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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DE FLORESTAS TROPICAIS

ESTIMATIVAS PARA O ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO AO LONGO DE UM


GRADIENTE TOPOGRÁFICO NA AMAZÔNIA CENTRAL

ANA CARLA ALMEIDA DE FREITAS

MANAUS, AMAZONAS

JUNHO DE 2013
ANA CARLA ALMEIDA DE FREITAS

ESTIMATIVAS PARA O ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO AO LONGO DE UM


GRADIENTE TOPOGRÁFICO NA AMAZÔNIA CENTRAL

ORIENTADOR: Ph.D Niro Higuchi

Dissertação apresentada ao Programa Integrado de


Pós-Graduação do INPA, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Mestre em Ciências de
Florestas Tropicais, área de concentração em Manejo
Florestal.

MANAUS, AMAZONAS

JUNHO DE 2013

ii
F866 Freitas, Ana Carla Almeida de
Estimativas para o estoque de carbono do solo ao longo de um
gradiente topográfico na Amazônia Central / Ana Carla Almeida de
Freitas. --- Manaus : [s.n], 2013.
vii, 61 f. : il. color.

Dissertação (mestrado) --- INPA, Manaus, 2013.


Orientador : Niro Higuchi
Área de concentração: Manejo Florestal

1. Floresta Tropical – Mudanças Climáticas. 2. Solos Tropicais. 3.


Topossequência. 4. Aquecimento global. I. Título.

CDD 19. ed. 634.928

Sinópse:

Foram estudadas as relações entre o estoque de carbono em diferentes


profundidades para três classes de solos, em um gradiente topográfico
na Amazônia Central, bem como equações, por meio de regressões
simples, para estimar o estoque de carbono do solo.

Palavras chave: Floresta Tropical, Mudanças Climáticas, Solos Tropicais,


Topossequência, Aquecimento global.

iii
Com Amor DEDICO:
Aos meus pais José Carlos e Ednéia, responsáveis pelo que sou e que tanto me apoiam. Os
verdadeiros professores da minha vida e dos meus caminhos. À minha irmã Ana Carolina,
essência do que sou e com quem aprendo muito em todos os aspectos da vida. À minha querida
avó Aparecida, que desperta em mim a alegria de viver e a coragem de enfrentar desafios.

Meu eterno amor, respeito, gratidão e admiração!

iv
AGRADECIMENTOS

À minha família, pelo amor, dedicação, incentivo e apoio constante;

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e ao Programa de Pós Graduação de


Ciências de Florestas Tropicais – CFT pela oportunidade de realizar minha pesquisa de
mestrado, pelo apoio institucional, pela estrutura e por todo aprendizado;

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela bolsa de


mestrado e ao INCT – Madeiras da Amazônia (FAPEAM/CNPq) pelo apoio financeiro;

Ao meu orientador Niro Higuchi, agradeço de todo coração, pela orientação, pelas
oportunidades, por contribuir com meu crescimento profissional; pelos conselhos e pela
paciência;

Aos pesquisadores Drs. Newton Falcão, Plínio Camargo, Hilton Thadeu Couto, Carlos Alberto
Quesada e Henrique Nascimento, agradeço imensamente pela atenção e dedicação, por todo
conhecimento compartilhado, pelas conversas e por sempre se mostrarem disponíveis a sanar
minhas dúvidas. Fizeram toda diferença na realização deste trabalho;

À toda equipe do Laboratório de Manejo Florestal do INPA e à equipe ZF-2. Em especial,


Fernando, Leandro (Campineiro) e Milton pela amizade, carinho e respeito e também aos
queridos e essenciais neste trabalho agradeço muito o Bico, Matapi, Dila, Geraldinho e
Mondrongo;

Ao Caíque por me ensinar a brincar com o programa ArcGis e GPS, por disponibilizar seu tempo
para fazer os milhares de mapas do meu trabalho, ficaram ótimos;

Aos meus queridos amigos Márcio, Bruno e Lucas que sempre estiveram do meu lado me
apoiando, me ensinando, me enchendo de carinho e entusiasmo. A parceria de vocês tornou tudo
mais fácil;

À querida Val que me ajudou em certas coisas que seriam impossíveis sem sua ajuda;

v
Ao casal mais lindo, Raquelzinha e Caíque, a amizade de vocês foi essencial nessa caminhada.
Obrigada por disponibilizaram seus ouvidos para minhas lamentações, os abraços para me
confortar, as palavras para me fortalecer e as chibatadas para me fazer levantar e ir enfrente.

À todos do Laboratório Temático de Solos e Planta do INPA pela colaboração e por permitir o
uso do espaço e dos aparelhos para realização das análises de solo;

Ao Centro de Energia Nuclear em Agricultura (CENA) de Piracicaba, por ter permitido realizar
as análises de carbono e que tanto colaborou para a realização deste trabalho;

À equipe do CENA, Fabiana, Izadora, Lulu, Felipe, Giulia, Isabela, Guilherme, Toninha,
agradeço imensamente pelas horas de trabalho dedicado para o processamento das centenas de
amostras de solo; sem a ajuda de vocês seria quase impossível finalizar este trabalho;

À família que me acolheu em Piracicaba, Allan, Fausto e Felipe. Muito obrigada pela amizade,
pelas belas risadas e momentos de descontração, a convivência com vocês acrescentaram muito
em mim e no meu trabalho;

Ao meu amigo-irmão André que além de me acolher em Manaus, sempre esteve disposto a me
ajudar em tudo. A você tenho muito que agradecer, sua amizade é extremamente importante e
essencial para mim. Você tornou minha caminhada muito mais tranquila, retirou pedras do meu
caminho, me incentivou, me apoiou e muito me ensinou;

À família Calderon, o apoio e incentivo de vocês na reta final desse trabalho foram, além de
importantes, essenciais para eu me fortalecer e finalizar com mais tranquilidade. Em especial ao
João, pelo amor, carinho e incentivo, sem esquecer das horas dedicadas a embalar solo na
madrugada sem luz, sem ventilador e muitos carapanãs.

À todos que, mesmo não aqui citados, mas que de alguma forma colaboraram com esse trabalho,

Muito Obrigada!

vi
Resumo

A crescente preocupação com o aumento das concentrações de gases do efeito estufa na


atmosfera e o consequente aquecimento global, levou a comunidade científica a se questionar
sobre o papel dos solos como fonte ou sumidouro de carbono. Devido à importância das
estimativas do estoque de carbono no solo e a necessidade de dispor de métodos, confiáveis e
passíveis de auditagem, para estimar os estoques de carbono do solo, este trabalho teve o
objetivo de testar como o sistema de amostragem influencia nas estimativas assim como o
esforço amostral necessário para determinação do estoque de carbono e a partir disso sugerir
equações para estimar o estoque de carbono no solo em profundidade. O trabalho foi
desenvolvido na Estação Experimental de Manejo Florestal do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia, na região de Manaus. Coletou-se 90 unidades amostrais distribuídas de forma
sistemática em 40 ha de floresta primária, nas profundidades de 0-5, 5-10,10-20, 20-30, 30-40,
40-50, 50-75 e 75-100 cm. Realizou-se análise granulométrica e densidade do solo, quantificação
do teor de carbono no solo e posterior cálculo do estoque de carbono do solo. A estatística
utilizada foi ANOVA e teste post hoc de Tukey, análises de correlação e regressão linear
simples. A textura, ao longo do gradiente topográfico, foi de muito argilosa no platô até arenosa
no baixio. Houve uma redução no teor de carbono com o aumento da profundidade e o contrario
ocorreu para a densidade que aumentou com a profundidade. O platô apresentou o maior teor de
carbono e a menor densidade do solo, enquanto que o baixio apresentou o menor teor de carbono
e a maior densidade do solo. O platô possui um estoque de carbono de 98,14±4,05 MgC.ha-1, na
vertente o estoque foi de 92,64±9,02 MgC.ha-1, no baixio o estoque foi de 65,52±11,46 MgC.ha-1
e considerando a área total o estoque de carbono foi de 92,75±4,40 MgC.ha-1. Observou-se que
em áreas de alta variabilidade, com diferentes relevos e tipos de solo, a amostragem sistemática
mostrou-se mais eficiente, apresentando um menor esforço amostral, contrastando com o
observado na amostragem estratificada que sugere um maior esforço amostral, o que pode
dificultar e encarecer a coleta. As equações para estimar o estoque de carbono em profundidade
foram ajustadas para área total, sem estratificações e observou-se a necessidade de coletar em
camadas inferiores quando se deseja conhecer o estoque em profundidade. O plano amostral,
para coleta de solo na Amazônia Central, está baseado em uma amostragem sistemática,
coletando-se na camada 0-20 cm ou 0-40 cm, uma vez que essas camadas apresentaram altas
correlações e menores incertezas com as camadas mais inferiores e proporcionaram os melhores
ajustes de equações para estimar o estoque de carbono em profundidade.

vii
Abstract

The growing concern with the increasing concentrations of greenhouse gases in the atmosphere
and the resulting global warming has led the scientific community to question the role of soils as
a source or sink of carbon. Due to the importance of estimates of carbon stocks in the soil and
need for methods, reliable and capable of auditing, to estimate soil carbon stocks, this study
aimed to understand how the system sampling influence on the estimates as sampling effort
required for the determination of carbon stock and from this suggest equations for estimating the
carbon stock in the soil depth. The study was conducted at the Experimental Station of Tropical
Forestry of the National Institute for Amazon Research in Manaus region. Was collected from 90
sampling units distributed systematically in 40 hectares of primary forest, at 0-5, 5-10,10-20, 20-
30, 30-40, 40-50, 50-75 and 75 - 100 cm. Granulometry or texture analysis and soil density,
quantification of carbon in the soil and subsequent calculation of carbon stock in the soil. The
statistic used was ANOVA and post hoc Tukey analysis correlation and simple linear regression.
The texture along the topographic gradient was very sandy loam plateau until the shoal. There
was a decrease in carbon content with increasing depth and the opposite occurred that the soil
density increased with depth. The plateau had the highest carbon content and low bulk density,
while the shoal with the lowest carbon content and soil density. The plateau has a carbon stock of
98.14 ± 4.05 Mg C.ha-1, on the slope the stock was 92.64 ± 9.02 Mg C.ha-1, in the shallows
stock was 65.52 ± 11.46 Mg C.ha-1 and considering the total area of the carbon stock was 92.75
± 4.40 MgC.ha-1. It was observed that in areas of high topoghraphy variability, with different
contours and soil types, systematic sampling was more efficient, with a lower sampling effort,
contrasting with that observed in the stratified sampling suggests that a greater sampling effort,
which can more difficult and expensive to collect. The equations for estimating the carbon stock
in depth were adjusted for total area, without stratification and noted the need to collect in the
lower layers when you want to know the stock at depth. The sampling plan for collecting soil in
Central Amazonia, is suggested based on a systematic sampling, collecting in the 0-20 cm or 0-
40 cm, since these layers were highly correlated with the uncertainty and lower layers below and
provided the best fit of equations to estimate the carbon stock in depth.

