou um bloco de pedidos no balcão e anotou o número


do celular. ─ Ligue-me quando tiver um momento livre, Court─ .

Courtney colocou uma mecha de seus cabelos negros atrás da


orelha e acariciou sua bochecha. ─ Gostaria disso.

Foi um gesto estranho. Mônica sentiu um estranho formigamento


com o toque de sua amiga.

─ Você ainda é tão bonita. ─ disse Courtney depois se virou e saiu


da padaria.

GABE SEGUIU Zoe e Jonah pela entrada dos fundos do Park Tavern e
entrou na cozinha. O lugar fervilhava de atividade.

─ Como estamos indo com os ovos? ─ Sam perguntou.

─ A bandeja fresca acabou de sair.

─ Quem está de olho na fruta?

─ Eu sei, Sam. Os morangos e o melão ainda parecem bons.

Um cozinheiro trouxe um prato da chapa. ─ Corredor de comida,


por favor. Pedido especial. Panquecas sem glúten. Mesa catorze.

Um corredor pegou o prato e foi para a área de jantar. ─ Quatorze


caminhadas.

Sam olhou por cima do ombro e Gabe encontrou seu olhar.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Jonah. ─ disse Sam, ignorando-o. Ele gesticulou com o queixo
em direção à sala de jantar. ─ Você sabe onde esses pães pegajosos
precisam ir.

─ Estou nisso, Sam. ─ O garoto assentiu e pegou a bandeja de


Gabe e depois se dirigiu para a área de jantar.

─ O que diabos você está fazendo aqui atrás? ─ Gabe perguntou ao


irmão.

─ Toalhinhas de crochê. O que acha que eu estou fazendo?

Um músculo bateu na mandíbula de Gabe. ─ Parece que você está


administrando uma cozinha. Exceto que você não é um chef. Você nem
é cozinheiro. Pensei que você estivesse grudado na frente da casa e no
bar?

─ Perdemos nosso chef na semana passada, temos poucos


funcionários e é um brunch de domingo. Se você conhece alguém com
alguma habilidade culinária, podemos usar a maldita ajuda. Está tudo
no convés, irmãozinho.

─ Rapazes! ─ Zoe disse. ─ Por favor, não se matem! Vejo alguns


repórteres que conheço do canal de notícias local na área de jantar. Vou
dizer oi e ver se consigo convencê-los a nos dar uma cobertura de TV
para a Oktoberfest. Volto em alguns minutos e depois posso ajudar com
o que você precisar.

Sam deu um aceno apertado a Zoe.

─ Jesus. ─ Gabe disse baixinho. ─ Se você precisasse de ajuda,


basta pedir.

─ Certo, certo! ─ Sam respondeu. ─ Você é um ótimo comunicador.


Talvez eu deva enviar um e-mail para você ou trezentos.

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KRISTA SANDOR
Porra! Ele mereceu isso. Nos últimos dois anos, ele deixou
qualquer coisa que não estivesse relacionada à televisão com seu
gerente de negócios e pessoas de relações públicas. Ele disse a si
mesmo que estava fazendo isso para se concentrar no próximo passo
em sua carreira. Mas quando se tratava de Park Tavern, até a menção
de onde ele vinha costumava deixar um gosto ruim na boca.

Ele pediu para Sam ficar quieto com relação à sua parceria no
restaurante, e seu irmão manteve sua palavra. Gabe havia escrito o
Park Tavern como comida de bar e refeições infantis de frango. Ele
considerou esse tipo de lugar abaixo dele.

Que idiota arrogante ele se tornara!

Ele olhou para a comida e um choque de reconhecimento o atingiu.


Essas foram as receitas dele. Alguém em sua equipe deve ter
compartilhado com Sam.

Uma onda de vergonha tomou conta dele. Deveria ter sido ele. Ele
deveria estar planejando o cardápio do Park Tavern. Ele se esforçou
tanto para apagar essa vida e para quê? Uma série de aparências na
TV. Cozinhar como chef de celebridades para a elite mimada.

O rosto de Mônica brilhou diante de seus olhos. Ele ainda estava


com muita adrenalina por assar ao lado dela. Ele tocou o M no peito.

Sua Mise en place.

A Mônica dele.

Ele terminou de se medir contra essa ideia ilusória, esse fantasma


inatingível de quem ele pensava que deveria ser.

A verdade era simples.

Langley Park era sua casa.

Suas raízes estavam aqui.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
E Mônica foi seu primeiro e único amor. Seus caminhos podem ter
se desviado, mas através de um milhão de reviravoltas do destino, eles
estavam juntos novamente.

Era tão simples assim.

Ou foi?

Corbyn, Chef Russo, Bread and Vine, seus próximos compromissos


na televisão. Ele não podia simplesmente soltar a vida como cortar um
galho morto de uma árvore. Ele soltou um suspiro apertado. Ele
descobriria. Por enquanto, seu foco era Langley Park e Oktoberfest.

Ele foi até a pia e lavou a mão. Vários cozinheiros estavam


lançando olhares secretos em sua direção, mas ele estava acostumado.
─ Conte-me sobre o serviço de brunch. ─ ele chamou o irmão por cima
do ombro, ignorando o público.

Sam mandou um corredor sair com uma panela fresca de bacon. ─


Estamos encerrando. Ele termina oficialmente por volta das duas, mas
às vezes temos alguns retardatários.

─ E o ingresso sem glúten? ─ Gabe questionou.

─ Restrições alimentares são os únicos pedidos especiais que


recebemos hoje. Conheço a maioria dos clientes com alergias ou dietas
especiais. A equipe sabe observar esses pratos como um falcão.

─ Tudo bem. ─ disse Gabe, examinando a cozinha.

Eles tinham menos de uma hora quando um servidor de olhos


arregalados se aproximou de Sam. Gabe secou as mãos e se juntou ao
irmão.

─ Hum, quem eu pergunto sobre isso? ─ o jovem servidor


perguntou, os olhos dançando entre os irmãos.

─ Eu! ─ Sam e Gabe disseram em uníssono.

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KRISTA SANDOR
Sam deu um sorriso irônico e voltou sua atenção para a garçonete.
─ O que é isso, Addison?

Ela olhou para a frente da casa onde um grupo de tamanho


decente estava entrando. ─ São as crianças do Camp Fire. Eles
acabaram de fazer um projeto de serviço comunitário, recolhendo lixo
ao redor do lago Boley. Eles estavam se perguntando se era tarde
demais para um brunch.

Sam olhou para o teto e balançou a cabeça.

─ O que? ─ Gabe perguntou.

─ Quantos, Addison? Vinte como a última vez?

Ela mordeu o lábio e balançou a cabeça. ─ Mais como quarenta.

Gabe olhou para a área de jantar quando crianças e seus pais


entraram. Ele deixou Addison e Sam e foi de estação em estação,
mentalmente montando uma lista de tudo o que haviam preparado. O
velho chef Sinclair teria enviado o grupo a caminho, mas não mais. O
brunch pode estar quase acabando, mas ele com certeza não iria
dispensar um monte de garotos famintos que haviam acabado de se
oferecer para ajudar a comunidade.

─ Tudo bem, pessoal, olhem para mim. ─ disse Gabe acima do


zumbido da cozinha.

O quarto ficou quieto. Gabe encontrou o olhar de seu irmão e


assentiu. Sam levantou o queixo em reconhecimento, seu olhar
suavizando.

─ Sou o chef Gabe Sinclair, irmão de Sam, coproprietário do Park


Tavern e agora, seu chef executivo.

A equipe soltou um suspiro coletivo e a energia da cozinha mudou.


Ele sabia que todos no lugar o reconheciam. Todos estavam

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KRISTA SANDOR
sussurrando um para o outro toda vez que ele virava as costas. Ele
tinha certeza de que eles esperavam ver a birra jogando bad boy chef,
mas ele acabou sendo o esnobe da comida que gritou e deu ataques.

─ Temos serviço prolongado para quarenta. Parece que um grupo


de crianças do Camp Fire e suas famílias acabaram de fazer um projeto
de serviço comunitário. Vamos recompensá-los por seu trabalho duro e
cozinhá-los algo que vai bater em suas meias.

A cozinha ficou quieta por um instante.

─ Você está comigo? ─ ele perguntou, encontrando o olhar de todas


as pessoas na cozinha até ficar de olho no irmão.

─ Sempre. ─ respondeu Sam.

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KRISTA SANDOR
18
─ OLÁ, crianças da fogueira de acampamento! Sou o chef Gabe.
Todo mundo gostou do almoço?

O Park Tavern explodiu em aplausos e Gabe não pôde deixar de


sorrir. Isso parecia mais real do que vencer qualquer competição
culinária, mais genuíno do que qualquer elogio de um crítico de comida.

Uma garotinha que parecia ter cerca de oito anos, com mechas
trançadas de castanho, abraçou-o pela cintura. ─ Obrigado, chef Gabe!
Esses foram os melhores nuggets de frango de todos os tempos! Muito
melhor do que meu pai faz. Ele geralmente queima frango.

Gabe riu. Era uma vez, ele não teria sido pego morto preparando
salgadinhos, mas hoje ele foi lembrado do poder da comida. Uma
refeição simples entre amigos e familiares não precisava incluir oito
pratos. Comida caseira pode ser tão atraente quanto a culinária
gourmet. Ele colocou seu próprio toque no prato. Em vez de apenas
revestir o frango com ovo e farinha, ele acrescentou a etapa extra de
tostá-los com pretzels esmagados. Ele chegou na hora e os cozinheiros
da Park Tavern mostraram-se ansiosos por aprender com ele e tentar
algo novo. Crocantes com uma pitada de sal, as crianças e seus pais os
devoraram.

Ele ainda era um chef de cozinha, exceto agora, ele não precisava
empurrar essa realidade pela garganta de todos. Ele ganhou. Ele não
precisava provar isso para ninguém, o mais importante, para si mesmo.

Gabe deu uma olhada mais de perto na garotinha. ─ Você é


sobrinha de Zoe, Kate? ─ Zoe havia lhe enviado fotos anos atrás,
quando a menina era apenas uma criança, mas ele podia ver a
semelhança.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Um homem alto com feições escuras e uma mulher bonita com
cabelos loiros chegaram.

─ Kate nos venceu com você. ─ disse o homem, estendendo a mão.

─ Ben Fisher! ─ Gabe respondeu com um sorriso. Fazia anos desde


que vira o meio-irmão mais velho de Zoe.

─ É bom ver você, Gabe! Queria agradecer-lhe por oferecer uma


divulgação tão boa para as crianças do Camp Fire e apresentá-lo à
minha esposa, Jenna Fisher.

Gabe apertou a mão da mulher. Anos atrás, quando Kate era muito
mais nova, a primeira esposa de Ben morreu tragicamente por suas
próprias mãos. Ele estava no exterior com o Chef Russo na época, mas
Sam o havia informado. Ele ouviu Ben se casar novamente, talvez
estivesse em um e-mail de Sam ou Zoe. Ele não conseguia se lembrar.
Graças a colocar sua carreira como chef de TV em primeiro plano, ele
mal olhou para a mensagem e depois a tirou da cabeça.

─ Ei, senhora Fisher! ─ Jonah disse, carregando uma bandeja de


cupcakes.

Zoe teve a ótima ideia de pedir a Mônica para enviar algumas


bandejas de cupcakes para compartilhar com as crianças. Jonah estava
ajudando correndo de um lado para o outro entre a padaria e o Park
Tavern a qualquer momento que eles acabassem.

Jenna sorriu brilhantemente para o jovem. ─ Oi, Jonah! Como está


sua mãe?

─ Ela é boa! Rose Brooks tem um apartamento todo alinhado para


nós e começa a trabalhar na próxima semana.

─ Jonah. ─ Sam chamou do bar onde estava misturando os Shirley


Temples. ─ Eu não estou pagando para você falar com as moças
bonitas. ─ disse ele e deu ao garoto uma piscadela brincalhão.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Desculpe, Sam. ─ Jonah chamou. ─ É melhor eu voltar ao
trabalho. ─ disse ele com um ar de confiança e trouxe a bandeja fresca
para uma mesa onde Mônica estava distribuindo cupcakes.

─ Rose Brooks é o abrigo das mulheres, certo? ─ Gabe perguntou.

─ É. ─ respondeu Ben.

Jenna assentiu. ─ Eu faço bastante voluntariado lá. O abrigo ajuda


mulheres e crianças em crise. Jonah ficou lá com sua mãe. Sam sempre
tenta contratar as crianças de Rose Brooks que têm idade suficiente
para trabalhar. Isso fez muito por Jonah. Ele é como uma pessoa
diferente de quando eu o conheci há alguns meses.

Mônica se aproximou, tirando migalhas das mãos. ─ Eu lembro de


você. ─ disse ela a Jenna. ─ Você pegou o pedido de cupcake para a
Langley Park Elementary alguns dias atrás.

─ Sim, as crianças não voltam às aulas por mais algumas


semanas, mas tivemos um treinamento de alfabetização para os
professores. Todo mundo amou os cupcakes. Eu esperava trazer alguns
para casa, mas eles desapareceram quase assim que abri a caixa.

─ Que pena ─ respondeu Ben, segurando o olhar de sua esposa. ─


Tenho certeza de que poderíamos abrir espaço para alguns cupcakes na
despensa.

Gabe olhou de Ben para Jenna. Algo estranho estava acontecendo,


e ele não tinha certeza de que queria saber o que estava por trás dessa
conversa enigmática sobre cupcakes. ─ Mônica Brandt. ─ ele disse,
mudando de marcha, ─ este é Ben Fisher e sua esposa, Jenna, e a filha
deles, Kate. Ben é irmão de Zoe.

─ Meio-irmão. ─ disse Zoe, juntando-se a eles com um sorriso. ─


Graças a Deus, consegui a metade boa. E não pense que não ouvi esse
comentário da despensa. Vocês não querem ir a lugar nenhum perto da

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KRISTA SANDOR
despensa dos Fisher. De fato, podemos precisar colocar em quarentena
toda a cozinha.

─ Tia Zoe! ─ Kate disse, claramente terminando de ouvir a


conversa dos adultos. ─ Nossa despensa é ótima! Às vezes, existem
Cheerios em todos os lugares, mas não são muito difíceis de limpar,
certo Jenna? Certo, papai?

─ Ouvi dizer que havia cupcakes? ─ Jenna perguntou. Um rubor


rosado aqueceu suas bochechas.

─ Sim. Kate exclamou. Posso ter um, Jenna? Olha, o cupcake é


incrível!

Os adultos olharam para ver Jonah entretendo as crianças,


equilibrando o doce doce em sua cabeça.

─ Jonah salvou vidas hoje. ─ disse Mônica. ─ Ele esteve comigo na


padaria o tempo todo que você esteve aqui, Gabe. Ele aprende rápido.

Gabe assentiu e olhou para Sam. Seu irmão não apenas estava
administrando este lugar por conta própria, como também ajudava
Oma na padaria e contratava crianças que precisavam de mais do que
apenas um emprego. Ele escreveu Park Tavern em sua mente. Mas
agora que ele estava aqui, viu que este restaurante era mais do que
apenas um lugar para fazer uma refeição. Era um centro comunitário.
Era o coração do parque Langley.

Jenna se inclinou. ─ A mãe de Jonah me disse que ele gosta de


trabalhar na Park Tavern, mas ele realmente gosta de ajudar na
padaria. Sam frequentemente o envia para ajudar sua avó. O rosto dela
ficou preocupado. ─ Como ela está? Ouvimos sobre a queda dela.

─ Ela fraturou o quadril, mas está indo bem. ─ respondeu Mônica.


─ Ela ainda está no hospital, mas será transferida para o Senior Living
Campus amanhã, para se reabilitar nas próximas semanas.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Você está assumindo a padaria? ─ Ben perguntou.

Gabe olhou para Mônica. Ele não tinha certeza de como ela
aceitaria essa pergunta, mas ela estava sorrindo. ─ Sim, eu vou cuidar
das coisas enquanto ela se recupera. Gabe também está me ajudando
na loja e planejando a primeira Oktoberfest do Langley Park.

─ Meu escritório de arquitetura assinou um contrato para


contribuir com o evento. ─ disse Ben.

Zoe assentiu. ─ Assumimos compromissos da maioria das


empresas da cidade.

─ Agora só precisamos fazer isso acontecer. ─ respondeu Mônica.

Gabe queria tocá-la, mas se conteve.

─ Nós vamos. ─ ele respondeu. Ele poderia tê-la beijado bem ali. A
abraçou no meio da Park Tavern, cercada por famílias rindo e comendo,
e a beijaria até o fim dos tempos. Em vez disso, eles tiveram que fingir
que mal podiam suportar um ao outro. Dois indivíduos se unindo por
uma boa causa. Mas aquele estalo entre eles, aquela atração
gravitacional que o mantinha orbitando com ela desde o momento em
que a viu, implorou para que ele alcançasse e acariciasse sua bochecha.

─ Chef Sinclair, Srta. Brandt, vocês dois estão prontos para fazer a
entrevista? ─ uma repórter perguntou, segurando um microfone. ─
Gostaríamos de enviar a história para que ela possa ser noticiada hoje à
noite.

Os amigos de Zoe da emissora de TV local haviam ficado por aqui.


Eles filmaram o projeto voluntário de Camp Fire Kids mais cedo naquele
dia. Quando Zoe lhes disse que ele era o proprietário do Park Tavern e
planejava preparar uma refeição especial para o grupo, eles
perguntaram se poderiam fazer uma entrevista rápida.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Nós vamos conversar com você mais tarde, Gabe. Foi um prazer
conhecê-la, Mônica ─ disse Ben e seguiu sua esposa e filha para a mesa
dos cupcakes.

─ Parece que estávamos no lugar certo na hora certa. ─ disse a


repórter. ─ Eu não tinha ideia de que você era daqui, chef.

─ Nascido e criado. ─ ele respondeu.

─ Isso será um ótimo segmento para o nosso ponto de engajamento


da comunidade no noticiário desta noite. Vamos levar a refeição do
Camp Fire Kids aqui no Park Tavern. Depois, perguntarei sobre outros
eventos da comunidade e você poderá participar da Oktoberfest de
Langley Park.

Ele se virou para Mônica. ─ Você está pronta?

Ela encontrou o olhar dele e aqueles olhos azuis quase o


engoliram. ─ Sim, eu estou bem.

O operador de câmera murmurou algo para o repórter, e ela


gesticulou com as mãos para que se aproximassem um do outro. ─ Você
se importa?

─ Eu agüentei pior. ─ Mônica disse e presenteou-o com um sorriso


rápido e tímido antes de puxar seus traços de volta para neutro.

Cristo! Tudo o que ele conseguia pensar era envolver suas longas
pernas em volta dele e afundar seu pênis profundamente dentro dela.
Ele deu um passo em sua direção e roçou o dedo mindinho com o dele.
Seu peito arfava com uma inspiração súbita e aguda. Eles voltaram a
ser adolescentes, tentando esconder sua atração, roubando pequenos
momentos em que até o menor toque sobre a pele parecia eletrizante.

Zoe ficou ao lado do cameraman. Ela apontou para o rosto e deu


um sorriso exagerado.

The Measure of Home


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─ Isso é para você ─ Mônica sussurrou, batendo nele com o ombro.

─ Desculpe. ─ disse Gabe e sorriu para a repórter. ─ Estou pronto.

A repórter deu um sorriso hesitante e depois acenou para o


operador de câmera. Após uma rápida sinopse do projeto de serviço
Camp Fire Kids, ela começou com as perguntas.

─ Estou aqui com o chef famoso, Gabe Sinclair e Mônica Brandt,


da The Little Bakery, na Mulberry Drive, em Langley Park. Conte-nos
um pouco sobre cozinhar para os Camp Fire Kids esta tarde.

Ele sorriu para a câmera. Ele sorriu para muitas câmeras na


última década, mas isso era diferente. Todas as vezes que a luz
vermelha pulsava, ele era um impostor, um homem mascarando quem
ele era e quem ele pensava que deveria ser. O mindinho de Mônica
roçou o dele novamente, e um senso de propósito e gratidão surgiram
através dele.

─ Nós do Park Tavern tivemos a honra de cozinhar para as


crianças do Camp Kids e suas famílias. Eles trabalharam duro para
coletar lixo ao redor do lago Boley. Eles fizeram um ótimo serviço para a
nossa comunidade. O mínimo que podíamos fazer era o almoço.

─ É verdade que você fez tudo isso de graça?

─ Absolutamente! Como eu disse, é uma honra apoiar aqueles que


se voluntariam para manter a Langley Park bonita.

─ As crianças também receberam alguns doces. ─ acrescentou a


repórter, voltando sua atenção para Mônica.

─ Isso mesmo. ─ respondeu ela, sem perder o ritmo. ─ Minha


família é dona da padaria do outro lado da rua. Quando ouvimos sobre
as crianças da Camp Fire voluntariamente dedicando seu tempo para
ajudar a cidade, eu sabia que queria doar alguns doces e mostrar a eles
o quanto apreciamos seu trabalho duro.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
A repórter pegou um bolinho e deu uma mordida. A mulher fechou
os olhos e soltou um pequeno gemido. ─ Este é o paraíso. ─ disse ela e
deu outra mordida.

Mônica riu. ─ Esse é um dos nossos bolinhos de chocolate


alemães. É um dos nossos mais vendidos há décadas.

─ Eu posso ver por que, e, garoto, eu sei o que estarei pedindo


quando for para Alemanha.

Gabe mordeu o interior de sua bochecha para parar de rir.


Felizmente, Oma não estaria assistindo as notícias hoje à noite.

A repórter se recuperou e seguiu em frente. ─ Vocês dois estão se


unindo para outro evento da comunidade, não estão?

Gabe assentiu. ─ Nós estamos. O Park Tavern e o The Little


Bakery, em Mulberry Drive, estão trabalhando com outros comerciantes
locais para sediar a primeira Oktoberfest do Langley Park.

─ Será realizado no Jardim Botânico de Langley Park. Teremos


comida tradicional alemã, cerveja e música, além de atividades
divertidas para as crianças. ─ acrescentou Mônica.

─ Será um ótimo evento para toda a família. ─ disse Gabe,


olhando-a.

Parece maravilhoso. Mas aqui está o que eu preciso saber. ─ disse


a reporter, inclinando-se. ─ Eu vou conseguir mais desses cupcakes?

─ Você com certeza vai. ─ Mônica respondeu como uma


profissional. ─ Teremos uma variedade completa de doces e guloseimas.
A Oktoberfest terá algo para todos.

─ Então eu estarei lá com certeza! ─ a repórter disse. Ela terminou,


e a luz vermelha ficou escura.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Gabe olhou para Mônica. A sala estava inundada de energia, um
calor pulsante que permeava todas as células de seu corpo. Ela mordeu
o lábio. Ela também sentiu. Esse ritmo. Essa intensidade. A câmera
começou a rodar e apenas clicou.

