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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

THAÍS MANHÃES RANGEL

INTERVENÇÃO FEDERAL
Intervenção Federal no Rio de Janeiro

CAMPOS DOS GOYTACAZES


2020
Sumário
1. Introdução2

2. Intervenção federal 2

3. Intervenção federal no Rio de Janeiro 3

4. Outras intervenções federais ocorridas na vigência da Constituição Federal de


1988 4

4.1. Intervenção federal no Estado de Roraima 4

4.2. Episódios que chegaram perto de ocorrer a intervenção federal 5

5. Considerações finais 5
1. Introdução
A República Federativa do Brasil é formada por entes federativos, todos
autônomos, como prevê a Constituição Federal em seu art. 18, caput. Em casos
excepcionais, poderá ocorrer a intervenção, suprimindo temporariamente a
autonomia que compõe o ente federativo a qual a intervenção se projeta. O rol em
que prevê as hipóteses de intervenção é taxativo, não contemplando interpretações
em sentido amplo.

2. Intervenção Federal
A intervenção federal é a intervenção realizada pela União. As hipóteses de
intervenção federal estão previstas no art. 34, da Constituição Federal de 1988,
sendo possíveis para:
“I -  manter a integridade nacional;
II  -  repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III  -  pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV  -  garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da
Federação;
V  -  reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a)   suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos
consecutivos, salvo motivo de força maior;
b)   deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta
Constituição dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI  -  prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII -  assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a)   forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b)   direitos da pessoa humana;
c)   autonomia municipal;
d)   prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
e)   aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.”

Como espécies de intervenção federal temos a espontânea, a provocada por


solicitação, a provocada por requisição e a provocada dependendo de provimento de
representação.

O Presidente da República é exclusivamente competente para decretar e


executar a intervenção federal, em qualquer das hipóteses, através do decreto
presidencial de intervenção, especificando a amplitude, prazo e condições de
execução, e se for o caso, nomear o interventor. O referido decreto será submetido a
controle político do Congresso Nacional em até 24 horas. Também ocorrerá a prévia
oitiva dos órgãos superiores de consulta do Presidente da República, o Conselho da
República e o Conselho de Defesa Nacional, que oferecerão pareceres opinativos.
Em exceção à prévia oitiva dos órgãos, em caso de extrema urgência, em razão dos
pareceres serem meramente opinativos, entende-se que a oitiva pode ocorrer após
a decretação da intervenção, mas necessariamente ocorrerá.
O Congresso Nacional ao exercer o controle político sobre o decreto
interventivo, por meio de decreto legislativo, poderá conforme o art. 49, IV, da CF/88,
aprovar ou rejeitar a intervenção, nesta última hipótese o Presidente da República
deverá cessá-lo sob pena de crime de responsabilidade. O quórum de aprovação do
projeto do decreto legislativo dar-se-á por maioria simples.
Há duas hipóteses previstas no art. 34, VI e VII, da CF/88 em que é
dispensado o controle realizado pelo Congresso Nacional, quais sejam:
“VI -  prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII -  assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a)   forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b)   direitos da pessoa humana;
c)   autonomia municipal;
d)   prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
e)   aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.”

