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ANÁLISE DA APLICABILIDADE DA
CLASSIFICAÇÃO MCT NA EXECUÇÃO DE
BASES RODOVIÁRIAS COM UTILIZAÇÃO
DE SOLOS LATERÍTICOS ESTABILIZADOS
iii
DEDICATÓRIA
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, pai das luzes, fonte de toda boa dádiva e de todo dom perfeito.
Aos meus amigos, Moacir, Rogério, João, Vandir, Lenir, Heloisa, Luiz Heleno
Albuquerque, Gilbert Kitamura e Gilmar.
Aos amigos de trabalho do DNIT, Olímpio Moraes, Renata Magalhães, Ronan Lana, Ana
Luiza Gazola, Danilo Rezende, André Lisboa, Davidson Carvalho, Péricles, Peres
Godinho, Giovan Estevani, Aline Vitorino e ao Superintendente Regional, Fabiano
Martins, meus sinceros agradecimentos pela valiosa colaboração que prestaram e pelo
incentivo.
v
Aos meus amigos de trabalho do DNIT Minas Gerais, Altamir Costa, Rosana, Betânia,
Ivone, Janice, Isabela, Josele, George, Leonardo Rodrigues, Juliano, André, Renata
Gandra, Kadu, Mauro, Wellisson, Antônia, Lidia, Marcio Gusmão, Cristina Abrantes,
Meire, Carlyle, Ingred, Mozart, Sueli, Ricardo Meirelles, Rodrigo e Cláudia, Salomão,
Cláudio, Geraldo Simões, Clóvis, João Bosco, Diogo, André, Luciana, Adriana, Leonardo
Vasconcelos, João Camilo, Henrique, Ewerton, Breno, Natiele, e todos os demais, que
não vou citar por serem muitos, com os quais trabalhei nos últimos anos e que muito me
incentivaram.
Aos amigos da UFOP, Denise, Priscila, Rafael Carvalhais, Andyara, Viviane, Carla,
Bruno Couto, Thiago Marques, Wanderson, Fernanda, Maria Isabel, Gina, Hebert,
Ronderson, Bruno Silva, Lucius, Débora, Mateus, Magno e Ozório.
Aos meus amigos de trabalho do DNIT Tocantins, Eduardo Suassuna, Bolivar Euler,
Cezar, Geraldo Castro, Cassio Capanelli, Pedro, Joubert, Adaugilson, Saulo, Rênio,
Daniel, José Roberto, Isabela, Antônio Veras, Paulo Scold, André, Anax, Fábio, Luiz
Soares, Estela, Antônio e todos os demais, pela disponibilidade em ajudar e pelas palavras
de incentivo.
Às alunas do curso de Engenharia Civil da UFOP, Ayra, Iara e Patricia, pela colaboração
que prestaram na execução dos ensaios de caracterização.
vi
RESUMO
vii
ABSTRACT
In Brazil, highways play an important role for the economic and social development of
the population. Together, the federal and state road networks reach an extension of
381.628,80 km and the municipal network approximately 1.339.126,9 km, according to
the National Highway System, version 2015. Of this total, much of it is still unpaved and
others are considered only as planned. The great extension of roads that need to be
implanted, paved or restored, reveals the importance of studying solutions that allow the
reduction of the cost of road works. To this end, it is essential to know the properties of
lateritic soils, typical of tropical regions, such as Brazil and the adoption of new
techniques more appropriate to their characteristics. Usually the verification of the
lateritic or non-lateritic character of the soils is carried out by means of a chemical
analysis test, the determination of the silica-sesquioxides ratio, which consists of a
relation between the silica content and the sum of the iron and aluminum oxide contents
, however this research aimed to evaluate the possibility of using the MCT classification,
for this purpose. In this sense, this work analyzes the applicability of the MCT
classification, to prove the lateritic or nonlateritic character of sixteen soil mixtures. The
sixteen mixtures were assembled through combinations of materials from two lateritic
gravel deposits, a medium-textured yellow red latosol deposit and a clayey red latosol
deposit collected near the BR-251 / MG highway, in the northwest region of Minas
Gerais. Subsequently the mixtures were separated into three groups, according to their
classification in the grain size ranges prescribed in the DNIT standards, for the execution
of a granulometric stabilized base, with or without the use of lateritic soils. The results of
the MCT classification were compared with the results obtained through the silica-
sesquioxides ratio and some samples were submitted to the X-ray diffraction and scanning
electron microscopy tests to aid the analysis. All blends were submitted to the California
Compaction and Support Index assays for evaluation of expansion and mechanical
strength. The results showed that the mixtures that fall within bands A or B, designed for
base execution with lateritic soils, although constituted by a clay fraction with more than
25% passing in the No. 200 sieve, have values of ISC sufficient for their use in to N> 5 x
106, or to number N> 5 x 106. The mixtures which do not fall within any size range have
low ISC values below those required by the basic which fall within the traditional D
range, present ISC values above 80, enough to construct bases with number N> 5 x 106.
Finally, the results of the MCT Classification coincide with the results inferred through
the determination of the silica-sesquioxides ratio, for fifteen of the sixteen mixtures
studied, showing the possibility of MCT technology being used as routine practice.
viii
Lista de Figuras
ix
Figura 3-19 – Vista da preparação de amostras úmidas para o ensaio decompactação Mini-
MCV .......................................................................................................... 52
Figura 3-20 – Vista das amostras prontas para o ensaio de compactação Mini-MCV ... 52
Figura 3-21 – Exemplo de uma curva Mini-MCV x Af ................................................. 54
Figura 3-22 – Exemplo de uma curva Mini-MCV x Pi .................................................. 54
Figura 3-23 – Vista do vazamento da amostra no pistão ............................................... 55
Figura 3-24 – Vista dos anéis de vedação e discos de polietileno .................................. 55
Figura 3-25 - Detalhe do anel de vedação inferior ......................................................... 56
Figura 3-26 – Detalhe do anel de vedação superior ........................................................ 56
Figura 3-27 – Detalhe da fuga do cilindro sobre a base durante o ensaio ...................... 57
Figura 3-28 – Fuga do corpo de prova no interior do cilindro durante o ensaio ............ 57
Figura 3-29 – Compactação Mini-MCV (instante 1)...................................................... 58
Figura 3-30 – Compactação Mini-MCV (instante 2)...................................................... 58
Figura 3-31 – Compactação Mini-MCV (instante 3)...................................................... 58
Figura 3-32 – Compactação Mini-MCV (instante 4)...................................................... 59
Figura 3-33 – Perda de Massa por Imersão (instante 1) ................................................. 59
Figura 3-34 – Perda de Massa por Imersão (instante 2) ................................................. 59
Figura 3-35 – Perda de Massa por Imersão (instante 3) ................................................. 60
Figura 3-36 – Perda de Massa por Imersão (instante 4) ................................................. 60
Figura 3-37 – Perda de Massa por Imersão (instante 5) ................................................. 60
Figura 3-38 – Vista das amostras preparadas para a realização dos ensaios ISC ........... 61
Figura 3-39 – Vista das amostras imersas para verificação da expansão ....................... 62
Figura 3-40 – Vista de dois corpos de prova após o ensaio de penetração ..................... 62
Figura 4-1 – Curvas granulométricas dos materiais J1, J2, E1 e E2, sem sedimentação 64
x
Lista de Tabelas
xi
Lista de Símbolos, Nomenclaturas e Abreviações
xii
SiBCS Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
SNV Sistema Nacional de Viação
TRB Transportation Research Board
UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
USCS Unified Soil Classification System
dmax Massa específica seca máxima
wo Umidade ótima
xiii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 .................................................................................................................. 1
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................... 1
1.2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS ............................................................... 2
1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ............................................................ 4
CAPÍTULO 2 .................................................................................................................. 5
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 5
2.1 SOLOS TROPICAIS ..................................................................................... 5
2.1.1 Solos lateríticos .............................................................................................. 5
2.1.2 Solos saprolíticos ........................................................................................... 9
2.1.3 Peculiaridades da constituição mineral dos solos tropicais ......................... 10
2.2 A TECNOLOGIA MCT .............................................................................. 13
2.2.1 Compactação Mini-MCV............................................................................. 15
2.2.2 Perda de Massa por Imersão (Pi) ................................................................. 19
2.3 A CLASSIFICAÇÃO MCT......................................................................... 20
2.3.1 As Classes e Grupos da Tecnologia MCT ................................................... 25
2.3.2 Vantagens e desvantagens............................................................................ 27
2.4 BASES DE PAVIMENTO ESTABILIZADAS
GRANULOMETRICAMENTE ................................................................. 28
2.4.1 Critérios tradicionais para estabilização granulométrica e suas limitações . 30
2.4.2 Norma DNIT-ES 141/2010 - Base estabilizada granulometricamente ........ 32
2.4.3 Norma DNIT-ES 098/2007 - Base estabilizada granulometricamente com
utilização de solo laterítico .......................................................................... 33
2.5 A DETERMINAÇÃO DA RELAÇÃO SÍLICA-SESQUIÓXIDOS E
SÍLICA- ALUMINA EM SOLOS .............................................................. 34
2.6 DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X............................................................. 34
CAPÍTULO 3 ................................................................................................................ 36
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 36
3.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ..................................................... 36
3.2 CARACTERÍSTICAS DA REGIÃO E COLETA DE MATERIAIS ..... 37
xiv
3.2.1 Clima e vegetação da região ........................................................................ 37
3.2.2 Geologia regional ......................................................................................... 38
3.2.3 Características dos solos regionais ............................................................... 40
3.3 COLETA DE MATERIAIS ........................................................................ 40
3.4 MONTAGEM DAS MISTURAS ................................................................ 44
3.5 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS .................... 48
3.6 IDENTIFICAÇÃO DO CARATER LATERÍTICO ................................. 48
3.6.1 Determinação da relação sílica-sesquióxidos e sílica-alumina .................... 48
3.6.2 Difratometria de raios-X .............................................................................. 49
3.6.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).............................................. 49
3.6.4 A classificação MCT.................................................................................... 49
3.7 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA MECÂNICA E DA EXPANSÃO .......... 61
CAPÍTULO 4 ................................................................................................................ 63
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................. 63
4.1 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS .................... 63
4.2 IDENTIFICAÇÃO DO CARATER LATERÍTICO ................................. 71
4.2.1 Determinação da relação sílica-sesquióxidos .............................................. 71
4.2.2 Difratometria de raios-X .............................................................................. 72
4.2.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).............................................. 74
4.2.4 A Classificação MCT ................................................................................... 76
Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando nas faixas
A ou B, para solos lateríticos ....................................................................... 79
Grupo das misturas com composição granulométrica que não se enquadra em
nenhuma faixa .............................................................................................. 79
Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando na faixa
tradicional D................................................................................................. 80
4.3 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA MECÂNICA E DA EXPANSÃO .......... 81
4.3.1 Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando nas faixas
A ou B, para solos lateríticos ....................................................................... 81
4.3.2 Grupo das misturas com composição granulométrica que não se enquadra em
nenhuma faixa .............................................................................................. 82
4.3.3 Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando na faixa
tradicional D................................................................................................. 83
CAPÍTULO 5 ................................................................................................................ 84
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ................ 84
xv
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 90
ANEXO A - RESULTADOS DA CLASSIFICAÇÃO MCT .................................... 95
ANEXO B - RESULTADOS DA DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X ................... 115
ANEXO C - FOTOGRAFIAS DAS MISTURAS MONTADAS ............................ 117
ANEXO D - FOTOGRAFIAS DOS CP’S DAS MISTURAS APÓS O
ROMPIMENTO ................................................................................................ 122
ANEXO E - FOTOGRAFIAS DOS ENSAIOS MCT.............................................. 128
xvi
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a rede rodoviária federal alcança uma extensão de 120.066,0 km, dos quais
54,0% são pavimentados e 36,4% planejados (incluindo a rede estadual coincidente), e as
redes rodoviárias estaduais, alcançam uma extensão de 261.562,8 km, com 45,8%
pavimentados, 40,4% não pavimentados e 13,8% planejados. Para a redes municipais,
embora os dados fornecidos pelos municípios não sejam exatos, estima-se um total
1.339.126,9 km de rodovias, dos quais apenas 2,0 % são pavimentados (Sistema Nacional
de Viação (SNV), 2015) (BRASIL, 2015). Esses números revelam a importância de se
buscar soluções que, além de estarem fundamentadas nas modernas técnicas de
engenharia, sejam mais econômicas, para a construção e restauração de rodovias.