A reporter passou o microfone para o cameraman. ─ Vamos postar


mais informações sobre a Oktoberfest na página do canal.

─ Muito obrigada. ─ disse Mônica, apertando a mão da mulher.

─ O prazer foi meu. ─ ela respondeu e olhou por cima do ombro


para Zoe. ─ Veja, é assim que você faz a coisa do repórter com todas as
coisas chiques.

─ Fantasia extravagante. ─ disse Zoe, brincando. ─ Você só tem


dois minutos para contar uma história. No rádio, chegamos a uma
profundidade. Não tenha pressa.

A repórter riu. ─ Nós, as pessoas da TV, gostamos de ouvir o


pessoal do rádio e, a propósito, vocês dois parecem fantásticos na tela
juntos.

─ Isso é coisa de Gabe. Eu não sou uma personalidade de TV ─


disse Mônica, um doce rubor rosa subindo pelo pescoço.

─ Não se descarte. ─ respondeu a repórter. Você é natural. Você


costumava modelar, certo?

─ Eu fiz.

─ Sim, eu pensei ter reconhecido você. Você é ótima na câmera.


Vocês dois são. Mais uma vez obrigado ─ disse ela, pegando uma das
malas do operador de câmera. ─ Zoe, entraremos em contato. ─ ela
gritou quando eles deixaram o restaurante.

Zoe estava de volta ao telefone, mandando mensagens


furiosamente e acenou com a cabeça para a repórter.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Sam se juntou a eles. ─ Vocês dois estão jogando bem.

Gabe endureceu suas feições. Ele amava o irmão, mas não podia
deixá-lo falar sobre o que estava acontecendo com Mônica. ─ Nós dois
estamos comprometidos em fazer da Oktoberfest um sucesso.

Mônica corou e olhou para Jonah, que ainda estava entretendo as


crianças com os cupcakes. ─ É melhor eu voltar para a padaria.

─ Por que você não leva Jonah com você. ─ Sam ofereceu. ─ Acho
que todas as crianças aqui estão trabalhando no segundo ou terceiro
cupcake. Acho que não precisaremos de mais.

Obrigado, Sam. Ele é uma grande ajuda para mim na padaria.

─ Eu estarei aqui para ajudá-lo a se preparar para amanhã depois


que eu arrumar as coisas por aqui. ─ disse Gabe, fazendo o possível
para canalizar seu idiota interior.

Um músculo em sua bochecha tremeu. Foda-se se ela não estava


tentando segurar um sorriso. ─ Tanto faz. ─ disse ela, fazendo um
trabalho notavelmente bom em odiá-lo.

A atenção de Zoe ainda estava colada ao seu telefone.

─ Zoe. ─ disse Sam.

─ Hmm. ─ ela cantarolou sem olhar para cima.

─ Você esteve a três metros de uma mesa cheia de cupcakes e não


pegou um. O que há de tão interessante nesse telefone? Você está
montando a página de fãs de Sam Sinclair?

─ Sim. ─ ela respondeu, claramente não prestando atenção.

─ Z? ─ Sam disse com um toque de urgência.

Ela embolsou o telefone. ─ Desculpe, estou trabalhando em uma


história. Vocês vão ficar bem se eu for?

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Nós ficaremos bem. ─ respondeu Gabe.

O telefone de Zoe tocou. ─ Ótimo, obrigado, pessoal. ─ respondeu


ela, puxando o telefone do bolso quando saiu do restaurante.

─ Ela está preocupada com alguma coisa. ─ disse Gabe enquanto


os irmãos assistiam Zoe desaparecer na rua.

Uma batida passou. Zoe estava fora de vista, mas Sam ainda
olhava pela janela.

─ Sabe, Zoe sempre teve uma queda por . . .

─ Eu sei. ─ disse Sam, cortando-o. ─ Pare com isso.

Gabe cruzou os braços. Havia algo de escuro e doloroso no tom de


seu irmão. Ele olhou ao redor da área de jantar. A multidão no Park
Tavern havia diminuído. Eles não tinham serviço de jantar aos
domingos, e os funcionários começaram a arrumar e se preparar para
amanhã. O barulho familiar dos garçons limpando as mesas era um
cenário reconfortante quando as últimas famílias deixaram o
restaurante.

─ Que tal uma cerveja? ─ Sam perguntou.

─ Eu adoraria uma.

Sam passou para ele uma Boulevard Pale Ale, tomou um gole lento
e olhou pela janela a esquina da padaria do outro lado da rua.

Sam olhou para aquele lado. ─ Você não precisa ficar com Mônica
se não quiser. Você sabe que é bem-vindo em casa.

Gabe colocou a garrafa no bar. ─ Eu aprecio isso, mas com tudo o


que precisamos fazer pela padaria e pelo festival, é mais fácil ficar lá. ─
Ele odiava mentir para o irmão. Se as coisas funcionassem como ele
esperava, ele não mentiria por muito tempo. Além disso, após a visita
do agente Glenn, não havia como ele deixar Mônica sozinha.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Sam assentiu. Ele parecia preocupado.

─ Eu nunca te perguntei. ─ disse Gabe, traçando uma gota de suor


na garrafa com o dedo. ─ Por que você quis comprar o Park Tavern? Não
me interprete mal. Fico feliz que você me pediu para entrar com você.
Fiquei surpreso.

A sugestão de um sorriso apareceu no canto dos lábios de seu


irmão. ─ Estive em todo o mundo, mas algo em mim sabia que era hora
de voltar para casa. Entrei na cidade, vi a placa de venda na janela e só
sabia que deveria estar aqui.

─ Eu deveria ter feito mais. ─ disse Gabe.

─ Você teve sua própria merda. Eu não deveria ter sido tão duro
com você. As coisas esfriaram com seu vídeo viral? Como Zoe chamou
você, Chef Chilique?

─ Cristo! ─ Gabe disse em uma expiração de ar. ─ Tem sido tão


louco aqui. Eu nem pensei nisso.

─ Tudo vai dar certo. ─ disse Sam. Ele tomou um longo gole de
cerveja e olhou pela janela.

─ Eu também poderia ajudar aqui no Park Tavern. ─ ofereceu


Gabe. ─ Você tem uma boa equipe. Eles estavam ansiosos para
aprender e se uniram para tornar o almoço do Camp Fire um verdadeiro
sucesso. ─

Seu irmão deu um sorriso provocador. ─ Não é todo dia que eles
cozinham com o famoso chef Gabe Sinclair. Ele não namora modelos de
lingerie e faz ovos escaldados para a rainha da Inglaterra?

─ Foda-se. ─ Gabe riu, balançando a cabeça.

─ Ele é tão sonhador. ─ continuou Sam.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Gabe terminou sua cerveja. ─ Vou voltar para a cozinha e ajudar
na limpeza.

Sam assentiu. ─ Estou feliz que você voltou, irmãozinho. Esta é a


sua casa. Você é sempre bem-vindo aqui.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
19
Já estava escuro quando Gabe deixou o Park Tavern e atravessou o
cruzamento da Bellflower Street e Mulberry Drive até a padaria. A loja
estava fechada por horas. A única luz veio da parte de trás, onde
Mônica e Jonah estavam terminando de se preparar para o dia
seguinte.

Ele bateu suavemente na porta de vidro. A cabeça de Mônica virou


na direção dele e, por meia respiração, ela deve ter esquecido que eles
estavam brincando de se tolerar. Na auréola suave da luz, ela era um
anjo sombrio, todos os membros graciosos e cabelos brilhantes da meia-
noite presos em um coque solto. Ela chamou sua atenção e sorriu para
ele do outro lado da padaria, e ele teve que se lembrar de respirar. Ela
era tão deslumbrante. Mesmo depois de mais de uma década, isso,
capturando vislumbres dela através desta janela, ainda o cativou, ainda
acelerou o pulso, ainda parecia em casa.

Gravar a entrevista na rádio pública e divulgar o noticiário local


fora algo que ele nunca havia experimentado. Seu tempo no lado do
entretenimento no mundo da culinária foi emocionante, mas fazê-lo
com Mônica foi pura alegria.

Anos atrás, quando ele era um aprendiz em sua primeira viagem à


Itália com o Chef Russo, ele havia aprendido com os mestres na arte da
culinária mediterrânea. A comida que ele provara tinha sido requintada,
mas não foi até ele pisar na ilha da Sicília quando tudo mudou. Eles
haviam desembarcado em Catania e alugado um carro para ir ao sul
para visitar os amigos do Chef Russo na encantadora cidade siciliana de
Noto. No caminho, eles pararam em um restaurante simples para
mamãe e pop para o almoço.

Aquela refeição foi um momento decisivo. Aquela refeição foi uma


epifania.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Sentada em um pequeno pátio coberto de sol, uma velha siciliana
com olhos gentis e uma espinha curvada pelas horas passadas de
amassar massa, serviu a melhor refeição de sua vida. Não havia pratos,
aperitivos, amuse-bouche, pompa ou circunstância. Eles nem pediram.
Não havia necessidade. Havia apenas uma coisa no menu. No ar quente
do verão, pesado com o cheiro do mar Jónico, banqueteavam-se com
camarões, tomates frescos e polvo grelhado, aninhados em uma cama
de macarrão artesanal servida em uma longa prancha de madeira.

A princípio, eles nem receberam utensílios. A velha inclinou-se


para a frente, colocou as mãos atrás das costas e levou um camarão à
boca. Sorrindo e rindo como uma colegial, ela engoliu em seco e
gesticulou para que fizessem o mesmo. Ele ficou apreensivo no começo,
mas após a primeira mordida, ele se converteu. Foi paz. Foi perfeição.
Foram mil fogos de artifício explodindo no ar, brilhantes e celestiais. O
ambiente, a comida, o ar, o mar, tudo se juntou em uma mordida
inesquecível em um pedaço de madeira velho.

Quando ele encontrou o olhar de Mônica pela janela da padaria, o


mesmo sentimento de satisfação avassaladora tomou conta dele. Exceto
por essa época, era o ar do Kansas, doce com o aroma quente dos bolos
assados com as gardênias nas cestas penduradas nas proximidades.
Era a praça da cidade tão familiar para ele quanto seu próprio rosto. Foi
a Mônica.

Seria sempre a Mônica.

Jonah disse algo para ela, e ela quebrou a conexão e virou-se para
o adolescente. Mônica estava segurando um saco de confeitar e, quando
foi pousar, Jonah fez um gesto para que ela ficasse onde estava. Ele
tirou as mãos e saiu da área de trabalho e o encontrou na porta.

Gabe riu. Um bom padeiro e um cavalheiro? Ele precisava tomar


cuidado com este. Mas o sorriso gentil e a disposição fácil do

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
adolescente diziam que ele não era uma ameaça e sim um trunfo para a
padaria.

─ Estamos quase terminando. ─ disse Jonah, abrindo a porta com


um sorriso largo. ─ Senhorita Brandt acabou de me ensinar como fazer
rolos de charme.

Gabe sorriu e manteve Mônica em sua linha de visão. ─ A


Senhorita Brandt ensinou-lhe como fazer a massa folhada que você usa
para fazer os rolos de charme?

─ Você não compra essas coisas na seção de alimentos congelados


do supermercado? ─ Jonah perguntou, alheio à piada interna.

Mônica conteve uma risada. ─ Aqui está sua primeira lição na arte
de massa folhada, Jonah. A massa folhada que usamos aqui na The
Little Bakery, em Mulberry Drive, não vem do supermercado.

─ Entendi. ─ disse o garoto, um sorriso fácil de volta no lugar.

─ Você só vai ficar aí e nos ver trabalhar, Chef Sinclair? ─ ela o


olhou severamente. Cristo! Ela era boa em fingir odiá-lo.

─ Eu pensei que poderíamos dar um passeio. ─ disse Gabe. Ele


teve que cruzar os braços para se impedir de tocá-la.

─ Hum, olá? ─ ela disse e gesticulou para as tiras de massa


folhada cortadas alinhadas como soldados.

Gabe manteve o rosto neutro. ─ Queria caminhar pelos jardins


botânicos à noite para ter uma ideia da iluminação que precisamos
para a Oktoberfest. Seria uma boa pesquisa.

Sua expressão suavizou, e seu olhar disparou para Jonah.

O rosto do adolescente se iluminou. ─ Eu posso terminar aqui em


cima.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica franziu o cenho. ─ Eu não tenho uma chave extra para
permitir que você tranque.

Um rubor coloriu as bochechas de Jonah. ─ Às vezes, quando eu


estava ajudando sua avó e já estava ficando tarde, eu terminava e
deixava de fora. Ela me disse que eu só precisava ter certeza de que a
porta estava fechada e ela trancaria sozinha.

─ Não é de admirar que você seja tão bom na padaria. Você


aprendeu com a mestre ─ disse Gabe.

─ Eu só a ajudei algumas vezes. Ela é bem rigorosa.

─ Apenas bastante rigorosa? ─ Gabe perguntou, segurando um


sorriso.

─ Ok, muito rigorosa, mas eu gosto quando Sam me envia aqui


para ajudar.

Gabe compartilhou um olhar com Mônica. Ela assentiu levemente


e tirou o avental. - Ok, Jonah. Vamos ver o que você lembra. Diga-me o
que precisa acontecer com os rolos de charme.

Jonah olhou fixamente para a mesa de trabalho. ─ Nós os


preparamos, enrolados nas cavilhas de metal. Agora, forra as
assadeiras com papel manteiga e asse por doze minutos a quatrocentos
graus Fahrenheit. Eles podem esfriar da noite para o dia e podemos
enchê-los amanhã de manhã.

Mônica assentiu. ─ Não se esqueça de ficar de olho neles quando


atingirem a marca dos dez minutos. E não coloque fones de ouvido e
saia da zona. Esses últimos dois minutos podem fazer ou quebrar a
casca da massa.

Jonah se endireitou. ─ Sim, senhora! Você pode contar comigo.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Mônica pendurou o avental no gancho. ─ Tudo bem, Jonah. Estou
confiando em você com isso. Não se esqueça de desligar o forno antes
de sair.

O adolescente assentiu e pegou o papel de pergaminho.

Gabe deu a volta na vitrine e se juntou a Mônica nos fundos da


loja. Eles saíram pela porta, e Gabe deu um puxão extra na maçaneta
para permitir que a fechadura se abrisse.

─ Por que você bateu? ─ ela perguntou enquanto caminhavam pelo


beco.

─ O que você quer dizer?

─ Você tem o conjunto de chaves de Oma?

Ela as entregou a ele naquela manhã. Ele sentiu o bolso. ─ Eu


ainda os tenho.

─ Então por que você simplesmente não entrou?

Um sorriso apareceu no canto da boca dele. ─ Nostalgia. Eu gosto


de ver você trabalhar pela janela da padaria.

─ Você percebe o quão assustador isso soa. ─ disse ela, mas estava
sorrindo.

─ Você acha que ele vai ficar bem sozinho? ─ ele perguntou.

─ Sim. Ele me lembra um adolescente que começou na The Little


Bakery em Mulberry Drive.

─ Você não vai vestir seu uniforme do Sagrado Coração para


Jonah, vai?

─ Você é terrível. ─ ela retrucou. Seu sorriso sexy, no entanto,


disse algo completamente diferente.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
As ruas estavam vazias. O Langley Park, numa noite de domingo,
estava tão quieto agora como há anos atrás. O respingo tamborilar da
fonte da praça da cidade preencheu o espaço entre eles. A rota mais
direta para os jardins botânicos seria seguir para o leste na Bellflower
Street, mas algo dentro dele o levou a ir para o norte na Mulberry Drive
e depois para o leste na Prairie Rose, a rua que fazia fronteira com o
centro da cidade ao norte. O centro comunitário e as quadras de
basquete surgiram à vista, e o desejo de reivindicar Mônica, de deixar o
mundo saber que ela era dele novamente, correu quente em suas veias.
Ele pegou a mão dela e entrelaçou os dedos nos dela. Ele estava pronto
para ela protestar, mas ela não disse uma palavra. Seu olhar foi para a
quadra de basquete e um tremor passou por ela.

─ O que é isso, Mon?

Eles passaram pelo centro comunitário e chegaram à entrada norte


raramente usada dos jardins. Cobertos de folhagem, apenas os
habitantes locais sabiam disso, e pelo barulho rangente quando ele a
abriu, mesmo que eles não estivessem usando esses dias.

─ Foi estranho ver Courtney hoje.

Ele não estava esperando isso. ─ Porque ela tem filhos?

Uma batida passou depois duas.

─ Isso, e ela é casada com Bryson Vanderkamp.

─ Ele era o cara alto com a pequena namorada loira e horrível.


Lembro-me deles da quadra de basquete e . . . - Ele quase engasgou
recordando os sons daqueles dois se pegando nos arbustos. A única
graça salvadora daquela noite fodida foi que não eram Chip e Mônica
fazendo a ação. Seu estômago torceu com o pensamento. Já era ruim
vê-lo pular sobre ela.

Mônica apertou mais a mão dele. ─ Sim e…

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ E o que?

─ Isso me fez pensar em Chip.

Se ele precisasse aumentar a raiva, Chip Wilkes era a maneira


mais rápida de ferver o sangue. Egoísta, autorizada, e se ele não o
detivesse, o idiota que teria agredido sexualmente Mônica. Gabe soltou
um hálito quente. Ressuscitar sua fúria pelo filho da puta mimado não
ajudaria ninguém. E se Mônica tinha algo em mente, ele queria ouvir.

Ela ficou quieta. Ele quase podia ouvi-la pensar, ouvi-la girando o
que quer que fosse várias vezes. O caminho se estreitou, e os longos e
pesados galhos de um salgueiro roçaram seus ombros. Nenhum dos
dois disse que estavam indo para o lugar deles, mas sem palavras, eles
se afastaram do caminho e entrelaçaram seus corpos através das
agulhas do abeto azul e entraram em seu lugar secreto.

Em algum lugar entre os salgueiros e as agulhas cinza-azuladas,


ele perdeu a mão dela. O céu estava nublado, mas uma lasca de luar
pegou Mônica sentada no banco de pedra em ruínas. Ele a rodeou por
trás, cutucou-a para a frente e sentou-se, seu corpo ao redor dela
protetoramente. Ele passou os braços em volta dela, e ela derreteu em
seu peito.

─ O que está pensando, Mon?

─ Alguma escolha terrível sempre me leva até você. Primeiro Chip


quando éramos adolescentes e depois fomos para aquela festa estúpida
no Vale de Portola.

Ele apertou seu aperto. ─ Chip Wilkes não levou você a mim.

─ Se eu não tivesse ido com ele. Se eu não o tivesse levado, talvez .


..

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KRISTA SANDOR
─ Isso não foi sua culpa. Você não fez nada errado. ─ Ele teve que
impedir que essa trilha equivocada de pensamento chegasse à mente
dela.

─ Mas se ele não tivesse me atacado, você não teria se revelado.

Ele afastou alguns fios de cabelo e deu um beijo atrás da orelha


dela. ─ Você se lembra daquela manhã, quando cheguei à janela da
padaria?

─ Claro, mas você não disse nada.

─ Eu estava nervoso. Eu assisti você por todos esses anos.

─ Eu assisti você também. Fingi que não estava olhando, mas


sempre estava . ─ disse ela. Ele podia ouvir o sorriso na voz dela.

─ Mon, quando eu vi você na quadra de basquete. Eu sabia que era


o universo me dizendo que eu estava certo. Tudo o que eu senti por você
. . . era real. Nós nascemos para ficar juntos. Chip ou nenhum chip, eu
teria lutado por você, não importa o quê.

Ela balançou a cabeça. ─ Eu devo ter parecido tão fraca.

Ele mudou seu corpo e a puxou para seu colo. No brilho nebuloso
do luar, ele pegou seu olhar. ─ Mônica, eu nunca, nem por um
segundo, pensei que você fosse fraca. De fato, foi o oposto completo.
Você tentou parar o Chip. Eu vi você.

Ela deixou cair o queixo no peito.

Ele levantou o queixo dela. ─ Você é mais forte do que sabe, Mon
Você perdeu seus pais. Você passou toda a sua educação com crianças
que sempre tiveram mais. Você trabalhava na padaria todos os dias.
Você sabe quantas crianças se recusariam a fazer isso?

─ Houve momentos em que eu quis.

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KRISTA SANDOR
─ Mas você não fez. E você nunca deixa nada disso te impedir de
sonhar.

─ Mas e você, Gabe? E o que eu fiz para você?

─ Tudo o que passamos para chegar a esse ponto nos tornou quem
somos hoje.

Ela segurou o olhar dele. ─ Eu pensei que nunca quis voltar aqui,
mas agora não consigo imaginar uma vida em nenhum outro lugar.

Ele entendeu. Vendo seu primo como pai e marido. Cozinhando


para o Camp Fire Kids no restaurante que ele possuía em conjunto com
o irmão. De pé ao lado de Mônica, trançando torções, inalando seu
perfume, o formigamento de excitação que percorreu seu corpo ao
pensar em tocá-la. Todos eles giravam em torno deste lugar. A casa
deles, Langley Park.

Ele passou o polegar pelo lábio inferior dela. ─ Nós dois temos um
novo apreço por esta cidade . . . nossa cidade . ─ Ele se inclinou. ─ Eu
não quero ficar sem você nunca mais.

─ Eu não quero ficar sem você. ─ ela ecoou, uma lágrima


escorrendo por sua bochecha. Mas…

Seu coração quase parou. ─ Mas o que?

─ Eu sei que já disse isso antes, mas não podemos dizer nada até
depois da Oktoberfest. Eu não quero brincar com isso. Não quero tirar
os holofotes do festival ou da cidade.

Ele entendeu mais do que ela sabia. Os holofotes, e seu desejo de


estar nele, causaram o total tumulto que ele deixara em Nova York. Ele
tentou falar. Ele queria contar tudo sobre Corbyn e as negociações do
projeto de TV, mas ela pressionou um dedo nos lábios dele.

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KRISTA SANDOR
─ Hoje, quando a repórter estava nos entrevistando, pela primeira
vez na minha vida, pensei na padaria como minha. Minha vida inteira,
com meus avós, morei no apartamento deles no andar de cima. Eu
trabalhei na padaria deles. Todas as crianças que eu conhecia quando
fui para a escola delas. Eu estava autorizada a vislumbrar o mundo
deles. Mesmo modelo, eu usava as roupas deles. Eu era o rosto da
marca deles. A única coisa que eu já pensei como antes antes de hoje,
era você. Você sempre foi meu garoto do jornal.