viii
SUMÁRIO
Resumo .......................................................................................................................................... vii

Abstract ......................................................................................................................................... viii

1. Introdução ............................................................................................................................... 11

2. Objetivo .................................................................................................................................. 13

2.1 Objetivos específicos....................................................................................................... 13

3. Referencial Teórico ................................................................................................................ 14

3.1 O Carbono e as Mudanças Climáticas............................................................................. 14

3.2 O Carbono e as Florestas ................................................................................................. 15

3.3 O Carbono e o Solo ......................................................................................................... 16

3.4 O Carbono e Amostragem ............................................................................................... 17

4. Material e Métodos ................................................................................................................. 19

4.1 Área de Estudo ................................................................................................................ 19

4.1.1 Clima e Vegetação .................................................................................................. 20

4.1.2 Relevo e Solos......................................................................................................... 20

4.2 Coleta de Dados .............................................................................................................. 22

4.2.1. Densidade do solo ...................................................................................................... 25

4.2.3 Teor de Carbono ..................................................................................................... 26

4.2.4 Estoque de Carbono do Solo ................................................................................... 28

4.3 Análise dos Dados ........................................................................................................... 28

4.3.1 Variáveis físicas e estoque de carbono do solo ....................................................... 28

4.3.2 Esforço Amostral .................................................................................................... 28

4.3.3 Equações para estimar o estoque de carbono do solo em profundidade ................. 29

5. Resultados e Discussão ........................................................................................................... 32

5.1 Densidade do solo, Teor e Estoque de carbono do solo .................................................. 32


5.2 Processo de Amostragem ................................................................................................ 37

5.2.1 Correlações entre o teor de carbono e os atributos físicos do solo ......................... 37

5.2.2 Esforço amostral para o estoque de carbono do solo .............................................. 38

5.3 Equações para o estoque de carbono do solo em diferentes profundidades.................... 40

5.3.1 Correlações dos estoques de carbono do solo entre as profundidades.................... 40

5.3.2 Ajuste de modelos para estoque de carbono em profundidade ............................... 41

6. Conclusões .............................................................................................................................. 46
7. Referências Bibliográficas ...................................................................................................... 47
Anexos ........................................................................................................................................... 54

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1. Introdução

Estudos envolvendo o carbono tem sido o foco de muita discussão, principalmente por
causa do aumento de sua concentração na atmosfera nas últimas décadas (Lal et al., 2004). O
carbono da matéria orgânica do solo faz parte do equilíbrio do ciclo total do carbono da Terra, e
recentemente tem atraído grande interesse devido ao fenômeno do aquecimento global e à
perspectiva de se utilizar o solo como reservatório do carbono (Silva et al,. 2006). Mudanças
globais causadas principalmente pela queima excessiva de combustíveis fósseis e pelas
derrubadas e queima de florestas tropicais aceleram o efeito estufa, mas os efeitos em longo
prazo dessas mudanças ainda são incertos (Nepstad et al., 1999; Cochrane, 2003; Achard et al.,
2002).
O solo é um sistema aberto e complexo, com intensa troca de matéria e energia com o
meio. Essa troca ocorre devido à relação entre o clima, a cobertura vegetal e os fatores bióticos e
abióticos. A matéria orgânica do solo, formada pela decomposição dos resíduos de origem
vegetal e animal é a principal fonte de carbono total e nutrientes no solo. Além disso, a matéria
orgânica do solo é o maior compartimento de carbono orgânico no ciclo global deste elemento
(Lal et al., 2004), consequentemente, as circulações de entrada e saída de carbono são
extremamente importantes para a manutenção dos seus estoques no ambiente. O carbono do solo
desempenha um papel fundamental na regulação do clima e de acordo com Fearnside (2010) o
futuro papel do carbono do solo frente ao efeito estufa representa uma alça de retroalimentação
positiva, um “efeito estufa fora de controle”.
O balanço de carbono dos ecossistemas terrestres é sensível ao impacto das atividades
humanas. Segundo UNEP (2012) devido a crescente população mundial, dentro de duas décadas
a demanda mundial por alimentos está projetada para aumentar em 50%, a demanda por água
esta entre 35-60% e a procura por energia terá um aumento de 45%. Consequentemente os solos
estão sob crescente pressão. Além disso, o Brasil está no ranking de emissão de gases de efeito
estufa com o desmatamento e a consequente mudança de uso da terra. Segundo o IPCC (2005),
anualmente, cerca de 1,2 Pg C (1 Pg = 1015 g) são lançados na atmosfera devido a alterações nos
sistemas de uso e manejo dos solos.
Os solos constituem um dos cinco principais reservatórios de carbono, juntamente com os
oceanos, a camada geológica, atmosfera e biomassa terrestre. Seu estoque, em termos globais,

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armazenado nos primeiros 100 cm de profundidade, está entre 1.300 – 2.000 Pg C,
correspondendo ao dobro do estoque de carbono atmosférico (Sombroek et al., 1993; Batjes,
1996). Os solos tropicais armazenam 506 Pg C, sendo que destes, 66 Pg C estão em solos da
Amazônia e 47 Pg C na Amazônia legal brasileira (5x106 km-2) (Batjes e Dijkshoorn, 1999).
Considerando os primeiros 30 cm de profundidade, os solos do território brasileiro, armazenam
em torno de 36,4 Pg C (Bernoux et al., 2002).
A floresta amazônica é um reservatório de carbono que pode ser gradualmente liberado
para a atmosfera por meio da ação combinada de desmatamento, mudanças no uso da terra e os
impactos das mudanças no clima (Houghton, 2005; IPCC, 2007; Malhi et al., 2006). Como
resultado de sua grande diversidade geológica, aliada ao relevo e clima, a floresta amazônica é
constituída por várias classes de solos que resulta em diferentes potenciais de armazenamento de
carbono (Dixon et al., 1994). Atualmente, a importância de estudar os ecossistemas amazônicos
reside no fato de ser possível avaliar de que forma as características desses ambientes
influenciam na dinâmica do carbono, bem como conhecer os potenciais de seu armazenamento.
Além disso, quando se tem informações dos estoques da florestal natural, é possível analisar e
comparar os impactos e perdas de carbono devido às mudanças de usos do solo.
A despeito do grande potencial dos solos como reservatório de carbono, há uma grande
lacuna no que diz respeito aos métodos de campo para a determinação do carbono contido nos
solos de florestas, principalmente em relação ao emprego de um adequado esforço amostral
(Sotomayor, 2009). Muitos pesquisadores usam um número qualquer de amostras ao acaso, não
havendo uma padronização quanto a um número mínimo, tampouco quanto ao processo de
amostragem (Acosta et al., 2001; Balbinot, 2003). Neste sentido, gera-se uma demanda de
técnicas que permitam mensurar e monitorar o carbono das florestas.
Além disso, os erros que provém da amostragem, são muito maiores que os associados ao
processo de análise de amostras, assim, é importante desenvolver um plano de amostragem
adequado que permita alcançar a precisão desejada e sem viés na informação (Sotomayor, 2009).
O estoque de carbono armazenado no solo não é de fácil quantificação, e as metodologias para
estudar o estoque de carbono no solo, principalmente em condições de agricultura e florestas, são
poucas. Há muitas dificuldades para comparar resultados no solo e integrar bases de dados
confiáveis devido às diferentes formas como se fazem as medições, sendo necessário o

12
estabelecimento de metodologias padrões para medir os componentes subterrâneos de C
orgânico de solo e raízes (Acosta et al., 2001).
Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar a influencia do processo de amostragem
de solos, ao longo de um gradiente topográfico, na quantificação e esforço amostral do estoque
de carbono, e com base nos resultados encontrados, sugerir equações para estimar o estoque de
carbono em profundidade de solo.

2. Objetivo

Sugerir um tipo de amostragem para coleta de solo e equações para estimar o estoque de carbono
do solo ao longo de um gradiente topográfico.

2.1 Objetivos específicos

 Analisar a relação do carbono com os atributos do solo quanto à amostragem sistemática


e a estratificada.
 Calcular o esforço amostral do estoque de carbono para amostragem sistemática e
estratificada.
 Analisar a relação do estoque de carbono entre as diferentes profundidades estudadas.
 Sugerir equações para estimar o estoque de carbono do solo.

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3. Referencial Teórico

3.1 O Carbono e as Mudanças Climáticas

Desde o período da revolução industrial e ao longo dos cem últimos anos, vem ocorrendo
um aumento significativo nas concentrações dos chamados Gases de Efeito Estufa (GEEs) na
atmosfera terrestre, fato atribuído principalmente às ações chamadas antrópicas ou induzidas por
atividades humanas. As causas naturais estão relacionadas com a variação da intensidade solar,
variações da inclinação do eixo de rotação da Terra, das atividades vulcânicas e variações da
composição química da atmosfera (Nobres, 2007). Por outro lado, Fearnside (2005) cita que as
causas de origem antrópicas ocorrem devido à queima de combustíveis fósseis tais como
petróleo, gás natural e carvão mineral. Porém, no Brasil, mais de três quartos da emissão vêm do
desmatamento. Tais alterações implicam em transferência de carbono da biosfera para a
atmosfera, contribuindo para o aquecimento global.
Sob a Convenção do Clima e Protocolo de Quioto GEE mais importantes são: dióxido de
carbono (CO2), metano (CH4), oxido nitroso (N2O), hidrofluorocarbonos (HFC),
perfluorocarbonos (PFC) e hexafluoruro de enxofre (SF6). Embora o CH4, N2O e PFCs
apresentem um potencial maior de aquecimento que o CO2, este, por sua vez, é emitido em
maiores quantidades.
De acordo com o IPCC (2007) o CO2 é o GEE antropogênico mais importante. Suas
emissões anuais aumentaram em torno de 80% entre 1970 e 2004. Os aumentos devem-se
principalmente à utilização de petróleo e em menor escala, as mudanças no uso da terra. No caso
do CH4, os aumentos provavelmente sejam causados pela agricultura e pelo uso de combustíveis
fosseis. Já o aumento do N2O procede principalmente da agricultura.
A biosfera terrestre armazena aproximadamente 1576 Pg (1 Pg = 1015 g) de carbono (C)
nos primeiros 100 cm de solo (Eswaran et al., 1995; Batjes ; Sombroek, 1997; Lal, 2003) e
outros 562 Pg de C na vegetação (IPCC, 2003), que somados equivalem a três vezes a
quantidade de C contida na atmosfera (Houghton, 2003). O carbono é um elemento básico na
composição dos organismos, este elemento é estocado na atmosfera, nos oceanos, solos, rochas e
combustíveis fósseis. Contudo, o carbono não fica fixo em nenhum desses estoques. Existe uma
série de interações por meio das quais ocorre a transferência de carbono de um estoque para
outro. Desta forma, mudanças nos estoques de C do solo e/ou da vegetação podem causar

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impactos significativos na concentração de dióxido de carbono (Bernoux et al., 2002) e de outros
GEE na atmosfera.
O assunto “mudança do clima” já faz parte da realidade política e econômica
internacional, com repercussão nas diversas áreas do conhecimento. Com isso, gera uma
demanda por desenvolvimentos científicos e tecnológicos, bem como a adoção de inovações para
o controle e a redução dessa mudança no clima. A entrada em vigor do Protocolo de Quioto e a
possibilidade de utilização do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) atraem cada vez
mais a atenção do mundo dos negócios e do setor empresarial, já que os riscos associados ao
crescimento da vulnerabilidade climática induzem a um aumento do compromisso e da
responsabilidade com medidas de mitigação e adaptação dos processos produtivos e dos padrões
de consumo (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2008).