1
encontrados nos países de clima temperado, o que torna necessária a adoção de novas
metodologias de análise e de execução, para o seu melhor aproveitamento.
Os Solos lateríticos possuem uma fração areia com grãos de quartzo envolvidos por uma
película de óxidos de ferro e alumínio, que concede a elevação da massa específica seca
máxima dos solos. A fração argila apresenta minerais de baixa atividade coloidal, como
a Caulinita e óxidos de ferro e alumínio, como a Goethita, a Gipsita e a Hematita, que
conferem aos solos compactados uma baixa ou quase nula expansão e elevadas
resistências mecânicas (Nogami e Villibor, 1995).
2
obras rodoviárias. Estes procedimentos, além de trabalhosos, nem sempre são acessíveis.
Neste sentido, este trabalho se propõe a avaliar a aplicabilidade da classificação MCT na
determinação do caráter laterítico ou não laterítico, visando a sua utilização como um
método alternativo àquele exigido pela norma DNIT 098/2007-ES (BRASIL, 2007), pelo
fato dessa classificação ter sido concebida inclusive para permitir a identificação da
gênese dos solos tropicais e por estar ela baseada na execução de dois ensaios de fácil
execução, Compactação Mini-MCV e Perda de Massa por Imersão, que embora ainda
não sejam bem assimilados atualmente, envolvem procedimentos comuns e relativamente
acessíveis ao pessoal dos laboratório de obras e de projetos.
Adicionalmente, para todas as condições propostas (as que se enquadram ou não nos
procedimentos normativos), configura-se também como objetivo a obtenção e avaliação
dos valores aproximados da resistência mecânica e da expansão das misturas compostas
neste trabalho.
3
1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
4
CAPÍTULO 2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para Nogami e Villibor (1995), os solos tropicais subdividem-se em duas classes: os solos
lateríticos e os solos saprolíticos.
Os solos lateríticos são típicos das regiões tropicais úmidas e bem drenadas,
caracterizados por apresentarem horizonte B textural, latossólico ou nítico, (ou
concrecionário), segundo a nomeclatura da 3ª edição do Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos (SiBCS) elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA, 2013), que é o sistema taxonômico oficial utilizado no Brasil.
São destacadas, a seguir as principais características dos solos lateríticos.
Horizonte B textural- Bt
5
de argila de atividade baixa, ou alta conjugada com saturação por bases baixa, ou caráter
alítico. Em geral, apresentam incremento do teor de argila do horizonte A para o B e a
transição entre os horizontes A e Bt é usualmente clara, abrupta ou gradual (Figura 2.1)
Os Argilssolos são de forte a moderadamente ácidos, com saturação por bases alta ou
baixa, predominantemente cauliníticos e com relação molecular Ki, em geral, variando
de 1,0 a 3,3. Geralmente, apresentam policromia, que é um atributo importante para
distingui-los dos Nitossolos.
Horizonte B latossólico-Bw
6
ou moderado. A textura varia de francoarenosa a argilosa. Na ordem dos solos com
horizonte B latossólico, de comportamento laterítico, situam-se os Latossolos.
Os Latossolos (Figura 2.2) são solos constituídos por material mineral, com horizonte B
latossólico imediatamente abaixo de qualquer horizonte diagnóstico, exceto hístico, o
qual é caracterizado pela coloração preta, escura ou brunada e pelo elevado teor de
matéria orgânica.
Horizonte B nítico
7
apresenta cerosidade e/ou superfícies de compressão. Na ordem dos solos com horizonte
B nítico, de comportamento laterítico, situam-se os Nitossolos (Figura 2.3).
Os Nitossolos são constituídos por material mineral, com horizonte B nítico, textura
argilosa ou muito argilosa, estrutura em blocos ou prismática, de grau moderado ou forte,
geralmente com cerosidade expressiva e/ou superfícies de compressão. São profundos,
ocorrem em regiões bem drenadas e têm coloração vermelha ou brunada. Compreendem
os solos que anteriormente eram classificados, na maioria, como Terra Roxa Estruturada,
Terra Roxa Estruturada Similar, Terra Bruna Estruturada, Terra Bruna Estruturada
Similar e alguns Podzólicos Vermelho-Escuros e Podzólicos Vermelho-Amarelos.
Os solos apresentados anteriormente são os solos finos lateríticos existentes nas diversas
regiões do Brasil. Entretanto, existem também os solos que possuem um horizonte B
concrecionário e apresentam, muitas vezes, uma fração fina de comportamento laterítico.
São os Plintossolos Pétricos, muito utilizados em obras de pavimentação nas diversas
regiões do nosso país. Apresentamos a seguir as características solos concrecionários,
Horizonte B concrecionário
8
ferro ou de ferro e alumínio, numa matriz terrosa. Este horizonte compreende os
chamados Plintossolos pétricos, (Figura 2.4).
Horizonte A
Horizonte B
Horizonte C
9
Os Solos saprolíticos são aqueles que resultam da decomposição e/ou desagregação in
situ da rocha matriz pela ação das intempéries (chuvas, insolação, geladas) e mantém de
maneira nítida a estrutura da rocha que lhe deu origem. São genuinamente residuais, pois
derivam de uma rocha matriz e as partículas que o constituem permanecem no mesmo
,lugar em que se encontravam no estado pétreo, (Villibor D. F. et al, 2009).
Estes solos estão presentes tipicamente no horizonte C, normalmente são pouco alterados
pelos processos de formação e se caracterizam por apresentarem estrutura herdada da
rocha de origem, conforme já abordado. Apresentam-se imediatamente abaixo dos
horizontes A ou B. São mais heterogêneos e constituídos por uma mineralogia complexa,
contendo frequentemente minerais ainda em fase de decomposição.
São designados também de solos residuais jovens, em contraste com os solos superficiais
lateríticos que seriam maduros.
A presença de magnetita e/ou ilmenita na fração areia, devido à elevada massa específica
dos grãos desses minerais, concede a elevação da massa específica seca máxima dos
solos. Observa-se também a presença de laterita ou concreção laterítica, na forma de
pedregulhos, normalmente associada ao quartzo, a magnetita, a ilmenita e a hematita, com
massa específica real consideravelmente maior e resistência mecânica muito menor em
relação ao quartzo. A fração areia, em geral, se apresenta envolvida em torrões de argila
não totalmente separáveis pelos processos de desagregação.
A fração argila dos solos lateríticos caracteriza-se por apresentar elevada porcentagem de
óxidos hidratados e hidróxidos de Ferro, como a Goethita, a Limonita, a Ferrihidrita,
Hidróxidos de Alumínio, como a Gibsita e Bauxita, além de pequenas porcentagens de
10
óxidos anidros de ferro, como a Hematita e a Magnetita, que são responsáveis pelas cores
preta e avermelhada.
11
Cabe ressaltar que, em alguns casos, como nas argilas lateríticas, os agregados podem ser
de dimensões muito pequenas, com um aspecto de pó de café. Além disso, nos solos
lateríticos arenosos, os torrões normalmente não são percebidos.
Segundo Nogami e Villibor (1995), a microestrutura dos solos lateríticos não é destruída
totalmente pelos processos de construção das obras de terraplenagem e pavimentação e
permanece pouco alterada mesmo após a realização dos ensaios tradicionais de
caracterização de solos. Os grãos constituintes, com dimensões na ordem do micrômetro,
não aparecem muito individualizados, mas na maioria das vezes, ligados por uma massa
aparentemente amorfa.
A fração areia e pedregulho dos solos saprolíticos é constituída por grande variedade de
materiais, parcialmente intemperizados, com a presença de quartzo, feldspatos e micas.
Geralmente os feldspatos apresentam-se com apreciável absorção de água, as micas,
segundo Nogami e Villibor (1995), “promovem a elevação do limite de liquidez, a
elevação da expansividade, a diminuição da massa específica seca máxima do solo
12
compactado, a diminuição da capacidade de suporte e a redução sensível do módulo de
resiliência.” Os pedregulhos são formados por fragmentos de rocha, cujas propriedades
são dependentes da natureza da rocha de origem.
13
apropriados, não relacionados demasiadamente às propriedades índices tradicionais,
porém mais ligados a propriedades mecânicas e hidráulicas dos solos compactados.
Então, no início da década de 80, os engenheiros Douglas Fadul Villibor e Job Shuji
Nogami , após algumas revisões, desenvolveram uma nova sistemática, que passou a ser
denominada tecnologia MCT (M - miniatura; C - compactado; T - tropical) e que inclui
também uma nova classificação de solos tropicais.
A relação dos principais ensaios que integram a tecnologia MCT( Miniatura Compactado
Tropical) está apresentada a seguir:
14
2.2.1 Compactação Mini-MCV
O ensaio consiste numa adaptação do Moisture Condition Value (MCV), proposto por
Parsons, do Road Research Laboratory, na Inglaterra, em 1976, que utiliza moldes
cilíndricos de 100 mm de diâmetro e soquete de seção plena com 7 kg. Uma vista do
equipamento pertencente ao NUGEO é mostrada na Figura 2.7.