Ele engoliu em seco pelo nó na garganta. ─ Você era minha


princesa, trancada dentro de uma padaria. Eu sempre pensei que era
meu trabalho salvá-la, resgatá-la, mas não era. Você não precisou ser
resgatada. Você nunca fez.

Outra lágrima deslizou por sua bochecha. ─ O que você fez por
mim foi muito mais do que ser resgatada. Você acreditou em mim,
Gabe. Você me amou naquela época.

Ele apertou a mão dela contra o peito em cima do M em sua


tatuagem no pescoço. ─ Eu nunca parei de te amar, Mônica. Você
sempre esteve aqui. Você sempre estará aqui.

Ele deslizou a mão em seu rosto e apertou seus lábios nos dela.
Ela se mexeu no colo dele e montou nele. Ela tirou o uniforme do
Sagrado Coração e vestiu um vestido simples de linha A antes de se
juntar a ele no Park Tavern para distribuir cupcakes para o Camp Fire
Kids. A bainha subiu pelas coxas quando ela se arqueou contra ele, e o
movimento o fez balançar com força em segundos.

Ele passou as mãos pelas costas dela e agarrou sua bunda. Mônica
soltou um suspiro baixo e ofegante contra seus lábios. Ele balançou o
corpo dela contra o dele. O atrito se formou entre eles como um fogo,
crescendo e consumindo tudo em seu caminho.

─ Eu te amo, Mônica. Eu te amo demais ─ ele respirou, beijando


um caminho dos lábios dela até o lóbulo da orelha. Seu corpo se

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KRISTA SANDOR
lembrou da primeira vez que a beijou. Lembrou-se do calor entre eles
enquanto a pressionava contra ela, moendo e acariciando, alimentando
o frenesi de luxúria entre eles.

Ela colocou os braços em volta do pescoço e segurou enquanto ele


guiava sua bunda para cima e para baixo contra seu pau, pressionando
contra suas calças.

─ Eu quero você. Eu preciso de você dentro de mim ─ ela ofegou.

Ela não precisou perguntar duas vezes. Ele alcançou entre eles,
desabotoou as calças e libertou seu comprimento duro. Mônica se
ajoelhou, olhou para seu pênis ereto e mordeu o lábio.

─ Você me mata, Mônica. ─ ele rosnou, os olhos presos em sua


boca.

Ele alcançou entre suas coxas e segurou seu sexo. Sua calcinha
estava encharcada com a evidência de sua excitação. Seu pênis
estremeceu como uma fera devassa desesperada para foder. Ele
empurrou o tecido ensopado para o lado e passou dois dedos pela
entrada escorregadia dela. Ela resistiu contra a mão dele.

─ Gabe, por favor! ─ ela gemeu

Suas palavras alimentaram seu desejo. Ele apertou seu aperto na


bunda dela e a guiou em seu pau. Polegada por polegada, ela o envolveu
em seu calor doce e úmido. O fogo em sua barriga aumentou quando
ele a encheu completamente. Seu pênis pulsou, exigindo que ele
empurrasse, mas ele se conteve. Ele encontrou o olhar dela. Os olhos
dela estavam nadando de desejo.

- Eu te amo, Mônica. Quero-te tanto. Eu não acho que posso ir


devagar.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Eu não quero devagar. Eu quero você duro. Eu preciso disso. Eu
preciso saber que tudo isso é real. Eu preciso de você, Gabe. Você é o
único homem que eu já amei.

Foi isso. Ela o amava. Ele precisava ouvi-la dizer isso. Ele
precisava saber que ela o queria como ele a queria.

Seu corpo ficou tenso como um velocista, esperando a espingarda


disparar.

─ Gabe. ─ ela chorou, suas palavras capturadas em algum lugar


entre desejo desesperado e necessidade desenfreada.

Ele apertou sua bunda e empurrou. Ele a fodeu com força e


rapidez. Suas respirações rápidas e difíceis vieram em suspiros quentes
e pontilhados, como se seus corpos precisassem do ritmo febril para
superar todas as coisas que os haviam impedido, mantendo-os
prisioneiros em seu próprio exílio auto-imposto. Ele mudou seu aperto e
enfiou os dedos em seus quadris, trabalhando seu corpo. Ela montou
em seu pênis. Suas respirações se transformaram em gemidos doces
quando ela deslizou para cima e para baixo em seu eixo, bombeando e
moendo contra ele.

Ela estava perto. Seus suspiros, que já foram um coro de gemidos


suaves, ficaram baixos e primitivos. O perfume inebriante de fazer amor
os envolveu. O tapa de suas coxas, os sons abafados do tecido
mudando e se contorcendo, o zumbido e o calor de suas respirações
rápidas se misturando a enviaram para o limite.

Ele beijou seus gritos de paixão e encontrou sua libertação. Ele


empurrou seu pau em um ritmo perfeito de suor, calor e movimento.
Em um piscar de olhos, ele se desintegrou e se dissolveu na noite, um
com a mulher que amava.

Ele a abraçou e ela apoiou a cabeça no ombro dele. Ele a abraçou


como se estivesse tentando recapturar todos os momentos e todas as

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memórias que ele trabalhou tanto para esquecer. Eles eram todos dele
novamente. Ela era dele novamente. Tudo fazia sentido enterrado
profundamente dentro dela, e ele se lembrou de seu erro. Mise en place.
Coloque no lugar. Este era o lugar dele, aqui nesta cidade com esta
mulher.

A brisa agitava as folhas de um álamo próximo e Gabe sorriu


quando Mônica cantarolou seu contentamento na curva do pescoço
dele.

─ É assim que fingir que é sexo com maquiagem? ─ ela perguntou


em um sussurro sonhador.

Ele estava prestes a responder quando uma luz circular chamou


sua atenção.

─ Mon?

─ Hmm. ─ ela cantarolou contra o pescoço dele.

─ Acho que os jardins contrataram um vigia noturno.

─ O que? ─ ela sussurrou, endireitando-se.

Ele não teve chance de responder.

─ Se vocês estão de volta, é melhor você chegar! Você estará em um


mundo de problemas se eu te pegar ─ chamou a voz de um homem. Ele
parecia mais do que irritado, mas Gabe não estava disposto a ficar por
aqui. Ele já estava em um mundo de problemas depois de Nova York.

A luz se aproximou.

Mônica se afastou dele, arrumou o vestido e ficou de pé. ─ Você


acha que ele sabe sobre esse lugar?

Gabe apertou as calças. Não quero descobrir. Precisamos correr


para isso.

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─ Se ele nos ver . . . se ele reconhecer você, ou até eu, isso pode
estragar tudo. Estávamos no noticiário hoje à noite.

O pânico substituiu a calma em sua voz.

Ele pegou a mão dela. ─ Ninguém vai nos ver. Vamos para o
intervalo na cerca perto do pavilhão à beira do lago.

─ Ok. ─ ela sussurrou.

Tão silenciosamente quanto podiam, eles teceram através do abeto


azul. O brilho da lanterna estava se aproximando.

─ Estamos bem. ─ disse ele, apertando a mão dela. ─ Nós corremos


no três.

Ele contou, e eles partiram, correndo em direção ao lago Boley. Um


calor tão doce quanto a chuva do verão percorreu seu corpo. Era
selvagem, ridículo e maravilhoso. Ali estava ele, um homem crescido,
fugindo de um segurança como um adolescente hooligan. E ao seu lado
estava a garota mais bonita que ele já tinha visto. Os cabelos dela
estavam soltos. Ele saltou de um lado para o outro em um emaranhado
escuro roçando seus ombros a cada passo.

─ Cristo, eu te amo, Mon! ─ ele disse entre respirações.

Ela riu quando eles passaram pelo pavilhão.

─ Ei! ─ chamou o guarda.

Gabe olhou para trás. Para sua sorte, o homem tinha uma
quantidade considerável de peso e não foi capaz de mover nem a
metade do clipe que ele e Mônica conseguiram executar. Eles
manobraram pela brecha na cerca e correram para o Langley Park
Boulevard. A essa hora da noite, a rua estava sem tráfego. As únicas
testemunhas de sua fuga foram os postes silenciosos, criando piscinas
quentes de luz a cada dois metros.

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A padaria apareceu. Eles viraram a esquina e correram para o
beco. Com o peito arfante, Mônica pressionou as costas contra a porta
da loja. Ele a enjaulou com os braços e segurou o olhar dela enquanto
recuperavam o fôlego, rindo e falhando miseravelmente ao tentar ficar
quieta.

Ela ficou na ponta dos pés e o beijou. ─ Vamos entrar.

Gabe encontrou seu conjunto de chaves e abriu a porta. Ele


segurou para Mônica, e ela subiu as escadas para o apartamento. Ele
fechou a porta e balançou a maçaneta para permitir que a fechadura se
encaixasse.

─ Eu não guardei meu uniforme do Sagrado Coração. ─ disse ela,


espiando por cima do ombro com um sorriso malicioso.

Doce Cristo!

─ Você vai ter que me pegar primeiro. ─ acrescentou.

Eles subiram correndo as escadas e entraram no apartamento.


Mônica tirou os sapatos e abriu o zíper do vestido enquanto corria para
o quarto. Ele seguiu logo atrás e acendeu a pequena lâmpada. Se ela ia
fazer um strip-tease seguido de modelagem de uniforme de colegial, ele
com certeza queria que as luzes acendessem. Mônica parou no meio da
sala, vestido meio de costas para ele. Ele passou os braços em volta da
cintura dela e deu um beijo no ombro exposto dela. Ela ficou tensa e
seu corpo ficou rígido.

─ O que é isso? ─ ele perguntou.

─ A pulseira. ─ ela engasgou, olhando para frente e para trás. ─ Eu


não mudei! Eu nem toquei!

Ele também não. A última vez que o vira naquela manhã, era
exatamente como ela o deixara doze anos atrás, em sua mesa lateral.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Algo afiado formigou em sua espinha. Na pressa de chegar ao quarto
dela, ele nem olhou ao redor do apartamento.

Eles foram roubados?

Ele olhou ao redor da sala. Além da pulseira que faltava, nada


parecia fora de lugar. Nenhuma gaveta foi deixada meio aberta.
Nenhum travesseiro foi jogado ao acaso no chão.

─ Fique aqui. Vou checar o resto do apartamento.

Mônica assentiu.

Não demorou muito para procurar no local. O apartamento


consistia em uma cozinha modesta que dava para uma sala de estar,
dois quartos e um banheiro. O espaço estava arrumado. Se alguém
esteve aqui, eles cobriram suas trilhas malditamente bem.

─ Sua avó tem algo de valor? ─ ele perguntou entrando no quarto


dela.

Mônica não respondeu. Ela estava do outro lado da sala, perto de


uma cômoda alta.

─ Mon? ─ ele tentou de novo.

─ Por que está aqui? ─ ela perguntou.

Ele veio ao lado dela. Havia a pulseira de charme cercada por


brincos e alfinetes em um pequeno prato de cerâmica.

─ Eu não sei. ─ Ele não havia tocado, tinha? Aquela joia carregava
muita bagagem emocional para ele jogá-la na cômoda com indiferença.

Mônica olhou em volta do quarto.

─ Falta alguma coisa? ele perguntou.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela balançou a cabeça. ─ Não . . . quero dizer, eu não sei. Acho que
não. Eu preciso do meu telefone.

Mônica correu pelo apartamento, desceu as escadas e entrou na


padaria. O celular dela estava sobre a mesa do escritório. Ela tocou a
tela e o telefone ganhou vida.

─ Você está chamando a polícia?

Mônica olhou para o telefone, percorrendo os contatos. ─ Não, eu


estou ligando para Jonah. Ele me deu o número dele hoje.

─ Você acha que o garoto estava no apartamento?

Ela segurou o celular no ouvido. ─ Eu não sei. Acho que não. Eu só


quero ter certeza de que ele fechou a porta.

Gabe não conhecia bem o adolescente, mas no decorrer de sua


carreira culinária, ele contratou dezenas de jovens. Linha cozinheiros,
corredores, máquinas de lavar louça. Ele ficou bom em eliminar as
maçãs podres. Ele podia sentir aqueles que estavam com fome de
aprender, ansiosos para fazer qualquer coisa que os levasse um passo
mais perto de atingir o posto de chef. Nada dentro dele o fez pensar que
Jonah era do tipo que vasculhava as coisas particulares de alguém. De
fato, era o contrário. Jonah era o tipo de garoto que ele teria contratado
em um piscar de olhos.

Ele olhou para a mesa. O cartão do agente Glenn estava encostado


a um grampeador. Instantaneamente, sua mente voltou ao encontro, e
os pensamentos do indescritível hacker do Pássaro Negro aceleraram
seu pulso. Ele saiu do escritório e caminhou pelo perímetro da padaria.
Nada estava fora do lugar. Jonah havia limpado e feito um bom
trabalho. Ele nunca viu a mesa de trabalho parecer tão imaculada. Ele
abriu o registro e encontrou bandejas de uns, cinco, dez e vinte anos.
Eles não foram roubados. Ele verificaria mais tarde e garantiria que a
contagem correspondesse, mas ele tinha a sensação de que sim. Ele

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KRISTA SANDOR
também duvidava muito que os cibercriminosos internacionais
estivessem interessados em roubar uma padaria.

A ascensão e queda da voz de Mônica flutuou pela padaria. Ele


voltou ao escritório e encostou-se na mesa quando Mônica se despediu
e terminou a ligação.

─ Jonah viu algo estranho?

Mônica balançou a cabeça. ─ Ele disse que tinha certeza de que


fechou a porta. Ele até tentou abri-lo novamente para ter certeza de que
estava trancado.

─ Ok, alguém estava por aqui? Ele fez um amigo parar?

─ Eu perguntei isso a ele. Ele disse que a única vez que abriu a
porta da frente foi quando um cara apareceu e bateu à porta.

─ Quem era?

Mônica tamborilou com os dedos na mesa. Ele não sabia. O cara


acabou de perguntar quando abrimos de manhã.

─ É meio tarde para parar em uma padaria.

Mônica cruzou os braços. ─ Isso ainda não responde como a


pulseira foi movida.

Ele franziu a testa. ─ Jonah deixou o cara entrar?

Ela soltou um suspiro trêmulo e seu olhar foi para o cartão do


agente do FBI. ─ Não, ele disse que conversou com ele na porta. Você
não acha . . .

Ele não sabia o que pensar, mas ele não queria Mônica chateada.
Ele a pegou nos braços. ─ Não, acho que não é nada disso. Talvez eu
tenha mudado sua pulseira à noite. Talvez eu tenha mudado essa

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
manhã, e simplesmente não consigo me lembrar. Faz alguns dias
loucos.

Ela descansou a cabeça no ombro dele. ─ Sim, provavelmente é


isso. Foi um turbilhão.

Ele deu um beijo na têmpora dela. ─ Esse bracelete não é um mau


presságio, mon.

Ela olhou para ele. ─ Eu sei que não é. Mas ver isso me lembra o
dia em que saí.

─ Então teremos que compensar o tempo perdido e preenchê-lo.

─ Paris? ─ ela disse, um sorriso puxando os cantos da boca.

Ele segurou o olhar dela. ─ Eu ainda te devo um piquenique ao


lado da Torre Eiffel.

─ Você sabe. ─ ela respondeu com um doce bocejo.

Ele a levantou nos braços. ─ Vamos, dorminhoca.

─ O que é isso? ─ ela perguntou, as pernas balançando.

Ele começou a subir as escadas. ─ Isso é prática.

─ Para quê?

Ele chegou ao topo da escada e parou no limiar. ─ Pelo que eu


estive esperando por toda a minha vida.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
20
MÔNICA cantarolou para si mesma e quebrou outro ovo em uma
tigela de vidro, enquanto um pouco de manteiga estalou e chiou na
panela de omelete esquentando no fogão. Após o incidente
desconcertante do bracelete, ela havia sido informada - preocupada que
os eventos de sua noite no Vale de Portola tivessem algo a ver com isso.
Mas, à medida que os dias cresciam em semanas, e sem outras
ocorrências estranhas, ela e Gabe haviam caído em um ritmo fácil no
último mês. Antes mesmo de entrarem na padaria, eles começaram no
raiar do dia fazendo o café da manhã na cozinha aconchegante do
apartamento. Ela olhou para o balcão onde o rolo de faca estava pronto.
Um lugar que antes abrigava apenas uma padeira e sua neta agora
mostrava os sinais de um chef em residência.

Gabe costumava fazer o café da manhã. Ela se deliciava com


batatas fritas de vegetais, panquecas de banana e amêndoa e granola
caseira com especiarias e canela, servida com creme de leite fresco. Mas
hoje, ela queria surpreendê-lo. Ela tinha o livro de receitas apoiado na
torradeira aberto na receita de omeletes. Ela apenas começou a bater os
ovos quando duas mãos fortes e quentes pousaram em seus quadris.

─ O que é tudo isso? ─ Gabe perguntou com sua voz estridente e


sexy da manhã.

Ela olhou por cima do ombro. ─ Estou fazendo ovos para você,
uma omelete para ser exata.

─ Você está?

Ela continuou mexendo os ovos e gesticulou com o queixo em


direção ao livro de receitas. ─ Vamos ver se quem escreveu essa coisa
sabe do que está falando.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ele riu e deu um beijo na parte de trás do pescoço dela. ─ Você
sabe quem é Jacques Pépin?

─ Claro, ele é o famoso chef francês que esteve em um programa de


culinária com Julia Child.

Gabe assentiu. ─ Ele diz que você pode dizer o quão boa é uma
cozinheira pela maneira como preparam uma omelete.

Ela balançou e roçou contra ele. Como estou indo até agora?

Ele apertou seu aperto, e seu pau endureceu contra suas nádegas.
─ Vamos ver. ─ ele sussurrou ao lado de sua orelha, enviando
formigamentos quentes em sua espinha. ─ Parece que os ovos estão
bem mexidos. Você está fazendo uma omelete clássica ou um país
francês?

─ País francês. ─ ela respondeu, esfregando pequenos círculos com


os quadris.

─ O meu favorito. ─ ele respirou.

Ele estava vestindo apenas um par de boxers. Seu peito pressionou


suas costas enquanto ele deslizava as mãos dentro da blusa dela. Eles
roçaram suas costelas antes de encontrar seus seios. Sua respiração
ficou superficial quando o calor se espalhou entre suas coxas.

Ele sacudiu o lóbulo da orelha com a língua. ─ Qual é o próximo?

─ Um pouco de sal e pimenta. ─ ela ofegou.

─ Como está a manteiga?

Ela fechou os olhos. ─ O quê?

─ Você quer deixar a manteiga dourar por uma omelete do país.

Suas mãos quentes incendiaram seu corpo enquanto ele beijava


seu pescoço e massageava lentamente seus seios, permitindo que seus

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
polegares passassem por seus mamilos apertados. Ela piscou os olhos
abertos e olhou para a panela de omeletes. A manteiga estava dourada,
borbulhante e perfeita, mas ela não estava mais com fome de ovos, e
pela pressão de seu pênis, ela poderia dizer que Gabe também não
estava.

Ela procurou a maçaneta, desligou o fogão, depois estendeu a mão


para trás e enroscou os dedos nos cabelos escuros e bagunçados.

─ Você está abandonando sua posição, chef? Você sabe que a


estação de omeletes é um lugar de prestígio ─ ele brincou.

─ Eu acho que você terá que me tirar da linha. Parece que não
consigo trabalhar com todas as distrações. Eu perdi minha mise em
lange .

Isso deu a ela uma risada sexy. Ele mudou para trás dela. ─ Eu
vou te mostrar algumas merdas no local.

Mônica não se cansava da atitude dele de assumir o controle. Ele


começou a cozinhar algumas noites por semana no Park Tavern. Ela
chegava cerca de uma hora ao jantar e dizia que estava lá para
conversar com Sam ou Zoe sobre a Oktoberfest, o que eles faziam na
maioria das vezes. Mas ela realmente não estava lá para a comida ou o
planejamento de eventos. Gabe dirigindo uma cozinha teve seu corpo
formigando no momento em que ele vestiu o casaco de seu chef. Sua
voz dominante. Suas ordens rápidas e afiadas e suas mãos. Santa
Maria, essas mãos! Observá-lo montar um prato foi hipnotizante. Sua
precisão, seu foco, sua atenção aos detalhes. Todas essas coisas a
fizeram sofrer pelo toque dele, e fingir que não estava pegando fogo por
ele acrescentou uma carga cintilante e travessa no ar.

Ele deslizou as mãos pelo corpo dela. ─ Você deve tomar café da
manhã com mais frequência.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela agarrou a bancada quando Gabe puxou o short do pijama e
empurrou dentro dela. Ele passou a mão em volta da cintura dela
enquanto a outra se movia para o ombro dela. Excluindo o quarto de
Oma, eles praticamente o fizeram em ou contra todas as superfícies
planas do apartamento. Uma noite, depois que ela fingiu não vê-lo
preparar prato após prato de salmão selvagem com uma marinada de
gengibre e limão, eles nem chegaram ao apartamento. Ela o montou nas
escadas, e então ele a fodeu com força contra a parede.

─ Você se sente tão malditamente bem. ─ disse ele em uma


expiração apertada e baixa.

A mão dele saiu do ombro dela e deslizou por seu corpo. Ele
empurrou com mais força quando seus dedos trabalharam
ritmicamente seu doce broto. Ela se inclinou para a frente, os seios
roçando a bancada e permitiu que Gabe aprofundasse o ângulo de
penetração. Ele soltou um gemido primitivo, meio homem, meio animal,
como o doce aroma do sexo e do suor os envolvendo em uma névoa
luxuriante. Em segundos, a cozinha desapareceu. Tudo o que existia
era esse homem e seu glorioso pênis. Ela voou sobre a beirada, subindo
com cada pincel da mão dele e cada batida do seu comprimento duro.
Ele estava com ela, as pontas dos dedos apertadas ao redor de seus
quadris, possuindo-a, reivindicando-a, dando-lhe toda a última gota de
sua libertação.

Sem fôlego, ela se endireitou e se inclinou contra ele, descansando


a cabeça no peito dele.

─ Você pode me fazer o café da manhã. ─ disse ele, sua voz baixa e
grave.

Ela piscou. Seu corpo estava descendo com a pressa de endorfina


de sua libertação. ─ Eu não sei. Minha estação não é muito ordenada.

A tigela contendo os ovos havia tombado. Listras amarelas e


pegajosas corriam pela lateral dos armários inferiores. Pimenta foi

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KRISTA SANDOR
polvilhada em todos os lugares. Pelo menos ela se lembrou de desligar o
queimador de gás.

Lá embaixo, a porta dos fundos da padaria se abriu e fechou.

─ Que horas são? ─ ele perguntou.

Ela olhou para o relógio. ─ Um pouco depois das cinco.