3.2 O Carbono e as Florestas

As florestas vêm sendo afetadas pelas mudanças climáticas e essas mudanças podem ser
pela altura do nível do mar ou pelas mudanças nas temperaturas e nos regimes de chuva. Neste
caso, as florestas também influenciam no clima e no processo das mudanças climáticas, uma vez
que, absorvem carbono na madeira, nas folhas e no solo e quando estes sistemas são modificados
liberam-no na atmosfera. Sendo assim são reconhecidas como potenciais para a mitigação de
gases de efeito estufa. Portanto, quantificar as funções substanciais das florestas como
reservatórios de carbono, como fontes de emissão e como sumidouros é hoje a chave para
entender e modificar o ciclo mundial de carbono (FAO, 1998).
As florestas desempenham um papel ambíguo no balanço de carbono trocado entre
biosfera e atmosfera. Às vezes é fonte de gases de efeito estufa durante o processo de uso
alternativo do solo. Outras vezes é sumidouro quando está sob manejo florestal ou mesmo em
condições naturais (Silva, 2006). Portanto, a obtenção de estimativas confiáveis de taxas de
desmatamento e de estoques de carbono da vegetação é essencial para estimar a quantidade de
carbono, emitida ou sequestrada, no tempo e no espaço, principalmente na região amazônica
(Higuchi et al., 2003).
A floresta amazônica é formada por um conjunto de ecossistemas que, ao longo do seu
desenvolvimento sócio-econômico, vem sofrendo grandes pressões ambientais. As principais

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pressões são: exploração desordenada de madeira e expansão dos sistemas agrícolas e outras
formas do uso do solo. Com isso, a mudança no uso do solo, principalmente, a conversão da
floresta para uso agrícola, representam a liberação dos estoques de carbono contidos na
vegetação e no solo para atmosfera (Fearnside, 2005).
A Amazônia com sua grande diversidade geológica, aliada ao relevo e clima, é constituída
por várias classes de solos que resulta em diferentes potenciais de armazenamento de carbono. O
destacado papel da floresta amazônica no ciclo global de carbono e as alterações na
produtividade destes ecossistemas, pelas variações no regime de chuva e de temperatura, podem
alterar significativamente esse ciclo (Dixon et al., 1994).

3.3 O Carbono e o Solo

A crescente preocupação com o aumento das concentrações de gases do efeito estufa na


atmosfera, principalmente de CO2, CH4, e N2O e o consequente aquecimento global, levou a
comunidade científica a questionar-se sobre o papel dos solos como fonte ou sumidouro de
carbono. Os solos constituem o maior reservatório superficial de carbono do sistema terrestre e
seu estoque é fortemente dependente do modo de uso das terras e das práticas agrícolas.
Qualquer modificação destas últimas pode conduzir a mudanças (diminuição ou aumento)
importantes dos estoques de carbono nos horizontes superficiais do solo (Bernoux et al., 2005).
Todos os solos contém carbono na forma de matéria orgânica. As quantidades de carbono
variam muito. Em solos mal drenados, geralmente, contém 10% de carbono ou mais. A
quantidade de carbono pode mudar devido a variações do clima ou alterações na composição do
solo por processos pedogenéticos, a lixiviação e a deposição mineral (Stevenson e Cole, 1999).
Vários fatores afetam a concentração de carbono nos solos florestais, como os fatores
climáticos, precipitação, evapotranspiração, a relação entre a precipitação anual e a
evapotranspiração, fatores da paisagem, como a inclinação, propriedades de troca catiônica,
textura e agregação das partículas do solo (Lal, 2004). As concentrações de carbono no solo
também podem ser afetadas por distúrbios antrópicos e naturais. De acordo com Larinova (2008)
a perturbação natural pode ser um evento destrutivo causado por ação eólica, fogo, seca,
alterações na umidade do solo e sucessão de floresta com diferentes quantidades de biomassa

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devolvidas ao solo, já os distúrbios antrópicos estão relacionados com as atividades de manejo
florestal, desmatamento, florestamento de solos agrícolas e subsequente manejo das plantações.
De acordo com o IPCC (2005), anualmente, cerca de 1,2 Pg C são lançados na atmosfera
devido a alterações nos sistemas de uso e manejo dos solos agrícolas. Tendo em vista as
quantidades de carbono que armazena, o solo é um dos condicionantes para o processo de efeito
estufa, uma vez que a variação no seu estoque de carbono regula os teores desse elemento que
são emitidos para a atmosfera. Os estoques de C são determinados pelo balanço das entradas,
como o aporte de resíduos vegetais, animais e a aplicação de compostos orgânicos, e as saídas,
por meio da decomposição da matéria orgânica do solo. Por isso, para se ter sequestro de C, é
essencial o aumento das entradas de C, a diminuição da decomposição, ou ambos.
Normalmente, o cultivo do solo gera a diminuição dos estoques de carbono resultante do
aumento de emissões de CO2 para atmosfera e diminuição do influxo do carbono no solo. Nesse
caso, a quantidade líquida de CO2 emitida do solo para atmosfera em decorrência do uso
agrícola, pode ser determinada a partir da diferença dos estoques de C orgânico do solo cultivado
em relação ao solo sob vegetação natural (Bayer, 2000).
Em sistemas naturais, os fatores de formação solo são determinantes primários dos
processos de ciclagem do carbono, uma vez que exercem influência sobre o aporte de resíduos e
sobre as saídas de carbono do solo (Stevenson e Cole, 1999). Há sugestões de que a variação no
fator material de origem leva a diferenças na textura do solo ou no teor de argila e esses fatos
podem explicar a variação na taxa de acúmulo do carbono orgânico e no sequestro de carbono.
Em estudos deste tipo é comum a realização de coletas sob a vegetação nativa e predominante da
região, para encontrar o chamado C de referência, de forma que os dados encontrados em outras
formas de uso do solo como pastagem e diversos cultivos agrícolas, possam ser comparados com
o ambiente original.

3.4 O Carbono e Amostragem

Desde o século 20, cientistas têm determinado as mudanças nos reservatórios do


carbono orgânico do solo. Mesmo assim, existe uma forte necessidade de padronizar estes
métodos para que os resultados sejam comparáveis entre laboratórios. Também existe a
necessidade de desenvolver procedimentos que se adéquem a escala para que os dados possam

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ser extrapolados de um ponto para escalas regionais ou de ecossistemas (Sotomayor, 2009). Lal
(2004) ressalta que é importante então reconhecer e reduzir esses problemas mediante a
padronização da amostragem e os procedimentos analíticos.
A determinação dos estoques de carbono (C) no solo pode ajudar a entender como o
homem vem interferindo massivamente no fluxo global de C devido à mudança de uso da terra.
Existem várias metodologias utilizadas para quantificar o C total do solo, entretanto, para
realizar uma correta estimativa é necessário padronizar e/ou avaliar as correlações entre métodos
analíticos. Muitos trabalhos determinam um número de amostras ao acaso, não havendo uma
padronização quanto a um número mínimo, tampouco quanto ao processo de amostragem
(Acosta et al., 2001; Etchevers et al., 2001; Balbinot, 2003). A estimativa do carbono
armazenado no solo não é de fácil quantificação e as metodologias para estudar o estoque de
carbono no solo, principalmente em condições de florestas, assim como agricultura, são poucas.
Uma amostragem adequada obtém as estimativas com um erro previamente
determinado, com o menor viés e a maior precisão possível, por meio do menor esforço amostral
e o menor custo. Neste caso, o pesquisador tem que conhecer qual o melhor processo de
amostragem, qual a melhor distância entre unidades amostrais, qual a profundidade que deve ser
estudada e outras variáveis de interesse. Existem diversos processos de amostragem, como
aleatorio, sistemático e estratificado. A escolha do processo a ser feito está intimamente ligada ao
custo, com a rapidez da coleta dos dados e a exatidão dos dados (Cochran, 1953).

3.4.1 Processos de amostragem

O processo de amostragem é uma abordagem da população referente ao conjunto de


unidades amostrais. No mundo atual, as decisões são tomadas a partir da análise ou estudo de
apenas uma parte do todo que envolve o problema, ou seja, por amostragem. Como as
populações florestais são geralmente extensas, de difícil acesso e necessitam ser inventariada, a
realização de inventários florestais é realizada com base em procedimentos estatísticos de
amostragem. O objetivo da amostragem é fazer inferências corretas sobre a população, as quais
são evidenciadas se a parte selecionada constitui-se de uma representação verdadeira da
população objeto. A amostragem sistemática é um processo em que as unidades amostrais são
selecionadas a partir de um esquema rígido e preestabelecido de sistematização, com o propósito

18
de cobrir toda população. Já a amostragem estratificada é utilizada quando há necessidade de
dividir uma população heterogênea e, subpopulações ou estratos homogêneos, de tal modo que
os valores da variável de interesse variem pouco de uma unidade para outra (Péllico Netto e
Brena, 1997).