Segundo a norma DNER-ME 258/1994 (BRASIL, 1994a), deve-se dar golpes sucessivos
e efetuar leituras no extensômetro, para determinação da altura do corpo de prova,
15
correspondentes à seguinte série de golpes: 1, 2, 3, 4, 6, 12, 24, 32, 48, 64, 96, 128, 192,
256. O processo será interrompido quando for atendida uma das condições seguintes:
a diferença entre a leitura obtida após 4n golpes e a obtida após n golpes for menor
que 2,0 mm;
houver intensa exsudação de água no topo e na base do corpo de prova;
o número de golpes atingir 256.
Estas operações devem ser iniciadas com o corpo de prova de menor teor de umidade e
repetidas para os demais corpos de prova com maiores teores de umidade.
16
an = An − A4n (2.1)
onde:
an = diferença de altura;
An = leitura obtida após n golpes;
A4n = leitura obtida após 4n golpes.
Para cada corpo de prova, ou teor de umidade, deve ser traçada uma curva, denominada
curva de deformabilidade, ou curva de Mini-MCV. Em seguida, toma-se a curva
correspondente a um determinado teor de umidade, e determina-se a sua interseção com
a reta de equação an = 2,0 mm, que é paralela ao eixo das abcissas. A partir desse ponto,
determina-se o seu correspondente número de golpes no eixo das abcissas, que será B x.
O Mini-MCV é definido pela Equação 2.2.
onde:
17
Curvas de compactação e o coeficiente d'
18
2.2.2 Perda de Massa por Imersão (Pi)
Md x 100
Pi = (2.3)
Mo
onde:
A
Pi = 10 x Md x (2.4)
Ms
onde:
19
Hc= Teor de umidade de compactação
Após o cálculo da Perda de Massa de cada corpo de prova, calcula-se o valor de Pi a ser
utilizado na classificação, através da construção do gráfico Pi x Mini-MCV. Neste
gráfico, procura-se o valor de Mini-MCV igual a 15 para os solos de alta massa específica,
ou igual a 10 para os solos de baixa massa específica, de acordo com o seguinte critério:
Cálculo do coeficiente e’
Após a determinação de Pi, podemos calcular o valor de e’, por meio da Equação 2.6.
3 𝑃𝑖 20
e′ = √ (2.6)
100 𝑑′
20
Parsons utilizou o ensaio de compactação MCV para fins classificatórios, com moldes
cilíndricos de 100 mm e soquete de seção plena de 7 kg (Parsons, 1976). Entretanto,
alguns coeficientes (a e b) por ele concebidos, não distinguiam os solos lateríticos dos
solos saprolíticos, levando Nogami e Villibor a sugerirem outros coeficientes (c’, d’, Pi
e e’), determinados através da realização dos ensaios de Compactação Mini-MCV e de
Perda de Massa por Imersão.
Coeficiente c’
Para Nogami e Villibor (1995), o coeficiente c’, que pode variar de zero (solos arenosos)
a 2,84 (solos argilosos), está relacionado com a granulometria dos solos da seguinte
forma:
valores elevados de c’, acima de 1,5, são característicos dos solos argilosos;
valores baixos, inferiores a 1,0, identificam as areias e os siltes não plásticos ou
com pouca coesão;
valores entre 1,0 e 1,5, agrupam as areias siltosas e areias argilosas, argilas
arenosas, argilas siltosas, etc.;
o valor de c’ varia pouco para as argilas e siltes e varia muito para as areias;
existe uma razoável correlação entre o valor de c’ e o limite de liquidez.
21
com a coesão, expressa por um deformabilidade, traduzindo o efeito da granulometria
e da coesão do solo observado na compactação e não a distribuição granulométrica
propriamente dita (determinada em ensaio granulométrico por peneiramento e
sedimentação).
Coeficiente d’
Marson (2004) destaca a não adequação do parâmetro d’ para a classificação genética dos
solos, uma vez que ele não se correlaciona com a granulometria e é pouco sensível ao
caráter genético dos solos. A autora aborda a dificuldade de obtenção para alguns casos,
podendo gerar dúvidas e até erros na classificação dos solos.
Índice e’
22
o comportamento laterítico começa a se manifestar quando d > 20 e Pi < 100, o que
permitiu o estabelecimento da linha horizontal correspondente a e’ = 1,15, separando os
solos L dos solos N. Para solos pobres em finos a transição ocorre para valores mais
elevados de Pi, levando os mesmos autores a estabelecer a linha horizontal secundária
mais acima, com e’ = 1,4.
Cabe ressaltar, entretanto, que os autores informam que “para certos solos, a linha
horizontal principal apresenta, na realidade, uma pequena inclinação, que não foi
possível se calcular com suficiente precisão” (Nogami e Villibor, 1995), ou seja, podem
ocorrer casos em que o comportamento laterítico se manifeste para valores de e’ > 1,15.
Índice Pi
O índice é obtido a partir do ensaio de Perda de Massa por Imersão, desenvolvido com o
objetivo de distinguir os solos tropicais lateríticos dos solos não lateríticos. Segundo
Villibor e Nogami (2009), os valores de Pi dos solos lateríticos apresentam um
decréscimo nítido, após o teor de umidade correspondente ao Mini-MCV = 10. Nas
argilas e argilas arenosas lateríticas, geralmente o Pi próximo ao Mini-MCV = 10 é muito
baixa ou igual a zero. Para valores decrescentes de Mini-MCV o valor tende a crescer.
Ábaco de classificação
Para a conclusão da Classificação MCT do solo ensaiado, por exemplo, com os valores
correspondente aos valores de c’ e de e’. A Figura 2.10 apresenta o ábaco empregado para
23
Figura 2-10 - Gráfico c’ versus e’ - Classificação MCT (Nogami e Villibor, 1995).
Entretanto, de acordo com Marangon (2004) e Santos (1998), quando o ponto cai próximo
do limite das classes L e N, prevalece o seguinte critério, que foi adotado na presente
pesquisa, e que adota o conceito de solos transicionais:
24
no grupo NG’ existiam tanto os solos argilosos quanto os silto-argilo arenosos finos,
localizados na transição NS’ – NG’. Segundo Vertamatti (1988), foi identificada uma
nova faixa, flutuando de ±3 em torno de c’ = 1,5, que representava melhor o
comportamento de grupos transitórios (NS’ G’ e LA’G’), com presença acentuada da
fração areia fina.
Para Marson (2004), a denominação (Solos Transicionais) foi introduzida por Vertamatti
(1988), para designar solos transportados, geralmente coluvionares, ou ainda não muito
afetados pelos processos pedogenéticos estudados.
Para Castro (2002), o trabalho de Vertamatti (1988) destaca que “ embora a classificação
MCT não esteja vinculada em essência à granulometria ponderada, a partir de
observações desta característica dos solos ensaiados, a proposta de uma nova faixa de
ábaco, em que o valor de c’ varia de 1,2 a 1,8, representa melhor grupos transitórios
(NS’G’ e LA’G’) caracterizados pela presença marcante da fração areia fina.”
Para Marson (2004), eles solos são geralmente associados a formações sedimentares e
apresentam características que variam de acordo com o grau de laterização. Quanto mais
evoluídos geneticamente melhor o comportamento esperado, mas em geral, eles
necessitam de estudos apropriados, para serem utilizados em camadas de pavimentos.
25
Classe L - Comportamento laterítico
São aqueles que, do ponto de vista pedológico, com base no SiBCS - Sistema Brasileiro
de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2013), possuem horizonte B do tipo textural,
latossólico ou nítico (ou concrecionário), e podem ser classificados como Argissolos,
Latossolos ou Nitossolos ( ou Plintossolos Pétricos).
São as areias, siltes e misturas de areia e silte, com grãos de quartzo e/ou mica. As
variedades micáceas da areia geralmente apresentam alta expansão, média ou baixa
capacidade de suporte e são muito erodíveis.
São as misturas de areias quartzosas com finos passando na peneira de 0,075 mm, não
lateríticas. Geralmente são provenientes do horizonte saprolítico, de rochas ricas em
quartzo, tais como granitos, gnaisses, arenitos e quartzitos. Se a areia for bem graduada e
os finos atenderem às especificações tradicionais, podem apresentar propriedades
adequadas para uso em pavimentação.
26
Grupo NG’ ( Não laterítico, argiloso)
São arenosos e podem ser classificados como Latossolos de textura arenosa ou Argissolos
de textura arenosa. Dão cortes firmes, não ou pouco erodíveis, nitidamente trincados
quando expostos à intempéries. Apresentam alta capacidade de suporte, elevado módulo
de resiliência e baixa expansibilidade, permitindo seu uso em bases de pavimentos.
São as argilas e argilas arenosas que podem ser classificados como Nitossolos, Latossolos
de textura argilosa ou Argissolos de textura argilosa. Quando possuem quantidade
relativamente alta de areia, podem apresentar propriedades semelhantes à do grupo LA’.
São pouco erodíveis e marcantemente colapsíveis.
Citando trabalhos de Nogami (1989) e Nogami et al. (1998), Marson (2004) aborda uma
síntese das vantagens e desvantagens (limitações) da Classificação MCT. Dentre as
vantagens, a autora destaca os seguintes pontos:
27
a classificação distingue os diferentes tipos genéticos de solos tropicais, sem a
necessidade do uso de considerações geológicas, geoquímicas, pedológicas, etc.;
a classificação caracteriza os solos para finalidade viária de maneira abrangente;
a classificação pode orientar sondagens e amostragens, pois o fato de um solo
pertencer a um determinado grupo MCT quase sempre significa uma origem
geológica específica.
a classificação é baseada em ensaios de laboratório, que representam as condições
a que os solos são submetidos quando aplicados em obras viárias;
os ensaios apresentam custos relativamente mais baixos do que os tradicionais.
A base é a camada que tem como principal função absorver os esforços verticais oriundos
do tráfego, minimizando-os e transmitindo ao subleito e à sub-base esforços compatíveis
com as suas resistências. Geralmente, ela desempenha também a função de drenagem do
pavimento. Ela pode ser construída com materiais granulares naturais ou através de
mistura de solos, materiais britados, solos estabilizados cimento ou cal, cinza, etc.
28
A estabilização de um solo, conforme já destacava Vargas (1978), é um processo que
consiste em conferir ao mesmo uma maior resistência estável, por meio de compactação
e correção de sua granulometria e plasticidade ou através de adição de substâncias que
promovam a cimentação ou aglutinação dos grãos.