─ Sou apenas eu. ─ chamou Jonah. Não havia porta entre as


escadas e o apartamento. Um brilho fraco veio da escada quando Jonah
acendeu as luzes sobre a mesa de trabalho.

Gabe examinara os livros de Oma, negociara melhores preços com


fornecedores e, em parte devido ao status de celebridade, recebera da
padaria vários pedidos semanais permanentes. Isso lhes permitiu
contratar alguns funcionários em meio período, e isso incluía Jonah.
Ele estava lá todas as manhãs antes da escola e até alguns dias por
semana depois da escola. Ele trabalhou duro e foi o único meio-
temporizador que conseguiu assar. Os outros ajudaram com os clientes
- o que era importante -, mas encontrar Jonah foi uma dádiva de Deus.

─ Ei, Jonah! Eu já vou lá - gritou Mônica.

Gabe passou a franja para o lado e passou o dedo indicador pela


clavícula. ─ Abaixo? ─ ele perguntou, torcendo o dedo na alça da blusa
dela.

─ Sim, nós vamos descer. Este é um grande dia. Temos essa


demonstração no Senior Living Center esta tarde com a imprensa, o que
significa . . .

─ Temos uma tonelada de bolinhos e torta para fazer esta manhã


antes de irmos. ─ respondeu ele, terminando a frase.

Ela assentiu.

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KRISTA SANDOR
Algo travesso brilhou em seus olhos. ─ Nós provavelmente
deveríamos tomar banho juntos. Seria mais rápido.

Ela olhou as consequências por todo o balcão. ─ Desculpe Chef.


Não há mais enlouquecido. Eu tenho uma reserva de chuveiro para um,
e você está de serviço de limpeza.

Ele a puxou para perto. ─ Você está pronta para outro dia fingir me
odiar?

Havia algo emocionante em manter o relacionamento escondido.


Tornou cada toque, cada momento roubado mais intoxicante, mais
excitante.

Ela apalpou seu pau e olhou de brincadeira. ─ Eu farei o meu


melhor.

─ UAU! ─ Mônica disse, compartilhando um olhar com a avó


enquanto as notícias locais filmavam e Zoe gravava áudio para a Rádio
Pública do Kansas. ─ Os residentes do Centro de Convivência Sênior de
Langley Park não se mexem quando se trata de assinar um livro de
receitas.

Ela e Gabe haviam discutido com os moradores. Jonah tinha ido


junto para ajudar na preparação e montagem, e Gabe concordou,
relutantemente, em fazer uma assinatura inesperada do livro de
receitas. Oma estava indo bem o suficiente para se juntar a eles, mas
ela ficou para trás durante a manifestação. As semanas de descanso e
fisioterapia trouxeram a cor de volta às bochechas dela. E embora ela
ainda não tivesse uma mola, estava se dando muito bem com a ajuda
de uma bengala.

─ Há algo em um homem que sabe cozinhar. ─ disse Oma,


mantendo o rosto neutro.

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KRISTA SANDOR
Mônica mordeu o interior da bochecha para não sorrir.

Sim, há.

Gabe olhou para ela. Duas mulheres, bem ao norte dos oitenta
anos, o haviam flanqueado, uma de cada lado com uma cópia de seu
livro. Eles estavam sorrindo para uma foto, mas assim que a câmera
clicou, uma das mulheres apertou sua bunda. Gabe congelou, um
sorriso nervoso colou em seu rosto. Mônica segurou o olhar dele por um
instante antes que a mulher soltasse sua bunda e lhe agradecesse pelo
autógrafo e pela foto.

─ Brandt? ─ Jonah perguntou. Seus braços estavam cheios de


suprimentos de panificação. ─ Eu ia pegar todo o material de
panificação que trouxemos.

─ Obrigado, Jonah. Você se importa de carregá-lo na van?

─ Coisa certa. ─ Ele lançou um olhar nervoso para Oma.

─ Você está assando agora, Jonah? ─ Disse Oma. Seu tom


continha sua severidade habitual, mas Mônica sentiu algo mais suave
em sua voz.

─ Sim, senhora. ─ Ele balançou sua cabeça. ─ Sim, Oma.

─ Como está a sua mãe?

O nervosismo de Jonah diminuiu um pouco. ─ Ela está bem. Ela


trabalha muitas horas, mas agora temos nosso próprio lugar.

Oma assentiu. ─ E massa folhada?

O adolescente sorriu. ─ Não vem do corredor congelado.

Ele ficou lá por um momento, braços cheios.

─ Bem, o que você está esperando? Essas assadeiras não se


carregam . ─ disse Oma.

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KRISTA SANDOR
Mônica piscou para Jonah, e o garoto foi em direção à saída.

─ Como estão as coisas com Gabriel? ─ Oma perguntou.

Mônica sentiu um rubor aquecer suas bochechas. Ela não estava


esperando isso. ─ Ele tem sido . . . prestativo.

─ Útil? Depois de todas essas semanas, é tudo o que você pode


dizer?

Gabe olhou para ela novamente e distraidamente deu um tapinha


no M escondido embaixo de sua camisa.

─ Claro. ─ ela começou, mantendo o tom neutro. ─ Você sabe o


quanto ele fez para colocar a padaria nos trilhos. Entre mim, Zoe, Sam
e Gabe, temos tudo ao seu alcance para a Oktoberfest.

Gabe chamou sua atenção novamente. Desta vez, ele estava de pé


com os membros do clube de colchas. Ele abriu uma linda colcha azul
com nove girassóis amarelos brilhantes, enquanto as damas se
aconchegavam ao redor dele com seus livros de receitas para uma foto
em grupo.

─ Eles parecem amá-lo aqui. ─ disse Mônica.

─ É muito gentil da parte dele fazer isso. Todos podem amá-lo, mas
ele só ama você. Ele não pode parar de olhar.

Como se sua avó controlasse o universo, Gabe olhou para ela


novamente.

─ Eu acho que tenho que agradecer por isso, Oma.

Surpresa cintilou nos olhos da mulher. ─ Gabriel te contou?

Mônica assentiu.

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KRISTA SANDOR
Oma levantou o queixo. ─ Às vezes, você deve adicionar fermento
para fazer o pão. Você deve colocar a reação em movimento para obter o
efeito desejado.

─ Você acabou de comparar Gabe e eu com um pedaço de pão? E


essa reação que você colocou em movimento quando éramos
adolescentes poderia tê-lo mandado para a prisão.

─ Eu nunca deixaria isso acontecer, enkelin.

─ Mas...

─ Mas nada! Eu queria que você tivesse alguém que olhasse para
você da mesma maneira que seu pai olhou para sua mãe e da mesma
forma que seu Opa olhou para mim. Mônica, Gabriel te ama desde que
ele era apenas um garoto entregando nosso jornal da manhã. Por favor,
não tente negar isso. Sei que ele ficou no apartamento com você.

Mônica desviou o olhar da avó. Uma coisa era admitir que ela e
Gabe se importavam. Era uma bola de cera totalmente diferente para
explicar a situação deles. ─ Isso é apenas porque há muito trabalho a
fazer. E, claro, ele está no sofá.

- Você não precisa fingir comigo, Mônica. Eu sei por que vocês dois
estão escondendo seus sentimentos.

─ Você faz?

─ Por mim. Para o festival.

Uma onda de alívio tomou conta dela. ─ Oma, eu quero fazer isso
por você. Eu quero que seja perfeito. Estávamos preocupados que, com
o status de celebridade de Gabe, qualquer indício de que ele namorasse
obscurecesse o evento.

A expressão da avó suavizou-se. ─ Enkelin, será perfeito porque


você está aqui. Mesmo tendo passado todos esses anos, eu sabia que

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
um dia você voltaria para casa. A padaria é tão sua quanto minha. Eu
esperava que uma Oktoberfest de Langley Park desse nova vida aos
negócios.

Mônica piscou para conter as lágrimas. ─ Quem é esse novo e


irritado Campus Senior Living Oma?

─ Eu não estou ficando idiota. ─ Um sorriso malicioso apareceu


nos cantos dos lábios de Oma. ─ Você e Gabriel foram péssimos em
esconder seus sentimentos um pelo outro quando eram adolescentes.
Você não está melhor agora. Você achou que eu não o ouvi vindo todas
as noites naquele verão? Vocês dois sussurrando e conversando no
telhado! Estava quase começando a bater no teto com o cabo da
vassoura.

─ Oma, eu gostaria que você tivesse dito alguma coisa.

A avó riu. ─ Quando você é jovem, não quer que sua avó escolha
seu namorado. Lembre-se, eu já fui adolescente também. O que você
acha que eu e seu Opa fizemos todas as noites durante a Oktoberfest?

─ Oma! ─ Seu rubor rosa ficou escarlate. A última coisa que ela
queria saber era a vida sexual de Oma. Ela começou a protestar, mas
parou imediatamente quando o Sr. Collier se juntou a eles.

─ Gerda. ─ disse Collier. ─ Eu pensei que você estaria aqui. Você


deixou seu xale na minha casa. Ele sorriu calorosamente para Mônica
enquanto passava a roupa delicadamente sobre os ombros de Oma. ─
Pode ficar frio dentro desses edifícios. Ontem à noite, quando sua avó e
eu estávamos jantando, conversei com uma das pessoas de manutenção
sobre isso.

─ Jantar? ─ Mônica disse, olhando para a avó.

─ Fred. ─ disse Oma, mas o Sr. Collier estava empolgado.

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KRISTA SANDOR
─ Ai sim! ─ Ele continuou. ─ Ontem à noite, foi jantar e depois
pintura em aquarela. Hoje à noite, estamos assistindo Cocoon no
cinema do campus.

Mônica olhou para a avó. Uma batida passou. Aquarelas? Noites de


cinema?

Agora foi a vez de Oma corar. ─ Você me enviou aqui para me


recuperar. Aquarelas, jogos de cartas, noites de cinema. É isso que as
pessoas idosas fazem aqui.

Gabe se juntou a eles e parecia um pouco pior para o desgaste.


Seu cabelo estava despenteado, sua camisa estava meio despenteada e
ele tinha o contorno de um batom magenta rosa no queixo.

Ele se abaixou e deu um beijo na bochecha de Oma e apertou a


mão do Sr. Collier. ─ Eu vou . . . ─ ele começou, depois parou.

─ Se limpar no banheiro masculino? ─ Sr. Collier forneceu.

Gabe assentiu.

Mônica conteve uma risada. Esse homem podia comandar uma


cozinha e negociar com destreza os preços mais baixos com os
fornecedores mais avarentos, mas encontrar a partida com as doces
velhinhas do Senior Living Campus de Langley Park.

─ Vou mostrar onde fica. ─ disse Collier, em seguida, virou-se para


a avó. ─ Você conseguirá assentos para nós, Gerda? O filme deve
começar a qualquer momento.

─ Claro, Fred. ─ Um sorriso floresceu no rosto de Oma como nada


que Mônica vira há muito tempo.

Ela olhou para a avó, mas não a viu como a matriarca estóica e
regimentada que a considerara a vida toda. Em vez disso, ela viu uma
mulher que havia vivido, perdido e amado. Uma mulher que sacrificou a

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
vida para administrar os negócios, começou com o marido e criou a
neta ao mesmo tempo.

Ela engoliu em seco pelo nó na garganta. ─ Posso ajudá-la a chegar


ao cinema, Oma? ─

─ Não, não, enkelin. ─ respondeu ela, pegando sua bengala. ─ Eles


me dizem que é bom para mim me mudar. O teatro fica no fim do
corredor.

─ Obrigado, Oma. ─ disse ela e piscou para conter as lágrimas.

─ Por quê?

─ Por tudo.

Oma soltou um suspiro e sacudiu levemente a cabeça. Seu olhar


severo estava de volta, mas algo quente suavizou os olhos da avó. ─
Espero que você esteja acompanhando as ordens. Vejo meus rolos de
charme sendo entregues aqui no Senior Living Campus. É muito
importante manter a qualidade, mesmo se você estiver produzindo um
volume alto.

─ Sim, Oma. ─ disse ela, agradecida por voltar ao ritmo familiar. ─


Temos tudo sob controle. Vou visitar em alguns dias.

A avó assentiu e partiu pelo corredor.

Mônica foi até a mesa onde eles haviam feito a demonstração de


strudel e começou a organizar os itens de panificação para facilitar a
Jonah carregá-los na van. Foi bom sair da padaria. Hoje era uma tarde
rara em que nem ela nem Gabe eram esperados em lugar algum. Jonah
voltaria à loja para fechar hoje à noite, e Gabe queria dar ao novo sous
chef que ele e Sam haviam contratado uma noite no Park Tavern para
executar o show por conta própria.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ela juntou algumas tigelas, mas congelou quando ouviu uma
mulher falando francês em um tom penetrante.

Foi Courtney.

Ela mudou para o inglês. Os nós dos dedos dela estavam brancos
quando ela segurou o celular no ouvido. ─ Não me diga que você quer
ajudar quando eu souber que você está com Sebastien. Au revoir,
maman ─ disse ela, cobrindo as palavras com gelo.

Courtney olhou para cima. Mônica chamou sua atenção e acenou.

Ela deslizou o telefone em uma elegante bolsa de couro e colocou


um sorriso de plástico. ─ Me desculpe por isso.

─ Essa era sua mãe? ─ Mônica perguntou. Quando eram mais


jovens, Courtney e sua mãe tiveram um relacionamento maravilhoso.
Mônica ficou encantada com as conversas que podiam passar do inglês
para o francês num piscar de olhos.

─ Sim, meu pai não está indo bem. Nós o mudamos para cá de
uma instalação na Suíça. Ele teve um derrame há um ano e precisa de
cuidados constantes.

O pai de Courtney era muito mais velho que a mãe. Se ela tivesse
que adivinhar, diria que o pai de Courtney deve estar com quase 80
anos.

─ Courtney, sinto muito.

Durante todo o tempo em que esteve em Langley Park, só se


encontrou com Courtney algumas vezes e nunca sozinha. Cada vez que
se conheceram, era para discutir o festival. Courtney também estava
viajando bastante, dificultando ainda mais a conexão. Agora ela
entendeu o porquê. ─ Sua mãe não está aqui?

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Um rubor quente apareceu na blusa de seda de Courtney. ─ Não,
minha mãe atualmente está trancada com meu instrutor de esqui
infantil em nosso castelo na França.

─ Oh, Court.

O sorriso plástico de sua amiga estava de volta. ─ É apenas outra


coisa que tenho que cuidar.

─ Bryson é capaz de ajudar? ─ Mônica perguntou. Ela não tinha


visto o homem desde que voltara a Langley Park.

O rubor de raiva se intensificou. ─ Ele não é melhor que minha


mãe.

─ Você quer dizer

─ Quero dizer,─ ela disse, os olhos brilhando, ─ ele estava fraco.


Ele sempre foi fraco quando se tratava de coisas importantes.

Mônica pegou a mão da amiga e apertou-a gentilmente. ─ Eu nem


sei o que dizer.

O olhar de Courtney caiu para as mãos entrelaçadas. ─ Eu pensei


que tinha tudo planejado. Não era para ser assim.

─ Sinto-me uma péssima amiga, Courtney. Com a padaria e a


Oktoberfest, ainda não tivemos um momento para nos atualizar. O que
posso fazer para ajudar?

Courtney mudou a mão e passou o polegar sobre a parte de trás do


pulso de Mônica. O movimento enviou uma onda de inquietação através
de seu corpo. Quantas horas ela passou com Court ao longo dos anos?
Milhares, certamente. Mas algo inquietante permaneceu no toque de
sua amiga. Algo mais sombrio. Algo proibido.

─ Eles nem têm manobrista aqui. ─ veio a voz de um homem.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ele olhou para o telefone, mas Mônica reconheceu o conjunto
atarracado de seus ombros.

Chip Wilkes.

Por um momento, tudo parou. A pele dela se arrepiou. Ela provou


refrigerante com vodka. O cheiro de suor e medo invadiu suas narinas.
Mônica puxou a mão das mãos de Courtney e agarrou seu medalhão.
Chip olhou para a mão dela e lambeu os lábios. Seu olhar percorreu
seu corpo quando um brilho imundo brilhou em seus olhos.

─ Chip, tenho certeza que você se lembra da Mônica. ─ disse


Courtney. Ela se transformou de volta em uma socialite composta. ─
Estamos trabalhando juntas para planejar a primeira Oktoberfest de
Langley Park.

─ Claro, eu lembro da Mônica. Eu sempre lembrarei da Mônica.


Pena que só tivemos uma noite.

Imagens da noite em que ela foi com ele aos jardins relampejaram
em sua mente como um carrossel fora de controle. As mãos dele,
ásperas e gananciosas, vasculham a calcinha dela. O fedor de sua
respiração quando ele deu um beijo em seu pescoço. A mordida de suas
tiras de sapatos cortando a parte superior dos pés enquanto ela corria
para casa, rezando para ter escapado.

Mônica levantou o queixo e mordeu o lábio. Ela não estava prestes


a deixar esse homem vê-la tremer.

─ Eu não sabia que estávamos nos reunindo para discutir o


festival. ─ disse Gabe, vindo para o lado dela. Ele estava limpo e parecia
pronto para atacar. Os homens se entreolharam, o ar quente e
crepitante entre eles.

─ Faz muito tempo, Chip. ─ disse Gabe, inclinando o corpo na


frente dela.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Chip deu a Gabe uma olhada novamente, mas a criatura era
inteligente o suficiente para saber quando ele estava na presença de
alguém mais poderoso. Ele deu um passo para trás. Gabe não era mais
o garoto do jornal na quadra de basquete.

Chip cruzou os braços. ─ Ouvi dizer que você é cozinheiro agora?

─ Sim, eu sou. ─ respondeu Gabe.

A eletricidade no ar aumentou mais um pouco antes de Courtney


entrar.

─ Lembra quando eu lhe disse que estava no Aspen Food Festival


quando você ganhou o melhor novo chef? ─ Courtney interrompeu,
afastando o olhar de Gabe de seu irmão.

A expressão de Gabe se suavizou para Courtney. ─ Claro.

─ Chip estava lá conosco. ─ Ela se virou para o irmão. ─ Não foi


um tempo adorável?

Os gêmeos se entreolharam como duas pessoas falando


telepaticamente. Courtney levantou uma sobrancelha.

Chip tirou um frasco do bolso do paletó e deu um longo gole. ─ Não


me lembro. Tudo tinha o gosto da mesma merda cara que eles servem
todos os anos.

Um músculo bateu na bochecha de Gabe. - O que você faz agora,


Chip? Você está administrando uma das empresas de papai?

Manchas vermelhas apareceram no pescoço de Chip. ─ Nem todos


nós começamos a dançar pela TV matinal fazendo costeletas de
cordeiro.

Gabe soltou um sorriso de comer merda. ─ Se eu soubesse que


você era fã, teria enviado um dos meus livros de receitas mais vendidos.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Eles estavam indo para lutar aqui? Se Chip ainda tivesse duas
células cerebrais em funcionamento, ele recuaria. Enquanto Gabe
passara a última década trabalhando e se mantendo em forma, Chip
claramente passara esse tempo se entregando à boa vida.

Ela tinha que dizer alguma coisa, fazer alguma coisa. Ela não
podia deixá-los lutar. Eles nem conseguiam chamar a atenção para si
mesmos. Qualquer indício de problemas seria ruim para a padaria e
ruim para a Oktoberfest.

─ Hum, com licença? ─ veio uma voz tímida.

Mônica virou-se para ver Jonah. Seu olhar ricocheteou nos quatro,
depois se fixou em Chip.

Chip se afastou do garoto. Vou pegar o carro, Court. Não demore.


Eu já estou cansado deste maldito lugar.

O olhar de Jonah passou para Courtney. Então ele olhou para seus
pés. ─ Desculpe, eu só queria que você soubesse que tudo está
carregado e pronto para ir.

─ Obrigado, Jonah. ─ disse Mônica e soltou um suspiro aliviado,


agradecida pela interrupção de Jonah que levou Chip a sair.

O adolescente olhou para Courtney novamente.

─ Onde estão minhas maneiras? Jonah, esta é minha amiga,


Courtney.

O adolescente assentiu. ─ Prazer em conhecê-la, senhora.

─ Da mesma forma. ─ respondeu Courtney.

Jonah mudou de pé para pé. ─ É melhor eu ir.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Obrigado por sua ajuda hoje, Jonah. ─ acrescentou Gabe
enquanto o menino carregava o último dos itens de panificação para o
carro.

O ar ainda estalava com os restos do confronto de Gabe e Chip.


Um momento de silêncio se estendeu entre eles antes de Courtney falar.

─ Peço desculpas pelo meu irmão. Com a doença do meu pai e


alguns problemas com os negócios, ele não tem sido ele mesmo
ultimamente.

Mônica afrouxou o aperto no medalhão. Ela o agarrou com tanta


força ao ver Chip que um recuo vermelho e furioso cobriu sua palma.
Mônica sorriu educadamente, mas Courtney não poderia estar mais
errada. O Chip que ela acabara de ver não havia mudado do
adolescente que conhecia no ensino médio. De fato, foi mais fundo.
Uma borda cruel e escura que ia além de ser apenas uma criança
mimada brilhava nos olhos do homem.

─ Lamento ouvir sobre seu pai. Ele está aqui no campus? Gabe
perguntou, a mordida em sua voz substituída por preocupação.

─ Sim ele está. Ele teve um derrame e requer cuidados constantes.

─ Meu tio está aqui no centro de Alzheimer. Meu primo me diz que
está muito satisfeito com os cuidados do pai. Seu pai está em boas
mãos.

Courtney assentiu e sorriu. Não era o sorriso de estreante de


plástico, mas o sorriso real que Mônica lembrava.

─ Vamos tentar nos encontrar em breve, Court. Deveríamos


realmente nos recuperar, apenas nós duas.

─ Eu gostaria disso. ─ ela respondeu. Ela olhou para a saída. ─ É


melhor eu ir. Não quero deixar meu irmão esperando.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
O clique dos saltos de Courtney ecoou pelo grande vestíbulo. Ela
saiu do prédio e Gabe olhou de um lado para o outro.

─ O que você está procurando? ─ Mônica perguntou.

Satisfeito com o que viu ou não viu, Gabe a levou por um corredor.
Ele passou as mãos pelos cabelos. ─ Você está bem? Cristo! Levou tudo
o que tinha em mim para não estrangular aquele filho da puta pelo que
ele fez com você. Ele pegou as mãos dela e se inclinou para frente,
descansando a testa na dela.

O toque dele a centralizou, a acalmou. ─ Estou bem.

─ Eu não achava que aquele bastardo morasse mais por aqui.

─ Nem eu. ─ respondeu ela. Embora só tivesse visto Courtney um


punhado de vezes desde que voltara, sua amiga nunca mencionara seu
irmão nenhuma vez.