3.4.2 Intensidade de amostragem

A intensidade de amostragem é uma função da variabilidade da população, do erro de


amostragem máximo admitido para as estimativas e da probabilidade de confiança fixada para as
mesmas. Para um erro de amostragem fixado, a intensidade cresce com a variabilidade da
população, com a probabilidade de confiança e com a redução do erro de amostragem admitido,
ou seja, com o aumento da precisão. Neste procedimento, a intensidade de amostragem é
calculada considerando-se que não há nenhuma limitação de tempo ou recursos para a realização
do inventário (Pélico Netto e Brena, 1997).
Os erros amostrais decorrem do processo de amostragem e são devidos a parte da
população que deixou de ser amostrada. Esse erro depende do tamanho da amostra, da
variabilidade das unidades amostrais e do procedimento de amostragem usado.

4. Material e Métodos

4.1 Área de Estudo

A área de estudo está localizada ao longo da rodovia BR-174 que liga a cidade de
Manaus à cidade de Boa Vista, estando à margem esquerda na altura do Km 50, onde se encontra
a Estação Experimental de Manejo Florestal (EEMF). O acesso a EEMF se dá pelo Km-20 da
vicinal ZF-2 (Figura 3). Segundo Higuchi et al (1998) essa área representa um importante sítio
de pesquisas em florestas tropicais úmidas desde 1980.

19
Na EEMF está alocada uma parcela permanente de 30 hectares, dividida em sub-parcelas
de 10 m x 10 m. Esta parcela foi instalada pelo Projeto Jacaranda, convênio entre o Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Japan Internacional Cooperation Agency (JICA),
em sua segunda fase, que ocorreu entre 1998 a 2003. O objetivo do Projeto foi avaliar a
distribuição espacial e dinâmica da floresta primária (Higuchi et al., 1998).
Para este estudo foi adicionado à parcela de 30 ha mais 10 ha contínuos, para que
abrangesse uma maior variação do relevo, tendo as seguintes dimensões: 600 metros de largura e
660 metros de comprimento.

4.1.1 Clima e Vegetação

O tipo climático é Amw na classificação de Köppen, caracterizando-se por apresentar


temperatura média anual de 26,6 ºC, umidade relativa média alta, variando de 84% a 90%. A
precipitação anual varia de 2000 a 3000 mm (Ribeiro e Adis, 1984). A área de estudo é coberta
por floresta tropical úmida densa de terra firme, típica da parte central da região Amazônica
(Higuchi et al.,1997). A vegetação da área de estudo é uma pequena amostra dos possíveis 6
milhões de km² da floresta amazônica. Na parcela permanente estudada, foram identificadas 330
espécies arbóreas de 55 famílias botânicas diferentes (Pinto et al., 2003).

4.1.2 Relevo e Solos

A topografia da área deste estudo apresenta uma sequência de platô, vertente e baixio
(Ferraz et al., 1998; Luizão et al., 2004; Marques, 2009). De maneira geral, os solos que ocorrem
nesta topossequência têm relação direta com a variação do relevo, que condiciona a drenagem e
o nível do lençol freático (Campos et al., 2006). Ferraz et al. (1998); Luizão et al. (2004);
Marques (2009) fizeram caracterização dos solos de platô, vertente e baixio, nas localidades da
área de estudo e constataram que os solos do platô apresentaram textura argilosa; nas vertentes,
variaram de argilo-arenoso próximos aos platôs à areno-argilosos, próximos aos baixios e os
solos de baixio apresentaram textura arenosa, definindo que, para a EEMF-INPA o solo da
região pode ser classificado como Latossolo Amarelo nos platôs; Argissolo Vermelho-Amarelo
nas vertentes e Espodossolos hifromórficos nos baixios.

20
Quesada et al. (2009) avaliaram amostras de solo de seis países da América do Sul, em
um total de 71 diferentes parcelas florestais em toda Bacia Amazônica, com a finalidade de
demonstrar a diversidade de solos da Amazônia, utilizando dados de campo e adotando a Base de
Referência Mundial (WRB) para classificação de solo. Neste trabalho, os autores apresentaram
uma tabela contendo, de forma resumida, a cobertura de cada grupo de solo na Bacia Amazônica,
em que o grupo dos Latossolos cobria 31,6%, os Argissolos cobriam 28,9% e os Espodossolos
cobriam 1,9% dos solos da Amazônia. Esses tipos de solo são característicos da região da
Amazônia Central, enquadrados entre os escudos Brasileiros e os escudos das Guianas, bem
como zonas sedimentares entre eles (Formação Barreiras).
Os Latossolos são solos que carregam marcas de forte intemperismo, geralmente
ocorrendo em ambiente tropical, úmido, de drenagem livre. Cobrem, em geral, superfícies
geomórficas velhas ou se desenvolvem sobre sedimentos que foram pré-resistidos de regolitos
antigos (Buol, 2002). Os Latossolos nessa região são profundos e extremamente intemperizados
e, geralmente de baixa fertilidade natural (Bernoux et al., 2002). Os componentes de minerais de
argila são predominantemente caulinita, argila de baixa atividade, com quantidade variável de
óxidos de ferro e alumínio, geralmente, a capacidade de troca de cátions é baixa e Al +3 trocável é
relativamente alto (Cerri et al., 2008). Latossolos também têm uma grande capacidade de
acumular matéria orgânica do solo, devido à suas prevalentes interações organo-minerais e
grande profundidade do solo (Zinn et al, 2007; Dick et al., 2005).
Os Argissolos são considerados o segundo tipo de solo mais comum na Amazônia
(Quesada, 2010). Estes solos são caracterizados pelo acúmulo de argilas de baixa atividade, que
pode ser um resultado de vários processos diferentes, incluindo sedimentação, descontinuidade
litológica e argila de migração (West et al., 1998). Esses solos são ácidos e fortemente
intemperizados e com baixa saturação por bases. Estudos em áreas tropicais têm mostrado que,
invariavelmente, os Argissolos ocupam posições geomórficas mais jovens que Latossolos, mas
que ocorrem em áreas mais antigas e mais estáveis do que aqueles ocupados por outros solos
com os quais estão, muitas vezes, associados geograficamente (West et al., 1998), enquanto a sua
fração argila é composto quase inteiramente de caulinite cristalizado e alguns gibbsite (Buol et
al., 1980).
Os Espodossolos são solos de cor cinza esbranquiçada no horizonte subsuperfícial,
branqueada por ácidos orgânicos, em um horizonte de acumulação marrom escuro ou preto.

21
Ocorrem em locais úmidos e na Amazônia eles se desenvolvem mais em intemperismo
consolidado de materiais de rocha silicatadas, proeminentes em depósitos aluviais, coluviais e
eólica de areias quartzíticas. Eles ocorrem principalmente ao longo do Rio Negro e na parte
superior do norte da Bacia amazônica (Nascimento et al., 2004). Geralmente esses solos têm
acidez elevada e altos níveis de Al, fertilidade química baixa e desfavoráveis propriedades
físicas. O perfil de matéria orgânica do Espodossolo geralmente mostra duas áreas de
concentração, uma na superfície e outra no horizonte espódico, mas muitas vezes, a erosão de
horizontes superficiais podem expor o horizonte albico (baixa camada de matéria orgânica,
branqueado) resultando em apenas uma zona de aumento da matéria orgânica. As florestas
tropicais da Bacia Amazônica apresentam uma grande variedade de diferentes tipos de solo, que
pode surgir a partir de uma ampla variedade de materiais de origem, condições climáticas,
interações bióticas, relevo, elementos geomorficos e idade do solo (Quesada et al., 2009).

4.2 Coleta de Dados

Na coleta de dados foi utilizada a Amostragem Sistemática, em que as unidades amostrais


foram selecionadas com o propósito de cobrir a população em toda sua extensão. A escolha do
tipo de amostragem baseou-se na facilidade de acesso à área e localização dos pontos amostrais.
Os pontos de coleta foram obtidos de forma equidistantes nos 40 hectares, distanciados 60
metros entre si, formando uma malha regular de 90 pontos. Os pontos foram georeferenciados
com GPS map 60CSx. A área foi dividida em dez linhas e nove colunas (Figura 1).

22
Figura 1: Mapa da área de estudo com as disposições dos pontos de coleta e as variações do
relevo.
O perfil topográfico da área (Figura 2) está representado de acordo com a Figura 1,
descrevendo a altitude em relação à distância das unidades amostrais, em que C1 é a primeira
coluna e C9 é a ultima coluna, de acordo com a divisão da área de estudo. Portanto, olhando os
dois extremos da área a variação de altitude do relevo vai de, aproximadamente, 90 m no baixio
até 125 m no platô, porém essa variação pode ser para mais ou para menos considerando a área
total de estudo.

23
125
120
115
110
Altitude (m)

105
C1
100
C9
95
90
85
80
0 60 120 180 240 300 360 420 480 540 600
Distância (m)

Figura 2. Representação do perfil topográfico.

Em cada ponto coletou-se oito amostras deformadas de solo utilizando um trado


holandês. Retiraram-se amostras nas camadas de 0-5; 5-10; 10-20; 20-30; 30-40; 40-50; 50-75;
75-100, totalizando 720 amostras de solo. Armazenou-se as amostras em sacos plásticos de 5 kg,
sendo posteriormente secas, limpas, passadas em peneiras de 2 mm e encaminhadas para análises
laboratoriais (Figura 3).

Figura 3: A-Coleta de solo com trado holandês; B- Coleta até um metro de profundidade; C-
Armazenamento das amostras; D- Amostras secas passadas em peneiras de 2 mm.

24
4.2.1. Densidade do solo

Coletaram-se amostras indeformadas para analisar a densidade do solo. Na coleta


utilizou-se o trado de densidade. A amostragem distribuiu-se em 8 pontos no Platô, 8 pontos na
Vertente e 8 pontos no Baixio, totalizando 24 pontos amostrais. As camadas coletadas
corresponderam às amostras deformadas. Os pontos que não foram coletadas amostras de
densidade, realizou-se interpolação, a partir das médias das densidades, para obter as densidades
de todos os pontos amostrais. Determinou-se a densidade a partir da coleta de amostras
indeformadas em cilindros volumétricos (anéis de Kopecky) com dimensões de 0,05 m de altura
e 0,053 m de diâmetro, tendo um volume de, aproximadamente, 104,012 cm3 (Figura 4). Para a
obtenção da massa de solo seco, as amostras ficaram em estufa a 105°C, por 72 horas. Este
procedimento foi realizado no Laboratório Temático de Solos e Plantas do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia. A densidade das amostras de solo foi calculada conforme metodologia
descrita em EMBRAPA (1997).

