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RESENHA DO VÍDEO “ARQUITETURA COMO PRÁTICA

POLÍTICA - 25 ANOS DE EXPERIÊNCIA DA USINA”


Planejamento Ambiental Urbano – 5º Período – PUC Minas

Ana Cecília Martins

No vídeo “Arquitetura como prática política - 25 anos de experiência da


usina” é relatada a trajetória do projeto usina, o qual comandou os mutirões
autogestionados, que revolucionaram a questão da habitação social no Brasil.
Esse movimento da autogestão surge com a agregação entre movimentos
sociais e assessorias técnicas como a usina,

O arquiteto João Marcos Lopes e seus colegas de curso, enquanto


estudavam na UNICAMP produziram projetos sociais junto com a prefeitura.
Após terminarem a faculdade, tocaram alguns desses trabalhos que ainda não
tinham sido finalizados e assim surgiu o usina.

Em 1989, Luiza Erundina é eleita prefeita de São Paulo, e inclui a


autogestão na política habitacional, e isto representa a conquista de um direito
que era negado. Sendo assim, é exposto que o povo tem condições de
comandar a construção, fazê-la com preço baixo e qualidade razoável.

O processo de autogestão, na prática, foi uma conquista do povo, e um


processo de humanização das profissões envolvidas – processo participativo.

Dos anos 90 a 2000, teve-se o laboratório de habitação da Belas Artes e


Unicamp, e se focava em estudar o fazer. Nesses laboratórios, que eram
canteiros de obras organizados em mutirões, priorizavam-se os direitos iguais e
a horizontalidade. Havia muito espaço para as mulheres no mutirão, e a
presença e iniciativa delas é que alavancavam o trabalho. A mulher como
autoridade na construção não é algo comum. Mas da forma que tudo
aconteceu nesses laboratórios, as mulheres conquistaram uma autonomia, e
viram que podiam fazer o que quisessem.

Durante esses mutirões, se fez muita pesquisa sobre uma tecnologia


construída pelas pessoas, e com esse estudo as construções foram evoluindo
e sendo feitas de acordo com as necessidades. Quando o COPROMO foi feito,
resolveu-se usar a escada metálica, pois posteriormente usava-se a escada de
concreto, que atrasava a obra, visto-que era necessário esperar a produção
dela terminar em um andar para o superior ser feito. A escada metálica, além
de ser mais rápida, funcionava como uma régua vertical e evitava erros
construtivos.
O canteiro de obras hoje em dia contabiliza mortes e acidentes, pois é
mais barato explorar o trabalhador. O modo usado nos mutirões era muito mais
humano, mas não é do interesse das construtoras. Não deveria ser assim, o
grupo usina mostrou nos mutirões que o arquiteto não tem que pensar apenas
o que fazer, mas também como fazer.

E no contexto em que as grandes construtoras comandam as obras


civis, em 2000 surgiu o minha casa minha vida, que era feito por empreiteiras.
Os arquitetos do coletivo usina não achavam que a forma que essa política
pública acontecia era a melhor forma, mas concordavam que era importante
para a população, o bom e velho “melhor que nada”. De toda forma, deixam
claro que a luta pela moradia é sempre importante, e que a arquitetura é
sempre política. A arquitetura que fazem é uma contrahegemonia, que luta
para mudar a prática do canteiro de obras, mudar a relação patrão versus
subordinado dentro deles. O usina é um resultado da mobilização.

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