Gabe se afastou e encontrou seu olhar. ─ Eu queria matá-lo.

O protetor dela. Uma sensação quente encheu seu peito pensando


nele, escondendo-se nos arbustos, seguindo-a na noite em que
estupidamente tinha ido aos jardins com Chip. Gabe não pediu nada a
ela. Ele veio porque se importava e queria ter certeza de que ela estava
segura - mesmo que fosse com outro homem.

─ Ele não é nada com o que devemos nos preocupar, Gabe. Ele não
pode fazer nada conosco.

Gabe soltou as mãos e segurou o rosto. ─ Eu não ligo para o que


tenho que fazer. Eu nunca vou deixá-lo perto de você novamente. Eu te
amo demais para deixar alguém te machucar.

─ Eu sei que você faz. ─ respondeu ela. Como ela viveu tantos anos
sem esse homem?

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ele se inclinou, seus lábios pairando uma fração acima dos dela
quando uma porta se abriu no corredor.

Mônica virou-se para a comoção. Gabe se afastou e soltou as mãos


quando vozes saíram da sala. Homens e mulheres carregando tapetes
de ioga saíram. A multidão, composta principalmente de idosos,
passeava pelo corredor quando alguns rostos familiares surgiram da
sala.

─ Prepare-se para me odiar. ─ disse Gabe. Exceto agora, ele estava


sorrindo.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
21
─ Mônica e Gabe! O que vocês estão fazendo aqui?

─ Lindsey! ─ Mônica disse, surpresa entrelaçando suas palavras.


Ela olhou para Gabe. Era hora de ser todos os negócios. ─ Gabe e eu
acabamos de terminar uma demonstração de culinária para os
residentes.

Um homem carregando um bebê enrolado em um cobertor rosa


seguiu atrás dela. Era Nick Kincade. Ele era conselheiro do campo de
seu tempo como conselheiro júnior e agora, marido de Lindsey. O primo
de Gabe, Michael, seguiu para trás, carregando uma trouxa própria
enquanto uma mulher pequena, com cabelos ruivos, caminhava ao lado
dele.

Mônica abraçou a amiga. Ela precisava evitar ser pega sozinha em


um corredor com Gabe. ─ Você acabou de fazer uma aula de ioga?

Lindsey assentiu. ─ Nós fizemos! Em e eu estamos seis semanas


após o parto, para que possamos começar a nos exercitar novamente.
Michael e Nick trouxeram os bebês para visitar o pai de Em. Ele mora
em uma cabana no campus.

─ Nós realmente não tivemos a chance de nos encontrar. Sou Em


MacCaslin ─ disse a ruiva e apertou sua mão.

─ Em MacCaslin MacCarron. ─ Michael acrescentou com um


sorriso provocador.

Em soltou um suspiro exagerado. ─ Com um nome como esse,


parece que eu deveria estar andando com uma caixa de Lucky Charms.

─ Prazer em conhecê-lo. Eu provavelmente deveria me desculpar


por . . . ─ Mônica parou.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Por enfiar um bolinho na cara de Gabe? ─ Em forneceu com um
sorriso.

─ Sim, esse não foi o meu melhor momento.

─ Acredite, você não é a única pessoa que quis jogar um bolinho na


cara dele. ─ disse Em com um sorriso travesso.

─ Ei! ─ Gabe protestou. ─ Por que todo mundo fica dizendo que
quer esmagar as coisas na minha cara?

Em apertou suas bochechas. ─ Porque é um rosto tão bonito.

Um calor encheu o peito de Mônica. Durante o verão, Gabe


trabalhava na padaria, ela adorava quando Sam, Michael ou Zoe
apareciam. As nervuras bem-humoradas. Os sorrisos fáceis. A risada
relaxada. Claro, Courtney tinha sido sua amiga. Mas ela nunca teve um
grupo de amigos.

A porta da sala de ioga se abriu e uma mulher atraente, que


parecia uma versão mais antiga de Zoe, com cabelos grisalhos e
salgados, se juntou a eles. Ela carregava uma caixa cheia de pequenas
estátuas de Buda. ─ Olá! Você deve ser Mônica. Sou Kathy Stein, mãe
de Zoe e Ben. Zoe tem me contado tudo sobre a padaria e a Oktoberfest.
Já era hora de nos conhecermos. Eu possuo o estúdio de yoga na rua
da sua padaria.

Mônica apertou a mão da mulher, mas antes que ela pudesse dizer
qualquer coisa em resposta, a porta se abriu novamente. Um homem
alto e magro, com cabelos desgrenhados e um sorriso sereno se juntou
a eles.

─ Desculpe, Kath. ─ disse o homem com uma voz pseudo-surfista.


─ Eu estava tão na zona. Eu nem sabia que a aula terminou.

─ Não é necessário desculpas, Ted. ─ respondeu Kathy. ─ Todos


devemos honrar nossos próprios ritmos.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Sim, somos todos como estrelas com manchas escuras e claras
causadas por seu campo magnético. Quando eles giram, a luz flutua e
podemos medir essa velocidade para determinar sua taxa de aceleração
e desaceleração.

─ Oh! ─ Mônica disse. Seu conhecimento das estrelas terminou em


torná-las maçapão para a decoração de bolos.

─ Ted está estudando astrofísica. ─ acrescentou Kathy.

Os olhos de Ted se arregalaram. ─ Sim, também somos como um


saco de Cheetos. Às vezes você quer comer o saco inteiro muito rápido,
e às vezes. ─ Ele parou e olhou ao redor do grupo com uma expressão
séria. ─ Às vezes você quer comer bem devagar.

Uma batida de silêncio passou. Mônica olhou para Lindsey, que


apertou os lábios, claramente segurando uma risada.

Depois de alguns segundos, Ted deu ao grupo um sorriso bobo. ─


Alguém quer uma carona para casa? Eu tenho meu táxi Teddy aqui.

─ Não! ─ Em e Lindsey choraram em uníssono.

─ Outra hora, Ted ─ Lindsey ofereceu gentilmente.

─ Vou levá-lo nessa viagem, Ted. Ser transportado para casa de


bicicleta em uma adorável tarde de outono parece maravilhoso ─ disse
Kathy com um sorriso.

Ted apertou as mãos como uma das estátuas de Buda de Kathy e


fez uma reverência. ─ Sua carruagem aguarda. ─ Ele pegou a caixa dela
e a levou pelo corredor.

─ Ted certamente honra seu próprio ritmo. ─ disse Em,


compartilhando um olhar e um sorriso de conhecimento com o marido.

─ O que é um táxi de pelúcia? ─ Gabe perguntou.

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KRISTA SANDOR
─ É um dispositivo de tortura para induzir a gravidez. ─ respondeu
Em.

Lindsey riu. ─ É como um riquixá. Ted pedala na bicicleta e puxa


um banco atrás dele para as pessoas se sentarem.

─ Ted nos trouxe para o nosso casamento. Foi uma viagem


realmente esburacada, e Em e Lindsey entraram em trabalho de parto
depois de montarem nela ─ acrescentou Nick.

─ Uau! ─ Mônica disse.

Nick ajustou Skylar em seus braços, e o bebê murmurou. Billy


entrou e Mônica sorriu. Ela não via os bebês desde o dia em que
nasceram. ─ Como estão os pequenos?

Nick e Michael trocaram os braços para que ela pudesse ver os


pacotes doces.

─ Eles são lindos. ─ disse Mônica, compartilhando um sorriso com


os pais orgulhosos.

Gabe se aproximou. ─ Eles realmente são.

Mônica passou o dedo pelo pequeno comprimento da mão de


Skylar. ─ Sinto muito por não ter passado por aqui. Estamos indo sem
parar com a padaria e o festival.

Gabe assentiu para Michael. ─ Sim, eu devo a você um grande


primo. Mas Mônica não está brincando. Andamos uma milha por
minuto entre a padaria e a Oktoberfest. Odeio não ter podido visitar.

O rosto de Lindsey se iluminou. ─ Vocês deveriam vir agora! Minha


madrinha vai assistir os bebês em algumas horas. Em está dando sua
primeira apresentação desde que Billy e Skylar chegaram, e eles
convidaram Nick e eu para irmos juntos. Estávamos planejando ir para

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KRISTA SANDOR
casa e fazer um jantar cedo, enquanto os caras disparam alguns aros
antes de termos que sair.

─ Eu pensei que tinha reconhecido você. ─ Mônica disse a Em. ─


Lembro de ouvir sobre você quando era mais jovem. Você é a famosa
violinista.

Um rubor coloriu as bochechas de Em. ─ Eu não sei sobre


famosos, mas sim, sou eu ─ e vocês deveriam vir.

─ Eu não quero me intrometer. ─ disse Mônica.

─ Não seria nenhum problema. Adoraríamos que você se juntasse a


nós ─ acrescentou Lindsey.

─ Definitivamente! ─ Em assentiu e depois se virou para Gabe. ─ E


você também, chef. Você pode assinar minha cópia do seu livro de
receitas.

Gabe assentiu. ─ Seria um prazer.

Lindsey bateu palmas. ─ Por favor, diga que você vem, Mônica!

Ela sorriu para a amiga. ─ Como eu poderia dizer não?

O sol do FIM DA TARDE projetava sombras no gramado, e nuvens


cinza-azuladas flutuavam preguiçosamente no grande céu do Kansas.
Uma brisa leve se elevou, levando consigo a melodia de uma peça de
violino assombrosa que vinha da casa ao lado e o salto e agitação de
Michael, Gabe e Nick atirando cestas no aro preso à carruagem na parte
de trás da casa. propriedade.

─ Você consegue ouvir Em tocar todos os dias? ─ Mônica


perguntou. Ela e Lindsey estavam sentadas em um par de cadeiras
Adirondack na varanda dos fundos da Kincade, com uma visão perfeita

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dos caras. Lindsey segurou sua filha e Mônica segurou Billy, para que
Em pudesse se aquecer antes de partirem para sua apresentação.

─ Eu faço! É maravilhoso ter Em e Michael como vizinhos. Minha


casa era a casa de infância de Em. Ela e Michael cresceram ao lado um
do outro.

─ Então, é aqui que Michael cresceu. ─ disse Mônica, gesticulando


com o queixo em direção à casa quadrada americana do estilo
quadrangular idêntica à casa de Lindsey e Nick.

─ Está certo.

─ Eu conheci Michael algumas vezes durante o verão depois do


meu último ano do ensino médio.

─ Quando Gabe trabalhou com você na sua padaria? ─ Perguntou


Lindsey.

Mônica assentiu.

─ Eu não quero fazer você se sentir estranha, mas Michael nos


contou um pouco sobre sua história com Gabe. ─ disse Lindsey com um
sorriso gentil.

─ Isso foi há muito tempo. ─ ela respondeu. Lindsey era sua amiga.
Ela odiava mentir para ela, mas não podia dizer nada sobre seu
relacionamento com Gabe. A Oktoberfest estava a apenas uma semana
de distância. Após o evento, ela poderia ficar limpa.

Lindsey passou um dedo pela bochecha da filha e depois olhou


para o marido. ─ Eu sei uma coisa ou duas sobre amores antigos.

Isso era verdade. Sua amiga mal suportava Nick na última vez em
que a vira todos esses anos atrás. ─ Como você acabou com Nick? E
como você acabou aqui em Langley Park? Eu pensei que você era do
Maine?

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KRISTA SANDOR
Lindsey olhou para Skylar. ─ É uma história longa e louca, mas
fomos feitos para ficar juntos. Foram necessárias algumas reviravoltas
difíceis para chegarmos aqui.

Mônica olhou para Gabe, driblando uma bola de basquete. Ele


ainda estava de calça e camisa de botão que usara para a demonstração
de panificação. Ele arregaçou as mangas, expondo seus antebraços
musculares. Ele arremessou e atirou a bola. Ele passou pelo velho aro.
Ele encontrou o olhar dela, começou a sorrir, mas reprimiu a emoção
quando viu Lindsey.

─ Então, não há nada entre vocês dois? ─ Perguntou Lindsey.

O olhar de Mônica saltou de sua amiga para Gabe quando o


telefone de Lindsey tocou.

─ Esse deveria ser um texto da minha madrinha. Ela está


cuidando dos bebês para nós. Estou tão animada por esta noite! Aquela
aula de ioga que você nos viu hoje foi a primeira vez que saímos de casa
para algo além de fraldas e exames médicos em semanas! ─ Ela pegou o
telefone e leu a mensagem. A emoção drenou de sua expressão. ─ Ah
não!

─ O que é isso? ─ Mônica perguntou.

Nick correu até eles. ─ Eu ouvi o seu telefone. Aquele era


Rosemary?

─ Sim, ela teve que cancelar. Ela não está se sentindo bem. Ela
não quer se arriscar a adoecer os bebês.

Michael e Gabe se juntaram a eles.

─ Você disse que a sra. G estava doente? ─ Michael perguntou.

─ Sra. G? Mônica perguntou.

─ É assim que todos por aqui chamam minha madrinha.

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KRISTA SANDOR
Nick compartilhou um olhar com sua esposa. ─ Linds e eu
podemos ficar em casa e assistir Billy para que você possa ir, Michael.

─ Claro, você deve ir, Michael. ─ Lindsey ofereceu, mas Mônica


podia sentir a decepção em sua voz.

─ Não. ─ disse Mônica. ─ Deixe-me ver os bebês. Vocês todos


deveriam ir. Você merece uma noite fora.

─ Você tem certeza? Dois bebês de seis semanas de idade podem


ser um punhado. ─ disse Lindsey.

Michael virou-se para Gabe com um sorriso atrevido. ─ Ela não


terá que fazer isso sozinha. Lembro-me claramente de você dizendo que
se houvesse algo que pudesse fazer para ajudá-lo, ficaria feliz em
avançar. Você sabe, toda a culpa da família que você está sentindo por
perder meu casamento e deixar de ir ver meu filho.

─ Você nunca deixa de ser um advogado? ─ Gabe perguntou com


um sorriso e depois deu um soco no primo no braço. ─ Claro, eu vou
assistir Billy. Eu ficaria feliz em.

─ Quanto vocês dois sabem sobre bebês? ─ Perguntou Lindsey.

Gabe cruzou os braços. Ele estava no modo chef. ─ É preciso


apenas um pouco de delicadeza e atenção. Se eu puder assar um suflê
perfeito, posso cuidar de um bebê.

Michael e Nick pareciam prontos para cair na gargalhada, mas eles


seguraram juntos. Mônica também não sabia muito, mas na última
hora ela trocou a fralda de Billy e lhe dera uma garrafa. Ela estava pelo
menos um passo à frente de Gabe.

─ Eles vão ficar bem. ─ disse Michael. ─ Os bebês vão dormir à


noite em breve. Mônica e Gabe estarão principalmente sentados.

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─ Isso é verdade ─ concordou Lindsey, sorrindo para Skylar. ─ mas
eles gostam de ouvir Em tocar piano antes de dormir todas as noites.
Deixamos a janela aberta no quarto de Skylar, para que ela possa ouvir
a música.

─ Eu tenho um milhão de gravações de Em tocando. ─ disse


Michael, pegando o telefone do bolso. ─ Vou enviar para você, Gabe.
Você pode encaminhá-lo para Mônica.

─ Se você tem certeza que não se importa, Mônica? ─ Lindsey


perguntou, seu sorriso genuíno de volta no lugar.

─ Eu ficaria honrada em cuidar da pequena Skylar. Nós ficaremos


bem.

─ MON! ─ Gabe chamou, batendo freneticamente na porta da casa


de Nick e Lindsey. Ela abriu a porta com uma Skylar adormecida nos
braços. Trilhas brancas de leite seco cobriam sua camisa. Em um
braço, ele segurava Billy MacCaslin MacCarron, chorando, e no outro,
ele tinha um urso de pelúcia, uma grande colher de servir, seu celular e
uma garrafa enfiada na dobra do cotovelo. Ela não tinha certeza de
quem parecia mais assustado, ele ou Billy.

Ela o conduziu para dentro de casa. ─ Billy não vai dormir?

Ele olhou para ela como se ela tivesse dez cabeças, então sua
expressão desmoronou. ─ Eu não sei o que estou fazendo de errado. Eu
toquei a música. Eu dei a ele a garrafa. Até tentei entretê-lo com o urso
e a colher. Gabe manobrou a garrafa de onde estava enfiada no lado do
corpo e esguichou um pouco do líquido em sua boca como um lutador
premiado engolindo rapidamente antes de voltar para o ringue.

─ Você sabe que é o leite materno de Em.

─ F─ ele começou.

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KRISTA SANDOR
Mônica pressionou um dedo nos lábios dele. ─ Não xingue perto
dos bebês!

─ Eu acho que quebrei essa regra uma dúzia de vezes hoje à noite.
Se Billy jurar como um marinheiro, saberemos onde ele conseguiu.

Mônica colocou Skylar em um braço. ─ Me dê Billy, e você leva


Skylar.

─ Como você a conseguiu adormecer?

Eles trocaram de bebê. Gabe olhou espantado para a pacífica


Skylar Kincade.

Mônica saltou Billy ritmicamente. De bochechas vermelhas e cheio


de fanfarronice, Billy não era um campista feliz. Ela olhou para o
cobertor solto e sorriu. ─ Acho que sei qual é o problema, mas você não
vai gostar.

Gabe foi espremer outro fluxo de leite materno em sua boca e


depois parou, abruptamente se pegando. ─ Eu sei eu sei. Os bebês não
são como suflés. Eu descobri isso.

Mônica levou Gabe para o andar de cima e para o quarto de Skylar.


Ela colocou o bebê zangado na mesa de trocar roupa e verificou a fralda
para se certificar de que ele estava seco.

- Eu já verifiquei, Mon sem xixi. Nada de cocô.

─ Você está bem? ─ ela perguntou. Desta vez, ela não conseguiu
segurar uma risada.

─ Você disse pra não xingar.

─ Me veja. ─ Ela enrolou o cobertor firmemente ao redor do bebê. ─


O pano dele está muito frouxo. Os bebês não são como suflés. Os bebês
são como strudels. Felizes, pequenos strudels! Eles são mais
confortáveis quando são agradáveis e confortáveis. Você, chef, sempre

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trançou seus strudels com um toque muito frouxo ─ disse ela, falando
com uma voz suave.

─ Eu não. ─ respondeu Gabe.

Mônica gesticulou com o queixo na direção de Billy, contente em


seu embrulho.

─ Tudo bem. ─ disse ele com um suspiro exausto. ─ Você está


certa. Eu completamente f

Mônica olhou para ele.

─ Eu estraguei tudo. ─ disse ele, alterando sua declaração.

Billy piscou, os olhos pesados, depois caiu no sono no trocador.

─ Você acha que Em e Michael se importariam se colocarmos Billy


com Skylar? Não quero arriscar acordá-lo durante a pega.

─ Pegar?

Gabe balançou a cabeça como se estivesse tentando limpar


algumas teias de aranha. ─ Linguagem do chef. É assim que chamamos
quando o garçom entrega um prato na mesa. Como pegar, mesa três,
significaria que os pratos da mesa três estavam prontos.

Ela não tinha visto Gabe tão perturbado desde que Oma se
incomodou com massa folhada durante seu primeiro dia na padaria
anos atrás.

Ela deu um tapinha na bochecha dele. ─ Entendi, chef. E não,


acho que Em e Michael não se importariam se os bebês dormissem
juntos.

Ela colocou Billy no berço, e Gabe seguiu com Skylar. Eles


encararam os bebês adormecidos. Seus rostinhos doces e pacíficos
relaxaram enquanto caíam mais profundamente no sono. Gabe passou

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
o braço em volta da cintura dela enquanto observavam os bebês
inclinarem seus corpinhos um em direção ao outro.

─ Eu acho que eles gostam de ficar juntos. ─ disse ela.

Gabe apertou seu aperto. ─ É como Em e Michael.

─ Como assim? ─ ela perguntou.

─ Em e Michael também têm o mesmo aniversário. Em é cinco


minutos mais velha, e ela garante que Michael saiba disso. Eles
cresceram juntos, assim como Billy e Skylar.

Mônica descansou a cabeça no ombro de Gabe. ─ Eu gosto daqui.

─ Eu também. ─ ele respondeu.

Eles observaram os bebês dormirem enquanto um longo e feliz


trecho de silêncio envolvia a sala.

Gabe mudou a mão e a esfregou nas costas. Vamos descer. Eu


acho que os bebês são bons.

Ela deu uma última olhada nos pacotes de dormir e seguiu Gabe
para fora do quarto de Skylar e desceu os degraus.

─ Você quer assistir um filme? ─ ele perguntou.

Mônica balançou a cabeça. ─ Eu não quero acordar os bebês.

─ Podemos invadir a geladeira deles. Isso não é um rito de


passagem de babá?

Como se fosse uma sugestão, seu estômago roncou. ─ Vamos fazer


isso! Os bebês são uma tonelada de trabalho. Estou faminto.

─ Vamos ver o que eles têm.

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Eles abriram a geladeira e encontraram várias caixas para levar do
Park Tavern.

─ O Kincade e o MacCarron têm chamado muitos pedidos. ─ disse


Gabe, cheirando um recipiente e jogando-o na lata de lixo.

Mônica abriu uma caixa de pizza, fez uma careta e fechou a tampa.
─ Nós só temos que fazer essa coisa de bebê por algumas horas.
Imagine se tivéssemos que fazer isso o tempo todo? Estou realmente
surpresa que eles não tenham mais caixas de transporte.

─ Aqui vamos nós! ─ Gabe disse, pegando um pedaço de queijo. ─


Verifique a despensa e veja se eles têm macarrão com cotovelo.

─ Você é um dos melhores chefs do mundo e só pensa em fazer


macarrão com queijo?

Gabe deu um sorriso sexy e beijou a ponta do nariz. ─ Será como


nenhum macarrão com queijo que você já comeu. Eu posso te prometer
isso. ─ Ele apontou para uma planta de manjericão no peitoril da
janela. ─ Escolha alguns deles e pique-os.

─ Manjericão? Em macarrão com queijo?

Ele pegou um pacote de bacon e um pedaço de manteiga. ─ Confie


em mim.

O cheiro saboroso do bacon cozido encheu a cozinha enquanto


Gabe combinava leite, manteiga e um trio de queijo de Gruyère, queijo
azul e queijo cheddar em uma panela no fogão junto com uma pitada de
sal, pimenta e noz-moscada. Ele adicionou o macarrão cozido e
esfarelou o bacon na mistura.

─ Prove. ─ disse ele, estendendo uma colher.

Mônica abriu a boca e Gabe deu-lhe a mordida.