Figura 4: A-Cilindro volumétrico para análise de densidade na primeira camada de solo; B-


Trado de densidade para retirada nas camadas mais profundas; C- Cilindro volumétrico acoplado
ao trado de densidade; D- Amostras nos cilindros sendo levadas para estufa.

25
4.2.2 Análise Granulométrica

A análise granulométrica de um solo consiste na determinação do tamanho das


partículas que o constituem. Trata-se de uma característica de extrema importância na
determinação das propriedades físicas de um solo, com diversas aplicações práticas, como por
exemplo, estudos de drenagem, erosão do solo, absorção e comportamento dos nutrientes entre
outas (Ruiz, 2005). Os principais métodos de análise granulométrica dos solos são o Método de
Pipeta e o Densímetro. Neste estudo o método utilizado foi o Método de Pipeta conforme
EMBRAPA (1997), realizado no Laboratório Temático de Solos e Plantas (LTSP) do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
O procedimento consistiu primeiramente na queima da matéria orgânica das duas
primeiras camadas de solo de todas as amostras. A queima foi realizada utilizando-se 10 ml de
Peróxido de Hidrogênio em 10 g de solo. Essa primeira etapa visou a remoção de matéria
orgânica, óxidos de Fe, carbonatos e sais solúveis.
A dispersão da amostra de solo é fundamental na análise granulométrica. Esta etapa foi
realizada mediante o uso de uma combinação de processos químicos e desagregação mecânica.
Sendo assim, adicionou 20ml de Pirofosfato de Sódio em um Becker juntamente com 15ml de
água destilada, deixando reagir por 16 horas. Em seguida, levou-se a solução para o agitador
mecânico por 15 minutos. Após o tempo decorrido a fração areia foi separada e o restante do
material previamente homogeneizado na proveta de 1000 ml e agitado com bastão de madeira. O
período de decantação foi em torno de 4 horas para posteriormente, com o auxilio da pipeta,
retirar uma alíquota de 20ml e levar para a estufa para proceder as pesagens. A proporção da
fração silte no sistema foi calculada por subtração das outras frações em relação à amostra
original.

4.2.3 Teor de Carbono

As amostras para análise de teor de carbono foram obtidas por meio do Quarteador de
Jones (Figura 5), sendo um dos melhores dispositivos para se obter amostras representativas em
diferentes análises físicas e químicas (Schumacher et al., 1990; Telles, 2002). Para a análise do

26
teor de carbono moeram-se as amostras finamente que posteriormente passou-se em peneiras de
0,15 mm.

Figura 5: Quarteador de Jones, dispositivo para separação das sub-amostras.

As análises foram realizadas no analisador elementar acoplado a um espectrômetro de


massa “Carlo Erba/Delta Plus” (Figura 6), no Laboratório de Ecologia Isotópica (CENA-USP)
em Piracicaba. As amostras foram queimadas em meio oxidante, com os gases produzidos
separados por cromatografia gasosa em um analisador elementar (Carlo Erba). Após a remoção
da água, os gases foram coletados por fluxo contínuo no espectrômetro de massas. Com isso o
teor de C foi determinado, sendo expresso em porcentagem em relação a massa da amostra
analisada.

Figura 6: Analisador elementar EA 1100 CHN e Espectrômetro de massa Delta Plus do


Laboratório de Ecologia Isotópica (CENA-USP).

27
4.2.4 Estoque de Carbono do Solo

O estoque de carbono foi determinado segundo a metodologia da UNFCCC (2006),


expresso na fórmula:

Onde:
EstC é o estoque de carbono do solo em MgC.ha-1; C é o teor de carbono em g.kg-1; D é a
densidade do solo em g.cm-3 e E é a espessura da camada utilizada em cm.

4.3 Análise dos Dados

4.3.1 Variáveis físicas e estoque de carbono do solo

Utilizou-se a Analise de Variância (ANOVA) de um fator e aplicou-se o teste post-hoc de


Tukey para verificar as diferenças estatísticas na área total, assim como, entre e dentro de cada
estrato e profundidade para o teor de carbono, densidade do solo e estoque de carbono do solo.
Análises de correlações de Spearman foram utilizadas para verificar a relação entre o teor de
carbono, o estoque de carbono, densidade do solo, teor de areia, argila e silte.

4.3.2 Esforço Amostral

O esforço amostral foi calculado segundo os dois critérios do estudo: Amostragem para
toda a área e amostragem por tipo de relevo, neste caso Platô, Vertente e Baixio. A expressão
matemática foi descrita por Cochran (1953):

Onde: n* é o esforço amostral em torno de 10% da média com 95% de probabilidade; z2 depende
do intervalo de confiança desejado, no caso 95%, sendo 1,96; s2 é a variância da amostra e E2 é o
erro tolerável, neste caso de 10%.

28
O melhor tipo de amostragem está ligado ao esforço necessário para coleta de solo, sendo
assim, quanto menor o esforço amostral (menor número de pontos necessário para cobrir a
variação existente na área), melhor.

4.3.3 Equações para estimar o estoque de carbono do solo em profundidade

As equações para estimar o estoque de carbono do solo em profundidade foram feitos a


partir das análises de correlação e regressão, partindo da premissa que só se deve utilizar a
regressão se a correlação entre as variáveis for significativa. A correlação mede a força ou grau
de relacionamento entre duas variáveis e a regressão fornece uma equação que descreve o
relacionamento entre elas em termos matemáticos. O ideal seria a previsão, em função da relação
existente, dos valores exatos de uma variável, mas o que se consegue é apenas prever valores
médios, ou valores esperados (Andriotti, 2005).
A variável de interesse neste estudo foi o estoque de carbono do solo, portanto, para
verificar a correlação existente entre os estoques em profundidade, utilizaram-se correlações de
Pearson, como objetivo de analisar se a variação de uma delas está associada a uma variação
positiva ou negativa da outra, ou mesmo, se não há nenhuma forma de dependência entre elas.
Análise de regressão é uma técnica estatística cujo principal objetivo é investigar e
modelar a relação entre variáveis, assim como estimar valores de uma variável, com base em
valores conhecidos da outra. Também tem sido usada com ênfase na solução de grande parte dos
problemas florestais, especialmente quando se pretende obter estimativas de parâmetros da
floresta com o mínimo de custo e tempo, utilizando-se de relações matemáticas que possibilitam
obter essas estimativas de forma indireta através de equações de regressão (Schneider, 1998).
Segundo Schneider(1998) a escolha das variáveis de um modelo de regressão deve ser
feita a partir da correlação existente entre as mesmas. Assim a variável dependente é
equacionada como função das variáveis correlacionadas e a precisão das estimativas do modelo
depende do grau de associação entre as variáveis. Admitindo ser uma reta a linha teórica de
regressão, a função entre X e Y é a seguinte: Y = a + b.X; onde, Y é a variável dependente, X é a
variável independente, a e b são os coeficientes do modelo que são estimados através dos dados
observados fornecidos pela amostra (Andriotti, 2005).

29
Uma maneira de avaliar a equação de regressão é utilizar testes de hipóteses sobre os
parâmetros do modelo e verificar a adequabilidade do modelo. Para tanto o teste F e o teste t
foram aplicados como forma de avaliar a significância do modelo e dos coeficientes,
respectivamente. As estimativas dos parâmetros dos modelos (coeficientes) foram obtidas pelo
método dos mínimos quadrados.
Como critério de avaliação e seleção dos modelos levou-se em consideração o
R²ajustado, o erro padrão de estimativa (Syx), a incerteza em porcentagem (Incerteza %) e a
significância dos coeficientes de cada modelo (Valor-p). Os softwares estatísticos utilizados
foram SAS 9.3, Systat 12.0 e Bioestat.
O coeficiente de determinação (R²) indica a proporção da soma de quadrados total que é
explicado pelo modelo de regressão (Campos e Leite, 2009), sendo uma estatística que deve ser
usada com cuidado, uma vez que é sempre possível aumentá-lo adicionando variáveis
independentes no modelo. Já o coeficiente de determinação ajustado (R2ajust), aumentará somente
se as variáveis adicionadas reduzirem a média quadrática dos erros, penalizando a inclusão de
variáveis que não são úteis no ajuste (Montgomery e Runger, 2009).
O erro padrão da estimativa (Syx) indica o tamanho dos erros que podem ser esperados ao
se predizer um valor de y por meio de uma função de regressão. Neste estudo, o S yx juntamente
com a Incerteza (%) foi utilizado na comparação entre os modelos entre as profundidades,
prevalecendo aqueles que possuem os menores valores destas estatísticas. Segundo o IPCC
(2006) Incerteza (%) é a falta de conhecimento do verdadeiro valor de uma variável, que pode
ser descrito como uma função de densidade probabilística, que caracteriza o intervalo, a
probabilidade de valores possíveis. Além disso, a incerteza depende da qualidade e quantidade
de dados disponíveis, bem como o conhecimento dos processos de coletas e de inferências. A
incerteza também pode ser descrita como o intervalo de confiança (I.C).
A expressão matemática do erro padrão da estimativa (Syx) é apresentada a seguir:

∑ ) ))

30
Onde, Estci(obs) é o estoque de carbono observado da i-ésima profundidade em
MgC.ha-1; Estci(est) é o estoque de carbono estimado da i-ésima profundidade em MgC.ha-1; n é o
número total de amostras.

A incerteza, segundo o IPCC, ao nível de 95% de probabilidade é calculada da


seguinte forma:

) √
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
̅̅̅̅̅̅ )
( )

Onde, Syx é o erro padrão da estimativa; n é o número de amostras e ̅̅̅̅̅̅ ) éa


média aritmética do estoque de carbono observado nas profundidades.

31
5. Resultados e Discussão

5.1 Densidade do solo, Teor e Estoque de carbono do solo

É possível observar a homogeneidade da densidade do solo, com gradativo aumento em


profundidade (Figura 7), oscilando de 0,70 g.cm-3 a 1,00 g.cm-3 no platô, aumentando na encosta
para valores entre 0,84 g.cm-3 e 1,10 g.cm-3 e no baixio entre 1,09 g.cm-3 e 1,51 g.cm-3. Esta é
uma tendência normal, uma vez que, com a profundidade ocorre uma maior compactação do solo
proporcionando uma maior densidade. De maneira geral, nos três tipos de solo, a densidade é
mais baixa nas camadas superficiais. Este fato pode ser atribuído à presença de um teor maior de
matéria orgânica (Marques, 2009). Nas camadas mais profundas, o aumento gradual da
densidade pode estar relacionado com a diminuição dos teores de matéria orgânica no solo. As
maiores densidades foram observadas no baixio que, segundo Paiva (2000), este tipo de solo
possui esta característica devido à textura bem mais arenosa, com menor teor de matéria
orgânica, neste caso, refletindo em maior densidade das partículas sólidas e menor agregação.
Segundo Marques (2009), esses resultados interferem diretamente nos estoques de carbono do
solo que são proporcionais, em profundidade, a aumentos de densidade e espessura da camada de
solo, já que nesses solos não há aumentos acentuados no teor de carbono.