Pela definição de Vogt (1971), a estabilização é todo método que visa aumentar, de
maneira durável, durante todas as estações do ano, a resistência de um material aos
esforços desenvolvidos pelo tráfego e aos efeitos destruidores exercidos pelas
intempéries.
A estabilização de um solo pode ser definida como sendo a alteração de qualquer uma de
suas propriedades, de forma a melhorar seu comportamento sob o ponto de vista da
engenharia. Consiste em um tratamento artificial, por um processo físico, químico ou
físico-químico, tornando o solo estável para os limites de sua utilização, e ainda fazendo
com que a estabilização permaneça sob a ação de cargas exteriores e também sob ações
climáticas variáveis (Vizcarra, 2010).
29
Segundo Santos (1998), os critérios tradicionais exigem que um solo estabilizado
granulometricamente apresente uma elevada densidade, onde grande parte dos vazios
formados entre os grãos maiores são preenchidos pelos grãos menores, o que assegura
grande número de contatos granulares, implicando no aumento da resistência à
deformação e da resistência à ruptura por cisalhamento.
Tomando como base os solos-agregados finos, formados por partículas inferiores a 2,0
mm, Santanna (1998) estudou a variação das propriedades mecânicas em função das
características da fração retida na peneira de 0,075 mm. A autora verificou que tanto a
forma quanto o teor da fração retida na peneira de 0,075 mm, influenciam na massa
específica seca e na resistência mecânica dessas misturas de granulometria fina.
Segundo Santos (1998), que estudou material de bases e sub-bases de solo laterítico “in
natura”, com agregados de granulação grossa, a densidade e o ISC crescem com o
aumento do diâmetro máximo do agregado, enquanto há um decréscimo do teor ótimo de
finos.
granulometria;
características de plasticidade da fração passando na peneira de 0,42mm (peneira
nº 40), expressas pelo limite de liquidez e pelo índice de plasticidade;
30
equivalente de areia;
porcentagem do material que passa na peneira n° 200;
resistência mínima dos grãos da fração mais grossa( retido na peneira n° 10).
Índice Suporte Califórnia – ISC ≥ 60% para Número N ≤ 5 X 106, ISC ≥ 80% para
Número N > 5 X 106, e Expansão ≤ 0,5%.
Estes requisitos indicam que, uma vez atendidos, pode-se esperar a estabilidade da
camada construída, quanto à deformação e à ruptura. Entretanto, os solos encontrados nas
regiões tropicais, como o Brasil, apresentam características próprias e as experiências tem
demonstrado que, quando usados em bases de pavimentos, apresentam bons resultados
nas obras, apesar de não se enquadrarem nas especificações tradicionais. De fato, existe
uma discrepância entre o comportamento previsto pelas classificações tradicionais e o
comportamento apresentado nas pistas. Isto ocorre porque essas especificações não levam
em consideração as peculiaridades dos solos tropicais, (Nogami e Villibor, 1985).
Diversos estudos foram realizados para analisar a influência dos fatores acima citados, na
qualidade dos materiais usados em bases construídas com solos lateríticos e as principais
divergências encontradas, entre os resultados alcançados e as previsões dos critérios
tradicionais, são destacadas, por exemplo, nos trabalhos de Serra (1987), Serra e Bernucci
(1993) e Nogami e Villibor (1995).
31
2.4.2 Norma DNIT-ES 141/2010 - Base estabilizada granulometricamente
Essa norma do DNIT estabelece a sistemática que deve ser empregada na execução da
camada de base com utilização de solos estabilizados granulometricamente, bem como
os requisitos para os equipamentos, materiais, execução, amostragem e ensaios,
condicionantes ambientais, controle de qualidade e critérios de medição dos serviços.
A B C D E F
Peneiras
% em peso passando
2” 100 100 - - - -
32
2.4.3 Norma DNIT-ES 098/2007 - Base estabilizada granulometricamente com
utilização de solo laterítico
SiO2
60
𝐾𝑟 = Al2O3 Fe2 O3 (2.7)
+
102 160
Onde:
Kr = Relação molecular sílica-sesquióxido;
SiO2 = Sílica;
Al2 O3 = Sesquióxido de Alumínio;
Fe2 O3 = Sesquióxido de Ferro.
apresentar ISC ≥ 60, para Número N ≤ 5 x 106; ISC ≥ 80, para Número N > 5 x
106 e expansão ≤ 0,2;
a fração que passa na peneira nº 40 deve apresentar LL ≤ 40 e IP ≤ 15;
apresentar equivalente de areia > 30;
33
apresentar porcentagem que passa na peneira nº 200 ≤ 2/3 da porcentagem que
passa na peneira nº 40;
o desgaste, quando submetido ao ensaio de abrasão Los Angeles ≤ 65 %,
admitindo-se a não realização desse ensaio nos casos em que o material tenha
apresentado desempenho satisfatório em utilização anterior.
Segundo Silva (2010), a mineralogia dos solos tropicais geralmente é composta por
minerais como a caulinita (Al2Si2O5(OH)4), goetita (Fe2O2H), gipsita (Al(OH)3), quartzo
(SiO2), hematita (Fe2O3) e outros como a ilmenita (FeTiO3) e magnetita (Fe3O4), de modo
que as determinações da composição mineralógica e dos índices a ela relacionados,
fornecem importantes resultados que permitem a avaliação do grau de intemperização de
um solo. Um desses índices é o Ki, proposto por Harrassovitz , ( Kehrig, 1949), (IBGE,
2015), para indicar a relação molar SiO2 / Al2O3 da fração argila do solo. No Brasil é
utilizado na definição do horizonte B latossólico, Ki < 2, (IBGE, 2015).
O indice Kr, também é indicativo do grau de intemperização dos solos, sendo empregado
para separar os solos cauliníticos (kr > 0,75) de solos oxídicos ( Kr < 0,75), (IBGE, 2015).
34
desvio de sua trajetória, contornando o objeto ou se espalhando após a passagem. Como
os raios X tem comprimento de onda na mesma ordem de grandeza dos átomos e das
distâncias interatômicas no retículo cristalino, quando a radiação X atravessa um cristal
regular, produz-se o fenômeno da difração.
Para Fabris et al. (2016), os planos do retículo cristalino tridimensional funcionam como
refletores, desviando a radiação, porém para que seja possível a detecção da radiação
emergente, as ondas devem estar em fase.
35
CAPÍTULO 3
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Tomando como referência a Norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007), que preconiza
os critérios para execução de bases, estabilizadas granulometricamente com a utilização
de solos lateríticos, algumas amostras foram submetidas ao ensaio para determinação da
relação sílica-sesquióxidos. Para complementar a análise, as amostras de E1 e E2, solos
finos utilizados na composição de todas as dezesseis misturas, foram submetidas à
difratometria por Raios-X.
Todas as misturas foram submetidas aos ensaios de compactação tipo Mini-MCV e Perda
de Massa por Imersão (Pi) e, posteriormente, classificadas segundo a metodologia MCT.
Essas classificações foram comparadas com os resultados da determinação da relação
sílica- sesquióxidos, com o objetivo de avaliar a aplicabilidade da classificação MCT para
a comprovação do caráter laterítico ou não laterítico das misturas.
36
Complementando a sequência experimental, as misturas foram submetidas aos ensaios
tradicionais de caracterização e aos ensaios de Compactação e ISC, para a avaliação de
forma aproximada da resistência mecânica e da expansão.
Figura 3-1 – Mapa de localização da região de amostragem dos materiais (Naime et al., 2014)
O clima que predomina em quase toda a região de trabalho é tipicamente tropical úmido,
tipo Aw da classificação Köppen, com invernos secos e verões chuvosos, com
precipitação média anual variando de 1400 mm a 1500 mm. Em altitudes maiores que
37
800 m prevalece o clima Cwa. A temperatura média anual regional oscila entre 21 ºC e
23 ºC, sendo outubro o mês mais quente, com temperatura média entre 22 ºC e 24 ºC e
julho o mês mais frio, com temperatura média variando de 18 ºC a 20 ºC (Naime et al.,
2014).
A área está inserida na região do cerrado, tendo a leste e a noroeste inclusões da caatinga.
Dentro do complexo do cerrado podem ser identificadas formações vegetais como a
Floresta Tropical, Cerrado e Cerradão, esta última sendo a formação dominante.
Aparecem também áreas com Veredas, Campo Limpo e Campo de Várzea (Naime et al.,
2014).
Nas áreas próximas aos locais de coleta de amostras, podemos identificar formações do
Grupo Bambuí, do Grupo Vazante e as coberturas terciárias, com as seguintes
características:
38
Figura 3-2 - Unidades Geológicas da Região (Adaptado de Bizzi et al.,(2001 e Rodrigues, 2008)
As Figuras 3.3 a 3.5 ilustram as rochas presente nas áreas de coleta, em cortes as margens
da BR-215/MG.
39
Figura 3-5 - Rochas da região - Grupo Bambuí
Observa-se, pela análise da tabela, que as maiores extensões correspondem aos latossolos
e em seguida aos Cambissolos e Neossolos litólicos, ambos de horizonte B incipiente. Os
nitossolos e Plintossolos não foram representados, devido as pequenas extensões que
ocupam em relação a área total.
A escolha da região foi motivada pelo conhecimento prévio das características geológicas
e da formação dos solos e, pela localização, da Unidade Local de Paracatu, que gerenciava
os serviços do DNIT na região e que disponibilizou apoio logístico na fase de coleta de
amostras.
40
Para a elaboração do plano de coleta, inicialmente foi realizada uma consulta ao
engenheiro Olímpio Moraes, da UL de Paracatu, a respeito da localização de todas as
jazidas de cascalho utilizadas para as obras de construção e restauração da rodovia BR-
251. Em seguida foi realizada uma consulta bibliográfica sobre as características
geológicas e dos solos da região. Nesta fase a publicação Solos e Avaliação do Potencial
Agrossilvipastoril das Microrregiões Paracatu e Unaí, em Minas Gerais (Naime et al.,
2014), possibilitou o conhecimento dos tipos de solos existentes na região.
A escolha das fontes de consulta foi de grande valia, pois o conhecimento das condições
de campo que dispunha a equipe técnica do DNIT, muito auxiliou na localização rápida
e precisa de três jazidas de cascalho laterítico, ou plintosolos pétricos, denominadas de
J1, J2 e J3, nas quais foram coletados os materiais da pesquisa, apesar do material de J3
não ter sido utilizado na montagem definitiva das misturas estudadas, por não satisfazer
as exigências da pesquisa. Além disso, foram fundamentais as informações da EPAMIG
(Naime et al., 2014), aliadas às observações de campo, que permitiram a localização e
coleta das amostras de solos finos. Inicialmente, foi seleciona uma área com a presença
de latossolo vermelho-amarelo, de textura média, e em seguida, uma ocorrência de
latossolo vermelho, de textura argilosa, que foram denominados E1 e E2,
respectivamente.