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Ela fechou os olhos. A riqueza cremosa do Gruyère, a mordida
afiada do queijo azul e a familiaridade reconfortante do queijo cheddar a
fizeram gemer. ─ Gabe, isso é

Ele sorriu. ─ O melhor macarrão com queijo que você já comeu?

Ela soltou outro suspiro. ─ Isto é! Podemos comer direto da


panela?

Ele balançou sua cabeça. ─ Não. Lembra do manjericão que você


cortou?

─ Não me lembro de nada além daquela mordida do céu.

Ele riu. ─ Vamos colocar a mistura em uma assadeira e polvilhar o


manjericão e a farinha de rosca por cima .

Ele habilmente transferiu o conteúdo da panela para uma


assadeira retangular, adicionou a farinha de rosca e o manjericão e
colocou no forno.

─ Quanto tempo precisa assar? ─ ela perguntou.

─ Cerca de trinta minutos.

─ Trinta minutos! ─ Mônica sussurrou. ─ O que vamos fazer até


então?

Seu sorriso sexy estava de volta, e sua doce covinha de menino fez
sua cabeça nadar. ─ Posso pensar em algumas maneiras de gastar
trinta minutos. ─ Ele agarrou sua cintura e a levantou sobre a bancada.

─ Eu não sei se deveríamos nos beijar na cozinha de Lindsey e


Nick?

─ Nós ficaremos muito quietos. ─ Gabe rebateu e beijou seu


pescoço.

The Measure of Home


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Mônica fechou os olhos e entrelaçou os dedos nos cabelos na nuca
dele.

─ Eu gosto disso. ─ ele sussurrou em seu ouvido.

─ Você gosta de beijar a babá? ─ ela brincou.

Ele encontrou o olhar dela. ─ Eu gosto de estar aqui com você.

Este homem. Esse homem que ela pensou representar seu maior
erro havia se transformado em seu maior amor. ─ Eu gosto de estar aqui
com você também.

Ele passou as mãos pelas costas dela, agarrou suas nádegas e


deslizou o corpo para a frente. ─ Agora, se você não se importa, eu vou
beijar a babá.

Ela mordeu o lábio. ─ O que você está esperando?

Ele apertou sua bunda, e ela esfregou contra ele, o atrito


aumentando entre suas pernas em ondas quentes e pulsantes. Ela
arqueou para frente e ele tomou a boca dela em um beijo abrasador. Em
questão de segundos, eles eram todos mãos, lábios e dentes, moendo
juntos como adolescentes excitados. Ela esticou o pescoço enquanto
Gabe lambia uma trilha até a clavícula. Um som distante registrado,
um clique sutil seguido por um rangido. Gabe, agora prestando muita
atenção na pele delicada atrás da orelha, não pareceu notar. Outro
rangido a puxou de uma neblina luxuriante e ela abriu os olhos.

Eles não estavam sozinhos.

Em estava na entrada da cozinha em um vestido de baile de corpo


inteiro segurando uma caixa de violino. ─ Crise evitada. Eu os
encontrei. As babás invadiram a geladeira e estão se beijando no seu
balcão.

Lindsey, Nick e Michael entraram.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Oi pessoal ─ disse Mônica, desembaraçando as pernas e
ajustando a blusa. ─ Estávamos apenas fazendo macarrão com queijo.

Michael sorriu. ─ Parece que você está fazendo muito mais do que
macarrão com queijo.

Gabe a ajudou a sair do balcão e se posicionou atrás da ilha da


cozinha. Ela olhou para trás e reprimiu um sorriso. Ele ainda estava
com uma ereção impressionante.

─ Então, quando você disse que não havia nada entre vocês dois. ─
disse Lindsey com um brilho nos olhos. ─ Você quis dizer que tudo
estava acontecendo.

Mônica olhou para Gabe. Ele passou os braços em volta da cintura


dela e deu um beijo em sua têmpora. ─ Eu acho que nosso segredo está
fora.

─ Vocês dois estão juntos? Como juntos, juntos? Em perguntou.

Mônica compartilhou outro olhar com Gabe. O sorriso dele e a


covinha derreteram o coração dela.

Nick virou-se para Michael. ─ Esse é o rosto de um homem


apaixonado! Pagar!

Michael balançou a cabeça. ─ Vocês dois me perderam vinte


dólares!

─ Quando? ─ Gabe perguntou.

Lindsey corou. ─ Não nos odeie, mas depois que os bebês


nasceram e vocês dois tiveram aquele bolinho inteiro na cara do nosso
quarto no hospital, apostamos se vocês dois se reuniriam.

─ Você fez o que? ─ Mônica perguntou.

The Measure of Home


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─ Por favor, não fique brava, Mônica. ─ Nick disse com um sorriso
fácil. ─ Linds e eu pensamos que vocês terminariam juntos.

─ Eu não estou brava. De modo nenhum. Gabe e eu não queríamos


que ninguém soubesse sobre nós. Não queríamos que nada eclipsasse
os planos para a Oktoberfest. Essa é a única razão pela qual temos sido
tão secretos.

O rosto de Lindsey se iluminou. ─ Você não precisa se preocupar


em dizer nada. Seu segredo está seguro. Além disso, a Oktoberfest fica a
apenas uma semana. Então o que? Por favor, me diga que você está
hospedado em Langley Park.

Mônica olhou para Gabe. Ele se importava com ela, mas uma fatia
de dúvida cortou seu coração. Sim, eles se amavam. Sim, eles queriam
ficar juntos. Sim, eles amavam a Langley Park, mas não haviam feito
planos concretos. Gabe ainda tinha sua parceria em seu restaurante em
Nova York. E mesmo que ele não tivesse mencionado, ela tinha certeza
de que todo o lado do entretenimento de sua carreira não estava
completamente fora de cena. Ela afastou os pensamentos negativos. No
momento, o foco precisava estar no festival e na padaria. Tudo o resto
viria depois.

Ela encontrou o olhar de Lindsey. ─ Ainda estamos trabalhando


nisso tudo.

Uma batida de silêncio passou, e o ar ficou parado.

Gabe gesticulou para Em e Michael. ─ Vocês votaram contra nós?


Meu próprio primo? Em? ele disse, fingindo indignação.

Michael passou um braço em volta de Em. ─ Ei! Eu só tive um


bebê. Eu não estava pensando direito.

Em inclinou a cabeça para o lado. ─ Você teve um bebê?

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Michael pegou a mão da esposa e deu um beijo na palma da mão.
─ Minha esposa maravilhosa deu à luz nosso bebê. No entanto, nessas
circunstâncias, eu não estava em condições de assinar um contrato.

─ Sempre um advogado. ─ Nick e Gabe disseram ao mesmo tempo


e começaram a rir.

─ E se você estava pensando. ─ disse Mônica. ─ Os bebês foram


maravilhosos.

─ Eu posso dizer o quão maravilhoso é o estado da camisa de


Gabe. ─ disse Em. ─ Quantas vezes ele cuspiu em você.

Gabe deu um sorriso tímido. ─ Demais para contar.

O cronômetro tocou e Gabe puxou a massa-prima de macarrão


com queijo do forno.

Em, Michael e Nick se reuniram em torno de Gabe enquanto


descrevia o prato, mas Lindsey se afastou.

─ Às vezes, não consigo acreditar em como tenho sorte de estar


aqui. Estou tão feliz que nossos caminhos se cruzaram novamente,
Mônica.

Aquela lasca estava de volta, entrando em seu coração. Ela poderia


ter tudo? Amigos, amor, uma vida dirigindo a padaria? Ela olhou para
Gabe. ─ Eu também. É tão bom que quase parece irreal.

─ FICO feliz que decidimos ir para casa. Acho que nunca estive tão
cheia ─ disse Mônica, entrelaçando os dedos nos de Gabe.

Eles haviam ficado na casa dos Kincade para saborear um pouco


do macarrão e queijo gourmet de Gabe, mas logo após terminarem de
comer, os bebês acordaram e seu lanche improvisado com os amigos foi
interrompido.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Eu não teria conseguido passar essa noite sem você. ─ disse ele.

Eles entraram na Mulberry Drive e Mônica parou. A padaria


acabara de aparecer e um homem estava parado na porta. Quando se
aproximaram, ela o reconheceu.

Ela olhou para o relógio. Eram quase dez horas da noite. Um


calafrio passou por ela. ─ Agente Glenn, o que o traz aqui?

Fazia mais de um mês desde a sua visita. Com toda a comoção de


planejar o festival, administrar a padaria e as noites passadas
emaranhadas na cama com Gabe, ela nem pensara em sua vida na
Califórnia. Ela se estabeleceu em um ritmo aqui em Langley Park. Essa
parte de sua vida nem parecia real.

─ Peço desculpas pela hora tardia. Você tem um momento para


conversar?

─ Algo está errado? Você teve uma pausa no caso? Gabe


perguntou.

- Tenho algumas perguntas para a senhorita Brandt. Não vai


demorar muito.

Mônica pegou as chaves e abriu a porta. ─ Claro, entre.

O homem a seguiu até a mesa de trabalho. Ela se sentou, e o


agente Glenn se estabeleceu em frente a ela, exatamente como na
primeira vez que veio aqui. Uma sensação desorientadora de déjà vu
tomou conta. Ela agarrou a mesa.

O agente olhou para a mão dela. ─ Eu não vim aqui para assustá-
la, senhorita Brandt.

Gabe pegou a mão dela. ─ Houve uma interrupção no caso.

─ É por isso que estou aqui. ─ respondeu Glenn.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Alívio tomou conta dela. ─ Você sabe o que aconteceu naquela
noite em Portola Valley? Você conseguiu pegar esse cibercriminoso?

─ Houve um possível avistamento de Alexsey Strazds.

Seu alívio mudou para o medo. ─ Ele não está morto? Não foi ele
quem levou um tiro?

─ Onde estava o avistamento? ─ Gabe perguntou.

─ Nova York. Mas a inteligência chegou alguns dias atrás. Ele


poderia estar do outro lado do mundo agora ─ se fosse ele. Tivemos
muitos avistamentos falsos. Acabei de receber a ligação hoje à noite.

─ Então por que você está aqui, agente Glenn? ─ ela perguntou.

─ É apenas uma precaução. Eu queria ver se você notou alguém


por perto ou viu alguém que se parecia com Alexsey.

─ Você poderia ter ligado. ─ rebateu Gabe.

O agente Glenn sorriu. ─ O FBI sempre prefere uma visita cara a


cara. Acredite em mim; Eu odeio incomodá-lo. Você já reparou em
alguém fora do comum?

Ela olhou para Gabe. Ele balançou sua cabeça. ─ Não, agente
Glenn, eu não notei ninguém.

Glenn assentiu. ─ Você ainda tem meu cartão?

─ Sim, está no escritório. ─ respondeu ela.

Ele entregou um cartão para Gabe. ─ Aqui está um para você


também. Se algo parecer fora do comum, ligue. Mesmo que não pareça
nada.

Ela engoliu em seco pelo nó na garganta. ─ Você sabe se a pessoa


que ouvi levar um tiro fez isso?

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Glenn cruzou os braços. ─ Essa é a outra razão pela qual estou
aqui. O FBI acredita que eles têm registros de um hospital russo a
partir do momento em que Alexsey removeu suas amígdalas quando ele
era criança.

─ O que isso tem a ver com alguma coisa? ─ Gabe perguntou.

─ Acreditamos que conhecemos o tipo sanguíneo dele. A equipe


encontrou pequenas quantidades de sangue na casa da piscina. Mas
não foi páreo para Alexsey.

─ Mas eles sabem que alguém foi baleado, certo? ─ Mônica


perguntou.

O agente tamborilou com os dedos sobre a mesa. ─ Além de uma


pequena quantidade de sangue, não há indicação de que alguém tenha
sido baleado.

─ Eu sei o que ouvi, agente Glenn. Foi um tiro. Um pop agudo.

─ E eu acredito em você, senhorita Brandt. Mas agora, você é o


único elo entre Alexsey Strazds e uma possível filmagem.

Gabe apertou a mão dela. ─ Mônica está em perigo?

─ Não há indicação de que alguém esteja mirando a senhorita


Brandt, mas eu não faria o meu trabalho se não chegasse até você com
essas novas informações.

─ O que eu faço agora? ─ ela perguntou.

O agente se levantou. ─ Continue vivendo sua vida, mas deixe-nos


saber se algo parece fora do comum.

Comum?

Sua vida deixou de ser comum no minuto em que ela entrou


naquela festa. Ela pensou nas palavras de Lindsey: foram necessárias

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
algumas reviravoltas difíceis para chegarmos aqui. Essa era a maneira
do universo de fazê-la pagar por deixar Gabe? Era isso que ela tinha
que suportar em troca de tê-lo de volta em sua vida?

Gabe apertou a mão do agente e eles o levaram até a porta. Mônica


trancou a porta atrás dele e apoiou a cabeça no vidro. ─ Eu sou louca,
Gabe? Eu sei que ouvi um tiro. Eu sei que vi sangue.

Ele a abraçou. - Você não é louca, Mon. Talvez não tenha sido uma
arma que você ouviu?

Ela se virou para encontrar o olhar dele. ─ E o sangue? ─

Ele balançou sua cabeça. ─ Eu não sei, Mon.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
22
─ POR QUE eu tenho que usar isso? ─ Gabe se olhou no espelho.
Ele nunca - jamais - considerara vestindo shorts de couro.

─ Os lederhosen9 ? ─ Mônica falou do banheiro.

─ Sim, os lederhosen . ─ ele respondeu, puxando os suspensórios


das roupas tradicionais da Baviera.

A Oktoberfest esteve aqui.

Fazia uma semana desde a visita noturna do agente Glenn. Mônica


ficou chateada. Ela mal dormiu naquela noite, mas a enorme
quantidade de planejamento e pontas soltas que precisavam ser
amarradas nesta semana tinha sido uma bênção. Em vez de se
preocupar com algum cibercriminoso que pode ou não estar nos
Estados Unidos, eles visitaram fornecedores e patrocinadores, pegaram
as tendas e garantiram as permissões finais - tudo em cima da
administração da padaria.

Mônica saiu do banheiro e seu queixo caiu. Ele usaria shorts de


couro em qualquer dia, se isso significasse que ela se vestiria assim.

─ O que você acha do meu dirndl10 ? ─ ela perguntou, amarrando


um elástico na ponta dos cabelos trançados.

Puta merda!

Outrora vestida de camponeses alemães, o vestido consistia em


uma blusa decotada com mangas bufantes e um corpete com cordões.
Uma saia lindamente bordada com delicadas costuras de girassol bateu

9 Roupa típica do folclore alemão, com shorts e suspensório de couro.


10
Vestido tradicional utilizado na cultura austríaca

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
acima do joelho. E abaixo disso, malditas meias até o joelho. O mesmo
tipo que ela costumava usar com o uniforme do Sagrado Coração.

Ela parecia a garçonete da Baviera do sonho molhado de todo


homem.

─ Eu não achei que poderia ficar melhor do que vê-la em seu


uniforme escolar.

Ela ajeitou o corpo dele com o olhar e lambeu os lábios. ─ Eu não


achei que poderia ficar melhor do que vê-lo no casaco do seu chef. Mas
isso! ─ Ela passou os dedos pelo comprimento dos suspensórios dele. ─
Isso é sexy.

Shorts de couro não estavam se sentindo tão ridículos, afinal.

Ele deslizou as mãos pelo corpo dela. ─ Eu não sei como vou
cozinhar o dia todo vendo você correr por aí.

─ Você vai sobreviver. ─ disse ela com um sorriso perverso.

Ele estava prestes a beijá-la quando um zumbido emanou de seu


peito.

Você está vibrando. Por favor, diga-me que faz parte da fantasia.

Ela deu uma piscadela para ele, passou o peito e pegou o telefone.
─ Não há outro lugar para colocar. Já liguei acidentalmente para
Lindsey três vezes enquanto estava no banheiro. Ela segurou o celular
no ouvido. ─ Ei, Zoe, já vamos descer.

Ele olhou no seu relógio. ─ Zoe já está aqui?

─ Sim, ela está apenas parando. Por que você queria que ela viesse
hoje? Eu pensei que tínhamos terminado com os spots do KPR?

─ Pensei em mais uma coisa sobre a qual poderíamos conversar


antes de todas as festividades começarem.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Você vai me dar uma pista? ─ ela perguntou enquanto amarrava
o laço na cintura.

─ Não.

─ Não? ─ ela repetiu.

─ É uma surpresa. ─ A ideia veio a ele algumas semanas atrás,


quando eles estavam fazendo uma entrega no hospital. Ele
compartilhou sua ideia com Zoe, e ela estava em jogo para manter isso
em segredo.

─ Ei pessoal! Estou aqui! ─ Zoe chamou do andar de baixo na


padaria. ─ Sua avó disse que eu tinha que usar essa engenhoca maluca
de vestido dirndl11. Não me faça subir aí. Já tive bastante tempo
dirigindo sobre a coisa maldita.

Eles entraram na padaria e encontraram Zoe ajustando seu peito.


Ela olhou para cima e olhou para o amplo peito de Mônica. ─ Como
você consegue que o seu faça isso?

─ Meu celular está lá. Empurra tudo.

Zoe inclinou a cabeça. ─ Inteligente! Muito bem usar essa


engenhosidade alemã.

─ Está tudo pronto? ─ Gabe perguntou.

Zoe olhou para o telefone. Temos alguns minutos. Mônica, me


ajude a amarrar essa coisa. Não me lembro das regras do arco.

─ Se você amarrar à esquerda, está solteira. ─ disse Mônica e


gesticulou para o arco. ─ Amarrá-lo à direita significa que você está
presa e amarrá-lo nas costas significa que você está servindo.

─ Esquerda,─ Zoe disse com um sorriso tenso.

11 Roupa típica do folclore alemão. Vestido típico alemão,

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
A porta da padaria se abriu e uma mulher entrou.

Mônica terminou de amarrar o arco de Zoe, olhou para cima e


ofegou.

Gabe deu um passo à frente e apertou a mão da mulher. ─ Olá,


senhora Garza, obrigada por ter vindo. ─ disse ele, cumprimentando a
mãe de Vanessa.

Ele havia trazido a ideia de doar para a American Transplant


Foundation com seu irmão e Zoe, mas ele queria surpreender Mônica.

Mônica abraçou a mulher. ─ É tão bom ver você. Não passa um dia
em que não penso em Vanessa.

A mulher assentiu e passou a ponta do dedo sobre um dos


girassóis bordados no dirndl de Mônica. ─ Vanessa adoraria ter visto
você em outro vestido de girassol.

─ Eles eram os favoritos dela. ─ disse Mônica, enxugando uma


lágrima.

Gabe colocou a mão nas costas dela. ─ Mon, convidei a Sra. Garza
porque ela se voluntaria bastante com a American Organ Transplant
Association.

A mulher assentiu. ─ Nós fornecemos transporte gratuito para


pacientes de e para o centro de transplante. Muitas pessoas precisam
viajar centenas e até milhares de quilômetros, e os custos podem ser
significativos para as famílias. Esta é a minha maneira de honrar a vida
de Vanessa.

─ Isso é maravilhoso! Parece que você está fazendo um trabalho


incrível. Estou tão feliz em vê-la, mas o que a traz aqui hoje? Mônica
perguntou.

─ Por que você não diz a ela, Gabe. ─ disse a sra. Garza.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Ele pegou a mão de Mônica. ─ Vamos doar uma parte dos fundos
arrecadados no festival para a associação em nome de Vanessa.

Outra lágrima escorreu pela bochecha de Mônica. ─ Essa é a


melhor surpresa. Obrigada.

Zoe se juntou a eles e se apresentou à sra. Garza. Ele deu um


passo para trás enquanto Zoe segurava um dispositivo de gravação e
fazia às mulheres algumas perguntas sobre transplantes de órgãos e a
associação. Alguns minutos depois, Sam apareceu na porta.

Zoe parou de gravar e sustentou a porta.

─ Temos que ir! ─ ele disse, ─ Está quase na hora de bater no


barril e começar a primeira Oktoberfest de Langley Park!

─ É melhor eu ir embora também. ─ disse a sra. Garza.

Mônica a abraçou. ─ Espero que você pare no festival.

─ Eu não faltarei. ─ disse ela com um sorriso choroso e saiu da


loja.

Sam mudou o barril. ─ Vamos lá pessoal. O barril não vai se bater.

─ Ah, quieto, você! Você vai ter todos os seus lederhosen em uma
reviravolta - disse Zoe e saiu pela porta.

─ Espere. ─ disse Gabe. Ele desamarrou o arco de Mônica.

─ O que você está fazendo? ─ ela perguntou.

Ele deslizou a fita para o outro lado e amarrou um novo laço. ─


Amarrá-lo à direita significa que você está presa, correto?

Ela assentiu. ─ Sim.

─ Bom. ─ disse ele, sustentando o olhar da mulher que amava


desde que era menino. ─ Porque você está.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
A BATIDA RÍTMICA da música alemã passava pelos jardins sob
bandeiras azuis e brancas da Baviera. Os tons profundos de latão
combinados com as notas joviais do clarinete fizeram com que os
freqüentadores do festival ligassem os braços e balançassem para frente
e para trás enquanto sentavam nas mesas em longas filas. Vasos de
girassóis, um aceno para Langley Park, adicionaram um soco brilhante
de amarelo dourado na tenda.

A cerveja estava fluindo. Grupos de pessoas estavam reunidos em


torno de tocos de árvores para testar suas habilidades no jogo de pregos
e martelos, Hammerschlagen. As crianças pulavam pelas tendas usando
colares de fios com pretzels pendurados, e Gabe estava cozinhando.

A tenda do Park Tavern apresentava cervejas alemãs tradicionais,


além de um menu completo de delícias da Baviera. Toda a equipe estava
trabalhando no evento, e ele estava em seu elemento. Sua equipe
operava como uma máquina culinária bem oleada. Bratwurst e couve
roxa, carne de porco assada, peixe grelhado no palito e bolinhos de pão
emitiam um aroma intoxicante.

Mise en place estava na casa, e o ar estava elétrico com a


celebração.

─ Hey. ─ disse Sam. Seu irmão e uma equipe de barmen estavam


comandando a barraca de cerveja. Não é uma tarefa pequena em um
evento cujo foco era cerveja.

─ Estás bem? Você está com pouca coisa? ele perguntou,


colocando a faca de volta no cinto do chef.

─ Não, está tudo bem. É outra coisa. Um dos fornecedores das


atividades infantis acabou de me dizer que havia um problema com o
pagamento final.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Oh sim? O que é isso? ─ Gabe perguntou e assentiu quando um
de seus cozinheiros levantou uma bandeja de porcos no cobertor.

Sam franziu o cenho. ─ Não havia um.

Gabe cruzou os braços. ─ Courtney Vanderkamp disse que sua


fundação pagaria por tudo isso, certo?