1,6
Densidade do solo (g.cm-3 )

1,4
1,2
1,0
0,8 Platô
0,6 Vertente
0,4 Baixio
0,2
0,0
0-5 5-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-75 75-100
Profundidade (cm)

Figura 7: Variação da densidade do solo em área de platô, vertente e baixio.

32
Marques (2009) também observou uma homogeneidade na densidade do solo com
aumento em profundidade. Esse autor encontrou valores oscilando de 1,04 g.kg-1 a 1,26 g.kg-1 no
platô, aumentando na encosta para valores entre 1,35 g. kg-1 e 1,51 g. kg-1 e no baixio entre 1,52
g.kg- 1 e 1,68 g.kg-1. Salimon (2003) encontrou valores para a densidade do solo variando de 1,0
a 1,4 g/cm³, nas profundidades 0-5 cm a até 50-60 cm, em solos com horizonte B-textural e
presença de argilas de alta atividade. Santos (2007) encontrou valores de 0,99 g.cm-3 em área de
floresta e 1,14 g.cm-3 em pastagem, os maiores valores de densidade observados são em
pastagens e menores são em tipologia florestal e estão relacionados com a atividade de pastoreio
que promovem a compactação do solo.
A figura 8 refere-se ao teor de carbono no solo em áreas de Platô, Vertente e Baixio.
Observa-se que as camadas superficiais apresentam variações nos seus teores de COS,
atribuindo-se à dinâmica da serapilheira. Os perfis do platô apresentaram maiores teores de COS,
seguido do solo da vertente e baixio. Essa tendência pode de ser explicada pela taxa de produção
e decomposição de serapilheira nas posições topográficas, conforme resultados encontrados por
Luizão et al. (2004) os quais indicam maior produção no platô e menor no baixio. Os solos do
platô por terem textura mais fina com maior porcentagem de argila liberam gradualmente o
carbono para o solo, por causa da sua capacidade de adsorção (Melo, 2003).

4,5
4,0 Platô
3,5 Vertente
Teor de Carbono (%)

3,0 Baixio
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0-5 5-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-75 75-100
Profundidade (cm)
Figura 8: Variação do teor de carbono do solo ao longo do perfil e gradiente topográfico.

33
O teor de carbono orgânico do solo (COS) analisado em toda área variou de 3,34% a
0,45% nas profundidades de 0-5 cm e 75-100 cm, respectivamente. Quando os teores são
analisados de forma estratificada verificou-se que ocorre um pequeno aumento do teor no platô
em relação à área total. No platô os teores variam de 3,98% a 0,49%, na vertente os teores
variam de 3,25% a 0,44% e no baixio de 1,04% a 0,33%, nas profundidades de 0-5 cm e 75-100
cm, respectivamente.
Luizão et al. (2004), em amostragens realizadas, somente nas camadas superficiais, ao
longo de um nível topográfico, na Amazônia Central, obteve teores na ordem de 2,3%-3,5% (0-5
cm) e de 1,8%-2,3% (5-10 cm) no platô, a 1,3%-4,0% (0-5cm) e de 1,0%-2,9% (5-10cm) na
vertente; estando próximos aos encontrados neste estudo. Da mesma forma, Souza (2004)
encontrou valores na ordem de 3,79% a 3,09% no platô, 1,41% a 3,17% na vertente. Em relação
ao baixio, Luizão et al. (2004) encontraram valores de 0,5% a 1,0% e de 0,2% a 0,8%,
respectivamente, nas mesmas camadas. Da mesma forma Souza (2004), a cinco cm de
profundidade, obteve valores variando de 2,48% a 3,94%.
Entretanto, valores contrastantes destes foram encontrados nos estudos de Marques
(2009), em áreas de topossequencia, com os mesmos tipos de solo. Esse autor encontrou valores
em camadas de 0-5 cm e de 5-10 cm, teores de 5,61% e 3,58% em áreas de baixio. Essas
diferenças podem ser explicadas em função da dinâmica das áreas de baixio, pois sofrem
influência das flutuações do lençol freático e da ação das raízes finas na superfície do solo,
disponibilizando o carbono em maiores concentrações nas camadas superficiais. Os maiores
teores de carbono nas primeiras camadas do solo da floresta primária, até 10 cm, decrescendo
com a profundidade representam um comportamento esperado, já que os horizontes superficiais
sofrem maior interferência da matéria orgânica depositada pela floresta, principalmente, pela
deposição de resíduo orgânico, promovendo processos mais intensos na ciclagem de nutrientes
(Vital et al., 2004).
No geral, os resultados encontrados confirmam os de outros estudos que indicam que a
floresta é um sumidouro de carbono, sendo o solo um armazenador em potencial. Os solos com
vegetação natural não apresentam variação nos conteúdos de matéria orgânica no tempo (Buso e
Kliemann, 2003). A possível perda que esse COS poderia sofrer estaria relacionada com as taxas
de adição efetiva e as de perdas, que são dependentes dos fatores de formação dos solos (Jenny,
1941; Anjos et al., 1999). A perda de COS corresponde à soma das perdas por oxidação, erosão e

34
lixiviação. As perdas por lixiviação, na maioria dos casos, podem ser consideradas desprezíveis
(Dalal e Mayer, 1986), principalmente em áreas de floresta.
Santos (2007) verificou uma tendência de aumento nos teores de carbono quando as
tipologias florestais estudadas tornavam-se mais velhas. Marques (2002) relacionou este fato às
florestas maduras por contribuírem com maior quantidade de serapilheira ao solo. Segundo
Santos (2007) estes fatos ilustram a relação entre idade da floresta e teor de carbono do solo.
Além disso, mostram também que a substituição da floresta por outra forma de uso do solo pode
contribuir para a diminuição dos teores de carbono no perfil do solo. A floresta, por constituir-se
em sistema conservativo com relação ao ciclo do carbono, permite o acúmulo deste ao longo do
tempo, promovendo o enriquecimento do solo em carbono, mesmo em profundidade. Além disso
a diversidade das espécies influencia com o maior ou menor aporte de carbono e nitrogênio no
solo através da serapilheira (Martins, 2004).
Apesar de o COS decrescer com a profundidade, os estoques não seguiram essa
tendência (Figura 9), em função do aumento da densidade do solo com a profundidade e da
espessura das camadas coletadas. As estimativas de estoques de carbono em solos da Amazônia
têm apresentando resultados variados, entretanto, os encontrados são próximos aos observados
em alguns estudos para solos da Amazônia, (Batjes e Dijkshoorn, 1999; Bernoux, 1998; Marques
2009).

16
Estoque de Carbono (MgC.ha-1)

14
12
10
8 Plato

6 Vertente
4 Baixio
2
0
0-5 5-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-75 75-100

Profundidade (cm)
Figura 9: Estoque de carbono do solo ao longo do perfil e gradiente topográfico.

35
O solo do platô, nas camadas superficiais, estoca mais carbono quando comparado ao
solo da vertente. Entretanto, de 20 cm até 75 cm, os estoques da vertente apresentam valores
maiores que no platô. De acordo com Marques (2009) esta diferença ocorre, basicamente, devido
ao aumento de densidade do solo. Em contrapartida, no baixio os estoques de carbono são
maiores abaixo de 50 cm de profundidade, fato que pode estar relacionado com a deposição do
material orgânico, nessas camadas, devido ao processo de lixiviação que ocorre neste tipo de
solo. Além disso, essa diferença de estoques no perfil do solo está relacionada com a espessura
da camada de solo coletada.
O estoque de carbono nos 40 hectares foi de 92,75 MgC.ha-1. Estratificando a área de
acordo com o relevo, encontrou-se um estoque de 98, 13 MgC.ha-1 para o platô, 92,64 MgC.ha-1
para a vertente e 65,51 MgC.ha-1 para o baixio (Tabela 1).

Tabela 1: Média dos estoques totais de carbono do solo.

Área EstC (MgC.ha-1) I.C


Platô 98,14 4,05
Vertente 92,64 9,02
Baixio 65,52 11,46
Área Total 92,75 4,40
Est_C= Média do estoque de carbono do solo.
I.C= Intervalo de confiança com 95% de probabilidade.

Cerri et al, (2007) desenvolveram modelos para prever as mudanças nos estoques de
carbono do solo da Amazônia brasileira durante o período de 2000 a 2030 devido as mudanças
de uso do solo. Estes autores encontraram uma redução de 7% menor em 2030 do que em 1990.
Além disso, mostraram que a camada de 0-20 cm apresentou maior estoque de carbono do que o
obtido pelo IPCC na camada 0-30 cm.
Batjes e Dijkshoorn (1998) calcularam o estoque de carbono dos solos da região
Amazônica por meio de um banco de dados para América Latina e Caribe (SOTER-LAC), e
encontraram que cerca de 52% do reservatório de carbono estava contido até 30 cm de solo,
camada mais propensa a mudanças na conversão do uso do solo e desmatamento. Esses autores

36
citaram que as reservas de carbono até 1 metro de profundidade do solo correspondem a 4% do
carbono global (aproximadamente 1550 Pg C global).
Zinn (2004) avaliou a redução do estoque de carbono do solo em áreas onde ocorreu
conversão do uso do solo sob floresta natural para plantio anual (sistema intensivo) e para
pastagens (sistema não intensivo) e observou que a camada que mais sofreu interferência e
redução do estoque foi de 0-20 cm devido ao sistema intensivo na área. Esse autor observou
também que solos com textura mais grossa causou perdas significativas de carbono do solo.
Sotomayor (2009) analisou o estoque de carbono, em Latossolos, para plantio de
eucaliptos, pastagem e floresta nativa e encontrou que aproximadamente 53% do total de
carbono estava presente na profundidade superficial de 0-10 cm, sendo os estoque de 18,27
MgC.ha-1, 17,14 MgC.ha-1 e 27,84 MgC.ha-1 para eucaliptos, pastagem e floresta,
respectivamente. Esse autor mostrou que o maior estoque foi o apresentado para floresta nativa,
seguido do eucalipto e pastagem, discutindo a importância da taxa de deposição e decomposição
da serapilheira.