41
Jazida 4, caracterizada como latossolo vermelho-amarelo, denominada E1,
próximo a Brasilândia de Minas, nas coordenadas 17°8'9.20"S (latitude) e
45°56'32.70"O (longitude);
Jazida 5, caracterizada como latossolo vermelho, denominada E2, nas margens da
BR-251/MG, nas coordenadas 16°41'40.50“S (latitude) e 46°26'55.30"O
(longitude).
Figura 3-6 - Localização das jazidas J1, J2, E1 e E2, mostrando ao centro a BR-251
42
Figura 3-8 - Coleta de amostras - Armazenamento na UL Paracatú
43
3.4 MONTAGEM DAS MISTURAS
Os materiais das jazidas J1, J2, J3, E1 e E2 foram submetidos aos ensaios de
granulometria por peneiramento e, com base no resultado desses ensaios foram montadas
quinze misturas de solos, através de combinações desses materiais, dois a dois, ou três a
três, em diferentes proporções. Inicialmente, cada material foi espalhado e
homogeneizado sobre uma lona, por aproximadamente dez horas, para secagem ao ar e
ensacado novamente em sacos de polietileno de 60 kg. As Figuras 3.11 e 3.12 ilustram a
secagem das amostras.
44
procedimento experimental. Foram utilizados materiais das três cascalheiras J1, J2, J3,
bem como os latossolos E1 e E2, mas, antes do início dos ensaios, devido a falta de
experiência anterior nesse tipo de montagem, muitas amostras foram perdidas.
Observou-se que algumas misturas não apresentavam características que atendessem aos
objetivos do trabalho, pois, ora se enquadravam numa faixa granulométrica recomendada
pela metodologia tradicional, ora não se enquadravam em nenhuma faixa, mas nunca se
enquadravam numa faixa indicada para solos lateríticos, que era um dos objetivos da
pesquisa.
Neste sentido, foi então realizada uma nova programação de misturas, conforme os
materiais e proporções apresentados na Tabela 3.2, num total de dezesseis misturas e
grande parte das amostras iniciais foi descartada. Ressalta-se que as misturas M-25 e M-
27 foram idealizadas numa etapa posterior, com o objetivo de se obter materiais que se
enquadrassem na faixa A para solos lateríticos.
Para Senço (2007), o problema da obtenção de uma mistura dentro de determinada faixa
granulométrica, partindo de materiais que individualmente não se enquadram na faixa
desejada, pode ser resolvido com diversos métodos de cálculo, como o algébrico, o das
tentativas, o de Rothfuchs e outros. Para a presente pesquisa, foi elaborada uma planilha
excel, que determina as porcentagens dos componentes, segundo o método das tentativas.
45
90% de material proveniente de J1
10% de material proveniente do empréstimo E2
1 2 - 90 / 10
Empréstimo E2
Jazida J1
Figura 3-13 - Esquema do código de identificação das misturas, com dois materiais.
Com base nos dados da Tabela 3.2, ( obtidos pelo método das tentativas) foram montadas
novas misturas, mas, devido a possibilidade de falta de material para a realização de todos
os ensaios previstos na campanha e pela dificuldade de obtenção de novas amostras, em
função da grande distância da área de ocorrência dos materiais, foi necessário fazer a
montagem, reservando para execução dos ensaios de compactação e ISC, três sacos de
7,0 kg para cada mistura. As misturas para realização da análise granulométrica foram
montadas em sacos de polietileno de 4,0 kg e de limites de liquidez e limite de
plasticidade, em sacos de 1,5 kg, cada.
46
Para realização dos ensaios compactação Mini-MCV e Pi, foram montadas misturas com
7,0 kg, e para realização dos ensaios de relação sílica-sesquióxidos, com 2,5 kg. Para a
montagem dessas misturas, adotou-se o método de preparar cada amostra, de 7,0 kg ou
4,0 kg, etc., em caixas individuais de polietileno, com as proporções adequadas de cada
material, e realizando a homogeneização com auxílio de colher de pedreiro.
Após a montagem das misturas e colocação em sacos de polietileno, todo o material foi
novamente armazenado na sala de triagem de amostras do NUGEO/UFOP. As amostras
foram submetidas aos ensaios de Índice de Suporte Califórnia, para avaliação da
47
resistência mecânica e expansão, aos ensaios tradicionais para caracterização e
classificação dos solos, e aos ensaios para identificação do caráter laterítico dos solos,
propostos nesta pesquisa.
Com base nessa realidade exposta, a presente pesquisa procurou analisar a aplicabilidade
da classificação MCT na determinação do comportamento laterítico ou não laterítico
exigido pela norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007), na busca de uma alternativa
tecnicamente viável, executada nos próprios laboratórios de pavimentação das obras, em
substituição à relação sílica sesquióxidos e, de forma complementar, a avaliação da
resistência mecânica das misturas, em função da variação da composição granulométrica.
48
quantidades de SiO2, Fe2O3, Al2O3 e dos valores de Kr e Ki, de acordo com a metodologia
preconizada pela norma DNER-ME 030/1994 (BRASIL, 1994c).
Cada amostra foi triturada até o diâmetro que passasse pela peneira de 0,075 mm e
prensada em lâmina de alumínio, vazada pelo método backload, para aquisição de dados
no difratômetro. Esse método minimiza qualquer orientação preferencial que possa
ocorrer em decorrência da presença de argilominerais. O equipamento utilizado foi um
difratômetro Shimadzu XRD 6000, com radiação CuK (l = 1,5418Å), modo q-2q (Bragg-
Brentano), varredura de 5º a 80º 2θ, com velocidade de 2º/min e passo de 0,02º.
De acordo Fabris et al. (2016), esta técnica é de grande precisão para análise mineralógica
das frações areia e silte. No entanto, para as argilas, que possuem cristais de tamanhos
menores, as informações sobre a natureza cristalográfica são relativamente limitadas.
49
compactação e de suportes para cápsulas de Perda de Massa por Imersão devido ao grande
número de ensaios programados. Reforça-se que os resultados obtidos nesta etapa serão
comparados com aqueles obtidos com a utilização da norma DNER-ME 030/1994
(BRASIL, 1994c), que preconiza a determinação da relação sílica-sesquióxidos.
50
Em seguida realizou-se a adição de água em cada uma das amostras de 500 g, variando
de forma crescente, a cada 2% para solos arenosos, a cada 3% para solos argilosos
lateríticos e a cada 5% para as argilas não lateríticas e siltes micáceos ou cauliníticos, até
se conseguir abranger uma faixa de umidade tal, que permitisse o traçado completo da
curva de compactação. Caso não tivesse sido atingido este objetivo, devido à
inexperiência ou devido ao comportamento de algum material, diferente do esperado, o
recurso da preparação de mais de cinco amostras poderia auxiliar na obtenção da faixa de
umidade adequada.
51
Figura 3-19 – Vista da preparação de amostras úmidas para o ensaio decompactação Mini-MCV
Figura 3-20 – Vista das amostras prontas para o ensaio de compactação Mini-MCV
O ensaio poderia ser realizado com amostras pesando menos de 500 g, pois para a
compactação são necessários 200 g, e mais 100 g são suficientes para determinação do
teor de umidade. No entanto, esta redução poderia tornar a operação de adição de água
52
mais imprecisa, pois quanto menor o peso da amostra preparada, menor a quantidade de
água adicionada para se alcançar o teor de umidade desejado.
a diferença entre a leitura obtida após 4n golpes e a obtida após n golpes foi menor
que 2,0 mm;
houve intensa exsudação de água no topo e na base do corpo de prova;
o número de golpes atingiu o valor de 256.
Após esse período as cápsulas com o material desagregado foram retiradas e levadas para
secagem em estufa, para permitir o cálculo da Perda de Massa por Imersão (Pi). A massa
do solo seco em estufa, da porção desprendida do corpo-de-prova, em gramas, é
denominada Md. Com o valor de Md associado aos valores da massa seca individual de
cada corpo de prova( Ms) e a altura inicial do corpo-de-prova , calculou-se o valor de Pi
que foi utilizado na classificação, por meio do gráfico Pi x Mini-MCV. Neste gráfico,
procurou-se o valor de Mini-MCV igual a 15 para os solos de alta massa específica, ou
igual a 10 para os solos de baixa massa específica, de acordo com o seguinte critério, já
destacado no Capítulo 2.
53
das ordenadas. Se Af fosse menor que 48 mm, o solo era considerado de alta massa
específica. Se Af fosse maior ou igual a 48 mm, o solo era considerado de baixa massa
específica. As Figuras 3.21 e 3.22 apresentam exemplo de curvas obtidas com estes
procedimentos.
No início da execução dos ensaios ocorreram alguns casos de perda de material, entre o
soquete e o cilindro, acarretando a perda do corpo de prova. Isto ocorria na compactação
dos solos mais argilosos, nos pontos de teor de umidade próximos ou superiores à
umidade ótima.
54
uma diferença na massa de solo final do corpo de prova. Passou-se também a adotar a
utilização dos anéis na sequência dos procedimentos de execução dos ensaios.
55
Figura 3-25 - Detalhe do anel de vedação inferior
No que tange a determinação da altura do corpo de prova com relativa precisão, adotou-
se, desde o início da campanha de ensaios, o procedimento de aferição da prensa de
compactação, conforme a recomendação da própria norma DNER-ME 258/1994
(BRASIL, 1994a).
Na compactação das amostras que apresentavam menores teores de umidade, mais secas,
que exigiam a aplicação de 256 golpes, algumas vezes ocorreu a fuga do cilindro em
relação à base da prensa de compactação Mini-MCV. Durante a compactação
principalmente das amostras em que se utilizava um grande número de golpes, era comum
esta ocorrência. Nesses casos, a distância entre a face inferior do solo compactado e a
56
extremidade inferior do cilindro foi reduzindo gradativamente, até que, antes da aplicação
do número de golpes necessários para completar a série, a amostra alcançou a
extremidade do cilindro, fazendo que este saísse da base da prensa .
57
Figura 3-29 – Compactação Mini-MCV (instante 1)
58
Figura 3-32 – Compactação Mini-MCV (instante 4)
59
Figura 3-35 – Perda de Massa por Imersão (instante 3)
60
3.7 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA MECÂNICA E DA EXPANSÃO
Figura 3-38 – Vista das amostras preparadas para a realização dos ensaios ISC
61
Figura 3-39 – Vista das amostras imersas para verificação da expansão
Estes procedimentos (incluindo todos os ensaios descritos) foram adotados como sendo
os métodos da pesquisa, cujos resultados são apresentados em discutidos no próximo
capítulo.