─ Sim.

─ Eu sei que ela está aqui. Eu a vi antes. Tenho certeza de que é


apenas uma confusão ou algo assim. Se eu a vir, vou perguntar.

O rosto de Sam se iluminou.

─ Essa é ela? ─ Gabe se virou.

Não era Courtney. Foi Oma.

Mônica andava de mãos dadas com a avó. O Sr. Collier seguiu um


passo atrás, sorrindo de orelha a orelha. Gabe nunca tinha visto Oma
assim. De olhos arregalados, ela olhou ao redor da tenda enquanto as
pessoas brindavam com canecas de cerveja e gritavam: ─ Probst. ─ o
equivalente alemão de ─ Cheers!

Oma parou e avaliou sua cozinha improvisada. ─ Muito


organizado. Muito ordenado, Gabriel.

Ele assentiu e apontou para a tenda. ─ É como você se lembra,


Oma?

Ela olhou em volta. ─ De certa forma, sim. A música. O cheiro da


comida. As vozes. A risada. Mas o que você e Mônica, Sam e Zoe fizeram
é torná-lo pessoal para Langley Park. Os girassóis, os comerciantes
locais, os vizinhos se reunindo comemorando. Isso é o que eu amei na
Oktoberfest em Munique. Graças ao seu trabalho duro, agora posso
experimentá-lo em Langley Park. Não há presente maior que você
poderia me dar.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Oma, você vai chorar? ─ Mônica perguntou, enxugando uma
lágrima.

─ Claro que não. ─ disse ela, erguendo o queixo.

Ele compartilhou um olhar conhecedor com Mônica. Eles fizeram


bem. Agradar Gerda Becker foi o maior elogio que ele poderia ter
pedido.

Oma pigarreou. ─ Gabriel, o calor está muito alto no peixe. Vai


estar seco.

Ele sorriu. Esse era a Oma que ele lembrava. A mulher que lhe
ensinou a importância da precisão, do tempo e da atenção à tarefa. A
mulher que lhe mostrava comida era para ser experimentada e não
apenas consumida. A mulher que se arriscou e mudou a trajetória de
sua vida.

─ Vou deixar Oma e o Sr. Collier resolvidos. ─ disse Mônica, com


os olhos brilhando.

Ele havia cozinhado para grandes eventos, ganhou prêmios de


prestígio, mas nada disso acendia a sensação de fazer isso com ela.
Mônica olhou de volta para ele, e ele deu um tapinha na sua tatuagem
no lugar . Tudo estava no lugar. Ela era a ordem dele. Ela era o
equilíbrio dele. Ela era sua medida de amor, felicidade e lar.

Mônica, Oma e Mr. Collier desapareceram na multidão. Ele soltou


um suspiro e colocou a cara no jogo. Ele precisava checar o kraut, mas
congelou quando um chiado agudo chamou sua atenção. Ele se virou e
encontrou uma mulher sorridente com um girassol no cabelo,
segurando o livro de receitas no peito.

─ Eu sei que você está ocupado, chef. Eu só queria te dizer que sou
uma grande fã.

─ Eu aprecio isso.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ Eu amo suas receitas. Meu marido também. Ele terminará em
um segundo.

Um homem abriu caminho entre a multidão crescente carregando


duas canecas de cerveja.

Gabe deu uma olhada dupla. ─ Agente Glenn?

─ Hoje é apenas Wesley. Estou fora do relógio. Esta é minha


esposa, Lena. Acho que mencionei que ela é uma grande fã sua.

─ Fã enorme. ─ Lena corrigiu.

─ Você gostaria que eu assinasse seu livro?

A mulher entregou-lhe o livro de receitas e ele rabiscou sua


assinatura.

─ Você voltará à televisão em breve? ─ ela perguntou.

─ Você só terá que esperar e ver. ─ Gabe disse com um sorriso. Os


cabelos se arrepiaram na parte de trás de seu pescoço assim que ele
pronunciou as palavras. A rotina suave do chef de TV que ele
aperfeiçoou agora revirou o estômago. Ele não era mais aquele homem.

Um lento aplauso veio por trás quando Wesley e Lena derreteram


na multidão.

─ Bravo, velho!

Que diabos?

Este dia tinha começado fodidamente perfeito. Eles chegaram à


Oktoberfest, e o evento foi um sucesso. Cristo, ele até impressionou
Oma. Em poucas horas, ele não daria a mínima para quem sabia que
amava Mônica Brandt. Ele estava pronto para gritar do telhado.

Corbyn Howell não deveria fazer parte deste dia.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ O que diabos você está fazendo aqui?

─ Não é assim que você deve receber o melhor representante de


relações públicas do mercado.

─ Sério, Corbyn, por que você está em Langley Park?

O homem passou as pontas dos dedos pela toalha azul e branca e


fez uma careta como se nunca tivesse encontrado algo com menos de
mil e oitocentos fios. ─ Estou aqui para levá-lo para longe deste lugar
provincial. Você não está morrendo de vontade de voltar para a cidade?

─ Você poderia ter ligado.

─ Eu queria te surpreender! Todo esse tempo jogando escoteiro, ou


devo dizer, garoto da fogueira, tem patrocinadores salivando. ─ Ele
roçou as lapelas do seu terno perfeitamente adaptado. ─ As redes
também perceberam. Que brilhante chamada para fazer rádio pública e
todos esses spots no noticiário local.

Um músculo bateu na mandíbula de Gabe. Ele queria estrangular


o homem. Socar seus malditos dentes para que ele não pudesse dizer
outra palavra, mas ele não podia. Não seria certo. Não foi culpa de
Corbyn. O Gabe que Corbyn conhecera apenas algumas semanas atrás
era um homem que teria aproveitado a oportunidade de voltar para
Nova York.

Oh! Eu não vi você lá, querida ─ disse Corbyn, os lábios se


curvando em um sorriso de gato.

Mônica olhou para o homem, mas Corbyn não pareceu notar o


olhar de choque em seu rosto e continuou. ─ Ótima ligação para
encontrar uma ajudante modelo. Você é modelo, certo? Você parece
familiar. Eu simplesmente não posso te colocar no momento. Vocês dois
parecem fabulosos juntos. Ele enfiou a mão no bolso e tirou um cartão
de visita. ─ Depois que eu terminar o chef na civilização, devemos

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
conversar. Não há motivo para alguém tão amável quanto você ficar
presa aqui.

A mão de Mônica voou para o peito, mas seu medalhão estava


faltando.

O olhar dela dançou entre eles. ─ Eu . . . eu preciso voltar para a


padaria. Esqueci meu medalhão.

A respiração ficou presa na garganta. Quanto ela ouviu?

Essa foi uma pergunta estúpida. Sua expressão dizia que era tudo.

Ela se virou e abriu caminho entre as pessoas e desapareceu do


lado de fora da barraca.

─ Mônica! ─ ele chamou, mas Corbyn segurou seu braço.

Gabe olhou para o homem. ─ Se você não tirar suas patas de mim,
Corbyn, me tocar será a última coisa que você fará.

Corbyn levantou as mãos em falsa rendição. ─ Por que você está


chateado? Ela é apenas mais uma modelo, sim?

─ Eu gostaria de poder mostrar o que você acabou de fazer. Mas


isso significaria que eu teria que arrancar sua porra do coração e enfiar
a maldita coisa na sua garganta.

Corbyn sorriu. ─ Olha quem voltou. Olá chef.

Gabe passou as mãos pelos cabelos e gesticulou para o irmão se


aproximar. ─ Sam, eu preciso ir à padaria. Você pode ficar de olho na
comida?

Sam estreitou o olhar. ─ Nem pense em mudar de lugar dos


lederhosen. Se eu estou preso neles, você também.

Seu peito parecia que ia explodir, mas ele controlou sua raiva. ─ É
sobre Mônica. É importante. Não estou de brincadeira.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Sam olhou para Corbyn. O slicker da cidade parecia aterrorizado.
─ Deixe seu amiguinho comigo. Nós ficaremos bem. Vá fazer o que você
precisa fazer.

Gabe latiu algumas ordens para seus cozinheiros de linha. Ele


deveria ter tirado o maldito avental retardador de fogo que usava
enquanto trabalhava na churrasqueira, mas não teve tempo. Ele
precisava ir para Mônica. Ele pegou o telefone. Valeu a pena tentar,
mas sua ligação foi para o correio de voz.

Droga!

Ele abriu caminho através da multidão. Ele não tinha três metros
antes que um fã o parasse. Então mais duas pessoas vieram.

─ Chef, a comida é ótima!

─ Chef, posso conseguir um autógrafo?

Com o pulso acelerado, ele apertou as mãos deles, assinou um


pedaço de papel e deu um adeus apressado.

Ele não poderia perder Mônica. Não para algo tão estúpido como
um maldito mal-entendido. Ele atravessou a multidão e dobrou o passo
pelos jardins.

─ Chefe de cozinha! Chefe de cozinha! ─ chamou uma voz, mas


Gabe continuou se movendo.

─ Chef, é Jonah! Pare!

Gabe se virou. ─ Jonah, seja o que for, pode esperar.

─ Não, não pode! Eu fiz algo terrível!

─ Criança, queimar uma torta ou deixar cair uma bandeja de


pretzels é a menor das minhas preocupações. Sam está no comando. Vá
para ele. Ele o ajudará a resolver o que quer que seja.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Jonah balançou a cabeça. ─ Não, é outra coisa. Brandt pode estar
com problemas.

Um calafrio percorreu sua espinha. ─ O que você quer dizer com


isso Jonah?

─ Lembra daquela noite que a senhorita Brandt me ligou? Ela


perguntou se eu deixei alguém entrar na loja enquanto vocês estavam
no jardim botânico.

Jesus, ele não teve tempo para essa merda.

─ Apenas me diga o que você fez, Jonah.

Os olhos do adolescente se encheram de lágrimas. ─ Eu deixei


alguém entrar.

─ Quem?

- Brandt, a senhora Vanderkamp. Ela estava com um homem. Ele


tinha uma longa cicatriz no rosto.

Poderia ter sido Alexsey Strazds?

Gabe não conseguia respirar. Isso foi há semanas atrás.

─ Por que você deixou a sra. Vanderkamp entrar? O que ela


queria?

─ No começo, ela apenas perguntou sobre mim. Ela disse que sabia
que eu trabalhava duro. Ela foi muito legal. Então ela ficou toda séria e
disse que a senhorita Brandt tinha algo dela. Ela disse que a srta.
Brandt pode nem saber que a possui, mas que isso é importante e pode
machucá-la. Ela disse que só queria dar uma olhada rápida ao redor e
que estava tentando ajudar a senhorita Brandt. Então ela me disse que,
se eu dissesse alguma coisa, poderia colocá-la em perigo e até minha
própria mãe.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
─ O que foi isso? A senhora Vanderkamp encontrou o que
procurava?

Um rubor quente subiu pelo pescoço de Jonah. ─ Não, ela não fez.
Então ela começou a me pagar para olhar em volta.

─ Para quê, Jonah?

─ Uma unidade flash para um computador. Essas coisas são bem


pequenas.

As peças estalaram juntas em sua mente. De alguma forma,


Mônica havia escapado daquela casa da piscina com algo valioso.

Jonah olhou para o chão. ─ Depois de algumas semanas sem


encontrar nada, ela perguntou se eu a deixaria fazer uma cópia da
minha chave da padaria.

─ Jonah, você não fez.

O adolescente enxugou uma lágrima da bochecha. ─ Sra.


Vanderkamp disse que era realmente importante encontrar esse pen
drive. Ela disse que se eu desse a chave, ela poderia entrar sozinha. Eu
não precisaria mais bisbilhotar. Ela disse que se pudéssemos manter
isso em segredo, ela daria à minha mãe um trabalho muito bom em
uma de suas empresas. ─ Ele limpou outra lágrima. ─ Eu só queria
fazer algo para minha mãe. Ela sempre me protegeu do meu pai. Ela
levou todos os espancamentos. Tivemos que morar no abrigo das
mulheres por meses. Eu queria mostrar a ela que eu poderia ser um
homem. Eu poderia nos ajudar a começar uma nova vida.

─ Jonah. ─ disse Gabe e agarrou o ombro do garoto. ─ Eu sei que


você não fez isso para machucar a senhorita Brandt, mas precisa me
dizer por que acha que ela está em perigo?

─ Eu ouvi o homem. Ele disse que hoje foi a última chance da sra.
Vanderkamp de encontrar o caminho antes de ele entrar.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
O telefone de Gabe tocou. Mônica estava ligando. Ele respondeu. ─
Seg! Seg! Você está bem?

A princípio, apenas sons abafados surgiram. O telefone de Mônica


estava enfiado na blusa. Ela estava acidentalmente fazendo ligações o
dia todo. Ele estava prestes a desligar quando ouviu uma voz e prendeu
a respiração na garganta.

Ele examinou as mesas e encontrou o girassol nos cabelos de Lena


Glenn. ─ Jonah, preciso da sua ajuda. Eu tenho que ir à padaria. Ele
apontou para onde o agente Glenn estava sentado com sua esposa. ─
Leve esse telefone para o homem sentado ao lado daquela mulher com
um girassol no cabelo. Ele é um agente do FBI. Diga a ele para ouvir.
Diga a ele que Alexsey Strazds pode estar na padaria. Diga a ele que
Mônica está com problemas.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
23
MÔNICA escovou uma lágrima da bochecha.

Como ela poderia ter sido tão estúpida?

A adrenalina percorreu seu corpo enquanto ela corria em direção à


padaria. A cidade estava estranhamente silenciosa com todos
participando da Oktoberfest nos jardins botânicos. Placas fechadas
pendiam nas vitrines das lojas. Sem risadas. Nenhuma conversa.
Apenas o doce canto de um solitário prado ocidental encheu o ar.
Mônica enfiou a mão dentro da blusa, passou pelo celular e tirou a
chave da padaria.

Ela enfiou a chave na fechadura enquanto as lágrimas escorriam


por suas bochechas.

Tudo isso era mentira?

Gabe estava aqui apenas para limpar sua reputação?

Ele estava prestes a deixá-la para o seu sonho, assim como ela o
deixou?

A porta se abriu sem precisar abrir a fechadura. Perfeito! Na pressa


de chegar à Oktoberfest, eles deixaram o local totalmente aberto. Ela
pegou seu medalhão, mas não estava lá. O olhar dela voou para a mesa
de trabalho. Lá estava. Ela passou pela vitrine quando um acidente
cortou o silêncio.

─ Olá? ─ ela chamou. Outra onda de adrenalina.

Respire. Pode ser Jonah ou um dos funcionários da Park Tavern.

─ Mônica. ─ disse Courtney, olhando para ela do escritório de


Oma.

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KRISTA SANDOR
Ela não era ela normalmente arrumada. Ela arregaçou as mangas,
vincando o material caro de sua blusa, e seus cabelos loiros estavam
presos em um rabo de cavalo bagunçado.

─ O que você está fazendo aqui, Court?

Courtney abriu um armário. ─ Cadê? Eu sei que você tem?

─ Sobre o que é mesmo que você está falando? ─ ela perguntou.

─ A jaqueta, Mônica. A jaqueta que você tirou da casa da piscina.

A terra parou de girar. O tempo se desintegrou. As vozes voltaram e


lá estava ela, encolhida atrás da cortina do chuveiro. A voz da mulher
era da Courtney. A voz baixa, Chip. A voz mais alta, Bryson. Ela podia
ouvir as mesmas vozes rindo de pizza de uma década atrás, até o tom
urgente de Courtney romper a névoa.

─ Mônica, onde está? Não posso ajudá-la se você não me contar.

Mônica se encostou na parede quando a realização a atingiu. O


choque quase a deixou de joelhos. ─ Você matou Alexsey Strazds.

─ Ela fez? ─ veio uma voz baixa com um forte sotaque. ─ Devo ir
ver o médico? Eu me sinto bem.

De pé ao pé da escada que levava ao apartamento estava o Black


Bird, Alexsey Strazds. Uma cicatriz escorreu pelo lado de sua bochecha,
mas seus cabelos estavam agora mais compridos, escondendo a leve
linha rosada. Ela olhou para a mão dele. Ele estava usando o anel com
uma árvore.

─ Você gosta do meu anel? ─ ele disse com um sorriso. Ele


levantou a mão. ─ Isso voltou dos meus dias em Stanford, quando
minha família esperava que eu me tornasse um oligarca comum e torto
.

The Measure of Home


KRISTA SANDOR
Passos pesados desceram pesadamente os degraus, e Mônica
ofegou quando Chip Wilkes caminhou pelo corredor.

Ele a encarou com seu olhar. ─ Já brincamos o suficiente com essa


cadela! Cadê Mônica?

Ela não conseguia pensar. Sangue, vermelho grosso e rubi


coloriram sua visão. Ela cruzou os braços em volta de si protetora e
sentiu o telefone. Em toda a emoção, ela esqueceu que estava lá. Uma
onda de esperança a atravessou. Ela estava ligando acidentalmente
para as pessoas o dia todo. Tudo o que ela podia fazer era rezar para
que fizesse outra ligação acidental, e o destinatário ouviria que ela
precisava de ajuda.

─ Bryson. ─ disse Mônica. ─ Você atirou em Bryson.

Courtney encontrou o olhar de Chip.

O peso de sua situação afundou. Ela não só pegou o ransomware12


de um criminoso cibernético por acidente. Ela também testemunhou
sua amiga de infância assassinar seu marido.

─ Pelo amor de Deus! Corta essa. ─ Onde está o casaco?

Mônica piscou. ─ Eu nunca trouxe para dentro. Ainda está no meu


carro.

Alexsey soltou uma risada confusa. ─ Todo esse tempo, a unidade


foi trancada dentro de um monte de lixo. Vamos lá, Chip. Vamos buscá-
lo. Eu preciso fumar.

─ Onde estão suas chaves? ─ Chip latiu.

Mônica apontou para o aparelho pendurado no gancho perto da


porta.

12
Software nocivo.

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KRISTA SANDOR
Alexsey pegou um maço de cigarros e colocou um entre os lábios,
depois seguiu Chip pelas costas.

A porta se fechou. Ela não teve muito tempo. Os homens voltariam


em menos de cinco minutos. Ela tinha que tentar argumentar com
Courtney. Só Deus sabia o que Chip e Alexsey tinham reservado para
ela.

─ Como você sabia que eu tinha o casaco? Ninguém me viu. Eu


peguei um ônibus. Voltei para o meu carro e fui para Langley Park
naquela noite.

Courtney foi até a bolsa e tirou um cartão, e o coração de Mônica


afundou.

Seu velho amigo levantou um retângulo familiar. Você deixou seu


cartão. Você deve ter deixado cair quando saiu pela janela. No começo,
não sabíamos por que diabos você estava naquele banheiro. Então
descobrimos que você era apenas um dos doces contratados para a
festa.

─ Então, você me seguiu de volta para Langley Park?

Courtney cruzou os braços. ─ Ninguém pensou em nada dos


meninos e eu de volta a Mission Springs. Mudamos meu pai para cá
depois do último derrame. Quando soube da Oktoberfest, pensei em
ajudá-la a me dar uma oportunidade de dirigir.

─ Por que você está envolvida com cibercriminosos? Nada disso faz
sentido. Você é rica! Você é bem sucedida!

Courtney riu, um som cortante e amargo. ─ É tudo uma fachada.


Nos últimos anos, esquemas e investidores privados nos mantiveram
vazios. Meu pai tomou uma série de decisões ruins e, em seguida, teve
seu primeiro derrame, e aprendemos a extensão de nossa ruína

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KRISTA SANDOR
financeira. Estávamos à beira de perder tudo quando Chip e eu
decidimos pedir ajuda a Lex.

─ Mas por que matar Bryson? Ele era seu marido.

Courtney balançou a cabeça. ─ Ele nunca foi um marido de


verdade. Nossos pais nos empurraram para isso. Eles gostaram da ideia
de uma aliança de sangue Wilkes-Vanderkamp. Mentalidade ridícula de
dinheiro antigo.

Mônica olhou para a porta. ─ Tribunal. ─ ela pressionou. ─ Isso


ainda não é um motivo para matar.

A mulher olhou para o diamante gigante e brilhante no dedo


anelar. - Ouvi Bryson em uma ligação tarde da noite com sua amante.
Ele pensou que poderia enganar Lex - fazê-lo pensar que era um
concorrente desconhecido que oferecia o ransomware. Ele pensou que se
pagasse a Lex o suficiente, poderia vendê-lo para nossos concorrentes.
Ele queria pegar meus filhos e me deixar sem meios financeiros para
lutar com ele. Tivemos um acordo pré-nupcial. No caso de um divórcio,
eu não podia tocar no dinheiro dele, e ele não podia tocar no meu ─
mas minha fortuna se foi. Bryson sabia que éramos amigos de Lex. Mas
ele não sabia que nossa amizade voltava aos verões de infância na
França. Lex nos deu uma pista do engano de Bryson e montamos toda a
reunião em Portola Valley para pegá-lo. Quando Lex mandou uma
mensagem para o concorrente tentando nos superar, o texto foi para o
telefone de Bryson. O bastardo estúpido ! Ele entrou naquela reunião
pensando que Lex iria nos recusar. Mas eu tinha que saber que era ele.
Eu tinha que ver com meus próprios olhos. Eu tinha que saber que
matar meu marido era a coisa certa a fazer. A única coisa a fazer. Foi a
minha única escolha. De um jeito ou de outro, ele teria nos arruinado.

─ Este não é quem você é, Court! ─ Mônica disse, a voz trêmula.

O olhar de Courtney escureceu. ─ É assim que eu tenho que ser!


Nem todos nós conseguimos tudo o que queremos. Você teve que

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observar as decisões imprudentes de seu marido arruinar o trabalho da
vida de sua família? Você teve que entrar em um casamento sem amor?
Você teve que sentar e parecer uma tola? Todas as outras mulheres que
Bryson tinha, eu nem me importaria se ele tentasse escondê-lo. Eu
nunca quis Bryson dessa maneira. Eu nunca quis Bryson da mesma
maneira que queria você, Mônica.

─ Me queria? ─ Mônica sussurrou. Sempre te amei, Court. Eu te


amei como minha melhor amiga.

O olhar de Courtney se suavizou. ─ Eu sei, mas não foi suficiente.


Por que você acha que eu tentei marcar você com meu irmão?

Eu não entendo? Você disse que ele gostava de mim?

Courtney bufou. ─ Chip gostou de qualquer coisa com tetas e


bunda. Ele ainda faz.

─ Então por que você queria que eu estivesse com ele?

Ela balançou a cabeça. ─ Eu era jovem. Eu sabia que você não me


queria da mesma maneira que eu queria você. Pensei que, se você e
Chip se saíssem bem, talvez houvesse uma chance de vocês dois
terminarem juntos. Então eu pegaria você também. Foi tolo e simplório.
Essa vida parece tão distante.