5.2 Processo de Amostragem

5.2.1 Correlações entre o teor de carbono e os atributos físicos do solo

A matriz de correlação está inserida no anexo. Para área total o teor de carbono
apresentou correlação positiva e altamente significativa com o teor de argila, silte e com o
estoque de carbono (r= 0,48, p<0,0001; r= 0,606, p<0,0001; r= 0,864, p<0,0001,
respectivamente), porém foi correlacionado negativamente com areia e densidade do solo (r= -
0,68, p< 0,0001; r= -0,574, p<0,0001, respectivamente), indicando que áreas mais baixas do
terreno, com maior teor de areia, apresentam menor teor de carbono. No entanto, para as
camadas mais profundas do solo, a magnitude das correlações vai diminuindo.
Na área de platô a relação entre o teor de carbono e as variáveis apresentou uma relação
fraca em comparação com a área total e conforme aumenta a profundidade do solo, não há
correlações. As relações significativas foram entre o teor de carbono e areia na camada 0-5 cm
(r= -0,318, p= 0,0188) e silte (r= 0,42, p= 0,0016). A relação entre o teor de carbono e o estoque
de carbono se manteve alta em todo perfil do solo, no entanto, a magnitude dessa correlação

37
tornou-se mais forte com o aumento da profundidade (r= 0,795, p<0,0001 para 0-5 cm e r=
0,923, p<0,0001 para 75-100 cm).
Em comparação com platô, as correlações na área de vertente apresentaram-se mais
fortes e significativas para algumas profundidades. A única variável que não apresentou relação
com o teor de carbono, em todas as profundidades, foi o teor de silte. A relação com o teor de
argila diminuiu com a profundidade, ao passo que nas camadas superficiais apresentou
correlação moderada e significativa (r= 0,518, p= 0,0134). O teor de carbono e o de areia
mostraram relações inversas, que pode ser explicado pelo teor de areia maior nas camadas
superficiais e reduzir conforme aumenta a profundidade (Tabela 1).
A dinâmica foi diferente na área de baixio, até 20 cm de profundidade o teor de carbono
não mostrou relações com o teor de areia e de argila, no entanto, a partir de 20 cm as relações
foram fortes e significativas (r= -0,806, p<0,001; r= 0,785, p<0,001, respectivamente). Essa
relação se manteve até 100 cm de profundidade para as duas variáveis. Tanto o teor de silte
quanto a densidade do solo não apresentaram correlações com o teor de carbono.
As análises de correlações entre o teor de carbono e os atributos físicos do solo
evidenciaram que as diferenças estão entre classes topográficas (categorias) e que dentro das
classes as variações são menores a ponto de estabelecer relações fracas e por vezes não
significativas. Estes resultados mostram que ao analisar as áreas estratificadas não é possível
observar as variações que ocorrem dentro de cada estrato, evidenciando uma homogeneidade
dentro dos estratos. No entanto, quando se analisa a área sem estratificá-las torna-se evidente as
variações existentes dentro da área total, observando uma relação mais forte entre as variáveis.
Portanto, considerando a área total, as diferenças entre as classes topográficas em relação à
textura, densidade do solo, teor de carbono e estoque de carbono, apresentam correlações mais
fortes e significativas, em comparação com a área estratificada.

5.2.2 Esforço amostral para o estoque de carbono do solo

No cálculo de esforço amostral, a amostragem sistemática sugeriu um menor esforço em


comparação com a amostragem estratificada. O total de unidades de amostras suficientes para
atingir um erro de até 10% em torno da média foi de 264 para amostragem sistemática e para

38
amostragem estratificada seriam necessárias 125 unidades de amostras para área de Platô, 225
para área de Vertente e 544 para o Baixio, totalizando 895 amostras (Tabela 2).
A camada superficial sugeriu uma amostra maior, reforçando a ideia de alta variação
devido às influências da serapilheira. Na amostragem sistemática, conforme aumenta a
profundidade do solo observa-se a necessidade de um menor número de unidades de amostras. Já
para amostragem estratificada percebe-se que o número de amostras aumenta em profundidade, o
que pode resultar um trabalho mais exaustivo, menor praticidade e maior custo na coleta.

Tabela2: Esforço amostral (número de pontos) para determinação do estoque de carbono no solo.
Esforço Amostral (n*)
Camada(cm) Sistemática Estratificada
Área Total Platô Vertente Baixio
0-5 54 29 35 78
5-10 43 16 32 75
10-20 38 18 25 47
20-30 27 10 23 38
30-40 22 13 19 61
40-50 23 14 19 78
50-75 31 16 26 110
75-100 25 9 47 57
Total 264 125 225 544

Levantamentos estratificados são geralmente mais eficientes em termos de precisão que


pode ser alcançada com certo custo, porém, pode ser um pouco mais complexo o que pode
aumentar o risco de erros não amostrais devido ao uso de dados incorretos. Em contrapartida, a
amostragem sistemática é muito eficiente, pois aumenta a precisão das estimativas, uma vez que,
distribui uniformemente as amostras em toda área e, além disso, simplifica o trabalho em campo
(IPCC, 2003).
Segundo Pélico Netto e Brena (1997), na maioria das áreas florestais, por maior que seja
a variação, é maior a probabilidade de que uma amostragem sistemática forneça uma melhor
estimativa da média do que uma completamente aleatória, com igual intensidade de amostragem.
Além disso, para uma população estratificada, uma amostragem sistemática provavelmente
produzirá a melhor estimativa da média se o estrato for grande e com considerável variação.

39
Porém à medida que diminui a variação dentro dos estratos, as estimativas de uma amostra
estratificada e de uma sistemática tendem a se igualar. No mesmo sentido, Cochran (1963) diz
que para a estratificação aumentar a precisão da estimativa, a população deve possuir
características que variam amplamente, dispondo de uma boa medida do tamanho de cada estrato
e o mais importante, que as variáveis medidas tenham estreita correlação com a grandeza das
características.
O desenvolvimento de um plano amostral é uma atividade importante no planejamento de
uma atividade de monitoramento de carbono. O objetivo é obter amostras representativas que
provejam estimadores não enviesados da média e da variância (Palmer, 2002). Segundo Crépin e
Johnson (1993) o objetivo de uma amostragem de solos é obter informação real acerca de um
solo particular. Com isso, a amostra pode ou não ser representativa da população dependendo de
como ela é selecionada e coletada.
O processo de amostragem e o trabalho analítico são caros, porém o custo pode ser
reduzido coletando somente as amostras necessárias para um determinado nível de precisão.
Neste sentido, de acordo com o IPCC (2003), o plano amostral tem o compromisso de manter a
simplicidade e eficiência do estudo. Levando em consideração o esforço amostral, a eficiência e
a praticidade em campo, sugere-se uma amostragem sistemática para coleta de solo com objetivo
de quantificar o estoque de carbono ao longo de um gradiente topográfico, representativo da
Amazônia Central, com sequencias de Platô, Vertente e Baixio.

5.3 Equações para o estoque de carbono do solo em diferentes profundidades

5.3.1 Correlações dos estoques de carbono do solo entre as profundidades

A matriz de correlação está inserida no anexo. De maneira geral, as correlações foram


altas à medida que as camadas estavam mais próximas umas das outras. Quando a área é
estratificada, as correlações tornam-se fracas e por vezes não apresentam relações, mostrando
uma homogeneidade dentro de cada estrato. Entretanto, analisando a área total, a diferença
existente entre estratos faz com que as correlações se tornem mais fortes e por isso, torna-se
possível gerar equações de estimativas para o estoque de carbono em profundidade. Além disso,
verificou-se, anteriormente, a eficiência da amostragem sistemática em relação à amostragem
estratificada.

40
O estoque de carbono da camada 0-5 cm mostrou fortes relações com o carbono de outras
profundidades até a camada 20-30 cm e a partir dessa camada as relações tornaram-se fracas. As
fortes correlações da camada superficial sugere a possibilidade de gerar um modelo de regressão
para estimar o estoque de carbono até 30 cm de profundidade. É possível notar que conforme
aumenta a distância entre as camadas as correlações tornam-se fracas, sugerindo que os modelos
sejam gerados apenas entre as camadas mais próximas. Isso é melhor explicado na matriz de
correlação do anexo 3.

5.3.2 Ajuste de modelos para estoque de carbono em profundidade

Neste estudo testaram-se equações para o estoque de carbono do solo em profundidade


visando facilitar a coleta em campo e também proporcionar eficiência nas estimativas. As
equações propostas basearam-se na amostragem sistemática, pois conforme observado na análise
de correlação das profundidades, quando a área é estratificada ou categorizada a relação entre as
variáveis torna-se mais fracas. Essas evidências foram explicadas por Magnusson e Mourão
(2005) em que, na regressão, não há necessidade de se preocupar com seleção de categorias, mas
sim com a amplitude do intervalo da categoria. Se a relação for realmente linear, a probabilidade
de se detectar uma relação aumenta com o aumento da amplitude do intervalo, como mostrado na
Figura 10.

41
Figura 1: Análise de regressão, tendo como varável dependente o estoque de carbono da camada
0-20 cm e variável independente o estoque de carbono da camada 0-5 cm, para área total e
estratificada.

A figura 10 mostra como a relação desaparece quando diminuímos a amplitude do


estoque de carbono. Se a relação é linear, o aumento da amplitude do intervalo faz com que
aumente as chances de se detectar um efeito. Por outro lado, o aumento do intervalo diminui a
chance de se detectar um efeito, quando variáveis não lineares contínuas são categorizadas
(Magnusson e Mourão, 2005). Essa teoria reforça a escolha de utilizar amostragem sem
estratificações para gerar modelos que estimem o estoque de carbono do solo em profundidade.
Seguindo esses conceitos, os modelos foram elaborados baseados na análise de
correlação entre as profundidades (Tabela 5). O resultado do teste de correlação mostrou uma
alta correlação entre as variáveis dependentes e independentes. Em termos matemáticos isto
significa que o estoque de carbono da camada 0-20 cm varia da mesma maneira que o estoque de
carbono da profundidade 0-5 cm (Figura 9).

42
Os coeficientes e as estatísticas dos modelos estimados a partir da camada 0-5 cm até a
camada 0-40 cm são apresentados na Tabela 5 com seus respectivos valores de p (valor-p),
R²ajustado, erro padrão da estimativa (Syx) e Incerteza (%).

Tabela 1: Equações para estimativa do estoque de carbono do solo em profundidade.