62
CAPÍTULO 4
63
100
90
80
Porcentagem que Passa (%)
70
60
50
40
30
J-1
20 J-2
E-1
10 E-2
0
0,01 0,10 1,00 10,00 100,00
Diâmetro (mm)
Figura 4-1 – Curvas granulométricas dos materiais J1, J2, E1 e E2, sem sedimentação
100
90
M-1
80 M-3
M-4
70
Porcentagem que Passa (%)
M-5
M-6
60 M-7
M-8
50
M-17
M-18
40
M-19
M-20
30
M-21
M-22
20
M-23
10 M-25
M-27
0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
Diâmetro (mm)
64
100
90
M-1
80 M-3
M-4
70 M-5
Porcentagem que Passa (%)
M-6
60 M-7
M-8
50 M-17
M-18
40
M-19
M-20
30
M-21
M-22
20
M-23
M-25
10
M-27
0
0,01 0,10 1,00 10,00 100,00
Diâmetro (mm)
Conforme citado no Capítulo 3, item 3.4, para a determinação das porcentagens dos
materiais, foi elaborada uma planilha eletrônica, com base no método das tentativas.
Granulometria (% passante)
Mistura
1" 3/8" nº 4 nº10 nº 40 nº 200
65
Tabela 4.2 – Distribuição granulométrica das misturas, previsto e executado
Mistura M-1 M-3 M-4 M-5 M-6 M-7 M-8 M-17 M-18 M-19 M-20 M-21 M-22 M-23 M-25 M-27
212-70/10/20
212-65/10/25
12-70,5/29,5
12-80/20
12-70/30
11-70/30
11-60/40
11-50/50
12-60/40
12-50/50
21-60/40
22-80/20
22-65/35
21-70/30
22-70/30
12-68/32
Código
P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E P E
1" 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
( % Passante)
3/8" 84,3 86,5 86,3 89,4 86,3 89,8 88,2 88,5 90,2 85,9 88,2 93,0 90,2 95,9 92,5 93,2 93,0 94,3 93,6 89,8 91,4 93,4 93,0 92,7 92,5 95,1 92,5 95,0 80,5 80,1 79,0 78,3
no. 4 57,8 57,5 63,0 67,1 63,0 65,5 68,3 69,8 73,6 68,9 68,3 77,0 73,6 81,6 64,9 69,1 67,4 71,2 69,9 64,8 59,9 67,4 67,4 70,8 64,9 71,3 64,9 74,8 58,4 55,0 58,0 53,4
Granulometria
no.10 39,5 37,8 47,1 47,6 47,1 47,9 54,6 55,8 62,2 56,9 54,6 60,8 62,2 66,4 39,2 41,3 43,6 44,4 47,9 44,1 30,6 34,1 43,6 45,0 39,2 40,1 39,2 45,3 41,4 38,4 41,5 39,3
no. 40 36,0 33,3 43,9 40,0 43,2 41,9 50,8 50,8 58,4 52,4 51,8 56,8 59,7 62,0 33,9 34,7 38,5 36,4 42,4 39,6 24,8 24,4 38,7 32,2 33,4 33,2 34,1 35,7 37,6 35,9 38,4 37,3
no.200 26,7 17,8 35,3 31,0 19,5 17,4 22,8 21,6 26,1 22,9 43,8 32,1 52,3 36,5 26,9 24,7 31,4 25,0 20,1 17,3 23,1 20,3 36,6 26,9 16,4 15,4 32,1 30,9 27,3 28,8 29,1 30,5
P - Previsto
E - Executado
66
Tabela 4.3 – Resultados dos ensaios de caracterização das misturas
M-01 12-80/20 100 86,48 57,46 37,75 33,31 17,75 2,085 62,2 21,4 6,6 9,8 25 18 7 0 SC-SM A-2-4 N. E. B
M-03 12-70/30 100 89,42 67,08 47,63 40,03 30,97 2,023 51,1 21,0 12,0 15,9 39 24 15 1 SC A-2-6 N. E. B
M-04 11-70/30 100 89,78 65,54 47,88 41,89 17,43 2,148 50,9 35,6 5,0 8,5 20 12 8 0 SC A-2-4 D B
M-05 11-60/40 100 88,52 69,77 55,84 50,80 21,61 2,170 43,1 37,8 7,3 11,8 19 17 2 0 SM A-2-4 N. E. N. E.
M-06 11-50/50 100 85,90 68,93 56,91 52,38 22,86 2,168 42,0 38,2 9,2 10,6 18 12 6 0 SC-SM A-2-4 N. E. N. E.
M-07 12-60/40 100 93,02 77,02 60,84 56,77 32,05 1,935 38,2 32,3 11,9 17,6 28 18 10 0 SC A-2-4 N. E. N. E.
M-08 12-50/50 100 95,87 81,61 66,35 61,99 36,48 1,920 32,8 36,7 15,1 15,4 29 21 8 0 SC A-4 N. E. N. E.
M-17 212-70/10/20 100 93,24 69,10 41,33 34,69 24,66 2,312 57,3 18,2 10,2 14,3 33 19 14 0 SC A-2-6 D B
M-18 212-65/10/25 100 94,31 71,18 44,44 36,35 24,96 2,300 54,2 20,6 12,0 13,2 31 22 9 0 SC A-2-4 D B
M-19 21-60/40 100 89,75 64,79 44,13 39,55 17,26 2,390 54,5 29,3 7,3 8,9 18 8 10 0 SC A-2-4 D B
M-20 22-80/20 100 93,40 67,44 34,10 24,36 20,27 2,310 64,3 15,0 8,6 12,1 38 24 14 0 SC A-2-6 N. E. B
M-21 22-65/35 100 92,71 70,78 45,00 32,22 26,85 2,200 53,7 18,7 15,0 12,6 31 20 11 0 SC A-2-6 N. E. B
M-22 21-70/30 100 95,10 71,26 40,05 33,16 15,39 2,405 58,8 26,6 6,5 8,1 19 15 4 0 SC-SM A-1-b D N. E.
M-23 22-70/30 100 94,97 74,76 45,28 35,72 30,91 2,030 53,4 15,9 14,3 16,4 44 29 15 1 SM A-2-7 N. E. B
M-25 12-70,5/29,5 100 80,10 55,03 38,35 35,85 28,78 2,130 61,6 13,2 11,6 13,6 36 26 10 0 SM A-2-4 N. E. A
M-27 12-68/32 100 78,25 53,37 39,30 37,34 30,47 2,070 60,7 12,6 12,6 14,1 37 26 11 0 SM A-2-6 N. E. A
Pedr. - Pedregulho
Faixa Trad. - Faixa Tradicional
Faixa S. Lat. - Faixa para Solos Lateríticos
N.E. – Não Enquadra
67
Observando os resultados apresentados na Tabela 4.1 e Figura 4.1, percebe-se que os
materiais das jazidas J1 e J2 não se enquadram em nenhuma das faixas estipuladas para
execução de bases estabilizadas granulometricamente, de acordo com recomendações
normativas. As misturas M-1 (12-80/20), M-7 (12-60/40), M-08 (12-50/50), M-18 (212-
65/10/25) e M-21 (22-80/20), apresentaram uma diferença acentuada entre a composição
granulométrica prevista e a executada, em especial na peneira nº 200 (Tabela 4.2).
Este comportamento pode ter sido causado por uma variação na composição do solo fino
E2, componente de todas essas misturas. As diferenças não invalidam os resultados, pois
foram adotados os valores executados, obtidos nos ensaios, e as amostras foram sempre
montadas na mesma proporção. Em função do processo empregado, antes da montagem
de todas misturas, cada material foi cuidadosamente homogeneizado, de modo a garantir
que todos os sacos de determinada mistura apresentassem uma composição uniforme.
Buscando uma organização em grupos das diferentes misturas trabalhadas, com base no
resultado da composição granulométrica e no enquadramento nas faixas, estas foram
subdivididas em três grupos distintos:
o primeiro grupo é formado por aquelas misturas que se enquadram e uma das
faixas criadas para solos lateríticos, indicadas pela norma DNIT-ES 098/2007
(BRASIL, 2007). Esse grupo é composto pelas misturas M-01 (12-80/20), M-03
(12-70/30), M-20 (22-80/20), M-21 (22-65/35) e M-23 (22-70/30), que se
enquadraram na faixa B e pelas as misturas M-25 (12-70,5/29,5) e M-27 (12-
68/32), que se enquadraram na faixa A;
o segundo grupo compreende aquelas misturas que não se enquadraram em
nenhuma faixa granulométrica. Desse grupo fazem parte as misturas M-05 (11-
60/40, M-06 (11-50/50), M-07 (12-60/40) e M-08 (12-50/50);
68
o terceiro grupo compreende as misturas que se enquadraram em uma das faixas
tradicionais, determinadas pela norma DNIT-ES 141/2010 (BRASIL, 2010), para
bases estabilizadas granulometricamente. Esse grupo é composto pelas misturas
M-04 (11-70/30),
M-17 (212-70/10/20), M-18 (212-65/10/25), M-19 (21-60/40) e M-22 (21-70/30),
que se enquadraram na faixa D.
Com base na classificação TRB, a maioria das misturas (M-01 (12-80/20), M-04 (11-
70/30), M-05 (11-60/40, M-06 (11-50/50), M-07 (12-60/40), M-17 (212-70/10/20), M-
18 (212-65/10/25), M-19 (21-60/40), M-20 (22-80/20), M-21 (22-65/35), M-23 (22-
70/30), M-25 (12-70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), foram classificadas como A-2-4, A-2-
6 ou A-2-7, pertencentes ao grupo 2, que segundo Vargas (1978) e Baptista (1980), são
solos com grande variedade de materiais granulares, situados no limite entre os solos do
grupo 1 (pedras e areias) e os solos do grupo 4 (siltes ). Apresentam um comportamento
satisfatório quando empregados em bases de pavimentos e correspondem aos solos mal
graduados com finos, de bom comportamento como subleito. A mistura M-22 (21-70/30)
foi classificada como A-1-b, que corresponde às misturas de pedra, pedregulho e areia,
com excelente comportamento como subleito e, a mistura M-08 (12-50/50) como A-4.
Segundo Vargas (1978) a classificação A-4 representa os siltes e argilas de baixa
plasticidade, com precário comportamento quando utilizados como base, devido ao
inchamento causado pela saturação.