Uma batida de silêncio se estendeu entre elas.

Mônica olhou para a porta. ─ O que acontece agora?

Sua amiga deu um sorriso triste. ─ Eu desapareço com meus


meninos. Chip fará o que puder para reconstruir nossas empresas.

Mônica soltou um suspiro trêmulo. ─ E quanto a mim?

Courtney segurou sua bochecha. ─ Assim como Portola Valley,


você parece estar no lugar errado na hora errada.

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KRISTA SANDOR
Mônica tentou falar, mas não tinha palavras. Ela tinha que sair
dali. Seu olhar disparou para a porta quando ela se abriu. Chip entrou
e Alexsey o seguiu com o casaco esportivo preto pendurado no braço.

─ Você achou isso? ─ Courtney perguntou.

Alexsey levantou o pen drive.

Chip encontrou o olhar de sua irmã. ─ Seu carro acabou de


estacionar, Court. O avião está pronto. Os meninos já estão a bordo da
babá.

─ Courtney. ─ Mônica ofegou. Ela não podia deixar sua amiga ir


embora.

─ O que você vai fazer, Chip? ─ Courtney perguntou.

Um sorriso suave se estendeu por seu rosto. ─ Alexsey e eu vamos


amarrar algumas pontas soltas.

─ Courtney, por favor, não vá! ─ Mônica chamou.

A mulher pegou sua bolsa. ─ Adeus, Mônica, eu nunca quis que


fosse assim.

Courtney deixou a padaria e o ar ficou pesado.

O olhar de Mônica saltou entre os homens. ─ Por que você ainda


precisa do pen drive? Você é um dos melhores hackers do mundo, não
poderia ter feito outro?

Alexsey rolou o caminho entre os dedos. ─ Algum dia, você o teria


encontrado e o teria dado ao FBI. ─ Ele deu um passo mais perto. ─ Eu
não dou para ninguém, nem mesmo para mulheres tão bonitas quanto
você.

Chip estendeu um pedaço de corda. ─ Senta.

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KRISTA SANDOR
Mônica examinou a sala. Um rolo estava sobre a mesa de trabalho.
Se ela conseguisse, poderia bater em Chip, mas e Alexsey? Isso não
importava. Ela teve que tentar.

Ela pulou para frente, mas Chip a pegou. Os dedos grossos dele
envolveram seus braços.

Ele a puxou para perto e seus olhos ardiam com uma crueldade
doentia. Ele lambeu os lábios. ─ Esta é uma lutadora, Lex. Nós
poderíamos nos divertir de verdade com ela.

─ Chip, amarre-a. ─ disse Alexsey, o olhar treinado em seu telefone


celular. ─ Temos um jato particular para pegar. Haverá muita boceta
em Monte Carlo.

Chip a empurrou para o chão e amarrou os pulsos na perna de


metal da mesa de trabalho. Ele passou um dedo pela bochecha dela. ─
Eu gostaria de ter tempo para mostrar o que você perdeu.

Mônica levantou o queixo. ─ Apenas vá! Saia daqui! Você


conseguiu o que quer.

─ Ainda não terminamos de amarrar pontas soltas. ─ murmurou


Chip. ─ Você não acha que vai viver, acha?

─ Chip, não! ─ Mônica chorou. Não direi nada. Você tem o que
quer.

Alexsey foi até a placa de fogão e ligou o acelerador. Uma chama


quente e alaranjada tomou conta do campo.

─ Acidentes acontecem. ─ disse o homem, palavras pingando de


preocupação fingida.

Chip assentiu. ─ Não seria a primeira vez que havia um incêndio


aqui. O tribunal disse que a velha senhora quase queimou o lugar.

Mônica torceu os pulsos, desesperada para se libertar.

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Alexsey segurava o casaco preto sobre a chama. ─ Acho que esse
não é mais o meu estilo. ─ Ele largou o casaco no queimador e o fogo
envolveu o tecido.

Chip se agachou. ─ Que tal um beijo antes de eu ir?

O fogo estalou. Mônica lutou com a corda. Ele cortou seus pulsos,
deixando cortes vermelhos irregulares. Ela encontrou o olhar de Chip,
ergueu o queixo e cuspiu na cara dele. ─ Vá para o inferno!

A expressão do homem se contorceu de nojo. ─ Sua puta! ─ Ele


agarrou sua mandíbula e bateu a cabeça na perna da mesa.

A dor ricocheteou em seu cérebro, pulsando e estalando em ondas


de luz penetrante. Ela tentou se concentrar quando o brilho laranja do
fogo desapareceu na escuridão.

A RESPIRAÇÃO DE GABE veio em suspiros agudos. Seus pés batiam


contra a calçada. Ele podia ver o Park Tavern. Ele estava quase na
padaria. As ruas estavam vazias. Era como correr por uma cidade
fantasma até um SUV preto passar por ele. Ligou à Mulberry Drive e
parou. Gabe se esforçou mais e dobrou a esquina.

O fogo piscou em vermelho-alaranjado na janela da padaria. Jatos


de fumaça escaparam da porta quando dois homens emergiram. Um
emaranhado de medo, raiva e adrenalina percorreu seu corpo.

Chip Wilkes e um homem com cabelos escuros na altura do queixo


caminharam em direção ao SUV estacionado. Gabe correu atrás deles e
agarrou o ombro de Chip. O homem virou-se. Um sorriso sádico
apareceu no canto de sua boca.

Onde está Mônica? Eu sei que ela está com você - Gabe rosnou.

Chip olhou para a padaria. ─ Você não pode salvá-la desta vez.

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─ Chip. ─ chamou o outro homem. Ele abriu a porta do SUV. ─
Temos de ir.

Gabe deu um soco na mandíbula de Chip. O homem recuou.


Sangue escorria de seu lábio.

─ Ela está lá dentro? Mônica está aí? Gabe rugiu.

Chip limpou o sangue do rosto. ─ Como eu disse, você não pode


salvá-la.

Sirenes enchiam o ar enquanto um caminhão de bombeiros batia


na Mulberry Drive.

─ Chip, agora! ─ chorou o homem. ─ A polícia estará aqui a


qualquer momento.

Ele queria bater em Chip Wilkes em uma polpa. Mas se houvesse


uma chance de Mônica estar dentro da padaria, ele não teria um
minuto a perder. Ele correu para a porta. As sirenes estavam se
aproximando. A ajuda estava a caminho, mas ele não podia esperar. Ele
tocou a porta. Estava quente, mas não escaldante. Ele a abriu e foi
tragado pela fumaça espessa.

─ Mônica! ─ ele chamou, agitando o ar.

As chamas lambiam o lado da padaria. Gabe correu ao redor da


tela em direção aos fundos, onde a fumaça era mais espessa. O ar negro
queimou seus pulmões. Ele caiu de joelhos onde a fumaça não era tão
sufocante. Rastejando, ele estendeu a mão. As tábuas lisas deslizaram
por seu toque até que ele sentiu algo pequeno e redondo. Seu polegar
roçou a superfície gravada.

Medalhão de Mônica!

Ele guardou o colar no bolso e continuou rastejando. Ele quase


chegou ao final da mesa de trabalho quando sua mão tocou a pele.

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─ Estou aqui! ─ ele chamou, passando as mãos pelo corpo dela.

Ela não respondeu.

Ele tentou movê-la, mas Mônica não se mexeu. O fogo se


aproximou. Chamas alaranjadas consumiram o fogão. As mãos dele
trabalharam furiosamente, tentando libertá-la quando ela caiu contra a
perna da mesa. Ele passou as pontas dos dedos pelos braços dela e
parou. Corda rústica e áspera, amarrava os pulsos ao redor da perna da
mesa.

Ele rangeu os dentes.

Chip Wilkes a tinha deixado aqui para queimar até a morte.

─ Mônica, você pode me ouvir? Eu vou te libertar.

Ele puxou a faca do chef do cinto e soltou a corda, mas ela não se
mexeu. Ele sentiu o pescoço dela e encontrou o débil pulsar de seu
pulso. Ele tirou o avental e a cobriu com ele. O ar ficou mais denso a
cada segundo. A cabeça dele zumbiu. Seus músculos se contraíram. Ele
tinha que tirá-los de lá. Com sua última onda de energia, ele levantou
Mônica em seus braços e a levou para a porta dos fundos. Ele girou a
maçaneta e saiu cambaleando para o beco.

Ele caiu de joelhos. ─ Mônica! ─ ele chorou, a voz embargada e


tensa da fumaça. ─ Respire, você precisa respirar. Eu não posso te
perder. Ele afastou a franja dos olhos. As lágrimas dele caíram em suas
bochechas cobertas de fuligem.

─ Socorro. ─ ele chamou, mas sua voz era pouco mais que um
sussurro.

Ele pressionou a testa na dela, segurando o corpo dela nos braços,


quando sentiu o peito dela se arrepiar.

Ela estava viva.

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─ Respire, Mon A ajuda está a caminho.

Ela piscou. ─ Você está aqui?

─ Estou aqui e nunca vou deixar você. Nunca! Não para Nova York.
Não para algum programa de televisão. Eu te amo. Você é tudo que eu
quero. Você é tudo que eu sempre quis. Estamos em casa, Mon. Agora
respire. Eu não posso te perder!

Ela levantou a mão e escovou uma lágrima da bochecha dele. ─


Meu jornaleiro.

─ Sempre. ─ disse ele, enquanto o som de vozes elevadas e o brilho


de luzes piscando descia sobre eles.

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Epílogo
─ EU sou Mônica Brandt e sou o chef Gabe Sinclair. Você está
assistindo, A Medida do Lar.

─ Quantas vezes você vai ver isso? ─ Mônica perguntou.

Gabe a puxou para seu colo. ─ É você. Você é hipnotizante. Não


consigo parar de assistir.

Ela colocou os braços em volta do pescoço dele. ─ O verdadeiro eu


está bem aqui, chef.

Ele fechou o visualizador e fechou o laptop. ─ Melhor?

Ela lambeu os lábios. ─ Você está chegando lá.

Ele passou as mãos pelas costas dela e agarrou suas nádegas.

Doce Cristo, ele amava sua bunda.

Eles acabaram de gravar o primeiro episódio de seu programa de


culinária e estilo de vida. Corbyn não estava errado. Os patrocinadores
estavam salivando. Quando descobriram que ele e Mônica eram um
casal, as ofertas triplicaram. A rede queria mais episódios, mas eles
concordaram em filmar doze, todos na área de Kansas City.

A vida deles estava aqui agora, e estava se movendo na velocidade


da luz.

Após o incêndio, ele e Mônica passaram a noite no hospital. Na


manhã seguinte, o agente Glenn chegou com novidades. Graças à
ligação de Mônica, ele conseguiu ouvir tudo. Confissão de assassinato
de Courtney. A tentativa de Chip de acabar com a vida de Mônica. A
divulgação de Alexsey de que ele era o arquiteto por trás do

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ransomware. Agentes do FBI haviam descido no aeroporto de Kansas
City Downtown e os três foram presos. As crianças, Glenn
compartilhou, foram colocadas com os pais de Bryson.

Mônica se mexeu no colo dele e montou nele. ─ Gosto de ficar na


casa de Em e Michael. Isso me lembra aquela pequena pousada na
França.

─ O lugar em Marselha?

Ela assentiu e balançou os quadris. Seu núcleo esfregou contra


seu pênis, o atrito entre eles aumentando em um ritmo
pecaminosamente delicioso.

Mônica Brandt sabia como provocar.

Era meio da manhã. Ela ainda estava de camisola sexy e foda e


calcinha de renda preta. Ele enfiou a mão por baixo da camisa de seda
e passou o polegar sobre o mamilo. Endureceu em um pico apertado ao
seu toque.

Ele beijou o pescoço dela. ─ Eu lembro de te foder contra a parede


naquela pequena cama e café da manhã.

Ela olhou ao redor do quarto. ─ Eu vejo quatro paredes


perfeitamente boas aqui.

Três dias depois de serem libertados do hospital, uma tempestade


de mídia atingiu a Langley Park. As notícias de seu envolvimento na
prisão de um dos cibercriminosos mais procurados do FBI espalharam-
se por todo o país. Para escapar, ele e Mônica tiraram férias nas ondas
no mar Mediterrâneo.

O fogo danificou a padaria, mas nem tudo estava perdido. Os


bombeiros haviam trabalhado rapidamente. Nenhuma de suas
lembranças importantes foi destruída e a integridade estrutural do
edifício ainda estava intacta. Eles passaram um dia agitado de reunião

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com a polícia local e seu agente de seguros, colocando toda a
documentação necessária em ordem. Naquela noite, eles jantaram com
Zoe, Sam, Ben e Jenna. Ben, um respeitado arquiteto de Langley Park,
ofereceu-se para redesenhar o espaço e supervisionar as reformas.

Vinte e quatro horas depois, graças a Nick Kincade, que era o


diretor de aviação no aeroporto de Kansas City Downtown, eles
escaparam da loucura da mídia em um jato fretado e aterrissaram em
Paris. Um motorista os encontrou no aeroporto ─ cesta de piquenique
na mão.

Eles passaram as últimas três semanas comendo, rindo e fodendo


seus cérebros por todo o Mediterrâneo. Corbyn havia negociado o
contrato para o show deles, e eles haviam retornado alguns dias atrás
para começar a filmar.

O primeiro local: Park Tavern, Langley Park, Kansas.

Gabe levantou-se com as pernas de Mônica enroladas na cintura.


─ Você tem uma parede favorita? ─ ele perguntou.

Ela olhou para ele por baixo daquelas franjas negras. ─ Qualquer
parede em que você esteja me fodendo é a minha parede favorita.

Cristo, ele a amava!

Ela apertou mais o pescoço dele. Os pingentes que eles


adicionaram à pulseira de cada parada da viagem tilintaram quando ele
a pressionou contra a parede. As reformas na padaria não seriam
concluídas por mais algumas semanas, e Em e Michael se ofereceram
para deixá-los ficar em sua casa de transporte. Ele precisaria comprar
lençóis novos, um balde de tinta para todos os arranhões nas paredes e
outro chuveiro depois do que deveria ser um rápido enxágue que virou
impertinente quando Mônica se juntou a ele sob o spray.

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Ele a segurou contra a parede com um braço forte e encolheu os
ombros da boxer com o outro.

─ Droga. ─ disse ele, o pau chorando por estar dentro dela. ─ Sua
calcinha.

Ela sorriu aquele sorriso sexy que o fez pensar em coisas muito
sujas. ─ Essas são as calcinhas de Paris. A calcinha especial.

Céu da virilha dividida. Deus abençoe os franceses.

Ele empurrou seu pau e as abas de renda deram lugar ao seu calor
delicioso. Ele agarrou sua bunda, deslocando seu torso para permitir
que seu doce feixe de nervos se apertasse contra ele enquanto a fodia
com força contra a parede.

─ É assim que você gosta? ─ ele rosnou em seu ouvido.

Suas palavras vieram em suspiros ofegantes. ─ Gabe, sim! Sim!

O tapa de pele na pele e o sabor do sexo no ar alimentavam seu


desejo, levando-os cada vez mais alto. Ela estava tão perto. Ele conhecia
o corpo dela. Ele sabia quando ela gostava do concurso e devagar, e
sabia quando ela queria que fosse duro e selvagem. Ele mudou a mão e
pressionou o dedo indicador entre as nádegas dela. A pressão extra a
empurrou para o limite. Se contorcendo nos braços dele, ela veio com
força, arqueando o corpo contra ele. Ele podia vê-la gozar o dia todo,
mas quando ela puxou o cabelo na nuca, ele não conseguiu se conter.
Ele encontrou sua libertação, perdido nos olhos azul-celeste da única
mulher que ele já amou.

Mônica encostou a cabeça na parede. Ela arrastou a ponta dos


dedos para baixo do pescoço, dos ombros e parou em seu peito em sua
mise en place tatuagem. Ela localizou o M. Seu toque brilhou em sua
alma. Ele olhou para o medalhão de girassol e depois para a tatuagem.
Quantas horas, quantos dias, quantos anos, ele olhou para aquele M no

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espelho? Ele não podia nem contar. Mas ele não estava mais
preocupado em se equilibrar. Seu amor era a única medida que
importava.

Ele fechou os olhos enquanto ela traçava seu M, repetidamente. ─


Eu amo você, Mon.

─ Eu amo . . . ─ ela começou, mas fez uma pausa.

Ele abriu um olho. ─ Você ama minhas omeletes francesas do


país?

Ela olhou para o relógio. ─ Oh Gabe, vamos nos atrasar!

Eles estavam encontrando seus amigos e familiares no Park Tavern


para um brunch. Era seu último dia jogando hooky antes de começar a
cozinhar no Park Tavern.

─ Você vai usar essa calcinha para brunch?

─ Você é terrível. ─ disse ela, rindo e balançando a cabeça.

─ Que tal a saia do Sagrado Coração?

─ Não.

─ Meias até o joelho?

─ Você, chef, nunca pare.

─ Eu nunca vou parar de te amar.

Ela olhou nos olhos dele. ─ Meu jornaleiro.

Ele deu um tapinha no M de sua tatuagem. ─ E você sempre será


minha mise .

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LINDSEY KINCADE ACENOU de uma mesa comprida ao longo da parede
dos fundos. Mônica! Gabe! Estamos de volta aqui!

O brunch no Park Tavern estava cantarolando a toda velocidade.


Família e amigos riram e conversaram sobre mimosas, frutas frescas,
bacon crocante e tantas omeletes francesas que uma pessoa podia
comer.

Um corredor passou por eles com uma panela de ovos mexidos.

Gabe olhou para a bandeja. ─ Um pouco seco. Talvez eu deva


voltar.

Ela agarrou o braço dele. - Você não está vestindo o casaco do seu
chef hoje, senhor. Estamos aqui para nos divertir! Não trabalho!

Eles passaram pelo buffet e se juntaram ao grupo. Mônica sentou-


se ao lado da avó. O Sr. Collier estava do outro lado de Oma. Ele estava
segurando a mão dela.

─ Como está sua casa, Oma? ─ ela perguntou, sentando-se na


cadeira.

A avó torceu o nariz. ─ O fogão é elétrico, mas serve.

Depois que a reabilitação de Oma terminou, ela decidiu que


gostava de pintura em aquarela e noites de cinema semanais. Ela usou
o dinheiro do seguro do incêndio para comprar uma casa de campo no
Langley Park Senior Living Campus. Um chalé que ficava ao lado do Sr.
Collier.

─ Quando vou ver você e Gabriel na TV? ─ Oma perguntou. ─


Todas as mulheres do grupo de crochê gostam muito dele.

Mônica reprimiu um sorriso. ─ Logo, Oma! Certificarei que você


saiba a data e a hora exatas no minuto em que eles nos disserem.

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Ela olhou do outro lado da mesa e pegou o olhar de Gabe. Ele
estava agachado ao lado de Em e Michael, fazendo caretas no pequeno
Billy MacCaslin MacCarron. Gabe corou, piscou para ela e voltou a
divertir o bebê.

Mônica examinou o grupo e pegou seu medalhão. Lindsey segurou


Skylar enquanto Nick picava um morango com o garfo e o dava a ela.
Ben abraçou a esposa, Jenna. A filha deles, Kate, sentou-se no final da
mesa com o nariz em um livro.

Mônica esfregou o polegar no girassol gravado. Essa era a vida


dela. Estes eram seus amigos mais queridos. Ela e Gabe estavam em
casa.

Um toque suave em seu ombro a tirou de seus pensamentos. Ela


olhou para cima e viu seu adolescente favorito para fazer strudel.

─ Jonah! ─ Mônica disse. Ela se levantou e abraçou o menino.

Após o incêndio, ela e Gabe queriam deixar claro que Jonah não
tinha culpa do que havia acontecido. Eles se encontraram com ele e sua
mãe antes de partirem para a França. Durante a reunião, eles
descobriram que Jackie, a mãe de Jonah, era formada em
contabilidade, mas não trabalhava há muitos anos devido ao seu ex-
marido abusivo. O abrigo para mulheres Rose Brooks ajudara Jackie a
encontrar um emprego, mas não estava em seu campo.

Como grupo, ela, Gabe e Sam concordaram em fundir o Park


Tavern e a Little Bakery em Mulberry Drive, e para isso, eles precisavam
de alguém com experiência em contabilidade. Eles contrataram Jackie
naquele dia. Jonah trabalhava meio período na Park Tavern depois da
escola, mas o plano era que ele retornasse à padaria assim que as
reformas estivessem concluídas.

─ Minha mãe queria que eu lhe dissesse que ela tem tudo
organizado com a padaria e o Park Tavern.

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─ Eu nunca duvidei que ela tinha. ─ Mônica respondeu.

─ Jonah. ─ disse Sam, caminhando até eles. ─ O que eu disse


sobre conversar com as moças bonitas?

─ Desculpe, Sam. ─ disse o garoto. ─ Eu vou verificar os hash


brown.

Sam deu um tapinha no garoto no ombro e depois olhou ao redor


do restaurante. ─ Bom tempo, garoto.

Mônica encontrou o olhar de Sam. A fagulha usual em seus olhos


ficou fraca. ─ Você está procurando alguém?

─ Zoe entrou com você e Gabe?

Ela balançou a cabeça. ─ Não, ela não fez. Mas você sabe que ela
está trabalhando em uma história. Ela está perseguindo uma liderança
há algum tempo.

─ Ela te contou alguma coisa sobre isso? ─ Sam perguntou.

Ela olhou para ele. Zoe e Sam estavam perto. Pelo menos, ela
pensou que eles eram. Por que ele estaria fazendo essa pergunta a ela?
Ela olhou por cima do ombro dele quando a porta do Park Tavern se
abriu.

Ela deu um tapinha no braço de Sam. ─ Não precisa se preocupar.


Eu a vejo agora. Ela está vindo por aqui.

Sam virou-se, quase colidindo com Zoe.

─ Que bom que você conseguiu, Z. ─ Em chamou. ─ Agora, venha


segurar meu filho. Eu acho que o rosto de Gabe está começando a
assustá-lo.

Zoe, geralmente rápida com um comentário sarcástico ou farpa


hilária, ficou parada e olhou silenciosamente para a mesa.

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─ O que é isso, Zoe? ─ Sam perguntou, mas ela não parecia ouvi-
lo.

Ela cruzou os braços. ─ Me desculpe, pessoal. Eu não posso ficar.

─ Nem mesmo para uma mimosa? ─ Jenna perguntou.

Zoe balançou a cabeça. ─ Não, nem mesmo por uma. Eu tenho que
ir. Estou saindo de Langley Park.

Fim

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