Camada Syx
a Valor-p b Valor-p R2Ajust Incerteza(%)
(cm) (MgC.ha-1)
0-5 cm
0-10 1,35121 <0,0001 0,78908 <0,0001 0,935 0,103 0,919
0-20 3,27513 <0,0001 0,79107 <0,0001 0,787 0,202 1,542
0-30 4,20464 <0,0001 0,66729 <0,0001 0,726 0,202 1,614
0-10 cm
0-20 1,39224 0,0003 1,04981 <0,0001 0,925 0,120 0,916
0-30 2,50208 <0,0001 0,89577 <0,0001 0,873 0,138 1,100
0-40 3,20798 <0,0001 0,75486 <0,0001 0,834 0,135 1,163
0-50 3,69224 <0,0001 0,64021 <0,0001 0,783 0,135 1,249
0-20 cm
0-30 1,10012 <0,0001 0,86958 <0,0001 0,980 0,054 0,435
0-40 1,96454 <0,0001 0,73752 <0,0001 0,949 0,075 0,644
0-50 2,57198 <0,0001 0,63051 <0,0001 0,906 0,089 0,824
0-75 5,16929 <0,0001 0,54246 <0,0001 0,616 0,187 1,526
0-30 cm
0-40 0,94315 <0,0001 0,8552 <0,0001 0,985 0,041 0,353
0-50 1,64534 <0,0001 0,73538 <0,0001 0,951 0,065 0,595
0-75 4,2389 <0,0001 0,64333 <0,0001 0,669 0,174 1,416
0-100 5,53815 <0,0001 0,5374 <0,0001 0,526 0,196 1,596
0-40 cm
0-30 -0,89659 <0,0001 1,15161 <0,0001 0,985 0,048 0,382
0-50 0,72159 <0,0001 0,86958 <0,0001 0,988 0,032 0,277
0-75 3,09301 <0,0001 0,78975 <0,0001 0,750 0,151 1,394
0-100 4,46656 <0,0001 0,66954 <0,0001 0,608 0,178 1,448
a= Coeficiente angular
b= Coeficiente linear
r2 = Coeficiente de determinação
Syx = Erro padrão da estimativa
Incerteza(%) = Incerteza da estimativa em %

Observou-se que coletando a camada 0-5 cm é possível estimar o estoque até 30 cm de


profundidade com 72,6% de poder explicativo, com 1,61% de incerteza. Da mesma maneira,
pode ser explicado para as outras camadas (Tabela 5).

43
Segundo o IPCC (2006) os métodos para calcular o estoque de carbono para solos são
baseados em 30 cm. Bernoux et al (2002) citaM que as mudanças (diminuição ou aumento) dos
estoques de carbono nos horizontes do solo ocorrem principalmente nas camadas entre 0 e 30 cm
de profundidade. Jobbagi e Jackson (2000) mostraram que as camadas mais superficiais do solo
(0-20 cm) em diferentes biomas, são as que contêm as maiores quantidades de carbono com
tendência a uma diminuição gradativa da concentração conforme aumenta a profundidade.
Estudos recentes mostraram que as camadas mais superficiais dos solos são responsáveis por um
estoque de carbono até três vezes maior do que a vegetação sobre eles (Swift, 2001; Silver et al.,
2000).
De acordo com os pesquisadores citados as maiores mudanças de estoque de carbono do
solo ocorrem nas camadas superficias até 30 cm de profundidade. Levando em consideração as
dimensões do trado holandês para coleta de solo (20 cm de caçamba) e a praticidade em campo,
sugere-se que a coleta possa ser feita até 20 cm de profundidade, afim de obter estimativas
confiáveis das camadas mais inferiores do solo.
No caso desse estudo, o estoque da camada de 20 cm estimou 98%, 73,7% e 63 % do
estoque de carbono das camdas 30 cm, 40 cm e 50 cm, respectivamente. Se houver necessidade
de analisar o estoque de carbono em profundidade, sugere-se fazer duas tradagens no mesmo
ponto e coletar a camada de 40 cm. Essa camada estima 98,7%, 75% e 66% do estoque de
carbono nas camadas 50 cm, 75 cm e 100 cm, respectivamente, com uma máximo de 1,94% de
incerteza (Tabela 5).
O processo de amostragem sugerido neste estudo é para áreas que apresentam um
gradiente topográfico (Platô, Vertente e Baixio) e sequência dos tipos solo (Latossolo, Argissolo
e Espodossolo), que no caso abrange a Amazônia Central. Os estudos mostraram que o melhor
processo de amostragem para coleta de solo foi amostragem sistemática. Portanto, ao longo do
gradiente topográfico, nos 40 hectares, o esforço amostral para a camada 0-20 cm seria de 40
pontos e para a camada 0-40 cm seria de 28 pontos, distribuídos sistemáticamente. As equações
sugeridas estão nas Figuras 11 e 12.

44
Tabela 2: Equações para estimar o estoque de carbono a partir da camada 0-20 cm.
Modelos R2(Ajust) Incerteza %
EstC 0-30= 1,10012+0,86958*EstC 0-20 0,98 0,434
EstC 0-40= 1,96454+ 0,73752* EstC 0-20 0,949 0,644
EstC 0-50= 2,57198+0,63051* EstC 0-20 0,905 0,823
EstC 0-75 = 5,16929+0,54246* EstC 0-20 0,615 1,52

Tabela 3: Equações para estimar o estoque de carbono a partir da camada 0-40 cm.
Modelos R2(Ajust) Incerteza %
EstC 0-30= -0,89659+1,15161*EstC 0-40 0,984 0,381
EstC 0-5= 0,72159+ 0,86958* EstC 0-40 0,987 0,277
EstC 0-75= 3,09301+0,78975* EstC 0-40 0,75 1,394
EstC 0-100 = 4,46656+0,66954* EstC 0-40 0,608 1,448

45
6. Conclusões

 A amostragem sistemática proporcionou melhores correlações entre o carbono e os


atributos do solo, sendo possível analisar as variáveis que mais se associam com o
carbono do solo;

 A amostragem sistemática sugeriu um menor esforço amostral, além disso, diminuiu o


número de amostras em profundidade, aumentando a praticidade em campo, facilidade da
coleta e com isso, redução dos custos;

 Observou-se a necessidade de coletar amostras em camadas inferiores quando se deseja


quantificar o estoque de carbono em maiores profundidades;

 As equações geradas apresentaram estatísticas confiáveis para estimativas do estque de


carbono do solo;

46
7. Referências Bibliográficas

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53
Anexos

54
Anexo 1: Análise Granulométrica so solo.

Platô Argila
Areia
Textura do solo (%)

100
80 Silte
60
40
20
0
0-5 5-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-75 75-100

Profundidade (cm)

Vertente Argila
100 Areia
Silte
Textura do solo (%)

80
60
40
20
0
0-5 5-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-75 75-100

Profundidade (cm)

Baixio Argila
Areia
100 Silte
Textura do solo (%)

80
60
40
20
0
0-5 5-10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-75 75-100

Profundidade (cm)

55
Anexo 2: Análise do teor de carbono, densidade do solo e estoque de carbono do solo para
área total, platô, vertente e baixio.

Prof Área Total Platô Vertente Baixio


(cm) Média I.C Média I.C Média I.C Média I.C
Teor de Carbono (%)
0-5 3,34 0,3 3,98 0,28 3,25 0,45 1,04 0,23
5-10 2,15 0,17 2,58 0,13 1,97 0,24 0,76 0,17
10-20 1,56 0,12 1,85 0,1 1,47 0,17 0,59 0,11
20-30 1,14 0,07 1,31 0,05 1,11 0,12 0,5 0,08
30-40 0,9 0,05 1,03 0,04 0,86 0,09 0,47 0,1
40-50 0,77 0,04 0,86 0,04 0,74 0,07 0,46 0,11
50-75 0,59 0,04 0,66 0,03 0,58 0,07 0,39 0,11
75-100 0,45 0,02 0,49 0,02 0,44 0,07 0,33 0,06
-3
Densidade do Solo (g.cm )
0-5 0,8 0,04 0,7 0,022 0,84 0,042 1,09 0,043
5-10 0,96 0,04 0,87 0,022 1,04 0,07 1,21 0,05
10-20 1,02 0,04 0,9 0,023 1,11 0,07 1,33 0,05
20-30 1,04 0,04 0,91 0,021 1,15 0,07 1,39 0,01
30-40 1,05 0,05 0,92 0,024 1,12 0,08 1,46 0,03
40-50 1,04 0,05 0,9 0,023 1,09 0,09 1,48 0,024
50-75 1,05 0,05 0,93 0,017 1,1 0,069 1,48 0,025
75-100 1,1 0,04 1 0,016 1,1 0,035 1,51 0,036
-1
Estoque de Carbono (MgC.ha )
0-5 12,45 0,97 13,84 1,01 13,32 1,69 5,7 1,35
5-10 9,9 0,69 11,18 0,62 10,12 1,21 4,59 1,06
10-20 15,07 0,99 16,58 0,97 16 1,69 7,77 1,42
20-30 11,29 0,61 11,88 0,52 12,59 1,3 6,95 1,15
30-40 9,04 0,45 9,42 0,46 9,43 0,88 6,91 1,44
40-50 7,66 0,39 7,81 0,39 7,87 0,73 6,76 1,59
50-75 15,17 0,89 15,21 0,84 15,51 1,68 14,47 4,05
75-100 12,18 0,64 12,21 0,5 12 1,75 12,36 2,5
Média= Média do estoque de carbono do solo
I.C= Intevalo de confiança com 95% de probabilidade

56
Anexo 3: Analise de correlação para o estoque de carbono do solo.

Matriz de Correlação para amostragem sistemática.

0-10 0-20 0-30 0-40 0-50 0-75 0-100


0-5 0,96725 0,88883 0,85367 0,83376 0,8042 0,63726 0,54623
<,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001
0,96227 0,93488 0,91422 0,8862 0,7145 0,62403
0-10 1
<,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001
0,96227 0,99011 0,97446 0,95216 0,78741 0,69597
0-20 1
<,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001
0,93488 0,99011 0,99239 0,97535 0,82016 0,72892
0-30 1
<,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001
0,91422 0,97446 0,99239 0,99389 0,86763 0,78259
0-40 1
<,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001
0,8862 0,95216 0,97535 0,99389 0,90548 0,82773
0-50 1
<,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001
0,7145 0,78741 0,82016 0,86763 0,90548 0,97391
0-75 1
<,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001
0,62403 0,69597 0,72892 0,78259 0,82773 0,97391
0-100 1
<,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001

57
Anexo 4: Análise de regressão simples para o estoque de carbono do solo.

Camada 0-5 cm

Camada 0-10 cm.

58
Camada 0-20 cm.

59
Camada 0-30 cm.

60
Camada 0-40 cm.

61

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