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Introdução

A vida deve ser o bem jurídico por excelência em qualquer país e assim o é
considerado por muitos. As legislações portuguesa e brasileira não fogem a tal regra
e, em que pesem as diferenças legislativas, possuem uma parte relevante de seus
códigos penais dedicadas aos crimes contra a vida.
O primeiro Código Europeu considerado completo foi também primeiro Código Penal e
de Processo Penal de Portugal. A vigência desse se deu no reinado de D. Alfonso V, e
consistia nas regras das Ordenações Afonsinas, de 1446. Na sequência, passaram a
vigorar as Ordenações Manuelinas, de 1521 a 1569, no reinado de D. Manuel I, sendo
substituídas pela Compilação de Duarte Nunes de Leão. Atualmente, vige o Código
Penal Português - CPP de 1982, com as alterações feitas pela Reforma de 1995.
Outrossim, salienta o autor que, considerando que Portugal integra a União Europeia,
vê-se obrigado a elaborar normas internas que atendam “as opções de política
criminal internacionalmente convencionadas”. Ante o exposto, são tipificados como
crimes contra a vida no atual Código Penal Português: homicídio, homicídio
qualificado, homicídio privilegiado, homicídio a pedido da vítima, homicídio por
negligência, incitamento ou ajuda ao suicídio, infanticídio, exposição ou abandono,
propaganda do suicídio e aborto.
Seguindo a linha de entendimento semelhante a do Código Penal Português, o Código
Penal Brasileiro traz a vida como principal bem a ser tutelado pelo Estado,
incumbindo-lhe, por meio da Constituição Federal Brasileira, o dever de reprimir
ofensas a essa, bem como garantir os meios e condições necessários para sua
manutenção e crescimento sadio do indivíduo. O nosso atual Código Penal Brasileiro -
CPB é datado de 1940, e veio para romper com uma tradição existente nos Códigos,
consistente em uma estruturação de forma hierárquica na qual o Estado era colocado
antes da pessoa. Diferentemente dos Códigos Penais na época do Império e do
Código Penal republicano, de 1890, prevê, na parte especial, primeiramente os crimes
contra a pessoa e, ao final, os crimes contra a administração pública.
O ordenamento jurídico brasileiro divide os crimes contra a vida em “dois grupos
distintos: crimes de dano e crimes de perigo”, esclarecendo que os crimes de perigo
“sequer estão definidos como crimes contra a vida, encontrando-se alojados no
Capítulo III. Sob a denominação crimes de periclitação da vida e da saúde” e sendo
julgados por juiz singular. Tais ilícitos estão tipificados nos artigos 130 a 136 do
Código Penal Brasileiro.
Por sua vez, os crimes de dano são os previstos no Título I, Capítulo I, do Código
Penal Brasileiro (artigos 121 a 128), sendo considerados os típicos crimes contra a
vida e submetidos a julgamento perante o Tribunal do Júri. Tais delitos consistem em:
homicídio, o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (chamado pela Doutrina de
"Participação em Suicídio”), o infanticídio, o aborto provocado pela gestante ou com
seu consentimento, o aborto provocado por terceiro nas modalidades com e sem
consentimento da gestante. Já o artigo 128 prevê as hipóteses em que o aborto não
será punido.

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