Já com base na classificação unificada, a maioria das misturas foi classificada como SC,
correspondente às areias argilosas com ou sem pedregulhos, com mais de 12% de finos e
algumas, como SM, correspondente às areias siltosas com pedregulho ou sem pedregulho,
ou mesmo SC-SM, correspondente às areias argilo-siltosas com ou sem pedregulho.
69
Segundo Vargas (1978) os solos SM correspondem às areias siltosas, equivalentes às
misturas mal graduadas de areia e silte, caracterizadas pela presença de finos não
plásticos. Os solos SC correspondem às areias argilosas, equivalentes às misturas mal
graduadas de areia e argila, caracterizadas pela presença de finos com plasticidade.
Entretanto, a classificação MCT dessas misturas, M-04 (11-70/30) ( LA’), M-17 (212-
70/10/20) ( LA’), M-19 (21-60/40) ( NA’ LA’) e M-22 (21-70/30) ( LA’NA’), nos
permite prever, devido ao comportamento laterítico ( ou parcialmente laterítico) e
arenoso dessas misturas, um desempenho superior ao desempenho das outras misturas,
M-03 (12-70/30) ( LG’), M-18 (212-65/10/25) ( LG’), M-20 (22-80/20) ( LG’) e M-21
(22-65/35) ( LG’), o que foi comprovado com o resultado dos ensaios. Para (M-01 (12-
80/20) ) ( SC-SM e A 2-4), embora a classificação MCT seja LG’, o percentual maior de
areia e pedregulho permitiu um desempenho superior dessa mistura, semelhante às
misturas de comportamento laterítico e arenoso.
70
4.2 IDENTIFICAÇÃO DO CARATER LATERÍTICO
212-65/10/25
Parâmetro
12-80/20
12-70/30
22-80/20
22-65/35
21-70/30
22-70/30
71
Conforme mostra a Tabela 4.4, o material da jazida J-01, apresenta o valor de Ki = 4,327,
sendo o mais elevado, destoando-se das demais amostras, e incompatível com o valor
correspondente de Kr. J-02, E-01 e E-02 já apresentaram valores menores que 2,
tipicamente dos solos lateríticos. Nestes solos, os resultados mostram uma possibilidade
de ocorrência prévia da remoção parcial e/ou total da sílica e posterior concentração do
alumínio.
Para o caso dos resultados de Kr, que representa a relação molecular entre a sílica e
sesquióxidos (soma de Al2O3 e Fe2O3), todas as misturas apresentaram valores menores
do que 2. Os solos lateríticos são aqueles cuja relação molecular sílica/sesquióxido é
menor do que 2 , que são indicativos de solos muito intemperizados, com características
peculiares.
72
Figura 4.4 – Difratograma de raios-X da amostra E1
73
4.2.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
74
Figura 4.9 – Imagem da MEV - Mistura M-18 - ampliação 500X
75
capacidade de adsorção de água pelos argilominerais. Neste último caso, pode ocorrer
uma cimentação natural das partículas.
Os resultados obtidos segundo a metodologia MCT, para os materiais J1, J2, E1 e E2, são
apresentados na Tabela 4.6. Além dos dados e parâmetros relacionados às amostras, os
resultados obtidos para as dezesseis misturas são apresentados na Tabela 4.7, destacada
na sequência. Deve-se ressaltar, que para execução dos ensaios, foi adotado o mesmo
procedimento de formação das amostras recomendado para as amostras submetidas ao
ensaio de determinação da relação sílica-sesquióxidos, norma DNER-ME 030/1994
(BRASIL, 1994c), que consiste na utilização da porção de solo que passa na peneira de
2,0 mm. A classificação refere-se portanto à fração de solos finos contida nas misturas.
Tabela 4.6 – Parâmetros e classes obtidos pela metodologia MCT, para J1, J2, E1 e E2
Material c' d' Pi e' Classe (MCT)
J1 1,56 62,60 88,00 1,06 LA' NA'
J2 1,29 46,67 100,00 1,13 LA' NA'
E1 1,03 93,96 115,00 1,11 LA' NA'
E2 2,05 59,03 20,00 0,81 LG'
Tabela 4.7 - Parâmetros e classes obtidos pela metodologia MCT, para as misturas.
Mistura Código c’ d’ Pi e’ Classe (MCT)
M-01 12-80/20 1,85 38,30 0,00 0,81 LG’
M-03 12-70/30 2,06 77,22 118,00 1,13 LG’
M-04 11-70/30 1,19 101,52 80,00 1,00 LA’ (?)
M-05 11-60/40 1,22 109,10 111,00 1,09 LA’NA’
M-06 11-50/50 1,01 66,88 80,00 1,03 LA’NA’
M-07 12-60/40 1,86 62,79 3,00 0,70 LG’
M-08 12-50/50 2,05 110,42 50,00 0,88 LG’
M-17 212-70/10/20 1,48 102,92 38,00 0,83 LA’
M-18 212-65/10/25 1,87 84,73 43,00 0,97 LG’
M-19 21-60/40 1,32 133,50 180,00 1,25 NA’ LA’
M-20 22-80/20 1,63 22,72 5,00 0,98 LG’
M-21 22-65/35 1,86 37,93 77,00 1,09 LG’
M-22 21-70/30 0,81 96,52 87,00 1,03 LA’NA’
M-23 22-70/30 1,89 61,93 28,00 0,84 LG’
M-25 12-70,5/29,5 1,79 80,92 60,00 0,95 LG’
M-27 12-68/32 1,85 75,87 40,00 0,87 LG’
76
Pela tabela 4.6, percebe-se que o material proveniente da jazida J1 foi classificado como
LA’NA’, de comportamento transicional, com caráter parcial de laterização, segundo
expressão utilizada por (Marson, 2004). Resalta-se que esta classificação, não exclui o
comportamento laterítico, Este resultado é equivalente ao resultado obtido através da
relação sílica-sesquióxidos, o qual indica para J1 o valor de Kr = 1,9864, próximo do
limite entre comportamento laterítico e não laterítico ( Kr =2,0).
Já o solo E2, conforme o resultado apresentado, foi classificado como LG’, ou seja, de
comportamento laterítico argiloso, que é equivalente à classificação obtida através da
relação sílica-sesquióxidos ( kr = 1,516). Os minerais identificados através da
difratometria de raios-X, também indicaram solos com comportamento laterítico.
A análise da Tabela 4.7 indica que todas as misturas formadas por dois componentes nas
quais foi utilizado o material E2, foram classificadas como LG’, conforme esperado, visto
que, o caráter laterítico argiloso de E2, já tinha sido confirmado através da classificação
MCT, onde foi identificado como LG’, através da relação sílica-sesquióxidos e da
difratometria de raios-X.
Nas misturas formadas por dois componentes, em que o material fino utilizado foi a
amostra E1, quatro delas foram classificadas como LA’, comportamento laterítico
arenoso, e duas como transicionais (LA’NA’ e NA’LA’). Obviamente, estes resultados
também já eram esperados, pois o material E1 foi classificado como LA’NA’ na
77
classificação MCT (caráter parcial de laterização) e apresentou valor de Kr < 2,
correspondente aos solos muito intemperizados. A composição mineralógica por
difratometria de raios-X, com base no grau de intensidade dos minerais detectados, indica
que esse material apresenta um grau de intemperização, porém menos intenso do que
ocorre no material E2, conclusão que está coerente com os resultados da classificação
MCT.
A Figura 4.11 expõe os resultados obtidos do ponto de vista gráfico, inserindo no ábaco
todos os pontos obtidos pela relação c’ versus e’, considerando as amostras J1, J2, E1 e
E2, além de todas as misturas. Pela curva, observa-se que a nuvem de pontos obtidos
situa-se majoritariamente na região inferior do ábaco, evidenciando o comportamento
laterítico das amostras e misturas pesquisadas. A única mistura situada na parte superior,
após adotado o critério destacado no Capítulo 2, item 2.3, apresenta comportamento
transicional, com caráter parcial de laterização.Reforça-se que todos os gráficos
classificatórios, relacionados aos ensaios de compactação Mini-MCV e Perda de Massa
por Imersão (desenvolvido com o objetivo de distinguir os solos tropicais lateríticos dos
solos não lateríticos), responsáveis pela geração das curvas de deformabilidade e de
compactação (cálculo dos coeficientes c’ e d’) e, consequentemente, pelos cálculos do
índice e’ (que indicará se o solo tem comportamento laterítico ou não), são apresentados
no Anexo A desta dissertação.
2,2
2,1
2
1,9 NS'
1,8 NA
1,7 NG'
1,6
1,5
Índice e'
1,4 NA'
1,3
1,2
1,1
1
0,9 LA
0,8
0,7 LA' LG'
0,6
0,5
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Coeficiente c'
Figura 4.11 – Gráfico classificatório MCT para as amostras J e E e das misturas estudadas
78
Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando nas faixas A
ou B, para solos lateríticos
79
caráter parcial de laterização, M-07 (12-60/40) e M-08 (12-50/50) como LG’, de caráter
laterítico argiloso. Ademais, os valores de d’ foram todos superiores a 60. Esta é uma
característica dos solos lateríticos.
No grupo das misturas que se enquadram na faixa tradicional D, M-04 (11-70/30), M-17
(212-70/10/20), M-18 (212-65/10/25), M-19 (21-60/40) e M-22 (21-70/30), segundo a
tecnologia MCT, duas foram identificadas com o caráter laterítico LA’, sendo elas, M-17
(212-70/10/20) e M-18 (212-65/10/25). Duas foram classificadas como transicionais: M-
19 (21-60/40) como NA’LA’ e M-22 (21-70/30) como LA’NA’, ambas com caráter
parcial de laterização.
M-04 (11-70/30) e M-19 (21-60/40) não foram submetidas ao ensaio para determinação
da relação sílica-sesquióxidos, mas, os valores de Kr dos seus componentes, J1 (Kr =
1,986), J2 (Kr = 0,557) e E1 (Kr = 1,746), permitem inferir o comportamento laterítico
80
dessas misturas. A mistura M-19 (21-60/40) foi classificada NA’LA’, com caráter parcial
de laterização, portanto, não há incompatibilidade entre o resultado da classificação MCT
e da relação sílica-sesquióxidos.
A mistura M-04 (11-70/30), entretanto, foi a única que apresentou um grau de incerteza
na classificação. Foi classificada como LA’, pelo procedimento convencional, mas,
aplicando-se o critério descrito no Capítulo 2 (item 2.3), ela teve a classificação
prejudicada, caracterizada pelo sinal de interrogação ( LA’ ?).