3. Intervenção federal no Rio de Janeiro


A intervenção federal ocorrida no Rio de Janeiro materializou-se pelo Decreto
n. 9.288, de 16.02.2018, e aprovado pelo Decreto Legislativo n. 10, de 20.02.2018, e
teve por fundamento pôr fim a grave comprometimento da ordem pública. Esta foi a
primeira intervenção federal na vigência da Constituição Federal de 1988.
O decreto determinou que a intervenção tivesse o prazo até 31.12.2018, na
área de segurança pública do Estado, e a nomeação do General do Exército Braga
Netto como interventor.
Nesse sentido, faz-se necessário mencionar o entendimento de Pedro Lenza
que preconiza que apesar de ter sido um militar nomeado como interventor, não há
que se falar em intervenção militar das Forças Armadas, e sim a intervenção da
União na política de segurança pública do Estado. Portanto, o interventor,
eventualmente militar, passou a ter a função de gestão da segurança pública,
afastando o secretário de segurança e o Governador do referido Estado.
A oitiva dos órgãos de consulta do Presidente da República ocorreu depois da
decretação de intervenção federal no Rio de Janeiro, ou seja, inobservância de uma
formalidade constitucional. Entretanto, a aprovação pelo Congresso Nacional se
obteve após a consulta.
Outro ponto com grandes questionamentos foi o pronunciamento do
Presidente da República da época, Michel Temer, ao assegurar que iria dar
continuidade à tramitação da Reforma da Previdência, e que quando estivesse
prestes a ser votada, iria cessar a intervenção. Mais uma vez fazendo referência ao
entendimento de Pedro Lenza, o intuito do constituinte ao estabelecer no art. 60, §
1º, da CF/88 a proibição de emendar a Constituição Federal durante uma
intervenção foi de evitar grave instabilidade. Portanto, cessá-la por uma finalidade
diversa daquela que ensejou a intervenção caracterizaria desvio de finalidade, e por
isso, fraude constitucional. A intervenção só deve cessar antes do prazo
estabelecido se o motivo que a deu início deixar de existir.

4. Outras intervenções federais ocorridas na vigência da Constituição Federal de


1988

4.1. Intervenção federal no Estado de Roraima


A intervenção federal em Roraima se materializou pelo Decreto n. 9.602, de
08.12.2018, e foi aprovada pelo Decreto Legislativo n. 174, de 12.12.2018, e teve a
mesma finalidade da intervenção no Rio de Janeiro, por fim a grave
comprometimento da ordem pública, conforme art. 34, II, da CF/88, com prazo até
31.12.2018. Além disso, o procedimento constitucional foi totalmente observado.
Conforme externado pelo Presidente da República Michel Temer, foi uma
espécie de intervenção negociada, onde ele e a Governadora entenderam
conjuntamente que a intervenção seria a melhor solução.
Diferentemente da intervenção ocorrida no Rio de Janeiro, de forma parcial,
no Estado de Roraima a intervenção foi total, assumindo o interventor, Antonio
Denarium, todas as funções atribuídas à Governadora.
4.2 Episódios que chegaram perto de ocorrer a intervenção federal
O Distrito Federal fez o pedido de intervenção federal, através do PGR com
fundamento no art. 34, VII, “a”, da CF/88, alegando existência de esquema de
corrupção, no qual desmoralizava as instituições públicas e comprometia a higidez
do Estado Federal. O pedido foi negado, sob a alegação de não continuidade da
condição que autorizava a intervenção.
No Espírito Santo, a OAB realizou um pedido formal pela intervenção federal,
motivado pelo assassinato de juízes, promotores e advogados pelo crime
organizado. Entretanto, em entrevista, o PGR anunciou que não haveria a
propositura da ADI interventiva, nem a intervenção espontânea, alegando que a
referida intervenção era uma questão do Ministro da Justiça, Miguel Reale Jr., e não
do governo.

5 Considerações finais
Conclui-se, portanto, que em situações de excepcionalidade faz-se
necessário a medida interventiva, e que o instituto jurídico, apesar de ser
interpretado pela sociedade como um tabu, é amparado pela Constituição Federal.
A intervenção federal não atinge os princípios basilares do Estado
Democrático de Direito, e sim serve de instrumento trazido pela própria Constituição
Federal para proteção destes princípios.
Ressalta-se ainda que a intervenção federal ocorrida no Rio de Janeiro no
ano de 2018 não se tratou de uma intervenção militar, mas sim uma intervenção
federal parcial, no âmbito da segurança pública, e que por eventualidade, o
interventor nomeado foi um militar.
Referências

Lenza, Pedro. Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza – 23 ed. – São


Paulo: Saraiva Educação, 201. (Coleção esquematizado).

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