212-65/10/25
12-70,5/29,5
12-80/20
12-70/30
11-70/30
11-60/40
11-50/50
12-60/40
12-50/50
21-60/40
22-80/20
22-65/35
21-70/30
22-70/30
12-68/32
Código
wot (%) 11,40 11,70 9,30 8,10 7,50 14,50 14,70 9,10 9,30 7,0 10,50 11,0 6,30 10,60 11,60 12,00
d max 2,085 2,023 2,148 2,170 2,168 1,925 1,920 2,312 2,300 2,390 2,310 2,200 2,405 2,030 2,130 2,070
(g/cm3)
Expansão 0,05 0,10 0,08 0,03 0,04 0,05 0,38 0,04 0,02 0,03 0,00 0,05 0,01 0,03 0,02 0,03
(%)
81
As misturas M-03 (12-70/30) e M-23 (22-70/30), com 30,97% e 30,91% respectivamente,
passando na peneira no 200, apresentam ISC igual a 65 e 67, que são superiores ao limite
mínimo de ISC (igual a 60), indicado pela norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007),
para base de pavimentos rodoviários, com número N ≤ 5 x 106 . Entretanto a mistura M-
23(22-70/30), apresenta LL = 44, superior ao limite máximo permitido ( igual a 40). A
mistura M-21 (22-65/35), apresenta ISC= 66, também superior ao limite mínimo para
base com número N ≤ 5 x 106. Já os valores de ISC obtidos para as misturas M-01 (12-
80/20), M-20 (22-80/20), M-25 (12-70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), são superiores ao
limite mínimo de CBR (igual a 80), indicado pela mesma norma, para bases de
pavimentos rodoviários com número N > 5 x 106.
Todas as sete misturas desse grupo, apresentaram valores de ISC suficientes para a sua
utilização em bases de pavimentos rodoviários, comprovando que os solos lateríticos
possuem comportamento diferenciado, em relação aos solos das regiões temperadas.
Como essas misturas não se enquadram numa das faixas tradicionais, os bons resultados
alcançados não seriam possíveis, caso os solos lateríticos não apresentassem um
comportamento peculiar. Todas as misturas desse grupo apresentaram baixos valores de
expansão, característicos de solos com caráter laterítico.
4.3.2 Grupo das misturas com composição granulométrica que não se enquadra
em nenhuma faixa
Pelos resultados apresentados nas tabelas, observa-se que o grupo formado pelas misturas
que não se enquadraram em nenhuma faixa granulométrica, sejam M-05 (11-60/40), M-
06 (11-50/50), M-07 (12-60/40) e M-08 (12-50/50), apresentam massa específica seca
máxima (dmax) variando de 1,92 g/cm3 a 2,170 g/cm3 e ISC variando entre 17 e 27.
Os valores de ISC dessas misturas estão muito abaixo dos valores recomendados pelas
normas, para execução de bases de pavimentos, conforme esperado. Em relação à
expansão, as misturas M-05 (11-60/40), M-06 (11-50/50) e M-07 (12-60/40) apresentam
baixos valores, no geral, inferiores a 0,2%. A mistura M-08 (12-50/50) apresenta o valor
de expansão igual a 0,38%, superior ao limite máximo de expansão ( igual a 0,2%)
permitido pela norma DNIT-ES 098/2007 (BRASIL, 2007), para bases com solos
lateríticos.
82
4.3.3 Grupo das misturas com composição granulométrica enquadrando na faixa
tradicional D
83
CAPÍTULO 5
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
84
limite que é LL=40), que são muito superiores aos valores exigidos pela norma DNIT-ES
141/2010 (BRASIL, 2010), tradicional, para execução de base. Entretanto, essas misturas
apresentaram valores de ISC superiores aos exigidos pela norma DNIT-ES 141/2010
(BRASIL, 2010), satisfazendo nesse requisito as exigências para utilização na construção
de base de pavimento.
Três misturas deste grupo, M-03 (12-70/30), M-21 (22-65/35) e M-23 (22-70/30),
apresentam valores de ISC superiores a 60 que é o limite inferior para execução de base
com número N ≤ 5 x 106, e as demais M-01 (12-80/20), M-20 (22-80/20), M-25 (12-
70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), apresentaram valores de ISC superiores a 80, que é o limite
inferior para execução de base com número N > 5 x 106.
Esses resultados confirmam o comportamento peculiar das misturas com solos lateríticos,
visto que as misturas M-01 (12-80/20), M-03 (12-70/30), M-20 (22-80/20), M-21 (22-
65/35), M-23 (22-70/30), M-25 (12-70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), não se enquadram em
nenhuma das faixas granulométricas tradicionais, onde os bons resultados são esperados,
mas ao contrário apresentam teores de argila e plasticidade superiores aos limites
estabelecidos por tais normas, e mesmo assim apresentam um desempenho superior,
compatível com a sua utilização em bases de pavimentos.
85
misturas indicam que, quando as misturas se enquadram em uma faixa tradicional, os
resultados de resistência mecânica são bons, seja para solos lateríticos ou para solos não
lateríticos.
Nas misturas que não foram submetidas ao ensaio de determinação da relação sílica-
sesquióxidos, o caráter laterítico foi inferido a partir dos resultados de Kr dos
componentes das misturas, E1, E2, J1 e J2, e dos teores desses componentes na fração
fina de cada uma das misturas. Também foram considerados os minerais detectados nos
componentes E1 e E2, através da difratometria de Raios-X. Com base nesses dados, foi
possível inferir o comportamento laterítico das misturas M-04 (11-70/30), M-05 (11-
60/40, M-06 (11-50/50), M-07 (12-60/40), M-08 (12-50/50), M-19 (21-60/40), M-25 (12-
86
70,5/29,5) e M-27 (12-68/32), que coincidiu com o caráter laterítico resultante através da
classificação MCT, para todas essas misturas, comprovando também a viabilidade da
utilização da tecnologia MCT. Ressalta-se que M-05 (11-60/40), M-06 (11-50/50) e M-
19 (21-60/40), apresentaram o comportamento transicional, equivalente ao caráter parcial
de laterização.
Para a mistura M-22 (21-70/30), o critério de solo transicional (LA’ NA’), correspondente
ao comportamento de laterização parcial, coincidiu com as propriedades inferidas através
dos valores de Kr, entretanto neste caso, sem adoção do critério a amostra seria
classificada como LA’.
87
de Kr, sugerindo que o conceito de solos transicionais pode ser útil para evolução da
tecnologia MCT.
88
─ O complemento, com a análise dos módulos de resiliência das misturas e a
análise completa da resistência mecânica.
─ A realização da classificação de todas as amostras segundo a metodologia
MCT-G.
89
REFERÊNCIAS
90
utilizando solo estabilizado granulometricamente. São também apresentados os requisitos
concernentes a materiais, equipamentos, execução, inclusive plano de amostragem e de
ensaios, condicionantes ambientais, controle de qualidade, condições de conformidade e
não-conformidade e os critérios de medição dos serviços. Brasília: DNER, 2010. 9 p.
91
L. R.F, (Editores), Química e mineralogia do solo. Parte I, 1. ed. Viçosa: SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO, 2016.
MARSON, M. Análise crítica da Classificação MCT para solos tropicais. 2004. 192f.
Dissertação (Mestrado em Infraestrutura de Transportes) – Instituto Tecnológico da
Aeronáutica, São José dos Campos, 2004.
92
NOGAMI, J. S.; VILLIBOR,D. F. Estabilização Granulométrica ou Mecânica. 1st
International Conference on Geomechanics in Tropical Lateritic and Saprolitic Soils,
Brasília,1985.
VARGAS, M. Introdução à Mecânica dos Solos. São Paulo: McGraw-Hill, 1978. 510p.
93
VILLIBOR, D. F. ; ALVES, D. M. L. Classificação de solos tropicais de granulação
fina e grossa. Revista Pavimentação, nº 43, jam-mar2017, ABPv-Associação Brasileira
de Pavimentação. Rio de Janeiro, 2017.
VILLIBOR, D. F. et al. Pavimentos de baixo custo para vias urbanas. 2. ed.-ampl. São
Paulo: Arte & Ciência, 2009. 196p.
94
Anexo A - RESULTADOS DA CLASSIFICAÇÃO MCT
d (g/cm3)
an (mm)
95
CLASSIFICAÇÃO MCT - Mistura M 03
an (mm)
d (g/cm3)
Número de Golpes
96
CLASSIFICAÇÃO MCT - Mistura M 04
d (g/cm3)
an (mm)
97
CLASSIFICAÇÃO MCT - Mistura M 05
an (mm)
d (g/cm3)
Número de Golpes
Teor de umidade (%)
98
CLASSIFICAÇÃO MCT - Mistura M 06
d (g/cm3)
an (mm)
99
CURVAS DA CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-07
d (g/cm3)
an (mm)
100
CURVAS DA CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-08
an (mm)
d (g/cm3)
Número de Golpes
Teor de umidade (%)
101
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-17
d (g/cm3)
an (mm)
102
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-18
d (g/cm3)
an (mm)
103
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-19
an (mm)
d (g/cm3)
Número de Golpes
Teor de umidade (%)
104
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-20
d (g/cm3)
an (mm)
Número de Golpes
Teor de umidade (%)
105
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-21
d (g/cm3)
an (mm)
106
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-22
d (g/cm3)
an (mm)
Número de Golpes
Teor de umidade (%)
107
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-23
d (g/cm3)
an (mm)
108
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-25
an (mm)
d (g/cm3)
Número de Golpes
Teor de umidade (%)
109
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura M-27
d (g/cm3)
an (mm)
110
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura J1
d (g/cm3)
an (mm)
Número de Golpes
Teor de umidade (%)
111
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura J2
d (g/cm3)
an (mm)
112
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura E1
d (g/cm3)
an (mm)
Número de Golpes
Teor de umidade (%)
113
CLASSIFICAÇÃO MCT- Mistura E2
d (g/cm3)
an (mm)
114
Anexo B - RESULTADOS DA DIFRATOMETRIA DE RAIOS-X
115
116
Anexo C - FOTOGRAFIAS DAS MISTURAS MONTADAS
Materiais utilizados
117
Misturas
Figura C.5 – Mistura M1
118
Figura C.7 – Mistura M4
119
Figura C.10 – Mistura M8
120
Figura C.13 – Mistura M21
121
Anexo D - FOTOGRAFIAS DOS CP’S DAS MISTURAS APÓS O
ROMPIMENTO
122
Figura D.3 – Mistura M4
123
Figura D.5 – Mistura M7
124
Figura D.7 – Mistura M18
125
Figura D.9 – Mistura M20
126
Figura D.11 – Mistura M22
127
Anexo E - FOTOGRAFIAS DOS ENSAIOS MCT
128
Figura E.4– Perda de massa por imersão-material úmido, após desagregação
129
Figura E.7– Detalhe da montagem do CP
130